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ECO-APOST 03

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KROTON EDUCACIONAL
IUNI EDUCACIONAL – UNIME SALVADOR
CURSOS: SUP. TEC. EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E EM LOGÍSTICA
DISCIPLINA: ECONOMIA
APOSTILA NO 03
SALVADOR/BAHIA
Agosto/2014
S U M Á R I O
TEORIA MACROECONÔMICA BÁSICA
3 – A GESTÃO MACROECONÔMICA
3.1 – Introdução
3.2 – Objetivos de política econômica
Produto agregado
Emprego
Preços
Transações externas
3.3 – Instrumentos de política econômica
Política fiscal
Política monetária
Política cambial
Política de rendas
Políticas anticíclicas
Regime de metas antiinflacionárias
3.4 – Equilíbrio macroeconômico
Introdução
Procura agregada
Oferta agregada
O conflito entre inflação e desemprego
Os modelos de equilíbrio clássico e keynesiano
3.5 – Agregados macroeconômicos
Introdução
A mensuração da atividade econômica como um todo
Sistemas padronizados de contas nacionais
Conceitos básicos: valor adicionado, renda e dispêndio
Questões básicas dos agregados macroeconômicos
3 – A GESTÃO MACROECONÔMICA
“A macroeconomia trata do comportamento da economia como um todo – de períodos de prosperidade e de recessão. Trata das flutuações de produto agregado, das taxas de variações dos preços e dos níveis de emprego. Focaliza os objetivos macroeconômicos e as variáveis que os afetam. Trata de tópicos relevantes – é, assim, fascinante e ao mesmo tempo um desafio, à medida que reduz os complexos detalhes da economia a sua essência manipulável. Em macroeconomia, negligenciamos os pormenores do comportamento das unidades econômicas individuais e tratamos do desempenho geral. Há um custo nesta abstração: pormenores omitidos são às vezes importantes. Mas há uma vantagem: a compreensão das interações vitais entre os mercados agregativamente considerados”.
(R. Dornbush e S. Fischer)
3.1 - Introdução
O significado e as condições do equilíbrio macroeconômico estão de tal modo difundidos que sua percepção já não se limita mais aos círculos fechados do conhecimento econômico. Os meios de comunicação de massa dão alta importância aos indicadores do desempenho da economia como um todo. As taxas de crescimento do PIB, as variações dos índices de preços, os níveis de utilização da capacidade instalada, as taxas de desemprego e os saldos da balança comercial são temas constantemente destacados para a manchete principal. Menos difundidas, contudo, são as razões pelas quais os objetivos macroeconômicos relacionados a esses indicadores de desempenho não são o tempo todo alcançados simultaneamente. E são também menos conhecidas as relações entre cada um desses indicadores.
Os efeitos produzidos pelo desempenho da economia como um todo são facilmente percebidos – eles afetam a vida dos cidadãos. O padrão de vida desfrutado pela sociedade, os feitos políticos e militares, o poder da nação na comunidade mundial, o sucesso dos produtos nacionais em mercados externos e imagem internacional do país são fortemente dependentes do desempenho macroeconômico. O desemprego crescente, a inflação alta e persistente, os desequilíbrios agudos e crônicos no balanço geral das transações externas e as baixas taxas internas de crescimento são resultados que se refletem de forma negativa em praticamente todos os aspectos da vida de uma nação – e projetam sua imagem no exterior. A economia é o termômetro. Os macroindicadores sinalizam padrões de desempenho, desequilíbrios cíclicos ou crônicos, êxito ou fracasso de concepções estratégicas e políticas. E mesmo o observador comum, exposto à comunicação de massa, percebe diferenças essenciais em resultados macroeconômicos. Não são iguais os padrões internos de desempenho e as imagens externas das nações. 
No entanto, as causas de desempenhos desiguais são menos percebidas pelo observador comum. E mais: entre os próprios economistas elas são motivo de controvérsias. São também menos evidenciáveis as relações entre os vários indicadores do desempenho agregado e, principalmente, que tipos de conflitos dificultam sua realização simultânea.
As causas dos padrões desiguais de desempenho, as razões dos conflitos entre alguns dos objetivos da política macroeconômica, os meios que se podem mobilizar na gestão da economia como um todo, as igualdades fundamentais e as relações entre as principais variáveis que definem o macroequilíbrio são os temas centrais de que se ocupa a macroeconomia.
3.1 – Objetivos da política econômica
Os principais objetivos da política macroeconômica dizem respeito a quatro indicadores de desempenho:
Produto agregado.
Emprego.
Preços.
Transações externas.
O produto agregado. O objetivo básico da atividade econômica é propiciar um volume de bens e serviços finais para atender às necessidades e aspirações da população. Como o binômio necessidades-aspirações é definido como ilimitável, quanto maiores forem os níveis da produção corrente e maiores suas taxas de crescimento, maior poderá ser a satisfação social derivada do desempenho da economia como um todo. Desta forma, o primeiro objetivo da gestão macroeconômica a geração de um produto agregado tão próximo quanto seja possível da plena capacidade da economia. Busca-se, igualmente, que as taxas de crescimento do produto ao longo do tempo sejam as mais altas possíveis, objetivando-se com isso atender às aspirações crescentes da população e estender os benefícios da prosperidade econômica a todas as camadas sociais. 
As altas taxas de crescimento do produto agregado são preferíveis às taxas moderadas ou baixas, sobretudo quando são elevadas as taxas de crescimento populacional. O objetivo, desde que outros ajustes macroeconômicos não sejam prioritários, é promover o crescimento do produto a taxas superiores às do crescimento demográfico, expandindo-se assim a produção per capita de bens e serviços finais.
O emprego. Outro objetivo macroeconômico relevante é o de trazer para os mais baixos níveis possíveis s taxas de desemprego do fator trabalho. Conceitualmente, a taxa de desemprego é determinada pela distância relativa entre a força de trabalho empregada e os contingentes demográficos das faixas etárias aptas para o exercício de atividades produtivas.
São vários os tipos de desemprego. A primeira distinção é entre desemprego voluntário e involuntário. São desempregados voluntários indivíduos que vivem de rendimentos provenientes de fatores de produção de sua propriedade, estudantes que acumulam capital humano para posterior ingresso no mercado de trabalho ou os membros de unidades familiares que se dedicam aos afazeres do lar. Do ponto de vista do acompanhamento do desempenho da economia, este tipo de desemprego não é preocupante, nem objeto de políticas macroeconômicas, até porque na maior parte dos casos resulta de preferências individuais. O objetivo é a redução do desemprego involuntário, isto é, daquele contingente que busca oportunidades ocupacionais, aceita os padrões vigentes de remuneração, mas permanece desempregado. Pior ainda é a perda do emprego por contingentes que se encontravam empregados, resultando em aumento das taxas correntes de desemprego involuntário.
A existência ou o aumento do desemprego involuntário é geralmente atribuível a razões cíclicas ou estruturais. O desemprego cíclico resulta de flutuações da procura agregada ou de movimentos sazonais de produção, como os que acontecem em áreas rurais nas entressafras; embora possa ser generalizado e severo, geralmente é temporário. Já o desemprego estrutural relaciona-se com a estagnação da economia, com o fracasso de políticas macroeconômicas ou com o desajustamento crônico entre a oferta e a procura pelo fator trabalho. Pode ainda resultar de novos processos de produção, mais fortemente fundamentados na utilização intensiva do fator capital e em tecnologias avançadas, substitutas de mão-de-obra. 
A redução do desemprego involuntário dos tiposcíclico e estrutural é um dos mais importantes objetivos da política macroeconômica. O desconforto social e as conseqüências perversas causadas por estas categorias de desemprego justificam as preocupações com seu monitoramento, controle e redução. Os períodos recessivos das atividades produtivas geralmente agravam estas duas categorias de desemprego; e, pior, os desempregados durante as recessões nem sempre conseguem reempregar-se com a retomada do crescimento econômico, pelos mesmos níveis de remuneração que percebiam antes. Isto porque os novos contingentes que passam a integrar as faixas etárias produtivas e que ingressam permanentemente no mercado de trabalho podem estar dispostos a trabalhar por menores remunerações que as pagas aos que foram desempregados. Por isso, os objetivos macroeconômicos relacionados ao emprego não se limitam a manter ou a reduzir as taxas do desemprego corrente, mas buscam ainda a expansão das oportunidades ocupacionais, para que os novos contingentes sejam absorvidos sem provocar movimentos estruturais de baixa na remuneração do fator trabalho.
Teoricamente não há incompatibilidade entre a expansão do produto agregado e os objetivos ligados à sustentação e à expansão do emprego. Trata-se, na verdade, de dois objetivos macroeconômicos interconsistentes. Não obstante, podem ocorrer movimentos estruturais nos processos de produção, geralmente decorrentes de pressões para redução de custos com vistas à maior competitividade das empresas em mercados de concorrência acirrada, que comprometem as relações funcionais teóricas entre produto agregado e emprego. Estabelecem-se, então, dificuldades efetivas para conciliação desses dois objetivos macroeconômicos: sem competitividade, as empresas não conseguem manter os empregos que criaram; mas, para ser competitivas, são compelidas a aprimorar seus processos operacionais e a substituir a força de trabalho por novos recursos tecnológicos de produção e de gestão.
Os preços. O terceiro objetivo macroeconômico é manter os preços estáveis e, ainda, o equilíbrio estrutural entre os níveis relativos dos preços dos diferentes bens e serviços produzidos. A estabilidade se estabelece quando, em mercados livres, os índices de variação de preços ficam próximos de zero; o equilíbrio estrutural entre preços ocorre quando não se observam transferências líquidas de renda entre os diferentes setores de atividade produtiva, mantendo-se razoavelmente simétricos ao longo do tempo os índices de preços pagos e recebidos. Mudanças em estruturas relativas de preços ou variações agudas e persistentes nos índices sinalizam desequilíbrios macroeconômicos indesejáveis. Inflações ou deflações altas indicam que alguma coisa não vai bem com o desempenho da economia como um todo. Tanto uma situação quanto outra exige movimentos corretivos.
Já vimos que, historicamente, a inflação é a categoria predominante de variação geral dos preços. Suas causas principais – excesso de procura agregada em relação à capacidade agregada de oferta; mudanças na estrutura de custos; rigidez estrutural; expectativas e inércia. Conhecemos também suas conseqüências perversas.
Ocorre que a correção do tipo dominante de tensão inflacionária, o de procura, geralmente exige medidas não conciliáveis a curto prazo com os dois primeiros objetivos da política macroeconômica, a expansão do produto agregado e a redução do desemprego. A contração induzida da procura afeta desfavoravelmente a sustentação da produção e se transfere para o mercado de trabalho. Os conflitos que então se estabelecem entre esses objetivos macroeconômicos não se resolvem facilmente. E é muito difícil escolher qual objetivo será afinal priorizado.
Tanto a inflação crônica quanto o desemprego involuntário alto e em expansão são perversos do ponto de vista econômico e social. Quando uma dessas duas categorias de desequilíbrio ocorre, a pobreza se agrava, instalando-se situações críticas de desconforto que tendem a generalizar-se. Ainda assim, quase sempre se impõem escolhas: os meios que se empregam para estabilizar os preços podem conflitar com os que se empregam para promover a expansão do produto e do emprego.
As transações externas. O quarto objetivo macroeconômico relevante é o equilíbrio das transações externas. A diferença entre exportações e importações de mercadorias e serviços, usualmente denominada exportação líquida, é um dos fluxos componentes da procura agregada. Desta forma, tem tudo a ver com a sustentação ou com o crescimento do produto agregado, bem como com os níveis de emprego e com os índices de preços.
Somente em casos deliberados e excepcionais, os gestores da política macroeconômica podem induzir situações de desequilíbrio em transações externas, sustentado déficits ou superávits nos saldos correntes comerciais e de serviços. Desequilíbrios nesses fluxos exigem compensações nas demais variáveis que compõem a procura agregada – ou então o sistema como um todo se desequilibrará. A compatibilização das exportações líquidas com os demais objetivos da política macroeconômica tem ainda a ver com outro objetivo, a estabilidade cambial. A desvalorização ou a elevação sistemática da taxa de câmbio acabam interferindo no equilíbrio geral. Daí por que, no âmbito das transações externas, exportações líquidas equilibradas e taxa de câmbio estável definem-se geralmente como metas intercomplementares.
3.3 – Instrumentos da política macroeconômica
Os instrumentos da política macroeconômica são variáveis-meio que se mobilizam para alcançar os objetivos de expansão do produto e o emprego, a estabilidade dos preços e o equilíbrio em transações externas. Os principais são os seguintes:
Política fiscal.
Política monetária.
Política cambial e de relações econômicas externas.
Política de rendas.
Política fiscal. Reporta-se ao manejo dos orçamentos do governo, tanto do lado dos dispêndios, quanto do lado das receitas. As decisões do governo sobre quanto despender, nas formas de consumo, investimentos, subsídios e transferências, sobre quanto tributar e ainda sobre que agentes e que transações os tributos incidirão, compõem os instrumentos fiscais com os quais os gestores da política macroeconômica podem exercer influências sobre o desempenho geral da economia.
Os dispêndios do governo, de consumo e de investimento, são dois importantes componentes da procura agregada. Assim, sua contração ou expansão têm a ver com a sustentação do produto agregado e do nível de emprego. Já os dispêndios com transferências incorporam-se à renda disponível das unidades familiares, aumentando sua capacidade efetiva de dispêndio ou der poupança. E os subsídios modificam preços de produtos finais, interferindo indiretamente nos níveis efetivos de dispêndios dos agentes privados.
A contrapartida fiscal desses dispêndios é a tributação direta ou indireta. Enquanto os dispêndios do governo exercem efeitos expansionistas sobre a renda, a produção e o emprego, a carga tributária exerce efeitos contrários, contracionistas. Um aumento de dispêndios pode ser, por exemplo, financiado por uma expansão equivalente na tributação: as influências expansionistas dos dispêndios podem ser compensadas pelos efeitos contracionistas dos tributos. Outras alternativas de composição do mix fiscal são os déficits ou superávits orçamentários. O orçamento fiscal equilibrado é apenas uma entre três hipóteses. As formas de financiamento dos déficits, juntamente com as decisões sobre o destino a ser dado a superávits completam o arsenal de medidas fiscais.
São, assim, instrumentos fiscais:
Os dispêndios do governo: consumo, investimento, transferências e subsídios.
A tributação: tributos diretos e tributos indiretos.
Estes instrumentos interferem em todos os objetivos macroeconômicos. Quando os gastos do governo se alteram para mais ou para menos, a procura agregada é afetada, também para mais ou para menos. De outro lado, quando a tributação se altera, a renda disponível dosagentes privados é direta ou indiretamente modificada, alterando-se suas capacidades efetivas de dispêndio. Somados, os dispêndios do governo e dos agentes privados definem os níveis de sustentação do produto agregado, refletindo-se na sustentação do emprego. As pressões do dispêndio agregado interferem também nos níveis de preços – quando exacerbadas, podem atender a objetivos de expansão do produto e do emprego, mas comprometer a estabilização dos preços. As transações externas podem também ser afetadas pelos instrumentos fiscais: o governo tanto pode contrair quanto expandir seus próprios dispêndios com importações de mercadorias e serviços, interferindo, desta forma, no saldo das exportações líquidas, quando condicionar, através de tributos, as decisões dos agentes privados relacionadas a importações e exportações. O mix fiscal depende, assim, dos objetivos macroeconômicos definidos. Ele tanto pode ser mobilizado em direções contracionistas, quanto expansionistas, interferindo sobre os objetivos nas direções que vierem a ser priorizadas.
Política monetária. O instrumento básico da política monetária é o controle da oferta de moeda, que define a liquidez da economia como um todo, atuando sobre a taxa de juros. O controle da moeda é complementado pelo contingenciamento das operações de crédito, que também exerce efeitos sobre a liquidez e os juros. 
Todos os objetivos da política macroeconômica podem sofrer a influência do suprimento monetário, da oferta de crédito e da taxa de juros. A contração da moeda pode provocar a elevação real da taxa de juros, contraindo os dispêndios de consumo e de investimento dos agentes privados e refletindo-se nos níveis gerais de preços. A contração do crédito pode atuar na mesma direção. Contrariamente, a expansão real da oferta monetária, à medida que reduz os níveis reais dos juros, pode atuar em direção oposta, estimulando os níveis do dispêndio agregado, interno e externo, dos agentes privados. Este estímulo pode refletir-se nos níveis do produto agregado. E, por esta via, atuar sobre os níveis agregados do emprego.
Sendo assim, são instrumentos monetários:
O controle da oferta de moeda: composição da base monetária e regulação da liquidez real.
O controle do crédito: destinado ao consumo, ao investimento e a transações externas.
Política cambial e de relações externas. Os instrumentos diretamente vinculados às transações externas são:
As intervenções no mercado cambial: neutralidade cambial, desvalorização da taxa de câmbio e valorização da taxa de câmbio.
A política de comércio: fixação de quotas e regime de proteções.
O tratamento dado aos capitais externos de risco: condições de ingresso e remessa de lucros.
Estes instrumentos complementam a utilização de mecanismos fiscais, monetários e de crédito na regulação das exportações líquidas e no equilíbrio das contas externas como um todo. Todos eles guardam ligações com todos os objetivos macroeconômicos. O produto agregado e os níveis de emprego podem ser estimulados tanto por intervenções no mercado cambial, quanto pela política de comércio, como ainda pelo tratamento dados aos capitais externos de risco. Taxas de câmbio desvalorizadas, protecionismo e estímulo à entrada de capitais para investimentos geralmente estimulam a procura agregada e impulsionam para cima o nível geral do emprego. Mas tudo isto interfere também no nível geral de preços, podendo produzir focos inflacionários. Já o câmbio valorizado, a maior abertura das fronteiras econômicas para entrada de produtos competitivos e o favorecimento seletivo de empreendimentos externos para atuação em mercados pouco concorridos internamente podem ser instrumentos de estabilização de preços, não obstante possam comprometer os níveis internos de oferta agregada e de emprego. Também neste campo, a direção em que os instrumentos serão empregados estará condicionada aos objetivos macroeconômicos.
Políticas de rendas. Trata-se de um conjunto de intervenções diretas que geralmente complementam a atuação dos instrumentos fiscais, monetários e cambiais. A denominação política de rendas justifica-se pelos tipos predominantes de intervenções, como os controles diretos de preços e os controles legais sobre salários e demais remunerações de fatores de produção.
Embora possam atuar também em direções expansionistas, as políticas de rendas geralmente são mais utilizadas em programas de estabilização. Sua eficácia depende, fortemente, de como os demais instrumentos de intervenção estarão atuando.
Objetivos e instrumentos da política macroeconômica: uma síntese
	Principais objetivos
	Principais instrumentos
	Produto agregado
	Política fiscal
	Alto nível, próximo da plena capacidade da economia
Altas taxas de crescimento
	Dispêndios do governo: de consumo e de investimento
Pagamentos de transferências
Subsídios
Tributos diretos e indiretos
	Emprego
Baixo nível de desemprego involuntário, cíclico ou estrutural
Expansão compatível com a dos novos contingentes que ingressam no mercado de trabalho
	Política monetária
Controle da oferta de moeda, afetando a taxa de juros
Contingenciamento das operações de crédito
	Preços
Estabilidade, com mercados livres
Níveis relativos estruturalmente equilibrados
	Política cambial e de relações econômicas externas
Intervenções no mercado cambial
Política de comércio: quotas, tarifas e proteções não tarifárias
Tratamento dado aos capitais externos de risco 
	Transações externas
Equilíbrio em transações correntes com exportações e importações
Taxa de câmbio estável
	Políticas de rendas
Política salarial
Controle das demais remunerações de fatores de produção
Políticas econômicas anticíclicas
Consistem no conjunto de ações governamentais voltadas a impedir, sobrepujar, ou minimizar os efeitos dos ciclos econômicos.
Ciclos econômicos são flutuações da atividade econômica, inerentes ao capitalismo e caracterizadas pela alternância de períodos de ascensão (picos) e períodos de recessão (vales, isto é, o ponto mais baixo do ciclo). Os ciclos econômicos decorrem da sobreacumulação ou superprodução, à qual se seguem expectativas de declínio da taxa de lucro (ou de que a taxa de lucro seja menor que a taxa de juros), o que provoca a redução de investimentos e desaceleração do nível de atividade. Fatores exógenos, como os choques do petróleo e as crises financeiras, podem contribuir para reverter o ciclo e acentuar seus efeitos.
As políticas anticíclicas são defendidas pelos economistas keynesianos, que consideram que o ciclo econômico não é autorregulado, como pensavam os neoclássicos. Segundo a escola keynesiana o déficit público é o principal instrumento de política econômica para amenizar os efeitos do ciclo. Assim, durante a recessão, o governo deve intervir, reduzindo tributos, promovendo a expansão do crédito e o aumento dos gastos, realizando investimentos capazes de estimular a economia. Desta forma, durante a recessão, o déficit público deve se expandir de modo a restabelecer o equilíbrio econômico. O inverso deve ocorrer durante a fase ascendente do ciclo: nos períodos de prosperidade, o Estado deve aumentar a tributação, constituindo um superávit para pagar suas dívidas e formar um fundo de reserva que possa ser utilizado durante os períodos de recessão (ou depressão).
No Brasil, o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), parcialmente implementado pelo governo Geisel durante o (primeiro semestre de 1973), pode ser considerado como um exemplo, embora não muito bem sucedido, de política anticíclica. Outro exemplo, mais recente, é o Programa de Aceleração do Crescimento- PAC -, de características anticíclicas e desenvolvimentistas, que visa a promover um crescimento econômico através do aumento de gastos públicos em obras de infraestrutura. Já o Programa Minha Casa, Minha Vida, que tem como meta construir um milhão de casas, também tem um caráter anticíclico, na medida em que promove o aumento donível de investimento e emprego na construção civil. 
Regime de metas inflacionárias
Meta de Inflação é uma política econômica onde o principal objetivo dos países que a adotam é diminuir e manter a inflação em níveis baixos. Para isto eles fazem um anúncio prévio de uma meta numérica para a inflação em prazo predeterminado e se comprometem explicitamente de que o Banco Central irá buscar o cumprimento desta meta fixada. Para alcançar a meta estabelecida, o BC deve utilizar todos os instrumentos possíveis como a taxa de juros, o crescimento da base monetária ou a taxa de câmbio.
Os defensores do regime de metas de inflação acreditam que ele desempenha basicamente duas funções: serve como elemento de coordenação de expectativas dos agentes econômicos (principalmente aqueles que operam no mercado financeiro), e funciona como mecanismo de transparência para a condução da política monetária, auxiliando na redução das incertezas. Uma alta inflação dificulta a decisão de poupança de longo prazo e de investimento, exacerbando a volatilidade dos preços, e aumentando o risco de financiamento e dos contratos de trabalho.
Assim, o regime de metas de inflação é caracterizado por cinco elementos principais:
O anuncio público de um número como meta para a inflação.
Comprometimento institucional de que a estabilidade dos preços será o primeiro objetivo da política monetária, ao qual os outros objetivos estarão subordinados.
Consideração de muitas variáveis, e não somente os agregados monetários ou a taxa de câmbio, são levadas em conta na decisão de estabelecer os instrumentos de política monetária para o alcance da meta.
Aumento da transparência da política monetária através da comunicação com o público e com o mercado sobre os planos, objetivos e decisões das autoridades monetárias
Aumento da responsabilidade do Banco Central com o alcance de tal objetivo.Isto significa que o Banco Central paga um alto preço se adotar uma política que leve a uma alta inflação.
Sob o regime de metas inflacionárias, os investidores sabem qual a taxa de inflação que o Banco Central considera para os próximos anos e assim podem prever mais facilmente a taxa de juros para seus investimentos. Com isso, o regime de metas de inflação gera uma maior estabilidade econômica.
A adoção do Plano Real e de um regime de bandas cambiais, em 1995, possibilitou, no Brasil, uma queda da inflação e sua manutenção baixos níveis. Porém a manutenção desta baixa inflação foi muito custosa, pois foi feita através de privatizações, empréstimos externos e queda nas reservas.
 O ataque especulativo em janeiro de 1999 e as baixas reservas internacionais tornaram impossível a manutenção do regime de bandas cambiais, o que levou a que se adotasse um regime de câmbio flexível. 
Em junho de 1999, como forma de ancorar a inflação, o Brasil adotou o regime de metas de inflação, dando ao Banco Central do Brasil toda a responsabilidade e a independência operacional para conduzir a política monetária de forma a alcançar a inflação definida pelo governo.
Desde 1999, o Brasil está sob o regime de metas de inflação para orientar sua política monetária. Desta forma, a oferta de moeda pelo Banco Central segue uma estratégia para atingir uma banda de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional.
Especificamente, temos o seguinte quadro inflacionário pelo IPCA cheio, no período 1999-2013:
1999 = (Inflação: 8,94%) (Meta: 8,0%) (Teto da Meta:10,0%) (FHC)
2000 = (Inflação: 5,97%) (Meta: 6,0%) (Teto da Meta: 8,0%) (FHC)
2001 = (Inflação: 7,67%) (Meta: 4,0%) (Teto da Meta: 6,0%) (FHC)
2002 = (Inflação:12,53%) (Meta: 3,5%) (Teto da Meta: 5,5%) (FHC)
2003 = (Inflação: 9,30%) (Meta: 4,0%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2004 = (Inflação: 7,60%) (Meta: 5,5%) (Teto da Meta: 8,0%) (Lula)
2005 = (Inflação: 5,69%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 7,0%) (Lula)
2006 = (Inflação: 3,14%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2007 = (Inflação: 4,46%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2008 = (Inflação: 5,90%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2009 = (Inflação: 4,31%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2010 = (Inflação: 5,91%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Lula)
2011 = (Inflação: 6,50%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Dilma)
2012 = (Inflação: 5,84%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Dilma)
2013 = (Inflação: 5,91%) (Meta: 4,5%) (Teto da Meta: 6,5%) (Dilma)
3.4 – EQUILÍBRIO MACROECONÔMICO
“Economistas e formuladores de políticas públicas devem lidar com a ambigüidade. O estágio atual da macroeconomia oferece muitas perspectivas, mas também deixa muitas questões em aberto. O desafio para os economistas é encontrar respostas para estas questões e ampliar o conhecimento. O desafio dos formuladores de políticas econômicas é o de usar o conhecimento disponível para melhorar o desempenho da economia. Ambos os desafios são enormes, mas nenhum deles é insuperável”. 
(H. Gregory Mankiw)
A multiplicidade, a heterogeneidade e o poder de impacto de inúmeros fatores interferem continuamente na estabilidade geral do desempenho econômico. Não obstante o objetivo-síntese de qualquer política macroeconômica seja um crescimento firme, estável e uniforme, as condições mais comuns do ambiente econômico são a instabilidade, as oscilações e as flutuações – de amplitudes, periodicidades e durações variáveis. Há períodos em que turbulência é a palavra-chave com que se identificam as condições observadas no macroambiente de negócios.
Os períodos caracterizados por crescimento firme, com estabilidade de preços, além de menos comuns, têm geralmente duração limitada. Mais ainda: a recomposição da estabilização do processo econômico geralmente choca-se com novas armadilhas. Medidas eficazes para conter um forte processo de descontrole podem não surtir efeitos opostos quando removidas ou até mesmo quando empregadas na direção inversa. 
A gestão do processo macroeconômico tem, desta forma, muitas armadilhas. Os instrumentos monetários fiscais e cambiais podem ter alto poder de impacto, surpreendendo os agentes econômicos e alterando seu comportamento na direção desejada pelos gestores da política econômica. Mas também podem ser inócuos, neutralizados por expectativas racionais dos agentes econômicos. Mesmo que os efeitos efetivos dos instrumentos usados se aproximem bastante dos planejados, há dois tipos de defasagens que dificultam os processos corretivos de flutuações econômicas: a defasagem de ação (tempo que decorre entre a percepção, o equacionamento e aplicação de medidas) e a defasagem de efeito (tempo decorrido entre a ação e seus impactos efetivos).
Os modelos básicos do equilíbrio macroeconômico evidenciam a maior parte dos fatores de desequilíbrio e das armadilhas que dificultam sua correção. 
A procura agregada e a oferta agregada
Em virtude da multiplicidade dos fins da política macroeconômica, seus resultados são aferidos por deferentes indicadores de desempenho, como as taxas de crescimento do produto agregado, as taxas de desemprego, os índices gerais de preços e os saldos das transações externas. A economia pode estar apresentando resultados satisfatórios segundo um ou dois desses indicadores, mas sinalizando percursos menos brilhantes ou até desastrosos segundo outros. Em situações-limite, todos os indicadores poderão estar sinalizando um desempenho bom e sustentável; ou, então, ruim e com tendência a agravar-se ainda mais.
A taxa de crescimento do produto agregado sinaliza um dos mais importantes objetivos da política macroeconômica: a expansão da oferta agregada de bens e serviços. A importância deste objetivo decorre de, pelo menos, três razões:
A produção é a atividade econômica fundamental. Dela resultam a geração de renda, o atendimento das necessidades individuais e coletivas, a prosperidade e o bem-estar.
Embora não seja condição suficiente, o crescimento do produto agregado é uma das condições necessárias para a consecução dos demais objetivos dapolítica macroeconômica.
Não sendo mantidas taxas satisfatórias de crescimento do produto agregado, aumentam ao longo do tempo as taxas de ociosidade da economia. E a capacidade ociosa é perversa, não apenas por sua correlação positiva com o desemprego, mas também porque exerce uma espécie de efeito bumerangue sobre o próprio crescimento, à medida que desestimula novos investimentos em expansão e em modernização da estrutura de produção.
Não são, porém, quaisquer taxas positivas de crescimento do produto agregado que satisfazem às condições requeridas para um bom desempenho macroeconômico. E mais ainda: taxas de expansão que se podem considerar satisfatórias em determinado país poderão ser insatisfatórias em outros. Nas economias industriais avançadas, as taxas de expansão satisfatórias são geralmente inferiores às que se exigem de economias emergentes. Nas avançadas, geralmente o crescimento demográfico é baixo, o produto per capita, a prosperidade e o bem-estar já se encontram em níveis altos; em tais circunstâncias, pequenos acréscimos relativos traduzem-se por aumentos absolutos de alta expressão no produto agregado. Já nas economias emergentes, ainda submetidas a altas pressões demográficas, as taxas de expansão do produto agregado que caracterizam desempenhos satisfatórios são geralmente mais altas: as fronteiras de produção têm grandes espaços para deslocamentos positivos, várias são as atividades produtivas ainda em estágio embrionário e muitas as iniciativas que poderão traduzir-se em ganhos de eficiência. Em resumo: nessas economias, há muito ainda por fazer; é alta a potencialidade a explorar.
As taxas satisfatórias de crescimento do produto efetivo definem-se, desta forma, a partir da potencialidade de expansão da economia, expressa pelo produto potencial.
O produto potencial indica a magnitude possível do PIB (ou da oferta agregada), caso todos os recursos de produção disponíveis estejam empregados plenamente. É a fronteira de produção da economia. Conceitualmente, não é possível ir além dela. Já o produto efetivo é o que resulta do emprego corrente dos recursos. É o resultado da atividade produtiva, medido pela metodologia convencional de aferição macroeconômica. No limite, o produto efetivo, obviamente, pode ser igual ao produto potencial. E, quando isso ocorre, define-se uma situação típica de pleno-emprego. 
Tanto o produto potencial quanto o produto efetivo variam ao longo do tempo.
A variação do produto potencial depende de variações na disponibilidade e na qualificação dos fatores de produção. A variação do produto efetivo depende dos objetivos definidos pelos gestores do processo macroeconômico e dos meios acionados para alcançá-los. Não obstante a expansão da produção seja um objetivo primordial, podem ocorrer situações em que o objetivo priorizado da gestão macroeconômica seja a estabilização dos preços, com o emprego de medidas vigorosas de desinflação, entre as quais a contenção da procura agregada. Além da gestão macroeconômica, outros fatores internos definem o nível e a variação do produto efetivo, como o clima de negócios, as expectativas e os comportamentos dos agentes econômicos. Por fim, ao conjunto de fatores internos somam-se os fatores externos. As taxas efetivas de variação do produto interno são também afetadas pelo desempenho econômico do resto do mundo, notadamente das nações de maior peso e expressão.
De forma mais detalhada, podem ser alinhados como fatores determinantes do produto potencial:
Disponibilidade de fatores de produção – As quantidades de fatores básicos de produção definem o potencial de produção da economia em dado momento. A variação desse potencial ao longo do tempo resulta do maior ou menor suprimento desses fatores.
Relação entre os fatores – O crescimento dos bens de capital em relação aos demais fatores de produção geralmente define diferentes padrões de produtividade, fazendo variar os potenciais de produção da economia.
Qualificação dos fatores – Melhor qualificação, notadamente do capital humano, modifica para mais o produto potencial da economia como um todo.
Tecnologia e eficiência – O produto potencial é afetado pelo nível de eficiência operacional e pela tecnologia empregada no processo produtivo. Inovações e melhorias tecnológicas aumentam o nível do produto potencial e interferem em sua taxa de crescimento.
Já quanto ao produto efetivo, são os seguintes os fatores determinantes:
Objetivos macroeconômicos – A mobilização dos meios de condução do processo macroeconômico pode estar servindo a objetivos de estabilização, contraindo a procura agregada. Contrariamente, pode estar sendo acionada para estimular a expansão da procura agregada e do emprego, refletindo-se assim nos níveis da produção.
Mecanismos de contração/expansão – Mobilizam-se em direções contracionistas ou expansionistas os seguintes instrumentos de política econômica:
Cortes/expansão dos dispêndios do governo, de consumo e de investimento e de pagamento de transferências.
Expansão/redução da carga tributária.
Redução/expansão da oferta monetária.
Restrições/liberações de operações de crédito.
Abertura/proteção em relação a importações.
Restrições/liberação para ingresso de capitais externos de risco.
Contenção/aumento dos níveis reais de salários.
 
Clima, comportamento e expectativas internas – Clima dos negócios, confiança nos rumos da política econômica e expectativas dos agentes quanto à evolução geral da economia.
Variáveis externas – Desempenho econômico do resto do mundo, notadamente das nações de maior peso e expressão.
A distância, absoluta ou relativa, entre o produto potencial e o produto efetivo é usualmente definida como hiato do PIB – um dos indicadores-síntese do desempenho macroeconômico.
A comparação do produto efetivo com o potencial define o hiato do PIB, cuja expressão, em termos relativos é dada por:
 
 Produto potencial – Produto efetivo
 Hiato do PIB = --------------------------------------------------------------- x 100
 Produto potencial 
O hiato do PIB é um indicador alternativo de desemprego. Como tal, é usado para aferir dois resultados do desempenho macroeconômico: o crescimento da oferta agregada e a taxa geral de desemprego dos recursos de produção.
As questões cruciais relacionadas ao desempenho do sistema econômico, como um todo, estão, todas elas, de alguma forma vinculadas ao comportamento da procura agregada e à relação entre seus níveis efetivos e a capacidade de oferta agregada a pleno emprego. Os níveis agregados do emprego, os hiatos de ociosidade, as variações cíclicas do desemprego involuntário e os índices de desemprego estrutural são todos derivados dos níveis da procura efetiva: quando eles são baixos, também será baixa a taxa de ocupação dos fatores de produção, alargando-se os hiatos de ociosidade geral da economia. Quando estão em queda, estabelecem-se trajetórias recessivas, que acabarão por impactar os níveis do produto, da renda e do dispêndio agregado, numa espécie de efeito multiplicador negativo.
É também do comportamento da procura agregada e de suas pressões sobre a capacidade de oferta agregada que resultam as variações no índice geral de preços. Não obstante as variações nos preços possam também originar-se de movimentos nos custos da oferta agregada, as tendências dos índices e suas oscilações subseqüentes serão definidas pelas reações da procura agregada. Os movimentos da procura agregada impactam também parcelas apreciáveis dos recolhimentos tributários para o governo.
A procura agregada desempenha, assim, papel crucial nos modelos de determinação do produto e da renda nacional de equilíbrio, sob diferentes níveis de emprego e de preços.
O conflito entre inflação e desemprego
A variação positiva do produto agregado, tão alta quanto possível, e a redução da taxa de desemprego sãodois relevantes objetivos da política macroeconômica. Mas não são os únicos. Outro objetivo também relevante é a estabilidade de preços.
No entanto, esses objetivos não são facilmente conciliáveis. Estudando o assunto, o economista inglês A. W. Phillips chegou a uma das mais importantes contribuições à macroeconomia moderna: a curva de Phillips. Através dela, foi confirmado o conflito entre pleno-emprego de fatores de produção e preços estáveis. Foi também também através de sua observação que outro economista famoso (Paulo Samuelson, ganhador do Prêmio Nobel de Economia) empregou pela primeira vez em 1975 o termo estagflação, uma combinação de estagnação econômica com inflação.
Os processos de estagflação são de díficil correção. Com a redução do produto agregado efetivo, estabelece-se um novo mecanismo de alimentação da dinâmica inflacionária.Com isso, desencadeiam-se ainda espirais reinvindicatórias de preços-salários, seguidas de salários-preços, dificultando, desta forma, a quebra da situação de estagflação.
Uma das hipóteses da quebra de um movimento dinâmico de estagflação é a aplicação de um choque de demanda agregada, provocado pela mobilização conjunta de instrumentos fiscais e monetários em direção contracionista. Com um forte e persistente recuo da produra agregada, a alta dos preços interrompe-se e as taxas de inflação começam a declinar. Mas este tipo de ajuste tem alto custo social, traduzido pela expansão do hiato do PIB.
Os modelos de equilíbrio clássico e keynesiano
Clássica e keynesiana. Estas são as duas fontes básicas da teoria macroeconômica. Ainda que os contextos históricos em que foram elaboradas se tenham alterado substantivamente, seus fundamentos permanecem como base da reflexão teórica em macroeconomia e como inspiração para a formulação de estratégias corretivas para situações conjunturais ou crônicas de desequilíbrio. De suas versões originais resultaram interpretações, reinterpretações, abordagens complementares, novas evidências, controvérsias teóricas. Não obstante, nada disso alterou uma situação: a de que elas permanecem como fontes de duas correntes de pensamento. A que mantém sua confiança nos mecanismos auto-reguladores do mercado; e a que justifica a aplicação ativa de instrumentos corretivos de ajustamento contínuo. 
Estes dois grandes troncos são usualmente denominados de:
1 – Macroeconomia clássica. O fio condutor que une o pensamento econômico clássico é a crença no automatismo das forças de mercado, capazes de manter a economia em estado permanente de equilíbrio, em crescimento e sem desemprego.
2 – Macroeconomia keynesiana. O ponto crucial dos modelos keynesianos é a rejeição à idéia de que a economia realiza automaticamente as condições do equilíbrio a pleno emprego. A insuficiência da procura agregada pode conduzir ao desemprego generalizado, como ocorreu com as economias ocidentais de mercado nos anos 30, arrastando-as, em cadeia, a um estado agudo de depressão sem precedentes históricos.
A crença da abordagem clássica na economia auto-ajustável guarda estreita relação com o contexto em que surgiu e prosperou. No século XVIII, a Inglaterra ostentava uma economia eficiente e poderosa, desfrutando de posição hegemônica na indústria, no comércio e nas finanças. Era de tal ordem sua competitividade, que a economia não carecia de proteções tarifárias. Pregava-se o livre comércio sem temor da concorrência externa. No rastro das revoluções tecnológica e industrial, multiplicavam-se os empreendimentos, dificultando, assim, conluios e ampliando os graus da concorrência em praticamente todos os mercados. A oferta de fatores de produção tornara-se abundante: novas tecnologias mesclavam-se com a disponibilidade de novos bens de capital, enquanto as migrações dos campos para as cidades e os novos padrões do crescimento demográfico tornavam altamente elástica a oferta de mão-de-obra. As regulamentações que até então vigoravam no mercado de trabalho foram atropeladas pelas novas realidades. A despeito de iniciativas para a proteção legal dos trabalhadores, prevaleceram as regras da mobilidade da força de trabalho e da flexibilidade das remunerações.
Dadas estas condições, não se temia pela ocorrência de ondas de superprodução, que o mercado não teria condições de absorver. A flexibilidade de preços e de remunerações, fruto da concorrência e do livre mecanismo das forças de mercado, se encarregaria de fazer os ajustes, trazendo a economia de volta às condições de equilíbrio.
Durante 150 anos, nas três últimas décadas do século XVIII, durante todo o século XIX e nas três primeiras décadas do século XX, estas idéias resistiram à ocorrência de fases intercaladas de prosperidade e de declínio, em todas as economias. As flutuações no ritmo dos negócios, os choques de oferta e os distúrbios nos mercados financeiros não chegaram a produzir estados generalizados de bancarrota. Quando muito perturbavam temporariamente o curso normal da economia. Mas pareciam existir forças endógenas que a traziam de volta a um estado relativamente estável de crescimento. Assim, enraizava-se a crença nos pressupostos da macroeconomia clássica.
Contudo, a crença nas forças auto-ajustáveis da economia foi seriamente abalada com a grande depressão dos anos 30. Nos Estados Unidos, economia então hegemônica do sistema ocidental, os preços caíram 25% entre 1929 e 1933, do início ao ponto mais crítico do processo depressivo. Mas, apesar disso, a procura agregada não reagiu. Em valores correntes, o PNB caiu de U$ 103,2 para 55,6 bilhões. E a taxa de desemprego aumentou de 3,2 para 24,9% da força de trabalho. 
Até a grande depressão dos anos 30, os economistas não acreditavam que o desemprego em larga escala pudesse ocorrer. Entretanto, os fatos abalaram as convicções clássicas. E foram o pano de fundo da macroeconomia keynesiana. A essência de sua abordagem está em identificar os fatores determinantes dos níveis do produto, da renda e do emprego. E em prescrever medidas corretivas, especialmente as que resultam da gestão do orçamento do governo, para trazer a economia de volta às condições de equilíbrio.
Assim, os contrastes teóricos entre a abordagem clássica e a keynesiana estão focadas em três aspectos:
Na conformação da função da oferta agregada.
Nos fatores determinantes dos principais fluxos de dispêndio, notadamente os investimentos das empresas.
Nos efeitos dos movimentos da oferta e da procura agregadas sobre o emprego e os preços.
 
A crença central da teoria macroeconômica clássica, a automaticidade do pleno emprego, foi sintetizada pela lei dos mercados de Say-Mill. Estes dois expoentes da tradição clássica buscaram explicar por que eram improváveis as perturbações agudas e demoradas do desempenho econômico e como as anomalias temporárias eram corrigidas pelos mecanismos dos mercados livres e flexíveis. A argumentação central de Say-Mill assentava-se na crença de que a produção cria, sempre e necessariamente, mercados para todos os bens e serviços produzidos. Mais simples e diretamente: a oferta cria sua própria procura.
A lei de Say-Mill antecipou-se à concepção dos fluxos circulares do produto, da renda e do dispêndio e, ainda, à igualdade contábil entre os grandes agregados econômicos. Foi além, ao consagrar a idéia de que as forças do mercado operam no sentido de manter a economia em situação permanente de pleno emprego. Por essa linha, à oferta agregada correspondem, sempre, fluxos equivalentes de renda e de dispêndio. Em seu Tratado de Economia Política, Say resumiu da forma seguinte as razões pelas quais à oferta agregada correspondem, sempre, fluxos equivalentes de renda e de dispêndio:
“A produção é que propicia mercados aos produtos. Se um produtor de tecidos disser que não são outros produtos que ele pede em troca do seu, mas moeda, será fácil provar-lhe que seu comprador só estará em condições de pagá-lo em moeda pelas mercadorias que, por sua vez, for capaz de vender. Os agricultorescomprarão mais tecidos se suas colheitas forem boas e comprarão tanto mais quanto mais tiverem produzido; não comprarão nada se não produzirem nada. A conseqüência que daí se extrai é que, em qualquer nação, quanto mais os produtores são numerosos e as produções multiplicadas, tanto mais os mercados serão amplos e variados. Cada produtor deseja vender os seus produtos. E, realizadas as vendas, todos se desfazem da moeda que elas proporcionaram, procurando por outros produtos. A moeda serve de ligação entre a troca de um produto por outro. Mas os produtos é que criam mercados para outros produtos”.
 As mesmas crenças são encontradas em Princípios de Economia Política, de Mill:
“O que constitui os meios de pagamento das mercadorias são as próprias mercadorias. Os meios de que cada pessoa dispõe para adquirir a produção de outras pessoas consistem nos bens que ela própria produziu. Todos os vendedores são, inevitavelmente, compradores. Se pudéssemos duplicar repentinamente as forças da produção de um país e dobrar a oferta de mercadorias em todos os mercados, duplicaríamos ao mesmo tempo o poder aquisitivo. A sociedade poderia comprar o dobro, pois teria duas vezes mais para oferecer em troca. Estariam simultaneamente duplicadas a oferta e a procura”.
A lei de Say-Mill pode ser compreendida em dois sentidos. Numa primeira abordagem, pode-se compreendê-la simplesmente no sentido de que a fonte de onde provém a procura é o rendimento obtido pelos que participam do processo produtivo e da formação da oferta. Nesse sentido, a lei é obviamente incontroversa. Ocorre que a macroeconomia clássica deu a essa lei um segundo significado, mais amplo e mais rígido, segundo o qual, seja qual for o nível de produção o valor da procura não poderá ser inferior nem superior, mas exatamente igual ao valor dos bens produzidos, isto é, da oferta. Negava-se, desta forma, a existência da superprodução e do desemprego em massa por períodos prolongados. 
Segundo a concepção clássica, o desemprego em larga escala jamais poderia ocorrer. Quaisquer que fossem os volumes de bens e serviços produzidos, por gerarem um correspondente fluxo de rendimentos, capacitariam os agentes econômicos a adquirirem tudo o que fosse produzido. 
Mantidos os mercados livres, a tendência natural da economia seria, assim, o pleno emprego dos recursos, sob diferentes níveis e estruturas de preços. As flutuações das taxas de juros, de um lado, e a flexibilidade dos preços dos produtos e das remunerações dos fatores, de outro lado, sempre garantiriam a manutenção da atividade em uma situação de pleno emprego. As oscilações seriam automaticamente corrigidas. A economia, conduzida pelo livre jogo do mercado, seria auto-ajustável, capaz de governar-se a si própria.
Em síntese, a lei de mercados de Say-Mill fundamenta a atitude liberal do laissez-faire. Dá origem a uma sociedade econômica onde o interesse privado é o mais hábil dos condutores e onde o governo se abstém de toda e qualquer intervenção capaz de deturpar a concorrência, quer no que se refere aos empresários, quer no que se refere aos trabalhadores.
No entanto, os pressupostos da macroeconomia clássica não resistiram às evidências da grande depressão da década de 1930. O desemprego em larga escala alastrou-se em movimentos cumulativos sem precedentes históricos e as forças autônomas do mercado não pareciam suficientes para a volta ao crescimento firme e à recuperação do nível geral de emprego. Uma nova teoria macroeconômica, que indicasse os caminhos da recuperação, tinha, desta forma, caminho totalmente aberto para sua ampla aceitação, ainda que sua inspiração fosse intervencionista e conduzisse a maior e mais ativa participação do governo na vida econômica. O laissez-faire estava com os dias contados. A recuperação exigiria, entre outras medidas, vigorosa política fiscal expansionista.
A fundamentação da nova macroeconomia foi apresentada por John Maynard Keynes, economista inglês, em 1936, numa das mais importantes contribuições à formação do pensamento econômico. Em termos de relevância histórica, The general theory é equiparável a Wealth of nations, de Adam Smith, e ao Das kapital, de Karl Marx. Não há dúvida de que estes três trabalhos foram os que maior influência exerceram sobre o pensamento econômico e sobre a condução da política econômica.
A teoria keynesiana tem o significado de uma ruptura com a revolução liberal. Diferentemente, porém, de sua variante oposta, a revolução socialista, a ruptura keynesiana não removeu as bases político-institucionais do sistema econômico.
A revolução keynesiana rompeu com os pressupostos da macroeconomia clássica, estabeleceu novas funções para o governo, mas não a ponto de colocá-lo como agente econômico central, eliminando por completo o setor privado da economia. O próprio Keynes reconhece as implicações de sua teoria são razoavelmente conservadores, no que tange aos aspectos político-institucionais. A macroeconomia keynesiana não propõe que o governo assuma a propriedade dos meios de produção. 
A prescrição é uma vigorosa política fiscal, fundamentada em investimentos públicos, para elevar a procura agregada a níveis compatíveis com os da oferta agregada potencial. Contudo, as novas áreas de atuação confiadas ao governo não implicariam um caminho aberto para a total estatização dos meios de produção e para o comando centralizado e autoritário de todo o processo econômico. As seguintes “notas finais” dão bem o tom da filosofia social da macroeconomia keynesiana:
“Os controles centrais necessários para assegurar o pleno emprego exigirão, naturalmente, uma considerável extensão das funções tradicionais do governo. A par disso, a própria teoria clássica moderna chamou a atenção para as várias condições em que pode ser necessário refrear ou guiar o livre jogo das forças econômicas. Todavia subsistirá ainda, em grande amplitude, o exercício da iniciativa e da responsabilidade privadas. Do ponto de vista da eficiência, as vantagens da descentralização das decisões e da responsabilidade individual são talvez maiores do que julgou o século XIX, e a reação contra o atrativo do interesse pessoal talvez tenha ido demasiado longe. Se puderem ser purgadas de seus defeitos e abusos, são a melhor salvaguarda da liberdade, no sentido de que ampliam, mais do que qualquer outro sistema, o campo para o exercício das escolhas pessoais. Sua perda é a mais sensível de todas as que acarretam os regimes totalitários e homogêneos. Para colocar a questão num plano concreto, não vemos por que o sistema existente faria mal uso dos fatores de produção utilizados. É o volume e não a direção do emprego efetivo o responsável pelo colapso do sistema atual. É certo que o mundo não tolerará por muito mais tempo o desemprego que, excetuando-se curtos intervalos de excitação, é uma conseqüência inevitável do capitalismo individualista da nossa época. Mas pode ser possível curar o mal por meio de uma atitude correta do problema, preservando ao mesmo tempo a eficiência e a liberdade”.
A redução da taxa de desemprego, aproximando a procura efetiva da oferta agregada potencial, pode exigir a adoção, pelo governo, de medidas expansionistas, via políticas fiscal, monetária ou cambial. Inversamente, quando a superexcitação da procura agregada pressiona a capacidade de oferta além de seu máximo potencial, criando tensões inflacionárias e desestabilizando a economia como um todo, as medidas corretivas, com o emprego dos mesmos instrumentos, terão sentido contracionista. É exatamente esta atuação ativa das autoridades fiscais e monetárias que diferencia a postura da macroeconomia keynesiana da crença clássica ortodoxa nas forças auto-ajustáveis.
É claro que a intervenção corretiva das autoridades fiscais e monetárias não constitui garantia suficiente para que a economia opere em posições sempre próximas do pleno emprego, com crescimento firme, livre de oscilações na estrutura e nos níveis dos preços. O mundo econômico é muitomais complexo que o sintetizado nos modelos básicos do equilíbrio macroeconômico. Acresce ainda que a complexidade atual, mais de duas gerações após a revolução keynesiana, é supostamente maior e compreende novos desafios. A globalização do processo produtivo, implicando mudanças agudas nas cadeias transnacionais de suprimentos, é um novo elemento que dificulta as políticas nacionais e sustentação do emprego. Com a crescente abertura das fronteiras econômicas nacionais e a constituição de blocos e mercados comuns, estabelecem-se novos padrões de competição, tornando mais voláteis os movimentos do mercado financeiro (monetário, de crédito, de capitais e cambial), ampliando as flutuações dos investimentos das empresas e amplificando as oscilações da procura externa líquida por bens e serviços intermediários e finais.
3.5 – Os agregados macroeconômicos
“Um dos mais importantes trabalhos da economia consiste em classificar os variadíssimos fenômenos da vida econômica, procurando reuni-los em grupos que, a partir de uma determinada metodologia, sejam homogêneos e apropriados para generalizações interpretativas da realidade. É neste campo de trabalho que se enquadra a Contabilidade Social. Ela se refere a uma forma especial de estatística econômica, cujo objeto é a classificação e a mensuração sistemática da economia como um todo, abrangendo todas as transações que compõem a vida econômica de uma nação”.
(Ingvar Ohlsson)
Emprega-se a expressão agregados macroeconômicos para designar, genericamente, os resultados da mensuração da atividade econômica, considerada como um todo. Assim, conjunto, totalização e agregação são algumas das palavras que estão implícitas nesta expressão. Aqui, a unidade de referência não é o agente econômico individualmente considerado, como a unidade familiar, a empresa ou uma determinada unidade de governo; ou, ainda, o consumidor, o produtor, o investidor, o exportador ou uma repartição pública coletora de tributos. Também não é a remuneração recebida por um agente econômico individual ou os preços que ele paga por um conjunto limitado de bens e serviços. Trata-se, isto sim, da soma de todas as transações, realizadas por todos os agentes, na totalidade dos mercados. É a dimensão total - o todo, não as partes isoladamente consideradas.
Para chegar a essas grandes somas, os economistas se utilizam de um conjunto de convenções, de que resultam agrupamentos de recursos, agentes, atividades produtivas e transações. A partir dos conceitos convencionados, classificam-se e agrupam-se as partes, definindo-se as categorias homogeneizadas que constituirão as bases dos levantamentos estatísticos e dos processos de contabilização em termos agregados. À metodologia sistematizada de levantamentos e de contabilização do todo denomina-se Contabilidade Social - um conjunto de grandes contas em que se totalizam todas as transações que compõem a vida econômica de uma nação. E ainda as transações entre as nações.
A mensuração da atividade econômica como um todo
Embora os trabalhos pioneiros neste campo datem do século XVII, somente na década de 40 é que se definiram processos sistematizados para o cálculo dos grandes agregados do produto, da renda e do dispêndio nacionais. Assim, o desenvolvimento da metodologia de mensuração da atividade econômica como um todo, a sua padronização e a sua difusão internacional são bastante recentes.
Os trabalhos pioneiros limitaram-se a tentativas de cálculo dos conceitos iniciais de renda nacional e de fortuna nacional. Em pelo menos três estudos publicados no século XVII encontra-se a expressão renda nacional.
Esses primeiros trabalhos abordavam a interdependência, a simultaneidade e a identidade existentes entre os conceitos de produção, de renda e de dispêndio, além de abrirem caminho para avaliações abrangentes e agregativas dos resultados da atividade econômica. Novos trabalhos foram apresentados entre 1758 e 1915. Todavia, todos constituíram mais contribuições para a quantificação de categorias consideradas isoladamente do que tentativas de sistematização de cálculo fundamentadas em conceitos contábeis mais sólidos e abrangentes.
No período entre o início da grande depressão e o término da Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 30 e 40, é que vão surgir esforços de maior envergadura e consistência. Governos nacionais e instituições multilaterais passaram a interessar-se por levantamentos macroeconômicos, movidos por motivos bastante diversos daqueles que levaram aos levantamentos censitários da fortuna nacional. Estes eram os motivos principais:
O planejamento de políticas anti-depressão, capazes de sustentar elevados e permanentes níveis de emprego e de produção.
O conhecimento da estrutura e do potencial dos sistemas econômicos nacionais, de importância tanto para programas de mobilização bélica quanto de promoção do desenvolvimento socioeconômico.
O suprimento de dados agregados, internacionalmente comparáveis, para utilização de entidades multilaterais que surgiram no pós-guerra, como a Organização das Nações Unidas, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.
Paralelamente aos esforços de sistematização contábil do cálculo econômico agregativo, depuraram-se, nesse período, os conceitos macroeconômicos de emprego, de produção, de renda e de dispêndio. Conceitos como os de oferta e procura agregadas, de consumo, de poupança e de acumulação em escala macro, classificados segundo os agentes econômicos envolvidos, foram revistos e redefinidos. Relações de dependência entre os principais fluxos agregados foram estabelecidas, recriando-se, assim, a visão integrativa da realidade econômica. Mais ainda: diferenciaram-se as abordagens fundamentais da economia, em duas grandes esferas de interesse - a micro e macroeconomia, pelas suas diferentes bases e preocupações teóricas.
A sistematização da Contabilidade Social passou a ser, desta forma, uma espécie de pré-requisito para o desenvolvimento da macroeconomia. Por outro lado, com a publicação, em 1936, da Teoria Geral de John Maynard Keynes, fundamental para a teoria e a política macroeconômicas da época, a construção das contas nacionais sistematizadas e o cálculo dos grandes agregados passaram a apoiar-se em bases mais sólidas. Estabeleceu-se, desta forma, um círculo vicioso entre o avanço dos estudos macroeconômicos, tendo por marco a síntese keynesiana, e as exigências por dados agregativos, claramente manifestadas por governos e organismos multilaterais preocupados com a reconstrução de economias devastadas por depressões e por guerras.
Como visto, as primeiras pesquisas sistematizadas para o cálculo dos agregados macroeconômicos e para a construção de sistemas nacionais de Contabilidade Social foram patrocinadas por governos e por instituições multilaterais. Estados Unidos, Inglaterra e Noruega logo se interessaram pela questão. Entretanto, o trabalho de sistematização decisivo, que precedeu à síntese de todas as contribuições de instituições nacionais, foi desenvolvido sob o patrocínio do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas.
Os trabalhos que vinham sendo desenvolvidos nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Noruega foram acompanhados e estimulados pelas Nações Unidas, que, em 1952, publicou uma primeira metodologia padronizada, baseada nas experiências adquiridas pelas nações que, pioneiramente, pesquisaram e implantaram seus próprios sistemas de Contabilidade Social nas duas décadas anteriores.
O sistema das Nações Unidas, conhecido pela sigla SNA-52, forneceu uma estrutura consistente e padronizada para apresentação dos agregados econômicos. O sistema tomou a forma de um conjunto de contas inter-relacionadas, montadas por partidas dobradas, que pudessem ser elaboradas por todos os países-membros, com as adaptações decorrentes de seus sistemas nacionais de estatísticas econômicas primárias. Com a padronização, o número de países que dispunham de instituições envolvidas com a preparação de suas contas nacionaissaltou de 39 para 93. Quando foi publicada a versão SNA-68, esse número já chegava a 120. Possibilitando comparações internacionais, esse sistema de macrocontabilização praticamente se universalizou. O SNA-93, última versão publicada, já envolvia 140 países. Esta nova versão procura introduzir novos conceitos nos sistemas convencionais padronizados, por entender que a versão de 68 não tratou adequadamente de questões que, nos últimos anos, assumiram importância crucial para as comparações internacionais. A relação entre os processos de produção e a questão ambiental é uma delas. Outra é o destino que os países dão aos bens e serviços finais produzidos. Outra é a introdução de novos conceitos pelos quais pode ser aferida a relação entre produção efetiva e bem-estar social.
O Brasil aderiu ao sistema padronizado pelas Nações Unidas desde 1947, quando ainda estava em elaboração o SNA-52. Naquele ano, foi criado um núcleo de estudos de contas nacionais na Fundação Getúlio Vargas. Em 1952, o núcleo apresentou as primeiras estimativas da Renda Nacional, por unidades da federação, referentes aos anos de 1950 e 1951. Anos mais tarde, em 1966, o Centro de Contas Nacionais - CCN, criado em 1956 e anexado ao Instituto Brasileiro de Economia da FGV, iniciou criteriosa revisão das bases metodológicas que vinham sendo aplicadas no país e, em 1972, publicaram-se novas estimativas, com revisão das séries históricas e incorporação de recomendações do SNA-68. Novas revisões foram realizadas nos anos 70 e 80.
A partir de 1986, o CCN foi absorvido pelo IBGE. Naquele ano, uma nova revisão metodológica foi introduzida no sistema de contas consolidadas. O sistema está mais próximo da versão padronizada pelas Nações Unidas. Atualmente, vêm sendo desenvolvidos esforços em três direções: 1. Adequar os censos econômicos e outros levantamentos de dados primários às exigências do sistema adotado; 2. Uniformizar o padrão monetário das séries históricas; e 3. Agilizar o processamento dos dados e a divulgação dos resultados.
Os agregados macroeconômicos básicos
A Contabilidade foi uma das últimas áreas de desenvolvimento sistematizado da economia. A razão para tal está na complexidade metodológica que está por trás de seus modelos. A multiplicidade de transações que constituem a vida econômica, a diversidade de agentes envolvidos e as diferentes categorias de fluxos resultantes, foram, dentre tantos outros, os obstáculos que exigiram esforços de classificação e de sistematização, bem como de uniformização de bases conceituais. Considerando que os sistemas de Contabilidade Social são representações ordenadas do que ocorre nas economias nacionais, expressas através das transações que se verificam entre as diversas partes que a compõem, um dos trabalhos básicos, nesta área, é tipificar os agentes, as suas atividades e transações, os fluxos pelos quais interagem e os resultados finais de suas ações econômicas.
A classificação usual dos agentes econômicos em unidades familiares, empresas e governo é resultante destes trabalhos de sistematização. Delas também resultou a compreensão de interdependência dos fluxos de produção, de geração de renda e de dispêndio, a diferenciação entre consumo e acumulação, a identificação dos setores e subsetores em que as atividades econômicas podem ser classificadas e a tipificação dos seus resultados.
Dos conceitos básicos resultantes desse esforço sistematizador, um dos mais importantes é o de valor adicionado. Trata-se do ponto de partida imprescindível para a compreensão dos sistemas de cálculo agregativo. Esse conceito tem a ver com uma diferenciação essencial entre os fluxos de produção e o conceito macroeconômico de produto. Além do mais, é fundamental para contornar um dos problemas cruciais do cálculo macroeconômico, o da dupla contagem dos bens e serviços intermediários que são utilizados no processamento de outros bens e serviços, que por seu turno também podem não ter, ainda, a destinação final do consumo e da acumulação. 
Em uma economia industrial moderna, produz-se enorme diversidade de bens e serviços, oriundos de atividades primárias, secundárias e terciárias de produção. Das atividades primárias resultam coisas como madeira bruta, fibras naturais, grãos, gado e pescados - e ainda grande número de insumos derivados de seus primeiros processamentos. Das atividades secundárias resultam desde laminados metálicos e veículos automotores até materiais para construção, produtos químicos e farmacêuticos, plásticos e aparelhos eletrodomésticos. Todos esses bens exigem um complexo sistema de prestação de serviços, para que sejam produzidos, financiados, armazenados, transportados, promovidos e distribuídos para utilização final. E ainda há muito mais do que isto: as atividades de profissionais liberais, as das diferentes esferas de governo e as resultantes de serviços que podem atender a demandas finais, como turismo, saúde, educação e cultura.
A simples listagem dessas atividades econômicas é bastante para deixar bem claras duas dificuldades básicas. A primeira, obviamente, é a impossibilidade de se expressar a produção nacional totalizada sob a forma de toneladas ou de outras formas metrológicas - a expressão do conjunto será em unidades monetárias. A segunda, menos evidente, é como evitar que os bens e serviços sejam computados duas ou mais vezes, superestimando o valor da produção.
Vamos nos concentrar na segunda dificuldade - a múltipla contagem de bens intermediários. Para superá-la, os sistemas de contabilização macroeconômica adotaram o conceito de valor adicionado, diferenciando-o do de produção.
A produção é um fluxo de processamento, em cujas extremidades se encontram suprimentos e saídas. As empresas são os agentes que realizam esse processamento. Ocorre que, na complexidade das economias modernas, não há uma só empresa auto-suficiente. Todas elas dependem de alguma forma de suprimentos procedentes de outras empresas.
Entre os valores das saídas e dos suprimentos, há, sob condições normais, uma diferença positiva, que se define como valor adicionado pela empresa. É esse valor que se leva em conta para o cálculo do produto agregado. Desta forma, sob o ponto de vista macroeconômico, valor adicionado e produto são conceitos equivalentes. O Produto Nacional, depurado das transações múltiplas, resulta da soma dos produtos ou dos valores adicionados por cada uma das empresas que compõem o aparelho produtivo da economia nacional.
 
Em síntese:
A produção é um fluxo de suprimentos-processamento-saídas.
O valor adicionado é a diferença entre o valor das saídas e o dos suprimentos. Ele corresponde aos custos internos de processamento em que as empresas incorrem, remunerando os fatores de produção por elas mobilizados.
Valor adicionado e produto, macroeconomicamente, são expressões equivalentes.
O Produto Nacional resulta da soma dos valores adicionados (ou dos produtos) de todas as empresas que compõem o aparelho produtivo da economia nacional.
O valor adicionado está diretamente relacionado ao segundo conceito macroeconômico básico: o de Renda Nacional (ou de remunerações pagas aos fatores de produção mobilizados pelas empresas).
 
A geração do Produto Nacional ocorre simultaneamente com os pagamentos que totalizam a Renda Nacional. Assim, produto e custo dos fatores são também expressões equivalentes. O processo de produção é constituído por três etapas:
Suprimentos. As empresas, independentemente de elementos diferenciadores, recebem suprimentos originários de outras empresas. Estes suprimentos dão origem a transações entre empresas, chamadas de transações intermediárias. Empresas pagam a empresas por esses suprimentos. 
Processamento. Todas as empresas mobilizam fatores de produção pertencentes a unidades familiares, para o processamento dos insumos adquiridos de outras empresas. Aqui vale lembrar que os fatores básicos de produção são o trabalho, o capital e a empresariedade - e seus detentoressão as unidades familiares. Estas recebem das empresas pagamentos, sob a forma de remunerações diversas. Este conjunto de remunerações pagas aos fatores de produção é que totaliza o valor agregado pelas empresas no processamento da produção.
Saídas. Definem-se pela produção realizada e vendida. As saídas tanto podem destinar-se de novo para utilização como insumos ou atender às duas categorias básicas de demanda final, o consumo e a acumulação.
 
O exemplo da indústria automobilística serve bem para clarificar esses conceitos. Sob a ótica da cadeia de produção, essa indústria compõe-se de empresas de autopeças, de empresas montadoras e de empresas concessionárias. As de autopeças fazem parte da cadeia de suprimentos; as montadoras, da de processamento; as concessionárias, da de saídas. A questão é: qual o produto das montadoras? Motores, transmissões, freios, componentes plásticos, vidros, elementos de borracha, etc. são suprimentos produzidos por outras empresas. É claro que todos esses suprimentos não são produtos das montadoras. Este resulta, internamente, da mobilização de fatores de produção pertencentes a unidades familiares, aos quais pagam remunerações. Esses fatores são considerados como “próprios” e as remunerações pagas a eles é que constituem o valor adicionado pelas montadoras aos suprimentos adquiridos de outras empresas fornecedoras.
Sob condições normais, o valor das saídas (faturamento dos veículos acabados às concessionárias) é superior aos custos de todos os suprimentos. A diferença é exatamente igual ao valor adicionado, representado pelos custos pagos aos fatores de produção, sob a forma de salários, aluguéis, arrendamentos, juros, depreciações e lucros.
O valor adicionado é o produto das montadoras. Ele é representado pelo custo dos fatores empregados. E este é igual à renda gerada pela atividade de montagem.
A mesma abordagem poderia ser repetida para uma determinada empresa de autopeças. Veríamos que ela também recebe suprimentos de muitas outras e processa os materiais recebidos, adicionando valor a eles. E, também nessa empresa, o produto é o valor adicionado e este será representado pelos pagamentos dos fatores que ela tiver mobilizado. Não será diferente disto o que vai ocorrer em uma concessionária. Ela também adiciona valor, remunerando as pessoas e outros fatores de produção empregados para a venda dos veículos ao usuário final.
Assim, em síntese:
Valor adicionado e remunerações pagas aos fatores de produção são expressões equivalentes.
As remunerações pagas aos fatores de produção são fluxos de renda que saem das empresas e se destinam a unidades familiares.
Renda Nacional é a soma das remunerações pagas aos fatores de produção. É uma grande totalização dos custos dos fatores.
Como o valor adicionado é igual ao produto, que também é igual ao custo dos fatores, que por sua vez é igual à renda, podemos então dizer que o Produto Nacional e a Renda Nacional são, em termos líquidos, expressões equivalentes.
O terceiro conceito básico diz respeito à destinação que é dada ao Produto e à Renda Nacional. Trata-se do Dispêndio Nacional.
As nações produzem bens e serviços que se destinam a duas categorias de dispêndio final - o consumo e a acumulação.
 
A acumulação contrapõe-se ao consumo. Macroeconomicamente, está ligada ao processo de formação de capital, à acepção macroeconômica de investimento e, genericamente, aos acréscimos líquidos na capacidade nacional de produção. Acumulação implica diferimento, adiamento, postergação do consumo. É definida como parte da renda não destinada, no presente, à satisfação das necessidades correntes de seus detentores.
Assim, em síntese:
Os bens e serviços produzidos destinam-se a duas grandes categorias de dispêndio: o consumo e a acumulação.
A soma do consumo e da acumulação, esta representada pelos investimentos em bens de capital, é igual ao Dispêndio Nacional.
A Renda, o Produto e o Dispêndio Nacional são expressões contabilmente equivalentes. São três caminhos diferentes de avaliação, que resultam em mensurações iguais. Para que esta tríplice igualdade se verifique, os investimentos em acumulação devem ser iguais ao total da poupança, da renda não consumida.
As duas categorias básicas, na origem do processo macroeconômico, são o Produto nacional e a Renda Nacional: suas expressões, em termos monetários, são iguais, dado que a soma do valor adicionado por todas as empresas é igual à soma das remunerações de fatores de produção pertencentes às unidades familiares, em um modelo simples de economia com apenas essas duas classes de agentes econômicos.
Questões relevantes da mensuração
O hiato verificado entre as atividades efetivamente exercidas pela sociedade e aquelas que são aferidas pela metodologia convencional das contas nacionais constitui uma das mais cruciais questões do cálculo macroeconômico. Este tipo de hiato resulta, em primeiro plano, de convenções conceituais sobre o que deve ser incluído no cálculo e, em segundo lugar, da não legalização de determinadas atividades econômicas.
A maior parte das atividades efetivamente exercidas pela sociedade é admitida como socialmente desejável, portanto de caráter legal ou legalizável. Uma parte inferior dessas atividades é definida como indesejável e, por isso mesmo, ilegal ou não legalizável. Produtos como a maconha, a cocaína, a heroína incluem-se entre inúmeros outros que se consideram das nações. Não fazem parte dos levantamentos oficializados. Mas existiram sempre e dificilmente deixarão de existir.
As atividades humanas não reconhecidas nos levantamentos oficiais e nos cálculos macroeconômicos sistematizados não se limitam, porém, às ilegalizáveis que se mantêm na clandestinidade. Há muitas atividades socialmente desejáveis, mas que também não são reconhecidas nos levantamentos oficiais do esforço social de produção. Os serviços das donas-de-casa estão nesta categoria. Não são contabilizados no produto nacional. Só serão contabilizáveis se passarem a ser executados por profissionais autônomos ou por empresas prestadoras de serviços. Outras atividades desejáveis são igualmente de difícil contabilização: a produção de subsistência, por exemplo, notadamente nas zonas rurais.
Assim, as atividades sociais podem ser desdobradas em dois conjuntos: o das atividades reconhecidas como produtivas e o das não reconhecidas. As primeiras são legalizáveis; as segundas não. Ocorre, porém, de um lado, que uma parte das atividades legalizáveis não é formalizada ou legalizada; de outro lado, apenas uma parte das atividades não reconhecidas como produtivas é também ilegal. Daí resulta três blocos: o das atividades formalizadas; o das atividades informais; e o das atividades ilegais. Por fim, chega-se ao bloco da economia aferida: ele inclui a atividade legalizada e uma parcela da economia informal, reconhecida como produtiva. Resta, contudo, uma parcela expressiva, não reconhecida e não legalizável, que constitui a economia subterrânea. 
As razões para a existência das atividades subterrâneas são, resumidamente:
A ilegalidade: as atividades definidas como socialmente indesejáveis;
Usos e costumes: processos informais de suprimentos e de abastecimento que se mantêm por tradição;
A preferência pela informalidade, geralmente decorrente de pressão tributária ou de dificuldades para cumprimento de exigências burocráticas;
A convenção estabelecida sobre o que se considera ou não como atividade produtiva.
A questão das comparações intertemporais
Outra questão crucial da metodologia de cálculo dos agregados macroeconômicos decorre da variação do valor da unidade de conta empregada – a moeda corrente do país. Ocorre, todavia, que a representatividade dos valores expressos em moeda tem a ver com o valor da própria moeda. Como este dificilmente permanece constante ao longo do tempo, as avaliações precisam ser depuradas da variação do valor da moeda. Já que os fluxos

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