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Apostila Controle de Constitucionalidade

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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| MÓDULO COMPLEMENTAR – Profa. Malu Aragão 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
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OS: 0132/9/17-Gil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO 
CONSTITUCIONAL 
PARA CONCURSOS 
 
 
 
Profa. Malu Aragão 
 
 
 
 
 
 
 
 CARREIRAS TRIBUNAIS 
 
 
www.concurseiroprime.com.br
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
 – Profa. Malu Aragão 
 
 
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OS: 0132/9/17-Gil 
CONCURSO: CARREIRAS TRIBUNAIS 
 
ASSUNTO: 
1 – CONSTITUCIONALISMO...................................................................................................................02 
2 – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE.........................................................................................20 
 
 
1 – CONSTITUCIONALISMO 
1.0. CONCEITO 
Para André Ramos Tavares o termo "Constitucionalismo" 
pode ter as seguintes acepções: limitação do poder 
arbitrário; imposição de que haja Cartas Constitucionais 
escritas; indicação dos propósitos mais latentes e atuais da 
função e posição das Constituições nas mais diversas 
sociedades e referência a uma evolução histórico 
Constitucional de um determinado Estado. 
Segundo José Joaquim Gomes Canotilho o 
Constitucionalismo é a teoria ou ideologia que ergue o 
princípio do governo limitado indispensável à garantia dos 
direitos em dimensão estruturante da organização político-
social de uma comunidade. Para ele, o Constitucionalismo é 
uma teoria normativa da política, tal como a teoria da 
democracia ou a teoria do liberalismo. 
O professor Kildare Gonçalves Carvalho assevera que o 
"Constitucionalismo consiste na divisão do poder, para que 
se evite o arbítrio e a prepotência, e representa o governo 
das leis e não dos homens, da racionalidade do Direito e não 
do mero poder." E Walber de Moura Agra afirma que “o 
Constitucionalismo significa que as condutas sociais devem 
ser determinadas por normas, e o ápice da escala normativa 
reside nas normas constitucionais. ” 
Dentre vários conceitos desenvolvidos, destaca-se o que 
decorre do Constitucionalismo Moderno, qual seja, um 
movimento político, social e jurídico que culminou na 
organização do Estado, por intermédio da previsão de 
direitos e garantias fundamentais, em uma Constituição, 
tendo por finalidade a limitação do poder estatal arbitrário e 
absolutista que reinava no final do século XVIII, de forma 
irrestrita pelos monarcas. 
 
2.0. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONSTITUCIONALISMO 
Embora as discussões doutrinárias acerca do tema 
Constitucionalismo sejam atuais, considerando que 
referem-se ao movimento moderno que se iniciou no século 
XVIII, há movimentos constitucionalistas desde os tempos 
antigos, das manifestações religiosas do Estado teocrático 
Hebreu até a sua previsão nas Constituições 
contemporâneas. 
2.1. Constitucionalismo na Idade Antiga 
Karl Loewenstein identifica os primeiros sinais da limitação 
de poder político na Antiguidade Clássica, no Estado Hebreu 
(por volta do ano 1.200 a.C), com as seguintes 
características: teocracia e organização baseada em leis não 
escritas, costumes e religião. Os chefes familiares e os 
líderes dos clãs eram que definiam as leis que a sociedade 
deveria seguir, os quais representavam o poder divino na 
terra. Os profetas eram quem limitavam o poder das 
autoridades, por meio da fiscalização e punição, quando elas 
extrapolavam o Direito religioso, o qual era baseado na 
Bíblia e que era passado de geração para geração. 
Predominava a chamada “Lei do Senhor”. 
Empós, surge o Constitucionalismo grego fundamentado em 
pontos centrais como a pacificação social e política. Inicia-se 
uma forma de racionalização do poder. Nas cidades-estados 
gregas ocorreram as primeiras manifestações reais de uma 
Democracia Constitucional (séculos V a III a. C). A 
Democracia era direta e os cargos públicos da época eram 
acessíveis a todos os cidadãos, por meio de sorteio e por 
tempo limitado. Karl Loewenstein assinala que esta 
Democracia “era o único exemplo conhecido de sistema 
político com plena identidade entre governantes e 
governados, no qual o poder político está igualmente 
distribuído entre todos os cidadãos ativos. ” 
O Ministro Luis Roberto Barroso afirma que em Atenas se 
praticaram ideias e institutos que se conservam até hoje 
“como a divisão das funções estatais por órgãos diversos, a 
separação entre o poder secular e a religião, a existência de 
um sistema judicial e, sobretudo, a supremacia da lei, criada 
por um processo formal adequado e válida para todos. 
A experiência ocorrida na República Romana (séculos V a II 
a.C), posterior à grega, porém muito similar a esta, baseava-
se no direito à liberdade como um objetivo estatal e não 
simplesmente como direito individual. O limita ao poder 
arbitrário era proveniente de normas, emitidas pelos 
imperadores romanos, as quais possuíam força de lei e 
garantiam os direitos individuais das pessoas. 
O ilustre José Afonso da Silva apresenta as formas de 
limitação do poder, expondo que alguns antecedentes 
formais das declarações de direitos foram sendo 
elaborados, como o veto do tribuno da plebe contra ações 
injustas dos patrícios em Roma, a Lei de Valério Publícola 
proibindo penas corporais contra cidadãos em certas 
situações até culminar com o Interdicto in Homine Libero 
Exhibendo, remoto antecedente do Habeas Corpus 
moderno, que o Direito Romano instituiu como proteção 
jurídica da liberdade. 
 
2.2. Constitucionalismo na Idade Média 
Na Idade Média, após alguns séculos de regimes 
absolutistas, surgiram normas garantidoras de direitos 
individuais bem como uma função judiciária bastante 
atuante e independente. 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
 – Profa. Malu Aragão 
 
 
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OS: 0132/9/17-Gil 
A mais importante manifestação deste período foi a Magna 
Charta Libertatum, de 15 de junho de 1215, tornada 
definitiva em 1225, outorgada pelo Rei João, mais 
conhecido como João Sem Terra, na Inglaterra. Ela marcou o 
ressurgimento do Constitucionalismo, reconhecendo 
diversos direitos limitadores do poder estatal, dentre eles 
citam-se o habeas corpus, a limitação ao direito de tributar, 
o direito de petição, a instituição do júri, o devido processo 
legal, o princípio do livre acesso à justiça, a liberdade de 
religião, a aplicação proporcional das penas, direito de 
propriedade, entre outras. 
Uadi Lammêgo Bulos indica as seguintes características 
deste Constitucionalismo: necessidade de afirmar a 
igualdade dos cidadãos perante o Estado, excluindo todo o 
poder arbitrário; primado da função judiciária; concepção 
jusnaturalista de constituição, lastreada no pensamento de 
que as leis preexistem aos próprios homens; existência de 
documentos garantidores de liberdades públicas e 
florescimento da ideia de que a autoridade dos governantes 
se fundava num contrato com os súditos. 
 
2.3. Constitucionalismo na Idade Moderna 
Neste período, observa-se uma transição lenta e paulatina 
das fontes de poder das mãos do monarca para os textos 
normativos que podem ser comparados aos constitucionais,os quais estabeleciam uma série de direitos individuais. É a 
continuidade do chamado Constitucionalismo Inglês, o qual 
consagra o Princípio Rule of Law (governo das leis), com o 
surgimento da Petition of Right, de 1628, do Habeas Corpus 
Act, de 1679, da Bill of Right, de 1689 e da Act of 
Settlement, de 1701 e marca o início da cultura de 
elaboração de declarações de direitos, limitando o poder, 
dando garantias aos governados e preparando as condições 
para a implantação de um Estado de Direito. 
A independência que possuíam os juízes, a declaração de 
direitos e a possibilidade de julgar de acordo com os 
precedentes judiciais e com os princípios, que são 
características do sistema common law, são fatores que 
mais contribuíram para a concretização da limitação de 
poder e garantia de direitos no Constitucionalismo Inglês. 
 
2.4. Constitucionalismo na Idade Contemporânea (Pós-
Moderna) 
Conhecido como Constitucionalismo clássico, moderno ou 
liberal e se desenvolve no final do século XVIII. 
O Constitucionalismo Liberal caracteriza-se pelo surgimento 
de Constituições modernas, escritas, rígidas, dotadas de 
supremacia constitucional, com destaque para as 
Constituições norte-americana, de 14 de setembro de 1787, 
e a francesa, de 3 de setembro de 1791, as quais 
consagraram-se como diplomas que traziam em seu bojo o 
ideário de liberdade, a ausência de interferência estatal e os 
direitos individuais, influências típicas do iluminismo e que, 
por sua vez, acabaram por influenciar a maioria da Cartas 
Constitucionais ocidentais, dentre elas, as Constituições 
brasileiras de 1824 e 1891. 
Um Constitucionalismo jurídico, político e cultural, tinha 
como uma de suas finalidades limitar o poder estatal, 
previsto nas Constituições com o intuito de romper com o 
regime absolutista até então vigente, onde o povo a ser o 
titular das decisões. Esta limitação somente foi possível com 
a separação dos poderes e com a declaração de direitos. 
Surgem, nesta época, os chamados direitos de 1ª dimensão. 
Kildare Gonçalves Carvalho caracteriza este 
Constitucionalismo de fins dos século XVIII “pela ocorrência 
da ideia de separação de poderes, garantia dos direitos dos 
cidadãos, crença na democracia representativa, demarcação 
entre a sociedade civil e o Estado, e ausência do Estado no 
domínio econômico (Estado absenteísta). 
 
2.5. Constitucionalismo Norte-Americano 
O Constitucionalismo norte-americano surgiu da seguinte 
forma: as treze colônias romperam com o governo central 
inglês, declarando sua independência, por meio da 
publicação da Declaração de Direitos do Bom Povo da 
Virgínia (Virginia Bill of Rights), de 12 de junho de 1776, 
considerada a primeira declaração de direitos fundamentais 
em sentido moderno, e da Constituição da Virgínia 
(Constitution of Virgínia), em 29 de junho de 1776. Após, os 
Articles of Confederation and Perpetual Union, de 1777, 
foram ratificados, documento que representava a união dos 
treze estados independentes, num Estado Federal, os 
Estados Unidos da América. Posteriormente, estes artigos 
foram substituídos pela Constituição Norte-Americana, 
aprovada pela Convenção da Filadélfia, em 17 de setembro 
de 1787, que tinha como preocupação central a adoção de 
um governo democrático e a limitação de poderes, 
diferentemente do ocorrido na Inglaterra, na qual a 
centralidade dos documentos se concentravam na 
supremacia do parlamento e na proteção do indivíduo 
contra o rei. 
Marcelo Novelino cita como principais características deste 
constitucionalismo as seguintes: criação da primeira 
constituição escrita e dotada de rigidez; idéia de supremacia 
da Constituição, distinção entre poder constituinte e 
poderes constituídos; instituição do controle judicial de 
constitucionalidade; forma federativa de Estado; sistema 
presidencialista; forma republicana de governo; regime 
político democrático; rígida separação e o equilíbrio entre 
os poderes estatais; fortalecimento do Poder Judiciário e a 
declaração de direitos da pessoa humana. 
 
2.6. Constitucionalismo Francês 
O Constitucionalismo francês, influenciado pelos 
Constitucionalismos inglês e norte-americano, inaugura-se 
com a promulgação da Constituição da França, em 3 de 
setembro de 1791, elaborada por uma Assembléia Nacional 
Constituinte, criada dois anos antes, em 27 de agosto de 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
 – Profa. Malu Aragão 
 
 
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1789. Esta Constituição, que contém em seu preâmbulo a 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, foi a 
primeira Carta escrita da França e, a partir dela, várias 
Constituições foram surgindo pela Europa e pelo mundo, 
salvo o caso da Inglaterra, que já possuía seu conjunto de 
Atos, Leis e Declarações, e a dos Estados Teocráticos, os 
quais adotavam princípios estritamente religiosos. 
Com relação à Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, José Afonso da Silva indica as características dessa 
dita declaração, com fundamento na doutrina de Jacques 
Robert, quais sejam 
a) intelectualismo, porque a afirmação de direitos 
imprescritíveis do homem e a restauração de um poder 
legítimo, baseado no consentimento popular, foi uma 
operação de ordem puramente intelectual que se 
desenrolaria no plano unicamente das ideias; é que, para os 
homens de 1789, a declaração de direitos era antes de tudo 
um documento filosófico e jurídico que devia anunciar a 
chegada de uma sociedade ideal; b) mundialismo, no 
sentido de que os princípios enunciados no texto da 
Declaração pretendem um valor geral que ultrapassa os 
indivíduos do país, para alcançar valor universal; c) 
individualismo, porque só as liberdades dos indivíduos, não 
menciona a liberdade de associação nem a liberdade de 
reunião; preocupa-se com defender o indivíduo contra o 
Estado. 
Ressalte-se que a Revolução Francesa de 1789 foi o 
movimento reacionário à organização política do Estado 
feudal vigente, a qual possibilitou o Constitucionalismo na 
França, trazendo consigo os seus ideais de liberdade, 
igualdade e fraternidade. 
 
2.7. Constitucionalismo Social 
Este movimento constitucional nasceu após a 1ª Guerra 
Mundial (1914-1918), como consequência dos problemas de 
ordem estrutural como a concentração de renda, a 
exploração da mão de obra, a desigualdade social, o 
desemprego, a miséria das massas proletárias, a falência de 
muitas empresas, dando ensejo a movimentos sociais, entre 
os quais pode-se mencionar a Revolução Mexicana de 1910 
e a Revolução Russa de 1917. Surge, então, uma inevitável 
intervenção estatal, principalmente no campo das relações 
trabalhistas, das previdenciárias e das econômicas (direitos 
fundamentais de segunda dimensão). 
As principais Cartas Constitucionais desta época são a 
Constituição Mexicana, de 1917, a Constituição alemã de 
Weimar, de 1919, a Constituição Austríaca, de 1920 e a 
Constituição Brasileira de 1934. 
 
3.0. NEOCONSTITUCIONALISMO 
3.1. Caracterização 
O Neoconstitucionalismo, fundado na filosofia 
neopositivista (pós-positivista) foi um movimento de 
transformação do Estado e do Direito, em especial da 
Constituição, que surge, na Europa, na segunda metade do 
século XX, tendo como um dos principais marcos o 
julgamento ocorrido na cidade de Nüremberg, Alemanha, 
no período compreendido entre 1945 e 1949. 
Nesse julgamento, o Tribunal Alemão trouxe uma inovação, 
pois deconsiderou o postulado de que a lei se confundia 
com o Direito e proferiu sua decisão fundamentada nos 
valores essenciais da sociedade (positivismo moderado). 
Passa a existir interrelação entre o direito e a moral, na sua 
forma deinterpretação e aplicação e consequentemente a 
reorganização dos ordenamentos jurídicos vigentes à época, 
objetivando a supremacia Constitucional, onde a 
Constituição é centro e a norma mais importante do 
ordenamento, a proteção do homem, por meio do 
resguardo jurídico de sua dignidade e de seus direitos 
fundamentais (tendência axiológica) e a inclusão, nos 
documentos normativos, de princípios e conceitos jurídicos 
indeterminados, que possibilita uma maior interpretação 
jurídica e aplicador do Direito, criando-se uma nova 
dogmática de hermenêutica constitucional. 
Neste contexto, surgem os direitos chamados de 3ª 
dimensão, difusos, quais sejam, que segundo Paulo 
Bonavides são: defesa do meio ambiente e proteção do 
consumidor, incluídos nas Cartas Constitucionais elaboradas 
após o fim da 2ª Guerra Mundial. 
Alex Muniz Barreto citando Gilmar Mendes, Inocêncio 
Coelho e Paulo Branco mencionam que o 
Neoconstitucionalismo tem as seguintes características: “a) 
mais Constituição do que leis; b)mais juízes do que 
legisladores; c) mais princípios do que regras; d) mais 
ponderação do que subsunção; e)mais concretização do que 
interpretação. ” 
Pode-se dizer que o Neoconstitucionalismo marca uma 
transição de um Estado Legislativo de Direito, influenciados 
pela doutrina inglesa de supremacia do Parlamento e da 
francesa com enfoque na lei, como expressão do povo, para 
um Estado Constitucional de Direito, influenciado pela 
supremacia da Constituição do modelo americano, tendo 
como referências européias a Constituição da Itália (1947), 
da Alemanha (1949), de Portugal (1976) e da Espanha 
(1978) e na América do Sul, a Constituição Brasileira de 
1988. 
Com o nascimento da Supremacia das Cartas Constitucionais 
veio a criação de Tribunais Constitucionais, os quais teriam a 
função de guardiões das normas previstas nas referidas 
Cartas. No Brasil, o movimento neoconstitucionalista 
chegou algumas décadas após o seu início na Europa e teve 
como marco a promulgação da Constituição da República de 
1988, que segundo o professor Kildare, sofreu fortes 
influências do jurista português Gomes Canotilho e do 
jusfilósofo socialista espanhol Elias Diaz. 
A Constituição Brasileira de 1988 consagrou a transição 
entre o Estado autoritário existente à época da ditadura 
militar e o Estado Democrático de Direito. Nos artigos 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| – Profa. Malu Aragão 
 
 
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OS: 0132/9/17-Gil 
iniciais consagra os fundamentos e os objetivos da 
República, a separação dos poderes estatais, o princípios 
aplicáveis nos âmbitos internos e externos do Estado, os 
direitos e garantias fundamentais e estabelece o Supremo 
Tribunal Federal como o Órgão de jurisdição constitucional, 
aderindo à corrente neoconstitucionalista. 
 
3.2. Princípios e Regras Constitucionais 
No Neoconstitucionalismo, os princípios passaram ao 
patamar de normas e adquiriram força normativa. Segundo 
Robert Alexy, “Princípios são, tanto quanto regras, razões 
para juízos concretos de dever-ser, ainda que de espécies 
muito diferentes. ” 
A norma é gênero da qual são espécies princípios e regras. 
Kildare Gonçalves Carvalho, citando Canotilho, apresenta os 
seguintes critérios distintivos: 
a) Grau de abstração: os princípios são normas com um grau 
de abstração relativamente elevado; as regras possuem um 
abstração relativamente reduzida. b) Grau de 
determinabilidade na aplicação do caso concreto: os 
princípios, por serem vagos e indeterminados, carecem de 
mediações concretizadoras, enquanto as regras são 
suscetíveis de aplicação direta. 
 
3.3. Força Normativa da Constituição 
A Força normativa da Constituição é a imperatividade que as 
normas constitucionais (princípios e regras) têm para 
produzirem os seus efeitos, considerando que são expressão 
de um dever ser. 
Segundo Konrad Hesse, a força normativa está vinculada à 
eficácia da Constituição, que somente será concretizada se 
as normas da Constituição forem elaboradas em 
consonância com a história, com os anseios, com os 
aspectos políticos, econômicos, sociais, culturais e com as 
tendências dominantes da sociedade, se houver uma 
vontade das pessoas em cumprir os seus comandos 
(vontade de Constituição) e, principalmente, se ela 
incorporar o estado espiritual de seu tempo (geistige 
Situation). Diz o autor que esses elementos dar capacidade 
da Constituição de se adaptar a novas situações, evitando o 
engessamento da Carta. Aduz, também, que a Constituição 
não deve ter como pilar uma estrutura unilateral, devendo 
prever parte da estrutura contrária, ou seja, aos direitos 
fundamentais deve se contrapor os deveres, à divisão de 
poderes deve se contrapor uma dose de concentração de 
poder. 
Como exemplo dessa efetividade, destaca-se o sistema de 
judicialização das políticas públicas, iniciado após 1988, no 
qual o Poder Judiciário tem um papel fundamental na 
concretização dos valores previstos na Constituição, por 
intermédio de seus julgamentos, demonstrando assim a 
força de suas normas. 
3.4. Hermenêutica Constitucional 
Surge o Neoconstitucionalismo e uma nova forma de se 
interpretar a Constituição apresenta-se a partir da segunda 
metade do século XX, em decorrência da força normativa 
adquirida pelas normas constitucionais, pela supremacia da 
Carta Constitucional em relação ao ordenamento jurídico e 
pela positivação dos princípios na Constituição. 
A supremacia da Constituição pressupõe que todas as 
normas infraconstitucionais devem ser compatíveis com as 
normas constitucionais. Os princípios constitucionais trazem 
uma grande alteração na hermenêutica constitucional, haja 
vista que o aplicador do direito tem a possibilidade de várias 
formas de interpretação do direito, quando estiver diante 
de situações concretas. 
Luis Roberto Barroso afirma que no método da ponderação 
o intérprete “(i) fará concessões recíprocas, procurando 
preservar o máximo possível de cada um dos interesses em 
disputa ou, no limite, (ii) procederá à escolha do direito que 
irá prevalecer, em concreto, por realizar mais 
adequadamente a vontade constitucional.” 
Dito autor assevera que o intérprete deve redobrar o 
cuidado com relação à argumentação, à razão prática e ao 
controle da racionalidade das decisões proferidas. Para 
Barroso, "as decisões que envolvem a atividade criativa do 
juiz potencializam o dever de fundamentação, por não 
estarem inteiramente legitimadas pela lógica da separação 
de poderes – por esta última, o juiz limita-se a aplicar, no 
caso concreto, a decisão abstrata tomada pelo legislador”. 
Afirma, ainda, que “para assegurar a legitimidade e a 
racionalidade de sua interpretação nessas situações, o 
intérprete deverá, em meio a outras considerações: (i) 
reconduzi-la sempre ao sistema jurídico, a uma norma 
constitucional ou legal que lhe sirva de fundamento – a 
legitimidade de uma decisão judicial decorre de sua 
vinculação a uma deliberação majoritária, seja do 
constituinte, seja do legislador; (ii) utilizar-se de um 
fundamento jurídico que possa ser generalizado aos casos 
equiparáveis, que tenha pretensão de universalidade: 
decisões judiciais não devem ser casuísticas; (iii) levar em 
conta as consequências práticas que sua decisão produzirá 
no mundo dos fatos." 
 
5.0. CONSTITUCIONALISMO DO FUTURO 
Constitucionalismo do por vir, que se manifesta como um 
aperfeiçoamento dos movimentos constitucionais 
anteriores, corrigindo suas mazelas e se pautando por 
princípios e valores que resguardem a dignidade do 
indivíduo, a dignidade da sociedade e que, ao mesmo 
tempo, promovam um desenvolvimento econômico globalsustentável. É o movimento de globalização política, 
econômica, social e cultural dos países, com a formação dos 
grandes blocos e das grandes comunidades internacionais, 
que darão ensejo a uma integração total, a qual inclui a livre 
movimentação de pessoas, a adoção de uma mesma 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
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moeda, a facilitação do comércio internacional e a criação 
de legislações unificadas. 
Pedro Lenza destaca os seguintes valores, delineados pelo 
Jurista José Roberto Dromi, que comporão este novo 
Constitucionalismo: 
 Verdade: a Constituição não pode mais gerar falsas 
expectativas; o constituinte só poderá “prometer” o que for 
viável cumprir, devendo ser transparente e ético; 
 Solidariedade: trata-se de nova perspectiva de igualdade, 
sedimentada na solidariedade dos povos, na dignidade da 
pessoa humana e na justiça social; 
 Consenso: a Constituição do futuro deverá ser fruto de 
consenso democrático; 
 Continuidade: ao se reformar a Constituição, a ruptura 
não pode deixar de levar em conta os avanços já 
conquistados; 
 Participação: refere-se à efetiva participação dos “corpos 
intermediários da sociedade”, consagrando-se a noção de 
democracia participativa e de Estado de Direito 
Democrático; 
 Integração: trata-se da previsão de órgãos supranacionais 
para a implementação de uma integração espiritual, moral, 
ética e institucional entre os povos; 
 Universalização: refere-se à consagração dos direitos 
fundamentais internacionais nas Constituições futuras, 
fazendo prevalecer o princípio da dignidade da pessoa 
humana de maneira universal e afastando, assim, qualquer 
forma de desumanização. 
 
 CONSTITUIÇÃO: CONCEITO, ORIGENS, CONTEÚDO, 
ESTRUTURA E CLASSIFICAÇÃO. BREVE HISTÓRICO DAS 
CONSTITUIÇÕES DO BRASIL. SUPREMACIA 
CONSTITUCIONAL. 
1.0. CONSTITUIÇÃO. 
“Direito Constitucional é o ramo do direito público que 
estuda os princípios e normas estruturadoras do Estado e 
garantidoras dos direitos e liberdades constitucionais”. 
(Paulino Jacques). 
Ressalte-se que a doutrina tece grandes comentários sobre 
a distinção entre Direito Público e Direito Privado, mas 
atualmente cresce o entendimento de que o Direito é Uno. 
Desta espécie de direito, surge o documento necessário a 
sua concretização, a Constituição. 
 
2.0. CONCEITO E ORIGENS. 
A Constituição em sentido amplo representa o ato de 
constituir, de estabelecer, de firmar. Dentre outros 
conceitos, é a lei maior do Estado, conjunto de normas que 
determinam de maneira fundamental o ordenamento 
estrutural do Estado, lei fundamental, norma básica de um 
Estado. 
Entretanto alguns conceitos indicados pelos doutrinadores 
das diversas ciências de base social são destaque entre 
várias concepções. 
A visão sociológica (1862) afirma que a Constituição é 
concebida como fato social, já que o texto normativo é fruto 
da realidade social do País, em determinado momento 
histórico. Assim dita o sociólogo Ferdinand Lassalle em seu 
livro “¿Qué es una Constitución?”, dizendo que “A 
Constituição é a soma dos fatores reais de poder” e se assim 
não for, não passará de uma folha de papel. Tese defendida 
também por Karl Marx. 
Já a conceituação de Constituição política (1929), indicada 
por Carl Schimitt, diz: “A Constituição é a unidade política de 
um povo”, uma vez que a Constituição surge de um ato 
constituinte, concebida de uma vontade política 
fundamental. Para o mencionado doutrinador há distinção 
entre Constituição e leis constitucionais. A primeira abrange 
as matérias essenciais, de grande relevância jurídica. As 
segundas seriam as demais normas integrantes do texto 
constitucional. 
Segundo a concepção jurídica (final da 2ª Guerra Mundial), 
baseada em uma visão estritamente formal, a Constituição é 
um sistema de normas jurídicas. Tal visão tem como 
defensor o austríaco Hans Kelsen, que demonstrou sua tese 
através da Teoria Pura do Direito. Para Kelsen, a 
Constituição é norma pura, sem qualquer influência 
sociológica, política ou filosófica, embora reconheça a 
relevância dos fatores sociais. Alocou a Constituição no 
mundo do dever ser. 
Hans Kelsen indicou dois sentidos para a palavra 
Constituição. O lógico-jurídico, onde a constituição é a 
norma fundamental hipotética, que dar validade a 
constituição em sentido jurídico-positivo. Neste a 
Constituição é a norma fundamental positiva, que serve de 
parâmetro de validade para as demais normas do Estado, 
surgindo assim a pirâmide de “Kelsen”, um verdadeiro 
escalonamento de normas. 
Na concepção Jurídica de Konrad Hesse (1959), a 
Constituição Federal, apesar de sucumbir muitas vezes à 
realidade, possui uma força normativa capaz de conformar 
esta mesma realidade, bastando para isso que exista 
“vontade de constituição”, e não apenas “vontade de 
poder”. Surge assim a Força Normativa da Constituição 
Federal que se contrapõe a tese sociológica. 
Importante destacar o conceito Ideal de Constituição, 
desenvolvido a partir do século XIX. Como preleciona J. J. 
Gomes Canotilho, “este conceito ideal identifica-se 
fundamentalmente com os postulados político-liberais, 
considerando-os como elementos materiais 
caracterizadores e distintivos os seguintes: a) a constituição 
deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (esta 
essencialmente concebida no sentido do reconhecimento 
de direitos individuais e da participação dos cidadãos nos 
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atos do poder legislativo através do parlamento); b) a 
constituição contém o princípio da divisão dos poderes, no 
sentido de garantia orgânica contra os abusos dos poderes 
estatais; c) a constituição deve ser escrita”. 
O conceito desenvolvido pelo Professor Paulo Bonavides, 
divide-se em conceito material, que é o conjunto de normas 
pertinentes à organização do poder, à distribuição da 
competência, ao exercício da autoridade, à forma de 
governo, aos direitos da pessoa humana, tanto individuais 
como sociais”. É o conteúdo básico referente à composição 
e ao funcionamento da ordem política. “Não há Estado sem 
Constituição”. Em seu aspecto material a Constituição 
expressa o conteúdo das determinações mais importantes; 
aquelas que, em uma determinada sociedade, efetivamente 
mereçam ser designadas de matéria constitucional. E 
conceito formal, que diz respeito às normas constitucionais 
que, embora revestidas da mesma rigidez das 
materialmente constitucionais, não são materialmente 
constitucionais, pois não se referem aos pontos cardeais da 
existência política, já mencionados (v. objeto da 
Constituição). São matérias que apenas tem a aparência de 
constitucionalidade (em sentido material), apesar de 
gozarem da mesma garantia e superioridade. Ex.: Art. 242, § 
2º, sobre o Colégio Pedro II. Do ponto de vista material, a 
matéria não traz elementos essenciais, mas do ponto de 
vista formal, a norma será tão constitucional quanto o 
princípio da igualdade, por exemplo. 
Conforme J. H. Meirelles Teixeira, no sentido culturalista, 
trata-se de “... uma formação objetiva de cultura que 
encerra ao mesmo tempo, elementos históricos, sociais e 
racionais, aí intervindo, portanto, não apenas fatores reais 
(natureza humana, necessidades individuais e sociais 
concretas, raça, geografia, uso, costumes, tradições, 
economia, técnicas), mas tambémespirituais (sentimentos, 
ideias morais, políticas e religiosas, valores), ou ainda 
elementos puramente racionais (técnicas jurídicas, formas 
políticas, instituições, formas e conceitos jurídicos a priori), 
e finalmente elementos voluntaristas, pois não é possível 
negar-se o papel de vontade humana, da livre adesão, da 
vontade política das comunidades sociais na adoção desta 
ou daquela forma de convivência política e social, e de 
organização do Direito e do Estado”. 
Doutrinadores publicistas, vêm disseminando a ideia de 
“Constituição Aberta”, tendo como percussores Peter 
Häberle e Carlos Alberto Siqueira Castro, que leva em 
consideração que a Constituição tem objeto dinâmico e 
aberto, para que se adapte às novas expectativas e 
necessidades do sociedade. Por está repleta de princípios e 
conceitos jurídicos, admite mutações constitucionais, além 
das emendas constitucionais formais. Dita concepção recusa 
a ideia de que a interpretação deve ser monopolizada 
exclusivamente pelos juristas. Para que a Constituição se 
concretize é necessário que todos os cidadãos se envolvam 
num processo de interpretação e aplicação da constituição, 
uma vez que o titular o poder constituinte é o povo, 
devendo participar do processo hermenêutico de 
materialização da constituição. 
Outra novidade da doutrina contemporânea, idealizada por 
Marcelo Neves, é a Constitucionalização Simbólica, onde a 
norma não passa de um mero símbolo para dar satisfação 
aos anseios sociais, pois o legislador não a teria criado para 
ser concretizada na vida prática. 
Foi na Inglaterra que surgiu os primeiros indícios das 
liberdades públicas com o intuito de limitar o poder Estatal. 
O Rei João Sem Terra foi vencido em 1215 e obrigado a 
assinar a Magna Carta, que trouxe as garantias e a limitação 
à autoridade real, reclamadas pelos nobres e os religiosos. 
Em 1688, o Parlamento aprovou o Bill of Rights - Declaração 
de Direitos ou Projetos de Direitos. 
A maioria do autores constitucionalistas apontam a 
Constituição dos Estados Unidos da América, promulgada na 
Convenção da Filadélfia, 1787, como sendo a primeira 
Constituição escrita, apesar de Anna Mucci Pelúzio afirmar 
que a primeira constituição escrita é a da Suécia, de 1722 - 
Constituição do Rei Gustavo. 
 
3.0. CONTEÚDO E OBJETO. 
O Prof. José Afonso da Silva diz que o objetivo da 
Constituição Federal é “estabelecer a estrutura do Estado, a 
organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder 
e a forma de seu exercício, limites de sua atuação, assegurar 
os direitos e garantias dos indivíduos, fixar o regime político 
e disciplinar os fins socioeconômicos do Estado, bem como 
os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e 
culturais”. E depois acrescenta que “a Constituição é algo 
que tem como forma: um complexo de normas (escritas ou 
costumeiras); conteúdo: conduta humana motivada pelas 
relações sociais (econômicas, políticas, religiosas etc.); fim: 
realização de valores que apontam para o existir da 
comunidade; causa criadora e recriadora: o poder que 
emana do povo. 
 
4.0. ESTRUTURA. 
Estruturalmente a constituição atual contém um preâmbulo, 
nove títulos (corpo) e o Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias (ADCT), que tendo natureza de norma 
constitucional, pode trazer exceções às regras gerais 
previstas no corpo da constituição. 
Preâmbulo – apesar de não fazer parte do texto 
constitucional, uma vez que não possui valor normativo, seu 
conteúdo traça diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas 
da Constituição, sendo assim um vetor de interpretação. 
Parte dogmática – texto normativo constitucional que 
compreende do artigo 1º. ao art. 250. 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) – 
estabelece as regras de transição entre a Constituição 
anterior e a nova Constituição. Possui natureza de norma 
constitucional, podendo inclusive ser objeto de emendas 
constitucionais. Alguns dispositivos são regras de exceção da 
parte dogmática da Constituição Federal. 
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5.0. CLASSIFICAÇÃO. 
5.1. Quanto à ORIGEM, pode ser: 
Constituição promulgada (democrática, popular ou votada) 
– nasce da vontade popular. 
Constituição outorgada – imposta de maneira unilateral 
pelo agente revolucionário que não recebeu do povo 
legitimidade para em nome dele atuar. 
A doutrina cita ainda a constituição cesarista (bonapartista 
ou plebiscitária), formada por plebiscito popular sobre um 
projeto elaborado pelo Imperador ou um Ditador e a 
pactuada (mista ou dualista), sendo aquela que exprime um 
compromisso instável de duas forças políticas rivais: a 
realeza de um lado e a burguesia e a nobreza do outro. 
OBS: Doutrinadores defendem a tese de que a Constituição 
é a lei fundamental promulgada e Carta a lei outorgada. 
 
5.2. Quanto à FORMA, pode ser: 
Constituição escrita (instrumental) - que se consubstancia 
em um único documento solene e se origina de um Poder 
Constituinte. Subdivide-se em: codificada, sistematizada em 
um único documento ou legal (escrita não formal), contida 
em mais de um documento legal. 
Constituição não-escrita (histórica ou consuetudinária) – 
formada por textos esparsos, convenções constitucionais, 
na jurisprudência e nos costumes. 
 
5.3. Quanto à MUTABILIDADE (estabilidade ou 
alterabilidade ou plasticidade), pode ser: 
Constituição imutável (permanente ou intocáveis) - 
constituição inalterável, verdadeira relíquia histórica. Código 
de Hamurabi. 
Constituição fixa (silenciosa) – constituição alterável 
somente pelo mesmo poder que lhe deu origem, ou seja, 
por obra do próprio poder constituinte originário, haja vista 
que não estabelece expressamente o processo de reforma 
de suas normas. Constituição da França na época de 
Napoleão. 
Constituição rígida – aquela que exige um procedimento 
legislativo especial para mudar o texto constitucional. 
Constituição flexível – a que permite a modificação do texto 
constitucional por um processo legislativo comum, simples. 
Constituição semirrígida ou semiflexível – que exige um 
procedimento legislativo especial para parte do texto 
constitucional, sendo a outra parte modificada por um 
processo legislativo comum. Constituição Brasileira de 1824. 
Constituição transitoriamente flexível – constituição 
suscetível de reforma, com base no mesmo rito das leis 
comuns, mas apenas por determinado período, que 
ultrapassado, passa a ser rígido. 
Constituição superrígida – constituição que além de possuir 
um procedimento de reforma diferenciado, traz em seu 
bojo matérias que não podem ser abolidas (cláusulas 
pétreas). Classificação defendida por Alexandre de Morais. 
Por fim, tem-se a Constituição moldura, onde o legislador só 
pode atuar dentro de determinado espaço estabelecido 
pelo constituinte, ou seja, dentro de um limite. 
 
5.4. Quanto ao MODO DE ELABORAÇÃO, pode ser: 
Constituição dogmática – a que consubstancia os dogmas 
estruturais e fundamentais do Estado, sempre escritas. 
Constituição histórica – constitui-se através de um lento e 
contínuo processo de formação, reunindo a história e as 
tradições de um povo. 
 
5.5. - Quanto ao CONTEÚDO, pode ser: 
Constituição material – aquela cujo texto é essencialmente 
norma constitucional. 
Constituição formal – aquela que elege como critério o 
processo de sua formação e não o conteúdo de suas 
normas. 
 
5.6. Quanto a EXPANSÃO, pode ser: 
Constituição analítica – ampla, prolixa, complexa, que 
aborda assuntos que os representantes do povo entendem 
como fundamentais.Constituição sintética – seria aquela sumária, concisa, 
veiculadora apenas dos princípios fundamentais e 
estruturais do Estado. 
Segundo Raul Horta Machado assevera que a Constituição 
Federal de 1988 é expansiva em função dos temas novos e 
da ampliação conferida a temas permanentes, podendo ser 
aferida em três planos distintos: conteúdo anatômico e 
estrutural da Constituição; comparação constitucional 
interna e comparação constitucional externa. 
 
5.7. Quanto à FINALIDADE (função ou estrutura), pode ser: 
Constituição – Garantia: visa a garantir a liberdade, 
limitando o poder. 
Constituição – Balanço: descreve e registra determinado 
momento político, uma constituição real. 
Constituição – Dirigente: é a que traz um projeto de Estado, 
caracterizando-se pela presença de normas programáticas, 
uma constituição ideal. 
 
5.8. Quanto à DOGMÁTICA (critério ideológico), pode ser: 
Constituição ortodoxa – formada por uma só ideologia. 
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Constituição eclética (compromissória) - formada por várias 
ideologias. 
 
5.9. Quanto à CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE 
(critério ontológico) - pode ser: 
Constituição normativa – a pretendida limitação ao poder 
se implementa na prática. 
Constituição nominalista – busca a pretendida limitação ao 
poder, porém sem sucesso. 
Constituição semântica – não pretende limitar o poder, 
busca somente legitimar formalmente os detentores do 
poder, em seu próprio benefício. 
 
5.10. Quanto ao OBJETO, pode ser: 
Constituição liberal (negativas) – limita-se a consubstanciar 
os direitos civis e políticos, de primeira dimensão. 
Constituição social (dirigentes) – consubstancia os direitos 
sociais, culturais e econômicos, de segunda dimensão. 
 
5.11. Quanto à SISTEMÁTICA (critério sistêmico), pode ser: 
Constituição Reduzida (Unitária) – único código, 
sistematizada. 
Constituição Variada – textos esparsos. 
 
5.12. Quanto ao SISTEMA, pode ser: 
Constituição Principiológica – constituição onde 
predominam os princípios. 
Constituição Preceitual – constituição onde predominam as 
regras. 
 
5.13. Quanto à FUNÇÃO, pode ser: 
Constituição Provisória (pré-Constituição ou Constituição 
Revolucionária) – com dupla finalidade de definição do 
regime de elaboração e aprovação da Constituição Formal e 
de estruturação do poder político no interregno 
constitucional, a que se acrescenta a função de eliminação 
ou erradicação de resquícios do antigo regime. 
Constituição Definitiva (de duração indefinida para o 
futuro) – produto final do processo constituinte. 
 
5.14. Quanto à ORIGEM DE SUA DECRETAÇÃO, pode ser: 
Constituição Heterônomas (Heteroconstituições) – que 
foram decretadas de fora do Estado por outro (ou outros) 
Estado(s) ou por organizações internacionais. 
Constituição Autônomas (Autoconstituições ou 
Homoconstituições) – elaborada e decretada dentro do 
próprio Estado que irá reger. 
Importante!!! A Constituição atual é promulgada, escrita, 
codificada, rígida, dogmática, formal, analítica, expansiva, 
dirigente, eclética, normativa, social, reduzida, 
principiológica, definitiva e autônoma. 
 
6.0. BREVE HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
 Constituição de 1824 – Constituição Monárquica, 
outorgada, caracterizou-se pela sua semirrigidez, pela 
instituição de um Poder Moderador, que pertencia ao 
Imperador e que era hierarquicamente superior aos 
outros poderes constituídos. Forma de Estado Unitário. 
A religião oficial era o catolicismo. Instituição do 
parlamentarismo monárquico durante o Segundo 
Reinado. Continha importante rol dos direitos civis e 
políticos, por forte influência das Revoluções Americana, 
de 1776 e Francesa, de 1824. 
 Constituição de 1891 – Fruto da proclamação da 
República em 15 de novembro de 1889, por isso 
republicana. Federalista. Consagrou o sistema de 
governo presidencialista. Rígida, tendo sofrido uma 
única revisão em 1926. Promulgada, apesar de alguma 
controvérsia histórica. Não definiu nenhuma religião 
como oficial. O órgão máximo do poder judiciário passou 
a ser chamado de Supremo Tribunal Federal. 
 Constituição de 1934 – Rígida e promulgada. Manteve a 
divisão de poderes no federalismo, promoveu uma 
centralização legislativa em favor da União e uma 
ampliação do intervencionismo estatal, elevou o país a 
condição de Estado Social de Direito, estruturou a Justiça 
Eleitoral e a Justiça Militar e criou a instituição do 
Mandado de Segurança e da ação popular. 
Constitucionalizou-se o voto feminino. 
 Constituição de 1937 (constituição do Estado Novo ou 
Polaca) – Outorgada pelo Presidente Getúlio Vargas, 
tendo como características principais a supressão do 
Congresso Nacional e dos partidos políticos, a 
convergência de todo o poder para o Executivo, 
restrições ao Poder Judiciário, limitação à autonomia dos 
Estados-membros e restauração da pena de morte. A 
greve e o lock out foram proibidos. O mandado de 
segurança e a ação popular deixaram de constar no 
documento constitucional. 
 Constituição de 1946 – Promulgada, simbolizou o 
retorno ao regime democrático, o bicameralismo foi 
restabelecido, expansão dos poderes da União em 
detrimento dos poderes dos Estados e foram previstas a 
Justiça do Trabalho e o Tribunal Federal de Recursos. O 
mandado de segurança e a ação popular foram 
restabelecidos no texto constitucional. Vedou-se a pena 
de morte, a de banimento e a de caráter perpétuo. Foi 
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reconhecido o direito de greve. Instituição do 
parlamentarismo, de 1961 a 1963. 
 Constituição de 1967 – Carta Política outorgada que 
ampliou a competência da Justiça Militar para processar 
e julgar civis pela prática de crimes contra as instituições 
militares e a segurança nacional, com recurso ordinário 
para o Supremo Tribunal Federal. 
 Constituição de 1969 – Grande parte da doutrina não a 
considera como mera Emenda, mas sim como uma nova 
Constituição, rígida e outorgada. Modificou o nome 
jurídico do Estado Brasileiro para República Federativa 
do Brasil e consolidou o regime militar imposto. 
Surgimento das eleições diretas para Presidente e Vice-
presidente. 
 Constituição de 1988 – Coroou o processo de 
redemocratização do país, elevou o Brasil à categoria de 
Estado Democrático de Direito, inaugurando o regime 
político da democracia participativa ou semidireta, 
expandiu o rol dos direitos fundamentais, prevendo o 
mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e 
habeas data, reduziu a competência do Poder Executivo, 
aumentando proporcionalmente as do Poder Legislativo 
e Judiciário, promoveu uma valorização sem 
precedentes na autonomia dos Estados e Municípios da 
Federação, reorganizou o Sistema Tributário Nacional, 
disciplinou os princípios basilares da administração 
pública e unificou o regime de vinculação dos servidores. 
O pluripartidarismo foi ampliado. Criou-se o Superior 
Tribunal de Justiça. Advocacia Pública e Defensoria 
Pública assumiram o status de funções essenciais à 
Justiça. 
 
7.0. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO. 
A supremacia da Constituição decorre da sua rigidez, 
independentemente de seu conteúdo. Como asseverou 
Dirley da Cunha Júnior, "todas as normas constitucionais .... 
têm estrutura e natureza de normas jurídicas,ou seja, são 
normas providas de juridicidade, que encerram um 
imperativo, vale dizer, uma obrigatoriedade de um 
comportamento. São, pois, verdadeiras normas jurídicas. 
Sucede que, além de imperativas, as normas constitucionais 
são dotadas de supremacia, ostentando posição de 
proeminência em relação às demais normas, que as elas 
deverão se conformar, seja quanto ao modo de sua 
elaboração (conformação formal), seja quanto à matéria de 
que tratam (conformação material)". 
 
 INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL. PRINCÍPIOS E 
REGRAS. APLICABILIDADE DAS NORMAS 
CONSTITUCIONAIS 
1.0. INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL. 
Interpretar as leis é desvendar o real significado da norma, 
buscar o que o legislador desejou efetivamente dizer e a 
hermenêutica jurídica é a ciência que fornece a técnica e os 
princípios com os quais o intérprete poderá interpretar o 
sentido social e jurídico da norma jurídica em questão. 
A interpretação da Constituição Federal deverá levar em 
conta todo o sistema, pois no caso de haver um conflito 
aparente de normas, buscar-se-á uma interpretação 
sistemática, orientada pelos princípios constitucionais e as 
regras de interpretação. 
 
2.0. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
São vários os princípios apontados pelos estudiosos do 
Direito, entre os quais se destacam os seguintes: 
Princípio da supremacia constitucional - por esse princípio 
a constituição está no ápice do ordenamento jurídico 
nacional e nenhuma norma jurídica pode contrariá-la 
material ou formalmente sob pena de advir uma 
inconstitucionalidade. A dogmática constitucional atual 
entende que não há hierarquia entre as normas 
constitucionais originárias. A supremacia material existe em 
toda constituição, mas a supremacia formal somente nas 
constituições rígidas. 
Princípio da imperatividade da norma constitucional - a 
norma constitucional é imperativa, de ordem pública e 
emana da vontade popular. Na interpretação de um 
dispositivo constitucional é essencial que o intérprete 
sempre lhe confira a mais ampla extensão possível. 
Princípio da unidade da constituição - na tarefa de 
interpretar o texto constitucional, deve-se considerar que a 
constituição forma um todo monolítico, uma totalidade, 
procurando harmonizar todos os seus dispositivos. O 
intérprete deve partir do princípio de que há um conjunto 
harmônico de ideias. A interpretação constitucional deve ser 
realizada de maneira a evitar contradições entre suas 
normas. 
Princípio do efeito integrador - na resolução dos problemas 
jurídico-constitucionais, deverá ser dada maior primazia aos 
critérios favorecedores da integração política e social, bem 
como ao reforço da unidade política, ou seja, que na 
resolução das questões sobre a constituição é preciso optar 
pelos caminhos de interpretação que favoreçam a 
integração e unidade política e social. 
Princípio da máxima efetividade ou da eficiência - a uma 
norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior 
eficácia lhe conceda. Este princípio pretende interpretar a 
constituição no sentido de atribuir à norma constitucional a 
maior efetividade possível. 
Princípio da conformidade funcional ou da justeza - de 
acordo com esse princípio é inadmissível qualquer 
interpretação que atente contra a divisão de funções e 
atribuições feitas pela constituição, ou seja, se a 
constituição acolhe uma forma de funcionamento de nosso 
sistema, não pode o intérprete aceitar outro caminho. 
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Princípio da concordância prática ou da harmonização 
(ponderação de valores ou axiomas) - exige-se a 
coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito 
de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação aos 
outros, ou seja, procura criar limites entre os diversos 
direitos a fim de que seja possível harmonizá-los. 
Princípio da simetria constitucional - é o princípio 
federativo que exige uma relação simétrica entre os 
institutos jurídicos da constituição federal e as constituições 
dos estados-membros (art. 125, § 2º., CF/88). 
Princípio da presunção da constitucionalidade das normas 
infraconstitucionais - há uma presunção relativa (juris 
tantum) de que toda lei é constitucional até prova em 
contrário, ou seja, até que o poder judiciário, por exemplo, 
exercendo o controle típico de constitucionalidade, a 
declare expressamente inconstitucional. 
Princípio da Força Normativa das Normas Constitucionais – 
deve-se analisar a vontade da Constituição, sem desprezar 
os valores sociais, culturais e políticos. No dizer de Gilmar 
Mendes, “sem desprezar o significado dos fatores históricos, 
políticos e sociais para a força normativa da Constituição, 
confere Hesse peculiar realce à chamada vontade da 
Constituição (Willw zur Verfassung). A Constituição, ensina 
Hesse, transforma-se em força ativa se existir a disposição 
de orientar a própria conduta segundo a ordem nela 
estabelecida, se fizerem presentes, na consciência geral – 
particularmente, na consciência dos princípios responsáveis 
pela ordem constitucional -, não só a vontade de poder 
(Wille zur Macht), mas também a vontade de Constituição 
(Wille zur Verfassung)”. 
Princípio da interpretação conforme a Constituição - Tendo 
em vista a supremacia das normas constitucionais no 
ordenamento jurídico e a presunção de constitucionalidade 
das leis e atos normativos editados pelo Poder Público 
competente, destaca-se a ideia de “interpretação conforme 
a Constituição”. 
Essa técnica de interpretação conforme a Constituição 
somente será possível quando a norma interpretada 
apresentar vários significados, um ou uns compatíveis com 
as normas constitucionais e outro ou outros não, conforme 
inclusive entendimento do Supremo Tribunal Federal, que 
se pronunciou nos seguintes termos: “a técnica da 
denominada interpretação conforme só é utilizável quando 
a norma impugnada admite, dentre as várias interpretações 
possíveis, uma que a compatibilize com a Carta Magna, e 
não quando o sentido da norma é unívoco. 
A regra da interpretação conforme a Constituição pode ser 
realizada das seguintes maneiras: 
Interpretação conforme com redução do texto: ocorrerá 
quando for possível, em virtude da redação do texto 
impugnado, declarar a inconstitucionalidade de 
determinada expressão, possibilitando, a partir dessa 
exclusão de texto, uma interpretação compatível com a 
constituição federal; 
Interpretação conforme sem redução do texto, conferindo à 
norma impugnada uma determinada interpretação que lhe 
preserve a constitucionalidade; e 
Interpretação conforme sem redução do texto, excluindo da 
norma impugnada uma interpretação que lhe acarretaria a 
inconstitucionalidade. 
Observa-se que o Supremo Tribunal Federal utiliza-se da 
declaração de inconstitucionalidade sem redução do texto 
como princípio da Interpretação Conforme à Constituição, 
instrumento decisório para atingir-se uma interpretação 
conforme a Constituição, de maneira a salvar a 
constitucionalidade da lei ou do ato normativo, sem 
contudo alterar seu texto. Já a declaração de 
inconstitucionalidade com redução de texto total ou parcial 
corresponde a uma declaração de nulidade. 
Princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade - 
pressupõe a existência de três requisitos: necessidade 
(indispensável e insubstituível), adequação (o meio eleito 
deve atingir o objetivo pretendido) e proporcionalidade em 
sentido estrito (máxima eficiência e mínima restrição). 
 
3.0. REGRAS CONSTITUCIONAIS. 
Os princípios são perfeitamente completados por algumas 
regras propostas por Jorge Miranda,quais sejam: 
1) A contradição dos princípios deve ser superada, ou por 
meio da redução proporcional do âmbito de alcance de cada 
um deles, ou, em alguns casos, mediante a preferência ou a 
prioridade de certos princípios; 
2) Deve ser fixada a premissa de que todas as normas 
constitucionais desempenham uma função útil no 
ordenamento, sendo vedada a interpretação que lhe 
suprima ou diminua a finalidade; 
3) Os preceitos constitucionais deverão ser interpretados 
tanto explicitamente quanto implicitamente, a fim de 
colher-se seu verdadeiro significado. 
 
4.0. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL: 
Jurídico ou hermenêutico-clássico: parte da premissa de 
que a Constituição é uma lei, devendo ser interpretada 
como tal (tese da identidade entre a interpretação 
constitucional e interpretação legal), dispondo o intérprete 
dos seguintes elementos tradicionais ou clássicos da 
hermenêutica jurídica, que remontam à Escola Histórica do 
Direito de Savigny, de 1840: a) gramatical (ou literal); b) 
histórico; c) sistemático (ou lógico); d) teleológico (ou 
racional); e e) genético. 
Integrativo ou científico-espiritual: entende que tudo na 
Constituição faz parte de um todo, de um conjunto. 
Caracteriza-se pelo modo crítico de interpretação ao 
conteúdo. O intérprete deve integrar o sentido da norma a 
partir da “captação espiritual”. Tem natureza sociológica. A 
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Constituição tornar-se mais política que jurídica. Idealizado 
por Rudolf Smend. 
Hermenêutico-concretizador: exige que o intérprete 
encontre o sentido do texto normativo e compare o 
resultado com a realidade a que ele deve ser aplicado. É um 
movimento de ir e vir. Há uma pré-compreensão do texto 
para extrair do mesmo um determinado conteúdo, que deve 
ser comparado com a realidade existente. A interpretação 
parte da norma para o problema. Defendido por Konrad 
Hesse. 
Tópico-problemático: embora seja considerado moderno, 
desde Aristóteles o pensamento tópico já era “pensado” no 
sentido da evidência da verdade, ou seja, o que a todos, ou 
a grande maioria ou aos doutos se lhes afigurava 
verdadeiro. O cerne da tópica: pensar o problema, ou seja, a 
solução adequada sairia a cada caso, diferente do sistêmico 
que via como um todo. A interpretação parte do problema 
para a norma. Tenta-se adequar a norma ao problema. A 
Constituição é um sistema aberto de regras e princípios. 
Criado por Theodor Viehweg, que, em 1953, publicou a sua 
obra Tópica e Jurisprudência. 
Normativo-estruturante: um método concretista de 
inspiração tópico que busca o que há de adequado em um e 
outro sistema e une. A interpretação se qualifica como 
concretização e vice-versa. Friedrich Muller compreende 
que a norma jurídica é algo mais que o texto de uma regra 
normativa, daí o entendimento de que a interpretação ou 
concretização de uma norma transcende a interpretação de 
um texto, possuindo um raio de abrangência maior, em que 
se leva em conta a jurisprudência, o caso concreto e o 
contexto histórico, realizando assim o direito. O texto 
normativo positivado é apenas a “ponta do iceberg”. 
 
5.0. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
Partindo da premissa de que esse assunto é doutrinário, 
vamos mais uma vez usar o texto constitucional apenas 
para exemplificar. 
Toda norma constitucional tem EFICÁCIA direta, imediata e 
vinculante, uma vez que produz efeitos jurídicos, entre os 
quais, o de revogar a norma constitucional anterior e não 
recepcionar as normas infraconstitucionais promulgadas 
antes e que são materialmente incompatíveis com a nova 
ordem. 
Seguindo o ilustre José Afonso da Silva, quanto à 
aplicabilidade, as normas constitucionais classificam– se em: 
As Normas constitucionais de eficácia plena são aquelas 
que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, 
ou tem possibilidade de produzir, todos os efeitos 
essenciais, legais e sociais. Não dependem de atuação do 
Poder Constituinte Derivado para sua regulamentação. São 
normas de aplicabilidade direta, imediata e integral. 
Como exemplo, o mestre cita os seguintes incisos do artigo 
5º: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
(...); 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei; 
(...); 
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém 
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação 
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de 
poder; 
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger 
direito líquido e certo, não amparado por habeas 
corpus ou habeas data, quando o responsável pela 
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do 
Poder Público; 
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado 
por: 
a) partido político com representação no Congresso 
Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação 
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 
um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou 
associados; 
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a 
falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício 
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; 
LXXII - conceder-se-á habeas data: 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à 
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de 
dados de entidades governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo 
por processo sigiloso, judicial ou administrativo; 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação 
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou 
de entidade de que o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico 
e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento 
de custas judiciais e do ônus da sucumbência; 
(...). 
 
Outros exemplos: arts. 2º; 14, §2º; 17, §4º; 19; 20; 21; 22; 
24; 28, caput; 30; 37, III; 44, parágrafo único; 45, caput; 46, 
§1º; ; 51; 52; 60, §3º; 69; 70; 76; 145, §2º; 155; 156; 201, 
§§5º e 6º; 226, §1º; 230, § 2º, todos da CF/88. 
As Normas constitucionais de eficácia contida (prospectiva) 
são aquelas que o legislador constituinte regulou 
suficientemente os interesses relativos à determinada 
matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte 
da competência discricionária do poder público, nos termos 
que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais 
nelas enunciados, como bem conceituou a doutrina pátria. 
São normas de aplicabilidade direta, imediata, mas 
possivelmente não integral. 
 
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Os exemplos indicados pelo doutrinador são: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
(...); 
XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei 
estabelecer; 
(...); 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além 
de outros que visem à melhoria de sua condição social: 
(...); 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em 
convenção ou acordo coletivo; 
(...). 
 
No primeiro exemplo, a liberdade de exercício de profissão 
já tem total aplicabilidade, porém essa liberdade poderá ser 
restringida pela existência de uma lei infraconstitucional. No 
segundo exemplo, a norma originária garante a 
irredutibilidade do salário, que possivelmente poderá ter 
sua aplicabilidade reduzida pela existência de um acordo ou 
uma convenção coletiva de trabalho. 
Outros exemplos: 5º, VII, VIII, XV, XVI, XXIV, XXV, XXVII, 
XXXIII e LVIII; 15, IV; 37, I; 170, parágrafo único, todos da 
CF/88. 
As Normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas 
que apresentam aplicabilidade indireta, mediata e reduzida 
(diferida), porque somente incidem totalmente sobre esses 
interesses, após uma regulamentação posterior. A norma 
constitucional só terá total aplicabilidade se existir a norma 
infraconstitucional. 
O professor José Afonso da Silva ainda destaca que as 
normas de eficácia limitada se classificam em normas de 
eficácia limitada definidora de princípio institutivo ou 
organizativo, as quais traçam esquemas gerias de 
estruturação e atribuições e a norma de eficácia limitada 
definidora de princípio programático, que instituem 
programas destinados ao cumprimento das finalidades 
sociais do Estado. 
Os dispositivos mencionados pelo referido doutrinador são: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
(...); 
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor; 
(...); 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além 
de outros que visem à melhoria de sua condição social: 
(...); 
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante 
incentivos específicos, nos termos da lei; 
(...). 
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de 
Ministérios e órgãos da administração pública. 
 
Nos dois primeiros artigos, a lei infraconstitucional, quando 
promulgada e publicada, regulará o direito declarado pela 
norma constitucional, com o intuito de cumprir as 
promessas de cunho social do Poder Público (norma de 
eficácia limitada definidora de princípio programático). No 
último artigo, a norma infraconstitucional teria como 
objetivo a instituição de órgãos e ministérios, em obediência 
ao comando constitucional (norma de eficácia limitada 
definidora de princípio institutivo). 
Outros exemplos: 6º (direito à alimentação); 7º, XI e XXVII; 
18, §2º; 22, parágrafo único; 25, §3º; 33; 37, VII e XI; 88; 90, 
§2º; 91, §2º; 102, §1º; 107, §1º, 109, VI e § 3º; 113; 121; 
125, §3º; 128; §5º; 131; 146; 161, I; 173, §4º; 192, §3º; 196; 
205; 215; 216, §3º; 218, caput e §4º; 224 7º; 227, XX e XXVII, 
33, 88 e 113, todos da CF/88. 
Em outra vertente, o Constitucionalista Jorge Miranda 
destaca a existência das chamadas normas programáticas, 
que são de aplicação diferida, e não de aplicação ou 
execução imediata; mais do que comandos-regras, 
explicitam comandos-valores, conferem elasticidade ao 
ordenamento constitucional; tem como destinatário 
primacial – embora não único – o legislador, a cuja opção 
fica a ponderação do tempo e dos meios em que vem a ser 
revestidas de plena eficácia (e nisso consiste a 
discricionariedade); não consentem que os cidadãos ou 
quaisquer cidadãos as invoquem já (ou imediatamente após 
a entrada em vigor da Constituição), pedindo aos Tribunais 
o seu cumprimento só por si, pelo que pode haver quem 
afirme que os direitos que delas constam, máxime os 
direitos sociais, tem mais natureza de expectativas de que 
de verdadeiros direitos subjetivos; muitas vezes, 
acompanhadas de conceitos indeterminados ou 
parcialmente indeterminados”. 
A doutrina em referência apresenta como exemplos de 
normas programáticas, entre outras, os artigos 4º, parágrafo 
único, 23,170, 205, 211, 215 e 218, todos da Constituição 
Federal de 1988. 
Já Maria Helena Diniz propõe uma nova espécie de 
classificação nas normas constitucionais, tendo por critério a 
intangibilidade e a produção dos efeitos concretos, senão 
vejamos: 
Normas constitucionais de eficácia absoluta: aquelas que 
possuem efeito imediato e não podem ser emendadas (as 
chamadas cláusulas pétreas: art. 60, § 4º). São intangíveis, 
contra elas não há nem mesmo o poder de emendar. 
 
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Normas constitucionais de eficácia plena: aquelas que 
possuem efeito imediato, podem ser imediatamente 
aplicadas e, em tese, podem vir a ser emendadas. 
Normas constitucionais de eficácia relativa restringível: 
aquelas que correspondem às normas de eficácia contida, 
ou seja, que possuem efeito imediato, mas cujo alcance 
pode vir a ser limitado ou reduzido pela legislação 
regulamentadora. 
Normas constitucionais de eficácia relativa 
complementável ou dependentes de complementação: 
aquelas que para terem eficácia dependem de atividade 
legislativa. 
Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto classificam as 
normas constitucionais em normas de aplicação 
irregulamentáveis e regulamentáveis e normas de 
integração. As primeiras já estão aptas a produzir todos os 
efeitos, dispensando regulamentação ou permitindo-a, mas 
sem qualquer restrição do conteúdo constitucional. As 
segundas são integradas pela legislação infraconstitucional, 
ora complementáveis, ou restringíveis. 
Existe ainda a norma constitucional de eficácia exaurida e 
aplicabilidade esgotada, sugerida por Uadi Lammêgo Bulos. 
São normas que já cumpriram seu papel, encargo ou tarefa 
para o qual foram criadas. Ex: artigos 1º, 2º, 3º, 14, 20, 25, 
48 e vários outros do ADCT. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA: (…). O direito de resposta, que se manifesta como 
ação de replicar ou de retificar matéria publicada é 
exercitável por parte daquele que se vê ofendido em sua 
honra objetiva, ou então subjetiva, conforme estampado no 
inciso V do art. 5º da CF. Norma, essa, "de eficácia plena e 
de aplicabilidade imediata", conforme classificação de José 
Afonso da Silva. "Norma de pronta aplicação", na linguagem 
de Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto, em obra 
doutrinária conjunta. (STF ADI 4.451 MC-REF, rel. min. Ayres 
Britto, j. 2-9-2010, P, DJE de 24-8-2012). 
EMENTA: (...). O art. 5º, XIII, da Constituição da República é 
norma de aplicação imediata e eficácia contida que pode ser 
restringida pela legislação infraconstitucional. Inexistindo lei 
regulamentando o exercício da atividade profissional dos 
substituídos, é livre o seu exercício. (STF MI 6.113 AgR, rel. 
min. Cármen Lúcia, j. 22-5-2014, P, DJE de 13-6-2014). 
EMENTA: (...) A norma inserta no art. 5º, LI, da Constituição 
do Brasil não é regra de eficácia plena, nem de 
aplicabilidade imediata. Afigura-se imprescindível a 
implementação de legislação ordinária regulamentar. 
Precedente. Ausência de prova cabal de que o extraditando 
esteja envolvido em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins. Possibilidade de renovação, no futuro, do pedido de 
extradição, com base em sentença definitiva, se apurado e 
comprovado o efetivo envolvimento na práticado referido 
delito. (STF Ext 934 QO, rel. min. Eros Grau, j. 9-9-2004, 
P, DJ de 12-11-2004). 
 
EMENTA: Servidor público. Adicional de remuneração para 
as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da 
lei. Art. 7º, XXIII, da CF. O art. 39, § 2º, da CF apenas 
estendeu aos servidores públicos civis da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios alguns dos 
direitos sociais por meio de remissão, para não ser 
necessária a repetição de seus enunciados, mas com isso 
não quis significar que, quando algum deles dependesse de 
legislação infraconstitucional para ter eficácia, essa seria, no 
âmbito federal, estadual ou municipal, a trabalhista. Com 
efeito, por força da Carta Magna Federal, esses direitos 
sociais integrarão necessariamente o regime jurídico dos 
servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, mas, quando dependem de lei 
que os regulamente para dar eficácia plena aos dispositivos 
constitucionais de que deles decorrem, essa legislação 
infraconstitucional terá de ser, conforme o âmbito a que 
pertence o servidor público, da competência dos 
mencionados entes públicos que constituem a federação. 
(STF RE 169.173, rel. min. Moreira Alves, j. 10-5-1996, 1ª 
T, DJ de 16-5-1997.) (RE 637.282, rel. min. Dias Toffoli, dec. 
monocrática, j. 23-8-2012, DJE de 31-8-2012). 
EMENTA: Sindicato: contribuição confederativa instituída 
pela assembleia geral: eficácia plena e aplicabilidade 
imediata da regra constitucional que a previu (CF, art. 8º, 
IV). Coerente com a sua jurisprudência no sentido do caráter 
não tributário da contribuição confederativa, o STF tem 
afirmado a eficácia plena e imediata da norma 
constitucional que a previu (CF, art. 8º, IV) (...). (STF RE 
161.547, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 24-3-1998, 1ª 
T, DJ de 8-5-1998.) 
EMENTA: Norma constitucional de eficácia limitada, porque 
dependente de complementação infraconstitucional, tem, 
não obstante, em linha de princípio e sempre que possível, a 
imediata eficácia negativa de revogar as regras 
preexistentes que sejam contrárias. Município: criação: EC 
15/1996: plausibilidade da arguição de 
inconstitucionalidade da criação de Municípios desde a sua 
promulgação e até que lei complementar venha a 
implementar sua eficácia plena, sem prejuízo, no entanto, 
da imediata revogação do sistema anterior. É certo que o 
novo processo de desmembramento de Municípios, 
conforme a EC 15/1996, ficou com a sua implementação 
sujeita à disciplina por lei complementar, pelo menos no 
que diz com o Estudo de viabilidade municipal, que passou a 
reclamar, e com a forma de sua divulgação anterior ao 
plebiscito. (STF ADI 2.381 MC, rel. min. Sepúlveda Pertence, 
j. 20-6-2001, P, DJ de 14-12-2001.) 
EMENTA: (...). O Supremo Tribunal Federal fixou 
entendimento no sentido de que o art. 37, I, da Constituição 
do Brasil [redação após a EC 19/1998], consubstancia, 
relativamente ao acesso aos cargos públicos por 
estrangeiros, preceito constitucional dotado de 
eficácia limitada, dependendo de regulamentação para 
produzir efeitos, sendo assim, não autoaplicável. (STF RE 
544.655 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 9-9-2008, 2ª T, DJE de 
10-10-2008.) 
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EMENTA: (...). Cargos em comissão a serem preenchidos por 
servidores efetivos. A norma inscrita no art. 37, V, da Carta 
da República é de eficácia contida, pendente de 
regulamentação por lei ordinária. (STF RMS 24.287, rel. 
min. Maurício Corrêa, j. 26-11-2002, 2ª T, DJ de 1º-8-2003.) 
 
6.0. APLICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS NO 
TEMPO (DIREITO INTERTEMPORAL LATO SENSU). 
No momento em que surge uma nova Constituição, a 
situação das espécies normativas já existentes no 
ordenamento jurídico é regulada de acordo com teorias que 
estabeleceram regras, senão vejamos: 
6.1. Teoria da Revogação: quando surge uma nova 
constituição originária, as normas originárias e derivadas da 
antiga constituição são revogadas totalmente, assim como 
as normas infraconstitucionais que forem incompatíveis 
materialmente com a nova carta constitucional, por 
ausência de recepção. 
Frise-se que no novo ordenamento jurídico uma lei só pode 
ser revogada por outra lei da mesma espécie ou por outra 
de hierarquia superior, como uma emenda constitucional. 
 
6.2. Teoria da Recepção: por um princípio de economia 
legislativa, a nova ordem constitucional recebe as leis e atos 
normativos preexistentes a ela desde que materialmente 
compatíveis com ela. Com o advento da nova Constituição, a 
ordem normativa anterior, comum, perde seu antigo 
fundamento de validade para, em face da recepção, ganhar 
novo suporte. Essa teoria é amplamente adotada pelo 
Direito Brasileiro, embora haja controvérsia doutrinária. É 
um fenômeno tácito. 
Ao realizar a análise da recepção material, o intérprete 
judiciário deverá verificar também se a norma vigente no 
antigo ordenamento jurídico era com ele compatível 
material e formalmente. Caso não seja formalmente 
compatível, sendo, portanto, maculada por possuir vício 
congênito, não poderá ser sanável pelo fenômeno da 
recepção. 
É importante salientar que o posicionamento do STF e da 
doutrina majoritária de não admitir a teoria da 
inconstitucionalidade superveniente de ato normativo 
produzido antes da nova Constituição, no qual vigora o 
princípio da contemporaneidade, onde se diz revogada a 
norma não compatível com a nova ordem e recepcionada a 
norma compatível, esbarra-se com o entendimento 
minoritário da doutrina que defende a tese da 
inconstitucionalidade superveniente, ou seja, as normas 
anteriores conflitantes com a nova ordem constitucional 
não seriam revogadas, mas sim inconstitucionais. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - 
IMPUGNAÇÃO DE ATO ESTATAL EDITADO ANTERIORMENTE 
A VIGENCIA DA CF/88 - INCONSTITUCIONALIDADE 
SUPERVENIENTE - INOCORRENCIA - HIPÓTESE DE 
REVOGAÇÃO DO ATO HIERARQUICAMENTE INFERIOR POR 
AUSÊNCIA DE RECEPÇÃO - IMPOSSIBILIDADE DE 
INSTAURAÇÃO DO CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO - 
AÇÃO DIRETA NÃO CONHECIDA. - A ação direta de 
inconstitucionalidade não se revela instrumento 
juridicamente idôneo ao exame da legitimidade 
constitucional de atos normativos do poder público que 
tenham sido editados em momento anterior ao da vigência 
da constituição sob cuja égide foi instaurado o controle 
normativo abstrato. A fiscalização concentrada de 
constitucionalidade supõe a necessária existência de uma 
relação de contemporaneidade entre o ato estatal 
impugnado e a carta politica sob cujo domínio normativo 
veio ele a ser editado. O entendimento de que leis pré-
constitucionais não se predispõem, vigente uma nova 
constituição, a tutela jurisdicional de constitucionalidade in 
abstracto - orientação jurisprudencial já consagrada no 
regime anterior (RTJ 95/980 - 95/993 - 99/544) - foi 
reafirmado por esta corte, em recentes pronunciamentos, 
na perspectiva da carta federal de 1988. - a 
incompatibilidade vertical superveniente de atos do poder 
público, em face de um novo ordenamento constitucional, 
traduz hipótese de pura e simples revogação dessas 
espécies jurídicas, posto que lhe são hierarquicamente 
inferiores. O exame da revogação de leis ou atos normativos 
do poder público constitui matéria absolutamente estranha 
a função jurídico-processual da ação direta de 
inconstitucionalidade. (STF ADI QO 7/DF, rel. Min. Celso de 
Mello, DJ 04.09.1992). 
 
6.3. Teoria da Repristinação: é a restauração da eficácia, da 
vigência e da validade de normas que já estavam

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