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Abacaxi Manejo Cultural e Mercado

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ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 
 
 
 
 
GETÚLIO AUGUSTO PINTO DA CUNHA 
10ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 
01 a 04 de setembro de 2003 – Centro de Convenções 
Fortaleza – Ceará – Brasil 
 
Copyright  FRUTAL 2003 
Exemplares desta publicação podem ser solicitados à: 
Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria – Frutal 
Av. Barão de Studart, 2360 / sl: 1305 – Dionísio Torres 
Fortaleza – CE 
 CEP: 60.120-002 
E-mail: geral@frutal.org.br 
Site: www.frutal.org.br 
Tiragem: 150 exemplares 
EDITOR 
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DA FRUTICULTURA E AGROINDÚSTRIA – 
FRUTAL 
DIAGRAMAÇÃO E MONTAGEM 
PEDRO MOTA 
RUA: HENRIQUE CALS, 85 – BOM SUCESSO – FONE: (85): 484.4328 
 
Os conteúdos dos artigos científicos publicados nestes anais são de autorização e 
responsabilidade dos respectivos autores. 
Ficha catalográfica: 
Cunha, Getúlio Augusto Pinto da. 
 Abacaxi: manejo cultural e mercado / Getúlio Augusto Pinto da. – 
Fortaleza: Instituto Frutal, 2003. 
 127 p. 
1.Abacaxi – Cultivo. 2. Fruticultura. I. Título. 
 
 CDD 634.774 
 
10ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 
01 a 04 de setembro de 2003 – Centro de Convenções 
Fortaleza – Ceará – Brasil 
 
APRESENTAÇÃO 
 
A nossa FRUTAL chega a sua 10ª edição e com ela atingimos a marca 
aproximada de 10.000 pessoas capacitadas nos Cursos Técnicos que anualmente 
oferecemos. Várias pessoas têm participado dos Cursos da FRUTAL, destacando-
se produtores, empresários, pesquisadores, estudantes, além do público geral 
visitante que, mesmo sendo de outro ramo de atividade, passou a acreditar na 
fruticultura irrigada estimulados pelo nosso movimento, que tem feito o Ceará se 
destacar em nível do cenário nacional no Agronegócio da Agricultura Irrigada. 
 
Procurando deixar registrado todo o conteúdo técnico dos Cursos da FRUTAL, 
temos anualmente editado apostilas como esta, com o conteúdo de cada tema que 
são cuidadosamente selecionados para cada FRUTAL, com uma média de 10 
Cursos por edição. A escolha dos temas para os Cursos da FRUTAL se baseia 
nas sugestões obtidas das Avaliações realizadas com os próprios participantes, 
acrescida de temas de vanguarda como o Curso “Produção Integrada de Frutas” 
que estamos promovendo nesta edição. 
 
Toda a Programação Técnica da FRUTAL está direcionada para o tema central 
que este ano foi eleito “Cooperativismo e Agronegócio”, tema este em consonância 
com a atual política do governo federal. Na sua composição temos Cursos, 
Palestras Técnicas, Painéis, Seminários Setoriais, Fóruns e Eventos Paralelos 
variados, que é referendada por uma Comissão Técnico-Científica formada por 
ilustres e competentes representantes dos principais Órgãos, Instituições e 
Entidades ligados ao setor do Agronegócio da Agricultura Irrigada do Ceará, cujas 
contribuições têm sido essenciais para a qualidade e nível que atingimos. 
 
Nesta edição a comunidade científica terá uma programação especial. Acontecerá 
pela primeira vez no Nordeste e terceira vez no Brasil, já em sua 49ª edição, a 
Reunião Anual da Sociedade Interamericana de Horticultura Tropical, evento que 
deverá trazer para o ambiente da FRUTAL cerca de 600 pesquisadores, que 
apresentarão os mais recentes resultados de trabalhos de pesquisa na área de 
Fruticultura, Floricultura e Horticultura. 
 
Vale ressaltar também neste momento a credibilidade que os Patrocinadores tem 
da FRUTAL, principalmente da iniciativa privada que cada ano tem tido maior 
participação, sendo este um veredicto de nossa intenção de estimular, incrementar 
e consolidar a FRUTAL como uma Feira tipicamente de negócios. 
 
Portanto, esperamos com a edição desta Apostila estar contribuindo para o 
aprimoramento tecnológico do setor da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria do 
Brasil e em especial do Estado do Ceará. 
 
 
Antonio Erildo Lemos Pontes 
Coordenador Técnico do Instituto Frutal 
Diretor Técnico do Instituto Frutal 
 
 
10ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 
01 a 04 de setembro de 2003 – Centro de Convenções 
Fortaleza – Ceará – Brasil 
 
 
COMISSÃO EXECUTIVA DA FRUTAL 2003 
 
Euvaldo Bringel Olinda 
PRESIDENTE DA FRUTAL 
 
Idealizador da Frutal, Empresário, Engenheiro Pós-Graduado em 
Administração e Negócios. Presidente do SINDIFRUTA e da Frutal, Ex-diretor 
da PROFRUTAS – Associação dos Produtores e Exportadores de Frutas do 
Nordeste e do IBRAF – Instituto Brasileiro de Fruticultura e das Federações 
FAEC e FACIC. 
 
 
 
 
 
 
 
Afonso Batista de Aquino 
 
COORDENADOR GERAL DA FRUTAL 
 
Engenheiro Agrônomo, Pós-graduado em Nutrição de Plantas, com 
especialização em Extensão Rural e Marketing em Israel e Espanha. Diretor 
Geral do Instituto Frutal e Coordenador Geral da Frutal desde 1998. 
 
 
 
 
 
 
Antonio Erildo Lemos Pontes 
COORDENADOR TÉCNICO 
 
Engenheiro Agrônomo com vasta experiência de trabalho voltado para 
Fruticultura Irrigada, Especializado em Israel em Agricultura Irrigada por Sistema 
Pressurizado, Membro Efetivo do IBGE/GCEA do Ceará, Consultor do SEBRAE-
CE na Área de Agronegócios da Fruticultura, Coordenador Titular do Nordeste no 
Fórum Nacional de Conselhos de Consumidores de Energia Elétrica e 
Coordenador Técnico da Frutal desde sua primeira edição em 1994. 
 
10ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 
01 a 04 de setembro de 2003 – Centro de Convenções 
Fortaleza – Ceará – Brasil 
 
 
COMISSÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA DA FRUTAL 2003 
 
Afonso Batista de Aquino INSTITUTO FRUTAL 
Ana Luiza Franco Costa Lima SETUR 
Antonio Belfort B. Cavalcante INSTITUTO CENTEC 
Antonio Erildo Lemos Pontes INSTITUTO FRUTAL 
Antonio Vieira de Moura SEBRAE/CE 
César Augusto Monteiro Sobral AEAC 
Cézar Wilson Martins da Rocha DFA/CE 
Daniele Souza Veras AGRIPEC 
Ebenézer de Oliveira Silva EMBRAPA 
Egberto Targino Bonfim EMATERCE 
Enid Câmara PRÁTICA EVENTOS 
Euvaldo Bringel Olinda INSTITUTO FRUTAL 
Francisco Eduardo Costa Magalhães BANCO DO BRASIL 
Francisco José Menezes Batista SRH 
Francisco Marcus Lima Bezerra UFC/CCA 
Francisco Zuza de Oliveira SEAGRI/CE 
João Nicédio Alves Nogueira OCEC/SESCOOP 
José Carlos Alves de Sousa COOPANEI 
José de Souza Paz SEAGRI/CE 
José dos Santos Sobrinho FAEC/SENAR 
José Ismar Girão Parente SECITECE 
José Maria Freire SEAGRI/CE 
Joviniano Silva DFA/CE 
Jussara Maria Bisol Menezes FIEC 
Leão Humberto Montezuma Santiago Filho DNOCS 
Liliane Nogueira Melo Lima SEAGRI/CE 
Marcílio Freitas Nunes CEASA/CE 
Maria do Carmo Silveira Gomes Coelho BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A -BNB 
Paulo de Tarso Meyer Ferreira CREA-CE 
Raimundo Nonato Távora Costa UFC/CCA 
Raimundo Reginaldo Braga Lobo SEBRAE/CE 
Regolo Jannuzzi Cecchettini INSTITUTO AGROPÓLOS DO CEARÁ 
Rui Cezar Xavier de Lima INCRA/CE 
 
10ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 
01 a 04 de setembro de 2003 – Centro de Convenções 
Fortaleza – Ceará – Brasil 
 
SUMÁRIO 
1. ASPECTOS GERAIS.............................................................................................7 
2. ABACAXI NO BRASIL E NO MUNDO...................................................................7 
3. A PLANTA E O SEU CICLO PRODUTIVO...........................................................10 
4. VARIEDADES OU CULTIVARES..........................................................................13 
5. ASPECTOS AGROCLIMÁTICOS E DE SOLO..................................................... 18 
6. PRODUÇÃO E MANEJO MUDAS.........................................................................20 
7. PREPARO DO SOLO E CORREÇÃO DE ACIDEZ...............................................348. PLANTIO E SISTEMAS DE CULTIVO.................................................................. 31 
9. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS................................................................35 
10. ASPECTOS GERAIS DE ADUBAÇÃO............................................................... 42 
11. IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO.......................................................................47 
12. MANEJO DA FLORAÇÃO...................................................................................58 
13. DOENÇAS E SEU CONTROLE.......................................................................... 63 
14. NEMATÓIDES E SEU CONTROLE.................................................................... 72 
15. PRAGAS E SEU CONTROLE............................................................................. 76 
16. MURCHA ASSOCIADA À COCHONILHA...........................................................84 
17. DESBASTE DE MUDAS......................................................................................88 
18. MATURAÇÃO DO FRUTO E COLHEITA............................................................89 
19. SELEÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, EMBALAGEM E TRANSPORTE....................... 92 
20. MANEJO DA SOCA (SEGUNDO CICLO) .......................................................... 93 
21. COMERCIALIZAÇÃO..........................................................................................95 
22. RENDIMENTOS, CUSTOS E RECEITAS........................................................... 100 
23. CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA PARA A ABACAXICULTURA........................ 103 
24. CONSIDERAÇÔES FINAIS.................................................................................110 
25. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 111 
26. ANEXO................................................................................................................115 
27. CURRÍCULO DO INSTRUTOR............................................................................128 
10ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 
01 a 04 de setembro de 2003 – Centro de Convenções 
Fortaleza – Ceará – Brasil 
 
1. ASPECTOS GERAIS 
 
 O abacaxizeiro é cultivado em mais de 60 países e o seu fruto um dos mais 
consumidos por suas qualidades sensoriais. No Brasil, é a terceira fruteira tropical mais 
plantada, sendo encontrado em, praticamente, todos os Estados da Federação, onde 
tem experimentado expressivos aumentos, tornando o País o terceiro maior produtor 
mundial dessa fruta. 
 A produtividade nacional de abacaxi também aumentou de modo considerável, 
desde que se passou a investir mais em pesquisa agrícola e transferência de tecnologia, 
saindo de apenas 8.800 frutos ha-1, em 1970, para cerca de 24.000 frutos ha-1, em 2002, 
o que representa 277% de aumento da produção e corresponde a 33,6 t ha-1, se o peso 
médio do fruto for considerado de 1,4 kg. Este desempenho está acima da média dos 
principais países produtores mundiais de abacaxi. Para isso, têm contribuído o aumento 
da área plantada e as tecnologias geradas e adaptadas pela pesquisa, com destaque 
para as da Embrapa. Porém, produtividades de 40 a 60 t ha-1 têm sido atingidas por 
agricultores brasileiros e estrangeiros, que utilizam tecnologias mais desenvolvidas. Isso 
é um indicador potencial de crescimento da produtividade brasileira, do que depende, 
dentre outros aspectos, de um melhor treinamento dos técnicos e agricultores nacionais, 
na sua maioria pequenos produtores. 
 A cultura do abacaxi destaca-se, dentre outros aspectos, também por oferecer um 
número significativo de empregos no meio rural, estimando-se a ocupação de mais de 
um homem para cada hectare cultivado, além da mão de obra usada nas etapas de pós-
colheita, distribuição, comercialização e industrialização de produtos de abacaxi, 
destinados tanto para o mercado interno como para a exportação. 
 
2. ABACAXI NO BRASIL E NO MUNDO 
 
A produção mundial de abacaxi em 2002 (FAO) foi de 14,0 milhões de toneladas 
(Tabela 1), sendo Tailândia, Filipinas, Brasil, Índia, China e Nigéria, nesta ordem, os 
principais países produtores. De acordo com esta produção, o abacaxi fica em nono 
lugar entre todas as frutas produzidas e em quarto lugar entre as frutas tropicais, vindo 
logo atrás da banana, do côco e da manga, tendo o Brasil contribuído com 1.468.890 
toneladas (Tabela 1), cerca de 11% da produção mundial de abacaxi e 4,3% da 
FRUTAL’2003 
- COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - 
ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 
7
 
produção brasileira de frutas (IBGE, 2003). A produção brasileira em 2001 correspondeu 
a 1.430.018 frutos, colhidos numa área de 62.597 hectares (Tabela 2). 
Conforme comentado anteriormente, abacaxizeiro é cultivado em todos os 
estados brasileiros, em escalas muito variáveis, sendo que, na década de 90, a área 
colhida e a produção cresceram bastante, inclusive com a cultura expandindo-se para 
novas regiões, em especial o Norte do país, onde os Estados do Pará e Tocantins 
assumiram posição de destaque. No ano de 2001, os maiores produtores de abacaxi 
foram Minas Gerais, Paraíba, Pará, Bahia e São Paulo (Tabela 2) que, juntos, 
responderam por 70% da produção nacional e 68% da área colhida. A região Nordeste 
produziu 767 milhões de frutos de abacaxi, o que representou 53,7% da produção 
nacional, vindo em seguida o Sudeste (36,4%) e o Norte (18,5%) (Tabela 2). 
 
Tabela 1 – Produção, área colhida e rendimento de abacaxi no mundo, continentes 
e principais países produtores (FAO, 2002). 
Produção mundial de abacaxi em 2002 
 
Continentes Área (ha) Produção (t) Rendimento (t ha-1) 
Ásia 385.966 7.099.338 18,39 
África 208.265 2.252.629 10,82 
Américas 160.562 4.332.684 26,98 
Oceania 4.285 163.836 38,23 
Europa 160 2.000 12,50 
Mundo 768.009 14.076.031 18,327 
 
 
Países Área (ha) Produção (t) Rendimento(t ha-1) 
Tailândia 88.393 1.978.822 22,38 
Filipinas 46.000 1.700.000 36,95 
Brasil 60.420 1.468.890 24,31 
India 80.000 1.100.000 13,75 
China 52.000 950.000 18,26 
Nigéria 115.000 881.000 7,66 
 
 As perdas pós-colheita da fruticultura no Brasil são bastante elevadas, sendo a de 
abacaxi estimada em 30%, mas em primeiro lugar estão banana e mamão com 40%. A 
determinação do ponto de colheita/maturação e a manipulação do fruto precisam ser 
melhorados. Espera-se que, com o estabelecimento das normas de padronização e 
FRUTAL’2003 
- COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - 
ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 
8
 
classificação de frutas, esses problemas sejam sanados. No entanto, em termos de 
eficiência relativa (valor da produção por hectare), o abacaxi ocupa o segundo lugar, 
precedido pela uva e seguido pelo mamão. 
Já os problemas extra culturais são os mesmos que afetam a fruticultura brasileira: 
embalagem e infra-estrutura inadequadas (estradas, transporte, sistema de refrigeração 
etc.), intermediários desnecessários. 
 
Tabela 2 – Produção, área colhida e rendimento de abacaxi no Brasil em 2001. 
Estados Área (ha) Produção Rendimento 
 (mil frutos) (frutos/ha) 
 
Minas Gerais 13.977 369.622 26.445 
Paraíba 10.444 299.404 28.668 
Pará 10.424 208.974 20.047 
Bahia 4.934 118.940 24.106 
São Paulo 2.720 65.120 23.941 
Rio de Janeiro 1.919 57.274 29.846 
Rio Grande do Norte 1.994 52.724 26.441 
Goiás 2.298 49.599 21.584 
Maranhão 2.068 42.912 20.750 
Tocantins 1.564 34.792 22.246 
Espírito Santo 1.970 29.050 14.746 
Pernambuco 1.005 19.357 19.261 
Alagoas 1.027 19.303 18.796 
Mato Grosso 1.011 17.541 17.350 
Amazonas 3.068 11.641 3.794 
Paraná 295 7.542 25.566 
Sergipe 282 5.962 21.142 
Rondônia 245 4.578 18.686 
Rio Grande do Sul 2844.152 14.620 
Mato Grosso do Sul 230 4.129 17.952 
Acre 245 2.572 10.498 
Santa Catarina 109 1.544 14.165 
Amapá 295 1.291 4.376 
Distrito Federal 26 566 21.769 
Ceará 19 542 28.526 
Roraima 100 500 5.000 
Piauí 44 387 8.795 
BRASIL 62.597 1.430.018 22.845 
 
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2001. Consultado em 24/04/2003. 
FRUTAL’2003 
- COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - 
ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 
9
 
 Com relação à área colhida (Gráfico 1), nos últimos trinta anos, a cultura do abacaxi 
experimentou um comportamento inconstante, alternando períodos de crescimento com 
períodos de decréscimos, mas com uma tendência crescente desde 1995. De 1970 para 
2002, houve um acréscimo de 87% na área plantada com a cultura, chegando a mais de 
60 mil hectares. As oscilações de área plantada no período considerado são atribuídas a 
efeitos de alguns fatores ambientais (secas, geadas, excesso de chuva), de problemas 
fitossanitários (fusariose, cochonilha) e de oscilações do mercado (instabilidade, inclusive 
na área internacional), apesar dos resultados positivos alcançados pela pesquisa 
agrícola. 
 
Abacaxi
0
200000
400000
600000
800000
1000000
1200000
1400000
1600000
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2002
Ano
P
ro
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o 
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0
10000
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50000
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ru
to
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ha
)
PRODUÇÃO
ÁREA COLHIDA
RENDIMENTO
 
 
Gráfico 1. Evolução de área colhida, produção e rendimento de abacaxi no 
Brasil. 
(Fonte: IBGE) 
 
O aumento da área plantada nos últimos cinco anos, representando mais de cinco 
mil hectares, tem sido associado ao maior consumo de frutas, principalmente após o 
plano de estabilização econômica. Este fato tem contribuído para uma maior disposição 
em cultivá-las, devido à crescente demanda nos mercados interno e externo. 
 
 
FRUTAL’2003 
- COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - 
ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 
10
 
3. A PLANTA E O SEU CICLO PRODUTIVO 
 
3.1. A planta 
 O abacaxizeiro (Ananas comosus L., Merrill) é uma planta monocotiledônea, da 
família Bromeliácea, que possui, aproximadamente, 50 gêneros e 2.000 espécies. 
Algumas dessas espécies têm valor ornamental, outras produzem fibras para fabricação 
de material rústico (sacos, cordões), tecidos finos etc. A maioria dessas espécies é 
encontrada em condições naturais de regiões tropicais das Américas, sendo que apenas 
algumas são observadas em áreas de clima temperado. 
 O abacaxizeiro é formado de um caule ou talo, curto e grosso, em torno do qual 
crescem folhas em forma de calha, estreitas e rígidas, em cujas bases podem ser 
encontradas raízes axilares. O sistema radicular é fasciculado (em forma de “cabeleira”), 
superficial e fibroso, encontrado, em geral, em profundidades de 0 a 30 cm e raramente a 
mais de 60 cm da superfície do solo. A planta adulta das variedades comerciais mede 
1,00 a 1,20m de altura e 1,00 a 1,50 m de diâmetro. 
 As folhas são classificadas, segundo seu formato e posição na planta, em A, B 
(grupo inferior – velhas e externas, já existentes na muda antes do plantio), C, D, E, F 
(grupo superior – novas e internas, produzidas após o plantio (Figura 1). A folha D é a 
mais jovem dentre as adultas e a fisiologicamente mais ativa de todas, sendo usada para 
se avaliar o crescimento e o estado nutricional da planta e, por isso, o seu conhecimento 
é muito importante para o manejo da cultura. Em geral, a folha D é a mais alta da planta, 
formando um ângulo de 45 graus entre o nível do solo e um eixo imaginário que passa 
pelo centro da roseta foliar, e apresenta os bordos da parte inferior perpendiculares à 
base, sendo assim fácil de ser arrancada da planta. 
 O pedúnculo desenvolve-se a partir do caule, e é a parte da planta que sustenta a 
inflorescência e, posteriormente, o fruto. No pedúnculo encontram-se gemas axilares 
latentes de folhas modificadas que dão origem a rebentos laterais, usados como material 
propagativo. 
 Na maturidade, do centro da roseta foliar emerge a inflorescência, formada por 
dezenas de flores individuais, inseridas em torno de um eixo, cada uma dando origem ao 
fruto verdadeiro do abacaxi, que é do tipo baga. Desse modo, o que o abacaxizeiro 
produz é uma infrutescência ou fruto composto ou múltiplo, denominado de sorose. 
FRUTAL’2003 
- COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - 
ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 
11
 
 Os rebentos laterais ou mudas, que constituem o material para novos plantios, 
desenvolvem-se a partir de gemas axilares localizadas no caule (chamados de 
rebentões) e no pedúnculo (que são os filhotes). A coroa que surge no topo do fruto é 
uma planta em miniatura, podendo ser considerada uma extensão do caule, e que 
também é usada como material de plantio. 
 
3.2. Ciclo da planta 
O ciclo total da cultura do abacaxi pode ser de 12 a 30 meses, em função do 
manejo da cultura e do clima da região, e é dividido em três etapas. A primeira, a fase 
vegetativa ou de crescimento vegetativo (que corresponde ao período de formação de 
folhas e raízes), dura do plantio ao dia do tratamento de indução floral artificial (TIF) ou 
da iniciação floral natural (Figura 1). Esta fase tem duração variável, mas, em geral, 
corresponde de oito a 12 meses, ou um pouco mais, a depender da região. A segunda, 
denominada de fase reprodutiva ou de formação do fruto, tem duração bastante estável 
para cada região, sendo de cinco a seis meses. O primeiro ciclo completo da cultura 
pode durar, portanto, de 14 a 18 meses, na região tropical brasileira. Existe, ainda, uma 
terceira fase do ciclo, a de formação de mudas (filhotes e rebentões), que se sobrepõe, 
parcialmente, à segunda fase. Pode ser chamada de fase propagativa e tem duração 
variável de quatro a dez meses para mudas do tipo filhote, cuja formação se inicia no 
período pré-floração, e de dois a seis meses para mudas do tipo rebentão. Estas últimas 
dão origem ao segundo ciclo da planta, também conhecido como soca ou segunda safra. 
A soca também passa por três fases, sendo a primeira seis a sete meses mais 
curta do que a da primeira safra, o que determina um segundo ciclo com duração total de 
apenas 12 a 13 meses. Caso sejam dadas condições adequadas para o 
desenvolvimento dos rebentões da soca, poder-se-á obter uma terceira safra ou segunda 
soca e, assim, sucessivamente. No entanto, no Brasil e em várias outras regiões do 
mundo, do ponto de vista comercial, explora-se, normalmente, apenas um a dois ciclos 
da cultura do abacaxi. 
 
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Figura 1 - Fases dos ciclos do abacaxizeiro (primeiro ciclo e soca). 
 
 Etapa I – fase vegetativa Etapa II – reprodutiva 
Plantio -------------------------- TIF ----------------------------- Colheita 
 (8 a 12 meses) 5 a 6 meses 
 Etapa III – propagativa (6 a 10 meses) 
 -- Filhotes em formação -- Material de Plantio 
 (ceva) 
 I II 
 -- Rebentões -- SOCA –---- TIF ----- Colheita. 
 
4. VARIEDADES OU CULTIVARES 
 
 Todas as variedades de abacaxi de interesse comercial pertencem à espécie 
Ananas comosus (L.) Merrill. No Brasil, especialmente na Região Amazônica, diversas 
cultivares de abacaxi são plantadas em pequena escala para o consumo e 
comercialização locais. 
 Estima-se que cerca de 70% da produção mundial de abacaxi têm por base frutos 
da cultivar Smooth Cayenne (Caiena lisa), que foi coletada próxima à cidade deCayenne 
e levada para o Havaí, onde foi melhorada. Essa variedade também é cultivada no Brasil, 
principalmente em Minas Gerais e São Paulo, mas no país predomina a cultivar Pérola, 
de origem nacional, ocupando mais de 80% da área cultivada. Na escolha de uma 
cultivar de abacaxi para a implantação de plantios comerciais, o agricultor deve 
considerar a disponibilidade e qualidade das mudas e o destino da produção. Para o 
mercado interno, consumo ao natural e indústria de suco pode optar-se pela cultivar 
Pérola. Quando a produção se destina ao mercado externo e indústria de compota, a 
‘Smooth Cayenne’ é mais apropriada. 
 
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4.1. Principais Cultivares Usadas No Brasil 
 
4.1.1. ‘Smooth Cayenne’ 
 Conhecida popularmente como abacaxi havaiano ou “ananás”, é a cultivar mais 
plantada no mundo, tanto em termos de área, quanto de faixa de latitude, sendo 
considerada, atualmente, a rainha das cultivares de abacaxi, porque possui muitas 
características favoráveis. É uma planta robusta (Figura 2), de porte semi-ereto cujas 
folhas não apresentam espinhos, a não ser alguns encontrados nas extremidades dos 
bordos da folha. O fruto é atraente, tem forma ligeiramente cilíndrica, pesando 
geralmente de 1,5 a 2,5 kg, com casca de cor amarelo-alaranjada quando maduro, polpa 
amarela rica em açúcares (13 a 19º Brix) e de acidez maior do que a de outras cultivares. 
Essas características a tornam adequada para a industrialização e exportação como fruta 
fresca. A coroa é relativamente pequena e a planta produz poucas mudas do tipo filhote. 
Em condições de clima úmido e quente produz fruto frágil para transporte e 
processamento industrial. É bastante suscetível à murcha associada à cochonilha 
(Dysmicoccus brevipes) e à fusariose (Fusarium subglutinans). Foi introduzida no Brasil, 
em São Paulo, na década de 30 e, posteriormente, difundida para outros estados, como 
Paraíba, Minas Gerais, Espirito Santo, Goiás e Bahia, onde a partir da década de 60, 
também assumiu crescente importância econômica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 2 – Fruto e parte superior da planta de abacaxi cv. 
Smooth Cayenne (Caiena Lisa, Havaiano). 
 
4.1.2. ‘Pérola’ 
É a cultivar mais plantada no Brasil, onde também é conhecida como ‘Pernambuco’ ou 
‘Branco de Pernambuco’. A planta apresenta porte ereto, é vigorosa, tem folhas longas, 
com espinhos nos bordos (Figura 3), e pedúnculo longo (em torno de 30cm). Produz 
muitos filhotes (cinco a 15), presos ao pedúnculo e próximos da base do fruto, que 
apresenta forma cônica, casca amarelada (quando maduro), polpa branca, alto teor de 
suco, sólidos solúveis totais de 14 a 16ºBrix e baixa acidez, bastante agradável ao 
paladar do consumidor brasileiro. O fruto pesa, em geral, de 1,0 kg a 1,5 kg, possui coroa 
grande e, apesar de suas características sensoriais agradáveis, tem sido pouco utilizado 
para industrialização e exportação “in natura”. Apresenta tolerância à murcha associada 
à cochonilha Dysmicoccus brevipes e é suscetível à fusariose, doença causada pelo 
fungo Fusarium subglutinans. 
 
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Figura 3 – Fruto e mudas do tipo filhote de abacaxizeiro ‘Pérola’. 
 
4.2. Outras Cultivares 
Várias cultivares de abacaxi são plantadas em pequena escala para atender alguns 
mercados locais e regionais. As mais conhecidas no Brasil são: ‘Jupi’, ‘Boituva’, ‘Quinari’, 
‘Rondon’. A cultivar Jupi (Figura 4) assemelha-se à ‘Pérola’, da qual difere apenas pelo 
formato cilíndrico do fruto. Em plantios comerciais do Nordeste é comum o ‘Jupi’ 
aparecer misturado ao ‘Pérola’ em algumas lavouras, sendo mais conhecido na Paraíba 
e Pernambuco. Está sendo difundido em Tocantins, Goiás e Brasília, devido os 
agricultores e consumidores estarem preferindo frutos de forma cilíndrica. Há cerca de 
três anos atrás foi lançada pelo Instituto Agronômico de Campinas a variedade Gomo de 
Mel, de alto teor de açucares, mas pequena e de aparência pouco atrativa, o que deverá 
dificultar a sua aceitação nos mercados. A característica principal dessa variedade é que 
os frutilhos são facilmente destacáveis. Em outros países (África do Sul, Austrália, Costa 
Rica, Porto Rico, Cuba), são cultivadas outras variedades, tais como: Natal Queen, 
Espanhola Hoja, Cabezona, MD-2, Singapore Canning etc. 
 
 
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Figura 4 – Plantas de abacaxizeiro ‘Jupi’ com frutos. 
4.2.1. ‘Imperial’ 
 Em maio de 2003, a Embrapa Mandioca e Fruticultura lançou o abacaxi ‘Imperial’, 
híbrido de ‘Perolera’ com ‘Smooth Cayenne’, obtido em 1998, e resistente à fusariose. 
Além disso, a planta não tem espinhos nos bordos das folhas e o fruto tem polpa 
amarela, alto teor de açúcares e excelente sabor sensorial, servindo para consumo in 
natura e industrialização (Figura 4.1). 
 
Figura 4.1 – Planta de abacaxizeiro ‘Imperial’ com fruto e mudas. 
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5. ASPECTOS AGROCLIMÁTICOS E DE SOLO 
 
5.1. Clima 
 O abacaxizeiro é uma planta tropical, cujo crescimento e desenvolvimento são 
muito influenciados pela temperatura, que apresenta ótimo crescimento e boa qualidade 
de fruto em áreas com 22 a 32 °C, de preferência com uma variação diária (entre dia e 
noite) de 8 a 14 °C. A planta pode suportar temperaturas mais altas, porém acima de 
32°C, o crescimento é menor e, quando coincidem com elevada radiação solar, o fruto 
pode sofrer queima na fase de maturação final. Temperaturas abaixo de 20 °C também 
diminuem o crescimento da planta e, quando combinadas com períodos de dias mais 
curtos e noites longas, e/ou radiação solar baixa e nebulosidade alta, favorecem a 
ocorrência de florações naturais precoces, o que pode dificultar o manejo da cultura e 
prejudicar a comercialização dos frutos. O abacaxizeiro pode ser cultivado em regiões 
onde ocorrem geadas, desde que seja por períodos curtos, pois baixas temperaturas 
nesses casos não provocam danos irreversíveis à planta. 
 A planta é exigente em luminosidade, desenvolvendo-se melhor em regiões com 
alta incidência de radiação solar, cuja faixa anual ótima está entre 2.500 a 3.000 horas, 
ou seja, sete a oito horas de sol por dia (tempo de incidência direta da luz solar, isto é, 
sem nuvens). A planta não tolera sombreamento, o que deve ser levado em conta na 
escolha dos locais para o seu cultivo e no plantio consorciado com outras culturas. 
 O abacaxizeiro tem muitas características de plantas adaptadas a clima seco 
(arquitetura: tipo de inserção e forma e constituição das folhas – baixa densidade 
estomática, tricomas, tecido aqüífero, raízes axilares), o que lhe proporciona um uso 
eficiente de água e uma baixa taxa de transpiração. No entanto, maiores rendimentos e 
frutos de melhor qualidade são obtidos quando a cultura recebe água em quantidade 
suficiente para o crescimento das plantas e produção. Chuvas de 1.200 a 1.500 mm 
anuais, bem distribuídas ao longo dos meses, são consideradas adequadas para a 
cultura. Em regiões que apresentam períodos secos prolongados, a prática da irrigação 
torna-se, em geral, indispensável. 
 Uma umidade relativa do ar média anual igual ou superior a 70% é a desejável, mas 
a planta suporta bem variações moderadas deste fator climático. Porém, períodos de 
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umidade do ar muito baixa (menos de 50%) podem atrasar o crescimento inicial da 
planta e provocar fendilhamento e rachadura em frutos durante a fase de maturação. 
 O porte baixo das plantas e o plantio em densidades elevadas, torna a cultura 
pouco suscetível a danos devidos a ventos fortes, mas que, mesmo assim, podem 
provocar tombamento de plantas e frutos e ferimentos nas folhas, principalmente quando 
constantes. Já o granizo, quando intenso, pode causar danos à planta, mas, em menor 
escala do que em outras culturas, dada à condição fibrosa e resistência das folhas do 
abacaxizeiro e, principalmente, do fruto, que é ainda menos afetado. 
 
5.2. Solos 
 O abacaxizeiro é muito sensível ao encharcamento do solo, que pode prejudicar o 
seu crescimento e produção. Portanto, boas condições de aeração e drenagem são 
requisitos básicos para o seu cultivo, inclusive por favorecerem o desenvolvimento do 
sistema radicular da planta (normalmente frágil e concentrado nos primeiros 15 a 20 cm 
do solo). A má drenagem do solo favorece o apodrecimento de raízes e morte de 
plantas, causada por fungos do gênero Phytophthora. 
 Os solos de textura média (15% a 35% de argila e mais de 15% de areia), sem 
impedimentos a uma livre drenagem do excesso de água, são os mais indicados para a 
cultura do abacaxi. Os solos de textura arenosa (até 15% de argila e mais de 70% de 
areia), que geralmente não apresentam problemas de encharcamento, são também 
recomendados para a abacaxicultura, requerendo, quase sempre, a incorporação de 
restos vegetais e adubos orgânicos, que melhorem a sua capacidade de retenção de 
água e de fornecimento de nutrientes. A cultura pode, também, desenvolver-se bem em 
solos argilosos (mais de 35% de argila), desde que permitam boas aeração e drenagem. 
 O abacaxizeiro é considerado uma planta bem adaptada a solos ácidos, indicando-
se normalmente a faixa de pH de 4,5 a 5,5 como a mais recomendada para o seu cultivo. 
Quanto aos aspectos nutricionais, trata-se de uma planta exigente, demandando, 
normalmente, quantidades de nutrientes que a maioria dos solos cultivados não 
conseguem atender integralmente (exceção para alguns solos virgens, recém-
desmatados ou em pousio prolongado). Esta alta exigência resulta, em geral, na 
obrigatoriedade da prática da adubação, nos plantios com fins comerciais. 
 Além dos aspectos relacionados às características de clima e solo, a escolha da 
área para o cultivo de abacaxi, deve levar em conta também a sua localização com 
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relação a centros consumidores e indústrias de processamento, bem como à 
disponibilidade e custo de mão-de-obra, vias de acesso e existência de fontes de água. 
 
6. PRODUÇÃO E MANEJO DE MUDAS 
 
6.1. Produção e Tipos de Mudas 
 Os plantios de abacaxi são feitos com mudas de vários tipos, tais como: 
a) convencionais – coroa (tufo de folhas no ápice do fruto); filhotes (brotações do 
pedúnculo, que é a haste que sustenta o fruto); filhote-rebentão (brotação da região de 
inserção do pedúnculo no caule ou talo) e rebentões (brotações da parte basal do caule); 
b) de viveiro; 
c) de cultura de tecidos; 
d) outros tipos. Cada tipo possui suas características próprias, descritas a seguir, que 
podem ser vantajosas ou não, e devem ser consideradas quando da escolha e do 
manejo do material de plantio. 
 
6.1.a. Mudas Convencionais 
6.1.a.1. Coroa 
 Trata-se de um pequeno caule foliáceo, pouco disponível como material de plantio 
no Brasil, devido acompanhar o fruto na comercialização “in natura” (Figuras 2, 3, 4); 
menos vigorosa e de ciclo mais longo (do plantio à colheita); mais suscetível a podridões, 
principalmente a causada pelo Chalara paradoxa (ex-(Thielaviopsis) – podridão negra; 
mais uniforme em tamanho e peso, permitindo, assim, plantios também mais uniformes. 
 
6.1.a.2. Filhote ou “muda de cacho” 
 Muda de vigor e ciclo intermediários entre a coroa e o rebentão, menos uniforme 
que as coroas (Figuras 2, 3, 4), porém mais uniforme que os rebentões, de fácil colheita 
e grande disponibilidade, no caso da variedade Pérola, a mais cultivada no Brasil. 
 
6.1.a.3. Rebentão 
 Muda de maior vigor, ciclo mais curto, de colheita mais difícil, menor uniformidade 
em tamanho e peso, baixa disponibilidade na variedade Pérola e mais usada no caso da 
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‘Smooth Cayenne’ (Figura 5); é mais suscetível à ocorrência de florações naturais 
precoces. 
 
Figura 5 – Planta da cv. Smooth Cayenne com mudas dos tipos filhote 
(as menores) e rebentão (a maior). 
 
6.1.a.4. Filhote-rebentão 
 Muda de produção limitada, apresenta características intermediárias entre filhote e 
rebentão, podendo ser usada indistintamente para plantio junto com os dois últimos tipos. 
 Além dos tipos de mudas descritos acima, produzidas pela própria planta, existem 
outras que podem ser obtidas em viveiro ou laboratório, usando-se técnicas de 
multiplicação apropriadas, conforme mencionadas a seguir. 
 
6.1.b. Muda de seccionamento do caule (‘plântula’) – de viveiro 
 Muda produzida em viveiro (Figura 6), a partir de pedaços do talo (caule) de plantas 
que já foram colhidas (o processo será descrito no capítulo seguinte). Trata-se de uma 
muda de melhor sanidade, livre de fusariose, com vigor e demais características (ciclo, 
grau de uniformidade etc.) semelhantes às da coroa. 
 
 
 
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6.1.c. Muda produzida por cultura de tecido (“in vitro”) 
 É a muda obtida em laboratório, por meio de técnicas de cultura de tecidos, de 
excelente sanidade, porém de custo bem elevado e, por isso, de uso bastante restrito, 
todavia importante para a multiplicação rápida de novas variedades geradas em 
programas de melhoramento genético. 
 
Figura 6 – Mudas de abacaxi (plântulas) em formação no viveiro, produzidas 
a partir de pedaços do talo da planta. 
 
6.1.d. Outros tipos 
 Há, ainda, as mudas obtidas por métodos que, praticamente, não têm sido 
aplicados no Brasil, tais como o da destruição do meristema apical (“olho”) de 
abacaxizeiros com uma espátula apropriada, a fim de estimular a emissão precoce e 
mais numerosa de rebentões, e o do tratamento químico, que visa transformar flores em 
mudas, pela aplicação de fitorreguladores do grupo das morfactinas, logo após o 
tratamento de indução floral das plantas. Tais técnicas, desenvolvidas em outros países 
(Costa do Marfim, África do Sul, Austrália), para aumentar a disponibilidade de material 
de plantio da cultivar Smooth Cayenne, não foram adotadas no Brasil devido às suas 
limitações quanto à sanidade das mudas obtidas. As mesmas não oferecem a segurança 
desejada com relação ao controle da fusariose, doença praticamente brasileira e sem 
maior importância nos países acima citados. 
 
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6.2. Manejo de Mudas 
6.2.1. Convencionais 
 Uma muda de boa qualidade é a base para o sucesso do cultivo do abacaxi. Daí a 
importância da utilização de mudas de boa procedência, que sejam sadias (livres da 
fusariose e com baixa infestação de cochonilhas) e vigorosas, colhidas em plantios com 
boa sanidade, onde o número de plantas e frutos doentes tenha sido mínimo. As mudas, 
colhidas em plantas sadias, devem ser isentas de pragas, doenças e danos mecânicos, 
devendo-se descartar rigorosamente todas aquelas que apresentarem o menor sinal de 
goma ou resina (Figura7). 
 
Figura 7 – Muda de abacaxi com goma de fusariose. 
 
 Os tipos de mudas mais usados no Brasil são os filhotes ou mudas de cacho, que 
aparecem logo abaixo da base do fruto, e os rebentões, que brotam do talo da planta. 
Após a colheita dos frutos, as mudas do tipo filhote devem permanecer na planta-mãe 
para continuar o seu crescimento e atingir o tamanho adequado para plantio (mínimo de 
30 cm). Essa etapa é chamada de ceva, que pode ter a duração de dois a seis meses 
(Figura 8). 
 Para melhorar o vigor e a sanidade das mudas durante a ceva, sobretudo em 
culturas com plantas pouco vigorosas e com alta infestação de pragas, podem ser 
recomendadas as seguintes práticas culturais: continuação da irrigação, em plantios 
irrigados; pulverização com solução inseticida-acaricida para controlar cochonilhas e 
ácaros que atacam a cultura; adubação suplementar, via pulverização foliar, com uréia a 
3% e cloreto de potássio a 2%. 
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Figura 8 – Mudas do tipo filhote em fase de ceva. 
 
 Quando a maioria das mudas atingir o tamanho adequado para plantio, deve-se 
fazer a sua colheita. No caso das mudas do tipo filhote, corta-se o pedúnculo com todo o 
cacho, o que facilita o transporte e aumenta o rendimento do trabalho. Em seguida, os 
filhotes são retirados do cacho, fazendo-se, nesta ocasião, uma seleção preliminar. 
Eliminam-se todas as mudas doentes, com presença de goma, murchas e muito 
pequenas. Algumas vezes aparece na base da muda um fruto em miniatura, que deve 
ser arrancado nesta fase, para evitar que se constitua em foco de podridão da muda 
após o plantio. 
A colheita de mudas do tipo rebentão é mais difícil e mais exigente em mão-de-
obra, pois estão firmemente presos ao talo da planta-mãe, sendo necessário um puxão 
lateral antes de arrancá-los. 
 A etapa seguinte, chamada de cura, consiste na exposição das mudas ao sol, com 
a base virada para cima, durante três a dez dias. A cura visa cicatrizar a ferida que 
ocorre quando a muda é destacada da planta, além de diminuir a população de 
cochonilhas. A cura também elimina o excesso de umidade das mudas, reduzindo a 
ocorrência de podridões, sobretudo em períodos de clima úmido. Esta prática é feita 
colocando-se as mudas sobre as próprias plantas-mãe ou espalhando-as sobre o solo 
em local próximo ao do plantio, de preferência com a base voltada para cima (Figura 9). 
 
 
 
 
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Figura 9 – Mudas do tipo rebentão curando ao sol nas linhas de plantio. 
 
 As mudas curadas devem ser submetidas a uma seleção por tipo (separando-se 
filhotes de rebentões) e por faixas de tamanho (30 a 40 cm; 40 a 50 cm, 50 a 60 cm), 
para plantio em quadras separadas. Durante a seleção, deve ser efetuado um descarte 
rigoroso de mudas defeituosas (com podridão, exsudação de resina ou lesões 
mecânicas) ou com características diferentes do padrão da cultivar. Mudas contaminadas 
pela fusariose devem ser queimadas ou enterradas, visando à redução de focos dessa 
doença. Entretanto, mudas que possuem apenas folhas basais com seus bordos ou 
ápices secos não devem ser eliminadas, desde que o cartucho central de folhas esteja 
em perfeito estado. 
 Caso se observe alta infestação com cochonilhas, recomenda-se o tratamento das 
mudas por imersão, por três a cinco minutos, numa calda com inseticida-acaricida 
fosforado (ver os produtos relacionados para o tratamento de seções de talo, no capítulo 
16, Tabelas 10 e 11). Esse tratamento normalmente não é eficaz para o controle da 
fusariose em mudas, uma vez que quando doentes não podem ser recuperadas por meio 
da aplicação dos fungicidas disponíveis, por não terem efeito curativo. 
 No caso da cultivar Smooth Cayenne, que freqüentemente produz pequeno número 
de mudas do tipo filhote, os rebentões têm que ser aproveitados como material de 
plantio, tornando-se o seu manejo muito importante. Quando da colheita dos frutos, em 
geral apenas um percentual relativamente pequeno das plantas (inferior a 40%) 
apresenta um ou, raras vezes, dois rebentões em formação. Após esta fase, os 
rebentões continuam seu crescimento, atingindo tamanho adequado para plantio após 
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um período bastante variável, com duração de dois a dez meses. Pode-se uniformizar e 
acelerar a emissão e o desenvolvimento dos rebentões, fazendo-se um corte das plantas 
na base do pedúnculo (haste que sustenta o fruto e as mudas do tipo filhote), com facão 
ou roçadeira. Tal prática, feita após a colheita do fruto e das mudas do tipo filhote, 
facilita, ainda, a colheita dos rebentões. 
6.2.2. Mudas Sadias de Viveiros 
Este tipo de propagação do abacaxizeiro consiste na produção de mudas 
(plântulas) pelo desenvolvimento de gemas existentes nas axilas das folhas, inseridas 
no caule da planta. Quando o talo é cortado em pedaços, contendo uma ou mais gemas, 
e estes pedaços são cultivados em viveiros, as gemas brotam e crescem, formando 
novas plantas. O seccionamento do talo permite o exame visual das suas partes internas 
e, portanto, de possíveis pontos de infecção, o que viabiliza o descarte de todo o material 
afetado pela fusariose e outras podridões. Este é um aspecto fundamental de sucesso do 
referido processo. 
Esta técnica pode ser uma atividade bastante rentável e contribuir para a oferta de 
mudas de qualidade e sanidade excelentes ao longo de todo o ano, auxiliando no 
estabelecimento de viveiristas credenciados e fiscalizados, base para a produção e 
disponibilização de material de plantio de primeira qualidade, sendo fundamental para a 
produção de mudas sadias – livres, sobretudo da fusariose – destinadas a plantios em 
novas áreas e/ou regiões produtoras. 
O processo inicia-se com o arranquio das plantas matrizes, cortando-se em 
seguida, com facão bem amolado, a parte inferior do talo, onde se encontra o sistema 
radicular, bem como o pedúnculo e as folhas. A manutenção da bainha das folhas, 
porém, é benéfica à brotação das gemas axilares, devido à proteção contra a radiação 
solar excessiva. 
A época mais aconselhável para a obtenção do talo é logo após a colheita do 
fruto, quando a emissão dos rebentões se intensifica, e então qualquer atraso significará 
uma redução do vigor do talo e das gemas. Após o transporte dos talos para a área 
próxima ao viveiro, deve-se realizar, sem demora, o seccionamento dos mesmos em 
pedaços e discos, com uma guilhotina manual, similar à usada para cortar fumo de 
corda, ou com uma serra circular elétrica ou motorizada ou com facão. Inicialmente, com 
cortes transversais, elimina-se o restante da parte basal, coberta ainda com algumas 
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raízes, e da parte apical (Figura 10); em seguida, divide-se o talo (parte útil) em pedaços 
com cerca de 10 cm de comprimento (Figura 11). Essas seções transversais são 
cortadas longitudinalmente em quatro partes. No caso de se cortar o caule em discos, 
estes devem ter uma espessura de 2-3cm. 
 
Figura 10 – Talo de abacaxizeiro após corte das folhas e das raízes. Os pedaços 
do meio serão divididos para plantio. 
 
 
Figura 11 – Pedaços de talo cortados ao meio, sadio (esquerda) e doentes (direita). 
 
O tamanho dos pedaços do talo pode variar em função do grau de sofisticação 
das técnicas a serem aplicadas. Quanto menor as seções do caule, maiores deverão ser 
os cuidados. Pedaços muito pequenos só brotam bem em condições de casa de 
vegetação.Pedaços de comprimento muito grande reduzem bastante o rendimento de 
seções por caule, além de acentuar a dominância apical responsável pelo estado 
dormente da maioria das gemas, possibilitando geralmente a brotação de apenas uma a 
duas gemas por seção. Já pedaços pequenos apresentam taxas de brotação mais 
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baixas e um desenvolvimento vegetativo mais lento, aumentando o tempo necessário 
 
para a plântula alcançar o tamanho adequado para o plantio no local definitivo. É 
indispensável a presença de pelo menos uma gema vegetativa intumescida em cada 
seção do caule (Figura 12). 
 
Figura 12 – Pedaço do talo com uma gema entumescida. 
Nessa operação, todo e qualquer pedaço de caule que apresentar sintomas 
extern
dão negra, os pedaços do caule, após o 
corte, 
 produtos mais utilizados no Brasil (registrados no Ministério de Agricultura - 
Agrofit
 
os e/ou internos de fusariose deve ser rigorosamente descartado (Figura 11). 
Recomenda-se desinfetar a guilhotina ou facão quando se verifica ter cortado talos 
doentes, para evitar contaminação dos demais. 
Face à gravidade da fusariose e da podri
devem ser imediatamente submetidos ao tratamento por imersão em solução 
aquosa de defensivos. Esta prática é importante, também, para o combate à cochonilha 
e ao ácaro que apresentam, muitas vezes, incidência elevada em plantas e mudas de 
abacaxi. 
Os
 1999) e suas respectivas concentrações recomendadas encontram-se nas 
Tabelas 7 a 11, para doenças e pragas, respectivamente. No tratamento de mudas 
predomina o uso dos fungicidas à base de benomyl, triadimefon e captan, e os 
inseticidas ou inseticidas/acaricidas à base de parathion metílico, diazinon e vamidothion. 
O tempo de imersão dos pedaços de talos deve ser de três a seis minutos. 
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O plantio dos pedaços é realizado em canteiros com dimensões funcionais para 
permitir uma fácil movimentação e execução dos tratos culturais, ou seja, largura de até 
1,20m; comprimento variável (20 a 30m, em média) e altura de 10 cm. Os canteiros 
devem estar próximos à fonte de água, evitando-se áreas infestadas com plantas 
daninhas de difícil controle e aquelas próximas de abacaxizais com alta incidência de 
pragas e doenças. O solo deve ser, preferencialmente, de textura leve (arenoso ou areno 
- argiloso) e bem drenado. 
Cerca de uma semana antes do plantio é aconselhável incorporar ao solo um 
adubo fosfatado (superfosfato simples, 10 g/m2) e aplicar um herbicida pré-emergente à 
base de diuron e/ou bromacil, na dose de 2 a 3 kg i.a./ha, devendo neste caso o solo 
estar úmido para aumentar a eficiência dos produtos. 
Os pedaços do caule podem ser plantados em posição vertical, enterrados em 
cerca de um terço da sua altura, em espaçamentos de 0,10 x 0,10 m, obtendo-se 
densidade de 100 pedaços/m2 de canteiro. O lado do pedaço com gemas deve ser 
voltado para o leste, evitando-se a incidência direta do sol quente da tarde sobre as 
mesmas. Os discos devem ser plantados em posição “deitada” (com um lado cortado 
para baixo de modo que as gemas sejam direcionadas para cima), enterrados em toda 
sua espessura. Quando o plantio é feito em períodos de alta insolação recomenda-se 
cobrir os canteiros, inclusive durante a brotação e o desenvolvimento inicial das gemas 
(1-3 meses). A cobertura pode ser feita a alturas de 50 a 100 cm, utilizando-se ripados 
rústicos cobertos por palhas disponíveis na propriedade, plástico, sombrite e outros 
materiais. 
Cada pedaço de caule possui uma reserva variável de acordo com o seu 
tamanho, que atende às necessidades nutricionais para a brotação das gemas axilares e 
crescimento inicial das plântulas. Dessa forma, o início da aplicação de nutrientes pós-
plantio pode variar em função do tamanho do pedaço utilizado, em geral ocorrendo 
quando as plântulas alcançam uma altura média de 4 a 5 cm, ou seja, normalmente 
cerca de seis a oito semanas após o plantio dos pedaços. Os adubos nitrogenados e 
potássicos são mais freqüentemente aplicados em pulverização foliar semanal ou 
quinzenal, predominando como fontes a uréia (N) e o sulfato de potássio (K2O), ambos 
nas concentrações de 0,20 a 1,00 % do produto comercial (p.c.). Adubos foliares 
completos (N-P-K + micronutrientes) também podem ser utilizados de acordo com as 
recomendações do fabricante, que correspondem, normalmente, às concentrações de 
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0,20 a 1,00% do p.c. Para reduzir o custo de aplicação, os adubos foliares podem ser 
pulverizados junto com os defensivos, atentando-se para a compatibilidade entre os 
produtos. 
Visando ao controle de doenças, sobretudo da podridão negra, bem como de 
pragas como a cochonilha e o ácaro, faz-se necessário o uso preventivo de defensivos 
nos canteiros de multiplicação. Recomenda-se a aplicação dos mesmos produtos, nas 
mesmas concentrações indicadas para o tratamento dos pedaços pré - plantio. As 
pulverizações são feitas em intervalos mensais (inseticidas) e semanais a quinzenais 
(fungicidas). O controle químico preventivo deve ser feito normalmente até a brotação 
das gemas e a formação inicial das plântulas (seis a oito semanas após o plantio). Em 
condições ambientais muito favoráveis à incidência das doenças fúngicas, as 
pulverizações devem continuar na fase de crescimento de mudas, o mesmo ocorrendo 
quando se observam infestações de cochonilhas e ácaro. 
Inspeções periódicas e regulares com intervalos semanais devem ser executadas 
nos viveiros, erradicando-se, por queima ou “enterrio”, todo e qualquer pedaço de caule 
e/ou muda eventualmente com sintomas de fusariose. 
O combate às plantas daninhas nos viveiros deve iniciar-se com a aplicação de 
herbicidas pré-emergentes, feita em solo úmido, dois a três dias antes do plantio dos 
pedaços de caule. Uma vez terminado o efeito residual do herbicida, ocorre a 
reinfestação do viveiro pelas plantas daninhas sem que se possa efetuar um novo 
controle químico por causa do seu efeito fitotóxico sobre as plântulas em formação. 
Portanto, as plantas daninhas devem ser erradicadas com capinas a enxada, nos 
caminhos entre canteiros, e mondas (catação manual) nos canteiros de propagação. 
Uma outra alternativa é a cobertura dos canteiros com um filme de polietileno negro, logo 
após a aplicação do herbicida pré-plantio. Os pedaços de caule são plantados em furos 
feitos na cobertura plástica, a qual praticamente elimina o desenvolvimento de plantas 
daninhas. 
O viveiro deve ser irrigado, fornecendo-se ao menos 80 mm de água por mês, 
incluindo-se as chuvas. Em viveiros pequenos, a água poderá ser suprida com regas 
manuais (regadores ou mangueiras), com freqüência diária nas primeiras seis semanas e 
de dois em dias a partir daí. Entretanto, em áreas maiores deve ser usada irrigação por 
aspersão. A molhação dos viveiros deve ser feita, preferencialmente, nas horas mais 
frescas do dia, sobretudo no período que antecede o pôr do sol. 
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30
 
Quando atingirem o tamanho adequado para o plantio no local definitivo (mínimo 
de 30 cm), as plântulas são arrancadas do solo, juntamente com o resto do pedaço de 
caule que, em seguida, deve ser eliminado (Figura 13). Solo umedecido e arenoso e o 
uso de pá de jardineiro facilitam a execução desta operação. Nessa ocasião, deve ser 
feito mais um exame visual rigoroso da sanidade das mudas, descartando aquelas com 
sintomas de fusariose. O plantiodas mudas no local definitivo deve ser feito o mais 
rápido possível, evitando-se que elas sofram desidratação. 
 
Figura 13 – Plântulas com os pedaços que lhes deu origem. 
 
O rendimento a produção de mudas sadias a partir de pedaços do caule do 
abacaxi é influenciado por diversos fatores, entre os quais se destacam a cultivar, o 
tamanho do pedaço, o desenvolvimento do caule e as práticas culturais aplicadas. 
A cv. Smooth Cayenne, por possuir um talo mais volumoso com maior número de 
gemas axilares, é geralmente mais produtiva do que a cv. Pérola. Nos estudos efetuados 
na Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas, Bahia, foram obtidas 5 a 8 
mudas/caule, com tamanho superior a 15 cm, aos 6 meses após o plantio dos pedaços 
do tipo 4 – 10 (talo cortado em 4 partes longitudinais, cada uma com 10 cm de 
comprimento) da cv. Smooth Cayenne, ao passo que no caso da cv. Pérola, nas mesmas 
condições, a produtividade foi de 3 a 4 mudas/caule. Quanto maior o pedaço, maior o 
número de plântulas obtidas por pedaço e, geralmente, menor o número de plântulas 
obtidas por caule. Cortando o caule em discos, o rendimento poderá ser de 4 a 8 
mudas/caule, mas as plântulas tendem a ter crescimento mais lento. 
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A produção de mudas sadias a partir de pedaços do caule da planta pode 
representar uma expressiva fonte adicional de renda para o abacaxicultor, sobretudo 
para aquele que tenha disponibilidade de talos vigorosos e água em quantidade e de boa 
qualidade na propriedade. Um hectare de viveiro com cerca de 500 a 550 mil pedaços 
plantados em espaçamento de 10 x 10 cm pode gerar de 400 a 450 mil mudas aptas 
para comercialização, num período de seis a dez meses após o plantio. Considerando-se 
preços normais de, pelo menos, R$ 40,00 por milheiro de mudas sadias, pode ser obtida 
uma renda bruta superior a R$ 17.000 por hectare e uma renda líquida superior a R$ 
7.000 por hectare de viveiro. Trata-se, no entanto, de atividade bastante exigente em 
insumos e mão-de-obra, sobretudo durante a fase de preparo e plantio dos canteiros 
(Tabela 3). 
 
Tabela 3 - Coeficientes técnicos para produção de mudas de abacaxi em 1 ha de 
viveiro. 
ESPECIFICAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE 
1. INSUMOS 
Plantas matrizes (talos) uma 110.000 
. Fertilizantes 
Superfosfato simples kg 58 
Uréia kg 18 
Sulfato de Potássio kg 18 
Adubo foliar (NPK + micro) litro 11 
. Defensivos 
Herbicida kg 4 
Inseticida-acaricida litro 16 
Fungicida kg 16 
Formicida kg 4 
2. PREPARO DOS CANTEIROS 
Aração h/tr 4 
Gradagem (2) h/tr 4 
Preparo das leiras H/d 38 
Aplicação de adubo fosfatado H/d 4 
Aplicação de herbicida H/d 2 
3. PLANTIO 
Obtenção e transporte dos talos H/d 185 
Seccionamento dos talos H/d 120 
Tratamento das seções de talo H/d 57 
Plantio das seções de talo H/d 95 
4. PRÁTICAS CULTURAIS 
Pulverizações (adubações e 
tratos fitossanitários) 
H/d 32 
Mondas e capinas H/d 115 
Irrigação H/d 75 
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5. OUTRAS DESPESAS 
Colheita das mudas H/d 70 
Transporte - 1% custo geral 
Rendimento (80 %) mudas sadias 450.000 
Dados baseados em trabalhos experimentais realizados no CNPMF, considerando-se o 
espaçamento de 0,10 x 0,10 m, canteiros de 25 m x 0,10 m e caminhos de 0,50 m de 
largura entre os canteiros. 
6.2.3. Mudas de Cultura de Tecidos 
 Visando aumentar e acelerar a taxa de multiplicação e, ao mesmo tempo, diminuir o 
potencial ou até mesmo evitar a disseminação de pragas e doenças via mudas 
convencionais, técnicas de cultura de tecidos têm sido empregadas para a propagação in 
vitro do abacaxizeiro. Em laboratório, num espaço físico reduzido e sob condições de 
temperatura e luminosidade controladas, pode-se produzir rapidamente grandes 
quantidades de mudas de abacaxizeiro, geneticamente uniformes e de excelente 
sanidade, sejam de cultivares recomendadas ou de novos híbridos gerados. 
 No entanto, apesar destas vantagens, dois aspectos devem ser considerados com 
respeito à produção destas mudas: o custo elevado e o surgimento de variações 
somaclonais. Efetivamente, o alto custo de produção permite apenas que os agricultores 
adquiriram matrizes, para posterior multiplicação de mudas. Quanto às variações 
somaclonais, ou seja, o surgimento de características indesejáveis que propiciam a 
formação de plantas anormais do abacaxizeiro, a mais freqüente é a presença de 
espinhos nas extremidades das folhas de variedades inermes. Entretanto, outras 
variações já foram encontradas, relacionadas com a forma, coloração, arquitetura e 
densidade das folhas, altura das plantas e peso e coloração dos frutos. A freqüência e 
distribuição dessas variações somaclonais parecem estar relacionadas com a variedade, 
fonte de explante, número de subcultivos e quantidades de reguladores de crescimento 
no meio de cultura. 
 Empregando-se a metodologia adequada e a depender da variedade, pode-se obter 
num período de 18 meses, a partir de uma planta, aproximadamente 50.000 mudas, 
enquanto seriam necessários 7 anos e 6 meses para se conseguir cerca de 32.000 
plantas, partindo-se também de uma planta que produza em média 8 mudas, mediante a 
propagação vegetativa tradicional. 
 
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7. PREPARO E CORREÇÃO DE ACIDEZ DO SOLO 
7.1. Preparo do solo 
 Um bom preparo do solo é fundamental para a cultura do abacaxi, visando 
favorecer o desenvolvimento e aprofundamento do sistema radicular da planta, 
normalmente limitado e superficial. Em áreas virgens, deve-se inicialmente remover a 
vegetação, mediante o desmatamento, roçagem, destoca, encoivaramento e queima. Em 
seguida, realizar a aração e gradagens nos dois sentidos do terreno, procurando atingir 
uma profundidade de 30 cm, para facilitar o desenvolvimento das raízes. Em função de 
dificuldades operacionais, alguns produtores, principalmente os pequenos, não fazem a 
destoca, o que dificulta os trabalhos subseqüentes do preparo do solo, instalação e 
condução da cultura. No entanto, vale ressaltar que, em diversos solos virgens é 
preferível não efetuar arações e gradagens, mantendo a estrutura natural do solo e 
procedendo ao plantio direto. 
 Em áreas já cultivadas, dispensa-se normalmente a destoca, mantendo-se as 
demais operações. No caso de áreas anteriormente plantadas com abacaxi, deve-se 
inicialmente proceder a eliminação dos restos culturais, mediante a sua incorporação ao 
solo após a decomposição parcial do material. Tal operação, normalmente trabalhosa, 
tem a vantagem de incorporar ao solo um grande volume de massa vegetal (60 a 100 
t/ha), restituindo ao mesmo nutrientes remanescentes na vegetação e contribuindo para 
melhorar o seu teor de matéria orgânica e as suas características físicas. Muitos 
produtores fazem a opção pura e simples pela queima dos restos culturais, por ser 
menos onerosa. Tal opção é tecnicamente apenas recomendável em áreas com histórico 
de elevada incidência de pragas e doenças. 
7.2. Calagem 
 Não obstante o reconhecimento do abacaxizeiro como planta acidófila, que prefere 
solos ácidos, existem situações em que a calagem se faz necessária para a cultura. É 
sempre recomendável, portanto, uma avaliação sobre a necessidade de calcário (NC), 
definida a partir da análise do solo, que deve ser providenciada antes do estabelecimento 
da cultura, de modo que a aplicação e incorporação do corretivo, se indicada, possa ser 
feita com uma antecedência de 30 a 90 dias em relação ao plantio. 
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 Há diversos laboratórios e instituições em todo o país que prestam serviços de 
análises de solo e, com base nos resultados obtidos, fazem recomendações de calagem 
e adubação para a cultura do abacaxi, a exemplo do Laboratório de Fertilidade do Solo 
da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA. 
 Se conveniente para o produtor, a aplicação e incorporação do corretivo 
recomendado podem ser feitas quando das operações de preparo do solo (antes das 
arações e/ou gradagens), o que contribui para melhor distribuição do material em 
profundidade. Deve-se dar preferência aos calcários dolomíticos, considerando a 
“avidez” do abacaxizeiro pelo magnésio. É muito comum, em algumas regiões, a 
ocorrência de sintomas foliares de deficiência de Mg (as folhas velhas se tornam 
amarelas, principalmente ao longo da parte central do limbo, permanecendo verde 
apenas as áreas sombreadas por folhas mais jovens). 
 A calagem em excesso pode elevar o pH do solo a valores acima da faixa mais 
adequada para a cultura (4,5 a 5,5), concorrendo para limitar a disponibilidade e a 
absorção de alguns micronutrientes, como zinco, cobre, ferro e manganês, e para 
favorecer o desenvolvimento de microorganismos prejudiciais à cultura, como fungos do 
gênero Phytophthora. 
 
8. PLANTIO E SISTEMAS DE CULTIVO 
 
8.1. Tipos de plantio 
 O plantio das mudas pode ser feito em covas (Figura 14), abertas com enxada ou 
enxadeta, ou em sulcos, dando-se preferência aos sulcos, quando se dispõe de sulcador. 
Após a abertura das covas ou sulcos, faz-se a distribuição das mudas para o plantio 
propriamente dito. A profundidade das covas ou sulcos e, portanto, do plantio deve 
corresponder, aproximadamente, à terça parte do comprimento da muda, tomando-se o 
cuidado de evitar que caia terra no “olho” da mesma. 
 
 
 
 
 
 
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Figura 14 – Plantio de abacaxi em covas. 
 
 O plantio deve ser efetuado em quadras, separadas de acordo com o tipo e 
tamanho das mudas, para facilitar os tratos culturais. No caso de se ter que plantar em 
terrenos de declive acentuado, deve-se usar curvas de nível e outras práticas de 
conservação do solo. 
 Quanto ao posicionamento do plantio, deve-se dar preferência à exposição leste, 
evitando-se a exposição oeste que favorece a ocorrência de queima solar nos frutos. 
 
8.2. Sistemas de Plantio e Espaçamentos/Densidades 
 Os espaçamentos utilizados na cultura do abacaxi variam bastante de acordo com a 
cultivar, o destino da produção, o nível de mecanização, o uso da irrigação e outros 
fatores. Altas densidades de plantio favorecem a obtenção de elevadas produtividades. 
Por outro lado, baixas densidades de plantio geralmente permitem a produção de maior 
percentagem de frutos grandes, os quais tem preços mais altos. Assim sendo, no Brasil 
as densidades de plantio variam, em geral, de 25 a 50 mil plantas/ha, sendo as de 30 a 
40 mil as mais freqüentes. 
 Os plantios podem ser estabelecidos em sistemas de filas simples ou duplas. Em 
geral, o plantio em filas duplas deve ser associado ao uso de herbicidas para o controle 
das plantas daninhas, uma vez que este sistema dificulta a capina manual entre as filas 
que compõem cada fila dupla. O plantio em filas duplas deve ser alternado (plantas 
descasadas), isto é, as plantas de uma fila colocadas na direção dos espaços vazios da 
outra fila (Figura 15). 
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X X X X 
 X X 
X X X X 
 X X 
X X X X 
 X X 
X X X X 
 X X 
X X X X 
 X X 
X X X X 
 X X 
X X X X 
 
Filas 
simples 
 Filas 
 duplas 
 
Figura 15- Sistemas de plantio em filas simples e filas duplas. 
 
 Os seguintes espaçamentos podem ser adotados: a) filas simples: 0,90 x 0,35 m 
(31.745 plantas/ha), 1,00 x 0,30 m (33.333 plantas/ha), 0,80 x 0,35 m (35.714 
plantas/ha), 0,90 x 30 m (37.030 plantas/ha), 0,80 x 0,30 m (41.660 plantas/ha). B) filas 
duplas: 1,00 x 0,40 x 0,40 m (35.714 plantas/ha), 1,00 x 0,40 x 0,35 m ( 40.816 
plantas/ha), 1,00 x 0,40 x 0,30 m (47.619 plantas/ha). Para a cv. Smooth Cayenne e 
plantios com irrigação recomendam-se as densidades mais altas. 
 De uma maneira geral, os plantios mais adensados tendem a proporcionar maiores 
produções por área, ainda que individualmente os frutos tendam a alcançar pesos 
médios menores. 
 
 8.3. Época 
 A escolha da melhor época de plantio é crucial para o cultivo de abacaxi de 
sequeiro. A época mais indicada é, em geral, o período de final da estação seca e início 
da estação chuvosa. Isto corresponde ao período de janeiro a maio em regiões com 
chuvas de inverno, a exemplo dos tabuleiros costeiros do Nordeste e Sudeste do Brasil, 
e ao período de outubro a dezembro na região do Cerrado brasileiro. No entanto, em 
plantios efetuados no segundo semestre do ano, deve-se atentar para executar o 
tratamento de indução floral antes do mês de junho do ano seguinte, para evitar a 
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ocorrência da floração natural precoce em altas percentagens de plantas e a colheita dos 
frutos em período de elevada oferta e, portanto, baixos preços (final de novembro a 
meados de janeiro). A prática e a experiência local de cultivo de abacaxi são importantes 
para definir as melhores épocas de plantio em cada região, contribuindo para a produção 
de frutos nas épocas com condições de mercado mais favoráveis. Não se deve esquecer 
que, a disponibilidade de mudas local é outro fator relevante na escolha da época de 
plantio. 
 Como a disponibilidade de umidade no solo que favorece o estabelecimento do 
sistema radicular e, portanto, o crescimento inicial mais rápido das plantas, não é fator 
limitante para a cultura irrigada, nestas condições o plantio do abacaxi pode ser feito 
durante todo o ano, a depender da disponibilidade de mudas e da época em que se 
deseja colher o fruto. Deve-se evitar, porém, os períodos de chuvas muito intensas, que 
dificultam trabalhar o solo e podem propiciar incidência de doenças. 
 
 8.4. Consorciação de Culturas com o Abacaxizeiro 
 A consorciação do abacaxi com outras culturas é uma opção viável, sobretudo, para 
pequenos agricultores, que façam uso muito limitado da mecanização na propriedade, e 
que tenham interesse em ter uma produção adicional visando subsistência ou o 
mercado. No entanto, as culturas consortes devem ser de baixo porte para evitar o 
sombreamento excessivo do abacaxi, ter ciclo curto, não superior a 120 dias, e devem 
ser cultivadas nas entrelinhas, de preferência em filas alternadas e apenas na fase inicial 
do ciclo do abacaxizeiro, restrita aos primeiros três a cinco meses. Feijão Phaseolus, 
feijão Vigna e amendoim são algumas culturas adequadas ao consórcio com abacaxi. 
 Por outro lado, o plantio do abacaxi nas entrelinhas de pomares de citros, manga, 
coco, abacate, guaraná, cupuaçu e de outras fruteiras de porte arbóreo, de ciclo longo ou 
perene, é uma boa opção para a exploração mais intensiva da terra disponível, servindo 
para custear a instalação da cultura principal. Um cuidado importante neste tipo de 
consórcio é manter uma distância adequada entre as fruteiras perenes e as linhas 
adjacentes do abacaxi, a qual não deve ser inferior a 1,50 m no caso da laranjeira. Além 
disso, o manejo do abacaxi tem que seguir as recomendações técnicas para esta cultura, 
inclusive em relação ao suprimento de águaajustado à cultura no caso de seu cultivo em 
consórcio com irrigação. 
 
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9. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS 
 
 Planta de crescimento lento e de sistema radicular superficial, o abacaxizeiro 
ressente-se bastante da concorrência de plantas daninhas, que contribuem para atrasar 
o desenvolvimento da cultura e reduzir sua produção. Por isso, recomenda-se manter a 
cultura sempre no limpo, principalmente nos primeiros cinco a seis meses após o plantio. 
 As plantas daninhas devem ser controladas por meio de capinas manuais (enxada), 
o método mais comum, ou de herbicidas. Uma outra alternativa, ainda pouco empregada, 
é a cobertura morta (“mulch”). Desde que disponível na propriedade ou na região, a 
palha seca de diversos produtos (milho, feijão, capins etc.) ou os restos culturais (folhas) 
do próprio abacaxi, devem ser uniformemente distribuídos sobre a superfície do solo, 
sobretudo nas linhas de plantio. Esta cobertura morta, além de reduzir o aparecimento de 
plantas daninhas, minimiza a erosão, diminui a perda de nutrientes por lixiviação, 
aumenta o teor de matéria orgânica e conserva a umidade do solo, evitando ou 
reduzindo as perdas por evaporação. 
 Dependendo da intensidade de infestação e do tipo de plantas daninhas, são 
necessárias de oito a doze capinas manuais, durante o ciclo da cultura, o que exige 
bastante mão-de-obra. Durante as capinas manuais e logo após as adubações, deve-se 
chegar terra às plantas (amontoa), o que ajuda a sustentá-las e aumentar a área de 
absorção de nutrientes. Evitar que caia terra no “olho” das plantas. 
 O controle de plantas daninhas com herbicidas é boa alternativa, especialmente em 
plantios grandes e períodos chuvosos, quando o mato cresce rapidamente, além de 
exigir menos mão-de-obra. Entretanto, a aplicação tem que ser feita com cuidado para 
evitar que o abacaxizeiro sofra os eventuais efeitos tóxicos dos produtos químicos. O 
pulverizador tem que ser calibrado para garantir a aplicação da dose correta de herbicida 
na área de plantio. Siga as instruções apresentadas no final deste capítulo e/ou procure 
o serviço de assistência técnica para a devida orientação. 
 Os herbicidas indicados para a cultura do abacaxi são fitotóxicos para outras 
culturas, a exemplo do feijão, o que impossibilita o seu uso em plantios consorciados. Os 
herbicidas mais usados, com suas respectivas formulações e doses, são apresentados 
na Tabela 4. 
 
 
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Tabela 4 - Principais herbicidas usados na cultura do abacaxi. 
 
Nome Comercial 
 
Nome Químico 
 
Formulação 
Dose* 
(kg ou litros 
do p.c. por 
ha) 
Karmex 800 ou 
similar** 
Diuron PM 80 % 2,0 - 4,0 
 
Karmex 500 SC ou 
similar 
Diuron SC 50 % 3,2 - 6,4 
 
Krovar ou similar Diuron + 
Bromacil 
PM 80 % 2,0 - 4,0 
 
Top Z SC 500 ou 
similar 
Ametryn + 
Simazine 
SC 50 % 4,0 - 8,0 
 
Gesapax 500 ou 
similar 
Ametryn SC 50 % 4,0 - 6,0 
 
Gesatop 800 ou 
similar 
Simazine PM 80 % 2,5 - 5,0 
 
Herbazin 500 BR ou 
similar 
Simazine SC 50 % 4,0 - 8,0 
 
* Usar as doses baixas em solos arenosos e as mais altas em solos argilosos ou com alto 
teor de matéria orgânica. Quando as aplicações se restringem às entrelinhas, as doses 
têm que ser reduzidas proporcionalmente à redução da área coberta pelo herbicida (em 
geral, cerca de 50 % da área total). 
** Para cada princípio ativo (nome químico) mencionado nesta relação existem, na maioria 
dos casos, vários produtos e formulações no mercado, não havendo preferência na 
recomendação para algum deles. 
 
Alguns cuidados adicionais devem ser observados ao usar tais herbicidas: 
1. Não usar quantidades totais de herbicidas (princípio ativo) acima dos seguintes 
valores: 7,2 kg/ha/ano de Diuron + Bromacil; 10 kg/ha/ano de Ametryn, Simazine, 
Ametryn + Simazine. Doses acima destes valores podem causar danos aos solos. 
2. Aplicar os herbicidas preferentemente em pré-emergência (em solo limpo) ou, no mais 
tardar, em pós-emergência precoce (com o mato em fase inicial de desenvolvimento), 
sempre em pulverização uniforme sobre o solo úmido, utilizando-se 500 a 1.000 litros da 
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calda por hectare. Usar bicos em leque (por exemplo, bicos Teejet 80.02 a 80.04), 
mantidos a 30 - 50 cm de altura do solo. Quando da aplicação em pós-emergência, 
adicionar um espalhante-adesivo à calda. 
3. A primeira aplicação de herbicida deve ser feita logo após o plantio, em área total. 
Aplicações posteriores devem ser dirigidas às entrelinhas, evitando-se atingir a roseta 
foliar central das plantas. O número total de aplicações não deve passar de três durante 
o primeiro ciclo da cultura. Uma aplicação correta de herbicida pode controlar o mato por 
dois a quatro meses, facilitando, ainda, as capinas posteriores. 
4. Aguardar por um período de dois a três dias para novas irrigações após a aplicação 
dos herbicidas. 
5. Em áreas infestadas por plantas daninhas de difícil controle (tiririca, capim sapé, 
grama-seda etc.) recomenda-se a aplicação de herbicida à base de glifosate, 3 a 6 litros 
do pc./ha, sobre as plantas daninhas, uma a duas semanas antes do preparo do solo. 
6. Mesmo que a opção seja pelo controle químico do mato, capinas manuais 
complementares são necessárias, visando limpar o solo para as aplicações de herbicida, 
a cobertura de adubos e a amontoa. 
7. O equipamento para distribuição do herbicida tem que ser calibrado antes de cada 
aplicação. A seguir, os passos básicos para a calibração de pulverizador costal e de 
pulverizador tratorizado, assim como alguns cuidados na manutenção de pulverizadores. 
 
9.1. Calibração de pulverizadores 
 A calibração de pulverizadores terrestres consiste no ajuste correto do equipamento 
para regular a descarga do herbicida a um nível constante, uniforme e na quantidade 
desejada. 
Passos a seguir para a calibração de um pulverizador costal: 
9 Marcar 50 metros na área onde será realizada a aplicação. 
9 Determinar a largura da faixa de cobertura do bico. 
9 Colocar uma quantidade conhecida de água no pulverizador. 
9 Bombear até obter uma pressão de trabalho desejada. 
9 Procurar manter a pressão e efetuar a aplicação a um passo normal. 
9 Determinar, por diferença, a quantidade de água gasta. 
9 Repetir, pelo menos três vezes, o mesmo processo, para obter uma média. 
9 Calcular a descarga por hectare pela fórmula: 
FRUTAL’2003 
- COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - 
ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 
41
 
água gasta em litros x 10.000 m2 
litros/hectare = -------------------------------------------------- 
área aplicada em m2 
 
10. ASPECTOS GERAIS DA ADUBAÇÃO 
 
10.1. Análise Química do Solo e Recomendação de Adubos 
 A utilização de adubos na cultura do abacaxi constitui uma prática quase que 
obrigatória, nos plantios com fins comerciais, devido ao elevado grau de exigência da 
planta. No entanto, uma parte das necessidades nutricionais da planta pode ser suprida 
pelo próprio solo. Esta contribuição do próprio solo para a nutrição da planta só pode ser 
adequadamente determinada mediante a análise do solo da área destinada ao plantio, a 
qual fornece informações valiosas para a orientação do programa de adubação. 
Lembrando a orientação contida no tópico sobre correção de acidez, as amostras de solo 
devem ser coletadas e enviadas ao laboratório antes da implantação da cultura. 
 Além das exigências nutricionais da planta e da capacidade de suprimento

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