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ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO GETÚLIO AUGUSTO PINTO DA CUNHA 10ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 01 a 04 de setembro de 2003 – Centro de Convenções Fortaleza – Ceará – Brasil Copyright FRUTAL 2003 Exemplares desta publicação podem ser solicitados à: Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria – Frutal Av. Barão de Studart, 2360 / sl: 1305 – Dionísio Torres Fortaleza – CE CEP: 60.120-002 E-mail: geral@frutal.org.br Site: www.frutal.org.br Tiragem: 150 exemplares EDITOR INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DA FRUTICULTURA E AGROINDÚSTRIA – FRUTAL DIAGRAMAÇÃO E MONTAGEM PEDRO MOTA RUA: HENRIQUE CALS, 85 – BOM SUCESSO – FONE: (85): 484.4328 Os conteúdos dos artigos científicos publicados nestes anais são de autorização e responsabilidade dos respectivos autores. Ficha catalográfica: Cunha, Getúlio Augusto Pinto da. Abacaxi: manejo cultural e mercado / Getúlio Augusto Pinto da. – Fortaleza: Instituto Frutal, 2003. 127 p. 1.Abacaxi – Cultivo. 2. Fruticultura. I. Título. CDD 634.774 10ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 01 a 04 de setembro de 2003 – Centro de Convenções Fortaleza – Ceará – Brasil APRESENTAÇÃO A nossa FRUTAL chega a sua 10ª edição e com ela atingimos a marca aproximada de 10.000 pessoas capacitadas nos Cursos Técnicos que anualmente oferecemos. Várias pessoas têm participado dos Cursos da FRUTAL, destacando- se produtores, empresários, pesquisadores, estudantes, além do público geral visitante que, mesmo sendo de outro ramo de atividade, passou a acreditar na fruticultura irrigada estimulados pelo nosso movimento, que tem feito o Ceará se destacar em nível do cenário nacional no Agronegócio da Agricultura Irrigada. Procurando deixar registrado todo o conteúdo técnico dos Cursos da FRUTAL, temos anualmente editado apostilas como esta, com o conteúdo de cada tema que são cuidadosamente selecionados para cada FRUTAL, com uma média de 10 Cursos por edição. A escolha dos temas para os Cursos da FRUTAL se baseia nas sugestões obtidas das Avaliações realizadas com os próprios participantes, acrescida de temas de vanguarda como o Curso “Produção Integrada de Frutas” que estamos promovendo nesta edição. Toda a Programação Técnica da FRUTAL está direcionada para o tema central que este ano foi eleito “Cooperativismo e Agronegócio”, tema este em consonância com a atual política do governo federal. Na sua composição temos Cursos, Palestras Técnicas, Painéis, Seminários Setoriais, Fóruns e Eventos Paralelos variados, que é referendada por uma Comissão Técnico-Científica formada por ilustres e competentes representantes dos principais Órgãos, Instituições e Entidades ligados ao setor do Agronegócio da Agricultura Irrigada do Ceará, cujas contribuições têm sido essenciais para a qualidade e nível que atingimos. Nesta edição a comunidade científica terá uma programação especial. Acontecerá pela primeira vez no Nordeste e terceira vez no Brasil, já em sua 49ª edição, a Reunião Anual da Sociedade Interamericana de Horticultura Tropical, evento que deverá trazer para o ambiente da FRUTAL cerca de 600 pesquisadores, que apresentarão os mais recentes resultados de trabalhos de pesquisa na área de Fruticultura, Floricultura e Horticultura. Vale ressaltar também neste momento a credibilidade que os Patrocinadores tem da FRUTAL, principalmente da iniciativa privada que cada ano tem tido maior participação, sendo este um veredicto de nossa intenção de estimular, incrementar e consolidar a FRUTAL como uma Feira tipicamente de negócios. Portanto, esperamos com a edição desta Apostila estar contribuindo para o aprimoramento tecnológico do setor da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria do Brasil e em especial do Estado do Ceará. Antonio Erildo Lemos Pontes Coordenador Técnico do Instituto Frutal Diretor Técnico do Instituto Frutal 10ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 01 a 04 de setembro de 2003 – Centro de Convenções Fortaleza – Ceará – Brasil COMISSÃO EXECUTIVA DA FRUTAL 2003 Euvaldo Bringel Olinda PRESIDENTE DA FRUTAL Idealizador da Frutal, Empresário, Engenheiro Pós-Graduado em Administração e Negócios. Presidente do SINDIFRUTA e da Frutal, Ex-diretor da PROFRUTAS – Associação dos Produtores e Exportadores de Frutas do Nordeste e do IBRAF – Instituto Brasileiro de Fruticultura e das Federações FAEC e FACIC. Afonso Batista de Aquino COORDENADOR GERAL DA FRUTAL Engenheiro Agrônomo, Pós-graduado em Nutrição de Plantas, com especialização em Extensão Rural e Marketing em Israel e Espanha. Diretor Geral do Instituto Frutal e Coordenador Geral da Frutal desde 1998. Antonio Erildo Lemos Pontes COORDENADOR TÉCNICO Engenheiro Agrônomo com vasta experiência de trabalho voltado para Fruticultura Irrigada, Especializado em Israel em Agricultura Irrigada por Sistema Pressurizado, Membro Efetivo do IBGE/GCEA do Ceará, Consultor do SEBRAE- CE na Área de Agronegócios da Fruticultura, Coordenador Titular do Nordeste no Fórum Nacional de Conselhos de Consumidores de Energia Elétrica e Coordenador Técnico da Frutal desde sua primeira edição em 1994. 10ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 01 a 04 de setembro de 2003 – Centro de Convenções Fortaleza – Ceará – Brasil COMISSÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA DA FRUTAL 2003 Afonso Batista de Aquino INSTITUTO FRUTAL Ana Luiza Franco Costa Lima SETUR Antonio Belfort B. Cavalcante INSTITUTO CENTEC Antonio Erildo Lemos Pontes INSTITUTO FRUTAL Antonio Vieira de Moura SEBRAE/CE César Augusto Monteiro Sobral AEAC Cézar Wilson Martins da Rocha DFA/CE Daniele Souza Veras AGRIPEC Ebenézer de Oliveira Silva EMBRAPA Egberto Targino Bonfim EMATERCE Enid Câmara PRÁTICA EVENTOS Euvaldo Bringel Olinda INSTITUTO FRUTAL Francisco Eduardo Costa Magalhães BANCO DO BRASIL Francisco José Menezes Batista SRH Francisco Marcus Lima Bezerra UFC/CCA Francisco Zuza de Oliveira SEAGRI/CE João Nicédio Alves Nogueira OCEC/SESCOOP José Carlos Alves de Sousa COOPANEI José de Souza Paz SEAGRI/CE José dos Santos Sobrinho FAEC/SENAR José Ismar Girão Parente SECITECE José Maria Freire SEAGRI/CE Joviniano Silva DFA/CE Jussara Maria Bisol Menezes FIEC Leão Humberto Montezuma Santiago Filho DNOCS Liliane Nogueira Melo Lima SEAGRI/CE Marcílio Freitas Nunes CEASA/CE Maria do Carmo Silveira Gomes Coelho BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A -BNB Paulo de Tarso Meyer Ferreira CREA-CE Raimundo Nonato Távora Costa UFC/CCA Raimundo Reginaldo Braga Lobo SEBRAE/CE Regolo Jannuzzi Cecchettini INSTITUTO AGROPÓLOS DO CEARÁ Rui Cezar Xavier de Lima INCRA/CE 10ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 01 a 04 de setembro de 2003 – Centro de Convenções Fortaleza – Ceará – Brasil SUMÁRIO 1. ASPECTOS GERAIS.............................................................................................7 2. ABACAXI NO BRASIL E NO MUNDO...................................................................7 3. A PLANTA E O SEU CICLO PRODUTIVO...........................................................10 4. VARIEDADES OU CULTIVARES..........................................................................13 5. ASPECTOS AGROCLIMÁTICOS E DE SOLO..................................................... 18 6. PRODUÇÃO E MANEJO MUDAS.........................................................................20 7. PREPARO DO SOLO E CORREÇÃO DE ACIDEZ...............................................348. PLANTIO E SISTEMAS DE CULTIVO.................................................................. 31 9. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS................................................................35 10. ASPECTOS GERAIS DE ADUBAÇÃO............................................................... 42 11. IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO.......................................................................47 12. MANEJO DA FLORAÇÃO...................................................................................58 13. DOENÇAS E SEU CONTROLE.......................................................................... 63 14. NEMATÓIDES E SEU CONTROLE.................................................................... 72 15. PRAGAS E SEU CONTROLE............................................................................. 76 16. MURCHA ASSOCIADA À COCHONILHA...........................................................84 17. DESBASTE DE MUDAS......................................................................................88 18. MATURAÇÃO DO FRUTO E COLHEITA............................................................89 19. SELEÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, EMBALAGEM E TRANSPORTE....................... 92 20. MANEJO DA SOCA (SEGUNDO CICLO) .......................................................... 93 21. COMERCIALIZAÇÃO..........................................................................................95 22. RENDIMENTOS, CUSTOS E RECEITAS........................................................... 100 23. CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA PARA A ABACAXICULTURA........................ 103 24. CONSIDERAÇÔES FINAIS.................................................................................110 25. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 111 26. ANEXO................................................................................................................115 27. CURRÍCULO DO INSTRUTOR............................................................................128 10ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA 01 a 04 de setembro de 2003 – Centro de Convenções Fortaleza – Ceará – Brasil 1. ASPECTOS GERAIS O abacaxizeiro é cultivado em mais de 60 países e o seu fruto um dos mais consumidos por suas qualidades sensoriais. No Brasil, é a terceira fruteira tropical mais plantada, sendo encontrado em, praticamente, todos os Estados da Federação, onde tem experimentado expressivos aumentos, tornando o País o terceiro maior produtor mundial dessa fruta. A produtividade nacional de abacaxi também aumentou de modo considerável, desde que se passou a investir mais em pesquisa agrícola e transferência de tecnologia, saindo de apenas 8.800 frutos ha-1, em 1970, para cerca de 24.000 frutos ha-1, em 2002, o que representa 277% de aumento da produção e corresponde a 33,6 t ha-1, se o peso médio do fruto for considerado de 1,4 kg. Este desempenho está acima da média dos principais países produtores mundiais de abacaxi. Para isso, têm contribuído o aumento da área plantada e as tecnologias geradas e adaptadas pela pesquisa, com destaque para as da Embrapa. Porém, produtividades de 40 a 60 t ha-1 têm sido atingidas por agricultores brasileiros e estrangeiros, que utilizam tecnologias mais desenvolvidas. Isso é um indicador potencial de crescimento da produtividade brasileira, do que depende, dentre outros aspectos, de um melhor treinamento dos técnicos e agricultores nacionais, na sua maioria pequenos produtores. A cultura do abacaxi destaca-se, dentre outros aspectos, também por oferecer um número significativo de empregos no meio rural, estimando-se a ocupação de mais de um homem para cada hectare cultivado, além da mão de obra usada nas etapas de pós- colheita, distribuição, comercialização e industrialização de produtos de abacaxi, destinados tanto para o mercado interno como para a exportação. 2. ABACAXI NO BRASIL E NO MUNDO A produção mundial de abacaxi em 2002 (FAO) foi de 14,0 milhões de toneladas (Tabela 1), sendo Tailândia, Filipinas, Brasil, Índia, China e Nigéria, nesta ordem, os principais países produtores. De acordo com esta produção, o abacaxi fica em nono lugar entre todas as frutas produzidas e em quarto lugar entre as frutas tropicais, vindo logo atrás da banana, do côco e da manga, tendo o Brasil contribuído com 1.468.890 toneladas (Tabela 1), cerca de 11% da produção mundial de abacaxi e 4,3% da FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 7 produção brasileira de frutas (IBGE, 2003). A produção brasileira em 2001 correspondeu a 1.430.018 frutos, colhidos numa área de 62.597 hectares (Tabela 2). Conforme comentado anteriormente, abacaxizeiro é cultivado em todos os estados brasileiros, em escalas muito variáveis, sendo que, na década de 90, a área colhida e a produção cresceram bastante, inclusive com a cultura expandindo-se para novas regiões, em especial o Norte do país, onde os Estados do Pará e Tocantins assumiram posição de destaque. No ano de 2001, os maiores produtores de abacaxi foram Minas Gerais, Paraíba, Pará, Bahia e São Paulo (Tabela 2) que, juntos, responderam por 70% da produção nacional e 68% da área colhida. A região Nordeste produziu 767 milhões de frutos de abacaxi, o que representou 53,7% da produção nacional, vindo em seguida o Sudeste (36,4%) e o Norte (18,5%) (Tabela 2). Tabela 1 – Produção, área colhida e rendimento de abacaxi no mundo, continentes e principais países produtores (FAO, 2002). Produção mundial de abacaxi em 2002 Continentes Área (ha) Produção (t) Rendimento (t ha-1) Ásia 385.966 7.099.338 18,39 África 208.265 2.252.629 10,82 Américas 160.562 4.332.684 26,98 Oceania 4.285 163.836 38,23 Europa 160 2.000 12,50 Mundo 768.009 14.076.031 18,327 Países Área (ha) Produção (t) Rendimento(t ha-1) Tailândia 88.393 1.978.822 22,38 Filipinas 46.000 1.700.000 36,95 Brasil 60.420 1.468.890 24,31 India 80.000 1.100.000 13,75 China 52.000 950.000 18,26 Nigéria 115.000 881.000 7,66 As perdas pós-colheita da fruticultura no Brasil são bastante elevadas, sendo a de abacaxi estimada em 30%, mas em primeiro lugar estão banana e mamão com 40%. A determinação do ponto de colheita/maturação e a manipulação do fruto precisam ser melhorados. Espera-se que, com o estabelecimento das normas de padronização e FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 8 classificação de frutas, esses problemas sejam sanados. No entanto, em termos de eficiência relativa (valor da produção por hectare), o abacaxi ocupa o segundo lugar, precedido pela uva e seguido pelo mamão. Já os problemas extra culturais são os mesmos que afetam a fruticultura brasileira: embalagem e infra-estrutura inadequadas (estradas, transporte, sistema de refrigeração etc.), intermediários desnecessários. Tabela 2 – Produção, área colhida e rendimento de abacaxi no Brasil em 2001. Estados Área (ha) Produção Rendimento (mil frutos) (frutos/ha) Minas Gerais 13.977 369.622 26.445 Paraíba 10.444 299.404 28.668 Pará 10.424 208.974 20.047 Bahia 4.934 118.940 24.106 São Paulo 2.720 65.120 23.941 Rio de Janeiro 1.919 57.274 29.846 Rio Grande do Norte 1.994 52.724 26.441 Goiás 2.298 49.599 21.584 Maranhão 2.068 42.912 20.750 Tocantins 1.564 34.792 22.246 Espírito Santo 1.970 29.050 14.746 Pernambuco 1.005 19.357 19.261 Alagoas 1.027 19.303 18.796 Mato Grosso 1.011 17.541 17.350 Amazonas 3.068 11.641 3.794 Paraná 295 7.542 25.566 Sergipe 282 5.962 21.142 Rondônia 245 4.578 18.686 Rio Grande do Sul 2844.152 14.620 Mato Grosso do Sul 230 4.129 17.952 Acre 245 2.572 10.498 Santa Catarina 109 1.544 14.165 Amapá 295 1.291 4.376 Distrito Federal 26 566 21.769 Ceará 19 542 28.526 Roraima 100 500 5.000 Piauí 44 387 8.795 BRASIL 62.597 1.430.018 22.845 Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2001. Consultado em 24/04/2003. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 9 Com relação à área colhida (Gráfico 1), nos últimos trinta anos, a cultura do abacaxi experimentou um comportamento inconstante, alternando períodos de crescimento com períodos de decréscimos, mas com uma tendência crescente desde 1995. De 1970 para 2002, houve um acréscimo de 87% na área plantada com a cultura, chegando a mais de 60 mil hectares. As oscilações de área plantada no período considerado são atribuídas a efeitos de alguns fatores ambientais (secas, geadas, excesso de chuva), de problemas fitossanitários (fusariose, cochonilha) e de oscilações do mercado (instabilidade, inclusive na área internacional), apesar dos resultados positivos alcançados pela pesquisa agrícola. Abacaxi 0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000 1400000 1600000 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2002 Ano P ro du çã o (m il fru to s) 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 Á re a co lh id a (h a) e re nd im en to (f ru to s/ ha ) PRODUÇÃO ÁREA COLHIDA RENDIMENTO Gráfico 1. Evolução de área colhida, produção e rendimento de abacaxi no Brasil. (Fonte: IBGE) O aumento da área plantada nos últimos cinco anos, representando mais de cinco mil hectares, tem sido associado ao maior consumo de frutas, principalmente após o plano de estabilização econômica. Este fato tem contribuído para uma maior disposição em cultivá-las, devido à crescente demanda nos mercados interno e externo. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 10 3. A PLANTA E O SEU CICLO PRODUTIVO 3.1. A planta O abacaxizeiro (Ananas comosus L., Merrill) é uma planta monocotiledônea, da família Bromeliácea, que possui, aproximadamente, 50 gêneros e 2.000 espécies. Algumas dessas espécies têm valor ornamental, outras produzem fibras para fabricação de material rústico (sacos, cordões), tecidos finos etc. A maioria dessas espécies é encontrada em condições naturais de regiões tropicais das Américas, sendo que apenas algumas são observadas em áreas de clima temperado. O abacaxizeiro é formado de um caule ou talo, curto e grosso, em torno do qual crescem folhas em forma de calha, estreitas e rígidas, em cujas bases podem ser encontradas raízes axilares. O sistema radicular é fasciculado (em forma de “cabeleira”), superficial e fibroso, encontrado, em geral, em profundidades de 0 a 30 cm e raramente a mais de 60 cm da superfície do solo. A planta adulta das variedades comerciais mede 1,00 a 1,20m de altura e 1,00 a 1,50 m de diâmetro. As folhas são classificadas, segundo seu formato e posição na planta, em A, B (grupo inferior – velhas e externas, já existentes na muda antes do plantio), C, D, E, F (grupo superior – novas e internas, produzidas após o plantio (Figura 1). A folha D é a mais jovem dentre as adultas e a fisiologicamente mais ativa de todas, sendo usada para se avaliar o crescimento e o estado nutricional da planta e, por isso, o seu conhecimento é muito importante para o manejo da cultura. Em geral, a folha D é a mais alta da planta, formando um ângulo de 45 graus entre o nível do solo e um eixo imaginário que passa pelo centro da roseta foliar, e apresenta os bordos da parte inferior perpendiculares à base, sendo assim fácil de ser arrancada da planta. O pedúnculo desenvolve-se a partir do caule, e é a parte da planta que sustenta a inflorescência e, posteriormente, o fruto. No pedúnculo encontram-se gemas axilares latentes de folhas modificadas que dão origem a rebentos laterais, usados como material propagativo. Na maturidade, do centro da roseta foliar emerge a inflorescência, formada por dezenas de flores individuais, inseridas em torno de um eixo, cada uma dando origem ao fruto verdadeiro do abacaxi, que é do tipo baga. Desse modo, o que o abacaxizeiro produz é uma infrutescência ou fruto composto ou múltiplo, denominado de sorose. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 11 Os rebentos laterais ou mudas, que constituem o material para novos plantios, desenvolvem-se a partir de gemas axilares localizadas no caule (chamados de rebentões) e no pedúnculo (que são os filhotes). A coroa que surge no topo do fruto é uma planta em miniatura, podendo ser considerada uma extensão do caule, e que também é usada como material de plantio. 3.2. Ciclo da planta O ciclo total da cultura do abacaxi pode ser de 12 a 30 meses, em função do manejo da cultura e do clima da região, e é dividido em três etapas. A primeira, a fase vegetativa ou de crescimento vegetativo (que corresponde ao período de formação de folhas e raízes), dura do plantio ao dia do tratamento de indução floral artificial (TIF) ou da iniciação floral natural (Figura 1). Esta fase tem duração variável, mas, em geral, corresponde de oito a 12 meses, ou um pouco mais, a depender da região. A segunda, denominada de fase reprodutiva ou de formação do fruto, tem duração bastante estável para cada região, sendo de cinco a seis meses. O primeiro ciclo completo da cultura pode durar, portanto, de 14 a 18 meses, na região tropical brasileira. Existe, ainda, uma terceira fase do ciclo, a de formação de mudas (filhotes e rebentões), que se sobrepõe, parcialmente, à segunda fase. Pode ser chamada de fase propagativa e tem duração variável de quatro a dez meses para mudas do tipo filhote, cuja formação se inicia no período pré-floração, e de dois a seis meses para mudas do tipo rebentão. Estas últimas dão origem ao segundo ciclo da planta, também conhecido como soca ou segunda safra. A soca também passa por três fases, sendo a primeira seis a sete meses mais curta do que a da primeira safra, o que determina um segundo ciclo com duração total de apenas 12 a 13 meses. Caso sejam dadas condições adequadas para o desenvolvimento dos rebentões da soca, poder-se-á obter uma terceira safra ou segunda soca e, assim, sucessivamente. No entanto, no Brasil e em várias outras regiões do mundo, do ponto de vista comercial, explora-se, normalmente, apenas um a dois ciclos da cultura do abacaxi. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 12 Figura 1 - Fases dos ciclos do abacaxizeiro (primeiro ciclo e soca). Etapa I – fase vegetativa Etapa II – reprodutiva Plantio -------------------------- TIF ----------------------------- Colheita (8 a 12 meses) 5 a 6 meses Etapa III – propagativa (6 a 10 meses) -- Filhotes em formação -- Material de Plantio (ceva) I II -- Rebentões -- SOCA –---- TIF ----- Colheita. 4. VARIEDADES OU CULTIVARES Todas as variedades de abacaxi de interesse comercial pertencem à espécie Ananas comosus (L.) Merrill. No Brasil, especialmente na Região Amazônica, diversas cultivares de abacaxi são plantadas em pequena escala para o consumo e comercialização locais. Estima-se que cerca de 70% da produção mundial de abacaxi têm por base frutos da cultivar Smooth Cayenne (Caiena lisa), que foi coletada próxima à cidade deCayenne e levada para o Havaí, onde foi melhorada. Essa variedade também é cultivada no Brasil, principalmente em Minas Gerais e São Paulo, mas no país predomina a cultivar Pérola, de origem nacional, ocupando mais de 80% da área cultivada. Na escolha de uma cultivar de abacaxi para a implantação de plantios comerciais, o agricultor deve considerar a disponibilidade e qualidade das mudas e o destino da produção. Para o mercado interno, consumo ao natural e indústria de suco pode optar-se pela cultivar Pérola. Quando a produção se destina ao mercado externo e indústria de compota, a ‘Smooth Cayenne’ é mais apropriada. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 13 4.1. Principais Cultivares Usadas No Brasil 4.1.1. ‘Smooth Cayenne’ Conhecida popularmente como abacaxi havaiano ou “ananás”, é a cultivar mais plantada no mundo, tanto em termos de área, quanto de faixa de latitude, sendo considerada, atualmente, a rainha das cultivares de abacaxi, porque possui muitas características favoráveis. É uma planta robusta (Figura 2), de porte semi-ereto cujas folhas não apresentam espinhos, a não ser alguns encontrados nas extremidades dos bordos da folha. O fruto é atraente, tem forma ligeiramente cilíndrica, pesando geralmente de 1,5 a 2,5 kg, com casca de cor amarelo-alaranjada quando maduro, polpa amarela rica em açúcares (13 a 19º Brix) e de acidez maior do que a de outras cultivares. Essas características a tornam adequada para a industrialização e exportação como fruta fresca. A coroa é relativamente pequena e a planta produz poucas mudas do tipo filhote. Em condições de clima úmido e quente produz fruto frágil para transporte e processamento industrial. É bastante suscetível à murcha associada à cochonilha (Dysmicoccus brevipes) e à fusariose (Fusarium subglutinans). Foi introduzida no Brasil, em São Paulo, na década de 30 e, posteriormente, difundida para outros estados, como Paraíba, Minas Gerais, Espirito Santo, Goiás e Bahia, onde a partir da década de 60, também assumiu crescente importância econômica. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 14 Figura 2 – Fruto e parte superior da planta de abacaxi cv. Smooth Cayenne (Caiena Lisa, Havaiano). 4.1.2. ‘Pérola’ É a cultivar mais plantada no Brasil, onde também é conhecida como ‘Pernambuco’ ou ‘Branco de Pernambuco’. A planta apresenta porte ereto, é vigorosa, tem folhas longas, com espinhos nos bordos (Figura 3), e pedúnculo longo (em torno de 30cm). Produz muitos filhotes (cinco a 15), presos ao pedúnculo e próximos da base do fruto, que apresenta forma cônica, casca amarelada (quando maduro), polpa branca, alto teor de suco, sólidos solúveis totais de 14 a 16ºBrix e baixa acidez, bastante agradável ao paladar do consumidor brasileiro. O fruto pesa, em geral, de 1,0 kg a 1,5 kg, possui coroa grande e, apesar de suas características sensoriais agradáveis, tem sido pouco utilizado para industrialização e exportação “in natura”. Apresenta tolerância à murcha associada à cochonilha Dysmicoccus brevipes e é suscetível à fusariose, doença causada pelo fungo Fusarium subglutinans. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 15 Figura 3 – Fruto e mudas do tipo filhote de abacaxizeiro ‘Pérola’. 4.2. Outras Cultivares Várias cultivares de abacaxi são plantadas em pequena escala para atender alguns mercados locais e regionais. As mais conhecidas no Brasil são: ‘Jupi’, ‘Boituva’, ‘Quinari’, ‘Rondon’. A cultivar Jupi (Figura 4) assemelha-se à ‘Pérola’, da qual difere apenas pelo formato cilíndrico do fruto. Em plantios comerciais do Nordeste é comum o ‘Jupi’ aparecer misturado ao ‘Pérola’ em algumas lavouras, sendo mais conhecido na Paraíba e Pernambuco. Está sendo difundido em Tocantins, Goiás e Brasília, devido os agricultores e consumidores estarem preferindo frutos de forma cilíndrica. Há cerca de três anos atrás foi lançada pelo Instituto Agronômico de Campinas a variedade Gomo de Mel, de alto teor de açucares, mas pequena e de aparência pouco atrativa, o que deverá dificultar a sua aceitação nos mercados. A característica principal dessa variedade é que os frutilhos são facilmente destacáveis. Em outros países (África do Sul, Austrália, Costa Rica, Porto Rico, Cuba), são cultivadas outras variedades, tais como: Natal Queen, Espanhola Hoja, Cabezona, MD-2, Singapore Canning etc. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 16 Figura 4 – Plantas de abacaxizeiro ‘Jupi’ com frutos. 4.2.1. ‘Imperial’ Em maio de 2003, a Embrapa Mandioca e Fruticultura lançou o abacaxi ‘Imperial’, híbrido de ‘Perolera’ com ‘Smooth Cayenne’, obtido em 1998, e resistente à fusariose. Além disso, a planta não tem espinhos nos bordos das folhas e o fruto tem polpa amarela, alto teor de açúcares e excelente sabor sensorial, servindo para consumo in natura e industrialização (Figura 4.1). Figura 4.1 – Planta de abacaxizeiro ‘Imperial’ com fruto e mudas. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 17 5. ASPECTOS AGROCLIMÁTICOS E DE SOLO 5.1. Clima O abacaxizeiro é uma planta tropical, cujo crescimento e desenvolvimento são muito influenciados pela temperatura, que apresenta ótimo crescimento e boa qualidade de fruto em áreas com 22 a 32 °C, de preferência com uma variação diária (entre dia e noite) de 8 a 14 °C. A planta pode suportar temperaturas mais altas, porém acima de 32°C, o crescimento é menor e, quando coincidem com elevada radiação solar, o fruto pode sofrer queima na fase de maturação final. Temperaturas abaixo de 20 °C também diminuem o crescimento da planta e, quando combinadas com períodos de dias mais curtos e noites longas, e/ou radiação solar baixa e nebulosidade alta, favorecem a ocorrência de florações naturais precoces, o que pode dificultar o manejo da cultura e prejudicar a comercialização dos frutos. O abacaxizeiro pode ser cultivado em regiões onde ocorrem geadas, desde que seja por períodos curtos, pois baixas temperaturas nesses casos não provocam danos irreversíveis à planta. A planta é exigente em luminosidade, desenvolvendo-se melhor em regiões com alta incidência de radiação solar, cuja faixa anual ótima está entre 2.500 a 3.000 horas, ou seja, sete a oito horas de sol por dia (tempo de incidência direta da luz solar, isto é, sem nuvens). A planta não tolera sombreamento, o que deve ser levado em conta na escolha dos locais para o seu cultivo e no plantio consorciado com outras culturas. O abacaxizeiro tem muitas características de plantas adaptadas a clima seco (arquitetura: tipo de inserção e forma e constituição das folhas – baixa densidade estomática, tricomas, tecido aqüífero, raízes axilares), o que lhe proporciona um uso eficiente de água e uma baixa taxa de transpiração. No entanto, maiores rendimentos e frutos de melhor qualidade são obtidos quando a cultura recebe água em quantidade suficiente para o crescimento das plantas e produção. Chuvas de 1.200 a 1.500 mm anuais, bem distribuídas ao longo dos meses, são consideradas adequadas para a cultura. Em regiões que apresentam períodos secos prolongados, a prática da irrigação torna-se, em geral, indispensável. Uma umidade relativa do ar média anual igual ou superior a 70% é a desejável, mas a planta suporta bem variações moderadas deste fator climático. Porém, períodos de FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO -ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 18 umidade do ar muito baixa (menos de 50%) podem atrasar o crescimento inicial da planta e provocar fendilhamento e rachadura em frutos durante a fase de maturação. O porte baixo das plantas e o plantio em densidades elevadas, torna a cultura pouco suscetível a danos devidos a ventos fortes, mas que, mesmo assim, podem provocar tombamento de plantas e frutos e ferimentos nas folhas, principalmente quando constantes. Já o granizo, quando intenso, pode causar danos à planta, mas, em menor escala do que em outras culturas, dada à condição fibrosa e resistência das folhas do abacaxizeiro e, principalmente, do fruto, que é ainda menos afetado. 5.2. Solos O abacaxizeiro é muito sensível ao encharcamento do solo, que pode prejudicar o seu crescimento e produção. Portanto, boas condições de aeração e drenagem são requisitos básicos para o seu cultivo, inclusive por favorecerem o desenvolvimento do sistema radicular da planta (normalmente frágil e concentrado nos primeiros 15 a 20 cm do solo). A má drenagem do solo favorece o apodrecimento de raízes e morte de plantas, causada por fungos do gênero Phytophthora. Os solos de textura média (15% a 35% de argila e mais de 15% de areia), sem impedimentos a uma livre drenagem do excesso de água, são os mais indicados para a cultura do abacaxi. Os solos de textura arenosa (até 15% de argila e mais de 70% de areia), que geralmente não apresentam problemas de encharcamento, são também recomendados para a abacaxicultura, requerendo, quase sempre, a incorporação de restos vegetais e adubos orgânicos, que melhorem a sua capacidade de retenção de água e de fornecimento de nutrientes. A cultura pode, também, desenvolver-se bem em solos argilosos (mais de 35% de argila), desde que permitam boas aeração e drenagem. O abacaxizeiro é considerado uma planta bem adaptada a solos ácidos, indicando- se normalmente a faixa de pH de 4,5 a 5,5 como a mais recomendada para o seu cultivo. Quanto aos aspectos nutricionais, trata-se de uma planta exigente, demandando, normalmente, quantidades de nutrientes que a maioria dos solos cultivados não conseguem atender integralmente (exceção para alguns solos virgens, recém- desmatados ou em pousio prolongado). Esta alta exigência resulta, em geral, na obrigatoriedade da prática da adubação, nos plantios com fins comerciais. Além dos aspectos relacionados às características de clima e solo, a escolha da área para o cultivo de abacaxi, deve levar em conta também a sua localização com FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 19 relação a centros consumidores e indústrias de processamento, bem como à disponibilidade e custo de mão-de-obra, vias de acesso e existência de fontes de água. 6. PRODUÇÃO E MANEJO DE MUDAS 6.1. Produção e Tipos de Mudas Os plantios de abacaxi são feitos com mudas de vários tipos, tais como: a) convencionais – coroa (tufo de folhas no ápice do fruto); filhotes (brotações do pedúnculo, que é a haste que sustenta o fruto); filhote-rebentão (brotação da região de inserção do pedúnculo no caule ou talo) e rebentões (brotações da parte basal do caule); b) de viveiro; c) de cultura de tecidos; d) outros tipos. Cada tipo possui suas características próprias, descritas a seguir, que podem ser vantajosas ou não, e devem ser consideradas quando da escolha e do manejo do material de plantio. 6.1.a. Mudas Convencionais 6.1.a.1. Coroa Trata-se de um pequeno caule foliáceo, pouco disponível como material de plantio no Brasil, devido acompanhar o fruto na comercialização “in natura” (Figuras 2, 3, 4); menos vigorosa e de ciclo mais longo (do plantio à colheita); mais suscetível a podridões, principalmente a causada pelo Chalara paradoxa (ex-(Thielaviopsis) – podridão negra; mais uniforme em tamanho e peso, permitindo, assim, plantios também mais uniformes. 6.1.a.2. Filhote ou “muda de cacho” Muda de vigor e ciclo intermediários entre a coroa e o rebentão, menos uniforme que as coroas (Figuras 2, 3, 4), porém mais uniforme que os rebentões, de fácil colheita e grande disponibilidade, no caso da variedade Pérola, a mais cultivada no Brasil. 6.1.a.3. Rebentão Muda de maior vigor, ciclo mais curto, de colheita mais difícil, menor uniformidade em tamanho e peso, baixa disponibilidade na variedade Pérola e mais usada no caso da FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 20 ‘Smooth Cayenne’ (Figura 5); é mais suscetível à ocorrência de florações naturais precoces. Figura 5 – Planta da cv. Smooth Cayenne com mudas dos tipos filhote (as menores) e rebentão (a maior). 6.1.a.4. Filhote-rebentão Muda de produção limitada, apresenta características intermediárias entre filhote e rebentão, podendo ser usada indistintamente para plantio junto com os dois últimos tipos. Além dos tipos de mudas descritos acima, produzidas pela própria planta, existem outras que podem ser obtidas em viveiro ou laboratório, usando-se técnicas de multiplicação apropriadas, conforme mencionadas a seguir. 6.1.b. Muda de seccionamento do caule (‘plântula’) – de viveiro Muda produzida em viveiro (Figura 6), a partir de pedaços do talo (caule) de plantas que já foram colhidas (o processo será descrito no capítulo seguinte). Trata-se de uma muda de melhor sanidade, livre de fusariose, com vigor e demais características (ciclo, grau de uniformidade etc.) semelhantes às da coroa. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 21 6.1.c. Muda produzida por cultura de tecido (“in vitro”) É a muda obtida em laboratório, por meio de técnicas de cultura de tecidos, de excelente sanidade, porém de custo bem elevado e, por isso, de uso bastante restrito, todavia importante para a multiplicação rápida de novas variedades geradas em programas de melhoramento genético. Figura 6 – Mudas de abacaxi (plântulas) em formação no viveiro, produzidas a partir de pedaços do talo da planta. 6.1.d. Outros tipos Há, ainda, as mudas obtidas por métodos que, praticamente, não têm sido aplicados no Brasil, tais como o da destruição do meristema apical (“olho”) de abacaxizeiros com uma espátula apropriada, a fim de estimular a emissão precoce e mais numerosa de rebentões, e o do tratamento químico, que visa transformar flores em mudas, pela aplicação de fitorreguladores do grupo das morfactinas, logo após o tratamento de indução floral das plantas. Tais técnicas, desenvolvidas em outros países (Costa do Marfim, África do Sul, Austrália), para aumentar a disponibilidade de material de plantio da cultivar Smooth Cayenne, não foram adotadas no Brasil devido às suas limitações quanto à sanidade das mudas obtidas. As mesmas não oferecem a segurança desejada com relação ao controle da fusariose, doença praticamente brasileira e sem maior importância nos países acima citados. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 22 6.2. Manejo de Mudas 6.2.1. Convencionais Uma muda de boa qualidade é a base para o sucesso do cultivo do abacaxi. Daí a importância da utilização de mudas de boa procedência, que sejam sadias (livres da fusariose e com baixa infestação de cochonilhas) e vigorosas, colhidas em plantios com boa sanidade, onde o número de plantas e frutos doentes tenha sido mínimo. As mudas, colhidas em plantas sadias, devem ser isentas de pragas, doenças e danos mecânicos, devendo-se descartar rigorosamente todas aquelas que apresentarem o menor sinal de goma ou resina (Figura7). Figura 7 – Muda de abacaxi com goma de fusariose. Os tipos de mudas mais usados no Brasil são os filhotes ou mudas de cacho, que aparecem logo abaixo da base do fruto, e os rebentões, que brotam do talo da planta. Após a colheita dos frutos, as mudas do tipo filhote devem permanecer na planta-mãe para continuar o seu crescimento e atingir o tamanho adequado para plantio (mínimo de 30 cm). Essa etapa é chamada de ceva, que pode ter a duração de dois a seis meses (Figura 8). Para melhorar o vigor e a sanidade das mudas durante a ceva, sobretudo em culturas com plantas pouco vigorosas e com alta infestação de pragas, podem ser recomendadas as seguintes práticas culturais: continuação da irrigação, em plantios irrigados; pulverização com solução inseticida-acaricida para controlar cochonilhas e ácaros que atacam a cultura; adubação suplementar, via pulverização foliar, com uréia a 3% e cloreto de potássio a 2%. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 23 Figura 8 – Mudas do tipo filhote em fase de ceva. Quando a maioria das mudas atingir o tamanho adequado para plantio, deve-se fazer a sua colheita. No caso das mudas do tipo filhote, corta-se o pedúnculo com todo o cacho, o que facilita o transporte e aumenta o rendimento do trabalho. Em seguida, os filhotes são retirados do cacho, fazendo-se, nesta ocasião, uma seleção preliminar. Eliminam-se todas as mudas doentes, com presença de goma, murchas e muito pequenas. Algumas vezes aparece na base da muda um fruto em miniatura, que deve ser arrancado nesta fase, para evitar que se constitua em foco de podridão da muda após o plantio. A colheita de mudas do tipo rebentão é mais difícil e mais exigente em mão-de- obra, pois estão firmemente presos ao talo da planta-mãe, sendo necessário um puxão lateral antes de arrancá-los. A etapa seguinte, chamada de cura, consiste na exposição das mudas ao sol, com a base virada para cima, durante três a dez dias. A cura visa cicatrizar a ferida que ocorre quando a muda é destacada da planta, além de diminuir a população de cochonilhas. A cura também elimina o excesso de umidade das mudas, reduzindo a ocorrência de podridões, sobretudo em períodos de clima úmido. Esta prática é feita colocando-se as mudas sobre as próprias plantas-mãe ou espalhando-as sobre o solo em local próximo ao do plantio, de preferência com a base voltada para cima (Figura 9). FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 24 Figura 9 – Mudas do tipo rebentão curando ao sol nas linhas de plantio. As mudas curadas devem ser submetidas a uma seleção por tipo (separando-se filhotes de rebentões) e por faixas de tamanho (30 a 40 cm; 40 a 50 cm, 50 a 60 cm), para plantio em quadras separadas. Durante a seleção, deve ser efetuado um descarte rigoroso de mudas defeituosas (com podridão, exsudação de resina ou lesões mecânicas) ou com características diferentes do padrão da cultivar. Mudas contaminadas pela fusariose devem ser queimadas ou enterradas, visando à redução de focos dessa doença. Entretanto, mudas que possuem apenas folhas basais com seus bordos ou ápices secos não devem ser eliminadas, desde que o cartucho central de folhas esteja em perfeito estado. Caso se observe alta infestação com cochonilhas, recomenda-se o tratamento das mudas por imersão, por três a cinco minutos, numa calda com inseticida-acaricida fosforado (ver os produtos relacionados para o tratamento de seções de talo, no capítulo 16, Tabelas 10 e 11). Esse tratamento normalmente não é eficaz para o controle da fusariose em mudas, uma vez que quando doentes não podem ser recuperadas por meio da aplicação dos fungicidas disponíveis, por não terem efeito curativo. No caso da cultivar Smooth Cayenne, que freqüentemente produz pequeno número de mudas do tipo filhote, os rebentões têm que ser aproveitados como material de plantio, tornando-se o seu manejo muito importante. Quando da colheita dos frutos, em geral apenas um percentual relativamente pequeno das plantas (inferior a 40%) apresenta um ou, raras vezes, dois rebentões em formação. Após esta fase, os rebentões continuam seu crescimento, atingindo tamanho adequado para plantio após FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 25 um período bastante variável, com duração de dois a dez meses. Pode-se uniformizar e acelerar a emissão e o desenvolvimento dos rebentões, fazendo-se um corte das plantas na base do pedúnculo (haste que sustenta o fruto e as mudas do tipo filhote), com facão ou roçadeira. Tal prática, feita após a colheita do fruto e das mudas do tipo filhote, facilita, ainda, a colheita dos rebentões. 6.2.2. Mudas Sadias de Viveiros Este tipo de propagação do abacaxizeiro consiste na produção de mudas (plântulas) pelo desenvolvimento de gemas existentes nas axilas das folhas, inseridas no caule da planta. Quando o talo é cortado em pedaços, contendo uma ou mais gemas, e estes pedaços são cultivados em viveiros, as gemas brotam e crescem, formando novas plantas. O seccionamento do talo permite o exame visual das suas partes internas e, portanto, de possíveis pontos de infecção, o que viabiliza o descarte de todo o material afetado pela fusariose e outras podridões. Este é um aspecto fundamental de sucesso do referido processo. Esta técnica pode ser uma atividade bastante rentável e contribuir para a oferta de mudas de qualidade e sanidade excelentes ao longo de todo o ano, auxiliando no estabelecimento de viveiristas credenciados e fiscalizados, base para a produção e disponibilização de material de plantio de primeira qualidade, sendo fundamental para a produção de mudas sadias – livres, sobretudo da fusariose – destinadas a plantios em novas áreas e/ou regiões produtoras. O processo inicia-se com o arranquio das plantas matrizes, cortando-se em seguida, com facão bem amolado, a parte inferior do talo, onde se encontra o sistema radicular, bem como o pedúnculo e as folhas. A manutenção da bainha das folhas, porém, é benéfica à brotação das gemas axilares, devido à proteção contra a radiação solar excessiva. A época mais aconselhável para a obtenção do talo é logo após a colheita do fruto, quando a emissão dos rebentões se intensifica, e então qualquer atraso significará uma redução do vigor do talo e das gemas. Após o transporte dos talos para a área próxima ao viveiro, deve-se realizar, sem demora, o seccionamento dos mesmos em pedaços e discos, com uma guilhotina manual, similar à usada para cortar fumo de corda, ou com uma serra circular elétrica ou motorizada ou com facão. Inicialmente, com cortes transversais, elimina-se o restante da parte basal, coberta ainda com algumas FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 26 raízes, e da parte apical (Figura 10); em seguida, divide-se o talo (parte útil) em pedaços com cerca de 10 cm de comprimento (Figura 11). Essas seções transversais são cortadas longitudinalmente em quatro partes. No caso de se cortar o caule em discos, estes devem ter uma espessura de 2-3cm. Figura 10 – Talo de abacaxizeiro após corte das folhas e das raízes. Os pedaços do meio serão divididos para plantio. Figura 11 – Pedaços de talo cortados ao meio, sadio (esquerda) e doentes (direita). O tamanho dos pedaços do talo pode variar em função do grau de sofisticação das técnicas a serem aplicadas. Quanto menor as seções do caule, maiores deverão ser os cuidados. Pedaços muito pequenos só brotam bem em condições de casa de vegetação.Pedaços de comprimento muito grande reduzem bastante o rendimento de seções por caule, além de acentuar a dominância apical responsável pelo estado dormente da maioria das gemas, possibilitando geralmente a brotação de apenas uma a duas gemas por seção. Já pedaços pequenos apresentam taxas de brotação mais FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 27 baixas e um desenvolvimento vegetativo mais lento, aumentando o tempo necessário para a plântula alcançar o tamanho adequado para o plantio no local definitivo. É indispensável a presença de pelo menos uma gema vegetativa intumescida em cada seção do caule (Figura 12). Figura 12 – Pedaço do talo com uma gema entumescida. Nessa operação, todo e qualquer pedaço de caule que apresentar sintomas extern dão negra, os pedaços do caule, após o corte, produtos mais utilizados no Brasil (registrados no Ministério de Agricultura - Agrofit os e/ou internos de fusariose deve ser rigorosamente descartado (Figura 11). Recomenda-se desinfetar a guilhotina ou facão quando se verifica ter cortado talos doentes, para evitar contaminação dos demais. Face à gravidade da fusariose e da podri devem ser imediatamente submetidos ao tratamento por imersão em solução aquosa de defensivos. Esta prática é importante, também, para o combate à cochonilha e ao ácaro que apresentam, muitas vezes, incidência elevada em plantas e mudas de abacaxi. Os 1999) e suas respectivas concentrações recomendadas encontram-se nas Tabelas 7 a 11, para doenças e pragas, respectivamente. No tratamento de mudas predomina o uso dos fungicidas à base de benomyl, triadimefon e captan, e os inseticidas ou inseticidas/acaricidas à base de parathion metílico, diazinon e vamidothion. O tempo de imersão dos pedaços de talos deve ser de três a seis minutos. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 28 O plantio dos pedaços é realizado em canteiros com dimensões funcionais para permitir uma fácil movimentação e execução dos tratos culturais, ou seja, largura de até 1,20m; comprimento variável (20 a 30m, em média) e altura de 10 cm. Os canteiros devem estar próximos à fonte de água, evitando-se áreas infestadas com plantas daninhas de difícil controle e aquelas próximas de abacaxizais com alta incidência de pragas e doenças. O solo deve ser, preferencialmente, de textura leve (arenoso ou areno - argiloso) e bem drenado. Cerca de uma semana antes do plantio é aconselhável incorporar ao solo um adubo fosfatado (superfosfato simples, 10 g/m2) e aplicar um herbicida pré-emergente à base de diuron e/ou bromacil, na dose de 2 a 3 kg i.a./ha, devendo neste caso o solo estar úmido para aumentar a eficiência dos produtos. Os pedaços do caule podem ser plantados em posição vertical, enterrados em cerca de um terço da sua altura, em espaçamentos de 0,10 x 0,10 m, obtendo-se densidade de 100 pedaços/m2 de canteiro. O lado do pedaço com gemas deve ser voltado para o leste, evitando-se a incidência direta do sol quente da tarde sobre as mesmas. Os discos devem ser plantados em posição “deitada” (com um lado cortado para baixo de modo que as gemas sejam direcionadas para cima), enterrados em toda sua espessura. Quando o plantio é feito em períodos de alta insolação recomenda-se cobrir os canteiros, inclusive durante a brotação e o desenvolvimento inicial das gemas (1-3 meses). A cobertura pode ser feita a alturas de 50 a 100 cm, utilizando-se ripados rústicos cobertos por palhas disponíveis na propriedade, plástico, sombrite e outros materiais. Cada pedaço de caule possui uma reserva variável de acordo com o seu tamanho, que atende às necessidades nutricionais para a brotação das gemas axilares e crescimento inicial das plântulas. Dessa forma, o início da aplicação de nutrientes pós- plantio pode variar em função do tamanho do pedaço utilizado, em geral ocorrendo quando as plântulas alcançam uma altura média de 4 a 5 cm, ou seja, normalmente cerca de seis a oito semanas após o plantio dos pedaços. Os adubos nitrogenados e potássicos são mais freqüentemente aplicados em pulverização foliar semanal ou quinzenal, predominando como fontes a uréia (N) e o sulfato de potássio (K2O), ambos nas concentrações de 0,20 a 1,00 % do produto comercial (p.c.). Adubos foliares completos (N-P-K + micronutrientes) também podem ser utilizados de acordo com as recomendações do fabricante, que correspondem, normalmente, às concentrações de FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 29 0,20 a 1,00% do p.c. Para reduzir o custo de aplicação, os adubos foliares podem ser pulverizados junto com os defensivos, atentando-se para a compatibilidade entre os produtos. Visando ao controle de doenças, sobretudo da podridão negra, bem como de pragas como a cochonilha e o ácaro, faz-se necessário o uso preventivo de defensivos nos canteiros de multiplicação. Recomenda-se a aplicação dos mesmos produtos, nas mesmas concentrações indicadas para o tratamento dos pedaços pré - plantio. As pulverizações são feitas em intervalos mensais (inseticidas) e semanais a quinzenais (fungicidas). O controle químico preventivo deve ser feito normalmente até a brotação das gemas e a formação inicial das plântulas (seis a oito semanas após o plantio). Em condições ambientais muito favoráveis à incidência das doenças fúngicas, as pulverizações devem continuar na fase de crescimento de mudas, o mesmo ocorrendo quando se observam infestações de cochonilhas e ácaro. Inspeções periódicas e regulares com intervalos semanais devem ser executadas nos viveiros, erradicando-se, por queima ou “enterrio”, todo e qualquer pedaço de caule e/ou muda eventualmente com sintomas de fusariose. O combate às plantas daninhas nos viveiros deve iniciar-se com a aplicação de herbicidas pré-emergentes, feita em solo úmido, dois a três dias antes do plantio dos pedaços de caule. Uma vez terminado o efeito residual do herbicida, ocorre a reinfestação do viveiro pelas plantas daninhas sem que se possa efetuar um novo controle químico por causa do seu efeito fitotóxico sobre as plântulas em formação. Portanto, as plantas daninhas devem ser erradicadas com capinas a enxada, nos caminhos entre canteiros, e mondas (catação manual) nos canteiros de propagação. Uma outra alternativa é a cobertura dos canteiros com um filme de polietileno negro, logo após a aplicação do herbicida pré-plantio. Os pedaços de caule são plantados em furos feitos na cobertura plástica, a qual praticamente elimina o desenvolvimento de plantas daninhas. O viveiro deve ser irrigado, fornecendo-se ao menos 80 mm de água por mês, incluindo-se as chuvas. Em viveiros pequenos, a água poderá ser suprida com regas manuais (regadores ou mangueiras), com freqüência diária nas primeiras seis semanas e de dois em dias a partir daí. Entretanto, em áreas maiores deve ser usada irrigação por aspersão. A molhação dos viveiros deve ser feita, preferencialmente, nas horas mais frescas do dia, sobretudo no período que antecede o pôr do sol. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 30 Quando atingirem o tamanho adequado para o plantio no local definitivo (mínimo de 30 cm), as plântulas são arrancadas do solo, juntamente com o resto do pedaço de caule que, em seguida, deve ser eliminado (Figura 13). Solo umedecido e arenoso e o uso de pá de jardineiro facilitam a execução desta operação. Nessa ocasião, deve ser feito mais um exame visual rigoroso da sanidade das mudas, descartando aquelas com sintomas de fusariose. O plantiodas mudas no local definitivo deve ser feito o mais rápido possível, evitando-se que elas sofram desidratação. Figura 13 – Plântulas com os pedaços que lhes deu origem. O rendimento a produção de mudas sadias a partir de pedaços do caule do abacaxi é influenciado por diversos fatores, entre os quais se destacam a cultivar, o tamanho do pedaço, o desenvolvimento do caule e as práticas culturais aplicadas. A cv. Smooth Cayenne, por possuir um talo mais volumoso com maior número de gemas axilares, é geralmente mais produtiva do que a cv. Pérola. Nos estudos efetuados na Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas, Bahia, foram obtidas 5 a 8 mudas/caule, com tamanho superior a 15 cm, aos 6 meses após o plantio dos pedaços do tipo 4 – 10 (talo cortado em 4 partes longitudinais, cada uma com 10 cm de comprimento) da cv. Smooth Cayenne, ao passo que no caso da cv. Pérola, nas mesmas condições, a produtividade foi de 3 a 4 mudas/caule. Quanto maior o pedaço, maior o número de plântulas obtidas por pedaço e, geralmente, menor o número de plântulas obtidas por caule. Cortando o caule em discos, o rendimento poderá ser de 4 a 8 mudas/caule, mas as plântulas tendem a ter crescimento mais lento. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 31 A produção de mudas sadias a partir de pedaços do caule da planta pode representar uma expressiva fonte adicional de renda para o abacaxicultor, sobretudo para aquele que tenha disponibilidade de talos vigorosos e água em quantidade e de boa qualidade na propriedade. Um hectare de viveiro com cerca de 500 a 550 mil pedaços plantados em espaçamento de 10 x 10 cm pode gerar de 400 a 450 mil mudas aptas para comercialização, num período de seis a dez meses após o plantio. Considerando-se preços normais de, pelo menos, R$ 40,00 por milheiro de mudas sadias, pode ser obtida uma renda bruta superior a R$ 17.000 por hectare e uma renda líquida superior a R$ 7.000 por hectare de viveiro. Trata-se, no entanto, de atividade bastante exigente em insumos e mão-de-obra, sobretudo durante a fase de preparo e plantio dos canteiros (Tabela 3). Tabela 3 - Coeficientes técnicos para produção de mudas de abacaxi em 1 ha de viveiro. ESPECIFICAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE 1. INSUMOS Plantas matrizes (talos) uma 110.000 . Fertilizantes Superfosfato simples kg 58 Uréia kg 18 Sulfato de Potássio kg 18 Adubo foliar (NPK + micro) litro 11 . Defensivos Herbicida kg 4 Inseticida-acaricida litro 16 Fungicida kg 16 Formicida kg 4 2. PREPARO DOS CANTEIROS Aração h/tr 4 Gradagem (2) h/tr 4 Preparo das leiras H/d 38 Aplicação de adubo fosfatado H/d 4 Aplicação de herbicida H/d 2 3. PLANTIO Obtenção e transporte dos talos H/d 185 Seccionamento dos talos H/d 120 Tratamento das seções de talo H/d 57 Plantio das seções de talo H/d 95 4. PRÁTICAS CULTURAIS Pulverizações (adubações e tratos fitossanitários) H/d 32 Mondas e capinas H/d 115 Irrigação H/d 75 FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 32 5. OUTRAS DESPESAS Colheita das mudas H/d 70 Transporte - 1% custo geral Rendimento (80 %) mudas sadias 450.000 Dados baseados em trabalhos experimentais realizados no CNPMF, considerando-se o espaçamento de 0,10 x 0,10 m, canteiros de 25 m x 0,10 m e caminhos de 0,50 m de largura entre os canteiros. 6.2.3. Mudas de Cultura de Tecidos Visando aumentar e acelerar a taxa de multiplicação e, ao mesmo tempo, diminuir o potencial ou até mesmo evitar a disseminação de pragas e doenças via mudas convencionais, técnicas de cultura de tecidos têm sido empregadas para a propagação in vitro do abacaxizeiro. Em laboratório, num espaço físico reduzido e sob condições de temperatura e luminosidade controladas, pode-se produzir rapidamente grandes quantidades de mudas de abacaxizeiro, geneticamente uniformes e de excelente sanidade, sejam de cultivares recomendadas ou de novos híbridos gerados. No entanto, apesar destas vantagens, dois aspectos devem ser considerados com respeito à produção destas mudas: o custo elevado e o surgimento de variações somaclonais. Efetivamente, o alto custo de produção permite apenas que os agricultores adquiriram matrizes, para posterior multiplicação de mudas. Quanto às variações somaclonais, ou seja, o surgimento de características indesejáveis que propiciam a formação de plantas anormais do abacaxizeiro, a mais freqüente é a presença de espinhos nas extremidades das folhas de variedades inermes. Entretanto, outras variações já foram encontradas, relacionadas com a forma, coloração, arquitetura e densidade das folhas, altura das plantas e peso e coloração dos frutos. A freqüência e distribuição dessas variações somaclonais parecem estar relacionadas com a variedade, fonte de explante, número de subcultivos e quantidades de reguladores de crescimento no meio de cultura. Empregando-se a metodologia adequada e a depender da variedade, pode-se obter num período de 18 meses, a partir de uma planta, aproximadamente 50.000 mudas, enquanto seriam necessários 7 anos e 6 meses para se conseguir cerca de 32.000 plantas, partindo-se também de uma planta que produza em média 8 mudas, mediante a propagação vegetativa tradicional. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 33 7. PREPARO E CORREÇÃO DE ACIDEZ DO SOLO 7.1. Preparo do solo Um bom preparo do solo é fundamental para a cultura do abacaxi, visando favorecer o desenvolvimento e aprofundamento do sistema radicular da planta, normalmente limitado e superficial. Em áreas virgens, deve-se inicialmente remover a vegetação, mediante o desmatamento, roçagem, destoca, encoivaramento e queima. Em seguida, realizar a aração e gradagens nos dois sentidos do terreno, procurando atingir uma profundidade de 30 cm, para facilitar o desenvolvimento das raízes. Em função de dificuldades operacionais, alguns produtores, principalmente os pequenos, não fazem a destoca, o que dificulta os trabalhos subseqüentes do preparo do solo, instalação e condução da cultura. No entanto, vale ressaltar que, em diversos solos virgens é preferível não efetuar arações e gradagens, mantendo a estrutura natural do solo e procedendo ao plantio direto. Em áreas já cultivadas, dispensa-se normalmente a destoca, mantendo-se as demais operações. No caso de áreas anteriormente plantadas com abacaxi, deve-se inicialmente proceder a eliminação dos restos culturais, mediante a sua incorporação ao solo após a decomposição parcial do material. Tal operação, normalmente trabalhosa, tem a vantagem de incorporar ao solo um grande volume de massa vegetal (60 a 100 t/ha), restituindo ao mesmo nutrientes remanescentes na vegetação e contribuindo para melhorar o seu teor de matéria orgânica e as suas características físicas. Muitos produtores fazem a opção pura e simples pela queima dos restos culturais, por ser menos onerosa. Tal opção é tecnicamente apenas recomendável em áreas com histórico de elevada incidência de pragas e doenças. 7.2. Calagem Não obstante o reconhecimento do abacaxizeiro como planta acidófila, que prefere solos ácidos, existem situações em que a calagem se faz necessária para a cultura. É sempre recomendável, portanto, uma avaliação sobre a necessidade de calcário (NC), definida a partir da análise do solo, que deve ser providenciada antes do estabelecimento da cultura, de modo que a aplicação e incorporação do corretivo, se indicada, possa ser feita com uma antecedência de 30 a 90 dias em relação ao plantio. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO- ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 34 Há diversos laboratórios e instituições em todo o país que prestam serviços de análises de solo e, com base nos resultados obtidos, fazem recomendações de calagem e adubação para a cultura do abacaxi, a exemplo do Laboratório de Fertilidade do Solo da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA. Se conveniente para o produtor, a aplicação e incorporação do corretivo recomendado podem ser feitas quando das operações de preparo do solo (antes das arações e/ou gradagens), o que contribui para melhor distribuição do material em profundidade. Deve-se dar preferência aos calcários dolomíticos, considerando a “avidez” do abacaxizeiro pelo magnésio. É muito comum, em algumas regiões, a ocorrência de sintomas foliares de deficiência de Mg (as folhas velhas se tornam amarelas, principalmente ao longo da parte central do limbo, permanecendo verde apenas as áreas sombreadas por folhas mais jovens). A calagem em excesso pode elevar o pH do solo a valores acima da faixa mais adequada para a cultura (4,5 a 5,5), concorrendo para limitar a disponibilidade e a absorção de alguns micronutrientes, como zinco, cobre, ferro e manganês, e para favorecer o desenvolvimento de microorganismos prejudiciais à cultura, como fungos do gênero Phytophthora. 8. PLANTIO E SISTEMAS DE CULTIVO 8.1. Tipos de plantio O plantio das mudas pode ser feito em covas (Figura 14), abertas com enxada ou enxadeta, ou em sulcos, dando-se preferência aos sulcos, quando se dispõe de sulcador. Após a abertura das covas ou sulcos, faz-se a distribuição das mudas para o plantio propriamente dito. A profundidade das covas ou sulcos e, portanto, do plantio deve corresponder, aproximadamente, à terça parte do comprimento da muda, tomando-se o cuidado de evitar que caia terra no “olho” da mesma. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 35 Figura 14 – Plantio de abacaxi em covas. O plantio deve ser efetuado em quadras, separadas de acordo com o tipo e tamanho das mudas, para facilitar os tratos culturais. No caso de se ter que plantar em terrenos de declive acentuado, deve-se usar curvas de nível e outras práticas de conservação do solo. Quanto ao posicionamento do plantio, deve-se dar preferência à exposição leste, evitando-se a exposição oeste que favorece a ocorrência de queima solar nos frutos. 8.2. Sistemas de Plantio e Espaçamentos/Densidades Os espaçamentos utilizados na cultura do abacaxi variam bastante de acordo com a cultivar, o destino da produção, o nível de mecanização, o uso da irrigação e outros fatores. Altas densidades de plantio favorecem a obtenção de elevadas produtividades. Por outro lado, baixas densidades de plantio geralmente permitem a produção de maior percentagem de frutos grandes, os quais tem preços mais altos. Assim sendo, no Brasil as densidades de plantio variam, em geral, de 25 a 50 mil plantas/ha, sendo as de 30 a 40 mil as mais freqüentes. Os plantios podem ser estabelecidos em sistemas de filas simples ou duplas. Em geral, o plantio em filas duplas deve ser associado ao uso de herbicidas para o controle das plantas daninhas, uma vez que este sistema dificulta a capina manual entre as filas que compõem cada fila dupla. O plantio em filas duplas deve ser alternado (plantas descasadas), isto é, as plantas de uma fila colocadas na direção dos espaços vazios da outra fila (Figura 15). FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 36 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Filas simples Filas duplas Figura 15- Sistemas de plantio em filas simples e filas duplas. Os seguintes espaçamentos podem ser adotados: a) filas simples: 0,90 x 0,35 m (31.745 plantas/ha), 1,00 x 0,30 m (33.333 plantas/ha), 0,80 x 0,35 m (35.714 plantas/ha), 0,90 x 30 m (37.030 plantas/ha), 0,80 x 0,30 m (41.660 plantas/ha). B) filas duplas: 1,00 x 0,40 x 0,40 m (35.714 plantas/ha), 1,00 x 0,40 x 0,35 m ( 40.816 plantas/ha), 1,00 x 0,40 x 0,30 m (47.619 plantas/ha). Para a cv. Smooth Cayenne e plantios com irrigação recomendam-se as densidades mais altas. De uma maneira geral, os plantios mais adensados tendem a proporcionar maiores produções por área, ainda que individualmente os frutos tendam a alcançar pesos médios menores. 8.3. Época A escolha da melhor época de plantio é crucial para o cultivo de abacaxi de sequeiro. A época mais indicada é, em geral, o período de final da estação seca e início da estação chuvosa. Isto corresponde ao período de janeiro a maio em regiões com chuvas de inverno, a exemplo dos tabuleiros costeiros do Nordeste e Sudeste do Brasil, e ao período de outubro a dezembro na região do Cerrado brasileiro. No entanto, em plantios efetuados no segundo semestre do ano, deve-se atentar para executar o tratamento de indução floral antes do mês de junho do ano seguinte, para evitar a FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 37 ocorrência da floração natural precoce em altas percentagens de plantas e a colheita dos frutos em período de elevada oferta e, portanto, baixos preços (final de novembro a meados de janeiro). A prática e a experiência local de cultivo de abacaxi são importantes para definir as melhores épocas de plantio em cada região, contribuindo para a produção de frutos nas épocas com condições de mercado mais favoráveis. Não se deve esquecer que, a disponibilidade de mudas local é outro fator relevante na escolha da época de plantio. Como a disponibilidade de umidade no solo que favorece o estabelecimento do sistema radicular e, portanto, o crescimento inicial mais rápido das plantas, não é fator limitante para a cultura irrigada, nestas condições o plantio do abacaxi pode ser feito durante todo o ano, a depender da disponibilidade de mudas e da época em que se deseja colher o fruto. Deve-se evitar, porém, os períodos de chuvas muito intensas, que dificultam trabalhar o solo e podem propiciar incidência de doenças. 8.4. Consorciação de Culturas com o Abacaxizeiro A consorciação do abacaxi com outras culturas é uma opção viável, sobretudo, para pequenos agricultores, que façam uso muito limitado da mecanização na propriedade, e que tenham interesse em ter uma produção adicional visando subsistência ou o mercado. No entanto, as culturas consortes devem ser de baixo porte para evitar o sombreamento excessivo do abacaxi, ter ciclo curto, não superior a 120 dias, e devem ser cultivadas nas entrelinhas, de preferência em filas alternadas e apenas na fase inicial do ciclo do abacaxizeiro, restrita aos primeiros três a cinco meses. Feijão Phaseolus, feijão Vigna e amendoim são algumas culturas adequadas ao consórcio com abacaxi. Por outro lado, o plantio do abacaxi nas entrelinhas de pomares de citros, manga, coco, abacate, guaraná, cupuaçu e de outras fruteiras de porte arbóreo, de ciclo longo ou perene, é uma boa opção para a exploração mais intensiva da terra disponível, servindo para custear a instalação da cultura principal. Um cuidado importante neste tipo de consórcio é manter uma distância adequada entre as fruteiras perenes e as linhas adjacentes do abacaxi, a qual não deve ser inferior a 1,50 m no caso da laranjeira. Além disso, o manejo do abacaxi tem que seguir as recomendações técnicas para esta cultura, inclusive em relação ao suprimento de águaajustado à cultura no caso de seu cultivo em consórcio com irrigação. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 38 9. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS Planta de crescimento lento e de sistema radicular superficial, o abacaxizeiro ressente-se bastante da concorrência de plantas daninhas, que contribuem para atrasar o desenvolvimento da cultura e reduzir sua produção. Por isso, recomenda-se manter a cultura sempre no limpo, principalmente nos primeiros cinco a seis meses após o plantio. As plantas daninhas devem ser controladas por meio de capinas manuais (enxada), o método mais comum, ou de herbicidas. Uma outra alternativa, ainda pouco empregada, é a cobertura morta (“mulch”). Desde que disponível na propriedade ou na região, a palha seca de diversos produtos (milho, feijão, capins etc.) ou os restos culturais (folhas) do próprio abacaxi, devem ser uniformemente distribuídos sobre a superfície do solo, sobretudo nas linhas de plantio. Esta cobertura morta, além de reduzir o aparecimento de plantas daninhas, minimiza a erosão, diminui a perda de nutrientes por lixiviação, aumenta o teor de matéria orgânica e conserva a umidade do solo, evitando ou reduzindo as perdas por evaporação. Dependendo da intensidade de infestação e do tipo de plantas daninhas, são necessárias de oito a doze capinas manuais, durante o ciclo da cultura, o que exige bastante mão-de-obra. Durante as capinas manuais e logo após as adubações, deve-se chegar terra às plantas (amontoa), o que ajuda a sustentá-las e aumentar a área de absorção de nutrientes. Evitar que caia terra no “olho” das plantas. O controle de plantas daninhas com herbicidas é boa alternativa, especialmente em plantios grandes e períodos chuvosos, quando o mato cresce rapidamente, além de exigir menos mão-de-obra. Entretanto, a aplicação tem que ser feita com cuidado para evitar que o abacaxizeiro sofra os eventuais efeitos tóxicos dos produtos químicos. O pulverizador tem que ser calibrado para garantir a aplicação da dose correta de herbicida na área de plantio. Siga as instruções apresentadas no final deste capítulo e/ou procure o serviço de assistência técnica para a devida orientação. Os herbicidas indicados para a cultura do abacaxi são fitotóxicos para outras culturas, a exemplo do feijão, o que impossibilita o seu uso em plantios consorciados. Os herbicidas mais usados, com suas respectivas formulações e doses, são apresentados na Tabela 4. FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 39 Tabela 4 - Principais herbicidas usados na cultura do abacaxi. Nome Comercial Nome Químico Formulação Dose* (kg ou litros do p.c. por ha) Karmex 800 ou similar** Diuron PM 80 % 2,0 - 4,0 Karmex 500 SC ou similar Diuron SC 50 % 3,2 - 6,4 Krovar ou similar Diuron + Bromacil PM 80 % 2,0 - 4,0 Top Z SC 500 ou similar Ametryn + Simazine SC 50 % 4,0 - 8,0 Gesapax 500 ou similar Ametryn SC 50 % 4,0 - 6,0 Gesatop 800 ou similar Simazine PM 80 % 2,5 - 5,0 Herbazin 500 BR ou similar Simazine SC 50 % 4,0 - 8,0 * Usar as doses baixas em solos arenosos e as mais altas em solos argilosos ou com alto teor de matéria orgânica. Quando as aplicações se restringem às entrelinhas, as doses têm que ser reduzidas proporcionalmente à redução da área coberta pelo herbicida (em geral, cerca de 50 % da área total). ** Para cada princípio ativo (nome químico) mencionado nesta relação existem, na maioria dos casos, vários produtos e formulações no mercado, não havendo preferência na recomendação para algum deles. Alguns cuidados adicionais devem ser observados ao usar tais herbicidas: 1. Não usar quantidades totais de herbicidas (princípio ativo) acima dos seguintes valores: 7,2 kg/ha/ano de Diuron + Bromacil; 10 kg/ha/ano de Ametryn, Simazine, Ametryn + Simazine. Doses acima destes valores podem causar danos aos solos. 2. Aplicar os herbicidas preferentemente em pré-emergência (em solo limpo) ou, no mais tardar, em pós-emergência precoce (com o mato em fase inicial de desenvolvimento), sempre em pulverização uniforme sobre o solo úmido, utilizando-se 500 a 1.000 litros da FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 40 calda por hectare. Usar bicos em leque (por exemplo, bicos Teejet 80.02 a 80.04), mantidos a 30 - 50 cm de altura do solo. Quando da aplicação em pós-emergência, adicionar um espalhante-adesivo à calda. 3. A primeira aplicação de herbicida deve ser feita logo após o plantio, em área total. Aplicações posteriores devem ser dirigidas às entrelinhas, evitando-se atingir a roseta foliar central das plantas. O número total de aplicações não deve passar de três durante o primeiro ciclo da cultura. Uma aplicação correta de herbicida pode controlar o mato por dois a quatro meses, facilitando, ainda, as capinas posteriores. 4. Aguardar por um período de dois a três dias para novas irrigações após a aplicação dos herbicidas. 5. Em áreas infestadas por plantas daninhas de difícil controle (tiririca, capim sapé, grama-seda etc.) recomenda-se a aplicação de herbicida à base de glifosate, 3 a 6 litros do pc./ha, sobre as plantas daninhas, uma a duas semanas antes do preparo do solo. 6. Mesmo que a opção seja pelo controle químico do mato, capinas manuais complementares são necessárias, visando limpar o solo para as aplicações de herbicida, a cobertura de adubos e a amontoa. 7. O equipamento para distribuição do herbicida tem que ser calibrado antes de cada aplicação. A seguir, os passos básicos para a calibração de pulverizador costal e de pulverizador tratorizado, assim como alguns cuidados na manutenção de pulverizadores. 9.1. Calibração de pulverizadores A calibração de pulverizadores terrestres consiste no ajuste correto do equipamento para regular a descarga do herbicida a um nível constante, uniforme e na quantidade desejada. Passos a seguir para a calibração de um pulverizador costal: 9 Marcar 50 metros na área onde será realizada a aplicação. 9 Determinar a largura da faixa de cobertura do bico. 9 Colocar uma quantidade conhecida de água no pulverizador. 9 Bombear até obter uma pressão de trabalho desejada. 9 Procurar manter a pressão e efetuar a aplicação a um passo normal. 9 Determinar, por diferença, a quantidade de água gasta. 9 Repetir, pelo menos três vezes, o mesmo processo, para obter uma média. 9 Calcular a descarga por hectare pela fórmula: FRUTAL’2003 - COOPERATIVISMO E AGRONEGÓCIO - ABACAXI: MANEJO CULTURAL E MERCADO 41 água gasta em litros x 10.000 m2 litros/hectare = -------------------------------------------------- área aplicada em m2 10. ASPECTOS GERAIS DA ADUBAÇÃO 10.1. Análise Química do Solo e Recomendação de Adubos A utilização de adubos na cultura do abacaxi constitui uma prática quase que obrigatória, nos plantios com fins comerciais, devido ao elevado grau de exigência da planta. No entanto, uma parte das necessidades nutricionais da planta pode ser suprida pelo próprio solo. Esta contribuição do próprio solo para a nutrição da planta só pode ser adequadamente determinada mediante a análise do solo da área destinada ao plantio, a qual fornece informações valiosas para a orientação do programa de adubação. Lembrando a orientação contida no tópico sobre correção de acidez, as amostras de solo devem ser coletadas e enviadas ao laboratório antes da implantação da cultura. Além das exigências nutricionais da planta e da capacidade de suprimento
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