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Teóricas 2013 - parte II (1)

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Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
133
 
 
 
 
 
 
HETEROSÍDEOS 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
134
 
 
 
 
 
 
GLICÍDEOS 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
135
GLICÍDEOS 
 
- são erroneamente denominados açúcares e compostos (CH2O)n 
- são classificados em oses e osídeos 
 
Oses (monossacarídeos) 
- quanto ao número de C: trioses, tetroses, pentoses, hexoses, etc. 
- quanto à função orgânica: aldeídos (aldoses), cetonas (cetoses), 
ácidos carboxílicos, etc. 
- ex: glicose, frutose, galactose, etc. 
 
Osídeos (polissacarídeos hidrolisáveis – possuem ligação 
glicosídica) 
- homogêneos 
- através de hidrólise originam apenas “oses” 
- oligosídeos: di, tri, tetrassacarídeos, etc. (até 10 oses) 
- ex: sacarose, lactose, maltose 
- poliosídeos: possuem peso molecular elevado 
- ex: amilose, celulose, glicogênio, inulina, frutanos, xilanos, 
etc. 
 
- heterogêneos 
- através de hidrólise, originam oses e outras classes de substâncias, 
na maioria metabólitos secundários 
- ex: cardiotônicos, saponinas, flavonóides, taninos, etc. 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
136
GLICÍDEOS 
 
Estereoquímica 
- 2n = no de estereoisômeros (n = no de C assimétricos) 
- D- e L-: NÃO representam desvio do plano da luz polarizada ([α]d), 
mas referem-se aos enantiômeros derivados das séries D- e L- do 
gliceraldeído 
- d- e l- : referem-se ao [α]d 
 
Séries D- e L- das oses (monossacarídeos) 
- ex: aldoses 
- trioses: gliceraldeído 
- possui 1 C*: 21 = 2 estereoisômeros, 2 enantiômeros 
- série D-: hidroxila para a direita; [α]d = + 13,8o 
- série L-: hidroxila para a esquerda [α]d = - 13,8o 
- outras oses: SÉRIE D- (derivadas do D-gliceraldeído) 
 SÉRIE L- (derivadas do L-gliceraldeído) 
 
 (+)-D-gliceraldeído (─)-D-gliceraldeído 
 
Projeção de Fischer 
CHO
OH
CH2OH
H
CHO
OH
CH2OH
H
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
137
GLICÍDEOS 
 
Aldoses 
- trioses: 2 estereoisômeros, 1 par de enantiômeros 
 - gliceraldeído 
 
- tetroses: 4 estereoisômeros, 2 pares de enantiômeros 
 - eritrose, treose 
 
- pentoses: 8 estereoisômeros, 4 pares de enantiômeros 
 - ribose, arabinose, xilose e lixose 
 
- hexoses: 16 estereoisômeros, 8 pares de enantiômeros 
- alose, altrose, glicose, manose, gulose, idose, galactose e talose 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
138
GLICÍDEOS 
 
Configuração das aldoses da série D 
 
OHH
CH2OH
CHO
HOH
CHO
CH2OH
OHH
OHH
CHO
OHH
CH2OH
OHH
CHO
OHH
CH2OH
OHH
HOH
CHO
OHH
CH2OH
OHH
OHH
CHO
HOH
CH2OH
OHH
HOH
CHO
HOH
CH2OH
OHH
OHH
CHO
OHH
OHH
CH2OH
OHH
HOH
CHO
OHH
OHH
CH2OH
OHH
OHH
CHO
HOH
OHH
CH2OH
OHH
HOH
CHO
HOH
OHH
CH2OH
OHH
OHH
CHO
OHH
HOH
CH2OH
OHH
HOH
CHO
OHH
HOH
CH2OH
OHH
OHH
CHO
HOH
HOH
CH2OH
OHH
HOH
CHO
HOH
HOH
CH2OH
OHH
gliceraldeído
eritrose treose
ribose arabinose xilose lixose
alose altrose glicose manose gulose idose galactose talose
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
139
GLICÍDEOS 
 
Representações das oses (1) 
- estruturas planares - aldoses e cetoses 
 
- estruturas lineares: (+)-D-glicose e (+)-D-frutose 
 
C
C
C
C
CHO
OH
OH
OH
OH
CH2OH
H
H
H
H
C
C
C
C
CH2OH
O
OH
OH
OH
CH2OH
H
H
H
 
 
- estruturas de Fischer: (+)-D-glicose e (+)-D-frutose 
 
CHO
O
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
140
GLICÍDEOS 
 
Representações das oses (2) 
 
- estruturas cíclicas: piranoses e furanoses (fórmulas de Haworth) 
- representação baseada nas estruturas do pirano e do furano, nas 
respectivas formas de hemi-cetais 
O O
pirano furano
 
 
- anômeros tipo α- e β- 
- ex: (+)α-D-glicopiranose [ciclização da (+)D-glicose em α] com o 
grupamento –OH do carbono anomérico com orientação em α (para baixo 
do plano) 
 
CH
CH
CH
CH
OH
OH
OH
CH2OH
H OH
O
OH
H
H
H
HOH
H
O
OH
OH
OH
O
OH OH
H
OH
OH
H
H
OH
H
(+)α-D-glicopiranose 
orientação do -OH em α
C anomérico
 
 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
141
GLICÍDEOS 
 
Osídeos heterogêneos 
- através de hidrólise, originam “oses” (geralmente hexoses) e outras 
classes de substâncias (geralmente metabólitos secundários) 
- são denominados de heterosídeos 
 
Biossíntese 
UTP + ose–1-P UDP–ose + PPi 
UDP–ose + Aglicona Aglicona–ose + UDP 
 (heterosídeo) 
 
Tipos de heterosídeos 
 - em plantas ocorrem os O-, N-, S- e C-heterosídeos 
 - depende qual dos elementos químicos dos seguintes grupos da 
aglicona se ligam à determinada ose: –OH, –NHR, –SH ou –CH– 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
142
HETEROSÍDEOS 
 
Exemplos: O-, S- e C-heterosídeos 
 
OOH
O
OH
OH
H
N
OH
OOH
O
OH
OH
OH
O
OMe
prunasinaglicovanilina
 
 
 
SOH
O
OH
OH
OH
N O S
O
O
O
OH
O
OH
OH
OH O
OH
OH
OH
H
sinigrina
aloína A
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
143
FÁRMACOS COM HETEROSÍDEOS 
 
Conceito 
- através de hidrólise geram agliconas + oses 
 
 ( )n 
 
AGLICONA: terpenóides, alcalóides, flavonóides, antraquinonas, etc. 
GLICONA: oses (hexoses, desoxioses, etc.) 
 
- os heterosídeos são também denominados glicosídeos (os 
primeiros heterosídeos encontrados, possuíam moléculas de glicose 
ligadas às agliconas) 
 
Ocorrência 
- muito ampla, em diversas famílias vegetais 
 
Propriedades 
- organolépticas: inodoros, geralmente amargos 
- físicas: sólidos, geralmente cristalinos, incolores ou não (depende 
da estrutura química da aglicona), solúveis em H2O, etanol diluído e 
solventes polares (MeOH, n-BuOH), insolúveis em solventes orgânicos 
imiscíveis em H2O 
- químicas: sofrem hidrólise química (ácida ou básica, geralmente em 
laboratório) ou enzimática (na planta) 
 
AGLICONA GLICONA 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
144
FÁRMACOS COM HETEROSÍDEOS 
 
Extração e isolamento 
- baseados em suas propriedades físicas e/ou químicas 
- antes da hidrólise: extração com água ou solventes orgânicos 
polares 
- após a hidrólise: extração com solventes orgânicos mais apolares 
ou de polaridade intermediária 
- com soluções aquosas alcalinas ou ácidas 
- por precipitação com solventes ou com sais de metais pesados 
- através de cromatografia (adsorção, exclusão, etc.) 
 
Caracterização 
- reações genéricas de precipitação ou reações com formação de 
produtos coloridos (heterosídeos, oses, agliconas) 
- reações baseadas em suas propriedades biológicas 
(hemoaglutinação, hemólise, etc.) 
- emprego de índices e doseamentos 
- cromatografia (papel, camada delgada, líquida de alta eficiência) 
- espectrometria (IV, UV, RMN e EM) 
 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
145
 
 
 
 
 
 
HETEROSÍDEOS 
CARDIOTÔNICOS 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
146
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS 
 
Conceito 
- heterosídeos com ação no músculo cardíaco 
 
Agliconas (geninas) 
- núcleo esteroidal, do tipo ciclopentanoperidrofenantreno 
 
OH
R
H
A B
C D
3
17
R = anel lactônico
núcleo ciclopentanoperidrofenantreno
 
 
- anel D 
- anel lactônico α,β-insaturadode 5 ou 6 membros no C-17 com 
orientação β 
- anel lactônico 
- com 5 membros = cardenolidos, 23C 
- com 6 membros = bufanolidos (ou bufadienolidos), 24C 
O
O
O
O
 
Heterosídeos 
- 1-4 unidades de oses (glicose, ramnose, desóxioses, etc.) 
- 1ª ose ligada ao –OH do C-3 da aglicona com orientação β 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
147
EXEMPLOS DE AGLICONAS 
 
Cardenolidos de Digitalis spp 
 
 
O
OH
OH
O
H
H
H
O
OH
OH
O
OH
H
H
H
digitoxigenina gitoxigenina
 
 
 
 
O
OH
OH
O
OH
H
H
H
O
OH
OH
O
O O
H
H
H
gitaloxigeninadigoxigenina
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
148
EXEMPLOS DE AGLICONAS 
 
Cardenolidos de outras espécies vegetais 
O
OH
OH
O
OH
O
H
H
O
OH
OH
O
OH
OH
OH
OH
H
H
O
OH
OH
O
H
OH
H
O
estrofantidina ouabagenina
oleandrigenina
 
 
Bufanolidos (ou bufadienolidos) 
O
OH
OH
O
H
H
O
OH
OH
O
H
H
O
OH
cilarenina helebrigenina
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
149
EXEMPLOS DE HETEROSÍDEOS 
 
Purpureaglicosídeo A 
(heterosídeo primário) 
OH O
OH
OH
OH
O O
OH
O O
OH
O O
OH
O
O
OH
O
H
H
H
 
digitoxigenina + 3 β-(D)-digitoxose + β-(D)-glicose 
(Digitalis purpurea L.) 
 
 
 
Digitoxina 
(heterosídeo secundário) 
OH O
OH
O O
OH
O O
OH
O
O
OH
O
H
H
H
 
 
digitoxigenina + 3 β-(D)-digitoxose 
(Digitalis purpurea L.)
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
150
OSES MAIS FREQÜENTES 
 
O
OH
OH
OH
OH
OH
 
α-D-glicose 
O
OH
OH
OH
OH
OH
 
β-D-glicose 
O
OH
OH
OH
 
β-D-digitoxose 
 
O OHOH
OMe
 
α-L-oleandrose 
O OHOH
OMe
 
α-D-diginose 
O
OH
OH
OH
OH
 
α-L-ramnose 
O
OH
OH
OH
OH
 
β-D-fucose 
O
OH
OH
OH
OMe
 
β-D-digitalose 
 
 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
151
RELAÇÃO ESTRUTURA-ATIVIDADE 
 
Características desejáveis 
- conformação do núcleo esteroidal: cis-trans-cis 
- fusão dos anéis A/B = cis; B/C = trans; C/D = cis 
O
H OH
H
OH
OH
H
A
B
C
D
 
 
- desóxi-oses com orientação β no –OH do C-3 
Ooses
H
3
 
 
- anel lactônico (5 ou 6 membros) com orientação β no C-17 
O O
OH
17
 
 
- grupo –OH com orientação β no C-14 
R
OH
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
152
OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO 
 
Angiospermas 
- Cardenolidos: Apocynaceae, Asclepidaceae, Cruciferae, 
Celastraceae, Euphorbiaceae, Leguminosae, Liliaceae, Moraceae, 
Ranunculaceae, Scrophulariaceae, Sterculiaceae e Tiliaceae 
 
- Bufanolidos: Liliaceae, Ranunculaceae e Bufonidae (gênero Bufo, 
sapos) 
 
 
PROPRIEDADES 
 
- pó branco ou amarelado, inodoro, amargo, não cristalino 
 
- heterosídeos primários: solúveis em H2O; pouco solúveis em EtOH 
 
- heterosídeos secundários: solúveis em AcOEt e CHCl3 
 
- agliconas: insolúveis em H2O 
 
- meio alcalino: ocorre abertura do anel lactônico 
 
- ação biológica na bomba Na+/K+-ATPase do músculo cardíaco 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
153
EXTRAÇÃO, ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO 
 
Extração 
- planta fresca 
- obtenção de heterosídeos primários (maceração com etanol-
H2O) 
- planta seca 
- obtenção de heterosídeos secundários (sem a unidade de 
açúcar terminal e sem o grupamento acetila, quando este 
ocorre) 
 
Isolamento 
 - extrato hidroalcoólico/PbOAc/CHCl3 
 
Caracterização 
- desóxi-oses, núcleo esteroidal, anel lactônico: reações com 
formação de produto colorido 
- cromatografia (heterosídeo ou aglicona) 
- espectroscopia
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
154
HIDRÓLISES ENZIMÁTICA E ÁCIDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Heterosídeos típicos do gênero Digitalis 
 
 
- a hidrólise enzimática representada acima é um processo típico de 
espécies do gênero Digitalis (1, D. purpurea; 2, D. lanata) 
- durante o processo de secagem do vegetal, a hidrólise enzimática é 
realizada por β-glicosidases da planta, quando a unidade terminal de 
glicose da cadeia de oses é removida; quando presentes, unidades acetila 
da molécula de digitoxose (2) também são removidas por outras enzimas; 
- a hidrólise ácida é realizada em laboratório com adição de ácidos 
minerais diluídos 
Purpureaglicosídeo A 
Purpureaglicosídeo B 
Glicogitaloxina 
Lanatosídeo C 
Lanatosídeo D 
 
Digitoxina 
Gitoxina 
Gitaloxina 
Digitoxigenina 
Gitoxigenina 
Gitaloxigenina 
hidrólise hidrólise 
hidrólise hidrólise 
enzimática 
enzimática ácida 
ácida 
D-glicose 
D-glicose 
Acetila 
heterosídeos primários heterosídeos secundários agliconas 
3 D-digitoxose 
3 D-digitoxose 
Digoxigenina 
Diginatigenina 
 
Digoxina 
Diginatina 
 
1 
2 
AGLICONA 
AGLICONA 
AGLICONA 
+ + + 
+ 
hidrólise 
hidrólise 
enzimática 
ácida 
oses 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
155
DROGAS 
 
Digitalis purpurea L. (dedaleira, Scrophulariaceae) 
- origem: Europa; cultivada em vários países 
- parte usada: folhas 
- constituinte(s) principal(is): ácidos graxos, flavonóides, esteróides, 
saponinas, diversos cardenolidos 
- usos: extração de dois heterosídeos secundários (digitoxina e 
gitoxina) 
- a obtenção de cardenolidos através de síntese orgânica não é 
economicamente viável 
 
D. lanata Ehrh. 
- origem: Europa; cultivada em vários países (Bélgica, EUA, 
Equador, Holanda); faz-se melhoramento genético; no Brasil, houve 
experimentos no Maciço de Itatiaia, MG 
- parte usada: folhas 
- constituinte(s) principal(is): antraquinonas, flavonóides, 
cardenolidos (algumas dezenas) 
- agliconas: iguais às de D. purpurea, exceto a digoxigenina 
- alguns heterosídeos possuem a unidade de açúcar terminal 
acetilada (acetildigitoxose) 
- usos: extração de dois heterosídeos principais: o lanatosídeo C 
(primário) e a digoxina (secundário) 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
156
DROGAS 
 
Strophanthus kombe Oliv., S. hispidus DC., S. gratus (Wall. & 
Hook.) Baill. (estrofanto, Apocynaceae) 
- origem: África 
- parte usada: sementes; eram muito utilizadas por índios africanos 
em flechas envenenadas para caça e em guerras 
- constituinte(s) principal(is): resina, taninos, amido, mucilagens, 
proteínas, saponinas e cardenolidos – estrofantosídeos 
- hoje as substâncias da planta são pouco utilizadas 
O
OH
OH
O
OH
O
H
H
O
OH
OH
O
OH
OH
OH
OH
H
H
estrofantidina ouabagenina
 
 
Droga Aglicona Ose Heterosídeo 
S. kombe estrofantidina 2 x Gli + Cim 
Gli + cimarose 
estrofantosídeo K 
estrofantina K 
S. hispidus estrofantidina 2 x Gli + Cim 
cimarose 
estrofantosídeo K 
cimarina 
S. gratus ouabagenina 
(estrofantidina G) 
ramnose ouabaína 
(estrofantina G) 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
157
DROGAS 
 
Convallaria majalis L. (convalária, raiz do lírio-do-vale, 
Asparagaceae) 
- origem: Europa 
- parte usada: partes aéreas floridas, rizomas e raízes 
- constituinte(s) principal(is): o principal cardenolido é a convalatoxina 
(aglicona = estrofantidina; açúcar = ramnose) 
- planta ornamental tóxica 
 
Nerium oleander L. (louro-rosa, espirradeira, Apocynaceae) 
- origem: região do Mediterrâneo; cultivado no mundo todo 
- parte usada: folhas (látexcom 1,5% de cardenolidos) 
- constituinte(s) principal(is): oleandrina (α-L-oleandrose + 
gitoxigenina) 
 - planta ornamental altamente tóxica 
 - há relatos de mortes de pessoas que utilizaram os ramos desta 
planta como espeto para preparar carne 
 - há inúmeros relatos de intoxicação de pessoas em decorrência da 
ingestão das partes aéreas da planta 
 
 
 
 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
158
DROGAS 
 
T. neriifolia Juss. ex Steud. [Thevetia peruviana (Pers.) K. 
Schum.; chapéu-de-napoleão, louro-amarelo, noz-da-sorte, 
Apocynaceae] 
- origem: América latina 
- parte usada: sementes dos frutos, folhas, flores 
- constituinte(s) principal(is): tevetosídeos (aglicona = digitoxigenina) 
- planta ornamental altamente tóxica 
 
Urginea maritima (L.) Baker (Urginea scilla Steinh., Scilla 
marítima L.; cila, cebola marítima, Asparagaceae) 
- origem: Europa e Ásia; usado desde épocas remotas (Egito e 
Roma, a.C.); presente no Mediterrâneo 
- parte usada: escamas do bulbo 
- constituinte(s) principal(is): frutanos, taninos condensados, 
flavonóides e bufanolidos (4%) 
- principal bufanolido: cilarina A (genina = cilaridina A; oses = glicose 
+ ramnose) 
- droga pouco usada na atualidade 
 
 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
159
HETEROSÍDEOS CARDIOTÔNICOS 
 
Função ecológica 
- exemplo de co-evolução planta-herbívoro 
- seqüestro de cardenolidos vegetais por insetos e utilização contra 
seus predadores 
- plantas: Asclepias L. spp (Asclepiadaceae) e Nerium oleander L. 
(Apocynaceae) 
- insetos: larvas da borboleta monarca (Danaus plexippus L., 
Nymphalidae) 
- predador: Cyanocitta cristata L. ("blue jay" ou gaio azul, Corvidae) 
- o predador associa a cor do inseto com seu sabor desagradável e 
emese 
- pode ocorrer mimetismo por outros insetos 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
160
 
 
 
 
 
 
SAPONINAS
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
161
HETEROSÍDEOS SAPONÍNICOS 
 
Conceitos 
- quanto ao tipo de esqueleto: saponinas esteroidais, triterpênicas e 
alcaloídicas 
- quanto às propriedades: saponinas neutras, ácidas ou básicas 
- peso molecular elevado (600 a 2000) 
- oses ligadas ao ─OH com orientação em β no C-3 
- solúveis em H2O 
- produzem espuma abundante e persistente 
- diminuem tensão superficial da água 
- ação detergente e emulsificante 
- nome oriundo da palavra latina sapo (sabão), sendo que as 
saponinas eram inicialmente extraídas da planta Saponaria officinalis 
L. (Caryophyllaceae) cujo preparado era empregado para lavar 
roupas 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
162
SAPONINAS 
 
Saponinas com núcleo esteroidal (esteroidais) 
OR
H
O
O
O
OH
OR
A B
C D
3 8
19
17
14
20
25
18
21
D
E
F
D
E
monodesmosídica
(espiroestano)
bidesmosídica
(furoestano)
17 17
2121 25
25
22 22
 
 - monodesmosídicas ou bidesmosídicas (27 C); R = oses 
 
Saponinas com núcleo triterpênico (triterpênicas) 
 - agliconas pentacíclicas (30 C) 
R1O H
COOR2 COOR2
A B
D
3
E
C D
E
D
E
β-amirina α-amirina lupeol
28
29 30
27
 
- monodesmosídicas ou bidesmosídicas (30 C); R1,R2 = oses 
 
Saponinas alcaloídicas 
- agliconas hexacíclicas (27 C; espirosolano e solanidano); R = oses 
OR
O
N
H
H
OR
N
H
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
163
OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO 
 
 - as saponinas triterpênicas são mais comuns e dispersas no reino 
vegetal do que as esteroidais, mais restritas a Monocotiledôneas; as 
saponinas alcaloídicas são restritas apenas a uma família vegetal, a 
Solanaceae 
 
Angiospermas 
- Monocotiledôneas 
- saponinas esteroidais: Agavaceae (Asparagaceae), 
Dioscoreaceae e Liliaceae 
 
- Dicotiledôneas 
- saponinas triterpênicas: Araliaceae, Caryophyllaceae, 
Polygalaceae, Primulaceae, Sapindaceae e Sapotaceae 
 
- saponinas alcaloídicas: Solanaceae (gênero Solanum L.) 
 
- nas espécies vegetais elas ocorrem geralmente nas raízes, cascas e 
sementes, em concentrações de 0,1 – 30%, as quais são muito altas para 
metabólitos secundários 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
164
PROPRIEDADES 
 
Organolépticas 
- pó inodoro, sabor variado (algumas doces), branco ou amarelado, 
podendo causar irritação nos olhos e provocar espirros 
 
Químicas 
- sofrem hidrólise enzimática e ácida (liberação de oses) 
- podem ser ácidas (triterpênicas), básicas (alcaloídicas) e neutras 
(triterpênicas e esteroidais do tipo espiroestano) 
 
Físicas 
- elevado PM, sólidos amorfos, higroscópicos 
- solúveis em soluções hidroalcoólicas e em H2O 
- formam solução coloidal com H2O 
- insolúveis em solventes orgânicos apolares 
- diminuem tensão superficial da H2O 
- aumentam permeabilidade celular 
 
Três propriedades importantes 
- propriedade afrogênica: formam espuma abundante e 
persistente em H2O 
- propriedade hemolítica 
- propriedade ictiotóxica 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
165
EXTRAÇÃO, ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO 
 
Extração e isolamento 
- soluções aquosas, alcoólicas ou hidroalcoólicas (maceração, 
decocção ou percolação) 
- precipitação: PbOAc em EtOH, magnésia, água de barita 
- partições com solventes ou cromatografia 
- difícil purificação (misturas complexas polares) 
- cromatografia: isolamento e purificação 
 
Caracterização 
- reações com formação de produto colorido para oses, núcleo 
esteroidal e núcleo triterpênico 
- cromatografia 
- métodos colorimétricos e espectroscópicos 
- índices (quantitativa): de espuma, de hemólise e de peixe, 
porém muito pouco utilizados atualmente 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
166
AÇÕES FARMACOLÓGICAS* 
 
- baixa absorção pelo TGI (requer tratamentos prolongados) e ainda 
podem sofrer hidrólise 
- pouco tóxicas via oral (presente em alimentos como feijões, lentilhas, 
soja, espinafre, etc.) 
- geralmente tóxicas via parenteral 
- espiroestanos complexam-se com esteróides (colesterol), formando 
precipitado em etanol 96% 
- complexam-se com proteínas e fosfolipídeos de membrana 
- provocam hemólise pela diminuição da tensão superficial entre a 
camada aquosa e a lipídica da membrana de eritrócitos 
- ação em membranas celulares: alteração de permeabilidade (bloqueia 
saída de líquido) de células de vasos capilares ou até sua total 
destruição 
- causam irritação de mucosas 
- principais ações relevantes: expectorante/secretolítica, 
antiedematogênica (antiexsudativa), anti-ulcerogênica, estimulante da 
atividade motora, memória e aprendizado 
- demais ações farmacológicas específicas de cada substância: 
antimicrobiana, antiviral, antimicótica, anti-inflamatória, diurética, 
antitussígena, depurativa, cicatrizante, anti-hemorroidal, citoprotetora, 
hepatoprotetora, imunomodulatória, etc. 
 
* as ações aqui descritas não gerais ou típicas de todas as saponinas, nem 
apresentam igual intensidade, sendo que dependem do paciente, da droga vegetal, 
da dose, de cada classe de saponina e de cada estrutura química; portanto, existem 
inúmeras exceções. 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
167
EMPREGOS 
 
Farmácia 
- colóides protetores no preparo de emulsões e suspensões 
coloidais 
- detergentes para sabões líquidos, xampus, loções capilares, 
cremes dentais; 
- adjuvantes para aumentar absorção de medicamentos 
- medicamentos fitoterápicos 
 
Indústria 
- detergentes, espumantes, espessantes, material de partida para 
semi-síntese de esteróides de interesse farmacêutico 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012)168
DROGAS 
 
Smilax glabra Roxb. (salsaparrilha; Smilacaceae) 
- origem: México e América Central (eram utilizadas pelos Maias) 
- parte usada: raízes 
- constituinte(s) principal(is): resina, esteróides, amido e saponinas (2 
a 4%) 
 - saponinas esteroidais: salsaparrilina (mistura), parrilina, 
salsaponina e parilosídeo 
- ação farmacológica: diurética, depurativa, sudorífera, 
antiinflamatória, tônica 
- usos: extratos aquosos, associações com outras plantas, 
espumante de cerveja sem álcool, doces, sobremesas; liberação 
pelo FDA; constante na USP 
O
O
OH
OH
OH
OH
O
O
O
O
H
H
H H
H
H
OH
O
O
OH
OH
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
parrilina
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
169
DROGAS 
 
Glycyrrhiza glabra L. (alcaçuz, glicirriza, Fabaceae) 
- origem: Europa (Roma antiga) 
- parte usada: raízes e rizomas sem casca (3 a 4 anos) 
- constituinte(s) principal(is): triterpenos, esteróides, flavonóides, 
cumarinas, saponinas, amido 
- saponina triterpênica: glicirrizina ou ácido glicirrízico (2 a 15%; 
aglicona = ácido glicirrético); ocorre como mistura de sais de cálcio 
e potássio; é 50-150 vezes mais doce que o açúcar comum 
(sacarose) e após a hidrólise perde sabor 
- ação farmacológica: expectorante, antiespasmódica, diurética, 
antiinflamatória, contra úlcera péptica e doença de Addison; o ácido 
glicirrético é usado como antiinflamatório tópico; ação farmacológica 
relacionada à inibição de enzimas do metabolismo de corticóides e 
prostaglandinas 
- usos: pó, extrato aquoso, xarope, extratos desglicirrinizados (não 
provocam retenção de Na+), aromatizante e flavorizante de 
medicamentos, surfactante, espumante de cerveja 
 
H
O
H
H
CO2H
O
OOH
OH
O
O
OH
OH
OH
CO2H
CO2H
glicirrizina ou ác. glicirrízico
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
170
DROGAS 
 
Panax ginseng C.A. Mey. (ginseng japonês, Araliaceae) 
- origem: Ásia (Oriente: China, ex-URSS, Coréia, Japão); cultivo nos 
EUA e Canadá 
- parte usada: raízes 
- constituinte(s) principal(is): inúmeras saponinas triterpênicas 
derivadas dos ginsenosídeos (ou panaxosídeos) 
- ação farmacológica: tônica, estimulante, diurética, vasoconstrictor 
periférico, anti-inflamatória; adaptógeno (aumento da resistência 
não-específica do organismo a agentes de estresse externos ou a 
efeitos nocivos) 
- usos: pó, infusões, extratos padronizados, associação com outras 
plantas; um dos campeões de venda no mundo 
R1O H
OR2
H
OH
H
H
R1,R2 = oses
ginsenosídeo
 
Polygala senega L. (sênega, Polygalaceae) 
- origem: América do Norte (EUA e Canadá) 
- parte usada: raízes 
- constituinte(s) principal(is): açúcares, óleos essenciais, gorduras, 
esteróides, saponinas triterpênicas 
 - saponina: senegina 
- ação farmacológica: expectorante, diurética 
- usos: xarope, infuso, extrato fluido
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
171
DROGAS 
 
Centella asiatica (L.) Urb. (Hydrocotyle asiatica L.; centela, 
centela asiática, Apiaceae) 
- origem: Oriente (Índia) 
- parte usada: partes aéreas e raízes 
- constituinte(s) principal(is): alcalóides, óleo essencial, flavonóides, 
saponinas triterpênicas (asiaticosídeos) 
- usos: cicatrizante, insuficiência venosa crônica 
- precauções: dermatite de contato; lactantes; narcótico 
- FB 5ª ed. 
 
OH
H
COOROH
OH
H
H
R = β-D-Gli-(6-1)-D-Gli-(4-1)-α-L-Ram
asiaticosídeo
 
 
Timbós: gêneros Magonia A.St.-Hil., Serjania Mill., Paullinia 
L. e Sapindus L. (Sapindaceae) 
- origem: Brasil 
- parte usada: cascas do caule 
- constituinte(s) principal(is): saponinas 
- ação farmacológica: ictiotóxica 
- usos: pesca indígena tradicional 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
172
DROGAS 
 
Agave sisalana Perrine ex Engelm. (sisal, Asparagaceae) 
- origem: África, Oriente Médio (Israel) 
- parte usada: fibra das folhas 
- constituinte(s) principal(is): saponinas esteroidais 
- usos: preparo do sisal (fibras) e extração da hecogenina para 
produção de esteróides através de semi-síntese 
O
O
H
H
H H
H
HO
OH
hecogenina
 
 
Dioscorea L. spp (inhame, cará, Dioscoreaceae) 
- origem: América Central 
- parte usada: raízes, com 4 - 8% de saponinas; demanda anual de 
10 mil toneladas de tubérculos 
- constituinte(s) principal(is): principal saponina é a dioscina 
- usos: extração da diosgenina para produção de esteróides através 
de semi-síntese 
O
OH
H H
H
HO
OH
diosgenina
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
173
DROGAS 
 
Pfaffia paniculata (Mart.) Kuntze; P. iresinoides (Kunth) 
Spreng. (ginseng brasileiro, Amaranthaceae) 
- origem: Brasil (de norte a sul) 
- parte usada: raízes 
- constituinte(s) principal(is): saponinas triterpênicas e esteroidais 
- usos: tônico, estimulante 
 
Gomphrena officinalis Mart. G. macrocephala St. Hil. 
("paratudo", Amaranthaceae) 
- origem: Brasil (regiões de cerrado) 
- parte usada: raízes 
- constituinte(s) principal(is): saponinas triterpênicas e esteroidais 
- usos: tônico, estimulante 
 
Outras drogas: 
 - Primula veris Lehm. ou P. elatior Hill. (prímula, Primulaceae) 
- Quillaja saponaria Molina (Rosaceae) 
- Calendula officinalis L. (FB 5ª ed.), Solidago virgaurea L., S. 
gigantea Ait. e S. canadensis L. (Asteraceae) 
- Ruscus aculeatus L. (Convallariaceae) 
- Hedera helix L. (Araliaceae) 
- Saponaria officinalis L. (Caryophilaceae) 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
174
 
 
 
 
 
 
FLAVONÓIDES 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
175
FLAVONÓIDES 
 
Conceito 
- flavus = amarelo 
- geralmente são substâncias coloridas 
- fluorescentes sob luz UV 
- são pigmentos naturais de plantas 
- são γ-pironas com um grupo 1,4-benzopirano 
O
O
O
O
αααα
ββββ
γγγγ
γ-pirona 1,4-benzopirano
1
4
 
 - substâncias aromáticas, tricíclicas (anéis A, B e C) 
O
O
A
B
C
flavonóide: núcleo básico
 
- polifenóis abundantes no reino vegetal 
- encontrados sob a forma livre ou heterosídica (O- e C-) 
- inexistentes em organismos marinhos 
- biossíntese mista: acetil-CoA + via do chiquimato (C6C3) 
OH
OH
OH
CO2H
CO2H OH
OOH
OH
ác. chiquímico ác. cinâmico
3x acetil-CoA
chalcona
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
176
FLAVONÓIDES 
O
OOH
OH
A
B
C 2
1
3
5
7
3'
4'
5'
6'
2'
6
8
4
1'
 
 
Classificados em seis classes químicas principais 
 1) flavonas: ligação dupla entre C2-C3 
 2) flavanonas: redução entre C2-C3 
 3) flavonóis: ligação dupla entre C2-C3; ─OH em C3 
 4) diidroflavonóis: redução entre C2-C3; ─OH em C3 
 5) chalconas: anel C aberto entre as posições 1-2 
 6) isoflavonóides: anel B (arila) ligado em C3 
O
OOH
OH O
OOH
OH O
OOH
OH
OH
OH
OOH
OH
O
OOH
OH
O
OOH
OH
OH
1 2 3
4 5 6
 
 
- substituintes mais comuns: ─OH, ─OAc, ─OMe em C3’, C4’ e C5’ ou 
ainda ─OMe ou ─OAc em C5 e C7 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
177
ISOFLAVONÓIDES 
 
- distribuição taxonômica restrita 
- predominância acentuada em Fabaceae 
- diversidade estrutural: isoflavonas, isoflavanonas, isoflavenos e demais 
derivados 
- vários atuam como fitoalexinas antimicrobianas 
- fitoalexinas = substâncias biossintetizadas logo após estímulo 
- atividade estrogênica em humanos: isoflavonas (fitoestrogênios) 
- fonte usual: Glycine max (L.) Merr. (soja, Fabaceae) 
 
Núcleo básico de isoflavonóides 
 
O
OOH
OH O
OOH
OH
A
B
C
isoflavona isoflavanonaDisciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
178
ANTOCIANINAS 
 
- derivados de flavonóides sem a carbonila no C4 
- corantes naturais (anthos = cor) 
- presentes em cascas de frutos e pétalas de flores 
- alta solubilidade em H2O 
 
O
OH
OH
O oses
O
OH
OH
OH
+ +
3
antocianina antocianidina
 
 
- oses no –OH do C3: confere estabilidade à molécula 
- maior número de –OH → aumento de intensidade da cor 
- sensibilidade a variação de pH → mudança de cor 
 
O
OH
OH
O oses
OH
O
OH
OH
O oses
O
+
 
pH ácido = violeta pH básico = azul 
 
- ocorrência: cascas de berinjela, jambolão, uva, no repolho roxo, em 
vinhos e sucos 
- uso em confeitarias e como aditivos alimentares em indústrias 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
179
PROPRIEDADES 
 
Organolépticas 
- sólidos amargos, inodoros, geralmente coloridos (amarelados) 
 
Físicas 
- sólidos, cristais, solúveis em água, em álcool ou soluções 
hidroalcoólicas diluídas 
- insolúveis em solventes orgânicos apolares 
- fatores de influência na solubilidade: número e posição de 
grupamentos substituintes (em especial –OH), número e posição de 
oses, grau de insaturação 
- intensa fluorescência sob luz UV 
 
Químicas 
- hidrólise ácida e enzimática 
- reação positiva com bases fortes (NaOH ou NaOMe): formação de 
fenóxidos altamente estabilizados por ressonância 
 
O
OOH
OH
OH
OH
OH
O
OO
O
O
O
O
OH−
 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
180
EXTRAÇÃO, ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO 
 
Extração 
 - soluções aquosas ou hidroalcoólicas (heterosídeos) 
 - solventes orgânicos de polaridade intermediária: agliconas 
 - emprego de gradiente crescente de polaridade 
 
Isolamento e purificação 
- métodos cromatográficos: CCDP, CC com sílica gel, alumina, 
poliamida, amberlite, Sephadex 
 
Caracterização 
- reações de coloração 
- reagentes de deslocamento em solução em MeOH (luz UV) 
- cromatografia (CP, CCD, CLAE) 
- camada delgada: reveladores - luz UV (254 e 366 nm); luz UV + 
vapores de NH3 
- espectroscopia no UV 
 
Doseamento 
- colorimetria 
- determinação de teores ou “flavonóides totais” em soluções
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
181
FUNÇÃO NAS PLANTAS 
 
- marcadores taxonômicos: especificidade em determinados grupos 
vegetais 
 
- pigmentação de flores: diferentes cores 
 
- guia-mel: ação na polinização 
 
- proteção dos vegetais contra radiação UV 
 
- antioxidantes naturais 
 
- controle de hormônios 
 
- substâncias alelopáticas 
 
- inibidores de enzimas 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
182
EMPREGOS E PROPRIEDADES 
 
Empregos mais comuns 
- pigmentos naturais 
- para curtir couro 
- fermentação de chás 
- manufatura de cacau 
- pelo elevado valor nutricional em alimentos 
- antiinflamatórios 
- antioxidantes 
- produtos encapsulados (rutina, quercetina) – suplemento alimentar 
- estão naturalmente presentes em inúmeros vegetais e são 
consumidos normalmente na dieta 
 
Propriedades biológicas 
 - cofator da vitamina C 
 - aumento da resistência capilar 
- fatores P ou vitamina P (auxílio na absorção da vitamina C) 
- coadjuvante em tratamento de hipertensão e doenças circulatórias 
- antiinflamatória, anti-hemorrágica, hormonal, antioxidante, 
antimicrobiana, dentre outras 
- as ações são dependentes da estrutura, concentração, combinação 
com outras substâncias , sinergismos, etc. 
- atividade hormonal de isoflavonas (fitoestrogênios) 
- baixa toxicidade 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
183
DROGAS 
 
Citrus L. spp (cascas de laranja, limão, etc.; Rutaceae) 
- localização: pericarpo 
- heterosídeos mais comuns: hesperidina e naringina (flavanonas), 
rutina (flavonol) 
- empregados puros ou em associações 
- utilidade: auxílio na absorção de vitamina C e diminuição da 
fragilidade capilar; tratamento de insuficiência venosa 
 
Passiflora alata Curtis e P. edulis Sims (América Latina); P. 
incarnata L. (Europa) (maracujá; Passifloraceae); 
- origem: América Latina 
- parte usada: folhas e partes aéreas (Farm. Bras. II, DAB) 
- constituinte(s) principal(is): cumarinas, alcalóides indólicos, ácidos 
fenólicos, fitoesteróis e inúmeros flavonóides 
- ação farmacológica: folhas secas são indicadas como sedativo e 
ansiolítico brando; princípios ativos ainda desconhecidos 
- usos: infusões, extratos 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
184
DROGAS 
 
Ginkgo biloba L. (ginkgo, Ginkgoaceae) 
- origem: China; cultivada em outros países 
- parte usada: folhas 
- constituinte(s) principal(is): fitoesteróis, alcanos, álcoois e cetonas 
alifáticas, mais de 20 glicosídeos flavonóides; três agliconas 
principais (quercetina, caempferol e isorhamnetina); biflavonas e 
ésteres de ácido cumárico com flavonóides; sesquiterpenos e 
diterpenos (gincolidos) 
- grupos importantes nas folhas secas: 0,1-0.25% de lactonas 
diterpênicas compreendendo cinco gincolidos (A, B, C, J e M) e o 
bilobalido; os predominantes nesta mistura são o gincolido A e o 
bilobalido; há ainda de 0,5-1,0% de flavonóides, compreendendo 
uma mistura de mono, di e tri-glicosídeos de quercetina e 
caempferol, além de biflavonóides 
- ação farmacológica: os gincolidos são antagonistas do PAF e os 
flavonóides são antioxidantes 
 - indicação: arteriopatias crônicas, prevenção de AVC em idosos e 
contra a diminuição intelectual patológica em idosos 
 - usos: emprego de extratos padronizados; devem conter 
flavonóides lactonas diterpênicas na proporção 24:6% ou 27:7% 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
185
O
O
H
O
O
O
O
OH
R
O
R
R
O
O
O
OH
O
OO
OH
O
OOH
OH
OH
R
OH
 R1 R2 R3
A OH H H
B OH OH H
C OH OH H
J OH H OH
M H OH OH
1
2
3
gincolidos
bilobalido
R = H, caempferol
R = OH, quercetina
 
 
Curiosidades 
- Ginkgo é o único representante do gênero e da família; é uma pequena 
árvore com 200 milhões de anos, oriunda do período Paleozóico 
Superior 
- a planta é utilizada na medicina popular chinesa desde 2.800 a.C. 
- o medicamento a base de ginkgo Tebonin, da empresa Schwabe, foi 
o líder de vendas na Alemanha em 1992 (US$ 195 milhões) e o 
fitoterápico mais prescrito no país em 1993 (US$ 280 milhões) 
- o mercado deste fitoterápico foi de US$ 300 milhões na Europa em 
1994 
- nos EUA é comercializado como suplemento alimentar 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
186
SUBSTÂNCIAS PURAS OU MISTURAS 
 
Quercetina (flavonol) e rutina (heterosídeo) 
 
O
OOH
OH
OH
OH
OH
O
OOH
OH
O
OH
OH
Glicose-Ramnose
quercetina rutina
 
- isolados de vários gêneros de plantas 
- indicações: antioxidantes, antiinflamatórios, para o aumento da 
resistência capilar e regulagem da permeabilidade, auxílio na absorção 
da vitamina C; auxílio em casos de hemorragias, flebites 
 - usos: cápsulas com flavonóides ou em associação 
 
Isoflavonas 
- isoladas de soja (Glycine max Merr., Fabaceae) 
- efeito antioxidante e ação estrogênica 
- indicações: reposição hormonal; prevenção ou tratamento da 
fragilidade óssea na fase pós-menopausa de mulheres 
 - uso: cápsulas com proteína de soja e isoflavonas (mistura) 
 
O
O
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
genisteína daidzeína
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
187
ECOLOGIA QUÍMICA 
 
Química da polinização 
- atração: odor (óleos essenciais) 
- direcionamento: cor (flavonóides); “guia-mel”- recompensa energética: alimentação (néctar) 
- ganho do vegetal: espalhamento dos grãos de pólen (polinização) 
 
Cor 
- localização: cromoplastos 
- abelhas 
- preferência por azul e amarelo 
- não enxergam vermelho 
- observam diferenças na absorção (UV) 
- sensíveis a flavonas e flavonóis 
- “guia-mel”: direcionam insetos diretamente ao néctar 
- flavonas e flavonóis: presentes em praticamente todas as flores 
brancas 
- co-pigmentação: carotenóides, quinonas e antocianinas 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
188
 
 
 
 
 
 
ANTRAQUINONAS 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
189
HETEROSÍDEOS ANTRAQUINÔNICOS 
 
Conceito 
 - substâncias aromáticas, tricíclicas, com núcleo antracênico 
- geralmente encontram-se na forma de quinonas 
- apresentam cor 
- possuem propriedades laxativas e purgativas 
- possuem núcleo antraquinônico derivado do antraceno 
 - origem do acetil-CoA ou ácido succinilbenzóico 
 
 
O
O
quinona
 
 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
190
HETEROSÍDEOS ANTRAQUINÔNICOS 
 
Núcleo antraquinônico 
O
O
antraquinona
A B C
1
2
3
45
6
7
8
 
Origem biossintética do acetil-CoA (policetídeos) 
O OHOH
OH
CO2HS
OOOO
O O O
O
CoA
SCoA
O
 
Principais derivados 
O
H OH
O
H H
O
O
OH
O
H
O
H
O
O
naftodiantrona
oxantrona
antraquinona
diantrona
antrona antranol
[O]
[H]
[O]
[O][O]
[H]
OH-
H+
[O]
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
191
HETEROSÍDEOS ANTRAQUINÔNICOS 
 
Exemplos de antraquinonas e agliconas 
O
O
OHOH
CO2H
O
O
OHOH
OH
O
O
OHOH
O OHOH
O
H
H
OH OH
CO2H
CO2H
O OHOH
MeO
O
O OHOGli
OH
H
O
H
OH
OH
OH
OH
O OHOH
OH
GliH
O
O
OHOH
RamO
O
O
OHOH
OH
OH
Gli
OHOH
OH
reína aloe-emodina
senidina A
crisofanolfisciona
cascarosídeo A
aloína Afrangulina A
emodina barbaloína
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
192
OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO 
 
Angiospermas 
 - Monocotiledôneas 
 - Liliaceae (Xanthorrhoeaceae) 
 
 - Dicotiledôneas 
- Asphodelaceae, Caesalpinaceae, Ericaceae, Euphorbiaceae, 
Polygonaceae, Rhamnaceae, Rubiaceae, Saxifragaceae e 
Verbenaceae 
 
 
PROPRIEDADES 
 
Organolépticas 
- amargas, inodoras, coloridas (de amarelo a vermelho) 
 
Físicas 
- sólidas, solúveis em água, em álcool ou soluções hidroalcoólicas 
- solúveis em soluções aquosas básicas 
- insolúveis em solventes orgânicos apolares 
 
Químicas 
- formas reduzidas: facilmente oxidadas 
- sofrem hidrólise ácida, básica e enzimática; para os C-
heterosídeos, realiza-se hidrólise oxidativa (HNO3 ou H2O2/HCl) 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
193
CARACTERIZAÇÃO 
 
Reação de Bornträger 
 
- adicionar benzeno ao pó da droga 
- filtrar em funil 
- adicionar ao extrato base diluída em H2O 
- formação de solução aquosa de coloração vermelha, violeta ou 
rósea é resultado positivo para antraquinonas livres 
- a reação é negativa para O-glicosídeos estáveis ou C-glicosídeos 
 
O
O
OHOH O
O
OO
solúvel em solvente orgânico solúvel em solvente aquoso
OH−
H+
 
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
194
DROGAS E PRINCÍPIOS ATIVOS 
 
- fármacos consagrados desde a antigüidade (2700 a.C.) 
- constam em inúmeras farmacopéias: Farm. Bras. II e IV, BP, DAB, EP, 
USP 
- ação laxativa ou purgante (catárticos): agem no músculo liso da parede 
do cólon, na parede do intestino grosso (aumento do peristaltismo) e no 
transporte de íons (Na+/K+ e Cl-) 
- heterosídeos são mais potentes que as agliconas, porém têm menor 
absorção (baixa lipossolubilidade) 
- ocorre a ação das agliconas no aparelho digestivo 
- antronas e diantronas são mais ativas que as formas oxidadas, sendo 
basicamente formadas e liberadas no intestino grosso, porém possuem 
efeitos adversos 
- as formas oxidadas (antraquinonas) necessitam de doses maiores, 
porém apresentam menos efeitos adversos 
- o consumo regular leva à adaptação e ao escurecimento da mucosa do 
reto e do cólon, que é reversível após cessado o tratamento 
- empregos da droga: pós, extratos, xaropes, tinturas, em associações com 
outras drogas, incluindo as de origem não-vegetal, além da presença em 
“complexos para emagrecimento” associados a anfetaminas (moderadores 
de apetite) 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
195
DROGAS 
 
Rheum palmatum L., R. officinale Baill. (ruibarbo, 
Polygonaceae) 
- origem: Ásia (China, Índia, Paquistão, Nepal, Tibet) 
- parte usada: rizomas descorticados (6-10 anos de idade) 
- constituinte(s) principal(is): taninos, 3-12% de diversas 
antraquinonas, livres ou não (antronas, diantronas, aloe-emodina, 
emodina, reína) 
- usos: baixas doses = laxante; altas doses = purgativo 
- monografia na FB 5ª ed. 
 
Rhamnus purshiana DC. (Frangula purshiana (DC.) A. Gray; 
cáscara sagrada, Rhamnaceae) 
- origem: Costa Pacífica da América do Norte; árvore com 6-18 m; 
cultivada 
- parte usada: cascas secas (após coleta, armazenar por pelo menos 
1 ano até o processamento) 
- constituinte(s) principal(is): 6-9% de vários heterosídeos 
antraquinônicos, dos quais 80%-90% são C-glicosídeos de 
antronsa; há os cascarosídeos A e B (maior proporção), C e D; 
aloínas A e B, barbaloínas, aloe-emodinas 
- droga mais efetiva quando mais velha 
- usos: usado como laxante (para constipações) e aumenta 
peristaltismo do intestino grosso 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
196
DROGAS 
 
Senna alexandrina Mill. (sin. Cassia angustifolia Vahl.); 
Cassia senna L. (sin. C. acutifolia Delile); sene, Fabaceae 
 - origem: África e Oriente Médio; pequenos arbustos (± 1m) 
- parte usada: folhas ou frutos (DAB, USP) 
- constituinte(s) principal(is): heterosídeos antraquinônicos: 
senosídeos A - F (diantronas), reína (antrona) e aloe-emodina 
(antraquinona) 
- usos: pó ou extratos padronizados 
- monografia na FB 5ª ed. (Senna alexandrina) 
 
Aloe L. spp (A. barbadensis Mill., A. vera (L.) Burm. f., A. 
spicata L. f., A. ferox Mill., A. africana Mill.; "aloes", babosa, 
Xanthorrhoeaceae) 
- origem: norte da África; plantas xerófitas (mais de 300 espécies); 
cultivada 
- parte usada: exsudato liberado pelo periciclo (corte transversal das 
folhas) e depois concentrado, formando massas escuras e opacas; 
sabor nauseante, amargo e odor desagradável; de 10-30% de 
antraquinonas 
- constituinte(s) principal(is): óleo essencial, resina, mucilagem, 
aloínas A e B (C-heterosídeos), poucas antraquinonas livres; 
concentração dos princípios ativos varia muito em cada espécie 
- usos: ação purgativa potente 
- monografia na FB 5ª ed. 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
197
Hypericum perforatum L. (erva-de-são-joão, Hypericaceae) 
- origem: Europa 
- parte usada: partes aéreas (folhas e flores); DAB 
- constituinte(s) principal(is): flavonóides, cumarinas, fenóis, mono e 
sesquiterpenos, n-alcanos, β-sitosterol, n-alcanóis, carotenóides, 
acil-floroglucinol (hiperforina), hiperflorina e antraquinonas (10% de 
hipericina, uma diantrona fotossensibilizante e antiviral e de 
pseudo-hipericina) 
O
O
OH OH
OH
OH
OH OH
OOH
O O
hipericina hiperforina
 
- ação farmacológica: antidepressivo para depressão suave a 
moderada; diz-se ser tão eficaz como a fluoxetina (Prozac®); ação 
inibidora da MAO; hipericina e hiperforina são os ativos; há estudos 
avançados: ensaios clínicos, ensaios duplo-cego, controlado com 
placebo e biodisponibilidade- precauções: fototoxicidade e interações medicamentosas 
(contraceptivos orais, anticonvulsivantes, antivirais, digoxina e 
eofilina) 
- uso: extrato seco padronizado; no Brasil o uso é sob prescrição 
médica (ANVISA, 2002) 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
198
PREPARADOS ALOE VERA 
 
- as células parenquimatosas da porção mais interna da folha (não 
confundir com o exsudato do periciclo) produzem um material incolor 
composto de polissacarídeos (mucilagens) que tem diferentes aplicações: 
- preparações cosméticas e de higiene (sabão em pó) 
- ação hidratante e emoliente 
- contra queimaduras, cortes e feridas = cicatrizante 
 
Mucilagens 
- polissacarídeos complexos: após hidrólise liberam oses (glicose, 
arabinose, galactose, manose, xilose) + ácidos urônicos*; são 
semelhantes a gomas 
- gomas = formações patológicas; mucilagens = produtos normais 
- ocorrem em várias partes de plantas: folhas, raízes, cascas, etc., 
sempre constantes 
- retém água, inchando-se facilmente; formam géis; são sólidos 
amorfos quando secos 
 
*grupos –OH primários de oses oxidados a –COOH, como por 
exemplo os ácidos galacturônico e glicurônico (estrutura abaixo): 
O OH
OH
OH
CO2H
OH
O
OH
OH
OH
OH
CO2H
ácido glicurônico
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
199
 
 
 
 
 
 
TANINOS 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
200
TANINOS 
 
Conceito 
- polifenóis com alto PM 
- ocorrem como misturas complexas 
- propriedade de complexar com proteínas e alcalóides 
- responsáveis pela adstringência de frutos 
- usados para curtir couro 
- classes: taninos condensados e taninos hidrolisáveis 
 
Ocorrência e distribuição 
 - ampla distribuição, ocorrendo em quase todas as famílias vegetais, 
em diversas partes da planta, porém em épocas determinadas 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
201
PROPRIEDADES 
 
Organolépticas 
- adstringente 
 
Físicas 
- sólidos amorfos, não cristalizáveis, solúveis em água e em álcool 
- insolúveis em outros solventes orgânicos 
 
Químicas 
- complexação com íons metálicos: sais de Cu, Al, Mn, Fe, Pb, Sn, 
K2Cr2O7, alcalóides, pó de pele, gelatina ⇒ precipitação 
- coloração: sais de Fe (azul ou verde) 
 ferricianeto de potássio/NH3 (vermelho) 
- hidrólise ácida e enzimática 
 
Biológicas 
- hemoaglutinação, antioxidante 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
202
TANINOS CONDENSADOS 
 
Polímeros e oligômeros de flavonóides 
- polímeros e oligômeros com alto PM (1.000 a 5.000) derivados dos 
flavonóides (flavan-3-ol e flavan-3,4-diol) 
- taninos “verdadeiros”, difíceis de purificar 
- moléculas não hidrolisáveis, porém degradadas com ácidos 
minerais a quente 
- formação de complexos vermelhos insolúveis 
- também denominados de pro-antocianidinas 
- ex: monômero de flavan-3-ol ou (+)-catequina 
O
OH
OH
OH
1
2
3
4
distenina
 
- exemplo de uma pro-antocianidina dimérica [epicatequina-(4β→8)-
catequina ou tipo B = C4→C8 ou C4→C6)] e de um trímero 
O
OH
OH
O
OH
OH
OH
OH
O
OH
OH
OH
O
OH
OH
O
OH
OH
OH
OH
4
8
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
203
TANINOS CONDENSADOS 
 
- exemplo de uma pro-antocianidina dimérica: (epi)catequina-(2β→O7, 
4β→8)-(epi)catequina ou tipo A = C4→C8 ou C4→C6 e C2→O7 ou 
C2→O5) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ocorrência 
Frutas e bagas (berries) 
 - abacate, açaí, banana, cassis, cereja, groselha, kiwi, maçã, 
morango, nectarina, pêra, pêssego, uva e berries: bilberry, blueberry, 
chokeberry, cloudberry, cranberry, crowberry, lingonberry, raspberry, 
Saskatoon berry, sweet rowanberry, whortleberry 
 
Demais vegetais 
 - amendoim, cacau e chocolate, cevada, chá preto, chá verde, chá 
branco, ruibarbo, trigo sarraceno, vinho tinto 
 
Chás 
- Camellia sinensis (L.) Kuntze, Theaceae
O
OH
OH
OH
OH
O
OH
O
OH
OH
OH
OH
2
4 7
8
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
204
TANINOS HIDROLISÁVEIS 
 
Heterosídeos hidrolisáveis (c/ ácidos ou enzimas) 
Galitaninos 
 - derivados do ácido gálico (esterificações com a glicose) 
O O
OO
O
O
H
H
H
H
O
OH
OHOH
OH
OH
OH
OH
OHOH
O
O
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
OHO
OH
OH OH
ácido gálico pentagaloilglicose
 
 
Elagitaninos 
 - são derivados do ácido hexa-hidroxi-difênico esterificados com 
glicose (hexa-hidróxi-difenoil-D-glicose – HHDP) 
- ácido hexa-hidróxi-difênico = dímero do ácido gálico 
- o ácido elágico é um diéster do ácido hexa-hidróxi-difênico, formado 
espontaneamente após hidrólise ácida das ligações éster 
OHO
OH
OH OH
OHO
OH
OH OH O
OH
OH
O
O O
OH
OH
ácido elágicoácido hexa-hidróxi-difênico
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
205
TANINOS ESPECIAIS - CHÁS 
 
EGCG (Galato de Epigalocatequina) 
- éster de epigalocatequina (EGC) com ácido gálico 
- EC, ECG, EGC e EGCG: presentes em elevada concentração no 
chá verde 
- Teores 
30 – 50 % polifenóis 
20 – 30 % catequinas 
10 – 15 % EGCG 
0,02 % cafeína 
 
 
Theaflavins (TF) 
- produtos de degradação dos EGCGs 
- ocorrência no chá preto (surgem na fermentação das folhas) 
- coloração vermelha 
- oriunda da ação da polifenol oxidase (PPO) 
 
 
 
 
 
 
 
 
O
O
OH
OH
O
OH
OH
OH
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
OH
OH
O
OHOHOH
OH
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
206
TANINOS 
 
Ações farmacológicas 
- uso externo 
- revestimento protetor em pele lesada (complexo tanino-
proteínas) 
- cicatrizante, desinfetante, antibacteriano, usado em casos de 
queimaduras 
- uso interno 
- proteção de mucosas (boca, garganta, estômago) 
- contra úlcera gástrica 
- inibição do peristaltismo agindo como antidiarreico 
- antídoto em intoxicações com alcalóides e metais pesados 
- atividade antioxidante e seqüestradora de radicais livres: 
uso na prevenção e tratamento de doenças 
 
- Camellia sinensis (L.) Kuntze (chá verde): taninos com ação 
carcinogênica vs. antioxidantes 
- outras fontes vegetais: exemplos de taninos antitumorais 
 
Usos 
- curtimento de couro 
- formação de complexos e proteção de barragens, estabilização do solo 
em construções, produção de borrachas, fabricação de resinas, fabricação 
de aglomerados em laminados, etc. 
- ingrediente com sabor adstringente em vinhos, sucos de frutas, chás 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
207
DROGAS 
 
Hamamelis virginiana L. (hamamelis, Hamamelidaceae) 
- origem: América do Norte; pequeno arbusto (2 - 5 m) 
- parte usada: folhas (BP, FB 5ª ed.) 
- constituinte(s) principal(is): óleo essencial, taninos condensados e 
hidrolisáveis 
- usos: doenças do sistema venoso (hemorróidas, flebites, úlceras 
varicosas); adstringente na cura de feridas e queimaduras; 
cosmética: propriedade adstringente 
 
Stryphnodendron adstringens (Mart.) Covile (S. barbatimam 
Mart.; barbatimão, Fabaceae) 
- origem: cerrado do Brasil; árvore 
- parte usada: cascas (FB 1a, 2ª e 4ª ed.) 
- constituinte(s) principal(is): cerca de 20% de taninos (condensados 
e hidrolisáveis) 
- usos: cicatrizante; antidiarreico; tratamento de úlceras 
 
Crataegus monogyna Jacq. e C. laevigata DC. (sin. C. 
oxyacantha L.) (cratego, Rosaceae) 
- origem: Europa, África e Ásia (arbusto ou pequena árvore) 
- parte usada: flores ou folhas (FB 5ª ed., DAB 10) 
- constituinte(s) principal(is): aprox. 2,7% de taninos condensados e 
flavonóides 
- usos: potencial emprego na insuficiênciacardíaca; associação com 
cardenolidos 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
208
OUTROS EXEMPLOS 
 
Noz-de-galha (Quercus L. spp; carvalho, Fagaceae) 
- excreção vegetal causada por ovos de insetos (p. ex. Cynips 
infectoria) com elevado 
- teor de taninos; presente em vários outros gêneros e causadas por 
outros insetos 
- componente principal: 50 a 70% de ácido tânico (tanino 
hidrolisável), além de gali 
 e elagitaninos, amido e resina; interesse comercial 
- usos: indústria de couro e de corantes 
 
Outras fontes 
- Rheum L. spp (ruibarbo, FB 5ª ed.), Quercus L. spp (carvalho), 
Cinnamomum L. spp (canelas, FB 5ª ed.), Aesculus hippocastanum L. 
(castanheira-da-índia, FB 5ª ed.), Cinchona L. spp (quina), Paullinia 
cupana Kunth (guaraná, FB 5ª ed.), Thea sinensis L. (chá), Krameria 
triandra Ruiz & Pav. (ratânia), Eugenia uniflora L. (pitangueira , FB 5ª ed.), 
etc. 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
209
FUNÇÃO ECOLÓGICA 
 
- proteção da planta contra herbivoria (insetos, gado, larvas, pássaros) 
- inúmeros casos de “deterrência”: desestímulo alimentar (animais, insetos 
e pássaros) 
- correlação com ausência e presença de taninos em determinadas épocas 
- exemplo: larva da “mariposa-do-inverno” (Operophtera brumata, 
Geometridae) em folhas de carvalho (Quercus) 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
210
 
 
 
 
 
 
GLICOSÍDEOS 
CIANOGENÉTICOS 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
211
HETEROSÍDEOS CIANOGENÉTICOS 
 
Conceito 
- heterosídeos instáveis originados de aminoácidos 
- há liberação de HCN após hidrólise 
- fórmula geral: 
 
C
O Açúcar
CN
R1
R2
 
R1= H 
R2 = derivado do benzeno 
ose = glicose ou glicose-glicose 
 
Mecanismo da hidrólise enzimática 
C
N
H
O
O
OH
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
OH
C
N
H
O
O
OH
OH
OH
OH
C
N
HOHO
β-glicosidase
β-glicosidase
+HCN
H2O
amidalina
prunasina
mandelonitrilabenzaldeído
 
- enzima: complexo β-glicosidase (2 hidrolases e 1 liase) 
denominado “emulsina” 
 - liberação de aldeídos ou cetonas no produto final
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
212
OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO 
 
Dicotiledôneas 
- mais de 3.000 espécies vegetais em 110 famílias 
 
PROPRIEDADES 
 
Organolépticas 
 - heterosídeos sólidos cristalinos e inodoros 
 - cor variável 
- após hidrólise: odor característico (volatilidade) de amêndoas 
amargas (HCN) 
 
Físicas 
 - heterosídeos cristalinos solúveis em H2O ou álcool 
- agliconas líquidas ou voláteis, solúveis em solventes orgânicos 
apolares e insolúveis em H2O 
 
Químicas 
- sofrem hidrólise ácida ou enzimática 
- obs.: na planta íntegra, enzima e substrato são situados em 
compartimentos celulares diferentes 
- agliconas: aromáticas - geram aldeídos ou cetonas 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
213
EXTRAÇÃO E ISOLAMENTO 
 
Vegetal fresco 
- desnaturação das enzimas com solvente orgânico a quente 
- obtenção dos heterosídeos íntegros (cristalinos) 
 - filtração e extração com solventes hidroalcoólicos 
 
Hidrólise enzimática (vegetal triturado) ou ácida 
- obtenção das agliconas (essências heterosídicas) 
- extração das agliconas por arraste a vapor ou solventes orgânicos 
 
 
CARACTERIZAÇÃO 
 
- heterosídeo: espectroscopia no UV, cromatografia 
- HCN: reações com formação de produtos coloridos 
 - nitrato mercuroso – ppt Hg metálico 
 - nitrato de prata – ppt branco 
 - ácido pícrico – cor vermelha intensa 
 - sulfato ferroso ou FeCl3 – azul-da-prússia 
- agliconas: reações para aldeídos e cetonas 
 - bissulfito, Tollens 
- oses: reações com formação de produto colorido;
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
214
EMPREGOS E AÇÃO 
 
- principal fonte: “amêndoas” (Prunus L. spp) 
- aromatizantes 
- antitumorais: tema controverso, pois se crê na destruição de células 
tumorais através da liberação de HCN pelos heterosídeos 
- função ecológica: na planta ou em insetos, atuam como protetores contra 
predadores 
 
Exemplos 
- principal componente: derivados da prunasina 
(amidalina) 
- outros: linamarina, lotaustralina, manihotoxina, pluraulasina, 
prunasina, sambunigrina e vicianina (geralmente variações das 
oses) 
- sementes de Linum usitatissimum L. (linho, Linaceae) 
- folhas e parte interna das cascas de Manihot utilissima Pohl. e M. 
esculenta Crantz (mandioca, Euphorbiaceae) 
- Phaseolus lunatus L. (feijão bravo, Fabaceae) 
- Prunus amygdalus Batsch (amêndoa amarga, Rosaceae); 
- Sambucus nigra L. (sabugueiro, Adoxaceae) 
- Sorghum vulgare (L.) Pers. (sorgo, Poaceae) 
- outras espécies da família Rosaceae: sementes de pêssego 
[Prunus persica (L.) Batsch], cereja (P. cerasus L.), casca de cereja 
silvestre (P. serotina Ehrh.), ameixa (P. humilis Bunge), amêndoas 
doces [P. dulcis (Mill.) D.A. Webb] e caroço de damasco (P. 
armeniaca L.) 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
215
 
 
 
 
 
 
GLUCOSINOLATOS 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
216
GLUCOSINOLATOS (S-HETEROSÍDEOS) 
 
Conceito 
- metabólitos derivados de aminoácidos 
- presentes em condimentos e alimentos 
- heterosídeos instáveis 
- liberação de isotiocianatos após hidrólise enzimática 
- fórmula geral 
 
R
S
C
N O
SO3 X
Glicose
+-
 
 X = K+ 
R = hidrocarbonetos alifáticos, aromáticos, indol 
 açúcar = β-D-glicose 
 
Mecanismo da hidrólise enzimática 
- Exemplo 
OH
S
N
OSO3
Gli
OH
S
N
OSO3
H
OH
N
C
S
OH
S
C
N
mirosinase
KHSO4
isomerase
isotiocianatotiocianato
sinalbina
K +
_
K
_
+
 
 
Disciplina de Farmacognosia – FCFRP/USP (2012) 
 
217
OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO 
 
Dicotiledôneas 
- Ordem Capparales: Brassicaceae (= Cruciferae), Capparidaceae, 
Euphorbiaceae, Moringaceae, Phytolaccaceae, Resedaceae, 
Tropaeolaceae 
 
 
PROPRIEDADES 
 
Organolépticas 
 - heterosídeos = sólidos cristalinos e inodoros 
 - cor variável 
- após hidrólise: odor característico (volatilidade) e sabor pungente 
 
Físicas 
 - heterosídeos cristalinos solúveis em H2O ou álcool 
- agliconas líquidas ou voláteis, solúveis em solventes orgânicos 
apolares e insolúveis em H2O 
 
Químicas 
- sofrem hidrólise ácida ou enzimática 
- na planta íntegra, o substrato e a enzima estão localizados em 
compartimentos diferentes 
- agliconas: alifáticas, aromáticas, indólicas 
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218
EXTRAÇÃO E ISOLAMENTO 
 
Vegetal fresco 
- desnaturação das enzimas com solvente orgânico a quente 
(metanol) 
- obtenção dos heterosídeos íntegros (cristalinos) 
 - filtração e extração com solventes hidroalcoólicos 
 
Sementes 
- pulverização e expressão 
- remover gorduras 
 
Hidrólise enzimática (vegetal triturado) ou ácida 
- obtenção das agliconas (essências heterosídicas) 
- extração das agliconas (isotiocianatos voláteis) por arraste a vapor 
ou solventes orgânicos 
 
Isolamento e purificação 
 - cromatografia 
 
CARACTERIZAÇÃO 
 
- heterosídeo: espectroscopia no UV, cromatografia 
- aglicona: formação de tiouréia ou cromatografia 
- oses: reações com formação de produto colorido; osazona 
- sulfato ácido de K+: precipitação com BaSO4 
- quantificação e doseamentos: titulação, cromatografia, espectrofotometria 
(UV) 
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219
EMPREGOS E AÇÃO 
 
- plantas usadas como condimentos ou alimentos 
- principal fontecomercial: sementes de “mostardas” (Brassica L. spp) 
negra, marrom e branca 
- emplastos e cataplasmas: ação rubefaciente, irritante tópico 
- heterosídeos: pouca atividade 
- agliconas e derivados: diferentes atividades 
 
- isotiocianatos 
- vesicantes, rubefacientes, lacrimejantes, antibacterianos 
 - doses elevadas: emese, gastroenterites, diarréia, salivação 
 - condimentos: mostardas 
 - flavorizantes 
 
- tiocianatos 
- toxicidade para animais e insetos 
- ação deletéria na tireóide (bócio) 
 
- função ecológica: podem ser atraentes ou repelentes de insetos 
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220
DROGAS E SUBSTÂNCIAS 
 
Exemplos da família Brassicaceae 
- principal componente: sinigrina 
 - secundários: sinalbina, gluconapina 
 
- condimentos, drogas, alimento: Brassica nigra (L.) W.D.J. Koch 
(mostarda negra; condimento; rubefaciente; 1% de sinigrina), B. 
juncea (L.) Czern. (mostarda marrom; condimento), Sinapis alba 
L. (mostarda branca, 2,5% de sinalbina; condimento, alimento) 
 
- alimentos: Raphanus sativus L. (rabanete), Eruca sativa Mill. 
(rúcula), Nasturtium officinale W.T. Aiton (agrião), Brassica 
oleracea var. capitata L. (repolho), Brassica napus L. var. 
napobrassica (L.) Hanelt (nabo), Brassica oleracea L. var. 
acephala DC. (couve), Brassica oleracea L. var. botrytis L. (couve-
flor), Brassica oleracea L. var. botrytis subvar. cymosa (brócolis) 
- presença de diversos glucosinolatos nas partes aéreas, 
especialmente em flores 
- postulados como alimentos funcionais 
 
 
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221
 
 
 
 
 
 
CUMARINAS 
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222
CUMARINAS 
 
Conceito 
- geralmente substâncias coloridas 
- fluorescentes sob luz UV 
- α-pironas com um grupo 1,2-benzopirano 
O O
O O
αααα
α-pirona 1,2-benzopirano
1 2
 
 
- δ-lactonas do ácido o-hidróxi-cinâmico (cis) 
OH
CO2H
 
 
- substâncias aromáticas, com núcleo principal bicíclico 
- abundantes no reino vegetal 
- biossíntese: via do chiquimato (C6C3) 
 
OH
OH
OH
CO2H
CO2H
R O OR
ác. chiquímico
R= H (ác. cinâmico)
R=OH (ác. p-cumárico) cumarina
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223
CUMARINAS 
 
Cumarinas simples 
- cumarinas 7- ou 6,7-dioxigenadas 
O OOH O OMeO
MeO
umbeliferona
1
2
3
45
6
7
8
escoparona
 
 
- cumarinas O- ou C-preniladas (com unidade C5) 
O OOH
O OO
OH
 
 
Furanocumarinas (psoralenos): lineares ou angulares 
O OO O OO
 
 
Bis-cumarinas 
O O OO
OH OH
dicumarol
 
 
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224
OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO 
 
Angiospermas 
 - Dicotiledôneas 
- cumarinas comuns: Apiaceae, Asteraceae, Fabaceae, 
Moraceae, Oleaceae, Rutaceae, Thymelaceae 
 
- furanocumarinas: Amaranthaceae, Apiaceae, Asteraceae, 
Guttiferae, Moraceae, Rosaceae, Rutaceae, Solanaceae 
 
PROPRIEDADES 
 
Físicas 
 - sólidos, odor característico 
- visíveis sob luz UV (254 e 366 nm) 
 
Químicas 
 - sensíveis a ácidos e bases 
 
 
EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO 
 
- extração com solventes orgânicos 
- isolamento (cromatografia em coluna) 
- caracterização: cromatografia, espectroscopia no UV 
 
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225
EMPREGOS E PROPRIEDADES 
 
- presentes em inúmeras plantas medicinais como guaco, camomila e em 
cascas de frutos cítricos 
- cumarina: flavorizante de alimentos no passado; uso proibido pelo FDA 
(hepatotoxicidade) 
- dicumarol: anticoagulante (contra trombose e embolia pulmonar) 
- umbeliferona: antiespasmódico 
- escoparona: imunossupressora, relaxante vascular, hipotensora 
- outras: antioxidante, inibidores da peroxidação lipídica, vasodilatadores, 
antiespasmódicos 
- psoralenos: fotosensibilizantes e fototóxicos; tratamento de enfermidades 
da pele (fotoquimioterapia) 
 
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PSORALENOS 
 
Furanocumarinas 
- lineares ou angulares 
O OO O OO
furano cumarina
 
- origem: naturais ou sintéticos 
- forte absorção de energia no UV 
 - altamente reativos sob luz UV (320 – 400 nm, UVA) 
- absorção de fótons – formação de estado triplete reativo 
- ação: I = adições covalentes ao DNA (fotoadições em bases 
pirimídicas); II = reação com oxigênio e dano na derme/epiderme 
- fototoxicidade: aumento da resposta normal de melanócitos ao UV, 
hiperpigmentação e inflamação (eritema, edema) 
- fotossensibilizantes: causam fitofotodermatite 
- empregados no tratamento de enfermidades da pele causadas por 
despigmentação (promovem hiperpigmentação) 
- emprego em fototerapia ou fotoquimioterapia 
- efeitos colaterais: são carcinogênicos, provocam envelhecimento da 
pele e catarata 
- preferência por tratamento com psoralenos monofuncionais 
- fontes: Citrus L. spp (bergamota, limão, lima) e Zanthoxylum L. spp 
(maminha-de-cadela), Rutaceae; Brosimum gaudichaudii Trécul. e 
Ficus L. spp (figos), Moraceae; Apium graveolens L. (aipo) e 
Petroselinum hortense L.H. Bailey. (salsa), Apiaceae; Psoralea 
corylifolia L. (Fabaceae); várias espécies de Orchidaceae 
 
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227
PSORALENOS 
 
Monofuncionais 
- promovem monoadições em bases pirimídicas 
- a presença de certos grupamentos em um dos dois potenciais sítios 
de ligação (C3-C4 ou C2’-C3’) ou impedimento estéreo (angulares) faz 
com que promovam apens monoadições 
O OO
CO2Et
O OO
O OO
 
3-carbetoxipsoraleno angelicina 4,5’-dimetilangelicina 
 
Bifuncionais 
- promovem biadições em bases pirimídicas 
- há disponibilidade dos dois sítios de ligação (C3-C4 ou C2’-C3’) 
para sofrerem reação 
O OO
O OO
OMe O O
O
OMe
 
trissoraleno oxsoraleno bergapteno 
 
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228
PSORALENOS 
 
Furanocumarinas: mecanismo de ação no DNA 
 - adições em bases pirimídicas (ligação covalente) 
- causam mutações 
- ligações em C3-C4, C2’-C3’ ou ambas e formação de adutos 
O OO
3
4
2'
3'
 
 
 - bases pirimídicas: timina e citosina 
NH
N
H
O
O
NH N
O
NH2
 
 
- ex. de monoadição de furanocumarina linear (C3-C4) com timina 
O OO
NH
N
H
O O
 
 
- ex. de biadição de furanocumarina linear (C3-C4, C2’-C3’) com 
timina 
O OO
NH
N
H
O O
N
H
N
H
O
O
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229
PSORALENOS E FOTOQUIMIOTERAPIA 
 
- empregados no tratamento de vitiligo e psoríase, micoses, urticária, 
eczemas, etc. 
- terapia PUVA 
- tomar precauções; há necessidade de consultar especialista 
- drogas: oxsoraleno (8-metóxipsoraleno) ou trioxaleno (4,8,3’-
trimetilpsoraleno) 
O OO
OMe
O OO
 
- cápsulas via oral 
- ingestão da droga (20-40 mg) e exposição da pele à luz UVA (320-380 
nm) por determinado período de tempo 
- várias sessões de tratamento são necessárias 
- efeitos adversos: catarata e efeito carcinogênico 
- outros efeitos: eritema, bolhas, náuseas, prurido, dores de cabeça, 
depressão 
- contra-indicações: crianças, gestantes, pessoas com insuficiência renal 
ou cardíaca 
 
Obs.: 
- UVA= 320-400 nm; UVB = 290-320 nm (UV longo); UVC = 200-290 nm 
(UV curto, germicida) 
- UVA: atinge camadas profundas da pele (melanina, envelhecimento); 
UVB: maior energia, dilatação de capilares, rubor, formação de vitamina 
D e pigmentação da pele

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