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Curso de Psicopatologia Geral Definição de psicopatologia Prof.Dr. Sérgio Baxter Andreoli Profa. Dra Silvia Viodres Inoue Semiologia Campo do conhecimento que estuda a interação e a comunicação entre dois interlocutores por meio de um sistema de signos. - Ciência dos Signos – Signos: sinais, língua, gestos, atitudes e comportamentos não-verbais. Signo: tem relação e semelhança com o objeto Elemento nuclear da Semiologia Ícone: tipo de signo em que o significante evoca imediatamente o significado. Ex. desenho de uma casa é ícone do objeto casa Signo: estímulo emitido por um objeto no mundo Indicador ou Índice Relação é de contigüidade. O significante é algo que aponta para o significado. Signo: um sinal provido de significado Sinal: estímulo emitido por objetos. Todo Signo é constituído por : Significante: forma gráfica e som - suporte material, veículo do signo Significado: conceito - aquilo que é designado e está ausente Símbolo: tipo de signo em que o significante e o significado são diferentes - letras C A S A e o objeto casa . Ex. Febre – Sinal/Signo de infecção C A S A símbolo ícone Signo: um sinal provido de significado Sinal: estímulo emitido por objetos. Símbolo: o significante e o significado são diferentes http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=0C03T4fLmI4 Semiologia no Cotidiano Sinais Sintoma Signo: um sinal provido de significado. Semiologia Psicopatológica • Trata dos signos que indicam a existência de sofrimento mental, transtornos e patologias. Signo = Sintomas – Observação de vivências relatadas pelos pacientes (queixas, narrativas); – Observação de comportamentos não verbais, atitudes, gestos; – Tudo aquilo que o paciente experimenta e comunica a alguém. Sintomas Psicopatológicos Têm dupla dimensão Indicador • mãos geladas, tremores e aperto na garganta (sistema nervoso autônomo) indicando a angústia. Símbolo • ao ser designado como nervosismo, ansiedade ou gastura passa a receber um significado simbólico e cultural. Semiologia Psicopatológica • Semiotécnica: técnicas, procedimentos de observação e coleta de sinais e sintomas. – Observação minuciosa, atenta e perspicaz do comportamento, conteúdo do discurso, mímica, postura, vestimenta, reação e relacionamento. • Semiogênese: investigação da origem, mecanismos e significado. A Psicopatologia • é a ciência que trata da natureza essencial da doença mental – Reúne o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano; – conhecimento que se esforça para ser sistemático, elucidativo e desmistificante (sem critérios de valor, dogmas ou verdades a priori). – causas, mudanças estruturais e suas formas de manifestação. Campo da Psicopatologia • inclui os fenômenos humanos associados à doença mental. – São vivencias, estados mentais e padrões comportamentais • com especificidade psicológica (vivencias com dimensão própria e não exageros do “normal”) • e com conexões complexas com a psicologia do normal (o mundo doente não é diferente do “normal”). O Domínio da Psicopatologia Estende-se a: “todo o fenômeno psíquico que possa ser apreendido sob a forma de conceitos de significação constantes e com a possibilidade de comunicação. Exige um pensamento rigorosamente conceitual, sistemático e como possibilidade de comunicação inequívoca.” (JASPERS, 1979) Limites da Psicopatologia “embora o objeto de estudo seja o homem como um todo em sua enfermidade, os limites consistem em que nunca se pode reduzir por completo o ser humano a conceitos psicopatológicos.” (Jaspers) “quanto mais conceitualizada, quanto mais reconhece e caracteriza, tanto mais reconhece que, em todo individuo, se oculta algo que não se pode conhecer”. (Jaspers) A ciência psicopatológica é tida como uma abordagem possível do homem mentalmente doente, mas não a única, pois na prática profissional entram em jogo as opiniões instintivas, uma intuição pessoal que nunca podem ser comunicadas. Assim, a psicopatologia sempre perde aspectos essenciais do homem, sobretudo nas dimensões existenciais, estéticas, éticas e metafísicas (além da física). Sintomas: forma e conteúdo • Forma: estrutura básica semelhante entre os pacientes. (alucinação, delírios, idéias obsessivas, etc.) • Conteúdo: aquilo que preenche a alteração da estrutura. (conteúdo de culpa, religioso, de perseguição, etc) – Conteúdos geralmente centrais da existência humana (sobrevivência, segurança, sexualidade e temores básicos - morte, doença, miséria). Ordenação = Classificação • O estudo da doença mental se orienta pela observação articulada como uma ordenação de fenômenos. – para observar também é preciso produzir, definir, classificar, interpretar e ordenar o observado, segundo uma perspectiva e seguindo uma lógica. • Tipos de fenômenos psicopatológicos e o funcionamento psíquico do homem comum. – Semelhantes: medo de animal, ansiedade do novo. – Parte semelhante e parte igual: tristeza normal versus depressão. – Qualitativamente diferentes: psicose, alucinações e delírios. Critérios de Normalidade • Ausência de doença: – indivíduo não é portador de sintomas, sinais ou doença. – Define normalidade por aquilo que ela não é. • Ideal: – Normalidade tomada como certa “utópica”. – Depende de critérios socioculturais, ideológicos, as vezes, dogmáticos e doutrinários. • Estatística: – Considera a distribuição de freqüência dos fenômenos. – Nem tudo que é freqüente é normal – Ex. Anemia Critérios de Normalidade • Funcionalidade: – Aspectos funcionais e não quantitativos. – Patológico quando é disfuncional, produz sofrimento. • Como processo: – Aspectos dinâmicos do desenvolvimento. – Considerado ao longo do tempo. • Subjetiva: – Considera a percepção subjetiva. – Fase maníaca as pessoas se sentem bem. Critérios de Normalidade • Como liberdade: – Possibilidade de transitar com graus distintos de liberdade sobre o mundo e sobre o próprio destino. – A doença mental é o constrangimento do ser, é fechamento, fossilização das possibilidades existenciais. Para autores fenomenológicos e existenciais a doença mental seria a perda da liberdade existencial. • Operacional: – Critérios assumidamente arbitrário com fins pragmáticos. – Aceita-se os riscos e limitações das definições prévias do que é normal. Conceito de Normalidade • A relação entre o normal e o patológico não se dá através de variação quantitativa (semântica do hipo/hiper), mas acredita que é uma variação de ordem qualitativa. Diferente do conceito de média que regulava as leis da fisiologia. • O conceito de alteração está vinculado à noção de homogeneidade e de continuidade. • Não é nem uma coincidência nem oposição entre o normal e o patológico: “ posso apenas intercalar entre extremos, sem reduzi-los um ao outro, todos os intermediários cuja disposição obtenho pela dicotomia de intervalos progressivamente reduzidos...” Canguilhem (1943,1995: 53) Georges Canguilhem (1904-1995) Conceito de Normalidade “...um ser vivo é normal num determinado meio na medida que ele é a solução morfológica e funcional encontrada pela vida para responder às exigências do meio...” (Canguilhem (1943,1995: 113). • O patológico não é a ausência de norma, mas a presença de outras normas vitalmente inferiores, que impossibilitam ao indivíduo viver um modo de vida anterior, permitido ao indivíduo sadios. A rigor, o patológico será o contrário vital do sadio. Georges Canguilhem (médico e filósofo francês 1904-1995) A saúde constitui um certojogo de normas de vida e comportamentos, que se caracteriza pela capacidade de tolerar as variações das normas. A saúde significa o luxo de se poder cair doente e se restabelecer. Saúde e doença mental Implicações do conceito de normal • Prática clínica: – discriminar um momento patológico ou existencial do indivíduo. • Orientação e capacitação profissional: – manipular máquinas, portar armas. • legais: – destino social, institucional e legal do indivíduo. Saúde e doença mental Implicações do conceito de normal • Epidemiologia psiquiátrica: – A definição de normalidade e objeto de trabalho e pesquisa. • Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria: – Análise do contexto sociocultural e o significado dos sintomas Diagnóstico Psiquiátrico • Os diagnósticos são ideias (constructos), fundamentais para o trabalho científico, para o conhecimento do mundo, mas não são objetos reais e concretos diagnóstico X rótulo Diagnóstico Psiquiátrico Processo diagnóstico • Baseado em dados clínicos: – Laboratoriais, neuroimagem e testes psicológicos: diagnóstico diferencial entre doença mental e neurológicas. – História clínica e exame psíquico minucioso. • Não é etiológico: exceto os quadros psicorgâncios (Delirium, dedências). • Sinais e sintomas não são específicos
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