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GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 1 GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 2 COMO CONSTRUIR UMA CARREIRA PROFISSIONAL COMO PSICÓLOGO JURÍDICO A Psicologia Jurídica é um campo interdisciplinar de estudos e práticas constituído na interface entre a Psicologia e o Direito, que tem como resultado uma perspectiva psicológica sobre os fatos relaciona- dos ao âmbito da justiça. O psicólogo atua no contexto da justiça aplicando a sua expertise para a compreensão dos fatos rele- vantes no ambiente jurídico, a partir de uma perspectiva psicológica, contribuindo para o entendimento mais amplo dos aspectos das subjetividades e sua estreita relação com os determinantes sociais, seja através da interação direta com os indivíduos e famílias ou contribuindo em tese para uma reflexão sobre o modus operandi do sistema jurídico. Por se tratar de uma área que possibilita um trabalho muito interessante e bem remunerado, a atu- ação como psicólogo jurídico tem atraído cada vez mais profissionais qualificados, que investem seu tempo e recursos em uma preparação sólida. A formação na área da Psicologia Jurídica pode ser realizada através de cursos de especialização ou através da prova para o título de especialista do Conselho Federal de Psicologia. Em ambas as situa- ções será necessário realizar um estudo intenso, contínuo e bem direcionado com muitas leituras dos conteúdos mais importantes nessa área. Mas, falando com muita sinceridade, o simples fato de possuir uma titulação nessa área não irá lhe assegurar a inserção nesse mercado de trabalho. Muitos profissionais constroem bons currículos aca- dêmicos, mas têm dificuldades em deslanchar sua carreira profissional. Muito dessa dificuldade vem do desconhecimento sobre como ocorre a prestação dos serviços nas áreas específicas. Em Psicologia Jurídica, a atuação ocorre necessariamente relacionada aos serviços públicos. Você pode até propor intervenções como consultor ou assistente técnico, mas a construção de uma carreira po- derá levar muitos anos até que construa uma reputação e sempre haverá a inconstância das contrata- ções para novos projetos. Então, como posso me tornar um psicólogo jurídico e usufruir de todas as vantagens disponíveis para esses profissionais? Conquistando uma inserção contínua nos serviços da justiça! GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 3 Sou Ana Vanessa Neves, possuo graduação, especialização e mestrado em Psicologia, trabalho no serviço público desde a minha formatura e nos últimos dez anos atuo também como professora e mentora na preparação para concursos para o cargo de psicólogo. O meu objetivo profissional é contribuir para que o maior número possível de psicólogos conquiste o seu lugar no serviço público, construindo uma fazer profissional com qualidade técnica e ética. Mas para que esse objetivo seja alcançado, precisamos conquistar a aprovação nos concursos públicos. Conforme é de amplo conhecimento, o serviço público é o principal empregador de psicólogos em todo o país, e os concursos na área de Psicologia Jurídica têm conquistado cada vez mais destaque, pois a importância da formação em Psicologia já foi reconhecida no âmbito jurídico. Atualmente encontramos psicólogos jurídicos atuando em todos os estados brasileiros em Tribunais de Justiça, Ministérios Públicos Estaduais, Defensorias Públicas Estaduais, Secretarias de Justiça, Siste- ma Prisional, Sistema Socioeducativo e no Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente. A inserção nessas instituições ocorre através de concursos públicos, assegurando ao profissional uma continuidade na construção da sua prática profissional. Tenho certeza que a possibilidade de trabalhar continuamente numa mesma instituição, podendo planejar sua vida e carreira são objetivos da grande maioria dos profissionais. Conforme descrevi acima, a atuação como psicólogo jurídico ocorre em alguns órgãos que presentes em todos os estados brasileiros e isso aumenta muito a suas oportunidades de aprovação, pois você pode prestar concursos em vários lugares. A conquista de uma vaga no serviço público exige do can- didato a demonstração do domínio dos conteúdos próprios da área, através da realização de provas objetivas e/ou discursivas. Na imensa maioria dos concursos não é necessário possuir especialização na área e isso é muito com- preensível, visto que a aprovação no concurso exige do candidato o domínio dos principais conteúdos de Psicologia Clínica, Psicologia Jurídica e Legislação Especial de proteção à criança e ao adolescente. Ou seja, ao conquistar a vaga você já terá estudado as principais referências técnicas e legislação rele- vantes para atuar na área. A forma de obter os melhores resultados nos concursos e no menor espaço de tempo é escolher uma área de estudo e atuação e concorrer apenas para vagas nas instituições nas quais poderá aplicar es- ses conhecimentos, pois assim você pode estudar antecipadamente e apropriando-se dos conteúdos e conhecendo os perfis das bancas organizadoras das provas. Mas não basta simplesmente fazer a leitura de um amplo número de referências da área. O candidato precisa desenvolver um olhar objetivo sobre os principais conceitos cobrados nas provas e aprender o modo mais eficaz de estudar para concursos e resolver questões. Essa capacidade de analisar objetivamente o conteúdo é fundamental para o resultado nos concursos e também para a prática profissional, pois a todo o momento precisamos nos posicionar de modo claro e direto, lidando com prazos e essa é uma habilidade que precisa ser desenvolvida. Ao longo da minha carreira desenvolvi a Metodologia Direta ao Ponto para auxiliar os psicó- logos a conquistar a aprovação em concursos. Quero convidar você a conhecer a forma mais efi- caz de conquistar o seu espaço profissional no serviço público, obtendo os melhores resultados. GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 4 E como um presente para você que está tão interessado em ser um psicólogo jurídico, preparei um conteúdo muito especial. Irei disponibilizar um mini curso em vídeo com a resolução de questões apli- cadas em 2017/2018 nos concursos para as instituições nas quais o psicólogo desenvolve um trabalho pautado na Psicologia Jurídica. Confira a programação do nosso minicurso: CONTEÚDO: в Atuação do psicólogo jurídico nos contextos institucionais: » Tribunais de Justiça » Ministérios Públicos » Defensorias Públicas » Sistema Prisional » Sistema Socioeducativo » Sistema de Garantia de Direitos в Temas atuais em Psicologia Jurídica: » Definição de guarda » Alienação Parental » Violência sexual » Solução extrajudicial de conflitos METODOLOGIA: в Apresentação de conceitos e discussões através da resolução de questões objetivas de concursos aplicados em 2017/2018 Nos próximos dias enviarei para você o acesso às aulas com a resolução dessas questões, du- rante as quais irei lhe mostrar através da Metodologia Direto ao Ponto como entender as exigên- cias das bancas que elaboram as provas e como assegurar as maiores notas nos concursos. A seguir disponibilizarei 20 questões de concursos para que você resolva sozinho e tenha a experiência de prestar uma prova de concurso. O gabarito você poderá conferir ao longo das vídeoaulas, acompa- nhando as minhas orientações e revisando os principais conceitos exigidos nas questões. Desejo que você aproveite bastante esse super conteúdo que preparei, pois quero muito um dia poder contar a sua história de aprovação e inspirar outros colegas a construírem a sua carreira como psicó- logos jurídicos. GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 5 QUESTÕES DE CONCURSOS EM PSICOLOGIA JURÍDICA QUESTÃO 01. (FCC / DPE-AM / 2018) Nos Centros de Acolhimento Multidisciplinar a demanda rece- bida pela equipe é complexa, multifacetada e expressa o sofrimento psicossocial de quem procura assistência daDefensoria Pública. O atendimento realizado pela equipe se constitui como a) escuta clínica para a compreensão clínica do sofrimento psíquico decorrente da situação de de- samparo. b) triagem para esclarecimento da queixa, demanda e definição de conduta. c) escuta qualificada do sofrimento psíquico, conflitos, vulnerabilidades e necessidades sociais. d) aconselhamento para dar apoio e suporte na resolução de conflitos. e) orientação para condução e superação dos conflitos e dificuldades vividas. QUESTÃO 02. (MS CONCURSOS / SEC. ADM. PENITENCIÁRIA / 2018) Com relação à atuação do psicó- logo em programas de medidas sócio educativas, seu compromisso fundamental na proteção social da criança é promover a interrupção do ciclo da violência mediante o que se segue: I. Serão necessárias medidas jurídicas de responsabilização do autor da agressão. II. Medidas sociais de proteção às crianças. III. Reinserção escolar ou laboral. IV. Medidas médicas de tratamento das consequências. V. Medidas psicossociais. Diante do exposto, assinale a alternativa correta. a) Somente a proposição I está correta. b) Somente as proposições III e IV estão corretas. c) Todas as proposições estão corretas. d) Somente as proposições I e II estão corretas. e) Somente a proposição V está correta. GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 6 QUESTÃO 03. (PUC-PR / TJPR / 2017) Leia a citação a seguir. Buosi (2012, p.54) ilustra: “A origem da Síndrome de Alienação Parental (SAP) ocorre exatamente no momento em que um dos genitores percebe o interesse do outro genitor em preservar a convivência afetiva com a criança, e a usa de forma vingativa perante ressentimentos advindos da época do re- lacionamento ou da separação, programando o filho a odiar e rejeitar o outro genitor sem nenhuma justificativa plausível.” A respeito de Alienação Parental, é CORRETO afirmar sobre sua origem: a) O genitor alienado geralmente se apresenta com um perfil de superprotetor, que não consegue ter consciência da raiva que está sentindo e, com intencionalidade de se vingar do outro, passa a emitir os comportamentos alienadores. b) O discurso verbal do genitor alienador é sempre no sentido de que está pensando no melhor para si, em seus interesses e em tudo o que possa fazer para sentir-se melhor. c) O fato de um genitor alienar a criança contra o outro genitor se torna cada vez mais comum em disputas de guarda pelos filhos e separações conjugais, nas quais tal manipulação faz com que o genitor alienado ganhe força. d) A partir do momento em que as situações não estão resolvidas entre os genitores, eles se sentirão lesados e possivelmente alimentarão um desejo de vingança para com o outro, sendo, portanto, os filhos a forma mais acessível de atingir esse objetivo. e) Os abusos psicológicos, que são realizados sutilmente e sem que os envolvidos percebam, são comumente aplicados pelos filhos alienados ao buscar desmoralizar um genitor. QUESTÃO 04. (PUC-PR / TJPR / 2017) Leia o texto a seguir. “A aproximação entre a Psicologia e o Direito ocorreu a partir da preocupação com a conduta humana. Apesar de atividades de intervenção, orientação e acompanhamento serem igualmente importantes, observa-se que a avaliação psicológica ainda é considerada a principal demanda dos operadores do Direito” (LAGO et al., 2009). Sobre a avaliação psicológica, no contexto jurídico, assinale a alternativa CORRETA. a) Em casos de suspeita de abuso sexual de crianças e adolescentes, é recomendando que se evite a realização de entrevistas em conjunto com a vítima e seus responsáveis, visto que a observação da dinâmica familiar não deve ser considerada nessas situações. b) Os peritos são profissionais reconhecidos na comunidade científica e indicados por uma das par- tes envolvidas no processo pericial. c) O emprego de testes psicológicos em situações de abuso sexual não é usual, sendo as entrevistas e as sessões lúdicas as melhores estratégias adotadas. d) A competência para ser julgado está relacionada com a capacidade de um réu em entender as acusações contra ele e de ajudar em sua própria defesa. Assim, pessoas com potencial intelectual rebaixado, com transtornos mentais ou com doenças neurológicas são consideradas incompeten- tes para serem julgadas. e) Após a conclusão do processo de avaliação psicológica, o psicólogo pode apresentar recomenda- ções para as situações de conflito identificadas, entretanto não pode determinar os procedimen- tos jurídicos a serem adotados. GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 7 QUESTÃO 05. (VUNESP / TJSP / 2017) Um psicólogo, no processo de avaliação psicológica dos candi- datos à adoção, segue as orientações de Leila D. Paiva (In: Shine, 2014) ao indagar sobre as expectati- vas do casal em relação à criança a ser adotada. Assim, ao entrevistá-lo, o psicólogo deverá a) se limitar a aspectos concretos de idade e sexo, de modo a indicar que outras expectativas serão construídas pelo casal no convívio com a criança real. b) ignorar os dados da dinâmica familiar, dado que o funcionamento do grupo familiar será alterado com o ingresso da criança adotada na família. c) evitar explorar os sentimentos dos solicitantes quanto à família biológica da criança, de modo a propiciar-lhes um espaço imaginário íntegro para “gestar” a criança que virá. d) ir além das características físicas, pois falar sobre o que espera ou imagina da criança contribuirá para que o casal a insira em seu curso desejante. e) focalizar as escolhas racionalmente justificadas pelo casal, porque no âmbito jurídico este é o nível de informações que interessa aos operadores da lei. QUESTÃO 06. (VUNESP / TJSP / 2017) Considerando-se que o objetivo da aplicação de medidas socio- educativas é o de promover o acesso de crianças e adolescentes às vinculações familiares e comunitá- rias, mas também o de promover o desenvolvimento de uma vida pessoal e socialmente construtiva, é correto afirmar que a) a advertência foi abandonada como medida socioeducativa por ser considerada um discurso dis- ciplinar que fere a dignidade do adolescente. b) a medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstân- cias e a gravidade da infração. c) a internação do adolescente em instituição educacional não está prevista como medida socioedu- cativa. d) medidas como liberdade assistida e inserção em regime de semiliberdade deverão ser integral- mente cumpridas. e) obrigação de reparar o dano e a prestação de serviços à comunidade não são aplicáveis a adoles- centes portadores de doença ou deficiência mental. QUESTÃO 07. (VUNESP / TJSP / 2017) Ao discutir o relatório psicossocial do adolescente em conflito com a lei, Costa, Penso, Sudbrack e Jacobina (2011) defendem que a) para além de sua utilidade como peça de subsídio ao Juiz, o relatório psicossocial deve enriquecer o modus operandi do judiciário, trazendo a esse contexto a realidade social do sujeito. b) a entrevista clínica não é adequada para funda- mentar o relatório psicossocial, porque, no con- texto jurídico, o entrevistado, via de regra, não confia no entrevistador e não fornece informações fidedignas. c) a conclusão do relatório psicossocial quanto às perspectivas de reabilitação do adolescente in- frator de- verá ser de caráter opinativo por parte do psicólogo, dado que não há instrumentos adequados para fundamentá-la. GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 8 d) o relatório psicossocial deve demonstrar o potencial de cada medida socioeducativa para a socia- lização do jovem impossibilitado de inserção no mundo social, de modo a demonstrar, para o Juiz, a melhor decisão a ser tomada. e) como o relatório se destina a subsidiar as decisões do Juiz, seu conteúdo deve se ater às circuns- tâncias da infração cometida e às características psicológicas que levaram à conduta transgres- sora.QUESTÃO 08. (IBFC / TJPE / 2017) Um dos papeis importantes da Psicologia, quando inserida na área do Direito, é apresentar métodos para a solução de conflitos. De acordo com PINHEIRO (2016) há a possibilidade de utilizarmos cinco métodos, a saber: o julgamento; a arbitragem; a negociação; a conciliação e; a mediação. Com relação ao papel do conciliador e do mediador, analise as afirmativas abaixo: I. O conciliador envolve-se na busca de soluções, além de interferir e questionar os litigantes. II. Tanto o conciliador quanto o mediador, não têm o poder de decisão. III. Na conciliação busca-se identificar razões ocultas que geraram o conflito. IV. O mediador propõe sugestões. Estão corretas as afirmativas: a) I e II apenas b) IV apenas c) I, II e III apenas d) III apenas e) Todas estão corretas QUESTÃO 09. (FCC / DPE-RS / 2017) Quando a guarda dos filhos for estabelecida de modo comparti- lhado entre os pais temos que a) a criança residirá alternadamente na casa do pai e na casa da mãe de forma obrigatória, conforme divisão de tempo equitativo a ser estabelecido pelo juiz. b) a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos. c) ainda que ambos os pais estejam aptos para o exercício do poder familiar, o juiz nunca poderá de- terminar o compartilhamento da guarda dos filhos se o casal de pais tiver formado outra família. d) os pais deverão obrigatoriamente residir no mesmo bairro da cidade, caso contrário, torna-se in- viável o pleito da guarda compartilhada. e) as bases do compartilhamento da guarda ficarão sempre isentas de avaliação por equipe inter- disciplinar. GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 9 QUESTÃO 10. (IBFC / TJPE / 2017) O tema Guarda faz parte do cotidiano do psicólogo jurídico. Como afirma SHINE (2008): “(...) em casos de disputa de guarda em Vara de Família, recorre-se ao perito psi- cólogo no intuito de buscar uma resposta a questões – problemas de origem e natureza psicológicas, mas cujo objetivo final é definir o guardião legal da criança.” (p.2). Neste sentido, o autor apresenta o psicólogo atuando como perito. Assinale a alternativa que corresponde corretamente ao papel do psicólogo, como perito, de acordo com SHINE: a) O psicólogo quando é contratado pelo advogado ou pela parte, se tornará um perito imparcial. b) O interesse da criança não estaria subordinado ao interesse do genitor que retém o psicólogo por um vínculo de prestação de serviços na chamada perícia parcial. c) A imparcialidade ou isenção está presente no denominado perito “pistoleiro”. d) O perito adversarial deve se colocar abertamente do lado do genitor escolhido como o mais ade- quado. e) A visão que permite que opiniões podem ser emitidas a respeito dos possíveis resultados de dife- rentes arranjos de guarda é a de um perito parcial. QUESTÃO 11. (PUC-PR / TJMS / 2017) A colocação de crianças e adolescentes em instituições de aco- lhimento se manifesta como uma forma de proteção de seus direitos fundamentais e, portanto, de seu desenvolvimento psicossocial. A atuação do psicólogo nesse contexto deve coadunar-se com essa proposta, com base em conhecimentos específicos. Sendo assim, é CORRETO afirmar que a) o abrigamento deve ser encarado como medida de proteção de caráter definitivo que se justifica pela clara situação de vulnerabilidade das crianças e adolescentes envolvidos. b) o abrigamento de crianças e adolescentes em instituição de acolhimento deve ser uma medida de proteção, excepcional e provisória, que visa garantir seus direitos. Isso significa que o poder públi- co deverá acompanhar o processo que daí se segue para uma definição de reintegração familiar ou de destituição do poder familiar. c) maus-tratos, violência de diversas ordens e abandono são justificativas para a decisão de abriga- mento e, dessa forma, lhe dão um caráter de medida de proteção transitória para que o trâmite de destituição do poder familiar tenha tempo hábil de ocorrer. d) a reavaliação da institucionalização de criança e adolescentes acolhidos tem como principal obje- tivo a garantia de que a decisão seja coerente com o Princípio da Proteção integral e, como tal, dê o direito aos pais de ter a convivência familiar com seus filhos, bem como o direito de educá-los e acompanhar seu desenvolvimento de acordo com a forma como compreender ser mais adequa- da ao exercício da parentalidade. e) a decisão de reintegração familiar ou de destituição do poder familiar é facultada à equipe técnica da qual o psicólogo faz parte, pois lhe cabe averiguar as condições do melhor interesse dos envol- vidos e indicar ao magistrado responsável pelo caso a decisão mais adequada. GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 10 QUESTÃO 12. (IBADE / SEJUDH - MT / 2017) A atuação da Psicologia nas prisões vem sendo objeto de reflexão em muitos fóruns de debate, tendo sido evidenciada em um processo sistemático de diálogo no ano 2005. Sobre esse processo pode-se afirmar: a) Ele se dá no âmbito exclusivo do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que reúne especialistas internacionais voltados a formar novos profissionais para a prática no sistema prisional. b) Teve como objetivo produzir e disseminar uma série de guias teóricos e práticos como referência para o agir profissional dos técnicos que possuem como fundamento a necessidade de um au- mento progressivo do encarceramento e exclusão social de criminosos. c) Apesar da modificação da Lei de Execução Penal, ocorrida em 2003, que facultou a aplicação do exame criminológico, os psicólogos não estavam discutindo suas práticas, uma vez que apresen- tam grande dificuldade de identificar novas formas de intervenção frente às dificuldades crescen- tes apresentadas pelo sistema prisional. d) Muitos estudos destacam que os modelos de prisão existentes são desfavoráveis para a aprendi- zagem de comportamentos úteis à vida na sociedade livre. Ao contrário, rotulam e estigmatizam determinado grupo social, o que tende a aumentar as oportunidades de encarceramento e exclu- são social. e) Resultou de uma imposição do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) a fim de uniformi- zar as práticas, baseando-se para tanto em modelos exitosos importados de países desenvolvidos. QUESTÃO 13. (PUC-PR / TJMS / 2017) Sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciário, é CORRETO afirmar que: a) a perícia se fundamenta em fontes de informação advindas do uso de técnicas e instrumentos psicológicos, não sendo permitido o uso de dados provenientes de visitas a instituições e domicílio do periciando. b) no item denominado “análise” do documento proveniente da perícia psicológica, o psicólogo que atende a uma demanda do Poder Judiciário deverá subsidiar o magistrado com informações perti- nentes à área da psicologia. No item “conclusão” do documento psicológico, deve constar a síntese dos dados psicológicos relevantes para a de- manda da perícia e a sugestão da medida jurídica a ser tomada com base na análise realizada em todo o processo pericial. c) num litígio familiar, quando um psicoterapeuta de crianças é solicitado pelo Poder Judiciário para emitir um laudo pericial de uma criança por ele atendida, deve fundamentar-se nos resultados técnicos e instrumentos por ele utilizados na avaliação psicológica inicial da criança e em seus registros de sessões, para compor o documento a ser encaminhado ao magistrado, cuidando para ser fidedigno a todas as informações relatadas. d) o psicólogo-perito deve produzir laudo fundamentado nos quesitos elaborados pelo operador de Direito e, no caso de seu documento ser contestado, os assistentes-técnicos das partes não po- derão elaborar novos quesitos, de- vendo analisar somente a adequação técnica do laudo emitido pelo perito. e) no contexto jurídico, o psicólogo perito deverá inserir em seu documentosomente informações relevantes para a demanda que lhe foi destinada, com a recomendação aos outros profissionais que tiverem acesso aos resultados da perícia, sobre a confidencialidade e responsabilidade com relação ao dados. GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 11 QUESTÃO 14. (VUNESP / TJSP / 2017) A psicologia jurídica nasceu na psicologia clínica, mais especifi- camente na avaliação psicológica. Tendo isso em mente, Sidney Shine (2014) defende que a) os contextos clínico e forense são equivalentes, na medida em que o psicólogo-perito busca algo benéfico para o sujeito avaliado. b) as técnicas da avaliação psicológica clínica não podem ser usadas na avaliação psicológica forense porque, nesse contexto, o cliente é o operador do Direito. c) na avaliação psicológica forense, além de descrever processos psicológicos, o perito deve declarar a aceitabilidade legal do desempenho do sujeito. d) no contexto jurídico, o psicólogo-perito deve assegurar que sua posição de perito, na avaliação psicológica, e os objetivos do processo estejam claros para o sujeito-periciando. e) aspectos como setting e sigilo, centrais na avaliação psicológica clínica, devem ser os mesmos na avaliação psicológica forense. QUESTÃO 15. (VUNESP / TJSP / 2017) Um adolescente de 16 anos cometeu um ato infracional de gravi- dade significativa, com alto grau de violência, e foi detido em flagrante. Após o ocorrido, foi internado em unidade socioeducativa. Nessa situação, é correto afirmar que a) a internação seria legal no prazo de até 180 dias, desde que envolvesse atividades pedagógicas. b) a internação, nesse caso, foi ilegal, pois o jovem não havia sido julgado nem tido oportunidade de defesa. c) a internação seria legal se fosse feita a pedido do Conselho Tutelar, no prazo de 10 dias do flagran- te. d) o prazo máximo de internação legal, nessas circunstâncias, seria de 45 dias, sem possibilidade de prorrogação. e) qualquer medida que envolvesse internação seria ilegal, pois o jovem, por ser menor de idade, é infrator, não criminoso. QUESTÃO 16. (VUNESP/ TJSP/ 2017) Uma criança é levada pela mãe, detentora da guarda unilateral, para atendimento psicológico em uma clínica especializada. Durante o período de atendimento, o pai se dirige à clínica e solicita ser informado do andamento e dos resultados desse processo. Nessa situ- ação, a clínica deverá a) revelar ao pai os mesmos dados informados à mãe, seja qual for o tipo de guarda, por ser o pai uma “pessoa de direito”. b) ponderar se será de interesse da criança, ou não, dar acesso às informações do atendimento ao pai. c) negar o acesso do pai aos dados, alegando que só poderão ser revelados à mãe, considerada a “cliente”. d) abrir para o pai apenas os dados do atendimento que se refiram a sua relação com a criança. e) informar que, por ser a mãe detentora de guarda unilateral, o pai não tem legitimidade para soli- citar informações relativas aos filhos. GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 12 QUESTÃO 17. (IBFC / TJPE / 2017) Segundo CAFFÉ (2003): “(...), a família recorre geralmente ao con- texto litigioso judicial como última via de resolução de seus conflitos. Observamos que as famílias implicadas com a separação conjugal litigiosa e o desacordo quanto à guarda ou à regulamentação de visitas aos filhos apresentam, no âmbito da perícia, condutas ou expressões marcadas pela dificul- dade em assumir seus respectivos papeis de pai, mãe e filhos.” (p. 90). A partir do texto e das conclusões do estudo de CAFFÉ, analise as asserções: I. As relações de mútua dependência, formadas no casamento, não permanecem no contexto litigioso. PORQUE II. Os sentimentos que ainda mantém ligados os membros da família, no campo da guerra pro- cessual são as expressões de raivas e ressentimentos. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. QUESTÃO 18. (IBFC / TJPE / 2017) Nos dias de hoje, o conceito de família é pluriforme. A Constituição Federal de 1988 tenta dar conta dessas mudanças quando descreve nos artigos 226 e seguintes a nova família que está sob a proteção da Lei. A esse respeito PAULO (2012) comenta: “Vivemos um momento de incertezas, em que há uma crise de antigos paradigmas. O modelo jurídico vigente mostra-se em descompasso com a realidade social, pois relações continuam a se estabelecer, independentemente da sua aceitação legal.” (p.50). Qual das alternativas abaixo, é INCORRETA a esse respeito: a) A família contemporânea é constituída, sobretudo, por ligações socioafetivas. b) A elaboração de normas jurídicas tem dificuldade em acompanhar a velocidade da transformação da realidade social. c) O Estado, de acordo com o art. 226, assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram. d) O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. e) É dever, apenas da família, assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, por exemplo, o direito à vida, à saúde e à alimentação. GUIA PSICOLOGIA JURÍDICA 13 QUESTÃO 19. (PUC-PR / TJMS / 2017) Perícia, palavra que advém do latim e tem como significado habilidade, destreza, e que, dessa forma, deve ser praticada por um profissional experiente e especia- lizado. Sendo assim, é CORRETO afirmar sobre o trabalho pericial do psicólogo no Poder Judiciário que a) o psicólogo, no relacionamento com profissionais não psicólogos, não deverá compartilhar infor- mações coletadas a fim de resguardar o caráter confidencial das comunicações e, dessa forma, preservar o sigilo. b) em seu documento, o psicólogo perito deverá apresentar, de forma clara, objetiva e sucinta, es- clarecimentos pertinentes à temática avaliada, de forma a sustentar com consistência técnica a indicação da posição que deve ser tomada na decisão judicial. c) quando a pessoa atendida for criança, adolescente ou interdito, é necessária a apresentação de consentimento formal a ser dado por pelo menos um dos responsáveis legais. d) a recusa do periciado em submeter-se às avaliações para fins de perícia psicológica deve ser registrada devidamente nos meios adequados. Porém, não poderá ser acatada uma vez que a solicitação adveio do juízo e não do periciado ou de seus responsáveis sob pena de ser processado eticamente pela não execução da perícia. e) um dos princípios fundamentais da avaliação psicológica se refere à função de subsidiar o magis- trado responsável pelo processo. Sendo assim, o nexo de causalidade da problemática em ques- tão, que será apresentado na análise e na conclusão do documento emitido pelo perito, deverá conter uma descrição minuciosa das falas e expressões emocionais do periciado durante as ses- sões de avaliação, para que corroborem e evidenciem a consistência dos resultados. QUESTÃO 20. (PUC-PR / TJMS / 2017) Numa perspectiva sistêmica sobre o papel do psicólogo atuante com crianças em situação de risco e/ou institucionalizadas, o conceito de rede é fundamental para se delinear a atribuição desse profissional no sistema de justiça. Com base nessa afirmação, assinale a alternativa CORRETA. a) As casas de acolhimento, como instituições implicadas na medida de proteção de crianças e ado- lescentes, devem ter caráter provisório, segundo a legislação vigente e, portanto, os educadores sociais são necessários e suficientes para fornecer as informações ao sistema de justiça acerca da situação da criança em acolhimento. b) O psicólogo, ao realizar o estudo que subsidiará a decisão judicial sobre uma criança emsituação de vulnerabilidade na família biológica, deverá dar ênfase à estruturação, funcionamento e princi- palmente às condições materiais da família nuclear, uma vez que ela é responsável pela proteção da criança. c) O psicólogo atuante em casos de crianças institucionalizadas em seus documentos consequentes das avaliações realizadas deve ser objetivo em suas afirmações sobre as precárias condições socioafetivas das famílias envolvidas, atribuindo aos seus integrantes a responsabilidade pela vio- lação de direitos das crianças e adolescentes, fatos esses que subsidiam a futura decisão judicial. d) Uma vez que a institucionalização tem caráter eminentemente legal, não sofre influências de fatores e valores socioculturais e religiosos em seu funcionamento, o que traria consequências nocivas ao processo de se garantir direitos de indivíduos em desenvolvimento. e) Na rede de proteção de crianças e adolescentes com direitos violados, não é suficiente somente identificar as organizações componentes da rede, mas principalmente compreender o padrão re- lacional existente entre elas. 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