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CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 14: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – PARTE 1 Bom dia! Antes de entrarmos no assunto desta aula, gostaríamos de fazer menção a uma importante decisão do Supremo Tribunal Federal. Vimos na aula 6 – que trata da Organização do Estado – que para os estados incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais eles dependem de: a) aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito; b) manifestação meramente opinativa das assembléias legislativas; c) aprovação de lei complementar pelo Congresso Nacional. Questão relevante diz respeito ao plebiscito: quem deve ser consultado? Toda a população do estado? Ou apenas aquela que está se desmembrando para formar um novo estado? Em outras palavras, o que a Constituição quis dizer ao enunciar que o plebiscito deve ouvir a “população diretamente interessada”? Sempre houve controvérsia no que se refere à expressão “população diretamente interessada”; se deveria ser ouvida no plebiscito toda a população do Estado, ou somente a população afetada pelo desmembramento; e há quem defenda, inclusive, que a “população diretamente interessada” englobe todo o país, uma vez que a alteração do território mexe com o interesse de toda a população brasileira. Entretanto, após termos elaborado e enviado a aula 6, houve uma importante decisão do STF tratando do assunto. Com efeito, recentemente, ao analisar o desmembramento do território do Estado do Pará, o STF firmou o seu entendimento sobre o alcance dessa expressão. Desde então, podemos considerar que “população diretamente interessada” abrange todo o estado. Em outras palavras, o plebiscito deverá consultar não somente a população do território a ser desmembrado, mas a população de todo o estado. Guarde, portanto, essa informação - e vamos em frente. Iniciaremos, hoje, o estudo de um dos tópicos mais espinhosos do Direito Constitucional: controle de constitucionalidade das leis. O estudo desse assunto certamente exigirá muito de você, pois ele contém muitos conceitos próprios, peculiares, que fogem totalmente do nosso dia-a- dia. Afinal, o que institutos como “amicus curiae”, “efeito repristinatório indesejável” ou “modulação dos efeitos temporais da declaração de inconstitucionalidade” têm a ver com o nosso cotidiano, se não atuamos perante os tribunais do Poder Judiciário? Por esse motivo, a nossa missão nesta aula será a de, na medida do possível, aproximar o “controle de constitucionalidade das leis” de você, a fim de que tais conceitos possam ser visualizados na prática, para que você não leve um susto ao vê-los cobrados no seu concurso! CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 2 Vamos, então, partir para o desafio, devagarzinho, devagarzinho, sem pressa, a fim de que você, aos poucos, vá sendo contagiado (e não bombardeado!) pelo conhecimento de tal apaixonante assunto... 1) Noção: rigidez e controle de constitucionalidade Estudamos, em aula pretérita deste curso on-line, que a Constituição Federal de 1988 é do tipo rígida, pois exige um processo especial para a modificação do seu texto, mais solene do que aquele exigido para a elaboração das leis. Pois é, rigidez constitucional tem tudo a ver com controle de constitucionalidade das leis! Por quê? Ora, ao exigir um processo especial para a elaboração das normas constitucionais, a rigidez termina por posicionar a Constituição em um patamar hierarquicamente superior às demais leis (princípio da supremacia (formal) da Constituição). Com isso, a Constituição passa a funcionar como fundamento de validade de todas as leis do ordenamento jurídico, vale dizer, só poderão permanecer no ordenamento jurídico leis compatíveis com a Constituição. Surge, então, a necessidade de se criar um mecanismo para a fiscalização da validade das leis em face da Constituição, isto é, para examinar se determinada lei está, ou não, de acordo com o texto constitucional. Esse mecanismo é justamente o “controle de constitucionalidade das leis”. Portanto, não se assuste se você vir por aí enunciados do tipo “a rigidez constitucional é pressuposto para o controle de constitucionalidade das leis” ou “o controle de constitucionalidade das leis decorre da rigidez constitucional”. Tudo certo, meu caro, é isto mesmo: a rigidez faz nascer o princípio da supremacia da Constituição, que torna necessária a existência de um controle da constitucionalidade das leis (normas inferiores) em face da Constituição (norma suprema)! 2) Presunção de constitucionalidade das leis Sabemos que, no Brasil, as leis são elaboradas pelos representantes do povo, legitimamente eleitos para esse fim (princípios republicano e democrático), e por isso devem exteriorizar a vontade geral do povo. Por esse motivo, todas as leis nascem com a chamada presunção de constitucionalidade, isto é, com a presunção de que são válidas, até que venham a ser declaradas formalmente inconstitucionais pelos órgãos competentes. Desse modo, a regra é se presumir que a lei é constitucional, válida (já que elaborada pelos representantes do povo). A declaração de inconstitucionalidade é medida excepcional, que só poderá ser pronunciada pelos órgãos competentes, e somente quando se mostrar impossível “salvar” a lei, dando-lhe uma interpretação (aplicação) que a compatibilize com o texto constitucional. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 3 3) Tipos de inconstitucionalidades Em simples palavras, inconstitucionalidade é um desrespeito à Constituição. Esse desrespeito à Constituição, porém, poderá advir de distintos comportamentos, donde surgiram os diferentes tipos de inconstitucionalidade, a seguir brevemente conceituados. Inconstitucionalidade por ação e por omissão A inconstitucionalidade por ação decorre de uma conduta comissiva, positiva, em contrariedade à Constituição (a elaboração de uma lei contrariando regra constitucional, por exemplo). A inconstitucionalidade por omissão decorre de uma omissão do legislador ordinário no tocante à obrigação constitucional de legislar, na regulamentação de direito previsto na Constituição (a Constituição prevê certo direito, condiciona o seu exercício à expedição de uma lei regulamentadora pelo legislador ordinário e este permanece omisso, não elabora a lei reclamada, inviabilizando, com essa sua inércia, o exercício do direito constitucional). Inconstitucionalidade material e formal A inconstitucionalidade material (ou nomoestática) decorre da contrariedade do conteúdo da lei com a Constituição (a elaboração de uma lei prevendo a pena de trabalhos forçados, conteúdo visivelmente colidente com o art. 5º, XLVII, “c”, da Constituição Federal, que veda explicitamente a adoção desse tipo de pena). A inconstitucionalidade formal (ou nomodinâmica) ocorre quando há um desrespeito ao processo legislativo de elaboração da norma, seja no tocante à competência para legislar (lei estadual tratando de matéria da competência privativa da União), seja no tocante ao procedimento legislativo em si (aprovação da lei por maioria simples, quando a Constituição exige aprovação por maioria absoluta). Se a inconstitucionalidade formal é oriunda do descumprimento de regra de competência para legislar, é chamada de orgânica (uma lei estadual versando sobre trânsito e transporte, matéria da competência privativa daUnião, por força do art. 22, XI, da Constituição). A inconstitucionalidade formal por desrespeito ao procedimento legislativo em si pode decorrer de desobediência a requisito subjetivo (vícios ligados à iniciativa de lei, isto é, qualquer vício na apresentação do projeto de lei; um deputado apresentar projeto de lei sobre matéria da iniciativa privativa do Presidente da República, por exemplo) ou objetivo (desobediência a qualquer outra fase do processo legislativo que não seja a iniciativa, tais como a ocorrência de vício na discussão e votação, na sanção, no veto, na rejeição do veto, na promulgação; rejeição do veto por decisão de maioria simples dos deputados e senadores, sabendo-se que a Constituição Federal exige decisão de maioria absoluta destes – art. 66, § 4º). Vejamos alguns exemplos para treinar esses conceitos: CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 4 a) uma lei municipal trata de assunto de competência privativa da União – trata-se da inconstitucionalidade formal orgânica; b) uma lei ordinária trata de assunto reservado à lei complementar – trata-se de vício formal objetivo; c) uma lei resultante de iniciativa parlamentar trata de assunto cuja iniciativa é privativa do presidente da República – trata-se de vício formal subjetivo. Inconstitucionalidade total e parcial A inconstitucionalidade total é aquela que alcança toda a lei (uma lei estadual é declarada inconstitucional, integralmente, por invasão de competência privativa da União). A inconstitucionalidade parcial atinge somente parte da lei (somente o art. 10 de determinada lei é declarado inconstitucional). Cuidado! No Brasil, a inconstitucionalidade parcial declarada pelo Poder Judiciário pode recair sobre fração de artigo, parágrafo, inciso ou alínea, até mesmo sobre uma única palavra de um desses dispositivos da lei; a regra constitucional que obriga o alcance de texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea (art. 66, § 2º) diz respeito ao veto do Presidente da República a projeto de lei, não alcançando a declaração de inconstitucionalidade das leis pelo Poder Judiciário. Inconstitucionalidade direta e indireta A inconstitucionalidade direta ocorre quando atos primários desrespeitam a Constituição (a elaboração de qualquer uma das espécies normativas primárias, integrantes do nosso processo legislativo, em desrespeito à Constituição, por exemplo). A inconstitucionalidade indireta ocorre quando a Constituição é violada por ato secundário, infralegal (inferior à lei). Se um decreto “x” que regulamenta a lei “y” contrariar a Constituição, estaremos diante de caso de mera inconstitucionalidade indireta (ou reflexa), pois a ofensa não foi direta à Constituição. Cuidado! No Brasil, essa distinção é importantíssima, pois o Supremo Tribunal Federal entende que a chamada inconstitucionalidade indireta (ou reflexa) constitui, na verdade, mero caso de ilegalidade (e não de inconstitucionalidade propriamente dita) - e, como tal, não se sujeita ao controle de constitucionalidade. Enfim, se uma norma infralegal (decreto regulamentar, portaria, instrução normativa etc.) regulamentadora de lei violar a Constituição, será caso de mera ilegalidade (e não de inconstitucionalidade), situação não aferível no controle de constitucionalidade das leis. Inconstitucionalidade derivada A inconstitucionalidade derivada ocorre quando a declaração da inconstitucionalidade da norma regulamentada (primária) leva ao automático e inevitável reconhecimento da invalidade das normas regulamentadoras (secundárias) que haviam sido expedidas em razão dela (exemplo: se o CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 5 decreto “Y” regulamentava a lei “X”, a declaração da inconstitucionalidade desta atinge, por derivação, a validade daquele, que deixa automaticamente de produzir efeitos). Inconstitucionalidade originária e superveniente A inconstitucionalidade originária é aquela que torna o ato inválido no momento de sua produção, em virtude de desrespeito à Constituição então vigente (isto é, a inconstitucionalidade originária resulta de confronto entre a lei e a Constituição vigente no momento da sua publicação). A inconstitucionalidade superveniente resulta de incompatibilidade entre a lei e texto constitucional futuro (futura Constituição ou futura emenda à Constituição). Cuidado! No Brasil, não se admite a inconstitucionalidade superveniente; entre nós, o conflito entre lei e texto constitucional futuro não implica inconstitucionalidade superveniente, mas sim revogação daquela por este (isto é, uma lei que contrariar texto constitucional futuro não padecerá de inconstitucionalidade superveniente; será ela simplesmente revogada por este novo texto constitucional). Vejamos esta questão elaborada pela FCC no ano de 2010 para o cargo de Analista do MPE/SE: Analise: I. Inconstitucionalidade decorrente da desconformidade do seu processo de elaboração com alguma regra ou princípio da Constituição. II. Inconstitucionalidade resultante da desconformidade verificada entre leis e atos normativos primários e a Constituição. III. Inconstitucionalidade que macula o ato no momento de sua produção, em razão de desrespeito aos princípios e regras constitucionais então vigente. Referidas situações dizem respeito, respectivamente, à inconstitucionalidade a) formal, originária e direta. b) direta, formal e indireta. c) indireta, formal e material. d) material, originária e direta. e) formal, direta e originária. A inconstitucionalidade que decorre da ofensa às regras relativas ao processo legislativo é classificada como formal. A inconstitucionalidade que resulta da incompatibilidade entre uma lei (e outros atos normativos primários) e a Constituição pode ser classificada como direta ou imediata. Por fim, a inconstitucionalidade que existe desde o momento da edição da norma, por desrespeito às regras constitucionais vigentes, é classificada como CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 6 originária; e contrapõe-se à inconstitucionalidade classificada como superveniente. Gabarito: “e” 4) Sistemas de controle Cada Estado outorga competência a certos órgãos para realizar a fiscalização da constitucionalidade das leis, de acordo com suas tradições. De acordo com a outorga dessa competência, poderemos ter três tipos de controle: jurisdicional, político e misto. No sistema jurisdicional (ou judicial), nascido nos Estados Unidos da América, a competência para realizar o controle de constitucionalidade das leis é outorgada ao Poder Judiciário. No sistema político, concebido na Europa, a competência para realizar o controle de constitucionalidade é outorgada a órgãos que não integram a estrutura orgânica do Poder Judiciário, normalmente constituídos para esse específico fim. No sistema misto, como a própria denominação indica, há uma combinação dos sistemas jurisdicional e misto, isto é, a validade de certas leis é fiscalizada pelo Poder Judiciário e a validade de outras leis é fiscalizada por órgão de feição política, não integrante do Judiciário (na Suíça, por exemplo, as leis nacionais submetem-se a controle político, e as leis locais são fiscalizadas pelo Judiciário). E no Brasil, o que temos? Bem, o nosso controle de constitucionalidade é predominantemente jurisdicional (realizado pelo Judiciário), mas há também controles políticos, realizados por órgãosque não integram o Poder Judiciário (algumas manifestações do Poder Executivo, do Poder Legislativo e dos Tribunais de Contas, que estudaremos adiante). 5) Modelos de controle jurisdicional Nos países que adotam o sistema jurisdicional, podem ser definidos dois modelos para a atuação do Poder Judiciário: modelo difuso e modelo concentrado. No modelo concentrado (ou europeu), a competência para realizar o controle de constitucionalidade é outorgada ao órgão de cúpula do Poder Judiciário (isto é, a competência para realizar o controle estará concentrada em um só tribunal do Judiciário). No modelo difuso (ou norte-americano), a competência para realizar o controle de constitucionalidade é distribuída entre os diferentes órgãos do Judiciário (isto é, qualquer juiz ou tribunal poderá realizar o controle de constitucionalidade). E no Brasil, o que adotamos? O Brasil adota, paralelamente, os dois modelos, isto é, ora o Judiciário realiza controle concentrado (em ações nas quais só o CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 7 órgão de cúpula tem competência para declarar a inconstitucionalidade de uma lei), ora atua no modelo difuso (nas ações em que qualquer juiz ou tribunal tem competência para declarar a inconstitucionalidade de uma lei). 6) Vias de controle O estudo das “vias de controle” (ou vias de impugnação) tem por fim responder à seguinte indagação: de que modo uma lei pode ser impugnada perante o Poder Judiciário? Pois bem, existem duas vias para se impugnar uma lei perante o Judiciário: a via incidental e a via abstrata. Na via incidental (de defesa ou de exceção), a lei só pode ser impugnada diante de uma controvérsia concreta, submetida à apreciação do Poder Judiciário. Enfim, em um caso concreto submetido à apreciação do Poder Judiciário, uma das partes argúi a inconstitucionalidade de uma lei, com o fim de afastar a sua aplicação a esse caso concreto, em seu benefício. Na via abstrata (principal ou direta), a lei é impugnada “em tese” (isto é, sem vinculação a caso concreto), pelo simples fato de (supostamente) contrariar a Constituição Federal. Enfim, na via abstrata, o interessado procura o Poder Judiciário com um único objetivo: que o Poder Judiciário declare a inconstitucionalidade de certa lei, por entender que tal lei desrespeita a Constituição Federal. Tanto é assim que há ações específicas para isso; ações cujo pedido principal é que o Poder Judiciário verifique a constitucionalidade de uma lei. Ao contrário, na via incidental, estaremos diante de uma ação judicial qualquer (habeas corpus, mandado de segurança, ações ordinárias etc.) que tem um determinado pedido específico; e o julgamento da inconstitucionalidade da lei ocorre de maneira incidental, adjacente ao julgamento do pedido principal. Imagine a seguinte situação: o Procurador-Geral da República (um dos legitimados pelo art. 103 da Constituição Federal para instaurar o controle abstrato de constitucionalidade) propõe, perante o Supremo Tribunal Federal, uma ação direta de inconstitucionalidade, pleiteando a declaração da inconstitucionalidade de certa lei federal (ou estadual), por entender que tal lei desrespeita os incisos LIV e LV do art. 5º da Constituição Federal. Observe que, nessa situação, o Procurador-Geral da República não se encontra no curso de processo judicial qualquer, tampouco está defendendo interesse próprio. Ele está impugnando a lei em abstrato, em tese, porque no seu entendimento ela desrespeita a Constituição Federal. A ação não é proposta para discutir um caso concreto (como ocorre no controle incidental), mas sim com o objetivo de preservar a supremacia da Constituição Federal (que não permite a existência de leis que contrariem o seu texto). Por outro lado, imagine a situação dos candidatos que, em 2010, ingressaram com mandado de segurança pedindo que o Poder Judiciário garantisse seu direito líquido e certo a candidatar-se à eleição. Eles estavam sendo impedidos devido à aprovação de uma lei que vedava aquela candidatura (a “Lei da Ficha CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 8 Limpa”). Nessa hipótese, o pedido principal era que fosse garantida a sua participação nas eleições. Mas, com base em quê ele pedia isso? Com base na argumentação de que a “Lei da Ficha Limpa” era inconstitucional. Veja que é fácil você perceber que havia um problema concreto por trás da discussão da inconstitucionalidade da Lei. Ou seja, o que o autor queria, de fato, com a ação judicial era a candidatura. A questão da inconstitucionalidade da Lei surgia como aspecto acessório, como questão prejudicial, incidental ao julgamento da lide. Veremos esses aspectos com mais detalhes logo a seguir. Vejamos algumas questões sobre esses assuntos: (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) No Brasil, a jurisdição constitucional concentrada é reconhecida a todos os componentes do Poder Judiciário e pode se dar mediante iniciativa popular. De forma concentrada, a atribuição de fiscalizar a constitucionalidade é restrita ao órgão de cúpula do Poder Judiciário. O modelo concentrado, ou reservado, originou-se na Áustria, sob a influência do jurista Hans Kelsen. Ademais, não há iniciativa popular para instaurar esse controle. A assertiva está incorreta. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT/22ª REGIÃO (PI)/2010) No Brasil o controle de constitucionalidade repressivo judiciário é apenas concentrado. A questão está incorreta, pois, no Brasil, o controle repressivo exercido pelo Poder Judiciário ocorre tanto de maneira concentrada, quanto de maneira difusa. (CESPE/AUDITOR INTERNO/AUGE/MG/2008) No Brasil, o controle exercido pelo Poder Judiciário sobre a constitucionalidade das leis e dos atos normativos, ocorre tanto pela via difusa quanto pela via concentrada. O controle de constitucionalidade pode se dar de forma difusa ou de forma concentrada. É certo que, no Brasil, esses modelos são combinados; ou seja, há controle de constitucionalidade difuso, mas também controle de constitucionalidade em sua forma concentrada (ações, desde o princípio, de competência do órgão de cúpula do Judiciário). Logo, correto o item. 7) Momento do controle O controle de constitucionalidade pode ser efetuado de modo preventivo ou repressivo. O controle preventivo é aquele que incide sobre projeto de normas, e tem por objeto evitar que a elaboração de uma norma contrária à Constituição. Logo, esse controle incide sobre projeto de norma (e não sobre norma pronta, já acabada, já inserida no ordenamento jurídico). No Brasil, um bom exemplo de controle preventivo é o veto jurídico do Presidente da República a projeto de lei (por entender que o projeto de lei desrespeita a Constituição). O controle repressivo é aquele que incide sobre normas já prontas, já inseridas no ordenamento jurídico, e tem por fim retirar do ordenamento jurídico normas que contrariam a Constituição. No Brasil, em regra, o controle realizado pelo Judiciário é dessa natureza. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 9 Dissemos “em regra” porque, no Brasil, existe uma exceção, isto é, uma situação de controle judicial preventivo. Trata-se da hipótese de controle exercido pelo Poder Judiciário sobre o processo legislativo constitucional. Com efeito, é o caso de mandado de segurança impetrado por parlamentar perante o STF pleiteando a sustação da tramitação de projeto de lei (ou de proposta de emenda à Constituição) que esteja violando o processo legislativoconstitucional, como já estudado por nós nas aulas sobre “processo legislativo” e “modificação da Constituição Federal de 1988”. 8) Brevíssimo histórico do controle de constitucionalidade no Brasil Nós já fomos estudantes e, por isso, sabemos o quanto os candidatos odeiam estudar “aspectos históricos” – sejam eles de que instituto for! Nada mais comum do que o candidato pegar um livro, começar a estudar, e se deparar com o capítulo que trata dos tais “aspectos históricos”, momento em que ele “pula” feliz todo o conteúdo! Já sabendo disso, resumimos, ao máximo, os principais aspectos históricos do controle de constitucionalidade no Brasil, e só apresentaremos, a seguir, aqueles que você tem a obrigação de saber, pois são comumente cobrados em provas. Enfim, ainda que você tenha pavor a esse tipo de informação, memorize estas abaixo: Constituição de 1824 – não havia controle de constitucionalidade; Constituição de 1891 – foi instituído o controle incidental, realizado no modelo difuso, sob forte influência dos Estados Unidos da América; Constituição de 1946 – foi instituído o controle abstrato pela EC 16/1965, exercido no modelo concentrado perante o STF, sob influência do direito europeu, tendo como único legitimado o Procurador-Geral da República; a partir de então, o controle de constitucionalidade brasileiro passou a conviver, lado a lado, com os dois modelos (difuso e concentrado) e com as duas vias (incidental e abstrata), com predomínio do controle difuso/incidental, haja vista que só o Procurador-Geral da República podia instaurar o controle concentrado/abstrato perante o STF; Constituição de 1988 – manteve os dois controles, mas ampliou significativamente o controle concentrado/abstrato, especialmente por meio das seguintes inovações: ampliação significativa dos legitimados (CF, art. 103); criação de duas novas ações – ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) e arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF); portanto, de 1988 para cá, continuamos com os dois controles, mas a predominância passou a ser do controle concentrado/abstrato perante o STF; EC 3/1993 – criou a ação declaratória de constitucionalidade (ADC), ampliando ainda mais o controle abstrato perante o STF; EC 45/2004 – criou a figura da “súmula vinculante” do STF, passou a exigir a comprovação de “repercussão geral” para a interposição de recurso CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 10 extraordinário perante o STF e ampliou a legitimação para a propositura da ação declaratória de constitucionalidade (ADC). Sintetizando, ainda mais: até 1891, não tínhamos controle de constitucionalidade no Brasil; em 1891, foi instituído o controle incidental/difuso, sob a influência dos EUA, mantido como único até 1965; só em 1965 (EC 16/1965) foi introduzido, ao lado do já existente controle incidental, o controle concentrado/abstrato (europeu), tendo como único legitimado a instaurá-lo o Procurador-Geral da República; a Constituição Federal de 1988 manteve os dois modelos de controle, lado a lado, mas ampliou significativamente o concentrado/abstrato (especialmente com a ampliação dos legitimados e a criação de novas ações abstratas perante o STF), que passou a predominar. Pronto! Esses são os aspectos mínimos acerca da evolução do nosso controle de constitucionalidade que você precisa saber! Não tem para onde correr, pois tais aspectos têm sido cobrados em provas pelas diferentes bancas, como se vê pelos seguintes enunciados: (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/DPU/2010) O sistema jurisdicional instituído com a Constituição Federal de 1891, influenciado pelo constitucionalismo norteamericano, acolheu o critério de controle de constitucionalidade difuso, ou seja, por via de exceção, que permanece até a Constituição vigente. No entanto, nas constituições posteriores à de 1891, foram introduzidos novos elementos e, aos poucos, o sistema se afastou do puro critério difuso, com a adoção do método concentrado. De fato, o sistema de controle de constitucionalidade brasileiro iniciou-se com o controle difuso, em 1891, inspirado do sistema norteamericano. Posteriormente, surge (na Constituição de 1946, com a EC 16/1965) e cresce o controle concentrado no nosso ordenamento, em especial com a Constituição de 1988, que o fortalece de forma significativa. Correta a questão. (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A Constituição de 1988 trouxe inúmeras inovações ao controle de constitucionalidade, entre elas a ampliação do rol de legitimados para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade. A CF/88 ampliou significativamente a legitimação ativa da ADI (art. 103, I a IX), antes exclusiva do Procurador-Geral da República. Além disso: criou a inconstitucionalidade por omissão, controlada por meio de mandado de injunção (art. 5º, LXXI) e da ADI por omissão (art. 103, § 2º); criou a ADPF (art. 102, § 1º); em 1993, a EC nº 3/1993 criou a ADC (art. 102, I, a); em 2004, a EC nº 45/2004 criou a súmula vinculante para as decisões do STF (art. 103-A) e ampliou a legitimação ativa da ADC, igualando-a à legitimação em ADI (art. 103, I a IX). Portanto, correta a questão. 9) Controle político Afirmamos anteriormente que, no Brasil, o nosso controle é predominantemente jurisdicional (realizado pelo Judiciário), mas que há CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 11 resquícios de controle político entre nós, realizado por outros órgãos de Estado. Ou seja: não só o Poder Judiciário realiza controle de constitucionalidade no Brasil; o Executivo e o Legislativo também fiscalizam, em situações específicas, a validade das leis em nosso país. Nesses casos – em que órgãos estranhos ao Judiciário realizam controle de constitucionalidade -, temos o chamado controle político. Controle realizado pelo Poder Executivo O Poder Executivo realiza controle (político) de constitucionalidade nas seguintes situações: a) veto jurídico – quando o chefe do Executivo veta projeto de lei por entendê- lo inconstitucional, nos termos do art. 66, § 1º, da Constituição Federal; b) recusa à execução de lei inconstitucional – quando o chefe do Executivo recusa a dar aplicação à lei que entenda seja inconstitucional; segundo a jurisprudência do STF, qualquer chefe do Executivo – Presidente da República, governadores e prefeitos – dispõe dessa prerrogativa. c) intervenção – nas hipóteses constitucionalmente admitidas, o chefe do Executivo – Presidente da República ou governadores de Estado – pode decretar a intervenção em outro ente federado de menor grau, como meio de se fazer cumprir a Constituição Federal, nos termos dos artigos 34 e 35 da Constituição Federal. Observe que na primeira hipótese temos controle político preventivo, enquanto nas duas últimas o controle é do tipo político repressivo. Controle realizado pelo Poder Legislativo O Poder Legislativo realiza controle (político) de constitucionalidade nas seguintes situações? a) atuação da CCJ – quando a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal examina validade de uma proposição legislativa (projeto) a ela submetida; b) veto legislativo – quando o Congresso Nacional susta os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa, nos termos do art. 49, V, da Constituição; c) apreciação das medidas provisórias – quando o Congresso Nacional aprecia a validade das medidas provisórias adotadas pelo Presidente da República, podendo rejeitá-las, nos termos doart. 62, § 3º, da Constituição Federal; d) atuação do senado federal – o Senado Federal dispõe de competência para suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 52, X, da Constituição Federal. Na primeira hipótese, temos controle político preventivo; nas demais, controle político repressivo. Controle realizado pelos Tribunais de Contas CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 12 Os tribunais de contas, no exercício de suas atribuições (isto é, na apreciação dos casos concretos a eles submetidos), podem fiscalizar a validade das leis. É o que estabelece a Súmula 347 do Supremo Tribunal Federal, nestes termos: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”. Importante destacar que essa competência dos tribunais de contas constitui controle incidental de constitucionalidade, isto é, só admissível diante de caso concreto a eles submetido. Pronto! Vistos esses aspectos iniciais e gerais acerca do controle de constitucionalidade, estudaremos, a seguir, detalhadamente, o controle de constitucionalidade incidental, exercido no modelo difuso por juízes e tribunais do nosso País. 10) Controle incidental Conforme visto anteriormente, o controle incidental é aquele que nasce em um caso concreto submetido à apreciação do Poder Judiciário, quando, nele, é suscitada uma questão de contrariedade à Constituição. Enfim, temos o controle incidental quando, em um caso concreto submetido à apreciação do Poder Judiciário, uma das partes argúi a inconstitucionalidade de uma lei, com o objetivo de afastar a sua aplicação a esse caso concreto, em seu benefício. Imagine a seguinte situação: João, empregado da empresa Alfa, é dispensado imotivadamente por esta, que lhe paga as verbas rescisórias; ao conferir as verbas rescisórias recebidas, João entende que não lhe foi paga a indenização prevista na Lei “Y”; João, então, procura a empresa Alfa, mas esta se recusa a efetuar-lhe o pagamento; inconformado com essa recusa, João ingressa com uma reclamação em face da empresa Alfa perante a Justiça do Trabalho, requerendo o pagamento da indenização prevista na Lei “Y”; ao contestar a reclamação trabalhista, a empresa Alfa argumenta que não pagou a indenização prevista na Lei “Y” porque entende que tal lei é flagrantemente inconstitucional, por violar o art. 7º, inciso I, da Constituição Federal. Nessa situação, ao arguir a inconstitucionalidade da Lei “Y” e pleitear o afastamento de sua aplicação ao caso concreto (para não ser obrigada a pagar a mencionada indenização rescisória), a empresa Alfa fez nascer o controle de constitucionalidade incidental perante a Justiça do Trabalho; por sua vez, o Juiz do Trabalho, ao decidir se a Lei “Y” é constitucional ou inconstitucional, estará realizando o controle de constitucionalidade incidental, com o fim de afastar (ou não) a sua aplicação a esse caso concreto. A partir dessa situação hipotética, passemos ao exame pormenorizado do controle incidental, item a item. 10.1) Legitimação ativa Quem pode instaurar o controle incidental perante o Poder Judiciário? Bem, o controle incidental é aberto a qualquer pessoa, desde que no curso de CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 13 processo submetido à apreciação do Poder Judiciário. Então, poderá dar início ao controle incidental: a) as partes do processo; b) terceiros intervenientes no processo, nas condições admitidas no Código de Processo Civil (assistência, oposição, chamamento ao processo, denunciação à lide e nomeação à autoria); c) o representante do Ministério Público (que atua no processo); d) o juiz, de ofício. Bem, neste item, o mais importante a destacar é que, independentemente de provocação, o próprio juiz pode, de ofício, dar início ao controle incidental, declarando a inconstitucionalidade de uma lei, a fim de negar a sua aplicação a certo caso concreto a ele submetido. Veja como esse aspecto foi cobrado pelo Cespe em 2008 (prova de Auditor Interno de Minas Gerais): No controle incidental, os juízes e tribunais só podem se manifestar sobre a inconstitucionalidade de uma lei, deixando de aplicá-la a casos concretos, se, antes, tiverem sido provocados por uma das partes. Na verdade, o controle abstrato se inicia a partir de provocação de um dos legitimados da Constituição Federal (CF, art. 103). No controle incidental, o próprio magistrado ou tribunal poderá, de ofício, independentemente de provocação, afastar a aplicação de uma lei por considerá-la inconstitucional. Assertiva incorreta. 10.2) Competência Quais os órgãos do Poder Judiciário podem realizar o controle incidental? No curso de processo judicial, qualquer juiz ou tribunal do Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei, com o fim de afastar a sua aplicação ao caso concreto. Portanto, na estrutura judicial brasileira, de um juiz de primeiro grau até o Supremo Tribunal Federal, todos os juízes e tribunais podem declarar a inconstitucionalidade de leis e atos normativos do Poder Público, desde que diante de um caso concreto. 10.3) Declaração da inconstitucionalidade Como se dá a declaração de inconstitucionalidade? Bem, nos juízos monocráticos (juízes de primeiro grau), a decisão, por óbvia, é monocrática, isto é, proferida por um só juiz. Enfim, o juiz de primeiro grau, de acordo exclusivamente com sua convicção sobre a matéria, dispõe de competência para (sozinho!) declarar a inconstitucionalidade das leis. Já no âmbito dos tribunais (todos eles), um juiz, isoladamente, não dispõe de competência para declarar a inconstitucionalidade das leis. Por que não? CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 14 Ora, porque no âmbito dos tribunais, há uma regra especial para a declaração da inconstitucionalidade das leis, chamada “reserva de plenário”. Onde está prevista tal regra, e o que ela nos diz? A reserva de plenário está prevista no art. 97 da Constituição Federal, e nos diz o seguinte: “Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.” Como se vê, no âmbito dos tribunais, a inconstitucionalidade só poderá ser declarada pelo voto da maioria absoluta de seus membros (maioria absoluta do Plenário) ou do órgão especial (maioria absoluta do órgão especial). Em poucas palavras, significa dizer que, nos tribunais, só maioria absoluta dos membros do tribunal ou maioria absoluta dos membros do respectivo órgão especial poderá declarar a inconstitucionalidade das leis e atos normativos do Poder Público. Vamos entender bem esse aspecto. Um tribunal, de acordo com sua estrutura regimental, possui diversos órgãos internos, tais como: Plenário (ou Tribunal Pleno, que é o conjunto de julgadores do tribunal); órgãos monocráticos (presidente, juízes julgadores); órgãos fracionários (câmaras, turmas, seções); e órgãos administrativos. Além desses, se possuir mais de vinte e cinco membros, poderá o tribunal, ainda, constituir órgão especial, na forma do art. 93, XI, da Constituição Federal. Pois bem, o que o art. 97 da Constituição Federal reza é que, dentre todos esses órgãos, somente o Plenário (Tribunal Pleno) e o órgão especial poderão declarar a inconstitucionalidadedas leis, por decisão de maioria absoluta de seus membros. Ué, e com tantos órgãos, como funciona, na prática, a reserva de plenário? Em síntese, podemos afirmar o seguinte: os demais órgãos exercem normalmente suas competências regimentais (decidem questões administrativas e(ou) jurisdicionais), mas sempre que, em um caso concreto, for suscitada uma controvérsia constitucional (isto é, discussão se certa lei ou ato normativo desrespeita, ou não, a Constituição), esta terá que ser decidida pelo Plenário ou pelo órgão especial (este último, se houver, já que só poderá ser constituído órgão especial em tribunais com mais de vinte e cinco julgadores). (Em Direito Constitucional, você não precisa conhecer detalhadamente todos os aspectos processuais que envolvem a arguição do incidente de inconstitucionalidade e sua solução no âmbito dos tribunais; se algum dia você estiver estudando Direito Processual Civil para algum concurso, aí sim, o conhecimento desses aspectos tornar-se-á relevante!). Ainda a respeito da reserva de plenário, você precisa saber dos seguintes aspectos, importantes para o seu concurso: a) a submissão da controvérsia constitucional à reserva de plenário só é necessária na primeira vez que o tribunal enfrenta a questão; a partir daí, quando já houver decisão do Plenário do próprio Tribunal, do órgão especial do próprio Tribunal ou do Plenário do STF, não haverá mais CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 15 necessidade de submissão da matéria à reserva de plenário, situação em que os próprios órgãos fracionários declararão a inconstitucionalidade nos casos futuros, aplicando, eles próprios, o precedente já firmado (entenda-se: já firmado pelo Plenário ou órgão especial do próprio tribunal ou pelo Plenário do STF); b) em caso de divergência de entendimento sobre a matéria entre o Plenário ou órgão especial do próprio tribunal e o Plenário do STF (por exemplo: o órgão especial do STJ entende que a lei é constitucional, mas o Plenário do STF entende que a mesma lei é inconstitucional), os órgãos fracionários deverão aplicar o entendimento do Plenário do STF; c) a reserva de plenário obriga a todos os tribunais na declaração de inconstitucionalidade das leis, inclusive o próprio Supremo Tribunal Federal e os tribunais de contas (que só poderão declarar a inconstitucionalidade das leis por decisão de maioria absoluta de seus membros – no caso do STF, seis votos, já que o tribunal é composto de 11 membros); d) a reserva de plenário é regra aplicável à declaração de inconstitucionalidade, ou seja, não precisa ser observada nas decisões sobre a recepção ou revogação do direito pré-constitucional. Entenda bem essa última regra. Se, por exemplo, um tribunal estiver realizando a análise da compatibilidade de uma norma editada em 1978 e a Constituição de 1988, ele não precisará observar a regra de reserva de plenário. Por quê? Ora, porque, nessa hipótese, não se trata de juízo de constitucionalidade (que somente se realiza entre a norma e a Constituição de sua época), mas de juízo de recepção ou revogação. E, ao contrário da declaração de inconstitucionalidade, não é necessária a observância do princípio da reserva de plenário para a declaração de revogação pela Constituição de 1988 de normas anteriores a ela. Pois é, mesmo com todo esse regramento constitucional, com toda essa ênfase dada pela jurisprudência do STF, o fato é que alguns tribunais estavam burlando a exigência constitucional da reserva de plenário. De que modo? Ora, simplesmente os órgãos fracionários de tais tribunais afastavam a aplicação de lei em vigor a casos concretos a eles submetidos, mas não pronunciavam explicitamente a declaração de sua inconstitucionalidade. Com isso, diziam, não seria necessária a submissão da matéria à reserva de plenário (haja vista que não havia a declaração explícita da inconstitucionalidade da lei). Enfim, os órgãos fracionários de certos tribunais afastavam a aplicação da lei ao caso concreto, mas não pronunciavam explicitamente a sua inconstitucionalidade, a fim de evitar a necessidade de submissão da controvérsia à deliberação do órgão especial ou do Plenário (isto é, à reserva de plenário). Para terminar com essa prática inconstitucional, o Supremo Tribunal Federal aprovou a Súmula Vinculante, com o seguinte enunciado: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 16 inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte.” Fique atento, pois a edição dessa Súmula Vinculante aumentou substancialmente a incidência desse assunto (reserva de plenário) em concursos públicos. Sorte sua que, em regra é cobrada a literalidade. Veja esta questão: (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/TRE/ES/2011) Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial podem os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público. A assertiva está correta, pois reproduz a cláusula de reserva de plenário prevista no art. 97 da Constituição Federal. Veremos outras questões sobre esse assunto mais à frente. 10.4) Recurso extraordinário (exigência de “repercussão geral”) Conforme vimos anteriormente, no controle incidental, qualquer juiz ou tribunal pode, diante de um caso concreto, declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato do Poder Público. Logo, a decisão que declara, incidentalmente, a inconstitucionalidade de uma lei pode ser de um juiz de primeiro grau, de um tribunal de segundo grau, de um tribunal superior ou mesmo do Supremo Tribunal Federal. Certo? Pois bem, nos casos em que a decisão é proferida por um juiz ou tribunal inferior, a controvérsia poderá, com o uso de recursos processuais próprios, ser levada ao conhecimento de órgãos superiores, até mesmo do Supremo Tribunal Federal. Isso mesmo: no controle incidental, qualquer pessoa pode levar a sua lide, o seu caso concreto, até o Supremo Tribunal Federal – desde que, por óbvio, seja utilizado o recurso próprio e atendidos certos pressupostos para o conhecimento deste recurso. E qual seria o recurso próprio para que o interessado possa levar o seu caso concreto ao conhecimento do Supremo Tribunal Federal? Resposta: o recurso próprio é o recurso extraordinário (RE), previsto no inciso III do art. 102 da Constituição Federal. Mas, por óbvio, não é qualquer controvérsia que poderá ser levada ao conhecimento do STF via recurso extraordinário. Veja que esse dispositivo constitucional já indica as situações em que o recurso extraordinário será cabível, ao prescrever que compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo da Constituição Federal; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal; CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 17 d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Presente uma dessas hipóteses, será cabível a interposição do recurso extraordinário. Entretanto, na interposição do recurso extraordinário o recorrente deverá comprovar, ainda, o cumprimento dos seguintes requisitos: a)ofensa direta à Constituição (a ofensa não pode ser meramente reflexa, indireta, pois esta, segundo o STF, caracteriza mera ilegalidade); b) pré-questionamento da matéria constitucional (a controvérsia constitucional deve ter sido pré-questionada, discutida, nas instâncias inferiores); c) a repercussão geral da questão discutida. Dentre esses requisitos, interessa-nos, no estudo do Direito Constitucional, este último (repercussão geral), por se tratar de requisito previsto diretamente na Constituição Federal, no seu art. 102, § 3º, nestes termos: “No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.” Esse requisito constitucional – criado pela EC 45/2004 – tem por fim evitar que controvérsias constitucionais irrelevantes, que só interessam às partes do processo (as chamadas “brigas de vizinhos”!), sejam levadas ao conhecimento da nossa mais Alta Corte. O recorrente, agora, tem que comprovar que a questão constitucional discutida no RE extrapola o mero interesse das partes, e tem repercussão geral (grande interesse social, econômico, por exemplo). Se não comprovada a repercussão geral pelo recorrente, o STF poderá recusá-lo, desde que por decisão de dois terços de seus membros. Cuidado! Veja que, em se tratando de repercussão geral, a regra continua sendo a admissibilidade do RE pelo STF; o Tribunal só poderá recusar o RE, por ausência de repercussão geral, por decisão de dois terços de seus membros (veja: essa manifestação de dois terços dos membros do STF não é para aceitar o RE; é para recusá-lo, por ausência de repercussão geral da questão discutida). 10.5) Efeitos da decisão Conforme vimos anteriormente, o controle incidental surge em um caso concreto, no curso de processo perante o Poder Judiciário. Vimos, também, que no controle incidental, o objetivo daquele que argúi a inconstitucionalidade da lei é simplesmente afastar a sua aplicação àquele caso concreto, em seu benefício. Logo, nada mais óbvio do que dizer o seguinte: a decisão do Poder Judiciário só aproveitará às partes do processo em que proferida – a chamada eficácia inter partes. Concorda? Ora, se o controle surgiu no caso concreto de Maria, se Maria só requereu ao Poder Judiciário a declaração da inconstitucionalidade da lei com o fim de afastar a sua aplicação a esse seu processo, nada mais lógico do que a decisão somente beneficiar à Maria, nesse processo em que proferida! CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 18 Portanto, no controle incidental, a decisão proferida pelo Poder Judiciário só alcança as partes do processo em que proferida (eficácia inter partes). A lei continuará aplicável, válida, para todos os demais brasileiros que não integram tal processo judicial. E quanto aos efeitos temporais da decisão? Tal decisão é retroativa (ex tunc), ou meramente prospectiva (ex nunc)? Enfim, a lei está sendo declarada inconstitucional desde a sua publicação (ex tunc), ou somente daí por diante (ex nunc)? No controle incidental, a decisão, em regra, opera efeitos retroativos (ex tunc), isto é, a lei é declarada inconstitucional desde o seu nascimento. Entretanto, desde que satisfeitos certos pressupostos (que serão estudados adiante, ao examinarmos o controle abstrato, já que tais pressupostos são também lá aplicáveis), poderá o Judiciário modular os efeitos temporais da declaração de inconstitucionalidade, outorgando à sua decisão efeitos prospectivos (ex nunc) ou mesmo fixar outro momento para o início da eficácia de sua decisão. Em síntese, podemos afirmar que no controle incidental a decisão do Poder Judiciário será dotada de: a) eficácia inter partes; b) em regra, de efeitos retroativos - ex tunc (podendo estes, porém, serem afastados, caso a caso). Mas, cuidado, porque agora vem algo importante: a) se a decisão foi proferida por qualquer juiz ou tribunal de nosso país que não seja o STF: não há como ampliar o seu alcance (isto é, tal decisão, sempre, só alcançará as partes do processo); b) se a decisão foi proferida pelo STF: poderá ela vir a atingir terceiros não integrantes do processo (isto é, o alcance de tal decisão poderá ser ampliado), seja pela atuação do Senado Federal (CF, art. 52, X), seja pela edição de uma Súmula Vinculante pelo STF (CF, art. 103-A), na forma explicada nos subitens seguintes. Mas, antes de analisar a atuação do Senado e as Súmulas Vinculantes, vejamos um item da prova do último concurso de Auditor-Fiscal da Receita Federal, aplicado pela Esaf em 2009. “Na via de exceção, a pronúncia do Judiciário sobre a inconstitucionalidade não é feita enquanto manifestação sobre o objeto principal da lide, mas sim sobre questão prévia, indispensável ao julgamento do mérito.” É certo que na via de exceção, a decisão sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei não é o pedido principal da lide. É aspecto inerente, incidental, acessório ao julgamento do mérito. 10.6) Atuação do Senado Federal CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 19 Estabelece a Constituição Federal que compete privativamente ao Senado Federal suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (art. 52, X). Como se vê, esse dispositivo constitucional outorga ao Senado Federal competência para suspender a execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF. Na prática, sempre que o STF declara a inconstitucionalidade de lei em decisão definitiva no âmbito do controle incidental (cuidado: somente no controle incidental!), essa decisão é comunicada ao Senado Federal, para a suspensão da execução da lei, nos termos do art. 52, X, da Constituição Federal. E qual será mesmo a importância dessa atuação do Senado Federal? Ora, como vimos, a decisão proferida pelo STF no controle incidental aproveita apenas às partes do processo (eficácia inter partes). Significa dizer que a lei estará sendo declarada inconstitucional apenas para as partes do processo (isto é, a lei continuará válida, executável em relação aos demais brasileiros). Certo? Daí, houve por bem a Constituição Federal outorgar competência ao Senado Federal para que esse órgão, querendo, possa estender os efeitos da decisão do STF para todos os brasileiros, por meio da suspensão da execução da lei declarada definitivamente inconstitucional. Enfim, a função do Senado Federal, com a suspensão da execução da lei declarada inconstitucional em decisão definitiva pelo STF, é transformar a eficácia inter partes (que só alcança as partes do processo) em uma eficácia erga omnes (que alcança todos os brasileiros). Desse modo, se o Senado Federal suspender a execução da lei declarada inconstitucional pelo STF, tal declaração de inconstitucionalidade, que até então só valia para as partes do processo (eficácia inter partes), passará a valer para todos os brasileiros (eficácia erga omnes). Passemos, então, aos aspectos importantes acerca dessa atuação do Senado Federal: a) O Senado Federal está obrigado a suspender a execução da lei declarada inconstitucional pelo STF? Não. A atuação do Senado Federal não é vinculada (isto é, ele age com discricionariedade, podendo suspender, ou não, a execução da lei). b) Caso o Senado Federal decida pela suspensão da execução da lei, qual será o ato utilizado para tal? O atoserá uma resolução do Senado Federal. c) Caso o Senado decida pela suspensão da execução da lei, poderá ele posteriormente se retratar, desistindo de tal suspensão? Não. O ato do Senado Federal que suspende a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF (resolução do Senado Federal) é irretratável, não admite desistência. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 20 d) O Senado Federal poderá restringir, ampliar ou modificar a decisão do STF? Não. Caso o Senado Federal decida pela suspensão da execução da lei, tal suspensão deverá ser nos estritos termos da decisão do STF (isto é, não poderá o Senado Federal ampliar, restringir ou modificar os termos da decisão do STF). Ou seja, o Senado não poderá alterar a decisão do Supremo. Se o STF só declarou inconstitucional um dos incisos (ou parte dele), o Senado deverá seguir estritamente aquela decisão; não podendo interpretá-la ou ampliá-la, por exemplo, declarando inconstitucional toda lei, ou outros artigos não declarados inconstitucionais pelo STF. Tampouco poderá o Senado Federal declarar a inconstitucionalidade de apenas alguns dos dispositivos declarados inconstitucionais pelo STF (por exemplo: o STF declara a inconstitucionalidade de cinco artigos da lei; não poderá o Senado Federal suspender a execução de apenas três desses artigos, mantendo a vigência dos demais). e) Qual é a eficácia da decisão do Senado Federal que suspende a execução da lei declarada inconstitucional pelo STF? Essa decisão do Senado Federal é dotada de eficácia contra todos (erga omnes), isto é, tal decisão beneficiará a todos os brasileiros até então sujeitos à aplicação da lei. f) Qual é a eficácia temporal de tal decisão do Senado Federal? No âmbito da Administração Pública federal, a decisão do Senado Federal que suspende a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF é dotada de efeitos retroativos (ex tunc). Mas, cuidado! Os efeitos retroativos (ex tunc) atualmente só estão previstos em norma jurídica para a esfera federal (Administração Pública Federal), isto é, para a decisão do Senado Federal que suspende a execução de leis federais (Decreto 2.346/1997). E no tocante às demais leis (estaduais, distritais e municipais)? Bem, não há nenhuma norma jurídica disciplinando tal situação, tampouco há consenso doutrinário a respeito, com alguns autores entendendo que os efeitos são retroativos (ex tunc) e outros defendendo que são prospectivos (ex nunc). E como as provas têm cobrado esse assunto? Vejamos algumas questões sobre o tema. “(CESPE/ADVOGADO/IPAJM/2010) A suspensão de lei considerada inconstitucional em controle difuso, de regra, acarreta efeitos ex tunc. Tais efeitos atingem somente as partes do processo. Todavia, se o Senado Federal, por resolução, usar a prerrogativa constante do art. 52, X, da CF, qual seja, a de suspender, no todo ou em parte, a execução da lei tida por inconstitucional, desde que a decisão tenha sido definitiva e deliberada pela maioria absoluta do pleno do tribunal, os efeitos serão erga omnes, porém valerão a partir do momento em que a resolução do Senado Federal for publicada na imprensa oficial.” CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 21 “(FGV/JUIZ/TJ/MS/2008) A resolução do Senado Federal que suspende a execução da lei ou ato normativo declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, terá efeitos erga omnes e ex tunc.” A primeira assertiva foi considerada correta; a segunda foi considerada errada. Ou seja, as bancas têm adotado a posição de que a resolução do Senado Federal que suspende a execução da lei declarada inconstitucional surte efeitos ex nunc. Em suma, para provas, considere que produz efeitos ex nunc a suspensão, pelo Senado, de lei declarada inconstitucional pelo STF. Mas, cuidado, não faça confusão! Especificamente no âmbito da Administração Pública Federal, os efeitos são ex tunc, como podemos observar a seguir. “(ESAF/AFT/2003) No âmbito da Administração Pública Federal, a suspensão, pelo Senado Federal, da execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal tem efeitos ex tunc.” A assertiva está correta, pois, no âmbito da Administração Pública federal, a suspensão, pelo Senado Federal, da execução da lei declarada definitivamente inconstitucional produz efeitos ex tunc (retroativos). g) A atuação do Senado Federal se sujeita a controle de constitucionalidade judicial? Sim. A resolução do Senado Federal que suspende a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF pode ser objeto de controle de constitucionalidade (por exemplo: o STF poderá declarar a inconstitucionalidade de uma resolução do Senado Federal que, ao suspender a execução de certa lei, tenha ampliado os termos da decisão daquele Tribunal). h) O Senado Federal suspende também a execução de leis declaradas inconstitucionais no controle abstrato (em ADI, por exemplo)? Não. O Senado Federal só atua no controle incidental de constitucionalidade. Isso porque, conforme veremos na próxima aula, no controle abstrato, a própria decisão do STF que declara a inconstitucionalidade de lei já é dotada, por si, de eficácia contra todos (erga omnes). 10.7) Súmula Vinculante Vimos que, no controle incidental, caso o Supremo Tribunal Federal decida, em um caso concreto “X”, que determinada lei (ou conduta) é inconstitucional, essa decisão só valerá para as partes desse processo “X”. Se alguns dias depois, o mesmo STF enfrentar a mesma questão, firmando o mesmo entendimento, agora no caso concreto “Y”, a sua decisão, novamente, só aproveitará às partes nesse processo “Y”. E essa realidade – “a decisão só alcançará as partes do processo” – se repetirá ainda que o STF aprecie a mesma questão, e firme o mesmo entendimento, em inúmeros, dezenas, centenas de outros casos concretos. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 22 Ademais, essas suas inúmeras decisões, em um mesmo sentido, não vincularão os juízes de primeiro grau, que poderão continuar decidindo em sentido contrário, haja vista que as decisões do STF no controle incidental não dispõem de força vinculante em relação aos juízos inferiores. Em situações como essa, depois da promulgação da EC 45/2004, o STF poderá aprovar uma Súmula Vinculante (SV), enunciando o seu entendimento sobre tal questão, com o fim de tornar esse entendimento vinculante para os demais órgãos do Poder Judiciário e para a Administração Pública, direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Com efeito, a EC 45/2004 criou a possibilidade de que as decisões do Supremo Tribunal Federal no âmbito do controle incidental pudessem adquirir efeito vinculante. Diante disso, o Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei (CF, art. 103-A). Bem, já vimos esse assunto de forma exaustiva na aula sobre o Poder Judiciário. Recordemos, então, de forma bem objetiva, os principais aspectos relacionados às Súmulas Vinculantes. a) Iniciativa O STF é o único órgão competente para aprovar,rever ou cancelar súmula vinculante. Isso ocorrerá por iniciativa: - do próprio STF, de ofício; - dos legitimados à impetração de ADI (CF, art. 103); - do Defensor Público Geral da União; - dos Tribunais do Judiciário; e - dos Municípios (apenas incidentalmente, no âmbito de processo em que sejam parte). b) Objeto e requisitos As súmulas versarão sobre matéria constitucional que esteja causando controvérsia atual entre os órgãos judiciários (ou entre esses e a Administração Pública), causando grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica; c) Quórum A aprovação, revisão ou cancelamento de súmula vinculante exige decisão de dois terços dos membros do STF (oito ministros); d) Início da Eficácia CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 23 O início da produção eficácia da súmula ocorre a partir da publicação na imprensa oficial. Com efeito, em regra, após a sua publicação, essas súmulas terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Entretanto, o Supremo poderá, por dois terços de seus membros, restringir os efeitos vinculantes ou diferir a sua aplicação para um momento posterior, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público. e) Descumprimento Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação (art. 7° da Lei 11.417/2006). Cabe destacar que contra omissão ou ato da Administração Pública, o uso da reclamação só será admitido após o esgotamento das vias administrativas (Lei 11.417/2006, art. 7°, § 1°). Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso. (Lei 11.417/2006, art. 7°, § 2°). f) Súmulas anteriores As súmulas anteriores poderão ter efeito vinculante, desde que confirmadas por voto de dois terços dos ministros do STF e republicadas na imprensa oficial (EC 45/2004, art. 8º). Passemos às questões que tratam desse assunto de hoje (diversas outras questões serão resolvidas na próxima aula, quando terminaremos o assunto “Controle de Constitucionalidade”). 1. (CESPE/JUIZ/TRF-5REGIÃO/2011) O controle prévio ou preventivo de constitucionalidade não pode ocorrer pela via jurisdicional, uma vez que ao Poder Judiciário foi reservado o controle posterior ou repressivo, realizado tanto de forma difusa quanto de forma concentrada. Temos uma situação que caracteriza o controle de constitucionalidade prévio ou preventivo jurisdicional. Trata-se de mandado de segurança impetrado por parlamentar que vise a tutelar o seu direito líquido e certo de não participar de processo legislativo viciado. Tal ação será de competência do STF e caracteriza hipótese excepcional de controle preventivo exercido pelo Poder Judiciário. Assertiva errada. 2. (CESPE/JUIZ/TRF-5REGIÃO/2011) Nenhum órgão fracionário de tribunal dispõe de competência para declarar a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos emanados do poder público, visto tratar-se de CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 24 prerrogativa jurisdicional atribuída, exclusivamente, ao plenário dos tribunais ou ao órgão especial, onde houver. O princípio da reserva de plenário (CF, art. 97) exige que a declaração de inconstitucionalidade seja feita pela maioria absoluta dos votos do plenário do tribunal, ou de seu órgão especial, se houver. Sendo assim, os órgãos fracionários (turmas, câmaras) não podem declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. Portanto, correta a questão. 3. (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/SUPORTE ÀS ATIVIDADES NA ÁREA DE DIREITO/PS/MS/2008) A manutenção da supremacia da CF é o objetivo das ações de fiscalização abstrata de constitucionalidade das leis e deve nortear a interpretação destas. O objetivo do controle de constitucionalidade é exatamente verificar a observância da Constituição pelo Poder Público. Assim, as ações de fiscalização da constitucionalidade verificam a compatibilidade das demais normas frente à Constituição. Tudo isso decorre da situação de superioridade da Constituição sobre todo o ordenamento jurídico, funcionando como fundamento de validade das normas inferiores. É dizer: todo o ordenamento jurídico deverá estar de acordo com a norma superior (Constituição), sob pena de nulidade. Portanto, está correta a questão. 4. (CESPE/JUIZ/TJ/PB/2011) A inconstitucionalidade formal relaciona-se, sempre, com a inconstitucionalidade total, visto que o ato editado em desconformidade com as normas previstas constitucionalmente deve todo ele ser declarado inconstitucional. Vimos que a inconstitucionalidade formal relaciona-se a vícios de forma (e não no conteúdo), no processo de formação da lei. Já a inconstitucionalidade total ocorre quando toda a lei é declarada inválida. Pois bem, a questão afirma que se a inconstitucionalidade é formal (decorrente da forma, do processo) só haverá inconstitucionalidade total. Ou seja, a questão afirma que não há que se declarar inconstitucional apenas um ou dois artigos por questões processuais, de forma. E aí, certo ou errado? Vamos tentar responder com um exemplo. Imagine uma lei ordinária que tenha vinte artigos, regulamentando diversos aspectos de determinado assunto. Ok. Agora, suponha que nessa lei haja dois artigos que tratem de tema reservado à lei complementar. Ou seja, dentro daquela lei ordinária há dois artigos que versam sobre um assunto que, segundo a Constituição, deve ser regulamentado por lei complementar. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 25 Sabemos que uma lei ordinária não pode tratar de assuntos reservados à lei complementar. Então, se essa lei for impugnada, ela deverá ser declarada inconstitucional em sua totalidade? É evidente que não! Afinal, são válidos todos os demais dezoito artigos. Nesse caso, somente os dois artigos (que versam sobre matéria reservada à lei complementar) é que devem ser declarados inconstitucionais. Nessa hipótese, teremos uma lei declarada parcialmente inconstitucional por inconstitucionalidade formal. Portanto, incorreto o item. 5. (CESPE/ADVOGADO/IPAJM/2010) Uma norma pode ter a sua constitucionalidade aferida pelo modelo de controle difuso ou pelo modelo concentrado. O primeiro teve sua origem na Áustria, sob a influência de Hans Kelsen, e o segundo, nos Estados Unidos da América, a partir do caso Marbury versus Madison, em 1803. Na verdade, é exatamente o contrário. O controle concentrado surge na Áustria, sob a influência de Kelsen. Por sua vez, o controle difuso surge nos Estados Unidos, a partir do caso Marbury x Madison, em que pela primeira vez se decidiu que, havendo conflito entre a aplicação de uma lei no caso concreto e a Constituição, prevalece esta última devido à hierarquia superior de que ela dispõe (supremacia constitucional). Portanto, a questão está incorreta. 6. (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA: ADVOGADO/HEMOBRÁS/2008) O controle de constitucionalidade preventivo pode ser exercido pelas Comissões de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputadose do Senado Federal, e pelo veto do presidente da República. E aí, o exercício do controle de constitucionalidade é função exclusiva do Poder Judiciário? Vimos durante a aula que não. Apesar de, em regra, no Brasil, o controle de constitucionalidade ser função do Judiciário, você deve ter em mente que convivemos com exemplos de controle não-jurisdicional, em que, de forma excepcional, os demais Poderes exercem controle de constitucionalidade. O Poder Executivo, por exemplo, por meio do veto jurídico a projetos de lei inconstitucionais. O Legislativo, por exemplo, na apreciação preventiva da Comissão de Constituição e Justiça – CCJ das proposições legislativas. Trata-se de dois exemplos de controle de constitucionalidade político (uma vez que não é exercido pelo Poder Judiciário) e preventivo (uma vez que se realiza sobre projeto de lei). Assim, a assertiva está correta. 7. (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/DPU/2010) O sistema jurisdicional instituído com a CF, influenciado pelo constitucionalismo norte-americano, acolheu exclusivamente o critério de controle de constitucionalidade difuso, ou seja, por via de exceção. De fato, o nosso controle de constitucionalidade é influenciado pelo sistema norte-americano. Afinal, inicialmente, nosso sistema de controle ocorria CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 26 exclusivamente na via de exceção. Todavia, atualmente, dispomos também do controle abstrato, em que a constitucionalidade da lei é analisada em tese, sem relação com um caso concreto. Assertiva errada. 8. (CESPE/AUDITOR INTERNO/AUGE/MG/2008) Os tribunais somente podem declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público pelo voto unânime de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial. Como vimos, qualquer juiz pode declarar a inconstitucionalidade das leis de forma incidental, afastando a sua aplicação ao caso concreto. Não há necessidade de submissão da questão ao tribunal a que se vincula (observe que se trata da via difusa). Já os tribunais submetem-se à chamada reserva de plenário, pois somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público (CF, art. 97). Essa regra vincula qualquer tribunal, incluindo o STF e os tribunais de contas. Portanto, incorreto o item. 9. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) No controle de constitucionalidade político, a atividade de controle é desempenhada por um órgão integrante da estrutura do Poder Judiciário, no entanto a fundamentação das decisões tem por conteúdo uma solução ao caso concreto, mesmo sem uma fundamentação jurídica. O controle de constitucionalidade do tipo político ocorre quando essa competência é atribuída a órgão externo ao Judiciário. É jurisdicional o controle de constitucionalidade em que se outorga competência ao Judiciário para a fiscalização das leis frente à Constituição. Portanto, incorreto o item. 10. (CESPE/TITULARIDADE DE SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO/TJDFT/2008) Não cabe o controle de constitucionalidade quando o ato regulamentar extravasa os limites a que está materialmente adstrito, pois se trata de insubordinação executiva aos comandos da lei. Observe que só cabe controle de constitucionalidade se houver desvio frente à Constituição. Ou seja, quando houver a chamada inconstitucionalidade direta. Um decreto regulamentar que extrapolar os limites da lei possui vício de legalidade, e não de constitucionalidade. Nessa hipótese, há uma afronta direta à lei; e uma ofensa meramente indireta (ou reflexa) à Constituição. De qualquer forma, não são apenas as leis em sentido estrito (aprovadas pelo Legislativo e sancionadas pelo chefe do Executivo) que podem ser objeto de controle de constitucionalidade. Os atos normativos em geral também podem ser objeto de controle de constitucionalidade, desde que disponham de caráter autônomo, ou seja, desrespeitem diretamente a Constituição (não sejam meramente regulamentares). Logo, a assertiva está correta. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 27 11. (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/DPU/2010) Qualquer ato normativo que desrespeite preceito ou princípio da CF deve ser declarado inconstitucional, por possuir vício formal insanável. Quem é afoito erra uma questão como essa! Ela está incorreta, pois a lei pode desrespeitar a Constituição e não ter um vício formal. É o caso de uma norma que respeita todas as regras relativas ao processo de formação das leis, mas permite a tortura, por exemplo. O problema é de conteúdo. Trata-se, portanto, de um caso de inconstitucionalidade material (por ofensa ao art. 5°, III, da CF/88). Portanto, a questão está incorreta. 12. (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) A inobservância da competência constitucional de um ente federativo para a elaboração de determinada lei enseja a declaração da inconstitucionalidade material do ato normativo. A inobservância da competência constitucional de um ente federativo para a elaboração de uma lei ocorre, por exemplo, quando um estado-membro aprova uma lei que trata de assunto cuja competência é privativa da União. Ou seja, editando aquela norma, o estado-membro está invadindo a competência da União. Nessa hipótese, há uma inconstitucionalidade formal orgânica (e não uma inconstitucionalidade material). Observe que, nesse caso, a violação à Constituição decorre de aspectos de forma, aspectos formais; não é o conteúdo da norma que ofende a Constituição. Assertiva errada. 13. (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/DPU/2010) A CF prevê tanto o controle posterior de constitucionalidade, quanto o preventivo, cabendo este apenas ao Poder Legislativo, que, por meio de suas comissões de constituição e justiça, pode barrar projeto de lei que, de algum modo, viole o texto constitucional. De fato, temos exemplos de controle posterior e controle preventivo dentro do nosso sistema de controle de constitucionalidade. Aliás, é certo que a atuação da Comissão de Constituição e Justiça é um tipo de controle preventivo. Ou seja, antes de um projeto de lei ser levado a plenário, ele é submetido à CCJ a fim de que seja verificada sua constitucionalidade (a fim de verificar se aquele projeto de lei está de acordo com as normas constitucionais). Todavia, há outras hipóteses de controle preventivo externas ao Poder Legislativo. Por exemplo, o veto do Presidente da República a um projeto de lei que ele considere inconstitucional é um tipo de controle de constitucionalidade preventivo exercido pelo Poder Executivo. Outro exemplo é aquela hipótese de mandado de segurança impetrado por parlamentar que busca impugnar o processo legislativo de determinado projeto de lei em trâmite na sua respectiva Casa Legislativa – controle preventivo exercido pelo Poder Judiciário. Assertiva errada. 14. (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) A inconstitucionalidade formal se verifica quando a lei ou ato normativo CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSORES VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 28 apresenta algum vício em seu processo de formação. O desrespeito a uma regra de iniciativa exclusiva para o desencadeamento do processo legislativo constitui exemplo de vício formal objetivo. O vício de iniciativa é um tipo de vício formal subjetivo (e não objetivo). O vício formal objetivo relaciona-se a alguma ofensa ao processo legislativo constitucional. Enquadram-se nessa hipótese, por exemplo,
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