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Aula 3. Implantação e manejo dos SAF's

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INTRODUÇÃO
Alguns conceitos importantes, ao se implantar um SAF são:
escolher as espécies adequadamente para a região;-
combinar corretamente essas espécies;-
trabalhar com densidade (espaçamento) adequada;-
implantar todas as espécies juntas para que uma crie a outra, ou seja, que haja o degrau sucessional 
para que não fique um vazio se por acaso uma população for excluída do sistema.
-
ESPÉCIES COMPONENTES DOS SAF's
As espécies cultivadas ou mantidas nos SAF's são as mais diversas possíveis e, de modo geral, pertencem 
a pelo menos um dos seguintes grupos: prioritárias ou de serviço. 

Espécies prioritárias→
São espécies utilizadas para o autoconsumo, considerando a segurança alimentar da família agricultora em 
diversidade e qualidade, e para a geração e apropriação da renda (beneficiamento e comercialização).
•
Considerando a necessidade de segurança alimentar e a geração de renda dos agricultores familiares, é•
indispensável incluir como componentes do SAF espécies com capacidade de gerar ingressos no curto, 
médio e longo prazo.
Neste sentido, no decorrer da formação do sistema convêm escolher espécies anuais como o arroz, milho, 
feijão, hortaliças, abóbora, mamoeiro, entre outras, consorciando com espécies que iniciam a sua produção 
quando termina a fase de espécies de ciclo curto, ou seja, frutíferas precoces e cultivos persistentes que 
continuam produzindo por um tempo maior, inclusive debaixo de sombra moderada (bananeiras, gengibre, 
abacaxi, etc.) e cultivos agrícolas perenes.
•
Das espécies de ciclo médio a longo de produção, podemos destacar o café, cacau, erva-mate, cítricos e•
outras fruteiras, palmeiras comerciais (palmito juçara; açaí, pupunha, etc.), espécies condimentares 
(pimenta-doreino, noz moscada, cravo-da-índia, canela, baunilha), espécies madeireiras (pinheiro-do-
paraná, jequitibá-rosa, louro-pardo, eucalipto, pinus, acácia, etc.)
Espécies de serviços→
São espécies funcionais na prestação de serviços principalmente em termos de sustentabilidade ambiental 
do sistema produtivo. Podemos considerar como serviços a conservação do solo e da água, o 
melhoramento da fertilidade e aumento das atividades biológicas do solo (principalmente as leguminosas 
fixadoras de nitrogênio), melhoria das condições de microclima às plantas e animais e o controle biológico 
de pragas e doenças. Essas últimas podem ser chamadas de plantas repelentes que ajudam a controlar 
determinadas pragas e, eventualmente, as doenças das espécies prioritárias; entre elas: o nîm 
(Azadirachta indica), o cravo-do-defunto (Tagetes minuta) e o gengibre (Zingiber oficinale).
•
Como principais efeitos das árvores utilizadas nos sistemas produtivos, podemos citar:•
controle de erosão;-
melhora nas estrutura física e química do solo;-
manutenção da umidade do solo;-
aumento da taxa de matéria orgânica e de infiltração de água no solo;-
fixação e disponibilização de nutrientes ao sistema;-
permite a reciclagem de nutrientes das camadas profundas do solo;-
aumento da população de microorganismos e insetos benéficos;-
Menor variação de temperatura.-
ESCOLHA DAS ESPÉCIES NOS SAF's
Na seleção de espécies a serem associadas em um sistema agroflorestal devem ser evitadas alelopatias e 
fortes competições entre as espécies, buscando sempre o mutualismo. As espécies devem ser 

Aula 3. Implantação e manejo dos SAF's
terça-feira, 18 de março de 2014
16:00
 Página 1 de AGROS36 
fortes competições entre as espécies, buscando sempre o mutualismo. As espécies devem ser 
complementares e estar habilitadas para utilizar de forma harmônica os recursos disponíveis.
Deve-se considerar inúmeras variáveis, como os hábitos de crescimento e necessidades das espécies, 
intensidade e tipo de manejo, o espaçamento, a finalidade dos plantios, etc.

Em relação à cultura agrícola, normalmente são desejáveis as seguintes características:
Ser parcialmente tolerante ao sombreamento;-
Explorar horizonte do solo diferente do que das culturas florestais;-
Sua colheita não deve causar danos ao solo ou outra cultura;-
Ser de ciclo mais curto que a espécie florestal;-
A produção combinada deve ser maior economicamente que da espécie em monocultivo.-
A escolha das espécies também dependerá dos hábitos alimentares e agrícolas do produtor, bem como 
das condições ecológicas e socioeconômicas locais.

ESPAÇAMENTOS NOS SAF's
A escolha dos espaçamentos e dos arranjos estruturais entre as espécies associadas nos SAF's depende 
das espécies a serem utilizadas, das condições climáticas, dos objetivos e do tipo e nível de manejo a 
serem empregados.

De forma geral não existem espaçamentos específicos para os SAF's, mas existem alguns referenciais 
básicos que devem ser ponderados. O espaçamento é de alta relevância por condicionar a quantidade de 
recursos naturais disponíveis ao crescimento de cada componente do SAF.

O espaçamento ótimo é aquele capaz de fornecer o maior volume do produto em tamanho, forma e 
qualidade desejáveis, sendo função do sítio, da espécie e do potencial do material genético utilizado.

Em experimentos de SAF's com eucalipto, testando diferentes densidades associadas a arranjos 
diferenciados, têm evidenciado que a manutenção da mesma densidade com variação na distribuição pode 
resultar em diminuição do custo do plantio e melhor crescimento de algumas espécies em função de suas 
respostas à competição. Um plantio com cerca de 9m² por planta, por exemplo, pode ser instalado em 
arranjos de 3 x 3m, 6 x 1,5m e 9 x 1m, onde se verifica, nessa ordem, uma redução no custo do preparo do 
solo e aumento na incidência de luz na entrelinha, o que pode implicar em mudanças nas respostas das 
plantas quanto à produtividade e qualidade da madeira.

Maiores espaçamentos proporcionam maior crescimento em diâmetro, entretanto o ciclo de corte é maior, 
sendo recomendados no caso de produção de madeira para serraria e laminação. Nos menores 
espaçamentos há maior produção de volume em um curto espaço de tempo, porém o crescimento em 
diâmetro é menor, sendo mais indicados para produção de energia, celulose, moirões, estacas, etc.

Em SAF's em que o objetivo de produção principal não é o madeireiro, como no sistema Alley Cropping, 
deve-se utilizar espaçamentos maiores que priorizem a produção agrícola principal. Em SAF's altamente 
diversificados, como os Policutivos Multiestratificados, os espaçamentos assim como o arranjo devem 
obedecer principalmente as exigências das espécies em luminosidade e tolerância a sombra.

MANEJO DE SOLOS
Rotação das culturas→
A rotação de culturas contribui para diminuir a incidência de pragas e doenças. No caso de SAF's 
sucessionais, em que diferentes espécies se sucedem no tempo, seguindo a ideia de sucessão florestal, a 
rotação das culturas faz parte do sistema.
•
Por exemplo, quando se planta milho, é importante plantar junto (ou um pouco depois, quando o milho 
ainda está na terra) uma espécie que virá ocupar o lugar do milho quando ele for colhido. Pode ser um 
feijão-guandu, mamona, mamão, entre outras, e quando o mamão estiver saindo do sistema, outras 
espécies já devem estar aguardando para ocupar o espaço, como goiaba, pupunha, ingá, café...
•
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Cobertura viva do solo→
Visando uma produção sustentável, os espaços entre as espécies perenes principais devem ser ocupados 
com plantas de cobertura viva ou de adubação verde, ou ainda, cobertura morta formada pela queda das 
folhas, e ramos, frutos, sementes e flores dos componentes da agrofloresta e/ou pela biomassa fornecida 
pelas podas periódicas. 
•
Não deixar o solo descoberto caracteriza uso eficiente da terra.•
Quando se implanta um consórcio agroflorestal adotando os espaçamentos definitivos para as espécies 
prioritárias, é imprescindível adensar com espécies subordinadasou de permanência temporária para 
formar uma cobertura viva do solo. Este manejo tem pelo menos dois objetivos: 
•
impedir a invasão por espécies indesejáveis;-
gerar uma renda e/ou induzir outras vantagens que promovam a sustentabilidade do SAF-
As espécies escolhidas para preencher este objetivo são geralmente plantas de desenvolvimento vertical 
limitado, porém perenes ou persistentes. Por exemplo: amendoim forrageiro (Arachis pintoi), mamona 
(Ricinus communis) entre outras.
•
Adubação verde→
A adubação verde é feita mediante a incorporação de plantas de cobertura viva. Quando a adubação verde 
é feita com leguminosas fixadoras de nitrogênio, o plantio intercalado a culturas perenes deve ser feito 
visando sua incorporação ao solo na época de maior demanda de nitrogênio pela cultura principal.
•
Para adubação verde, a preferência do agricultor vai para espécies anuais ou bianuais: Seguem alguns 
exemplos:
•
Aveia strigosa (aveia-preta);-
Canavalia ensiformis (feijão-de-porco);-
Helianthus annuus (girassol);-
Lolllium multiflorum (azevém anual);-
Trifolium spp. (trevos)-
Vicia villosa (ervilhaca-peluda)-
Cobertura morta do solo→
Todos os componentes da agrofloresta contribuem na acumulação da cobertura morta, principalmente as 
espécies perenes submetidas a podas periódicas ou rebaixamento, entre elas: os ingás, as embaúbas e 
muitas outras espécies que são utilizadas para efeito de sombreamento.
•
Uma boa cobertura morta reduz a evapotranspiração do horizonte superior do solo e favorece a infiltração 
da água das chuvas.
•
TRATOS CULTURAIS
Capinas→
As capinas afetam principalmente plantas de ciclo curto e as plurianuais, demandando bastante mão-de-
obra nos primeiros 18 a 24 meses da implantação da agrofloresta. Uma vez consolidada a cobertura viva 
ou morta, praticamente não existe mais necessidade deste manejo. 
•
Quando houver necessidade de capinas, esta deve ser realizada na forma de coroamento ou de capinas 
seletivas. A capina seletiva pode ser realizada em toda a parcela ou apenas em faixas. Na capina seletiva, 
são eliminadas ou arrancadas as plantas concorrentes que estão finalizando seu ciclo produtivo.
•
Podas→
O correto uso dessa operação depende de diversos fatores, principalmente: o hábito de crescimento da 
planta; as exigências quanto à qualidade do fuste; e a necessidade de facilitar a colheita de frutos de modo 
a alcançar um máximo rendimento econômico. Existe uma terminologia específica a respeito das podas e 
as principais modalidades são:
•
 Página 3 de AGROS36 
as principais modalidades são:
Poda de formação
A poda de formação é feita em plantas geralmente jovens, com o objetivo de direcionar o 
desenvolvimento do caule, visando a formação de fuste de boa qualidade
▫
Poda de limpeza
A poda de limpeza (ou poda de manutenção) objetiva eliminar os rebentos laterais não desejados e 
galhos velhos ou secos.
▫
Poda de produção
A poda de produção é feita periodicamente em espécies perenes ou de ciclo persistente (como as 
bananeiras), no intuito de aumentar a produtividade da cultura; elas eliminam “ramos ladrões”, ramos 
com baixa perspectiva de produção ou, ainda, rebentos excedentes.
▫
Poda verde
A poda verde, ou poda apical destina-se a uma produção mais especializada, pois ela elimina a gema 
terminal ou o conjunto de brotos terminais para a obtenção de uma copa baixa facilitando a colheita 
de frutos.
▫
Recepa baixa
A recepa baixa consiste no corte do caule ou do fuste (tronco) perto do nível do chão.▫
Decote
O decote é feito por corte efetuado a uma altura entre 20 e 40cm (raramente 50cm) acima do chão.▫
Rebaixamento
O rebaixamento (ou recepa alta) é uma recepa efetuada a uma altura maior, acima do chão.▫
Conforme o diâmetro do ramo, o corte é feito com tesoura de poda ou serrote. Na poda de ramos, o corte 
deve ser iniciado na parte inferior do ramo e em seguida na parte superior, pois dessa forma evita-se 
rachar o ramo e favorecer a penetração de fungos. No caso de recepa, decote ou rebaixamento, o corte 
deve ser oblíquo para impedir que a chuva penetre no caule.
•
MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS E DOENÇAS
Agroflorestas com alto grau de biodiversidade interna possuem uma capacidade de autoregulação e 
equilíbrio biológico, o que explica os baixos níveis de doenças ou ataques de insetos, que não chegam a 
causar danos.

O cultivo de cercas vivas no entorno da agrofloresta, a restauração da mata ciliar e o plantio de faixas 
arborizadas podem ajudar a controlar as pragas. As cercas vivas adensadas e as faixas arborizadas 
também podem abrigar ou atrair pássaros que se alimentam de insetos-praga. Por tanto, manter altos 
níveis de diversidade de plantas deve ser a prioridade número um para o manejo integrado de pragas e 
doenças, pois nas agroflorestas bem diversificadas, a população dos inimigos naturais das pragas é, de 
modo geral, maior.

No que se refere ao sistema silvibananeiro, foi constatado que cultivar diversas variedades de bananeiras 
reduz a incidência da sigatoka (amarela e negra). O controle ainda é melhor, mantendo-se no bananal 
árvores de porte alto como o guapuruvu.

No entanto, nem sempre apenas a biodiversidade é suficiente para controlar, de forma satisfatória, os 
ataques de fungos, insetos e outras pragas. Mesmo em um cafezal bastante biodiversificado, a incidência 
de doenças causadas por fungos aumenta quando a sombra sobre os cafeeiros é excessiva. A solução é a 
poda ou desbaste, para aumentar a entrada de luz.

Algumas alternativas disponíveis são descritas a seguir:
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Soltar galinhas no quintal ou na agrofloresta reduz a população de insetos danosos. A galinha 
d’angola elimina os insetos adultos cujas larvas causam a broca dos ramos da erva-mate;
-
O gengibre espanta as saúvas quando plantado em faixa no entorno do formigueiro;-
O nim (Azadirachta indica), plantado como componente arbóreo em agroflorestas pode ser 
aproveitado para o preparo caseiro de potentes inseticidas. A árvore possui efeitos inseticida, 
fungicida e nematicida;
-
Introduzir plantas atraentes (oferecendo melhor cardápio aos insetos danosos) ou plantas repelentes 
(que afastam os insetos danosos). Um exemplo de planta atraente é o girassol. Exemplos de plantas 
repelentes são: o cravo-de-defunto e a arruda.
-
Algumas alternativas disponíveis são descritas a seguir:
Vídeo implantação de canteiro agroflorestal: www.youtube.com/watch?v=RSTF-ShrmLQ
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