Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.dizerodireito.com.br EMANCIPAÇÃO Conceito Emancipação é a antecipação da capacidade plena. A emancipação equipara-se à declaração de maioridade. Com a emancipação, uma pessoa que seria relativamente incapaz por ser menor que 18 anos, torna-se plenamente capaz podendo, por consequência, praticar os atos da vida civil sem necessidade de assistência. Relativamente incapaz Em regra, somente pode ser emancipado o relativamente incapaz. Exceção: o art. 1.520 do CC permite que o juiz autorize o casamento (e, por conseguinte, admita a emancipação legal) do menor de 16 anos, quando houver gravidez. Praticar os atos da vida civil sem assistência Em regra, o emancipado pode praticar os atos da vida civil sem assistência. No entanto, existem certos atos que ele não poderá praticar por faltar legitimação. Faltará legitimação quando a lei expressamente exigir idade superior a 18 anos para a prática do ato. Ex1: o menor emancipado não poderá adotar porque lhe falta legitimação considerando o art. 1.618 do CC: Art. 1.618. Só a pessoa maior de dezoito anos pode adotar. Ex2: o menor emancipado não poderá tirar carteira de motorista por conta do art. 140, do CTB c/c o art. 27, do CP, que exige requisito mínimo de 18 anos. Hipóteses de emancipação: Existem três espécies de emancipação: a) voluntária; b) judicial; c) legal. a) Voluntária A emancipação voluntária, prevista na primeira parte do art. 5º, parágrafo único, I, é aquela concedida: pelos pais, por escritura pública, desde que o menor tenha 16 anos completos, e independentemente de homologação judicial. Vejamos a redação do Código Civil: Art. 5º (...) Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; Essa escritura é lavrada no Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais.1 Art. 9º Serão registrados em registro público: II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; A emancipação é um ato dos detentores do poder familiar. Mesmo sendo separados, os pais devem fazer a emancipação conjuntamente. A vontade do menor é relevante? Segundo a moderna doutrina sim. Há doutrinadores defendendo que o menor deve ser ouvido sobre a sua emancipação. 1 É feita no Tabelionato de Notas e depois encaminhado para averbação no Registro Civil de Pessoas Naturais. www.dizerodireito.com.br Atenção: o tutor não pode emancipar voluntariamente o tutelado, considerando que a tutela se trata de um múnus público, não estando, portanto, sob a livre disponibilidade do tutor. A emancipação é, em regra, definitiva, irrevogável e irretratável. Em caso de fraude, é possível a anulação da emancipação. Existe posição doutrinária no sentido de que os pais podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos causados pelo filho que emanciparam. Esse entendimento existe para que a vítima não fique sem qualquer ressarcimento (posição de Carlos Roberto Gonçalves). b) Judicial A emancipação judicial é aquela concedida pelo juiz, ouvido o tutor, se o menor contar com 16 anos completos (art. 5º, parágrafo único, I, segunda parte, CC). Vejamos a redação do Código: Art. 5º (...) Parágrafo único - Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; Como é conferida por decisão judicial, não há necessidade de escritura pública. A emancipação judicial, assim como a voluntária, deverá ser registrada no Registro civil das Pessoas Naturais. Essa emancipação pode ser registrada de ofício, por ordem do juiz, caso este registro não tenha sido feito em 8 dias (art. 91 da Lei n. 6.015/73). c) Legal Decorre de um fato previsto em lei. As hipóteses legais de emancipação estão previstas no art. 5º, parágrafo único, incisos II a V do CC. Art. 5º (...) Parágrafo único - Cessará, para os menores, a incapacidade: (...) II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. CASAMENTO Deve-se lembrar que a idade núbil (idade que o CC admite o casamento) é 16 anos tanto para o homem como para a mulher. Caso o homem ou a mulher que tenha entre 16 e 18 anos queira casar, será necessária autorização dos pais. Caso esse menor entre 16 e 18 anos case, ele será emancipado, por força de lei. Situação em que o CC permite o casamento da pessoa menor que 16 anos: Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. www.dizerodireito.com.br “Evitar imposição ou cumprimento de pena criminal”: com a revogação do art. 107, VII, do CP, ainda há razão de existir para essa previsão? 1ª corrente: Sim. Porque a punibilidade poderá ainda ser extinta pelo perdão do ofendido ou pela renúncia ao direito de queixa. Para essa 1ª corrente, apesar de a Lei n.º 11.106/2005 haver revogado o art. 107, VII do CP, não mais contemplando o casamento como causa extintiva da punibilidade em crimes sexuais sem violência real, é razoável sustentar-se que, em havendo o matrimônio, a punibilidade seria extinta por outra via (perdão do ofendido ou renúncia). 2ª corrente: Não. Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves. Os menores de 16 anos que se casarem (com autorização judicial) são emancipados? R: Sim. Trata-se de possibilidade de capacidade por salto, isto é, a pessoa deixa de ser absolutamente incapaz e passa a ser plenamente capaz. A posterior separação ou divórcio faz com que a pessoa volte a ser incapaz? R: NÃO. A sentença que decreta separação ou divórcio possui efeitos ex nunc. A anulação do casamento faz com que a pessoa volte a ser incapaz? R: SIM. Em havendo nulidade ou anulação do casamento, a emancipação perde seus efeitos e a pessoa volta à sua condição de incapaz. Segundo Pontes de Miranda, a sentença que anula ou declara nulo o casamento possui efeitos ex tunc. A única exceção se daria no caso do casamento putativo. É o entendimento de Carlos Roberto Gonçalves. A união estável também gera a emancipação? R: NÃO. Isso porque geraria insegurança jurídica considerando a dificuldade de prova. EMPREGO PÚBLICO EFETIVO Abrange tanto emprego como cargo e função pública. Ex: assunção da função pública de aluno oficial da Polícia Militar. Flávio Tartuce informa que continua sendo possível a emancipação legal do menor militar, que possui 17 anos e que esteja prestando tal serviço, nos termos do art. 73 da Lei n. 4.375/64, reproduzido pelo art. 239 do Decreto 57.654/1966. COLAÇÃO DE GRAU EM CURSO DE ENSINO SUPERIOR Situação difícil de ocorrer na prática. ESTABELECIMENTO CIVIL OU EMPRESARIAL / RELAÇÃO DE EMPREGO Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Há doutrina, moderna, que defende que, neste caso, o próprio menor deverá ajuizar uma ação, sob jurisdição voluntária, pedindo a sua emancipação. Nesse processo deverão ser ouvidos os pais do menor. “Tenha economia própria”: trata-se de cláusula aberta, de modo que o juiz iráanalisar no caso concreto a situação e decidir, não havendo um valor determinado. “Relação de emprego”: trata-se de uma inovação do CC-2002. Se a pessoa perde o emprego, retorna à condição de incapacidade? A doutrina é dividida, não havendo posição majoritária quanto a isso.
Compartilhar