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Universidade Federal da Bahia Instituto de Física FIS123 – Física Geral de Experimental III-E Alexandre Duarte Hsu Andrade Matheus Radamés S. Barbosa Rodrigo Pinho de Aquino Experiência 10 Balança de corrente Salvador 2018 1 Objetivos O presente relatório tem por objetivo estudar o fenômeno magnético através da interação entre o campo de indução magnético de um ímã permanente e a corrente elétrica sobre um fio. 2 Introdução Quando um fio reto e longo é percorrido por uma corrente elétrica i, um campo de indução magnética B aparece ao seu redor. Para pontos muito próximos do fio, as linhas e força, e até mesmo as linhas de campo são círculos concêntricos. O sentido do campo é uma convenção que pode ser facilmente analisada pela regra da mão direita. Nesta regra utilizamos o dedo polegar para apontar o sentido da corrente, o indicador para determinar o sentido do campo e o dedo médio para indicar o sentido da força magnética. É importante ressaltar que esta regra é válida para todo e qualquer campo ao qual submete- se cargas em movimento, isto é, corrente elétrica. Foi determinado experimentalmente que a intensidade do campo a uma distância r do fio é igual à seguinte expressão: 𝐵 = 𝜇𝑜𝑖 2𝜋𝑟 Integrando �⃗� ao longo de um caminho circular fechado C de raio r em torno do fio teremos: ∮ B⃗⃗ dl = μoi 2πr ∮ dl C = C μoi (1) que mostra que a integral fechada em C do campo de indução magnética é proporcional à corrente que rompe qualquer superfície apoiada sobre este caminho. Esta expressão é também conhecida como Lei de Ámpere. Quando um portador de carga elétrica q em movimento em movimento com uma velocidade de deriva v penetra numa região com a ação de um campo elétrico E e um campo magnético B, ele se submete a uma força magnética F, conhecida como força de Lorentz, definida por 𝐹 = 𝑞(�⃗� + 𝑣 × �⃗� ) (2) Na ausência de campo elétrico, a força magnética fica definida por 𝐹𝑚 = 𝑞(𝑣 × �⃗� ). Como o objetivo deste relatório é estudar a força magnética induzida pela movimentação das cargas no interior de um condutor retilíneo submetido a um campo magnético, podemos efetuar o estudo deste caso. Num elemento de fio percorre uma corrente elétrica 𝑖 = 𝑑𝑞/𝑑𝑡, onde dq é um elemento infinitesimal de carga distribuído ao longo do elemento do fio com uma velocidade média v. A força sobre este elemento de fio, ilustrado pela figura 1, é dada por: 𝑑𝐹𝑚 = 𝑖𝑑𝑡(𝑣 𝑥�⃗� ) Como 𝑣 = 𝑑𝑙/𝑑𝑡, então 𝑑𝐹𝑚 = 𝑖𝑑𝑡 𝑑𝑙 𝑑𝑡 × 𝐵 = 𝑖𝑑𝑙 × 𝐵 E integrando essa expressão, teremos: 𝐹𝑚 = ∫ 𝑖𝑑𝑙 × 𝐵 𝐿 0 = 𝑖𝐿 × 𝐵 (3) Visto que o campo B é uniforme, a força magnética sobre um fio retilíneo é dada pelo produto entre a corrente elétrica, o comprimento do frio e o módulo do campo de indução magnética. Figura 1 – Elemento de fio dl submetido a um campo B uniforme e uma corrente i As medidas de todo o experimento foram realizadas através do efeito que a força magnética exerce sobre a massa do sistema montado registrada por uma balança. O fio retilíneo e posicionado na horizontal foi submetido simultaneamente ao campo gravitacional da Terra e ao campo de indução magnética uniforme entre os polos de um determinado ímã permanente, como na figura 2. A depender do sentido da corrente, a força magnética poderá estar no mesmo sentido ou no sentido oposto ao peso P do sistema. Na ausência de corrente elétrica, a força magnética não é induzida e apenas a força peso atua no sistema. Quando o sentido da corrente for tal que a força magnética vertical aponte para baixo, o equilíbrio do sistema é atingido quando a força magnética somada com o peso do sistema se iguala à força exercida pela balança no sentido oposto. O que ocorre de fato a balança utilizada aplicará uma força equivalente ao peso de uma massa em gramas. Figura 2 – Fio retilíneo em campo gravitacional e magnético uniforme 3 Desenvolvimento Experimental 3.1 Materiais utilizados Balança de Ohaus com pés niveladores e nível de bolha; Fonte de tensão e corrente (DC); Ímã permanente em forma de U com peças polares removíveis; Placas de circuito impresso com trilha condutora (n = 1) nos comprimentos de 12,5 mm, 25,0 mm e 50,0 mm; Placa de circuito impresso com trilha condutora (n = 2) no comprimento de 50,0 mm; Base, haste e suporte de ligação; Cordoalha flexível condutora de cobre prateado com terminais tipo pino banana. 3.2 Procedimento Experimental O experimento foi realizado em duas etapas principais, na qual a primeira consta de uma avaliação qualitativa do sentido da força magnética e o seu efeito sobre o sistema. Já a segunda, uma avaliação quantitativa da força magnética para um mesmo arranjo do sistema montado (figura 3) em relação às diferentes placas de circuito impresso empregadas. Figura 3 – Montagem experimental da “balança de corrente” Uma vez montado o sistema, utilizando o circuito impresso com n = 1 e 12,5 mm de comprimento, demos início à etapa 1. Para isso, estabelecemos a tara da balança alterando as massas pelo braço da balança e também girando o Vernier de precisão, tudo isso com a fonte de corrente desligada. Logo após, estabelecemos que a fonte de corrente deveria fornecer ao sistema 3 A e a conectamos aos terminais do fio condutor. Isto foi feito para verificar a influência da corrente na fita, bem como averiguar se existe variação do ponto de equilíbrio da balança mesmo sem a presença do ímã permanente. Como esperado, não houve alteração, tendo em vista que a força magnética só surge a partir do momento em que se submete o condutor ao campo gerado pelos polos do ímã. Ao final dos testes anteriores, posicionamos o ímã de forma que a placa de circuito impresso ficasse totalmente sob influência dele, o que gerou um pouco de dificuldade, tendo em vista que a cordoalha em muitos momentos não permitia que a placa ficasse estabilizada. Em seguida, ligamos a fonte de corrente e percebemos que a massa do sistema registrada pela balança diminuiu, ou seja, é possível afirmar que a força magnética tinha sentido oposto ao do peso do sistema. Posteriormente, invertemos os polos do ímã e verificamos que a força magnética se somava ao peso do sistema e a massa registrada pela balança era maior do que quando não havia corrente circulando pelo circuito. Este resultado era esperado, visto que como invertemos o sentido do campo magnético e mantivemos o sentido da corrente elétrica, a força magnética tende a ter o seu sentido invertido ao que era originalmente. Isso foi verificado em laboratório a partir da regra da mão direita. Para finalizar esta etapa, invertemos a conexão dos terminais do condutor com a fonte de corrente e observamos que o efeito foi semelhante ao de inverter a polaridade dos ímãs. Como os polos do ímã estavam invertidos e a corrente agora circulava no sentido contrário a força magnética voltou a ser contrária ao peso do sistema, que aponta sempre para baixo. Este efeito também foi verificado com a regra da mão direita. Na etapa seguinte estudamos a intensidade da força magnética em função da corrente elétrica, do comprimento e da quantidade de condutores. Montamos um arranjo de modo que a força magnética tivesse o mesmo sentidoque a força peso, para facilitar as nossas medidas. Taramos a balança e anotamos o valor mo que a mesma registrava, como massa inicial do conjunto placa de circuito impresso e fitas condutoras, em gramas. Em seguida, determinamos o intervalo de 0,3 A para variar na fonte de tensão de 0 a 3 A, de modo que obtivéssemos 10 valores diferentes de corrente e anotamos em uma tabela as massas registradas pela balança para cada um destes valores. Este procedimento foi realizado 3 vezes, alterando somente as placas de circuito impresso em cada um dos turnos. 4 Resultados e discussão A partir do procedimento realizado na segunda etapa do experimento foi possível construir 3 tabelas com os valores encontrados para as forças magnéticas para o arranjo com cada uma das placas de circuito impresso. É importante ressaltar que o valor inferido através da balança foi da massa do sistema com a fonte de corrente ligada, ou seja, determinamos o valor da força magnética, em mN, subtraindo o valor registrado pela tara da balança, que, nas tabelas a seguir, são os valores de m para i = 0 A e multiplicamos o resultado dessa subtração por g = 9,78 m/s². i (A) 0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 1,8 2,1 2,4 2,7 3 m(g) 75,86 75,87 75,92 75,93 75,96 76 76,03 76,06 76,08 76,13 76,14 Fm(mN) 0 0,098 0,587 0,685 0,978 1,369 1,663 1,956 2,152 2,641 2,7384 Tabela 1 – Placa de circuito impresso n = 1 e 12,5 mm de comprimento i (A) 0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 1,8 2,1 2,4 2,7 3 m(g) 75,45 75,57 75,65 75,77 75,86 75,97 76,08 76,17 76,28 76,36 76,47 Fm(mN) 0 1,174 1,956 3,13 4,01 5,086 6,161 7,042 8,117 8,9 9,9756 Tabela 2 – Placa de circuito impresso n = 1 e 50,0 mm de comprimento A partir destas tabelas foi possível construir um gráfico com o objetivo de observar o comportamento e a relação da força magnética em relação ao crescimento do comprimento do fio condutor. Gráfico 1 – Relação entre a força magnética e o comprimento do elemento condutor Os gráficos são coerentes com a teoria da força magnética, visto que quando surge num fio condutor retilíneo é proporcional à intensidade de corrente e também ao comprimento do condutor, como visto na equação (3). Gráfico 2 – Força magnética x corrente para circuito impresso n = 2 com 50,0 mm de comprimento É possível perceber que há diferença entre os arranjos com n = 1 e n = 2 mesmo que ambos tenham o mesmo comprimento. Isso ocorre, pois, a força magnética induzida pela y = 3,3104x + 0,0845 y = 0,9632x - 0,0932 -2 0 2 4 6 8 10 12 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 Fo rç a M ag n ét ic a Intensidade de corrente elétrica Fm (mN) x i (A) 50,0 mm 12,5 mm y = 6,2445x + 0,02180 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 Fo rç a M ag n ét ic a Intensidade de corrente elétrica Fm(mN) x i (A) n = 2 passagem de corrente tem influência dos “dois” condutores, no segundo caso. Podemos fazer a análise da seguinte forma: 𝐵 = 𝜇𝑜𝑖1 2𝜋𝑟 Temos que a força magnética que atua sobre o “fio 2” é igual a 𝐹𝑚 = 𝐵 ∙ 𝑖2 ∙ 𝐿. Substituindo B nesta equação teremos: 𝐹𝑚 = 𝜇𝑜𝑖1 2𝜋𝑟 ∙ 𝑖2 ∙ 𝐿 Por conta disso os valores das forças magnéticas para um e dois condutores são diferentes, para cada valor de corrente. A partir dos gráficos é possível determinar o campo de indução magnética médio para os três arranjos. Para isso, partimos da seguinte expressão: 𝛼 = 𝑡𝑔𝜃 = 𝐹𝑚 ∙ 10−3 𝑖 = 𝑖 ∙ 𝐿 ∙ 𝐵 ∙ 10−3 𝑖 = 𝐿 ∙ 𝐵 ∙ 10−3 Como a relação entre a força magnética e a corrente é linear, temos: 𝐹𝑚 = 𝛼 ∙ 𝑖 + 𝛽 Visto que para i = 0, Fm = 0, então β = 0. Desta forma, 𝑖 ∙ 𝐿 ∙ 𝐵 = 𝛼 ∙ 𝑖 → 𝐵 = 𝛼 𝐿 (4) Podemos então determinar o campo para cada um dos arranjos, visto que o valor de α é obtido através dos gráficos. Para a placa de circuito impresso de 12,5 mm, 50 mm (n = 1) e 50 mm (n = 2) temos B = 0,077056 T, 0,066208 T e 0,12489 T, respectivamente. O valor médio do módulo do campo de indução magnética é igual a �̅� = 0,0893846 𝑇. Como calculamos o valor médio do campo de indução magnética, podemos calcular também o valor da força magnética para as 3 montagens a partir da equação (3) e construir uma tabela com estes resultados em função do comprimento. L (mm) Fm (mN) 12,5 3,351923 50 13,40769 Tabela 3 – Comprimento do fio e Força magnética A partir desta tabela foi possível determinar o gráfico que atesta que a força magnética é diretamente proporcional ao comprimento do fio. Foi utilizado somente dois valores de comprimentos pois a outra placa de circuito impresso com comprimento igual a 25,0 mm foi descartada pelo professor. Gráfico 3 – Força magnética em função do comprimento do fio condutor 5 Conclusão Neste trabalho foi realizado um estudo sobre os efeitos da força magnética e a sua relação com a corrente elétrica que circula num condutor, o comprimento do mesmo e também com o campo de indução magnética ao qual está submetido. Verificamos que existe uma relação de proporcionalidade entre a força magnética e a corrente elétrica e também com o comprimento do condutor. Imprecisões na determinação das medidas da balança, bem como no posicionamento do fio condutor no entreferro dos polos do ímã permanente podem afetar diretamente os dados do experimento e por conta disso, podem carregar consigo um erro. Esta falta de precisão pode justificar uma certa não uniformidade do campo de indução magnética. Apesar disso, o experimento foi realizado com sucesso pelos integrantes da equipe e contribuiu para a fixação dos conceitos do conteúdo, bem como os seus efeitos. 6 Referências - Roteiro de Prática. Disponível em: <http://www.fis.ufba.br/laboratorio-3> 0 2 4 6 8 10 12 14 16 0 10 20 30 40 50 60 Fo rç a m ag n ét ic a (m N ) Comprimento do fio (mm) Fm (mN) x L (mm)
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