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QUALIDADE DO SOLOQUALIDADE DO SOLOQUALIDADE DO SOLOQUALIDADE DO SOLO QUALIDADE DO SOLOQUALIDADE DO SOLO 1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO - nenhum indicador individual descreve e quantifica todos os aspectos da qualidade do solo; - indicadores de qualidade: atributos físicos, químicos e biológicos sensíveis ao manejo e às variações ambientais no solo. 2. CARACTERÍSTICAS IDEAIS DE UM BOM INDICADOR DE QUALIDADE2. CARACTERÍSTICAS IDEAIS DE UM BOM INDICADOR DE QUALIDADE - ter grande relevância ecológica e refletir aspectos do funcionamento do ecossistema; - possibilitar a interpretação de propriedades e, ou, funções do solo que são difíceis de serem medidas diretamente; - medição acurada e precisa em diferentes tipos e condições de solo; - responder, de forma rápida e acurada, a um distúrbio no solo;- responder, de forma rápida e acurada, a um distúrbio no solo; - ser sensível às variações em longo prazo no manejo e no ambiente do solo, mas resistentes às flutuações em curto prazo (sazonalidade); - ser capaz de acusar a presença e o nível de impacto do maior número possível de agentes poluidores, embora deva possibilitar a separação dos efeitos de cada poluente; - ser de determinação simples e baixo custo � análises de rotina de laboratório. 33.. AVALIAÇÃOAVALIAÇÃO DADA QUALIDADEQUALIDADE SOBSOB OO PONTOPONTO DEDE VISTAVISTA DEDE EXPLORAÇÃOEXPLORAÇÃO AGRÍCOLAAGRÍCOLA 3.1. ATRIBUTOS FÍSICOS3.1. ATRIBUTOS FÍSICOS 3.1.1. Estrutura do solo 3.1.1. Estrutura do solo �� arranjo ou organização das partículas do soloarranjo ou organização das partículas do solo - estrutura ideal: �grande área de contato raiz-solo; �suficiente espaço poroso para o movimento de água e gases; �pequena resistência à penetração das raízes. * resistência à penetração > 2,0 MPa é impeditivo para o crescimento das raízes � deficiência de O2 ou dificuldades nutricionais - compactação: aproximação das partículas sólidas, com conseqüente diminuição de seu espaço poroso � ação antrópica ou natural * pressão exercida por rodas e esteiras, pressão de equipamentos e máquinas ou por pisoteio de animais; * pressão exercida pelo gelo em períodos de glaciação. - adensamento: aumento na massa específica do solo por entupimento de poros (sem compressão da massa): * ação antrópica: dispersão química. * processos naturais: eluviação de material sólido e alternância de secagem e umedecimento do solo; em períodos de glaciação. - teor de água ótimo � massa específica do solo é máxima. M a s s a e s p e c í f i c a ( g c m - 3 ) Compactação do soloCompactação do solo M a s s a e s p e c í f i c a ( g c m Teor de água (dag kg-1) Variação da massa específica do solo com o teor de água em um Latossolo Vermelho Escuro, textura média, sob energia de compactação constante. - poros mais facilmente afetados pela compactação: os de maior diâmetro (diâmetro superior a 0,05 mm) Compactação do soloCompactação do solo Efeito da compactação na porosidade de um solo argiloso: na porosidade total (a) e na porosidade de diâmetro maior que 0,03 mm (b). ReconhecimentoReconhecimento dada compactação/adensamentocompactação/adensamento dodo solosolo ** sintomas semelhantes aos de deficiência hídrica ou nutricional, toxicidade por Al ou Mn, ataque de nematóides etc.; a) sintomas nas plantas: ** emergência lenta da plântula; ** comprometimento do crescimento radicular (crescimento paralelo à superfície) diminuição do volume explorado de solo menor ** comprometimento do crescimento radicular (crescimento paralelo à superfície) � diminuição do volume explorado de solo � menor absorção de água e nutrientes pelas raízes; ** folhas com colorido deficiente. ** raízes mal formadas: *** proliferação de raízes laterais � sistema radicular muito denso e raso (c); *** obstáculo à raiz principal e às secundárias: sistema radicular definhado � desenvolvimento de pêlos radiculares (b) Resistência de 0,39 MPaResistência de 0,39 MPa Resistência de 4,25 MPaResistência de 4,25 MPa RaízesRaízes principaisprincipais dede CrotaláriaCrotalária junceajuncea emem parcelasparcelas comcom massamassa específicaespecífica dodo solosolo abaixoabaixo dede 11,,7575 gg cmcm--33 (esquerda)(esquerda) ee superiorsuperior aa 11,,8585 gg cmcm--33 (direita)(direita).. b) sintomas no solo: * presença de crostas superficiais; * empoçamento de água; * excessiva erosão hídrica; * aumento da exigência de potência para os cultivos mecânicos; * aumento da exigência de potência para os cultivos mecânicos; * presença de restos de resíduos não decompostos, vários meses após a sua incorporação ao solo; 3.1.2. Relação entre macro e microporos3.1.2. Relação entre macro e microporos a) influência na disponibilidade de água: maiores diâmetros de poro � menor energia despendida para retirar água do solo - compactação � aumento da água disponível (entre 0,1 e 15 bar ou 0,01 a 1,5 MPa) para as plantas. ) T e o r d e á g u a ( d a g k g - 1 ) Efeito da compactação na curva característica de umidade de um solo areno-barrento. b) influência na condutividade hidráulica do solo - em solo saturado: condutividade hidráulica aumenta com percentual de macroporos do solo. C o n d u t i v i d a d e h i d r á u l i c a - em solo com baixo teor de água: condutividade hidráulica é maior em solo compactado. T e o r d e á g u a ( d a g k g - 1 ) C o n d u t i v i d a d e h i d r á u l i c a ( x 1 0 - 6 c m s - 1 ) Efeito da compactação na curva característica de umidade de um solo areno- barrento. c) influência na aeração do solo - permeabilidade do solo aos gases diminui com diminuição da macroporosidade. d) influência nas taxas de transferência de calor - para mesmo conteúdo de água: condutividade e difusividade térmicas aumentam com diminuição da macroporosidade. f) influência nos riscos de carreamento de poluentes dispostos sobre o solo � maior escoamento superficial. e) influência no transporte de nutrientes no solo. - absorção de nutrientes por interceptação radicular e por fluxo de massa diminui e por difusão aumenta com diminuição da macroporosidade do solo. 3.1.3. Água disponível (AD)3.1.3. Água disponível (AD) - conteúdo de água mantido entre a CC (-0,01 MPa) e o PMP (-1,5 MPa) - fortemente dependente da textura - manejo inadequado do solo � intensiva mineralização da matéria orgânica � diminuição da AD. 3.1.4. Intervalo Hídrico Ótimo (IHO)3.1.4. Intervalo Hídrico Ótimo (IHO)3.1.4. Intervalo Hídrico Ótimo (IHO)3.1.4. Intervalo Hídrico Ótimo (IHO) - índice que integra fatores físicos diretamente relacionados com o crescimento das plantas; - quanto maior a amplitude do IHO, menor a probabilidade e freqüência de ocorrência de situações críticas às culturas. 3.2. ATRIBUTOS QUÍMICOS3.2. ATRIBUTOS QUÍMICOS 44.. AVALIAÇÃOAVALIAÇÃO SOBSOB OO PONTOPONTO DEDE VISTAVISTA DEDE CONTAMINAÇÃOCONTAMINAÇÃO AMBIENTALAMBIENTAL 4.1. Considerações gerais4.1. Considerações gerais - solo “limpo”: concentraçãode um elemento ou substância é menor ou igual ao valor de ocorrência natural. - concentração natural no solo é variável: depende da geologia, clima, conteúdo de material orgânico e pH do solo � valores de referência devem ser obtidos a partir do maior número possível de análises. - avaliação da qualidade do solo deve ser focada tanto para saúde humana- avaliação da qualidade do solo deve ser focada tanto para saúde humana como para efeitos nos processos biológicos e outras funções do solo; - avaliação genérica da qualidade do solo é difícil devido: * à ausência de dados toxicológicos para um grande número de substâncias e para algumas vias de exposição; * à dependência de ação entre as substâncias envolvidas (sinergismo ou antagonismo) � risco de sub ou superestimativa do problema; e * ao emprego de valores recomendados para outros países. 4.2. Metodologias de avaliação4.2. Metodologias de avaliação a) metodologias baseadas em valores numéricos pré-estabelecidos (valores orientadores) � avaliações mais rápidas e rotineiras: ** a rapidez e a facilidade na indicação do grau de poluição; ** possibilidade do estabelecimento de padrões ambientais; ** possibilita a uniformização das ações de controle; ** facilita a comparação de técnicas de remediação de solos * vantagens: ** facilita a comparação de técnicas de remediação de solos contaminados. * desvantagens: ** não levar em consideração as condições específicas de cada local (tipo e forma de uso do solo, aspectos hidrogeológicos e tipo de contaminante e possíveis interações no meio). OBS. Os valores orientadores são, hoje, a base da política de proteção de solos e águas subterrâneas. b) avaliações de risco caso-a-caso * vantagens: ** análise individualizada � consideração de condições específicas de cada local; * desvantagens: ** trabalho de alta complexidade e que deve ser executado por ** maior precisão no laudo ou nas recomendações para remediação do solo da área � recomendável quando há altos custos envolvidos na remediação. ** trabalho de alta complexidade e que deve ser executado por pequeno grupo de técnicos especializados; ** demanda de muito tempo; ** maiores possibilidades de influência política regional. c) “intermediárias” * 1ª. etapa: adoção de valores referência de qualidade, de alerta e de intervenção; * 2ª. etapa: caso a área esteja contaminada, avaliação de risco caso a caso. Método adotado no Brasil Método adotado no Brasil �� Resolução CONAMA 420/2009 Resolução CONAMA 420/2009 - Valor de Referência de Qualidade (VRQ) � concentração natural do solo - Valor de Prevenção (VP) � concentração de valor limite capaz de sustentar as suas funções principais * estabelecidos pelos órgãos ambientais competentes dos Estados sustentar as suas funções principais - Valor de Investigação (VI) � concentração acima da qual existem riscos potenciais, diretos ou indiretos, à saúde humana; Substância (mg kg-1 massa seca) Referência de qualidade (SP)* Prevenção Investigação Agricola Residencial Industrial Inorgânicos Sb <0,5 2 5 10 25 As 3,5 15 35 55 150 Ba 75 150 300 500 750 Cd <0,5 1,3 3 8 20 Pb 17 72 180 300 900 Co 13 25 35 65 90 Cu 35 60 200 400 600 Cr 40 75 150 300 400 Quadro 1.12. Valores orientadores de qualidade dos solos segundo consta na Resolução CONAMA 420/2009 Cr 40 75 150 300 400 Hg 0,05 0,5 12 36 70 Mo <25 30 50 100 120 Ni 13 30 70 100 130 Ag 0,25 2 25 50 100 Se 0,25 5 -- -- -- V 275 - -- -- 1.000 Zn 60 300 450 1.000 2.000 Hidrocarbonetos aromátic os voláteis Benzeno NA 0,03 0,06 0,08 0,15 Estireno NA 0,2 15 35 80 * CETESB 195/2000; NA – não se aplica Classes de qualidade dos solos: � Classe 1: concentrações < VRQ � Não requer ações; � Classe 2: concentrações maiores que VRQ e menor ou igual ao VP � avaliação e, se necessário, medidas preventivas; � Classe 3: concentrações maiores que VP e menores ou iguais VI �� Classe 3: concentrações maiores que VP e menores ou iguais VI � identificação e controle da fonte de contaminação além de monitoramento � Classe 4: concentrações maiores que o VI � ações estabelecidas no gerenciamento de áreas contaminadas. � Gerenciamento de áreas contaminadas: � Identificação: levantamento de áreas suspeitas de contaminação; � Diagnóstico: investigação detalhada e avaliação de risco � subsidiar intervenção; � Intervenção: execução de ações de controle dos riscos identificados no Diagnóstico, além de monitoramento da eficáciaidentificados no Diagnóstico, além de monitoramento da eficácia das ações executadas, - baseado no uso de bioindicadores; Métodos baseados em análises microbiológicasMétodos baseados em análises microbiológicas - métodos diretos ou indiretos de avaliação da atividade microbiana: densidade ótica � CT e CF - sólidos em suspensão voláteis (SSV) � não distinguem entre células vivas e restos de origem orgânica. - métodos respirométricos: * biomassa (bactérias, actinomicetos, fungos, protozoários, algas e microfauna) do solo avaliada pela evolução de CO ;microfauna) do solo avaliada pela evolução de CO2; * razão entre o CO2 evoluído e o carbono da biomassa microbiana � indicativo de estresse/perturbação do ecossistema; * uso comprometido, já que abundância e atividade dos microrganismos são susceptíveis às variações sazonais (temperatura e umidade); * estimativa quantitativa e não qualitativa de microrganismos. - diversidade microbiana � possibilitada com o advento de técnicas de biologia molecular (sequência do DNA); - atividade enzimática � indicativas de estresse e boas condições ambientais no meio. - conceito abstrato � desenvolvimento de sistemas de avaliação quantitativos (IQS). ÍNDICE DE QUALIDADE DO SOLO (IQS)ÍNDICE DE QUALIDADE DO SOLO (IQS) - modelo de Kelting et al. (1999): IQS = ( ) ( ) ( ) ( ) ( )[ ] i d 1i WFpABpTGpSNpSApCR ××+×+×+×+× = ∑ em que, CR – crescimento da raiz; AS - suprimento de água; SN - suprimento de nutrientes; TG - trocas gasosas; AB - atividade biológica p - peso relativo aplicado a cada atributo; e WF - peso relativo ao volume de cada horizonte i do solo. - modelo proposto por CHAER e TÓTOLA (2003), baseado em funções que o solo deve desempenhar adequadamente; * receber, armazenar e suprir água - indicadores: massa específica do solo e matéria orgânica; * promover o crescimento das raízes - indicadores: massa específica do solo, acidez/toxicidade por Al (pH, H+Al, Al3+), matéria orgânica e nutrientes minerais (P, S-SO42-, K+, Ca2+, Mg2+); * armazenar, suprir e ciclar nutrientes – indicadores: nutrientes na biomassa microbiana – BM (carbono da biomassa microbiana – CBM e nitrogênio da biomassa microbiana - NBM), saturação por bases, biomassa microbiana – BM (carbono da biomassa microbiana – CBM e nitrogênio da biomassa microbiana - NBM), saturação por bases, saturação por Al, conteúdo de matéria orgânica, atividade da BM (urease, ββββ-glicosidase, fosfatase ácida, fosfatase alcalina, desidrogenase, mineralização de N), P orgânico e CTC; * promover a atividade biológica – indicadores: pH, nutrientes minerais (P, S-SO42-, K+, Ca2+, Mg2+), matéria orgânica, CBM e atividade da BM (urease, ββββ-glicosidase, fosfatase ácida, fosfatase alcalina, desidrogenase, mineralização de N); * manter homeostase – Indicadores: atividade respiratória e carbono da biomassa
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