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UNIDADE 1 (Estilo de Vida, Saúde e Meio Ambiente)

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Saúde e 
Meio Ambiente
Jocimara Rodrigues de Sousa
03
Sumário
CAPÍTULO 1 – Sociedade e Meio Ambiente: Divergências ou Convergências? ......................05
Introdução ....................................................................................................................05
1.1 Quais as bases teóricas da relação sociedade-natureza? ..............................................05
1.1.1 Natureza e Humanidade ..................................................................................06
1.1.2 Natureza e Sociedade ......................................................................................07
1.2 Quais os conceitos e categorias do meio ambiente? ....................................................09
1.2.1 Elementos Naturais e Construídos no Meio Ambiente ..........................................10
1.2.2 Ambiente Rural ................................................................................................12
1.2.3 Ambiente Urbano ............................................................................................14
1.3 Quais os conceitos e categorias da saúde? .................................................................15
1.3.1 O que é Saúde? ..............................................................................................16
1.3.2 Promoção da Saúde ........................................................................................17
1.4 Qual a relação entre saúde, qualidade de vida e cidadania? ........................................18
1.4.1 Qualidade de Vida ..........................................................................................19
1.4.2 Indicadores de Qualidade de Vida ....................................................................20
Síntese ..........................................................................................................................21
Referências Bibliográficas ................................................................................................22
05
Capítulo 1 
Introdução
Olá! Vamos iniciar com uma reflexão: a sociedade é influenciada pelo meio ambiente ou o meio 
ambiente influencia a sociedade? Você consegue definir o que é meio ambiente? Será que as 
mudanças do meio em que vivemos podem influenciar na saúde humana?
Para entendermos melhor essas relações, direcionaremos nossos questionamentos às definições 
e conceitos que envolvem essa temática, refletindo sobre a maneira como as sociedades contem-
porâneas mudaram a paisagem natural e exploraram os recursos naturais para satisfazer suas 
necessidades. Comumente, associamos o termo meio ambiente à natureza, porém, se buscarmos 
no dicionário, a definição que encontramos de meio ambiente é a seguinte: “Conjunto de fatores 
físicos, biológicos e químicos que cerca os seres vivos, influenciando-os e sendo influenciados 
por eles”. (HOUAISS, 2004)
De acordo com essa definição, podemos concluir que não apenas o ambiente natural, como 
outros ambientes formados a partir da intervenção humana, como as cidades, também se enqua-
dram na categoria de meio ambiente. A definição ainda reflete sobre a maneira como o ambiente 
pode influenciar na saúde humana, pois ambiente e humanidade são mutuamente influenciados.
Independente das características do ambiente, natural ou construído, descobriremos que a saúde 
humana pode ser fortemente afetada pela qualidade do meio em que se vive e/ou trabalha. Eis 
aí a questão ambiental que tem sido considerada uma das maiores preocupações da socieda-
de contemporânea, pois a preservação da espécie humana pressupõe a preservação do meio 
ambiente. Mas, afinal, o que é saúde e meio ambiente e qual a relação entre esses conceitos? 
Chegou o momento de descobrirmos!
1.1 Quais as bases teóricas da 
relação sociedade-natureza?
Quando nos referimos à natureza, o que vem a sua mente? Normalmente, as pessoas associam 
natureza a paisagens intocadas pelo homem. Mas será que existem cenários no planeta Terra 
totalmente desconhecidos e intocados? Se você respondeu que sim, lembre-se de que, por mais 
afastados e preservados que determinados ambientes aparentem ser, é bem provável que eles 
tenham sofrido algum tipo de intervenção humana. 
Neste tópico, discutiremos as formas com que a humanidade se relaciona com o ambiente, trans-
formando-o de maneiras mais ou menos intensas. Se por um lado o ambiente natural representa 
uma paisagem cuja intensidade da interferência humana é praticamente imperceptível, por outro 
lado, as grandes cidades representam o extremo oposto dessa relação, certo? Saiba, porém, que 
existem gradações entre esses dois extremos. 
Sociedade e Meio Ambiente: 
Divergências ou Convergências?
06 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
Você consegue imaginar quais são as formas com que o homem influencia na constituição do 
meio ambiente? Vamos começar a decifrar em seguida.
1.1.1 Natureza e Humanidade
Colocando em perspectiva a história do planeta Terra com a história da humanidade, será pos-
sível verificar que a espécie humana é muito mais recente do que o meio em que ela “nasceu”. 
Na escala evolutiva, o primeiro hominídeo de que temos notícia, o australopiteco africano, teria 
vivido no planeta entre um e três milhões de anos. Desde então a humanidade muito evoluiu. O 
consenso científico é que esse ancestral humano já pudesse andar ereto, o que liberou suas mãos 
para coletar frutos e caçar, rudimentarmente, pequenos animais – atirando pedras, por exemplo. 
Portanto, não apenas a espécie humana emergiu em um ambiente já formado, como também se 
adaptou a esse ambiente, conforme afirma Bourguignon (1990).
Contudo, a dependência e a necessidade de preservação da espécie incentivaram os humanos a 
desenvolver habilidades que, posteriormente na escala evolutiva, determinaram a sua condição 
no planeta. É preciso recordar que o homem era dependente das condições do ambiente em que 
vivia, especialmente no que se refere à alimentação. Suas principais fontes de alimentos eram 
extraídas da caça e, sobretudo, da coleta. Dessa forma, havendo escassez de recursos naturais 
em um local – causado por diversos fatores naturais, como a estiagem sazonal, esgotamento de 
recursos coletáveis, movimentos migratórios dos animais etc. – fazia-se necessário o desloca-
mento do indivíduo. Pois é, você consegue imaginar essa lógica de deslocamento? É por isso que 
nos seus primórdios, a humanidade era nômade, ou seja, sua permanência em um local estava 
condicionada à disponibilidade e ao gerenciamento dos recursos naturais. 
Essa dinâmica de mobilidade acarretou na falta de apego e no desconhecimento da dinâmica do 
espaço físico e seus recursos. A humanidade só começou a compreender os ciclos da natureza 
a partir do desenvolvimento da agricultura, há apenas cerca de dez mil anos. Com o domínio 
das técnicas de plantio, a espécie humana pôde, finalmente, fixar moradia em um lugar e, con-
sequentemente, passou a compreender os ciclos naturais do ambiente. Todo esse processo de 
adaptação e de transformação se refere ao processo evolutivo humano. 
Figura 1 – A evolução humana significou a transformação pela espécie do meio que a circunscreve.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Agora pensemos: qual acontecimento favoreceu a observação da natureza? Bem, foi a partir do 
desenvolvimento da agricultura que ocorreu a fixação de moradia e a observação da dinâmica 
da natureza. Assim, o homem buscou conhecimentos sobre o meio ambiente para, inicialmente, 
se prevenir de adversidades naturais e, posteriormente, dominar e interferir na paisagem natural. 
Com o conhecimento adquirido de forma empírica, foi possível observar a sazonalidade das es-
tações, prever estiagem e frio entre outros padrões do ambiente. Segundo Bourguignon (1990), 
esse conhecimento possibilitou o desenvolvimento de técnicas de armazenamentode alimentos, 
revelando o potencial humano de planejamento e de prevenção.
07
Note que o desenvolvimento dessas habilidades analíticas foi desencadeado a partir da necessi-
dade de superação das adversidades naturais que acometiam a espécie humana. Como vimos, 
a agricultura possibilitou o desenvolvimento da capacidade humana de observação e reconhe-
cimento de padrões ambientais, o que estabeleceu um modelo comportamental mais analítico. 
Assim, as novas condições materiais determinaram um novo comportamento humano, passando 
de nômade para sedentário.
A partir da superação de parte dos problemas que ameaçavam a espécie humana, como a fome 
e a exposição constante às intempéries climáticas, combinada à fixação de abrigo, agrupamen-
tos começaram a se formar. Dessa maneira, inicia-se o estabelecimento de espaços de convivên-
cia e, consequentemente, as relações humanas. Esses agrupamentos aleatórios passaram, com o 
tempo, a estabelecer vínculos, ressignificando as relações entre humanos-humanos e humanos-
-meio ambiente. 
Perceba que a busca pela autopreservação e pela superação de problemáticas de ordem material 
não apenas desenvolveu processos mentais analíticos como também possibilitou a emergência 
de sentimentos em nossa espécie. É interessante observar o importante papel que o meio am-
biente desempenhou nessa evolução, pois, assim, podemos inferir que as relações estabelecidas 
entre os seres humanos e o meio ambiente, tendo em vista as influências mútuas, não é uma 
preocupação recente!
VOCÊ QUER VER?
Que tal ver um filme para compreender ainda melhor a evolução humana? Nossa 
sugestão: A Guerra do Fogo (La Guerre du Feu). O filme retrata o contato entre dois 
grupos de hominídeos na pré-história. Cada grupo se encontra em um determinado 
estágio da evolução humana e detém conhecimentos específicos, que se tornam alvo 
de disputa entre os personagens.
Já que o meio ambiente e os seres humanos interagem e tem influência mútua, deveríamos 
prestar mais atenção nos limites desta relação? Afinal, até onde influenciar no meio ambiente é 
favorável tanto para nós humanos como para a própria natureza? É sobre isso que iremos refletir 
no próximo tópico.
1.1.2 Natureza e Sociedade
A partir da compreensão das bases em que se desenvolveram as relações entre os humanos e o 
ambiente circundante, é preciso refletir sobre a necessidade de estabelecer limites a esta intera-
ção. A modificação da paisagem natural favoreceu a qualidade de vida e garantiu a preservação 
da espécie. Em contrapartida, mudanças radicais nas paisagens naturais também colocaram a 
vida humana em risco. Para compreender esse processo, retomaremos as diferentes concepções 
sobre a natureza que perpassam os modos de vida da sociedade.
A partir dos primeiros agrupamentos humanos e da transição do nomadismo para o sedentaris-
mo, novas configurações sociais foram elaboradas. A espécie humana se apropriou do ambiente 
para extrair os recursos naturais necessários para a sua sobrevivência e também para desenvolver 
as diversas atividades humanas, como, por exemplo, trabalho e descanso. As intervenções huma-
nas na natureza se tornaram complexas com o advento da agricultura, da estocagem de recursos, 
da domesticação de animais e da manufatura de ferramentas rudimentares. 
08 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
Podemos considerar o estabelecimento do cultivo agrícola como o marco civilizatório, pois assim 
que a humanidade passou a dominar a natureza, transcendeu as relações primitivas de caça e 
coleta e dos vínculos estritamente consanguíneos.
Essa apropriação e intervenção no ambiente implicaram em uma nova maneira de se relacionar 
com a natureza: cada lugar ganha novos significados de acordo com as atividades que ali se de-
senvolvem. Os espaços, que antes tinham a mera função de abrigar as pessoas das intempéries 
do clima, passam a assumir papéis simbólicos e são convertidos em lugares de convívio familiar, 
social ou de trabalho. Os ambientes se distinguem, assumem novos papéis e novos significados, 
assim como o meio ambiente. Essa distinção marca a separação entre sociedade e natureza e, 
a partir de então, estabelece-se a relação entre o processo de hominização e de humanização. 
(BOURGUIGNON, 1990)
O que significa hominização? Qual a diferença entre hominização e humanização? Ho-
minização é o processo de evolução humana que consistiu na adaptação da espécie às 
condições da natureza. Já o conceito de humanização é o processo de manipulação do 
ambiente pelo homem, de maneira que ele possa se distinguir dos outros seres e cons-
truir seu entorno de acordo com suas necessidades. Assim, podemos dizer que hominiza-
ção é o processo de evolução do homem e a humanização um processo de civilização.
VOCÊ SABIA?
Dando um salto cronológico, passando das primeiras formações sociais para as sociedades 
modernas, analisaremos as diferentes concepções sobre a natureza. Reforçando a perspectiva 
dicotômica entre natureza e sociedade, destacam-se as teorias filosóficas e científicas. Ambas 
concebiam a natureza como algo externo e independente da sociedade, ao passo que o processo 
civilizatório assumia a condução do desenvolvimento humano, resultando em maior distancia-
mento entre a sociedade e o mundo natural. 
Dessa maneira, o conceito de natureza contém em sua essência o dualismo entre externalidade e 
universalidade, inter-relacionando-se e contradizendo-se simultaneamente. O argumento de que 
o homem se afastou do mundo natural como se não fizesse parte dele se tornou-se recorrente tan-
to nas cadeiras científicas quanto nas filosóficas. Sobre este impasse, Ruy Moreira (1985, p. 37) 
defende o seguinte: “A natureza está no homem e o homem está na natureza, porque o homem 
é produto da história natural e a natureza é condição concreta, então, da existência humana”.
A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, os impactos das atividades sociais sobre 
o meio ambiente ganharam proporções até então desconhecidas. As alterações da paisagem 
natural combinadas à utilização de combustíveis poluentes e ao consumo excessivo de recursos 
intensificaram os impactos ambientais.
09
Figura 2 – Impacto das atividades sociais no meio ambiente com o 
descarte inadequado de resíduos em ambiente urbanizado.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Porém, é preciso considerarmos que a natureza também gera impactos sobre a sociedade. Para 
exemplificar esse processo, podemos recorrer às notícias de desastres ambientais, como terre-
motos, furacões e enchentes. Essas são algumas maneiras que revelam que a natureza não é um 
campo estático submetido incondicionalmente às necessidades humanas. A natureza também 
representa uma variável importante na constituição da vida em sociedade.
Tudo certo até aqui? Vamos pensar juntos: será que a ação integrada do homem com a natureza 
gera novas paisagens? Que tal compreendermos melhor sobre assunto?
1.2 Quais os conceitos e categorias 
do meio ambiente?
A partir da breve introdução sobre a história da humanidade e de suas relações com o meio 
ambiente, refletiremos sobre a interferência humana na mudança da paisagem natural. Essas 
transformações propiciaram o delineamento de novas formas estruturais do meio ambiente, rea-
lizadas de maneira que as necessidades e os desejos humanos fossem priorizados.
Portanto, este tópico discutirá as relações de harmonia e de conflito entre homem e natureza a 
partir do antropocentrismo. Contudo, é importante considerarmos que as diferentes paisagens 
construídas são reflexos dos níveis de integração – e interação – da espécie humana ao meio em 
que vive. Estudaremos três aspectos dessas relações: elementos naturais e construídos no meio 
ambiente, ambiente rural e ambiente urbano. Vamos conhecê-los a seguir.
10 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
1.2.1 ElementosNaturais e Construídos no Meio Ambiente
Antes de tudo reflita sobre: o que é alimentação natural? Quais foram os principais elementos 
que você imaginou? Você provavelmente associou o termo às frutas, legumes e vegetais, certo? 
Isto é, aos produtos extraídos da terra. Você também pode ter se apegado não às categorias de 
alimentos, mas às condições em que eles foram cultivados ou obtidos. Ou seja, você pode ter 
se preocupado em distinguir um produto orgânico do “comum”, por exemplo. Normalmente, 
quando existe a referência ao termo natural, as pessoas tendem a relacioná-lo ao estado bruto 
das coisas.
O que você entende pela palavra Antropocentrismo? Esse termo traduz a forma de pen-
samento que considera o homem como o centro do universo, interpretando tudo que o 
cerca de acordo com seus valores e suas experiências.
VOCÊ SABIA?
Interessante observar que, eventualmente, utilizamos o termo natural para designar fatos, coisas 
e comportamentos comuns. Mas, nem sempre o que é natural é comum. E também, nem sempre 
o que é comum é natural. Para explicar essa diferença, retomemos os exemplos anteriores de 
alimentação natural. No primeiro caso, a alimentação natural se refere a uma categoria de ali-
mentos, ou seja, aqueles que não foram processados pela indústria alimentícia e são extraídos, 
criados ou cultivados pela terra, como frutas e legumes. No segundo caso, associamos alimen-
tação natural às condições de cultivo, extração ou criação do alimento, ou seja, é importante que 
além de não serem processados pelas indústrias alimentícias, os alimentos também não tenham 
sido modificados em qualquer uma das etapas de sua produção. 
Na primeira situação, temos um exemplo de alimentos comuns. Na segunda situação, foram 
exemplificados os alimentos chamados orgânicos. Quais desses alimentos são mais comuns na 
rotina contemporânea? E quais deles são mais próximos do que você considera natural?
Esses exemplos servem para desconstruir as categorias mais empregadas para designar ambien-
tes naturais de ambientes construídos. No segundo é bastante evidente a intervenção humana, 
mas o primeiro recorrentemente é associado à natureza intocada pelo homem. Porém, quando 
nos referimos a ambiente, nos referimos a um conjunto de elementos composto pelos seres vivos, 
como animais, plantas, rios, oceanos e até a atmosfera que envolve o planeta. 
Pensar em um ambiente que nunca sofreu nenhuma interferência humana, portanto, significa pen-
sar que cada um dos elementos que o compõe nunca entrou em contato com a espécie humana.
11
Figura 3 – Paisagem natural formada por cadeia de montanhas coberta por vegetação preservada.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Dessa maneira, é inconcebível a ideia de ambiente intocado pelo homem, uma vez que a relação 
entre homem e natureza foi estabelecida a partir da sua interação com diversos sistemas ao lon-
go da história. Assim, deve-se considerar que a maior parte dos elementos naturais são produtos 
de uma interação, variável em sua intensidade, com a espécie humana. 
Os elementos naturais, portanto, são produtos da interação humana. No caso da interação di-
reta, houve o manejo e a manipulação pela espécie humana, como é o caso de produtos agríco-
las. No caso dos elementos naturais com os quais o homem estabeleceu uma relação conservativa 
e não destrutiva fica menos evidente a manipulação humana. São os casos dos parques ecológi-
cos e das áreas de conservação ambiental. Por fim, existem casos em que a intervenção humana 
foi intensa, porém, após algum tempo, houve a regeneração ou autorregenerarão do sistema.
CASO
Um caso emblemático da capacidade regenerativa da natureza é o fenômeno ocorrido na China: 
algumas das Ilhas Shengsi, que compõem o arquipélago Zhoushan, foram abandonadas pelos 
moradores em busca de trabalhos melhores remunerados nas cidades industrializadas. Assim, as 
construções residenciais, escadarias e ruas dos vilarejos foram cobertas pela vegetação. 
Outro caso interessante é o do shopping New World, em Bangcoc (Tailândia), abandonado após 
um incêndio que destruiu o teto da construção. Com as chuvas, o shopping rapidamente se 
inundou, criando um viveiro de mosquitos. Para sanar esse problema, a população local intro-
duziu nesse ambiente alagado peixes das espécies carpa e bagre, que se alimentam das larvas, 
formando um cardume autossustentável. Esses dois exemplos mostram como a natureza é adap-
tável e possui uma grande capacidade de regeneração, mesmo em locais que sofreram grandes 
intervenções humanas.
12 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
Em contrapartida, existem também os elementos construídos do meio ambiente, produtos da 
construção ou adaptação humana. Tratam-se de matérias-primas processadas, construções, cul-
tivos e criações. Em determinados sistemas, predominam elementos adaptados pela sociedade 
humana, como cidades e áreas industriais, praias urbanizadas, plantações, etc. 
Você já parou para pensar sobre o que significa o termo “meio ambiente”? Saiba que 
meio ambiente não possui uma definição única, mas várias concepções construídas 
ao longo da história. Porém, é importante distinguirmos “ambiente” de “meio ambien-
te” para melhor compreender essa questão. Ambiente, como já vimos, é o conjunto de 
elementos que compõe um sistema, ao passo que meio ambiente expressa o resultado 
da interação entre esse conjunto de elementos, ou seja, é o efeito da interação dos 
elementos que compõe o ambiente.
VOCÊ SABIA?
A diferenciação da origem dos produtos da ação humana na natureza serve, especialmente, para 
distinguir maneiras como determinadas sociedades lidam com os recursos disponíveis. Elementos 
de outras dimensões da vida em sociedade, como a cultura e a economia, determinam a paisa-
gem social de acordo com as prioridades e os sistemas de valoração vigentes naquele contexto.
Podemos concluir que, se hoje existe uma crescente preocupação com a preservação e manu-
tenção do meio ambiente é porque em um contexto anterior houve uma ação predatória dos 
recursos naturais, causando impactos negativos na vida humana. A seguir vejamos o conceito 
de ambiente rural.
1.2.2 Ambiente Rural
Como vimos, a agricultura é considerada o marco histórico para o desenvolvimento da socieda-
de humana. A atividade agrícola definiu um novo modelo de interação entre homem e ambiente, 
a partir da manipulação e domínio da natureza. Se antes a espécie humana estava submetida às 
condições no ambiente em que vivia, a partir do advento da agricultura, esse processo se inverte 
e um novo panorama é delineado. 
Portanto, as áreas em que a atividade agrícola é predominante (áreas rurais) também exempli-
ficam intervenções humanas no ambiente. As gradações de intensidade qualificam tais inter-
venções. Nas áreas rurais podem-se observar desde intervenções bastante intensas, como as 
monoculturas, até as intervenções humanas de preservação do ambiente, como as Unidades de 
Conservação, reservas e parques ecológicos. 
Entretanto, as ações antrópicas são recorrentemente motivadas pela satisfação das necessidades 
e interesses humanos. De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo 
(1992), entende-se por ações antrópicas toda ação proveniente da espécie humana geradora de 
impactos ambientais, que incluem fatores como a dinâmica populacional, o uso e a ocupação 
do solo, a produção cultural e também as ações de proteção e recuperação de áreas específicas.
Dessa forma, a maior parte das áreas rurais são destinadas à produção de alimentos. As mo-
noculturas são exemplos de intervenções humanas que geram impactos negativos na natureza e 
também na qualidade de vida da própria humanidade. 
13
VOCÊ QUER VER?
Um filme que exemplifica a questão da intervenção humana no meio ambiente é “Rei 
Milho” (King Korn). O documentário apresenta o funcionamento do sistema de subsí-dios norte-americanos para a produção agropecuária. Em meio à febre do etanol de 
milho – menos eficiente que o etanol de cana – o governo dos EUA investe grandes 
quantias na produção da matéria-prima do xarope de milho, adoçante onipresente na 
indústria alimentícia considerado pela saúde pública o maior vilão na guerra contra 
obesidade no mundo.
Grandes extensões de monocultura podem extinguir uma espécie e favorecer o crescimento po-
pulacional de outra. Vegetais e animais que se beneficiam desta plantação ou cujos predadores 
foram exterminados podem se reproduzir de maneira desordenada, prejudicando a plantação, 
passando a agir como pragas. Para combater as pragas e garantir a colheita, a indústria química 
fornece praguicidas que, muitas vezes, envenenam as plantas, o solo e a água, colocando em 
risco a saúde e a vida de outras espécies, inclusive a humana.
Figura 4 – Exemplo de monocultura em área rural.
Fonte: Shutterstock, 2015.
De acordo com o Censo Agropecuário de 2006, entre 1970 e 2006 a utilização de terras pro-
venientes de matas e florestas no país passou de cerca de 58 para 100 milhões de hectares. O 
crescimento da produção de grãos no Brasil está diretamente relacionado ao mercado de ali-
mentos internacional, especificamente, no agronegócio, principal responsável pelas exportações 
no país (MOTA, 2009). Tanto os impactos positivos quanto os negativos possuem estreita ligação 
com o contexto.
Dessa maneira, pode-se inferir que toda ação exercida sobre qualquer um dos elementos acarre-
ta em consequências para o ecossistema. O manejo responsável dos recursos naturais beneficia 
e melhora a condição biológica e social da vida humana. Para que isso seja possível, é preciso 
orientar as ações antrópicas para a preservação e manutenção da diversidade ambiental. É 
necessária a permanente lembrança de que a questão ambiental compreende, em vários níveis, 
outras dimensões além da biológica. Questões sociais, econômicas, culturais e geográficas são 
determinantes não apenas do comportamento humano, mas também do meio ambiente.
Vamos agora conhecer as características do ambiente denominado urbano.
14 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
1.2.3 Ambiente Urbano
Um bom exemplo de ambiente natural modificado substancialmente são as cidades, especial-
mente as metrópoles mundiais. Essas áreas passaram por uma intensa interferência e descaracte-
rização em benefício de uma única espécie: a humana. Segundo pesquisa publicada pela United 
Nations (2001) estima-se que quase metade da população mundial vive em áreas urbanas. 
As relações estabelecidas se tornam mais intensas e complexas nas áreas urbanas. De um lado, 
intensifica-se a utilização dos fatores físicos do ambiente, tais como os recursos energéticos, 
recursos minerais, vegetais e animais, além do predomínio dos elementos construídos em detri-
mento dos elementos naturais. De outro, os fatores sociais do ambiente ganham maior relevância 
nas cidades, pois as relações econômicas, culturais e ambientais assumem a centralidade das 
políticas públicas e do comportamento humano. 
Figura 5 – Exemplo de meio ambiente urbano.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Com efeito, a aglomeração populacional, os padrões de consumo, os padrões de deslocamento 
e as atividades econômicas urbanas impactam significativamente o meio ambiente, especialmen-
te no que se refere ao consumo de recursos e à eliminação de resíduos. A urbanização em áreas 
litorâneas, por exemplo, é considerada uma das maiores causas da extinção de ecossistemas 
sensíveis, podendo, inclusive, alterar a hidrologia costeira e suas características naturais, como 
manguezais, praias e recifes, barreiras naturais que previnem a erosão e importantes habitats 
para diferentes espécies. 
As cidades, frequentemente, estão localizadas em solos dotados de alta performance agrícola. 
Porém, o solo urbano é submetido a uma intensa pressão – e também a outros tipos de agressão 
decorrente do descarte incorreto de resíduos tóxicos – que interfere na qualidade do solo das 
áreas adjacentes, podendo também afetar a atividade agrícola das cidades vizinhas.
A instalação de áreas residenciais ao redor dos grandes centros urbanos, com baixa ou média 
densidade populacional, o chamado espraiamento urbano, tem se tornado comum nos últimos 
tempos. Esse fenômeno de fixação de residência perto, mas fora das metrópoles, acarreta em ou-
tros problemas de ordem ambiental. Provavelmente, o mais preocupante deles é o deslocamento 
das pessoas entre as cidades e a dependência dos meios de transporte motorizados e individuais. 
A dependência desses veículos, bem como dos combustíveis fósseis, gera o aumento significativo 
de emissão de poluentes na atmosfera.
15
Porém, medidas preventivas e de redução de danos têm sido desenvolvidas ao redor do mundo 
para amenizar os impactos ambientais nas áreas urbanas. Nos últimos anos, houve um cresci-
mento da produção agrícola urbana, por exemplo. Cerca de 15% de todos os alimentos consu-
midos nas áreas urbanas são cultivados por agricultores urbanos e estima-se que essa porcenta-
gem duplique nos próximos anos. Conforme PNUMA (2004), podemos ver exemplos de ações de 
atividades agrícolas urbanas observados em Havana, Cuba, em que:
[...] todo o espaço disponível – incluindo telhados e varandas – destinou-se à produção de 
alimentos. Métodos intensivos de produção agrícola urbana, incluindo a hidroponia, abastecem 
com alimentos frescos os moradores urbanos. A Prefeitura facilita a gestão integrada de água 
residual para a produção de alimentos (PNUMA, 2004, p. 266).
Apesar de desencadear impactos ambientais expressivos, as áreas urbanas ainda concentram 
os mais altos índices de renda per capita e de desenvolvimento humano. Dessa maneira, para 
promover um ambiente urbano que possibilite a qualidade de vida dos seus moradores, é preciso 
manter uma postura estratégica que contrabalanceie os interesses econômicos com a preserva-
ção ambiental e a questão social. Para tanto, é preciso questionar os padrões que implicam em 
determinados comportamentos, como o consumismo e a despreocupação com a finitude dos 
recursos naturais, entre outros.
O livro “Uma verdade Inconveniente - O Que Devemos Saber (e Fazer) Sobre o Aque-
cimento Global”, é uma obra de alerta. Escrito pelo ex-vice presidente norte-americano 
Al Gore, o livro apresenta dados oficiais sobre a crise climática provocada pela ação 
do homem no planeta.
VOCÊ QUER LER?
Falando em qualidade de vida, será que nossa saúde pode ser influenciada pelo meio em que 
vivemos? Que tal entendermos melhor sobre essa relação tão estreita: saúde e meio ambiente?
1.3 Quais os conceitos e categorias da saúde?
Você sabe o que é saúde e ser saudável? A sua concepção sobre saúde é a mesma de seus 
amigos, vizinhos e familiares? As pessoas podem promover melhorias na própria saúde? Essas 
questões nortearão as discussões nesse tópico, dedicado à compreensão conceitual sobre saúde 
e meio ambiente. Para tanto, abordaremos os conceitos elaborados sobre saúde coletiva e indi-
vidual. Dessa forma, analisaremos a saúde a partir da sua produção nas relações com os meios 
físico, social e cultural. 
Por isso vamos abordar questões de saúde relacionadas ao meio ambiente e às políticas de pre-
venção de doenças. Por fim, analisaremos juntos os aspectos da integração entre saúde e quali-
dade de vida a partir das transformações do significado do termo saúde e do papel do indivíduo 
no autocuidado. Está preparado? Então avante!
1.3.1 O que é Saúde?
Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), “saúde é o estado de completo 
bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença” (OMS, 1948). Saúde deve 
ser compreendido como um estado desencadeado em um dado contexto. Esse conceito trans-
cende a mera descrição, para delinear uma nova concepçãosobre saúde além de preconizar um 
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Saúde e Meio Ambiente
compromisso a ser cumprido. Dessa forma, enquanto estado contextualizado, a saúde não é um 
objetivo que, uma vez alcançado, compulsoriamente será mantido. Existem inúmeros fatores que 
interferem na saúde humana. Portanto, a instabilidade, característica primordial da vida humana, 
também é regente dos estados de saúde individual e coletiva. 
Outra questão é a percepção que um determinado indivíduo ou coletividade tem sobre saúde. O 
termo implica em um alto grau de subjetividade, já que o entendimento sobre ser saudável pode 
mudar de acordo com os valores vigentes em determinada época e sociedade. 
Podemos citar como exemplo, a concepção e as diretrizes de promoção da saúde da gestante 
nos tempos atuais, as quais, no Brasil atual, são completamente diferentes de outros tempos e 
de outras sociedades. No campo da saúde pública, podemos numerar as políticas de incentivo 
ao pré-natal e as discussões sobre parto humanizado com profissionais da saúde e gestantes. 
No campo econômico, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) garantiu a licença-materni-
dade por 120 dias, com cobertura integral do salário pela Previdência Social. Por outro lado, se 
investigarmos o benefício oferecido na Suécia, o período de afastamento passa para 15 meses e 
pode ser usufruído pela mulher e pelo homem. 
Uma obra que destaca a conquista da mulher por seu espaço é “O Trabalho da Mu-
lher Brasileira e Suas Evoluções”, de Cristina Hadassa. O livro trata das diferentes 
dimensões sobre o trabalho feminino, como o trabalho doméstico, a dupla jornada e a 
evolução da participação feminina no mercado.
VOCÊ QUER LER?
A saúde do indivíduo não é determinada exclusivamente por um único fator, e deve ser com-
preendida dentro de um sistema de valores, condições e motivações, que combinam elementos 
individuais e ambientais. Isso quer dizer que: os fatores influenciadores da condição de saúde 
englobam os condicionantes biológicos, o meio físico, e o meio socioeconômico e cultural.
Consideram-se condicionantes biológicos: a idade, o sexo, a carga genética etc. O meio físico pode 
determinar a condição de saúde se considerarmos as condições geográficas, características de ocu-
pação humana, acesso à água potável, alimentos de qualidade e condições de moradia. Por fim, as 
condições socioculturais referem-se a ocupação, renda, instrução, acesso a equipamentos públicos 
ou particulares de lazer e saúde, possibilidade de escolhas, hábitos e rotinas e relacionamentos.
Os fatores enumerados anteriormente influenciam e determinam as condições de saúde individual 
e coletiva. Grupos sociais, etários e étnicos específicos podem ter maiores ou menores índices de 
predisposição a determinadas doenças. Assim como a exposição coletiva às condições inadequa-
das de vida também podem acometer um grande número de pessoas de uma mesma comunidade.
E agora, consegue definir o que é saúde? E como podemos continuar promovendo a saúde no 
nosso ambiente?
17
1.3.2 Promoção da Saúde
A saúde pode ser considerada o resultado combinatório das condições de vida e da maneira 
como as pessoas nascem, crescem e morrem, bem como as suas experiências em saúde e doen-
ça. Desconsiderando esses fatores não é possível compreender ou intervir a situação de saúde das 
pessoas. Portanto, promover a saúde implica, também, promover a qualidade de vida humana.
Em 1986, ocorreu a 8ª Conferência Nacional de Saúde, quando se firmou um novo conceito 
ampliado para a saúde. Veja a seguir:
1 - Saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio 
ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terra e acesso a serviços de 
saúde. É assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as 
quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida. 
2 - A saúde não é um conceito abstrato. Define-se no contexto histórico de determinada 
sociedade e num dado momento de seu desenvolvimento, devendo ser conquistada pela 
população em suas lutas cotidianas (BRASIL, 1987, p.4).
Esse conceito influenciou, posteriormente, o texto da Constituição de 1988, em que o artigo 196 
defende o conceito ampliado de saúde, a partir de: 
(...) uma mudança progressiva dos serviços, passando de um modelo assistencial, centrado 
na doença e baseado no atendimento a quem procura, para um modelo de atenção integral 
à saúde, onde haja incorporação progressiva de ações de promoção e de proteção, ao lado 
daquelas propriamente ditas de recuperação (Ministério da Saúde, 2004).
Ainda no mesmo documento, temos o seguinte:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal 
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).
Veja como está definido o conceito de saúde e o dever do Estado na Lei 8.080, Art.2, parágrafo 1º.
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições 
indispensáveis ao seu pleno exercício.
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas 
econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no 
estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos 
serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1990)
Pela maneira como o SUS é apresentado na legislação percebe-se o alinhamento teórico do 
sistema público de saúde às proposições políticas que incentivam as garantias a implantação de 
ações estatais voltadas para a qualidade de vida e também para o desenvolvimento da capaci-
dade crítica e analítica promotoras da efetiva transformação dos determinantes das condições 
de saúde.
Atualmente, a humanidade já dispõe de conhecimentos e tecnologias que podem possibilitar 
melhoras significativas na qualidade de vida das pessoas. Porém, é preciso aplicar esses co-
nhecimentos e disponibilizar essas tecnologias de modo orientado e propositado, de maneira a 
promover um progresso realmente efetivo.
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Saúde e Meio Ambiente
Figura 6 – A ciência e a tecnologia pela promoção da saúde humana.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Sabemos que enfermidades e/ou deficiências também podem acometer pessoas que vivem em 
condições adequadas de vida, pois a condição de saúde está diretamente relacionada ao poten-
cial genético individual. Ou seja, por melhores que sejam as condições de vida, inevitavelmente 
seremos expostos a doenças, problemas de saúde e com a morte. Nesse aspecto, os serviços de 
saúde desempenham papel fundamental na prevenção, na cura ou na reabilitação e minimiza-
ção do sofrimento dos enfermos. 
Contudo, faz-se necessária também a conscientização dos indivíduos sobre o autocuidado, como 
alternativa para diminuir a dependência com relação aos serviços de saúde. Em diversas partes 
do mundo, especialmente no Brasil, predomina o modelo centrado em serviços médicos, fortale-
cendo a cultura da cura em detrimento da prevenção de doenças.
Se fossemos dar mais atenção à prevenção de doenças, poderíamos utilizar como estratégia a 
melhora da qualidade de vida? E será que a qualidade de vida pode influenciar nos nossos níveis 
de bem-estar, assim como na saúde física, mental e emocional? Que tal primeiro conhecermos 
a definição desses termos e refletirmos mais sobre eles? 
1.4 Qual a relação entre saúde, qualidade de 
vida e cidadania?
O tema qualidade de vida vem sendo abordado com cada vez mais frequência. Mas, afinal, o 
que é qualidade de vida? E como ela se relaciona com os temas saúde e meio ambiente? Para 
responder tais questões, esse tópico abordará a concepção mais abrangentede qualidade de 
vida, que mobiliza conceitos das áreas da saúde, urbanismo, lazer, educação, meio ambiente e 
os diversos aspectos que envolvem o ser humano, sua cultura e seu meio.
Apesar de não haver uma única definição sobre qualidade de vida, é consenso entre os estu-
diosos do tema que o termo carrega significados objetivos e subjetivos. Esse tópico se dedicará 
à análise desses significados, colocando-os em perspectiva com outras temáticas pertinentes, 
como saúde e meio ambiente. Que tal lermos mais a respeito? Siga em frente.
19
1.4.1 Qualidade de Vida
O conceito “qualidade de vida” engloba diversas áreas do campo social, considerando desde 
percepções subjetivas sobre a vida até questões deterministas, como a ação médica diante de 
uma enfermidade. Almeida, Gutierrez e Marques (2012), estabelecem que o termo “qualidade” 
significa uma forma de estabelecer valores subjetivamente e, ao contrário da percepção do 
senso-comum, não está vinculado a um sentido positivo. 
De acordo com outros pesquisadores, o termo se associa diretamente ao sentimento de bem-
-estar e satisfação pessoal. Vilarta e Gonçalves (2004) admitem a concepção de qualidade de 
vida às diferentes formas como as pessoas vivem, sentem e compreendem seu cotidiano, en-
volvendo saúde, educação transporte, moradia, trabalho e participação nas questões que lhes 
dizem respeito. 
Essa perspectiva indica, principalmente, que qualidade de vida designa as expectativas de um 
sujeito ou de uma sociedade em relação ao conforto e bem-estar, conforme afirmam Almeida, 
Gutierrez e Marques (2012). Porém, conforto e bem-estar podem também estar vinculados a um 
modo de vida material, estabelecido segundo uma ordem de fatores históricos, ambientais e so-
cioculturais. Apesar de materiais, esses valores são variáveis de acordo com o contexto analisado.
Dessa maneira, qualidade de vida não se encerra unicamente nas condições objetivas ou subje-
tivas de vida das pessoas, mas no significado que as condições materiais assumem na realidade 
do indivíduo. A OMS define qualidade de vida como “a percepção do indivíduo de sua inserção 
na vida do contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus 
objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (OMS, 1997, tradução nossa). 
Dessa maneira, é possível inferir que não há definição única de qualidade de vida. Entretanto, 
qualidade de vida pode ser compreendida como o produto do resultado de indicadores que 
mobilizam elementos das esferas objetivas e subjetivas, apreendendo a percepção dos sujeitos 
sobre o seu meio.
Figura 7 – O profissional da saúde participa ativamente das ações 
de promoção e manutenção da saúde humana.
Fonte: Shutterstock, 2015.
20 Laureate- International Universities
Saúde e Meio Ambiente
Assim, qualidade de vida se revela como um instrumento que mobiliza aspectos biológicos e 
sociais, mediado condições mentais, ambientais e culturais. A preocupação com o conceito de 
qualidade revela um movimento das ciências humanas e biológicas em favor da valorização de 
fatores mais amplos que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da 
expectativa de vida e também sobre as condições subjetivas que interferem na vida das pessoas.
Essas perspectivas sobre a qualidade de vida sugerem a iniciativa de humanização que esse 
conceito carrega, sem desconsiderar os avanços científicos e tecnológicos que podem auxiliar 
na promoção da saúde e do bem-estar das pessoas. Humanizar a saúde e a qualidade de vida 
não significa somente acrescentar anos às vidas dos indivíduos, mas acrescentar vida aos anos, 
conforme defende Fleck (1999).
Mas como podemos ter certeza de todos esses aspectos? Em que momento a qualidade de vida 
se torna um instrumento de avaliação do modo de vida da sociedade? Existe uma maneira de 
medir nossa qualidade de vida? Veremos.
1.4.2 Indicadores de Qualidade de Vida
De maneira pragmática, o conceito de qualidade de vida norteia a elaboração de instrumentos 
que captam a percepção das pessoas sobre as condições materiais e simbólicas que constituem 
suas vidas. Esses instrumentos indicadores buscam quantificar e qualificar os serviços de saúde 
e de bem-estar oferecidos à população e gerar dados que norteiem a elaboração de políticas 
públicas nessas áreas.
De maneira geral, os indicadores descrevem a percepção das pessoas sobre a qualidade de vida 
em um determinado contexto, coletando objetivos ou subjetivos. Os instrumentos de ordem ob-
jetiva coletam dados da ordem material, além de aferir os níveis de satisfação das necessidades 
elementares da vida humana, como acesso à água potável e alimentos de qualidade, habitação, 
trabalho, saúde e lazer, e padrões de renda e de consumo.
Conforme Almeida, Gutierrez e Marques (2012) um exemplo de indicador de qualidade de vida 
baseado em questões objetivas é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pelo 
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Esse índice considera os aspectos 
socioeconômicos e questões de saúde e calcula o a expectativa de vida ao nascer e as taxas de 
mortalidade da população.
Em contrapartida, os indicadores de qualidade de vida baseados em questões subjetivas incluem 
também em seus cálculos noções vinculadas à carga cultural da população, dimensionando os 
valores que os sujeitos possuem sobre a própria existência. Esses instrumentos consideram a 
construção social individual ou coletiva sobre determinados temas e ainda colocam em perspec-
tiva noções altamente subjetivas, como representações sociais e sentimentos.
Outro caso prático, e que é um dos exemplos mais emblemáticos de indicador de qualidade de 
vida baseado em questões subjetivas é o questionário, composto por 100 itens, denominado 
de Instrumento de avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHO-
QOL-100). Este instrumento foi desenvolvido pela OMS com a colaboração de órgãos de saúde 
de diversos países, adequando-se à transculturalidade, ou seja, às particularidades culturais de 
cada local. Ele constrói uma avaliação conceitual sobre aspectos do estado funcional, de bem-
-estar e da condição geral de saúde dos indivíduos, partindo da premissa de que qualidade de 
vida é uma construção subjetiva, multidimensional e composta por elementos positivos (mobili-
dade), e negativos (dor). (MINAYO et al., 2000 apud ALMEIDA et al., 2012, p.30)
O mais importante é que essas ferramentas de avaliação da qualidade de vida instrumentalizam 
o poder público, permitindo a construção de ações propositivas orientadas para a melhoria das 
condições de vida da população, a partir da percepção de diversos aspectos, dos mais objetivos 
até os subjetivos.
21
Síntese
Concluímos o primeiro capítulo da disciplina Saúde e Meio Ambiente. Agora você já conhece 
as principais concepções sobre saúde, meio ambiente, qualidade de vida e suas inter-relações. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
•	 compreender as relações estabelecidas entre a espécie humana e o meio ambiente ao 
longo da história;
•	 distinguir e identificar os elementos naturais e construídos no meio ambiente;
•	 verificar as transformações da paisagem natural promovidas pela ação antrópica e suas 
consequências para a vida humana;
•	 conhecer as principais características dos ambientes natural, rural e urbano, bem como os 
impactos ambientais causados por cada um deles;
•	 conhecer as principais concepções teóricas sobre saúde humana;
•	 identificar as relações estabelecidas entre meio ambiente e saúde humana e sua evolução 
no decorrer do tempo;
•	 conhecer as principais concepções sobre qualidade de vida e suas relações com fatores 
materiais e subjetivos;
•	 identificar os principais instrumentos de aferição de qualidade de vida de acordo com 
suas características;
•	 verificar os principais pontos de intersecçãoentre qualidade de vida, saúde e meio 
ambiente;
•	 compreender a importância dos indicadores de qualidade de vida na proposição de ações 
promotoras de melhorias das condições de vida de uma população.
Síntese
22 Laureate- International Universities
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