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DIREITO PENAL 1 Nota de Aula lV

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ANA CRISTINA LUZ- DIREITO PENAL 1- NOTA DE AULA IV
Conflito aparente de normas penais
Conceito: Ocorre quando duas ou mais leis vigentes são aparentemente aplicáveis à mesma infração. São requisitos para sua ocorrência: fato único (seja simples ou complexo)duas ou mais leis vigentes. É diferente do concurso de crimes, pois neste temos vários crimes. Também é diferente do conflito de leis penais no tempo, pois tal conflito implica numa sucessão de leis, em que uma tenha revogado a outra (ou seja, com somente uma lei vigente).
Fundamento: Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo crime (com exceção do caso da extraterritorialidade, que será visto em breve).
Princípios: Princípio da especialidade: Lei especial afasta a aplicação da lei geral. Uma lei é especial quando contém todos os requisitos da geral e, ainda, alguns requisitos específicos. Exemplo: art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro (homicídio culposo na direção de veículo automotor) é especial ao homicídio culposo do art. 121, CP. Veja: Código Penal Art 121. Matar alguem: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Código de Trânsito Brasileiro: Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Pressupõe duas leis vigentes; se uma lei posterior revogou uma anterior, não se trata desse princípio. P. ex.: a Lei nº 11.464/07 dispôs sobre a liberdade provisória em crimes hediondos, incluindo expressamente o tráfico de drogas. Revogou a lei anterior (Lei nº 11.343/06), que a proibia neste crime. Não incide o princípio da especialidade, porque não há duas leis vigentes.
Lei nº 11.343/06
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei [todos tratam do tráfico ilícito de entorpecentes] são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Lei nº 11.464/07 (deu nova redação ao art. 2º da Lei nº 8072/90)
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
(...)
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado.
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. Apesar disso, Felix Fischer (STJ, HC 81.241) e Ellen Gracie (STF, HC 91.556) decidiram pela especialidade, afirmando que se aplica a lei de 2006 e, portanto não caberia a liberdade provisória. Luis Flávio Gomes e Rogério Cunha Sanches consideram tal posicionamento totalmente equivocado.
Princípio da subsidiariedade: A palavra subsidium era utilizada, pelos romanos, para indicar a tropa que ficava aquém da linha de combate, pronta a intervir se a tropa combatente necessitasse. A subsidiariedade indica que uma norma será aplicada quando uma outra norma não for sufuciente para regular o caso. Há duas modalidades de subsidiariedade:
expressa: o tipo penal só incide se o fato não for mais grave. Ex.: art. 132, CP, que diz: Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. tácita: ocorre quando um fato menos grave está contido na descrição típica de um fato mais grave. Ex.: furto é subsidiário frente ao roubo. 
 Princípio da consunção (ou absorção):É muito aplicado na prática. São muitas as regras que se pode inferir desse princípio, por exemplo: - o crime maior absorve o menor;
- o crime fim absorve o crime meio (Sm 17, STJ);
- o crime consumado absorve o tentado;
- a co-autoria absorve a participação.
Esse princípio também se aplica aos crimes progressivos, à progressão criminosa e aos crimes complexos.
O crime progressivo ocorre quando, para alcançar a ofensa maior, o agente passa necessariamente por uma ofensa menor. Ex.: homicídio, que para ser alcançado necessita passar pela lesão corporal. Também se aplica o princípio da consunção no antefactum impunível. Este ocorre quando um fato precedente menos grave se coloca na linha de desdobramento da ofensa principal (mais grave). Pela consunção, o agente só responde pelo crime mais grave, que abserve o anterior. Por exemplo: a falsidade ideológica praticada para o crime de bigamia; porte ilegal de arma para o homicídio; os toques corporais que precedem o estupro. A diferença do antefactum para o crime progressivo está em que, neste último, o fato precedente é necessário, obrigatório, inerente ao fato principal. Já no antefactum, o fato precedente não é necessário. Seguindo os mesmos exemplos anteriores: a falsidade ideológica não é necessária para a bigamia; o porte ilegal de arma não é necessário para o homicídio; os toques corporais prévios não são necessários ao estupro, uma vez que pode este ser realizado sem aqueles - com uma arma apontada na cabeça, p. ex. (atenção: coito anal seguido de coito vaginal não é antefactum impunível, pois não está na linha de desdobramento do estupro e, portanto, ocorre o concurso material de crimes). Igualmente, o princípio da consunção se aplica ao postfacto impunível, que ocorre quando o mesmo agente incrementa a lesão ao meso bem jurídico já afetado anteriormente, sendo a primeira conduta mais grave que a segunda. Exemplo: furto seguido de danos. O crime mais grave absorve o menos grave, e o agente responde somente por ele. Não se deve confundir o postfactum com o exaurimento do crime. Neste, o fato posterior está descrito no tipo (ex.: recebimento da vantagem, na extorsão), enquanto que nos postfactum está em outro tipo. O princípio da consunção também se aplica à progressão criminosa. Na progressão, o sujeito quer uma ofensa menor e consuma; só depois delibera uma ofensa maior. Ex.: quer ferir e fere, quer bater e bate. Logo em seguida, delibera matar e mata. O crime mais grave absorve o menos grave. Não se deve confundir a progressão criminosa com o crime progressivo, porque neste o agente, desde o início, já quer o maior e realiza o menor tão somente como etapa necessária para alcançar seu objetivo. Na progressão, existe uma substituição do dolo, fato que inexiste no crime progressivo. Leitura complementar. O crime complexo é a fusão de dois ou mais tipos penais. Ex.: o roubo é um crime complexo, pois é a fusão dos crimes de furto e de violência. Para o STF, também o estupro é crime complexo.-
Princípio da alternatividade :Aplicável aos crimes de conteúdo múltiplo, ou seja, crimes que possuem vários verbos, como, p. ex., o art. 33 da Lei nº 11.343/06. Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Pelo princípio da alternatividade, várias condutas praticadas no mesmo contexto fático constituem um crime único, porque os verbos são alternativos. Por exemplo, quem produz e em seguida vende drogas, pratica um único crime.
VALIDADE E EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO
Conflito de leis penais do tempo: Acontece o conflito de leis penais no tempo nos casos de crime permanente e continuado. Nesses casos, conforme súmula 711 do STF aplica-se SEMPRE a última lei criada, mesmo que seja mais gravosa. 
Ex: Um agente sequestra uma pessoa sob a vigência da lei A e durante o tempo do sequestro cria-se uma lei nova B, mais gravosa. Esta última é que vai ser aplicada, tendo em vista o sequestro ser um crime permanente, isto é, se consuma a todo momento. Isto também acontece nos crimes continuados.
Tempo do Crime: 
2.1) Conceito: De acordo com o art. 4º, CP: “ Considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, aindaque outro seja o momento do resultado.” Desta forma, o Código Penal adotou a teoria da atividade, senão vejamos:
Teoria da atividade: considera-se praticado o crime no momento da conduta comissiva ou omissiva;
Teoria do resultado: Admite-se a prática do crime no momento da produção do resultado lesivo, sendo irrelevante o tempo da conduta;
Teoria mista ou da Ubiquidade: Considera-se praticado o crime tanto no momento da conduta quanto no momento do resultado.
Como já mencionado acima o Código Penal pátrio adotou a teoria da atividade, assim a imputabilidade do agente deve ser aferida no momento em que o crime é praticado, pouco importando a data em que o resultado venha a ocorrer.
Consequências:
Crime permanente e tempo do crime: Crime permanente é aquele cuja consumação se no tempo. Ex: Sequestro.
O sequestro tem início na Lei antiga e termina na lei nova. A lei que será aplicada será sempre a nova, seja benéfica ou maléfica, conforme a súmula 711, STF dito acima.
Obs: Sequestro que é iniciado quando o agente é menor e que termina quando o agente é maior, ele é julgado pelo CP, pois ao completar 18 anos o crime continuou sendo cometido.
Crime continuado e tempo do crime: 
Ex: Três furtos. Em dois o agente era menor e apenas em um era maior. Nesse caso, há a separação. Os dois crimes serão julgados pelo ECA e o terceiro pelo CP.
Nesse caso, a pena a ser cumprida em primeiro lugar é a plicada de acordo com o CP e depois as medidas do ECA.
As medidas do ECA só são cumpridas até 21 anos. Se quando o agente terminar o cumprimento de pena do CP já houver completado 21 anos, não mais poderá cumprir as medidas do ECA.
Ex: três furtos, com 2 punidos com pena de 1 ano e o terceiro com pena de 5 anos.
Nos crimes continuados, o juiz deve aplicar a pena pegando-se a pena maior aumentando-a de 1/6 a 2/3. É o que diz a súmula 711 do STF. Então deve-se pegar a pena de 5 anos e aumenta-la de 1/6 a 2/3.
Obs: Crime cometido no dia do 18.º aniversário responderá pelo Código Penal e não pelo ECA, pois o agente deixa de ser menor. Esse momento se dá no primeiro segundo do dia em que o autor completa os 18 anos. Se o crime se dá à meia-noite, em ponto, o agente ainda responde pelo ECA. Não importa, pois, a hora do nascimento do autor do delito. Esse fato, inclusive, já foi definido pelo STJ. 
A Lei Penal no Espaço: Territorialidade: Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
A Lei Penal Brasileira é aplicada no território nacional. O princípio acolhido, como regra, no artigo 5.º do CP foi o da Territorialidade, ou seja, crime ocorrido no território nacional aplica-se a lei brasileira. Esse princípio não é absoluto, por isso se chama de territorialidade temperada, contendo exceções, em virtude da própria ressalva feita pelo CP.Território Nacional tem um conceito jurídico complexo. Entende-se por território nacional as terras (solo e subsolo), as águas territoriais (fluviais, lacustres e marítimas), o mar (12 milhas) e o espaço aéreo correspondente (espaço sobre o qual o Brasil exerce soberania). Acima da coluna atmosférica há o espaço cósmico. Nele nenhum país possui soberania. Quando um crime ocorrer no espaço cósmico, aplicam-se outros critérios, como o da nacionalidade. 
Zona contígua são as seguintes às 12 milhas, já sendo alto-mar. 
O CP prevê a extensão do território nacional. 
Embarcação ou aeronave pública brasileira:
São os navios de guerra, os em serviços militares e os em serviços públicos (polícia marítima, alfândega, etc.).Pública significa em missão oficial. Não importa se a aeronave é bem público. Uma aeronave da TAM, por exemplo, em missão oficial, será território brasileiro onde quer que se encontre. Desta forma, os navios estrangeiros também serão regidos de acordo com a lei da bandeira que ostentam. Embarcação ou aeronave privada brasileira ou estrangeira: Se estiverem em alto-mar, seguem a lei da bandeira que ostentam. 
Quando estiverem em portos ou mares territoriais estrangeiros, são regidos de acordo com a lei do pais em que se encontrem. Embarcação ou aeronave pública estrangeira:Não se aplica a lei brasileira em nenhuma situação. Navio ou aeronave brasileira em outro país: Nesse caso, se o País onde se deu o crime não se interessar pela punição, o Brasil pune. Aplica-se aqui o princípio da representação, ou seja, o Brasil representa o outro país porque este não quer punir.
Atenção: Crime a bordo de navio ou avião será processado e julgado pela Justiça Federal. Na escada do avião a competência é da Justiça Estadual, tendo em vista que o agente ainda não estava a bordo do avião.

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