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ANÁLISE DO IMPACTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

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Prévia do material em texto

\MARIANA PEREIRA BONINI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DO IMPACTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA 
PROVOCADO NAS FAMÍLIAS DO MUNICÍPIO DE CAMPO MOURÃO 
NO PERÍODO DE 2013, 2015 E 2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPO MOURÃO 
2018 
MARIANA PEREIRA BONINI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DO IMPACTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA 
PROVOCADO NAS FAMÍLIAS DO MUNICÍPIO DE CAMPO MOURÃO 
NO PERÍODO DE 2013, 2015 E 2017 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Colegiado de Ciências Econômicas, da 
Universidade Estadual do Paraná – Campus de 
Campo Mourão como requisito parcial à 
obtenção do título de Bacharel em Ciências 
Econômicas. 
 
Orientador: Prof. Dr. Tito J. Adalberto Alfaro 
Serrano 
 
 
 
 
 
CAMPO MOURÃO 
2018 
MARIANA PEREIRA BONINI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DO IMPACTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA PROVOCADO NAS 
FAMÍLIAS DO MUNICÍPIO DE CAMPO MOURÃO NO PERÍODO DE 2013, 2015 E 
2017 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Colegiado de Ciências Econômicas, da 
Universidade Estadual do Paraná – Campus de 
Campo Mourão como requisito parcial à 
obtenção do título de Bacharel em Ciências 
Econômicas. 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
Prof. Dr.ª Luciana Aparecida Bastos 
Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão 
Presidente da Banca 
 
Prof. Me. Leandro Nunes 
Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão 
Membro da Banca 
 
Prof. Dr. Tito J. Adalberto Alfaro Serrano 
Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão 
Orientador 
 
 
 
Campo Mourão 
2018. 
AGRADECIMENTOS 
 
Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao Luigi, por todo apoio dedicado 
durante o tempo em que elaborei este trabalho. 
Em segundo lugar, a minhas amigas Aline, Wanessa, Raíssa e Géssica pelas 
palavras de incentivo e pela ajuda efetiva para que esse trabalho se concretizasse. 
Não posso esquecer de agradecer minha querida amiga Horrana, pelo 
notebook emprestado (acredite, seu gesto de generosidade foi significativo para mim). 
E por último, mas de forma alguma menos importante, gostaria de agradecer 
ao meu orientador, professor Tito. Muito obrigada por entender meu emaranhado de 
ideias desconexas e me ajudar a transformar em um trabalho real. Sua função como 
orientador foi vital e com certeza esse é um aprendizado que levarei comigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. 
Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota. 
Madre Teresa de Calcutá. 
 
 
 
RESUMO 
 
O Programa Bolsa Família (PBF) surge como política pública originada no governo do 
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo um programa de transferência de renda 
do Governo Federal, instituído pela Medida Provisória 132, de 20 de outubro de 2003, 
convertida em lei em 9 de janeiro de 2004, pela Lei Federal n. 10.836, que unificou e 
ampliou programas anteriores de transferência de renda criados (implantados) por 
governos anteriores. Este trabalho tem como objetivo analisar o impacto provocado 
nos beneficiários, observando o número de famílias atendidas pelo programa e 
também o cumprimento das condicionalidades para se manter no PBF no município 
de Campo Mourão, estado do Paraná. Para tanto, será realizado um estudo sobre a 
dinâmica participativa das famílias como beneficiárias do Programa, no período de 
2013, 2015 e 2017, sendo utilizado como método do trabalho uma pesquisa quali-
quantitativa e os dados analisado foram disponibilizados em sua maioria pelo Portal 
da Transparência do governo federal e os resultados obtidos demonstram que no 
município de Campo Mourão o PBF cumpre com sua função social enquanto política 
pública de combate à pobreza e extrema pobreza e ainda colabora para a inserção e 
participação social das famílias no que se refere a direitos básicos fundamentais, 
como educação e saúde. 
 
Palavras-chave: Programa Bolsa Família; Transferência de Renda; bem-estar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Curva de Kuznets...................................................................................... 16 
Figura 2 - Benefícios do Programa Bolsa Família ..................................................... 25 
Figura 3 - Repercussões das condicionalidades. ...................................................... 45 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 - Valores pagos pelo PBF em Reais no ano de 2013 em Campo Mourão. 34 
Tabela 2 - Valores pagos pelo PBF em Reais no ano de 2015 em Campo Mourão. 37 
Tabela 3 - Valores pagos pelo PBF em Reais no ano de 2017 em Campo Mourão. 39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 – Estudos de Kuznets sobre desigualdade de renda ................................ 17 
Quadro 2 - Condicionalidades do PBF: ..................................................................... 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
CF – Constituição Federal 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IGD-M – Índice de Gestão Descentralizada Municipal 
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social 
ODM – Objetivos do Milênio 
ONG’S – Organizações não governamentais 
ONU – Organização das Nações Unidas 
PBF – Programa Bolsa Família 
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
 
 
11 
 
 
SUMARIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12 
2 OS PROGRAMAS SOCIAIS DO GOVERNO .................................................................... 15 
2.1 Surgimento das políticas públicas .................................................................................. 15 
2.2 As Políticas sociais ......................................................................................................... 21 
2.3 A efetividade – eficiência e eficácia dos programas sociais .......................................... 22 
3 O PROGRAMA BOLSA FAMILIA ..................................................................................... 24 
3.1. Caracterização do PBF .................................................................................................. 24 
3.2. Repercussão dos benefícios do programa ...................................................................... 25 
3.3 Aspectos positivos e negativos do PBF .......................................................................... 27 
4 ASPECTOS METODOLÓGICOS ........................................................................................ 29 
5 AVALIAÇÃO DO PBF NAS FAMILIAS DO MUNICÍPIO DE CAMPO Mourão ........... 33 
5.1 Total das Famílias beneficiadas pelo PBF no Município de Campo Mourão ................ 33 
5.2 Efeitos provocados pelo benefício do PBF no Município de Campo Mourão ............... 34 
5.3 Impactos do PBF ............................................................................................................ 40 
5.4 Repercussões em relação ao descumprimento de condicionalidades ............................. 44 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................47 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa de transferência de renda 
condicionada no Brasil, e no município de Campo Mourão/Paraná e atendia 3.737 
famílias em janeiro de 2018. 
Criado em outubro de 2003, pelo então presidente da república Luiz Inácio Lula 
da Silva, o programa é previsto pela Lei nº 10.836 de 09 de janeiro de 2004, e 
regulamentado pelo decreto nº 5.209 de 17 de setembro de 2004, e outras normas. 
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) o programa 
Bolsa Família se pauta em três fundamentos principais: 
1. Complemento da renda; 
2. Acesso a Direitos; e 
3. Articulações com outras ações 
Portanto, esse trabalho terá como objeto de estudo o impacto que o PBF 
provocou nas famílias de Campo Mourão, nos anos de 2013, 2015 e 2017. 
Em se tratando de um trabalho cuja área de pesquisa é a ciência econômica, a 
pesquisa que dará base a esse trabalho tem como objetivo principal analisar o impacto 
socioeconômico causado nas famílias beneficiadas do município de Campo Mourão, 
além de observar as dinâmicas participativas dessas famílias. 
Procura-se discutir e investigar se existe uma relação positiva para os 
beneficiários, tendo-se em vista que este é um programa de proteção para assegurar 
as famílias hipossuficientes uma situação de vantagem, como forma de combater a 
extrema pobreza. 
Dessa forma, a realização desta pesquisa se justifica por entender-se que o 
Programa Bolsa Família é relevante dada a intensidade do impacto que provoca para 
essas famílias e por outro lado, investigar que, enquanto algumas famílias têm por 
única fonte de renda o benefício do PBF, essa transferência pode representar apenas 
um acréscimo percentual do orçamento familiar, portanto, a intensidade desse 
impacto do PBF sobre a renda domiciliar, poderá ter efeitos diferenciados. 
Os efeitos provenientes da concessão da Bolsa Família têm sua abrangência 
positiva e negativa, podendo ser avaliados do ponto socioeconômico, por meio de 
indicadores que mostrem índices de pobreza, distribuição de renda, trabalho infantil e 
frequência escolar, portanto, procura-se saber de que forma a contribuição do PBF 
tem impactado as famílias do município de Campo Mourão, Estado do Paraná, e assim 
na promoção do bem-estar social. 
13 
 
 
Este trabalho também se justifica pela necessidade de conhecer como as 
políticas públicas podem beneficiar a sociedade, combatendo as distorções sociais 
que caracterizam os índices de pobreza e discriminação social. Dessa forma a 
pesquisa que relaciona o PBF com os indicadores acima mencionados, permitirá a 
pesquisadora verificar a importância que os programas sociais têm para a 
comunidade, e assim, poder apresentar conclusões acadêmicas que venham a ser 
divulgadas e, portanto, utilizadas para outras pesquisas que tratem do assunto em 
tela. 
Diante do exposto, a pesquisa poderá revelar os efeitos que no decorrer de sua 
implantação e continuidade mostrem a sensibilidade do efeito para dessa forma 
avaliar o programa na medida em que o alcance do estudo permita identificar o 
impacto do PBF, e de igual forma a efetividade do programa. 
A metodologia para o desenvolvimento do presente trabalho monográfico foi 
utilizada de maneira a atender a necessidade de identificação de busca e de 
interpretação dos indicadores básicos, sendo eles: efeito renda, índices de pobreza, 
efeito escola e principalmente, a intensidade do efeito PBF no orçamento das famílias 
do município de Campo Mourão no período de 2013, 2015 e 2017, necessários para 
responder aos objetivos e problema de pesquisa deste estudo monográfico. 
Entende-se, assim, que o enfrentamento das desigualdades nos níveis regional 
e do País exige tratar o problema de forma generalizada, e não apenas as menos 
desenvolvidas. Por isso, é necessária a construção de políticas que busquem 
respostas aos problemas regionais, ativando e promovendo a inserção social 
produtiva da população, a capacitação dos recursos humanos e a melhoria da 
qualidade de vida da população, dessa forma formulamos o seguinte problema de 
pesquisa: como o PBF tem contribuído para que as famílias campo-mourenses 
beneficiadas alcancem os efeitos dos indicadores propostos com vistas a melhoria 
das condições sociais? 
Para alcançar o objetivo desse trabalho serão investigados os efeitos 
provenientes do PBF, avaliando os indicadores que afetam esses benefícios de forma 
ampla, de acordo com instrumentos metodológicos como a pesquisa bibliográfica 
documental para embasamento teórico do texto. 
Assim, verificaremos os efeitos do benefício nas famílias de Campo Mourão no 
período de 2013, 2015 e 2017, analisando as repercussões tanto positivas como 
14 
 
 
negativas provenientes da concessão do benefício e finalmente avaliaremos a 
intensidade do impacto. 
Portanto, a metodologia do estudo consistirá em uma pesquisa quali-
quantitativa, efetuada por meio de pesquisas de documentos e bibliografia sobre o 
assunto. Os dados obtidos do Programa serão da população (famílias beneficiadas 
utilizando os registros nos órgãos de controle, com amostragem do número de 
famílias), utilizando a análise estatística descritiva para o tratamento dos dados. 
Espera-se com os resultados obtidos e tratados, verificar qual foi o impacto 
provocado sobre os beneficiários no período analisado. Diante disso, propõe-se no 
estudo avaliar os aspectos positivos relevantes no âmbito social, como também 
aspectos negativos no sentido de abrangência do Programa, levando-se em conta que 
o PBF é um programa de política pública permanente no Brasil. 
A divisão do presente trabalho ocorreu da seguinte forma: no capítulo 2 será 
exposto uma revisão bibliográfica sobre o governo e o surgimento dos programas 
sociais, o capítulo 3 se dedica ao contexto do surgimento do Programa Bolsa Família 
com explicações sobre como funciona o programa atualmente. 
O capítulo 4 trata sobre a metodologia utilizada no trabalho. 
O capítulo 5 explana de que forma o Programa Bolsa Família se configura no 
município de Campo Mourão, com demonstração dos dados e resultados, e o capítulo 
6 trata sobre as conclusões do trabalho. 
 
 
15 
 
 
2 OS PROGRAMAS SOCIAIS DO GOVERNO 
Esta monografia tem por finalidade estudar os programas sociais 
existentes no Brasil com o propósito de apresentar uma revisão dos principais 
programas de transferência de renda em andamento, discutindo sua cobertura 
parcial e sua grandeza de seu impacto potencial sobre o município de Campo 
Mourão no período de 2013, 2015 e 2017. 
O trabalho se desenvolve a partir da visão sobre a expansão dos 
programas de cunho social, mensurando a consecução das metas propostas, 
principalmente a de reduzir a pobreza e exclusão social, seguida 
consequentemente de outras que harmonicamente identificam os objetivos 
sociais e de instâncias maiores em consonância com os Objetivos de Milênio 
(ODM). 
 
2.1 Surgimento das políticas públicas 
Os programas de governo de cunho social têm aumentado 
consideravelmente e com propósitos diferentes, buscando assim, resolver 
necessidades e criar mecanismos que possam melhorar as condições de vida 
priorizando serviços públicos de interesse coletivo, contribuindo dessa forma na 
promoção do desenvolvimento, combatendo as desigualdades sociais e 
melhorando o acesso a serviços públicos. 
A preocupação por estudos sobre as necessidades que a sociedade 
apresenta nos paísestanto desenvolvidos como subdesenvolvidos, tem sido 
uma preocupação constante tanto dos governantes ou dirigentes, como também 
de organizações internacionais tais como a Organização das nações Unidas - 
ONU, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, e de 
organizações não governamentais (ONGs) denominadas do terceiro setor, 
atuando como entidades sem fins lucrativos. (CEDEPLAR E SCIENCE, 2005) 
Convém relatar que esse conjunto de necessidades identificadas faltante 
nas sociedades mais necessitadas, são decorrentes do descaso por esta classe 
social, algumas vezes atribuídas a corrente de pensamento neoliberal, no 
entanto, os movimentos que vem marcando cobranças de combate para esses 
desníveis já marcam a Revolução Industrial, como ponto de partida para um 
conjunto de mudanças que iniciam na Europa nos séculos XVIII e XIX, com 
particularidades como a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado com 
16 
 
 
o uso das máquinas, sendo que até o final do século XVIII a população vivia no 
campo e produzia o que consumia, caracterizada pela forma artesanal que o 
produtor dominava em todo o processo produtivo. 
Com o advento dessa nova forma de produção, surge a ambição do lucro 
dos proprietários e dos meios de produção, o que deu lugar a mudanças ou 
transformações socioeconômicas, tecnológicas, políticas e sociais. A partir daí, 
surgem os movimentos operários, conflitos, e a criação do sindicalismo, que 
resultou na legislação trabalhista. (CEDEPLAR E SCIENCE, 2005) 
Associando as consequências de luta da Revolução Industrial ao conceito 
de exclusão social, associado a pobreza, que indica a privação das condições 
necessárias para termos acesso a uma vida digna, esta não poderia ser vista 
como um acontecimento normal, regulada pelo mercado, como salienta Chang. 
Chang (2015) descreve estudos sob os diversos aspectos das teorias 
econômicas, demonstrando como a pobreza já foi enxergada como algo natural 
e por isso seria naturalmente regulada pelo mercado, sendo essa uma teoria 
defendida pelo economista Milton Friedman (1962), defensor da teoria do livre 
mercado. 
Entretanto, as etapas que corrigem as desigualdades podem ser 
superadas, na medida em que o desenvolvimento se faz presente, e os 
programas sociais são duradouros. 
Em Kuznets (1955), entende-se que no seu modelo de mensurar o 
desenvolvimento ele demonstra que num primeiro estágio de desenvolvimento 
de um país haverá uma grande desigualdade de renda, e a medida que o 
desenvolvimento avança a desigualdade de renda diminui, visualizado a seguir 
com a curva formando um “u” invertido. 
Figura 1 - Curva de Kuznets 
 
Fonte: Elaborado pela autora 
17 
 
 
 
Na Figura 1, a desigualdade é crescente nos primeiros estágios de 
desenvolvimento até um ponto de inflexão, a partir daí a mesma passa a cair à 
medida que ocorre crescimento econômico. 
Porém, vale acrescentar que em diversos testes realizados, por diferentes 
autores, não foi possível corroborar totalmente essa hipótese, pois houve vários 
casos de países em que ela não se aplicou, pois se verificou que embora o 
crescimento econômico provoque sim uma maior distribuição da renda, por si só 
não é capaz de reduzir ou eliminar as desigualdades de renda, sendo 
necessários outros meios de combatê-la. (LIMA E MOREIRA, 2014) 
Santos et al (2011) em seu trabalho, compila os resultados desses 
diversos testes sobre a curva de Kuznets, que podem ser observados a seguir: 
Quadro 1 – Estudos de Kuznets sobre desigualdade de renda 
 
Referência Âmbito do estudo Método Conclusões 
Ahluwalia 
(1976) 
Amostra de 60 países: 40 
considerados subdesenvolvidos, 6 
socialistas e 14 desenvolvidos. 
Cross-section para 
desigualdade em 
função da renda per 
capita e uma 
dummy para países 
socialistas. 
Os resultados apóiam a 
hipóteses de U invertido. 
Braulke 
(1983) 
Amostra de 33 países com renda 
homogênea. 
Modelo não linear 
para o Índice de 
Gini na função de 
razões de renda e 
população. 
Quando é considerada a 
convergência entre as 
rendas setoriais o U invertido 
apresenta uma redução em 
sua fase inicial. 
Ram ( 1989) Amostra com 115 países para o 
período 1960-80. 
Cross-section para 
um modelo 
quadrático do 
Índice de Theil em 
função do PIB per 
capita. 
Os resultados apóiam a 
hipótese do U invertido. 
Anand e 
Kanbur 
(1993b) 
Amostra de 60 países (dados de 
Ahluwalia) (1976) 
Cross-section para 
as funcionais 
derivadas para 6 
índices de 
desigualdade em 
função do PIB per 
capita. 
Os resultados não apoiam a 
hipótese do U invertido. 
Fields e 
Jakubson 
(1994) 
Amostra de 20 países. Pooled cross-
section e dados de 
painel para o 
modelo quadrático 
do ìndice de Gini 
como função da 
renda per capita. 
Os resultados do pooled 
cross-section apoiam a 
existência do U invertido. 
Porém , as estimações com 
efeitos contradizem essa 
hipótese. 
18 
 
 
Referência Âmbito do estudo Método Conclusões 
Hsing e 
Smyth 
(1994) 
Séries de tempo para economia 
americana no período 1948-87. 
Estimação de um 
SUR para o Índice 
de Gini, 
considerando 
separadamente as 
raças brancas e 
negras. 
Os resultados apoiam a 
hipótese do U invertido para 
as duas raças e o turning 
point coincide. 
Dawson 
(1997) 
Amostra dos 20 países menos 
desenvolvidos de RAM (1989) 
Corss-section com 
modelos 
quadráticos e semi 
log para o 
coeficiente de Gini 
com respeito à 
renda per capita. 
Os resultados apóiam a 
hipótese do U invertido. 
Deininger e 
Squire 
(1998) 
Amostra de 108 países para o 
período de 1960-90. 
Corss-section para 
o crescimento em 
função da renda, 
inverso da 
desigualdade e 
educação. Dados 
em painel do nível 
de desigualdade 
em função da renda 
média e do sistema 
político do país. 
A desigualdade reduz o 
crescimento econômico nos 
países pobres, mas não nos 
ricos. Os dados de séries de 
tempo apoiam a hipótese do 
U invertido. 
Ogwang 
(2000) 
Amostra de 175 países com dados 
das Nações Unidas para 1994. 
Corss-section da 
desigualdade entre 
países cpar PIB per 
capita e vários 
índices de 
desenvolvimento 
humano. 
A relação entre desigualdade 
e PIB per capita é maior do 
que com relação aos índices 
de desenvolvimento 
humano. 
Sylvester 
(2000) 
Amostra de 54 países (dadso de 
Barro e Lee (1994)) 
Cross-section de 
crescimento em 
função dos gastos 
em educação e 
desigualdade de 
renda (Índice de 
Gini) 
Os gastos em educação 
afetam o crescimento no 
longo prazo e a 
desigualdade condiciona o 
crescimento. (curto prazo). 
 
Trornton 
(2001) 
Amostra de 96 países (dados de 
Deininger e Squire (1998)). 
Dados em painel do 
modelo quadráticos 
da desigualdade 
em função do PIB 
per capita. 
OS resultados apoiam a 
hipótese do U invertido. 
 
Fonte: Santos et al (2011). 
Visto os resultados dos testes demonstrados acima, SANTOS et al (2011), 
concluem que: 
As conclusões apresentadas nos diversos trabalhos estão longe 
de estabelecer um consenso entre a existência ou não de 
evidências desta relação. Para executar essas investigações, 
costuma-se fazer uso de diversos índices de concentração e de 
desigualdade aliados à utilização de uma grande variedade de 
19 
 
 
formas funcionais específicas e de métodos de estimação. 
Assim, na presente literatura encontram-se trabalhos que 
confirmam e outros que refutam a referida hipótese. De uma 
forma geral, até o momento, as principais contribuições da 
referida literatura se dão em torno das discussões relacionadas 
à especificação de modelos, utilização de base de dados e 
métodos empregados para estimara curva de Kuznets. 
(SANTOS et al, 2011, p. 12) 
 
Além disso, estudos recentes demonstram que onde há maior 
desigualdade, existe uma piora nos índices de desenvolvimento humano, nos 
indicadores de saúde, expectativa de vida, entre outros mensuradores dos 
índices de bem-estar social. (CHANG, 2015) 
Sob essa ótica, Lima (2015) afirma que a missão do governo é de proteger 
os mais fracos, e evitar que os mais fortes façam valer somente sua vontade, 
como acontece no meio ambiente, in natura. Assim sendo, cabe ao governo 
esquematizar um sistema que funcione plenamente, para que possa exercer 
suas funções corretamente. 
O Estado exerce três funções básicas através da política fiscal: a função 
alocativa, que trata do provimento dos bens públicos; a função distributiva, que 
trata sobre a distribuição de renda e a função estabilizadora, que trata sobre a 
estabilização do mercado, visando o crescimento econômico (GIAMBI, 2011) 
A distribuição de renda como função distributiva é a que mais impacta 
sobre a sociedade diante dos ganhos econômicos, discussão que se faz sobre 
a exposição de Lima, (2015): 
A função distributiva decorre do reconhecimento de que o 
mercado é geralmente eficiente para produzir, mas não para 
distribuí-lo. Pelas leis de mercado, os mais aptos, os mais bem 
sucedidos, os que assumiram riscos e obtiveram lucros ficam 
com a maior parte dos ganhos econômicos [...] Não se concebe 
que os governos não tenham nenhuma política para erradicar a 
miséria absoluta, para contrabalançar a falta de oportunidade de 
emprego, para dar atendimento médico mínimo a quem não tem 
como pagar pelo serviço e oferecer escola gratuita para as 
crianças pobres. (LIMA, 2015, p.37) 
 
Assim, através da função distributiva, o governo pode colocar em prática 
ações que visam influenciar algum setor ou camada da sociedade, tanto de 
forma positiva ou negativa, através das chamadas políticas públicas. 
As políticas públicas surgem a partir de ideias de 4 principais autores: H. 
Laswell, H. Simon, C. Lindblom e D. Easton. 
20 
 
 
Laswel (1936) é o responsável pela expressão policy analisis (análise de 
políticas públicas) e acreditava que era possível que a produção científica fosse 
utilizada pelo governo no sentido de aprimorar suas políticas públicas e assim 
atingir os anseios da sociedade. 
Simon (1957) cria o conceito de racionalidade limitada e em sua teoria 
demonstra que mesmo que não seja possível prever todas as situações é 
possível atingir objetivos com metas bem planejadas e objetivos definidos de 
forma sistemática. 
Lindblom (1959, 1979) introduz com suas obras o questionamento das 
teorias de Laswel e Simom, pois para ele não era possível apenas planejar 
racionalmente, mas também as políticas públicas estão sujeitas a “relações de 
poder” do governo no poder naquele período. 
Easton (1965) faz sua contribuição ao observar que as políticas públicas 
estão à mercê dos políticos, e que seguem tendências de acordo com a 
orientação política do partido no poder no momento. Apud Souza (2006) 
Por consequência, as políticas públicas são alvo de diversos estudos, 
sendo conceituadas de formas distintas, mas o que existe de comum entre 
muitos autores é a percepção de que as políticas públicas tomam o caminho de 
implantar soluções para um determinado problema da sociedade, através da 
ação do governo. 
Assim, as políticas públicas podem ser definidas como “Estado em Ação” 
(GOBERT, 1987 apud HÖFLING, 2001) 
Baseado em tais considerações, é importante fazer a diferenciação entre 
Estado e governo. Para Höfling (2001), “o Estado é o conjunto de instituições 
permanentes [...] que possibilitam a ação do governo” sendo o governo “o 
conjunto de programas e projetos que parte da sociedade propõe para a 
sociedade como um todo”. 
Bresser-Pereira (2004), observa que dentro do Estado existe um 
mecanismo que constitui as leis e políticas públicas, e que o próprio Estado é 
um aparelho, de modo que seus métodos para regular a vida social de seus 
cidadãos é algo “puramente normativo”, Já Boneti (2007) apresenta as políticas 
públicas como relações de poder argumentando que é: 
O resultado da dinâmica do jogo de forças que se estabelece no 
âmbito das relações de poder, relações essas constituídas pelos 
21 
 
 
grupos econômicos e políticos, classes sociais e demais 
organizações da sociedade civil. Tais relações determinam um 
conjunto de ações atribuídas à instituição estatal, que provocam 
o direcionamento (e/ou o redirecionamento) dos rumos de ações 
de intervenção administrativa do Estado na realidade social e/ou 
de investimentos. (BONETI, 2007, p.74) 
 
Nesse sentido, as políticas públicas podem também ser uma 
manifestação de poder do governo vigente. Teixeira (2002) observa que essa é 
uma forma de manifestação do poder governamental, que ao delinear uma 
política pública estabelece quem são os beneficiados, em que período e como 
essa política será mantida. Além disso, as políticas públicas precisam ter em sua 
essência a participação da sociedade civil, com amplo debate em torno de sua 
eficácia. 
 
2.2 As Políticas sociais 
A partir da década de 80 as políticas públicas foram alavancadas nos 
países e não só isso, como também surgiu um novo modo de elaborar essas 
políticas para que houvesse uma maior abrangência das mesmas para a 
população. Souza (2006) 
Apesar de muitas vezes as políticas públicas serem tratadas como 
sinônimos de políticas sociais é preciso entender a diferenciação entre estes dois 
termos. 
Souza (2006) defende que “estudos sobre políticas públicas buscam explicar a 
natureza da política analisada e seus processos” enquanto as políticas sociais 
estão ligadas ao conceito do Estado de Bem-Estar Social, ou Welfare State. 
Nesse mesmo sentido Höfling, (2001), salienta que: 
Políticas sociais se referem a ações que determinam o padrão 
de proteção social implementado pelo Estado, voltadas, em 
princípio, para a redistribuição dos benefícios sociais visando a 
diminuição das desigualdades estruturais produzidas pelo 
desenvolvimento socioeconômico. As políticas sociais têm suas 
raízes nos movimentos populares do século XIX, voltadas aos 
conflitos surgidos entre capital e trabalho, no desenvolvimento 
das primeiras revoluções industriais. (HÖFLING, 2001, p.31) 
 
Aqui, vale ressaltar que o termo bem-estar social ou Welfare State é 
definido por Esping-Andersen, 1991 apud Taveira 2016, como a incumbência do 
governo de prover para seus cidadãos uma condição de mínimo bem-estar para 
sua sobrevivência. 
22 
 
 
De forma semelhante, Wilenski apud Draibe (1993), define o Estado de 
Bem-Estar Social como a garantia do Estado de que haverá condições, ainda 
que mínimas, de acesso a “alimentação, saúde, alojamento e instrução, 
garantido como um direito político e não como beneficência” 
Como eixo central, existem diversas formas de realizar essas políticas, 
mas isso dependerá da linha de pensamento que o governo segue, podendo ser 
liberal ou conservador, mas em qualquer uma das linhas adotadas, o foco será 
sempre o indivíduo, de forma a garantir o atendimento das necessidades básicas 
mínimas. 
A diferença é que enquanto para visão liberal é a ação (ou não) do cidadão 
que o torna responsável por viver em uma situação de desigualdade, não 
cabendo ao Estado o papel de intervenção para modificar a situação, na visão 
socialdemocrata são concedidos benefícios sociais como forma de corrigir ou 
amenizar a situação. (TEIXEIRA, 2002) 
Na América Latina, segundo Draibe (1997), foi a partir da década de 80 
que se intensificou o uso de políticas sociais. Diversos países estavam saindo 
de regimes autoritários e buscavam formasde alcançar o bem-estar social. 
FLEURY, (1994) expõe seu pensamento assim: 
Compreendemos as políticas sociais como uma relação social 
que se estabelece entre o estado e as classes sociais, em 
relação à reprodução das classes dominadas, que se traduz em 
uma relação de cidadania, isto é, um conjunto de direitos 
positivos que vincula o cidadão a seu Estado. (FLEURY,1994. 
p.59) 
 
De modo geral, nota-se que as políticas sociais são normalmente alvos 
de polêmica, uma vez que existem inúmeros grupos na sociedade, onde alguns 
questionam seus efeitos enquanto outros grupos enaltecem seus benefícios. 
Dessa forma, é preciso criar mecanismos que corroborem os dados e 
apontem na direção correta em que eles caminham, para avaliar o impacto 
positivo ou negativo, e também ser capaz de analisar qual é o melhor caminho a 
ser seguido. 
 
2.3 A efetividade – eficiência e eficácia dos programas sociais 
Uma vez que o governo opte por implantar políticas sociais que visem 
combater a desigualdade, é necessário também verificar se estas políticas 
sociais possuem eficiência e eficácia, para assim justificar tal intervenção estatal. 
23 
 
 
Dessa forma, com relação aos programas sociais voltados para o 
combate à fome e a pobreza no Brasil, estes surgem principalmente após os 
anos 1980, quando o país passa pelo processo de redemocratização. 
(JACCOUND, 2013). 
Sobre isso, Villatoro (2010) apud Bichir (2015) discorre: 
No âmbito das reformas de políticas sociais ocorridas em 
meados da década de 1990 surgem os primeiros programas de 
transferência condicionada de renda no Brasil, no nível 
municipal. 
Constituíam-se, então, de programas de garantia de renda 
mínima ou do tipo “bolsa escola”, sendo rapidamente difundidos 
do nível municipal para os estados e depois para o nível federal. 
Em 2001, quando surge o primeiro programa nacional de 
transferência de renda, havia sete estados e mais de duzentos 
municípios com intervenções do tipo bolsa-escola. (Villatoro, 
2010 apud BICHIR, 2015, p. 27) 
 
Assim, a partir de observações tanto nacionais como de instituições 
internacionais, como o PNUD, os programas sociais vêm de encontro à 
necessidade da intervenção governamental, que visa trazer mais igualdade nas 
relações sociais, em todos os seus âmbitos e se a princípio, os objetivos dos 
programas sociais parecem um tanto intangíveis, é principalmente após a 
publicação dos Objetivos do Milênio, formulado pela PNUD, que os programas 
sociais tomam corpo e passam a se desenvolver de forma mais sistemática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
3 O PROGRAMA BOLSA FAMILIA 
 
3.1. Caracterização do PBF 
Desde a época do Brasil Colônia, datando de 1792, já existiam tentativas 
pontuais do governo para o auxílio de pessoas em situações vulneráveis e para 
o combate da miséria. 
Dom Pedro II criou em 1888 a Comissão de Açudes de Irrigação e em 
1909 o presidente Nilo Peçanha criou o Instituto de Obras conta as Secas, 
ambos, com o intuito de auxiliar o Nordeste que sofria com a seca. (SANTOS, 
2013) 
No entanto esses são programas que não tiveram continuidade e também 
não eram de grande abrangência. 
Assim, Januzzi (2011) relata que é a partir da Constituição Federal de 
1988 - CF/88 - que começaram a crescer os esforços para o início de políticas 
públicas para programas sociais mais efetivos e de abrangência nacional. 
O primeiro programa para combate a fome no Brasil surge ano de 1991, 
numa proposta do senador Eduardo Suplicy que buscava alcançar um valor de 
renda mínima para todo cidadão do país e foi esse o projeto que inspirou a 
criação de novos planos de ação para prevenir e erradicar a fome e a pobreza 
no Brasil. 
Então, a partir do segundo mandato do presidente Fernando Henrique 
Cardoso, “há uma mudança de orientação, de modo que as políticas de 
segurança alimentar adquiriram relevância explícita”. (ZIMMERMANN, 2006). 
Nesse período são implantados diversos programas de combate a fome a 
pobreza, tais como: 
• Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI (1996) 
• Programa Bolsa Escola (2001) 
• Programa Agente Jovem e Bolsa Alimentação (2001) 
• Programa Auxílio Gás (2002) 
Em 2003, esses programas são unificados no Programa Bolsa Família 
(PBF), e o Cadastro único também é implementado para que haja uma maior 
eficácia e eficiência no cadastro e controle dos beneficiários. 
 
25 
 
 
3.2. Repercussão dos benefícios do programa 
O PBF é um programa de amplitude nacional, e em maio de 2018 atendia 
13,9 milhões de famílias brasileiras. 
Segundo o MDS; 
 “o valor que a família recebe por mês é a soma de vários tipos de 
benefícios previstos no Programa Bolsa Família. Os tipos e as 
quantidades de benefícios que cada família recebe dependem da 
composição (número de pessoas, idades, presença de gestantes etc.) 
e da renda da família beneficiária.” (MDS, 2018) 
 
São benefícios do PBF: 
Figura 2 - Benefícios do Programa Bolsa Família 
Fonte: Elaborado pela autora, com informações do MDS, 2018. 
No ano de 20181, de acordo com o MDS, os valores pagos para os 
beneficiários foram de R$ 89,00 para quem recebeu benefício básico. 
Já para os benefícios variáveis o valor pago foi de R$ 41,00 para cada 
benefício recebido, sendo que, para receber o benefício variável Vinculado à 
Criança ou Adolescente de 0 a 15 anos é necessário ter pessoas na família que 
se enquadrem nessa faixa etária e também só recebem este benefício as 
famílias com renda mensal de até R$ 178,00 por pessoa e é exigido 85% de 
frequência escolar das crianças. 
O benefício variável Vincula à Gestante é pago para famílias com grávidas 
na composição familiar e que também tenham renda de até R$ 178,00 por 
pessoa. Vale salientar que a gravidez precisa ser de conhecimento da Saúde 
Pública, que é responsável por inserir os dados no sistema e que são pagas até 
9 parcelas para este benefício. 
 
1 Valores vigentes em setembro/2018. 
Benefício Básico
Benefícios 
Variáveis
Vinculado a Criança 
ou Adolescente de 0 
a 15anos 
Vinculado à Gestante
Vinculado à Nutriz 
Vinculado ao 
Adolescente de 16 a 
17 anos.
Benefício para 
Superaçao da 
Extrema Pobreza
26 
 
 
O benefício Vinculado à Nutriz é pago a famílias com crianças de 0 a 6 
meses em sua composição familiar, cuja renda seja de até R$ 178,00 por 
pessoa. Este benefício é pago mesmo que a criança não more com a mãe, e são 
repassadas até 6 parcelas, desde que seja efetuado o cadastro da criança no 
Cadastro Único até o sexto mês de vida da mesma. 
O benefício Vinculado ao Adolescente é pago a famílias com 
adolescentes de 16 a 17 anos em sua composição familiar, com frequência 
escolar mínima de 75% e com renda de até R$ 178,00 por pessoa. 
Por último, o benefício para Superação da Extrema Pobreza é pago para 
famílias com renda mensal inferior a R$ 89,00, mesmo após receber os outros 
tipos de benefícios. O valor é calculado individualmente para cada família, com 
o objetivo de garantir que a família supere o teto de R$ 89,00 por pessoa. 
Em tempo, é necessário salientar que o PBF é um programa que exige 
condicionalidades para que o beneficiário se mantenha no programa. 
Assim as famílias beneficiadas precisam cumprir essas 
condicionalidades, que podem ser entendidas como um compromisso firmado 
junto ao MDS, para permanecer no programa. 
Quadro 2 - Condicionalidades do PBF: 
Área Condicionalidade 
Educação — Os responsáveis devem matricular as crianças e os adolescentes de 6 a 17 anos 
na escola; 
A frequência escolar deve ser de, pelo menos, 85% das aulas para criançase 
adolescentes de 6 a 15 anos e de 75% para jovens de 16 e 17 anos, todo mês. 
— Para as situações em que as crianças ou os adolescentes tenham que faltar às 
aulas, é importante que a família informe o motivo na escola, que o marcará no 
sistema onde se registra o acompanhamento da frequência escolar, o Sistema 
Presença/MEC. Para isso, são disponibilizados 88 motivos no Sistema. 
Saúde — Os responsáveis devem levar as crianças menores de 7 anos para tomar as 
vacinas recomendadas pelas equipes de saúde e para pesar, medir e fazer o 
acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento; 
As gestantes devem fazer o pré-natal e ir às consultas na Unidade de Saúde. 
 
Fonte: MDS, 2018. 
 
Esse acompanhamento das famílias beneficiárias é importante, pois 
possibilita que os poderes de governo tenham acesso atualizado aos dados dos 
participantes, o que acarreta em uma melhor visão sobre como gerenciar os 
recursos. 
27 
 
 
Isso garante que haverá melhor atendimento às famílias, o que possibilita 
um combate efetivo e pontual sobre a extrema pobreza. 
Por outro lado, o descumprimento das condicionalidades acarreta em 
sanções as famílias, que vão desde a advertência (o que não bloqueia o 
benefício) passando pelo bloqueio (a partir do segundo descumprimento) até o 
cancelamento do benefício. 
 
3.3 Aspectos positivos e negativos do PBF 
O principal mecanismo que possibilita que o PBF atenda famílias em todo 
país, foi a unificação dos cadastros, resultando no Cadastro Único. 
Conforme observado por Bartholo et al, (2018) “o Cadastro Único tem sido 
considerado um exemplo internacional de integração das intervenções voltadas 
aos mais vulneráveis – sua base contém informações de 40% da população 
brasileira e é atualmente utilizada por mais de vinte programas sociais do país.” 
Entretanto, conforme também foi salientado por Bartholo et al (2017), o 
PBF é um programa social “pró-criança” cujo foco é combater a extrema pobreza 
em famílias com crianças de 0 a 17 anos, haja visto que famílias extremamente 
pobres, mas sem crianças, não recebem os benefícios direcionados para essa 
faixa etária, porém qualquer família, independente da composição familiar pode 
ser beneficiária do programa. 
No momento da implantação do programa foram levantadas críticas sob 
as quais, Campello (2013) relata que entre umas das críticas era que se alegava 
que ao fornecer um benefício de transferência de renda direta para as pessoas, 
elas não saberiam como lidar com o dinheiro e fariam “compras erradas”, assim 
como foi levantado a hipótese de que as pessoas beneficiadas seriam 
incentivadas a ter mais filhos, para receberem aumento no benefício. 
Além disso, também foi amplamente debatido a preocupação de que os 
beneficiários do programa se acomodariam e deixariam seus postos de trabalho, 
ou parariam de procurar emprego para viver à custa dos valores concedidos pelo 
benefício. 
Entretanto, o que se notou foi justamente o contrário: constatou-se 
evidente aumento nos níveis de comércio e de serviços bancários, 
principalmente nas regiões mais carentes, além do benefício provocar impacto 
28 
 
 
direto sobre a autonomia da mulher no lar, que são por maioria titulares dos 
cartões do benefício. 
A partir de 2012 o PBF insere um novo tipo de benefício: o benefício 
variável, para combater a extrema pobreza em famílias com crianças e 
adolescentes. 
Em 2013 o benefício variável se estende ainda mais, para alcançar todas 
as famílias em situação de extrema pobreza, independente da composição 
familiar. 
A principal função do PBF é combater a pobreza e extrema pobreza no 
Brasil. 
Em 2013 haviam 23 milhões de pessoas no Brasil com perfil de renda 
familiar per capita de até meio salário mínimo, estando entre estas 13, 9 milhões 
de pessoas que recebia o bolsa família. (PAIVA et al, 2013) 
Entretanto, programa custa ao país em torno de 0,5% de seu PIB anual, 
o que representa uma quantia pequena se comparada a amplitude do programa 
e em como essa renda transferida aos beneficiários é utilizada, logo, pode-se 
dizer que o PBF possui expressivo efeito multiplicador no PIB e na renda familiar 
total além de reduzir desigualdades regionais. (PAIVA et al, 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
4 ASPECTOS METODOLÓGICOS 
 
 Para elaboração do presente trabalho optou-se por analisar os dados de 
forma quali-quantitativa, utilizando os métodos descritos na estatística para 
compilar os dados para uma melhor análise dos mesmos. 
Dessa forma, buscou-se identificar como se comportam não só como as 
pessoas beneficiadas pelo programa, mas a sociedade no geral, visto que o PBF 
é um programa de alcance nacional e que é oriundo de verbas públicas. 
Para entender essa dinâmica, as publicações disponibilizadas pelo MDS 
foram essenciais, pois nelas é possível encontrar diversos estudos, como 
análises pontuais sobre um tema tão importante. 
Este estudo teve início com uma pesquisa bibliográfica, que foi 
desenvolvida a partir de diversas publicações em revistas e livros, dos mais 
variados pesquisadores, tais como Fleury, Campello, Höffling, Chang, entre 
outros. 
Na pesquisa quantitativa, buscou-se uma direção que mostrasse como 
funciona o PBF no município de Campo Mourão. 
Desta forma, os dados principais, que se referem aos valores pagos foram 
coletados junto ao Portal da Transparência do governo federal. Esses dados são 
fornecidos mediante filtros de pesquisa, e nesse trabalho, optou-se pela busca 
de todos os beneficiários do município, no período de 2013, 2015 e 2017. 
Optou-se por essa data devido o Portal da Transparência fornecer dados 
de até 5 anos anteriores para o PBF. 
Após a coleta inicial dos dados, devido ao número extenso de dados (são 
mais de 40 mil por ano), optou-se pelo tratamento estatístico dos mesmos. 
Com o propósito de facilitar a análise e interpretação, foi utilizado o 
método estatístico de agrupamento em classes, já que acordo com Karmel e 
Polasek (1972, p.63) “ o propósito da construção de uma distribuição de 
frequência é tornar evidente o que há de essencial nos dados e permitir o uso de 
técnicas analíticas para a sua descrição”. 
Para construção de uma tabela de frequência de classes, o primeiro passo 
é determinar a amplitude total dos dados (A), que pode ser encontrado da 
seguinte maneira: 
 
30 
 
 
 
𝐴 = 𝑋𝑚á𝑥 − 𝑋𝑚í𝑛 
Onde, 
A= amplitude 
Xmáx = Maior valor dos dados 
Xmín = Menor valor dos dados. 
 
Para encontrar o número de classes (k), nesse trabalho foi utilizado o 
método de Struges, que é definido por: 
𝑘 = 1 + 3,33 . log 𝑛 
Onde, 
k = número de classes 
n = número total de dados. 
Após isso, é necessário encontrar a amplitude de classe dos dados (h), 
que é determinada pela seguinte fórmula: 
ℎ =
𝐴
𝑘
 
Onde, 
h = amplitude da classe de dados, 
A = Amplitude total 
k = número de classes encontrado 
 
Dado que o presente trabalho foi elaborado utilizando softwares de 
cálculo, para inserir o número de frequência (fi) de dados em cada intervalo 
estimado, utilizou-se a fórmula FREQUENCIA disponibilizada no aplicativo MS 
Excel. 
Para a frequência acumulada, que determina em percentual o quanto 
cada classe significa dentro da amostra, utilizou-se a seguinte fórmula: 
𝐹𝑟 = 
𝐹𝑖
𝑛
 
Onde, 
Fi = frequência 
n = número total de dados. 
31 
 
 
Também foram explorados nos dados os valores médios de 
recebimentos, que é expresso pela seguinte fórmula: 
𝜒 = 
∑ 𝑥
𝑛
 
Onde,X = média, 
∑x = somatório dos elementos, 
n = número de elementos. 
Para compreender como se comportaram os valores discrepantes, 
utilizou-se o recurso visual do boxplot, que de acordo com Morettin e Bussab 
(2002): 
O boxplot dá uma ideia da posição, dispersão, assimetria, 
caudas e dados discrepantes. A posição central é dada pela 
mediana e a dispersão por dq. As posições relativas de q1, 12, 
q3 dão uma noção da assimetria da distribuição. Os 
comprimentos das caudas são dados pelas linhas que vão do 
retângulo aos valores remotos e pelos valores atípicos. 
( MORETTIN e BUSSAB, 2002, P.48). 
 
Após o tratamento estatístico dos dados, optou-se por uma análise 
descritiva dos resultados, observando também os aspectos qualitativos dos 
dados recolhidos. 
O aspecto qualitativo é capaz de demonstrar principalmente como as 
pessoas se comportam e se relacionam, e nesse sentido Minayo (2012) defende: 
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. 
Ela se ocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade 
que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela 
trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das 
aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse 
conjunto de fenômenos humanos é aqui como parte da realidade 
social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por 
pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a 
partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes 
(MINAYO, 2012, p.21). 
 
Além disso, de acordo com Marconi e Lakatos (2010), os métodos 
utilizados para compreensão e análise do trabalho, formam um misto, entre os 
métodos específicos para as ciências sociais, e entre eles, neste trabalho, se 
destacam o método histórico e o método monográfico. 
O método histórico consiste numa análise que investiga como nasceram 
os fenômenos, e como compreender melhor seus agentes e o método 
32 
 
 
monográfico “consiste no exame de aspectos particulares” de eventos ou 
situações que ocorrem na sociedade. (MARCONI e LAKATOS, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
5 AVALIAÇÃO DO PBF NAS FAMILIAS DO MUNICÍPIO DE CAMPO 
MOURÃO 
Este trabalho tem por objetivo analisar o impacto do PBF no município de 
Campo Mourão e os dados e resultados apresentados se referem aos anos de 
2013, 2015 e 2017 e foram coletados no Portal da Transparência do governo 
federal. 
 
5.1 Total das Famílias beneficiadas pelo PBF no Município de Campo Mourão 
O município de Campo Mourão fica localizado no estado Paraná, na 
região geográfica Centro Ocidental Paranaense, com população estimada de 
94.153 (noventa e quatro mil, cento e cinquenta e três) habitantes.2 
No ano de 2013, o PBF atendeu no município de Campo Mourão, três mil 
setecentos e sessenta e cinco famílias no mês de dezembro, totalizando 
R$ 6.281.156,00 (seis milhões, duzentos e oitenta e um mil, cento e cinquenta e 
seis reais) em valores repassados aos beneficiários durante o ano, sendo o valor 
médio pago para os beneficiários R$ 133,80 (cento e trinta e três reais e oitenta 
centavos), conforme informa o Portal da Transparência do governo federal. 
Nesse mesmo período o valor do salário mínimo era de R$ 678,00, e o 
PIB do município, segundo o IBGE foi de R$ 2.541.139 3. 
Portanto, ao observarmos o montante repassado aos beneficiários do 
programa, pode-se perceber que o valor total anual do PBF em Campo Mourão 
em 2013 correspondeu a 0, 002% do PIB Municipal. 
Em 2015, ocorre um ligeiro aumento em relação ao número de famílias 
atendidas durante o ano, passando para três mil oitocentas e noventa e seis 
famílias atendidas no mês de dezembro, com o repasse anual totalizando 
R$ 7.156.959,00 (sete milhões, cento e cinquenta e seis mil e novecentos e 
cinquenta e nove reais), com um valor médio de recebimento do benefício no 
valor de R$ 153,66 (cento e cinquenta e três reais e sessenta e seis centavos). 
O salário mínimo do ano de 2015 foi de R$ 788,00, e o PIB do município 
foi de R$ 3.083.696,34. Já em 2017, nota-se uma diminuição no número de 
famílias atendidas, sendo três mil trezentos e trinta e sete famílias no mês de 
dezembro. O valor do repasse anual foi de R$ 6.990.823,00 (seis milhões, 
 
2 Fonte: IBGE. Dados estimados pela fonte em 2017. 
3 Fonte IPARDES. PIB a preços correntes (R$ 1.000,00) 
34 
 
 
novecentos e noventa mil, oitocentos e vinte e três reais), sendo a média do valor 
recebido por família R$ 162,98 (cento e sessenta e dois reais e noventa e oito 
centavos). 
Nesse ano, o salário mínimo foi estipulado em R$ 937,00. Para esse ano 
ainda não foi disponibilizado o PIB do município pelos órgãos responsáveis. 
 
5.2 Efeitos provocados pelo benefício do PBF no Município de Campo Mourão 
Quando da coleta dos dados pode-se observar que os valores pagos pelo 
PBF são variados, e em 2013 o valor do benefício básico era de R$ 70,00, no 
ano de 2015 e 2017 o benefício básico era R$ 77,00 e R$ 85,00 respectivamente, 
mas, como algumas famílias vivem em situação de maior vulnerabilidade, o valor 
do pagamento também é variável, podendo inclusive ser menor que o valor 
estipulado no teto, tendo em vista que algumas famílias não recebem o benefício 
básico, apenas o variável. 
Nota-se na tabela 1 a seguir que dentre as famílias beneficiadas, a maior 
parte dos beneficiários, recebeu valores consideravelmente baixos, sendo a 
primeira faixa de classificação a que alcançou a escala de praticamente 50% de 
todos os pagamentos, em todos os anos analisados, fato que poderá ser 
observado nas tabelas referentes aos próximos períodos. 
Tabela 1 - Valores pagos pelo PBF em Reais no ano de 2013 em Campo Mourão. 
Faixas de valores pagos pelo BF em R$ Total de Pagamentos % 
 32 - 120 21851 46,547 
 121-209 19664 41,888 
 210-298 4277 9,111 
 299-387 755 1,608 
 388-476 304 0,648 
 477-565 57 0,121 
 566-654 19 0,040 
 655-743 11 0,023 
 744-832 4 0,009 
 833-921 1 0,002 
 922-1010 0 0,000 
 1011-1099 0 0,000 
 1100-1188 0 0,000 
 1189-1277 0 0,000 
1278-1366 0 0,000 
 1367-1456 1 0,002 
Total geral 46944 100 
Fonte: Elaborado pela autora com dados do MDS. 
35 
 
 
No ano de 2013, pode-se notar que as famílias que receberam de 
R$ 32,00 a R$ 120,00 compõem aproximadamente 47% dos beneficiários totais 
do município. 
A faixa de benefícios entre R$ 121,00 e R$ 209,00 ocupa a segunda 
posição, com aproximadamente 42% dos beneficiários. Os 11% restantes são 
referentes aos demais valores de benefício, acima de R$ 209,00. 
O MDS fornece a média do valor do benefício pago como sendo de 
R$ 133,80, e de acordo com os dados coletados, de 46.944 pagamentos durante 
o ano, 22.257 pagamentos foram com valores de até R$ 133,80, o que 
representa aproximadamente 48% de todos os benefícios pagos. 
Observando o valor do salário mínimo vigente naquele ano, o valor médio 
de pagamento do benefício correspondeu a aproximadamente 20% do valor do 
salário, porém nem todas as famílias receberam o benefício básico, pois estas 
não se enquadraram na faixa de extrema pobreza, portanto estas receberam 
somente o benefício variável no valor R$ 32,00, que corresponde a 6% do valor 
do salário mínimo e para este valor foram realizados 3.040 pagamentos durante 
o ano. 
Vale ressaltar, que dentre os 11% dos pagamentos que se enquadram 
numa faixa de valores maior que R$ 209,00, totalizam 5.429 pagamentos, onde, 
existe um valor altamente discrepante, no valor de R$ 1.444,00, que pode ser 
observado no gráfico 2,cuja representação visual é em formato de boxplot, que 
visa demonstrar de forma estatística como os valores da amostra estão 
distribuídos. 
O ponto em vermelho demonstra onde se localiza o valor discrepante e o 
quão distante ele se encontra dos valores médios, que no gráfico é representado 
pelo quadrado: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
Gráfico 1 - Boxplot – Valores Discrepantes para o ano de 2013 em Campo Mourão. 
 
Fonte: Elaborado pela autora, com dados do MDS. 
 
Em consulta a Secretaria de Ação Social de Campo Mourão, a assistente 
social encarregada do Cadastro Único informou que esses valores são anormais 
e que podem ocorrer devido ao bloqueio preventivo para comprovar dados ou 
verificar descumprimento de condicionalidades, e que após 90 dias a pessoa 
beneficiária efetuou um saque maior, referente aos meses em que permaneceu 
bloqueada. 
Também foi possível verificar que dentre as famílias atendidas, destas, 
2.962 famílias efetuaram doze saques do benefício e 383 famílias receberam 
somente uma parcela do benefício durante o ano todo. 
Em 2015, o valor do benefício básico foi reajustado para R$ 77,00 (setenta 
e sete reais) e conforme demonstrado na tabela 2, se verifica que, diferente do 
ano de 2013, a maior concentração de pagamentos ocorreu na segunda faixa de 
valor do benefício que vai de R$ 137,00 a R$ 238,00, sendo realizados 22.947 
pagamentos para essa faixa, o que correspondeu a aproximadamente 50% dos 
pagamentos realizados no ano. Já na primeira faixa de pagamentos que vai de 
R$ 35,00 a 136,00 foram realizados 19.354 pagamentos, o que correspondeu a 
41% do total de pagamentos do ano. 
Os 9% de pagamentos restantes estão distribuídos entre as demais faixas 
de pagamento, com valor maior que R$ 238,00. 
Como valor médio para os pagamentos, temos valor de R$ 153,66 (cento 
e cinquenta e três reais e sessenta e seis centavos) e foram realizados 27.213 
pagamentos até o valor médio. 
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
Valores BF
37 
 
 
Comparado ao salário mínimo vigente no ano de 2015, o valor médio do 
benefício correspondia aproximadamente a 19% do salário mínimo. 
Entretanto, deve-se observar também, que embora o valor do benefício 
básico fosse de R$ 70,00, algumas famílias receberam somente benefício 
variável no valor de R$ 35,00, portanto, houve 1.586 pagamentos durante o ano 
cujo valor do benefício correspondeu a 4% do valor do salário mínimo. 
Tabela 2 - Valores pagos pelo PBF em Reais no ano de 2015 em Campo Mourão. 
Valores pagos pelo BF em R$ Totais de pagamentos % 
35-136 19354 41,554 
137-238 22947 49,268 
239-340 3207 6,886 
341-442 700 1,503 
443-544 314 0,674 
545-646 29 0,062 
647-748 15 0,032 
749-850 3 0,006 
851-952 4 0,009 
953-1054 1 0,002 
1055-1156 0 0,000 
1157-1258 0 0,000 
1259-1360 0 0,000 
1361-1462 0 0,000 
1463-1564 0 0,000 
1565-1667 2 0,004 
Total geral 46576 100 
Fonte: Elaborado pela autora, com dados do MDS. 
 
Assim como em 2013 também houve valores discrepantes, inclusive 
superiores ao valor do salário mínimo, entretanto conforme também explicado 
para o ano de 2013, esses valores são decorrentes devido ao bloqueio de 
benefícios por descumprimento de condicionalidades ou para apuração de 
informações e são sacados posteriormente, acumulados por até 90 dias. 
Podemos observar na representação visual do boxplot, no gráfico 4, que 
o ponto vermelho indica o valor dos valores discrepantes e também a distância 
desse valor em relação aos valores médios recebidos pelos beneficiários. 
 
 
 
38 
 
 
 
Gráfico 2 - Boxplot – Valores Discrepantes para o ano de 2015 em Campo Mourão. 
 
Fonte: Elaborado pela autora, com dados do MDS. 
 
Além desses comparativos, também se pode observar que, em 2015, 
houve 2.929 famílias que receberam o benefício durante os 12 meses, enquanto 
305 famílias receberam somente uma parcela do benefício durante o ano. 
Em 2017, conforme pode-se observar na tabela houve uma redução no 
número de famílias atendidas e consequentemente se reduziu o número de 
pagamentos totais no ano, para 42.893 pagamentos. 
Destes, 19.352 pagamentos foram para benefícios na primeira faixa de 
valores, de R$ 39,00 até 126,00, o que representou 45% de todos os 
pagamentos realizados durante o ano. Lembrando que o valor do benefício 
básico em 2017 passa a ser de R$ 85,00, entretanto nem todas as famílias 
recebem esse valor, pois algumas não se encaixam no perfil de extremamente 
pobres, ou não atingem os critérios necessários para receber o benefício básico 
e variável juntos. 
A segunda faixa de pagamentos representou aproximadamente 33% dos 
valores totais pagos durante o ano, e os pagamentos variaram de R$ 127,00 a 
R$ 214,00. 
Diferente dos outros anos, a terceira faixa de pagamentos passou a ter 
uma expressividade maior, e em 2017 aproximadamente 13% dos benefícios 
pagos integraram essa faixa de pagamento, que foi de R$ 215,00 a R$ 302,00, 
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Valores BF
39 
 
 
o que correspondeu a 5.620 pagamentos realizados durante o ano. As demais 
faixas de pagamento corresponderam a 9% dos pagamentos realizados durante 
o ano. 
O valor médio dos pagamentos, para o ano de 2017, foi de R$ 162,98 
(cento e sessenta e dois reais e noventa e oito centavos) e nesse ano foram 
realizados 20.920 pagamentos com valores até a média global. 
Se comparado com o valor do salário mínimo vigente no ano de 2017, o 
valor médio do benefício correspondeu a aproximadamente 17% do valor do 
salário mínimo. 
Entretanto, vale salientar que durante o ano, 3.989 pagamentos foram 
feitos com o valor mínimo, que foi de R$ 39,00, portanto, para essas famílias, o 
benefício correspondeu a aproximadamente 3% do valor do salário mínimo. 
 
 
Tabela 3 - Valores pagos pelo PBF em Reais no ano de 2017 em Campo Mourão. 
Valores pagos pelo BF em R$ Total de pagamentos % 
39-126 19352 45,117 
127-214 14339 33,430 
215-302 5620 13,102 
303-390 2233 5,206 
391-478 866 2,019 
479-566 307 0,716 
567-654 149 0,347 
655-742 15 0,035 
743-830 3 0,007 
831-918 1 0,002 
919-1006 1 0,002 
1007-1094 2 0,005 
1095-1182 2 0,005 
1183-1270 1 0,002 
1271-1358 0 0,000 
1359-1447 2 0,005 
Total geral 42893 100 
Fonte: Elaborado pela autora, com dados do MDS. 
 
Em 2017, também se observam alguns valores discrepantes, com 
pagamentos realizados em faixas acima de R$ 1.000,00, como pode ser 
observado no gráfico a seguir: 
40 
 
 
Gráfico 3 - Boxplot – Valores discrepantes para o ano de 2017 em Campo Mourão. 
Fonte: Elaborado pela autora, com dados do MDS. 
 
Também vale a pena demonstrar que no ano de 2017, houveram 2.561 
famílias que receberam 12 benefícios durante o ano, enquanto 227 famílias 
receberam efetuaram apenas 1 saque do benefício durante todo o ano. 
 
5.3 Impactos do PBF 
Como forma de medir a eficácia das ações executadas pelo município 
no que diz respeito ao PBF, o MDS utiliza o Índice de Gestão Descentralizada 
para os Municípios (IGD-M), que varia de 0 a 1 e quanto mais próximo de 1, 
melhor é a gestão realizada pelo município. O MDS define o IGD-M como um 
índice que: 
mede a qualidade das ações realizadas pelo município nas 
ações de cadastramento, de atualização cadastral e de 
acompanhamento das condicionalidades de educação e saúde. 
Também verifica se o município aderiu ao Sistema Único de 
Assistência Social (Suas) e se as gestões e os Conselhos 
municipais registraram, no Sistema SuasWeb, as informações 
relativas à prestação de contas.No cálculo do índice, são consideradas ainda a quantidade de 
registros de Acompanhamento Familiar realizados pelo 
município no Sistema de Condicionalidades (Sicon) e a data da 
última atualização dos dados referentes à gestão municipal 
realizada no Sistema de Gestão do Programa Bolsa Família 
(SIGPBF). (MDS, 2018) 
 
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
Valores BF
41 
 
 
Pode-se considerar que o município de Campo Mourão teve um bom 
desempenho nas avaliações do MDS, pois teve IGD-M de 0,85 no ano de 2013, 
0,80 no ano de 2015 e 0,85 no ano de 2017. 
Assim, para que a família beneficiária do PBF se mantenha no programa 
é necessário atender diversas condicionalidades na área da saúde e da 
educação e o MDS justifica essa “imposição” do cumprimento das 
condicionalidades para que o beneficiário tenha reforçado o acesso a esses 
direitos básicos. 
Como exposto anteriormente, as condicionalidades consistem 
basicamente em que as crianças e jovens da família beneficiada frequentem a 
escola e estejam com vacinação em dia. 
No município de Campo Mourão, no que diz respeito a condicionalidade 
Educação, em 2013, de 4.197 crianças cujas famílias correspondiam a esse 
perfil, foram acompanhadas 3.942 crianças com idade de 06 a 15 anos (93%). 
Destas, 3.781 crianças estiveram acima da média de 85% de frequência escolar, 
161 crianças ficaram abaixo dessa média de frequência e 255 crianças não 
foram acompanhadas, conforme pode-se observar no gráfico 4, uma 
representação em gráfico de pizza com os números de acompanhamentos para 
melhor visualização do leitor. 
Gráfico 4 - Acompanhamento da condicionalidade frequência escolar no ano de 2013 em 
Campo Mourão. 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora, com dados do MDS. 
 
Total de beneficiários acompanhados com frequência acima da exigida ( 6 a 15 anos - 85%)-2013
Total de beneficiários acompanhados com frequência abaixo da exigida ( 6 a 15 anos- 85%)-2013
Total de beneficiários sem informação de frequência escolar (6 a 15 anos)-2013
42 
 
 
No ano de 2015 houve redução no número de crianças, passando a 
3.465 crianças com perfil de acompanhamento escolar e o município 
acompanhou 3.241, o que correspondeu a 93% do total, assim como em 2013. 
Destas, 3.110 crianças com idade escolar de 06 a 15 anos tiveram 
frequência escolar acima da média de 85% e 131 crianças tiveram frequência 
escolar abaixo da média de 85% e 224 crianças não foram acompanhadas, que 
também pode ser visualizado no gráfico 5, em formato de pizza com dados dos 
acompanhamentos efetuados durante o ano de 2015. 
Gráfico 5 - Acompanhamento da condicionalidade frequência escolar no ano de 2015 em 
Campo Mourão. 
 
Fonte: Elaborado pela autora, com dados do MDS. 
 
Já no ano de 2017 houve uma redução ainda maior no número de crianças 
com perfil de acompanhamento escolar, passando a ser 2.863 crianças e foram 
acompanhadas 2.727 destas, o que correspondeu a 95% do total, um número 
maior que nos períodos anteriores. 
Destas, 2.669 crianças com idade escolar de 06 a 15 anos tiveram 
frequência escolar acima da média de 85%, 58 crianças tiveram frequência 
escolar abaixo da média de 85% e 136 crianças não foram acompanhadas, 
conforme demonstrado no gráfico 6 a seguir, para melhor visualização dos 
dados. 
 
 
 
Total de beneficiários acompanhados com frequência acima da exigida ( 6 a 15 anos - 85%)-2015
Total de beneficiários acompanhados com frequência abaixo da exigida ( 6 a 15 anos- 85%)-2015
Total de beneficiários sem informação de frequência escolar (6 a 15 anos)-2015
43 
 
 
Gráfico 6 - Acompanhamento da condicionalidade frequência escolar no ano de 2017 em 
Campo Mourão. 
 
Fonte: Elaborado pela autora, com dados do MDS. 
 
No que concerne a condicionalidade de Saúde, o MDS também fornece 
os dados de acompanhamento das famílias beneficiadas pelo PBF. 
No ano de 2013 haviam 3.670 famílias com perfil para acompanhamento 
na área na saúde, e destas foram acompanhadas 3.428 famílias, o que 
correspondeu a aproximadamente a 93,4% do total. 
Neste ano foram acompanhadas 33 gestantes, todas com pré-natal em 
dia, houve 2.021 crianças vacinadas e somente uma criança não estava com 
vacinação em dia durante o ano. 
Também, houve o registro de informações nutricionais de 1.121 crianças. 
Neste período, 152 famílias não foram acompanhadas. 
Em 2015 houve uma redução de 1% no número de famílias, passando 
para 3.651 famílias com perfil para acompanhamento na área na saúde, 
entretanto a taxa de acompanhamento aumentou para 97% do total, sendo 
acompanhadas 3.541 famílias. 
Em 2015 também ocorre um aumento no número de gestante 
acompanhadas: são registrados 88 acompanhamentos de gestantes e 87 com 
pré-natal completo, o que resultou em uma variação percentual de mais de 160% 
de acompanhamentos de gestantes nessa ano, em relação a 2013. 
São acompanhadas 2.399 crianças, todas estas com registros das 
informações nutricionais, sendo que 2.397 estiveram com a vacinação em dia 
Total de beneficiários acompanhados com frequência acima da exigida ( 6 a 15 anos -
85%)-2017
Total de beneficiários acompanhados com frequência abaixo da exigida ( 6 a 15 anos-
85%)-2017
Total de beneficiários sem informação de frequência escolar (6 a 15 anos)-2017
44 
 
 
nesse ano, o que apresentou um crescimento de 109% no que diz respeito a 
crianças acompanhadas e 19% para as crianças vacinadas 
Não foram acompanhadas 110 famílias nesse ano, sendo houve uma 
diminuição de 28% no número de famílias que não foram acompanhadas. 
O que se nota é que no ano de 2015, embora haja uma diminuição no 
número de famílias com perfil para acompanhamentos de condicionalidades 
saúde, foi efetuado um trabalho mais eficiente que ampliou a extensão de 
acompanhamento, vide as variações percentuais se comparadas com o ano de 
2013. 
Em 2017, ocorre uma diminuição ainda mais expressiva em relação ao 
número de famílias com perfil para acompanhamento, passando para 3.164 
famílias, aproximadamente 13% menos famílias em relação a 2015. 
Entretanto também há uma queda de 16% no número de famílias 
acompanhadas, passando para 2.967 famílias acompanhadas. 
Em relação a 2015 houve um aumento de 89% no número de gestante 
acompanhada, sendo que todas as 167 gestantes também fizeram pré-natal 
completo. 
Foram acompanhadas 2.112 crianças, o que demonstra uma diminuição 
de 11,96% em relação ao ano de 2015, destas todas tiveram vacinação em dia, 
e 2.109 crianças tiveram seus registros nutricionais acompanhados. 
Neste ano, 190 famílias não foram acompanhadas, o que representou um 
aumento de 72% em relação a 2015. 
Vale ressaltar também o acompanhamento em relação às crianças em 
situação de trabalho infantil. 
Em 2015 haviam 19 famílias com crianças em situação de trabalho infantil, 
e em 2017 esse número caiu para 16 famílias. Para o ano de 2013 não houve 
foram encontrados dados com registros desse tipo de acompanhamento. 
 
5.4 Repercussões em relação ao descumprimento de condicionalidades 
O acompanhamento do cumprimento das condicionalidades de educação 
ocorre cinco vezes ao ano, de forma bimestral, sem contar dezembro e janeiro 
que são os meses de férias. 
Para a área de saúde são recolhidos dados a cada seis meses. 
45 
 
 
Quando do acompanhamento das famílias, é observado que algumas não 
cumprem as exigências necessárias para se manter no programa e com isso são 
impostas sanções à essas famílias, que podem ir desde advertências até o 
cancelamento do benefício. 
O MDS explica como funciona a questão de aplicação das sanções: 
Para a progressão de um efeito para o seguinte, considera-seo 
intervalo de seis meses. Por exemplo, caso uma família tenha 
sido advertida, em março de 2014, e venha a incorrer em um 
novo descumprimento, em período inferior ou igual a seis meses 
(ou seja, até setembro de 2014), o efeito progride para bloqueio. 
Mas, se o novo descumprimento ocorrer em prazo superior a 
seis meses, o efeito será a advertência, isto é, reinicia-se a 
aplicação gradativa dos efeitos. O prazo de seis meses, no 
entanto, não vale para a progressão da suspensão para o 
cancelamento, que obedece a regras específicas. (MDS, 2018). 
 
Todavia, é possível recorrer das sanções quando couberem justificativas 
para o descumprimento das condicionalidades e o beneficiário pode entrar com 
recursos para reverter a penalidade. Também são revistos os casos em que 
houve erro por parte do órgão fiscalizador, e as famílias tem seus benefícios 
devolvidos. 
Conforme observado na figura 3, são cumpridos diversos passos quando 
ocorrem descumprimentos de condicionalidades, que vão da advertência até o 
cancelamento do benefício. 
Portanto, a família beneficiária tem a chance de corrigir o problema e 
comunicar os órgãos responsáveis, antes de ocorrer o cancelamento. 
Figura 3 - Repercussões das condicionalidades. 
 
Fonte: MDS, 2018. 
46 
 
 
 
No ano de 2013 houveram 144 repercussões por descumprimento das 
condicionalidades de saúde e educação, sendo compostas por 72 advertências, 
41 bloqueios e 31 com 1ª suspensão. 
Todos os 31 casos de bloqueios resultaram em cancelamento do 
benefício. 
Além dos impactos no benefício como um todo, para as famílias que 
recebem o Benefício Variável Jovem também é preciso cumprir a 
condicionalidade de frequência escolar. 
Em 2013, houveram 75 casos de descumprimento da condicionalidade de 
frequência escolar, entretanto nenhum bloqueio foi ocasionado por 
descumprimento nessa modalidade do benefício. 
No ano de 2015 ocorrem 171 repercussões por descumprimento das 
condicionalidades de saúde e educação, sendo que destas, 106 foram 
advertências, 43 bloqueios e 22 tiveram a 1ª suspensão. 
Todavia, não houve nenhum cancelamento de benefício nesse ano. 
Para as famílias com Benefício Variável Jovem, foram registrados 110 
casos de repercussões por descumprimento da condicionalidade de frequência 
escolar, e destes, somente 1 cancelamento. 
Em 2017 ocorreram 72 repercussões por descumprimento das 
condicionalidades saúde e educação, que foram: 30 advertências, 23 bloqueios 
19 com 1ª suspensão. Assim como em 2015 também não houve cancelamentos. 
Já sobre o benefício variável jovem, ocorreram 82 repercussões sobre 
descumprimento da condicionalidade de frequência escolar, entretanto não 
houve cancelamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Após analisar os dados e observar qual a dinâmica das famílias 
beneficiadas no município de Campo Mourão, pode-se concluir que de forma 
geral, o PBF tem cumprido com sua função social proposta, que é o combate a 
pobreza e a extrema pobreza no Brasil. 
Um ponto que merece destaque se relaciona ao fato da transparência com 
que o programa é tratado, sendo possível para qualquer cidadão efetuar 
consultas sobre os valores pagos e diversos outros aspectos que englobam o 
programa. 
Uma outra coisa interessante se relaciona com a questão da gestão do 
programa, onde o governo federal busca cada vez mais alternativas para coibir 
fraudes, assim, o programa beneficia famílias que realmente necessitem. 
Para além disso, os dados analisados demonstram que para a maioria 
dos beneficiários do PBF, o valor do benefício recebido atua muito mais como 
um complemento de renda, haja visto que a maioria das famílias do município 
de Campo Mourão recebem valores substancialmente menores que o valor do 
salário mínimo vigente, para todos os anos analisados, além disso muitas 
famílias receberam somente o valor mínimo do benefício. 
Uma vez observado o número de famílias beneficiadas versus o número 
de ocorrências de descumprimento de condicionalidades, pode-se concluir que 
há, no geral, o cumprimento por parte dos beneficiários, e que a determinação 
de cumprimento de condicionalidades colabora para que as famílias pobres e 
extremamente pobres tenham acesso a saúde e educação, o que pode prevenir 
doenças e promover o acesso a tratamento médico e em caso de doenças, 
aumenta a chance de diagnóstico precoce, e por consequência, o tratamento 
precoce destas. Também ocorre a melhoria e o incentivo no acesso à educação 
de crianças cujas famílias são de baixa renda. Essas ações previnem e coíbem 
os casos de trabalho infantil e evasão escolar. 
Assim, nota-se que no geral, o PBF tem cumprido sua função social no 
município de Campo Mourão, que é o de combater a pobreza e a extrema 
pobreza e ao mesmo tempo promover um acesso maior de cidadania aos 
beneficiários do programa. 
 
48 
 
 
REFERÊNCIAS 
BARTHOLO, L. et al. Bolsa Família, Autonomia Feminina e Equidade de 
Gênero: o que indicam as pesquisas nacionais? In: ______ Texto para 
discussão 2331. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - 
IPEA, 2017. Disponivel em: 
<http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8051/1/td_2331.PDF>. Acesso 
em: mai 2018. 
BARTHOLO, L. et al. Integração de registros Administrativos para Políticas de 
Proteção Social: Contribuições a partir da experiência brasileira. In: ______ 
Texto para dicussão 2376. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisa Econômica 
Aplicada - IPEA, 2018. Disponivel em: 
<http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8297/1/TD_2376.PDF>. Acesso 
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BONETI, L. W. Políticas públicas por dentro. Ijuí: Unijuí, 2007. 
BRASIL. DECRETO Nº 5.209 DE 17 DE SETEMBRO DE 2004. Regulamenta 
a Lei no 10.836, de 9 de janeiro de 2004, que cria o Programa Bolsa 
Família, e dá outras providências., Brasília, DF, set 2004. Disponivel em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5209.htm>. 
Acesso em: fev 2018. 
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a Lei nº 12.382, de 25 de fevereiro de 2011, que dispõe sobre o valor do 
salário mínimo e a sua política de valorização de longo prazo., Brasília, DF, 
dez 2012. Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2012/Decreto/D7872.htm>. Acesso em: ago 2018. 
BRASIL. DECRETO Nº 8.381, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2014. Regulamenta 
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