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Estudos Dos Solos

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Módulo 2 
MECÂNICA DOS SOLOS 
Professor Dr. Marcelo Ribeiro Barison 
  
Cópia parcial da Apostila de MECÂNICA DOS SOLOS 1: CONCEITOS INTRODUTÓRIOS 
Da UFBA, Depto Eng. Civil 
Autores: Sandro Lemos Machado e Miriam de Fátima C. Machado 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      2 
 
 
Curso de especialização em PCHs  CERPCH/UNIFEI/FUPAI 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO AO CURSO 
1.1 Importância do estudo dos solos 
1.2 A mecânica dos solos, a geotecnia e disciplinas relacionadas 
1.3 Aplicações de campo da mecânica dos solos 
1.4 Desenvolvimento do curso 
2. ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS 
2.1 Conceituação de solo e de rocha 
2.2 Intemperismo 
2.3 Ciclo rocha - solo 
2.4 Classificação do solo quanto a origem e formação 
3. TEXTURA E ESTRUTURA DOS SOLOS 
3.1 Tamanho e forma das partículas 
3.2 Identificação táctil visual dos solos 
3.3 Análise granulométrica. 
3.4 Designação segundo NBR 6502 
3.5 Estrutura dos solos 
3.6 Composição química e mineralógica 
4. FASES SÓLIDA - ÁGUA - AR 
4.1 Fase sólida 
4.2 Fase gasosa 
4.3 Fase líqüida 
5. LIMITES DE CONSISTÊNCIA 
5.1 Noções básicas 
5.2 Estados de consistência 
5.3 Determinação dos limites de consistência 
5.4 Índices de consistência 
5.5 Alguns conceitos importantes 
6. CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS 
6.1 Classificação segundo o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS) 
6.2 Classificação segundo a AASHTO 
7. ÍNDICES FÍSICOS 
7.1 Introdução 
7.2 Relações entre volumes 
7.3 Relação entre pesos e volumes - pesos específicos ou entre massas e volumes - 
massa específica 
7.4 Diagrama de fases 
7.5 Utilização do diagrama de fases para a determinação das relações entre os diversos 
índices físicos 
7.6 Densidade relativa 
7.7 Ensaios necessários para determinação dos índices físicos 
7.8 Valores típicos 
8. COMPACTAÇÃO 
8.1 Introdução 
8.2 O emprego da compactação 
8.3 Diferenças entre compactação e adensamento 
8.4 Ensaio de compactação 
8.5 Curva de compactação 
8.6 Energia de compactação 
8.7 Influência da compactação na estrutura dos solos 
8.8 Influência do tipo de solo na curva de compactação 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      3 
 
 
Curso de especialização em PCHs  CERPCH/UNIFEI/FUPAI 
8.9 Escolha do valor de umidade para compactação em campo 
8.10 Equipamentos de campo 
8.11 Controle da compactação 
9. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO 
9.1 Introdução 
9.2 Métodos de prospecção geotécnica 
10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
PRÁTICAS LABORATORIAIS DE MECÂNICA DOS SOLOS 
 
 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      4 
 
 
Curso de especialização em PCHs  CERPCH/UNIFEI/FUPAI 
1. INTRODUÇÃO AO CURSO 
 
 
1.1. Importância do estudo dos solos 
 
 
Quase todas as obras de engenharia têm, de alguma forma, de transmitir as cargas sobre 
elas impostas ao solo. Mesmo as embarcações, ainda durante o seu período de 
construção, transmitem ao solo as cargas devidas ao seu peso próprio. Além disto, em 
algumas obras, o solo é utilizado como o próprio material de construção, assim como o 
concreto e o aço são utilizados na construção de pontes e edifícios. São exemplos de 
obras que utilizam o solo como material de construção os aterros rodoviários, as bases 
para pavimentos de aeroportos e as barragens de terra, estas últimas podendo ser 
citadas como pertencentes a uma categoria de obra de engenharia a qual é capaz de 
concentrar, em um só local, uma enorme quantidade de recursos, exigindo para a sua boa 
construção uma gigantesca equipe de trabalho, calcada principalmente na 
interdisciplinariedade de seus componentes. O estudo do comportamento do solo frente 
às solicitações a ele impostas por estas obras é portanto de fundamental importância. 
Pode-se dizer que, de todas as obras de engenharia, aquelas relacionadas ao ramo do 
conhecimento humano definido como geotecnia (do qual a mecânica do solos faz parte), 
são responsáveis pela maior parte dos prejuízos causados à humanidade, sejam eles de 
natureza econômica ou mesmo a perda de vidas humanas. No Brasil, por exemplo, 
devido ao seu clima tropical e ao crescimento desordenado das metrópoles, um sem 
número de eventos como os deslizamentos de encostas ocorrem, provocando enormes 
prejuízos e ceifando a vida de centenas de pessoas a cada ano. Vê-se daqui a grande 
importância do engenheiro geotécnico no acompanhamento destas obras de engenharia, 
evitando por vezes a ocorrência de desastres catastróficos. 
 
1.2. A mecânica dos solos, a geotecnia e disciplinas relacionadas 
 
Por ser o solo um material natural, cujo processo de formação não depende de forma 
direta da intervenção humana, o seu estudo e o entendimento de seu comportamento 
depende de uma série de conceitos desenvolvidos em ramos afins de conhecimento. A 
mecânica dos solos é o estudo do comportamento de engenharia do solo quando este é 
usado ou como material de construção ou como material de fundação. Ela é uma 
disciplina relativamente jovem da engenharia civil, somente sistematizada e aceita como 
ciência em 1925, após trabalho publicado por Terzaghi (Terzaghi, 1925), que é conhecido, 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      5 
 
 
Curso de especialização em PCHs  CERPCH/UNIFEI/FUPAI 
com todos os méritos, como o pai da mecânica dos solos. Um entendimento dos 
princípios da mecânica dos sólidos é essencial para o estudo da mecânica dos solos. O 
conhecimento e aplicação de princípios de outras matérias básicas como física e química 
são também úteis no entendimento desta disciplina. Por ser um material de origem 
natural, o processo de formação do solo, o qual é estudado pela geologia, irá influenciar 
em muito no seu comportamento. O solo, como veremos adiante, é um material trifásico, 
composto basicamente de ar, água e partículas sólidas. A parte fluida do solo (ar e água) 
pode se apresentar em repouso ou pode se movimentar pelos seus vazios mediante a 
existência de determinadas forças. O movimento da fase fluida do solo é estudado com 
base em conceitos desenvolvidos pela mecânica dos fluidos. Pode-se citar ainda algumas 
disciplinas, como a física dos solos, ministrada em cursos de agronomia, como de grande 
importância no estudo de uma mecânica dos solos mais avançada, denominada de 
mecânica dos solos não saturados. Além disto, o estudo e o desenvolvimento da 
mecânica dos solos são fortemente amparados em bases experimentais, a partir de 
ensaios de campo e laboratório. 
A aplicação dos princípios da mecânica dos solos para o projeto e construção de 
fundações é denominada de "engenharia de fundações". A engenharia geotécnica (ou 
geotecnia) pode ser considerada como a junção da mecânica dos solos, da engenharia de 
geotecnia ambiental, que trata de problemas como transporte de contaminantes pelo solo, 
avaliação de locais impactados, proposição de medidas de remediação para áreas 
impactadas, projetos de sistemas de proteção em aterros sanitários, etc. 
 
 
1.3. Aplicações de campo da mecânica dos solos 
 
Fundações: As cargas de qualquer estrutura têm de ser, em última instância, 
descarregadas no solo através de sua fundação. Assim a fundação é uma parte essencial 
de qualquer estrutura. Seu tipo e detalhes de sua construção podem ser decididos 
somente com o conhecimento e aplicação de princípios da mecânicados solos. 
Obras subterrâneas e estruturas de contenção: Obras subterrâneas como estruturas 
de drenagem, dutos, túneis e as obras de contenção como os muros de arrimo, cortinas 
atirantadas somente podem ser projetadas e construídas usando os princípios da 
mecânica dos solos e o conceito de "interação solo-estrutura". 
Projeto de pavimentos: o projeto de pavimentos pode consistir de pavimentos flexíveis 
ou rígidos. Pavimentos flexíveis dependem mais do solo subjacente para transmissão das 
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Curso de especialização em PCHs  CERPCH/UNIFEI/FUPAI 
cargas geradas pelo tráfego. Problemas peculiares no projeto de pavimentos flexíveis são 
o efeito de carregamentos repetitivos e problemas devidos às expansões e contrações do 
solo por variações em seu teor de umidade. 
Escavações, aterros e barragens: A execução de escavações no solo requer 
freqüentemente o cálculo da estabilidade dos taludes resultantes. Escavações profundas 
podem necessitar de escoramentos provisórios, cujos projetos devem ser feitos com base 
na mecânica dos solos. Para a construção de aterros e de barragens de terra, onde o solo 
é empregado como material de construção e fundação, necessita-se de um conhecimento 
completo do comportamento de engenharia dos solos, especialmente na presença de 
água. O conhecimento da estabilidade de taludes, dos efeitos do fluxo de água através do 
solo, do processo de adensamento e dos recalques a ele associados, assim como do 
processo de compactação empregado é essencial para o projeto e construção eficientes 
de aterros e barragens de terra. 
Transporte de massa: Os conceitos obtidos do estudo do fluxo de água em solos podem 
ser estendidos para a análise do transporte de poluentes miscíveis ou não miscíveis em 
subsuperfície. A mecânica dos solos é uma das importantes ferramentas na realização de 
atividades de diagnóstico, prognóstico e proposição de medidas corretivas para 
problemas ambientais, no que mais recentemente se convencionou chamar de geotecnia 
ambiental. 
 
 
1.4. Desenvolvimento do curso 
 
Este curso de mecânica dos solos pode ter sua parte teórica dividida em duas partes: 
uma parte envolvendo os tópicos origem e formação dos solos, textura e estrutura dos 
solos, análise granulométrica, estudo das fases ar-água-partículas sólidas, limites de 
consistência, índices físicos e classificação dos solos, onde uma primeira aproximação é 
feita com o tema solos e uma segunda parte, envolvendo os tópicos tensões geostáticas e 
induzidas, compactação, permeabilidade dos solos, compressibilidade dos solos, 
resistência ao cisalhamento, estabilidade de taludes e empuxos de terra e estruturas de 
contenção, onde um tratamento mais fundamentado na ótica da engenharia civil é dado 
aos solos. 
 
 
 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      7 
 
 
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2. ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS 
 
2.1. Conceituação de solo e de rocha 
 
Quando mencionamos a palavra solo já nos vem a mente uma idéia intuitiva do que se 
trata. No linguajar popular a palavra solo está intimamente relacionada com a palavra 
terra, a qual poderia ser definida como material solto, natural da crosta terrestre onde 
habitamos, utilizado como material de construção e de fundação das obras do homem. 
Uma definição precisa e teoricamente sustentada do significado da palavra solo é contudo 
bastante difícil, de modo que o termo solo adquire diferentes conotações a depender do 
ramo do conhecimento humano que o emprega. Para a agronomia, o termo solo significa 
o material relativamente fofo da crosta terrestre, consistindo de rochas decompostas e 
matéria orgânica, o qual é capaz de sustentar a vida. Desta forma, os horizontes de solo 
para agricultura possuem em geral pequena espessura. Para a geologia, o termo solo 
significa o material inorgânico não consolidado proveniente da decomposição das rochas, 
o qual não foi transportado do seu local de formação. Na engenharia, é conveniente 
definir como rocha aquilo que é impossível escavar manualmente, que necessite de 
explosivo para seu desmonte. Chamamos de solo, em engenharia, a rocha já decomposta 
ao ponto granular e passível de ser escavada apenas com o auxílio de pás e picaretas ou 
escavadeiras. 
A crosta terrestre é composta de vários tipos de elementos que se interligam e formam 
minerais. Esses minerais poderão estar agregados como rochas ou solo. Todo solo tem 
origem na desintegração e decomposição das rochas pela ação de agentes intempéricos 
ou antrópicos. As partículas resultantes deste processo de intemperismo irão depender 
fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da região. Por ser o produto 
da decomposição das rochas, o solo invariavelmente apresenta um maior índice de vazios 
do que a rocha mãe, vazios estes ocupados por ar, água ou outro fluido de natureza 
diversa. 
Devido ao seu pequeno índice de vazios e as fortes ligações existentes entre os minerais, 
as 
rochas são coesas, enquanto que os solos são granulares. Os grãos de solo podem ainda 
estar impregnados de matéria orgânica. Desta forma, podemos dizer que para a 
engenharia, solo é um material granular composto de rocha decomposta, água, ar (ou 
outro fluido) e eventualmente matéria orgânica, que pode ser escavado sem o auxílio de 
explosivos. 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      8 
 
 
Curso de especialização em PCHs  CERPCH/UNIFEI/FUPAI 
 
2.2. Intemperismo 
 
Intemperismo é o conjunto de processos físicos, químicos e biológicos pelos quais a 
rocha se decompõe para formar o solo. Por questões didáticas, o processo de 
intemperismo é freqüentemente dividido em três categorias: intemperismo físico químico e 
biológico. Deve se ressaltar contudo, que na natureza todos estes processos tendem a 
acontecer ao mesmo tempo, de modo que um tipo de intemperismo auxilia o outro no 
processo de transformação rocha-solo. Os processos de intemperismo físico reduzem o 
tamanho das partículas, aumentando sua área de superfície e facilitando o trabalho do 
intemperismo químico. Já os processos químicos e biológicos podem causar a completa 
alteração física da rocha e alterar suas propriedades químicas. 
 
2.2.1. Intemperismo físico 
 
É o processo de decomposição da rocha sem a alteração química dos seus componentes. 
Os principais agentes do intemperismo físico são citados a seguir: 
Variações de Temperatura - Da física sabemos que todo material varia de volume em 
função de variações na sua temperatura. Estas variações de temperatura ocorrem entre o 
dia e a noite e durante o ano, e sua intensidade será função do clima local. Acontece que 
uma rocha é geralmente formada de diferentes tipos de minerais, cada qual possuindo 
uma constante de dilatação térmica diferente, o que faz a rocha deformar de maneira 
desigual em seu interior, provocando o aparecimento de tensões internas que tendem a 
fraturá-la. Mesmo rochas com uma uniformidade de componentes não têm uma 
arrumação que permita uma expansão uniforme, pois grãos compridos deformam mais na 
direção de sua maior dimensão, tendendo a gerar tensões internas e auxiliar no seu 
processo de desagregação. 
Repuxo coloidal - O repuxo coloidal é caracterizado pela retração da argila devido à sua 
diminuição de umidade, o que em contato com a rocha pode gerar tensões capazes de 
fraturá-la. 
Ciclos gelo/degelo- As fraturas existentes nas rochas podem se encontrar parcialmente 
ou totalmente preenchidas com água. Esta água, em função das condições locais, pode 
vir a congelar, expandindo-se e exercendo esforços no sentido de abrir ainda mais as 
fraturas preexistentes na rocha, auxiliando no processode intemperismo (a água aumenta 
em cerca de 8% o seu volume devido à nova arrumação das suas moléculas durante a 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      9 
 
 
Curso de especialização em PCHs  CERPCH/UNIFEI/FUPAI 
cristalização). Vale ressaltar também que a água transporta substâncias ativas 
quimicamente, incluindo sais que ao reagirem com ácidos provocam cristalização com 
aumento de volume. 
Alívio de pressões - Alívio de pressões irá ocorrer em um maciço rochoso sempre que 
da retirada de material sobre ou ao lado do maciço, provocando a sua expansão, o que 
por sua vez, irá contribuir no fraturamento, estricções e formação de juntas na rocha. 
Estes processos, isolados ou combinados (caso mais comum) "fraturam" as rochas 
continuamente, o que permite a entrada de agentes químicos e biológicos, cujos efeitos 
aumentam a fraturação e tende a reduzir a rocha a blocos cada vez menores. 
 
2.2.2. Intemperismo químico 
 
É o processo de decomposição da rocha com a alteração química dos seus componentes. 
Há várias formas através das quais as rochas decompõem-se quimicamente. 
Pode-se dizer, contudo, que praticamente todo processo de intemperismo químico 
depende da presença da água. Entre os processos de intemperismo químico destacam-se 
os seguintes: 
Hidrólise - Dentre os processos de decomposição química do intemperismo, a hidrólise é 
a que se reveste de maior importância, porque é o mecanismo que leva a destruição dos 
silicatos, que são os compostos químicos mais importantes da litosfera. Em resumo, os 
minerais na presença dos íons H+ liberados pela água são atacados, reagindo com os 
mesmos. O H+ penetra nas estruturas cristalinas dos minerais desalojando os seus íons 
originais (Ca++, K+, Na+, etc.) causando um desequilíbrio na estrutura cristalina do mineral 
e levando-o a destruição. 
Hidratação - Como a própria palavra indica, é a entrada de moléculas de água na 
estrutura dos minerais. Alguns minerais quando hidratados (feldspatos, por exemplo) 
sofrem expansão, levando ao fraturamento da rocha. 
Carbonatação - O ácido carbônico é o responsável por este tipo de intemperismo. O 
intemperismo por carbonatação é mais acentuado em rochas calcárias por causa da 
diferença de solubilidade entre o CaCO3 e o bicarbonato de cálcio formado durante a 
reação. 
Os diferentes minerais constituintes das rochas originarão solos com características 
diversas, de acordo com a resistência que estes tenham ao intemperismo local. Há, 
inclusive, minerais que têm uma estabilidade química e física tal que normalmente não 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      10 
 
 
Curso de especialização em PCHs  CERPCH/UNIFEI/FUPAI 
são decompostos. O quartzo, por exemplo, por possuir uma enorme estabilidade física e 
química é parte predominante dos solos grossos, como as areias e os pedregulhos. 
 
2.2.3. Intemperismo biológico 
 
Neste caso, a decomposição da rocha se dá graças a esforços mecânicos produzidos por 
vegetais através das raízes, por animais através de escavações dos roedores, da 
atividade de minhocas ou pela ação do próprio homem, ou por uma combinação destes 
fatores, ou ainda pela liberação de substâncias agressivas quimicamente, intensificando 
assim o intemperismo químico, seja pela decomposição de seus corpos ou através de 
secreções, como é o caso dos ouriços do mar. 
Logo, os fatores biológicos de maior importância incluem a influência da vegetação no 
processo de fraturamento da rocha e o ciclo de meio ambiente entre solo e planta e entre 
animais e solo. Pode-se dizer que a maior parte do intemperismo biológico poderia ser 
classificado como uma categoria do intemperismo químico em que as reações químicas 
que ocorrem nas rochas são propiciadas por seres vivos. 
 
2.2.4. Influência do intemperismo no tipo de solo 
 
O intemperismo químico possui um poder de desagregação da rocha muito maior do que 
o intemperismo físico. Deste modo, solos gerados em regiões onde há a predominância 
do intemperismo químico tendem a ser mais profundos e mais finos do que aqueles solos 
formados em locais onde há a predominância do intemperismo físico. Além disto, 
obviamente, os solos originados a partir de uma predominância do intemperismo físico 
apresentarão uma composição química semelhante à da rocha mãe, ao contrário 
daqueles solos formados em locais onde há predominância do intemperismo químico. 
 
2.2.5. Influência do clima no tipo de intemperismo 
 
Conforme relatado anteriormente, a água é um fator fundamental no desenvolvimento do 
intemperismo químico da rocha. Deste modo, regiões com altos índices de pluviosidade e 
altos valores de umidade relativa do ar tendem a apresentar uma predominância de 
intemperismo do tipo químico, o contrário ocorrendo em regiões de clima seco. 
 
 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      11 
 
 
Curso de especialização em PCHs  CERPCH/UNIFEI/FUPAI 
2.3. Ciclo rocha – solo 
 
Como vimos, todo solo provem de uma rocha pré-existente, mas dada a riqueza da sua 
formação não é de se esperar do solo uma estagnação a partir de um certo ponto. Como 
em tudo na natureza, o solo continua suas transformações, podendo inclusive voltar a ser 
rocha. De forma simplificada, definiremos a seguir um esquema de transformações que 
vaido magma ao solo sedimentar e volta ao magma (fig. 2.1). 
No interior do Globo Terrestre, graças às elevadas pressões e temperaturas, os 
elementos químicos que compõe as rochas se encontram em estado líqüido, formando o 
magma (fig. 2.1 -6). 
A camada sólida da Terra pode romper-se em pontos localizados e deixar escapar o 
magma. Desta forma, haverá um resfriamento brusco do magma (fig. 2.1 linha 6-1), que 
se transformará em rochas ígneas, nas quais não haverá tempo suficiente para o 
desenvolvimento de estruturas cristalinas mais estáveis. O processo indicado pela linha 6-
1 é denominado de extrusão vulcânica ou derrame e é responsável pela formação da 
rocha ígnea denominada de basalto. A depender do tempo de resfriamento, o basalto 
pode mesmo vir a apresentar uma estrutura vítrea. Quando o magma não chega à 
superfície terrestre, mas ascende a pontos mais próximos à superfície, com menor 
temperatura e pressão, ocorre um resfriamento mais lento (fig. 2.1 linha 6-7), o que 
permite a formação de estruturas cristalinas mais estáveis, e, portanto, de rochas mais 
resistentes, denominadas de intrusivas ou plutônicas (diabásio, gabro e granito). 
Denominam-se normalmente de batólitos os grandes blocos de rocha intrusiva formados 
em subsuperfície. Por ocasião da ocorrência de processos erosivos, esses blocos podem 
vir a aflorar, resultando em belas paisagens. 
 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      12 
 
 
Curso de especialização em PCHs  CERPCH/UNIFEI/FUPAI 
 
Figura 2.1: Ciclo geológico de geração de rochas e solos. 
 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      13 
 
 
Curso de especialização em PCHs  CERPCH/UNIFEI/FUPAI 
Podemos avaliar comparativamente as rochas vulcânicas e plutônicas pelo tamanho dos 
cristais, o que pode ser feito facilmente a olho nu ou com o auxílio de lupas. Cristais 
maiores indicam uma formação mais lenta, característica das rochas plutônicas, e vice-
versa. 
Uma vez exposta, (fig. 2.1-1), a rocha sofre a ação das intempéries e forma os solos 
residuais (fig. 2.1-2), os quais podem ser transportados e depositados sobre outro solo de 
qualquer espécie ou sobre uma rocha (fig. 2.1 linha 2-3), vindo a se tornar um solo 
sedimentar. A contínua deposição de solos faz aumentar a pressão e a temperatura nas 
camadas mais profundas, que terminam por ligarem seus grãos e formar as rochas 
sedimentares (fig. 2.1 linha 3-4), este processo chama-selitificação ou diagênese. 
As rochas sedimentares podem, da mesma maneira que as rochas ígneas, aflorarem à 
superfície e reiniciar o processo de formação de solo ( fig. 2.1 linha 4-1), ou de forma 
inversa, as deposições podem continuar e conseqüentemente prosseguir o aumento de 
pressão e temperatura, o que irá levar a rocha sedimentar a mudar suas características 
texturais e mineralógicas, a achatar os seus cristais de forma orientada transversalmente 
à pressão e a aumentar a ligação entre os cristais (fig. 2.1 linha 4-5). O material que surge 
daí tem características tão diversas da rocha original, que muda a sua designação e 
passa a se chamar rocha metamórfica. 
Naturalmente, a rocha metamórfica está sujeita a ser exposta (fig. 2.1 linha 5-1), 
decomposta e formar solo. Se persistir o aumento de pressão e temperatura graças à 
deposição de novas camadas de solo, a rocha fundirá e voltará à forma de magma (fig. 
2.1 linha 5-6). Obviamente, todos esses processos. com exceção do vulcanismo e de 
alguns transportes mais rápidos, ocorrem numa escala de tempo geológica, isto é, de 
milhares ou milhões de anos. 
As rochas metamórficas podem se originar também da transformação de rochas ígneas 
por níveis de pressão e temperatura elevados. O Gnaisse, por exemplo, é muito 
encontrado no Rio de Janeiro (RJ). Este tipo de rocha que constitui o Corcovado e o Pão 
de Açúcar. A origem dessa rocha se dá da transformação granito. A fig. 2.2 ilustra o 
formato achatado dos grãos de Gnaisse do Arpoador, no Rio de Janeiro. 
 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      14 
 
 
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Figura 2.2 – Achatamento e alinhamento dos grãos minerais provocados pelo 
processo de metamorfismo (http://www.meioambiente.pro.br/arpoador/rochas.html) 
 
Um dos exemplos mais impressionantes e belos do processo de formação de rochas 
ígneas é encontrado na ilha de Staffa, na Irlanda. Neste local, a ocorrência de um 
derrame de basalto foi impedido pela existência de uma espessa camada de calcário 
compacto. Desta forma, formou-se uma camada de basalto subjacente à camada de 
calcário, a qual teve tempo para se resfriar lentamente. Os processos de cristalização e 
resfriamento produziram a formação de belíssimas colunas hexagonais de basalto, 
algumas com mais de 10 metros de altura. Com os processos erosivos que ocorreram 
posteriormente, a camada de calcário diminuiu de espessura, revelando o caráter 
hexagonal das seções das colunas em alguns pontos. A fig. 2.2(a) ilustra as colunas de 
basalto expostas e a fig. 2.2(b) uma caverna formada pela intemperização do calcário 
superficial, cujo teto é sustentado pelas colunas de basalto nas laterais. 
 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      15 
 
 
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Figura 2.3 – Colunas hexagonais de basalto expostas na ilha de Staffa, na Irlanda. 
 
 
2.4. Classificação do solo quanto a origem e formação 
 
Há diferentes maneiras de se classificar os solos, como pela origem, pela sua evolução, 
pela presença ou não de matéria orgânica, pela estrutura, pelo preenchimento dos vazios, 
etc. Neste item apresentar-se-á uma classificação genética para os solos, ou seja, iremos 
classificá-los conforme o seu processo geológico de formação. Na classificação genética, 
os solos são divididos em dois grandes grupos, sedimentares e residuais, a depender da 
existência ou não de um agente de transporte na sua formação, respectivamente. Os 
principais agentes de transporte atuando na formação dos solos sedimentares são a 
água, o vento e a gravidade. Estes agentes de transporte influenciam fortemente nas 
propriedades dos solos sedimentares, a depender do seu grau de seletividade. 
 
2.4.1. Solos residuais 
 
São solos que permanecem no local de decomposição da rocha. Para que eles ocorram é 
necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior do que a velocidade 
de remoção do solo por agentes externos. A velocidade de decomposição depende de 
vários fatores, entre os quais a temperatura, o regime de chuvas e a vegetação. 
As condições existentes nas regiões tropicais são favoráveis a degradações mais rápidas 
da rocha, razão pela qual há uma predominância de solos residuais nestas regiões 
(centro sul do Brasil, por exemplo). Como a ação das intempéries se dá, em geral, de 
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cima para baixo, as camadas superiores são, via de regra, mais trabalhadas que as 
inferiores. Este fato nos permite visualizar todo o processo evolutivo do solo, de modo que 
passamos de uma condição de rocha sã, para profundidades maiores, até uma condição 
de solo residual maduro, em superfície. A fig. 2.4 ilustra um perfil típico de solo residual. 
Conforme se pode observar da fig. 2.4, a rocha sã passa paulatinamente à rocha 
fraturada, depois ao saprolito, ao solo residual jovem e ao solo residual maduro. Em se 
tratando de solos residuais, é de grande interesse a identificação da rocha sã, pois ela 
condiciona, entre outras coisas, a própria composição química do solo. A rocha alterada 
caracteriza-se por uma matriz de rocha possuindo intrusões de solo, locais onde o 
intemperismo atuou de forma mais eficiente. O solo saprolítico ainda guarda 
características da rocha mãe e tem basicamente os mesmos minerais, porém a sua 
resistência já se encontra bastante reduzida. Este pode ser caracterizado como uma 
matriz de solo envolvendo grandes pedaços de rocha altamente alterada. Visualmente 
pode confundir-se com uma rocha alterada, mas apresenta relativamente a rocha 
pequena resistência ao cisalhamento. Nos horizontes saprolíticos é comum a ocorrência 
de grandes blocos de rocha denominados de matacões, responsáveis por muitos 
problemas quando do projeto de fundações. 
 
 
Figura 2.4 - Perfil típico de solo residual. 
 
Introdução à Energia, Regulação e Mercado      17 
 
 
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O solo residual jovem apresenta boa quantidade de material que pode ser classificado 
como pedregulho (# > 4,8 mm). Geralmente são bastante irregulares quanto a resistência 
mecânica, coloração, permeabilidade e compressibilidade, já que o processo de 
transformação não se dá em igual intensidade em todos os pontos, comumente existindo 
blocos da rocha no seu interior. Pode-se dizer também que nos horizontes de solo jovem 
e saprolítico as sondagens a percussão a serem realizadas devem ser revestidas de 
muito cuidado, haja vista que a presença de material pedregulhoso pode vir a danificar os 
amostradores utilizados, vindo a mascarar os resultados obtidos. 
Os solos maduros, mais próximos à superfície, são mais homogêneos e não apresentam 
semelhanças com a rocha original. De uma forma geral, há um aumento da resistência ao 
cisalhamento, da textura (granulometria) e da heterogeneidade do solo com a 
profundidade, razão esta pela qual a realização de ensaios de laboratório em amostras de 
solo residual jovem ou do horizonte saprolítico é bastante trabalhosa. 
 No Recôncavo Baiano é comum a ocorrência de solos residuais oriundos de rochas 
sedimentares. Um perfil típico de solo do recôncavo Baiano é apresentado na fig. 2.5, 
sendo constituído de camadas sucessivas de argila e areia, coerente com o material que 
foi depositado no local. Merece uma atenção especial o solo formado pela decomposição 
da rocha sedimentar denominada de folhelho, muito comum no Recôncavo Baiano. Esta 
rocha, quando decomposta, produz uma argila conhecida popularmente como "massapê", 
que tem como mineral constituinte a montimorilonita, apresentando grande potencialde 
expansão na presença de água. As constantes mudanças de umidade a que o solo está 
submetido provocam variações de volume que geram sérios problemas nas construções 
(aterros ou edificações) assentes sobre estes solos. A fig. 2.6 apresenta fotos que 
ilustram alguns dos aspectos de um Folhelho/Massapê comumente encontrado em 
Pojuca, Região Metropolitana de Salvador. Na fig. 2.6(a) pode-se notar o aspecto 
extremamente fraturado do folhelho alterado enquanto na fig. 2.6(b) nota-se a existência 
de uma grande quantidade de trincas de tração originadas pela secagem do solo ao ser 
exposto à atmosfera. 
 
 
 
 
 
 
 
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2.4.2. Solos sedimentares 
 
Os solos sedimentares ou transportados são aqueles que foram levados ao seu local 
atual por algum agente de transporte e lá depositados. As características dos solos 
sedimentares são função do agente de transporte. Cada agente de transporte seleciona 
os grãos que transporta com maior ou menor facilidade, além disto, durante o transporte, 
as partículas de solo se desgastam e/ou quebram. Resulta daí um tipo diferente de solo 
para cada tipo de transporte. Esta influência é tão marcante que a denominação dos solos 
sedimentares é feita em função do agente de transporte predominante. Pode-se listar os 
agentes de transporte, por ordem decrescente de seletividade, da seguinte forma: 
Ventos (Solos Eólicos) 
Águas (Solos Aluvionares) 
♣ Água dos Oceanos e Mares (Solos Marinhos) 
♣ Água dos Rios (Solos Fluviais) 
♣ Água de Chuvas (Solos Pluviais) 
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Geleiras (Solos Glaciais) 
Gravidade (Solos Coluvionares) 
Os agentes naturais citados acima não devem ser encarados apenas como agentes de 
transporte, pois eles têm uma participação ativa no intemperismo e portanto na formação 
do próprio solo, o que ocorre naturalmente antes do seu transporte. 
 
2.4.2.1 Solos eólicos 
 
O transporte pelo vento dá origem aos depósitos eólicos de solo. Em virtude do atrito 
constante entre as partículas, os grãos de solo transportados pelo vento geralmente 
possuem forma arredondada. A capacidade do vento de transportar e erodir é muito maior 
do que possa parecer à primeira vista. Vários são os exemplos de construções e até 
cidades soterradas parcial ou totalmente pelo vento, como foram os casos de Itaúnas - ES 
e Tutóia - MA; os grãos mais finos do deserto do Saara atingem em grande escala a 
Inglaterra, percorrendo uma distância de mais de 3000km!. Como a capacidade de 
transporte do vento depende de sua velocidade, o solo é geralmente depositado em 
zonas de calmaria. 
O transporte eólico é o mais seletivo tipo de transporte das partículas do solo. Se por um 
lado grãos maiores e mais pesados não podem ser transportados, os solos finos, como as 
argilas, têm seus grãos unidos pela coesão, formando torrões dificilmente levados pelo 
vento. Esse efeito também ocorre em areias e siltes saturados (falsa coesão) o que faz da 
linha de lençol freático (definida por um valor de pressão da água intersticial igual a 
atmosférica) um limite para a atuação dos ventos. 
Pode-se dizer portanto que a ação do transporte do vento se restringe ao caso das areias 
finas ou silte. Por conta destas características, os solos eólicos possuem grãos de 
aproximadamente mesmo diâmetro, apresentando uma curva granulométrica denominada 
de uniforme. São exemplos de solos eólicos: 
 
- As dunas 
As dunas são exemplos comuns de solos eólicos nordeste do Brasil). A formação de uma 
duna se dá inicialmente pela existência de um obstáculo ao caminho natural do vento, o 
que diminui a sua velocidade e resulta na deposição de partículas de solo (fig. 2.7) A 
deposição continuada de solo neste local acaba por gerar mais deposição de solo, já que 
o obstáculo ao caminho do vento se torna cada vez maior. Durante o período de 
existência da duna, partículas de areia são levadas até o seu topo, rolando então para o 
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outro lado. Este movimento faz com que as dunas se desloquem a uma velocidade de 
poucos metros por ano, o que para os padrões geológico é muito rápido. 
 
 
 
- Os solos Loéssicos 
Formado por deposições sobre vegetais que ao se decomporem deixam seu molde no 
maciço, o Loess é um solo bastante problemático para a engenharia, pois a despeito de 
uma capacidade de formar paredões de altura fora do comum e inicialmente suportar 
grandes esforços mecânicos, podem se romper completa e abruptamente devido ao 
umedecimento. 
O Loess, comum na Europa oriental, geralmente contem grandes quantidades de cal, 
responsável por sua grande resistência inicial. Quando umedecido, contudo, o cimento 
calcáreo existente no solo pode ser dissolvido e solo entra em colapso. 
 
2.4.2.2. Solos aluvionares 
 
São solos resultantes do transporte pela água e sua textura depende da velocidade da 
água no momento da deposição, sendo freqüente a ocorrência de camadas de 
granulometrias distintas, devidas às diversas épocas de deposição. O transporte pela 
água é bastante semelhante ao transporte realizado pelo vento, porém algumas 
características importantes os distinguem: 
a) Viscosidade - por ser mais viscosa a água tem uma capacidade de transporte maior, 
transportando grãos de tamanhos diversos. 
b) Velocidade e Direção - ao contrário do vento que em um minuto pode soprar com 
forças e direções bastante diferenciadas, a água têm seu roteiro mais estável; 
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suas variações de velocidade tem em geral um ciclo anual e as mudanças de direção 
estão condicionadas ao próprio processo de desmonte e desgaste do relevo. 
c) Dimensão das Partículas - os solos aluvionares fluviais são, via de regra, mais grossos 
que os eólicos, pois as partículas mais finas mantêm-se sempre em suspensão e só se 
sedimentam quando existe um processo químico que as flocule (isto é o que acontece no 
mar ou em alguns lagos). 
d) Eliminação da Coesão - vimos que o vento não pode transportar os solos argilosos 
devido a coesão entre os seus grãos. A presença de água em abundância diminui este 
efeito; com isso somam-se as argilas ao universo de partículas transportadas pela água. 
 
- Solos pluviais 
A água das chuvas pode ser retida em vegetais ou construções, podendo se evaporar a 
partir daí. Ela pode se infiltrar no solo ou escoar sobre este e, neste caso, a vegetação 
rasteira funciona como elemento de fixação da parte superficial do solo ou como um 
tapete impermeabilizador (para as gramíneas), sendo um importante elemento de 
proteção contra a erosão. 
A água que se infiltra pode carrear grãos finos através dos poros existentes nos solos 
grossos, mas este transporte é raro e pouco volumoso, portanto de pouca relevância em 
relação à erosão superficial. De muito maior importância é o solo que as águas das 
chuvas levam ao escoar de pontos mais elevados no relevo aos vales. Os vales contém 
rios ou riachos que serão alimentados não só da água que escoa das escarpas, como 
também de matéria sólida. 
 
- Solos fluviais 
Os rios durante sua existência têm várias fases. Em áreas de formação geológicas mais 
recentes, menos desgastadas, existem irregularidades topográficas muito grandes e por 
isso os rios têm uma inclinação maior e conseqüentemente uma maior velocidade. 
Existem vários fatores determinantes da capacidade de erosão e transportedos rios, 
sendo a velocidade a mais importante. Assim, os rios mais jovens transportam mais 
matéria sólida do que os rios mais velhos. 
Sabe-se que os rios não possuem a mesma idade em toda a sua extensão; quanto mais 
distantes da nascente, menor a inclinação e a velocidade. As partículas de determinado 
tamanho passam a ter peso suficiente para se decantar e permanecer naquele ponto, 
outras menores só serão depositadas com velocidade também menor. O transporte fluvial 
pode ser descrito sumariamente da seguinte forma: 
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a) Os rios desgastam o relevo em sua parte mais elevada e levam os solos para sua parte 
mais baixa, existindo com o tempo uma tendência a planificação do leito. Rios mais 
velhos têm portanto menor velocidade e transportam menos. 
b) Cada tamanho de grão será depositado em um determinado ponto do rio, 
correspondente a uma determinada velocidade, o que leva os solos fluviais a terem uma 
certa uniformidade granulométrica. Solos muito finos, como as argilas, permanecerão em 
suspensão até decantar em mares ou lagos com água em repouso. 
De um modo geral, pode-se dizer que os solos aluvionares apresentam um grau de 
uniformidade de tamanho de grãos intermediário entre os solos eólicos (mais uniformes) e 
coluvionares (menos uniformes). 
 
- Solos marinhos 
As ondas atingem as praias com um pequeno ângulo em relação ao continente. Isso faz 
com que a areia, além do movimento de vai e vem das ondas, desloquem-se também ao 
longo da praia. Obras que impeçam esse fluxo tendem a ser pontos de deposição de 
areia, o que pode acarretar sérios problemas. 
 
2.4.2.3. Solos glaciais 
 
De pequena importância para nós, os solos formados pelas geleiras, ao se deslocarem 
pela ação da gravidade, são comuns nas regiões temperadas. São formados de maneira 
análoga aos solos fluviais. A corrente de gelo que escorre de pontos elevados onde o gelo 
é formado para as zonas mais baixas, leva consigo partículas de solo e rocha, as quais, 
por sua vez, aumentam o desgaste do terreno. 
Os detritos são depositados nas áreas de degelo. Uma ampla gama de tamanho de 
partículas é transportada, levando assim a formação de solos bastante heterogêneos que 
possuem desde grandes blocos de rocha até materiais de granulometria fina. 
 
2.4.2.4. Solos coluvionares 
 
São solos formados pela ação da gravidade. Os solos coluvionares são dentre os solos 
transportados os mais heterogêneos granulometricamente, pois a gravidade transporta 
indiscriminadamente desde grandes blocos de rocha até as partículas mais finas de 
argila. 
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Entre os solos coluvionares estão os escorregamentos das escarpas da Serra do Mar 
formando os tálus nos pés do talude, massas de materiais muito diversas e sujeitas a 
movimentações de rastejo. Têm sido também classificados como coluviões os solos 
superficiais do Planalto Brasileiro depositados sobre solos residuais. 
 
- Tálus - Os tálus são solos coluvionares formados pelo deslizamento de solo do topo das 
encostas. No sul da Bahia existem solos formados pela deposição de colúvios em áreas 
mais baixas, os quais se apresentam geralmente com altos teores de umidade e são 
propícios à lavoura cacaueira. Encontram-se solos coluvionares (tálus) também na Cidade 
Baixa, em Salvador, ao pé da encosta paralela à falha geológica que atravessa a Baia de 
Todos os Santos. De extrema beleza são os tálus encontrados na Chapada Diamantina, 
Bahia. A fig. 2.8 lustra formações típicas da região. A parte mais inclinada dos morros 
corresponde à formação original, enquanto que a parte menos inclinada é composta 
basicamente de solo coluvionar (tálus). 
 
Figura 2.8 - Exemplo de solos coluvionares (tálus) encontrados na chapada diamantina. 
 
 
2.4.3. Solos orgânicos 
 
Formados pela impregnação do solo por sedimentos orgânicos preexistentes, em geral 
misturados a restos de vegetais e animais. Podem ser identificados pela cor escura e por 
possuir forte cheiro característico. Têm granulometria fina, pois os solos grossos tem uma 
permeabilidade que permite a "lavagem" dos grãos, eximindo-os da matéria impregnada. 
 
- Turfas - solos que incorporam florestas soterradas em estado avançado de 
decomposição. Têm estrutura fibrilar composta de restos de fibras vegetais e não se 
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aplicam aí as teorias da Mecânica dos Solos, sendo necessários estudos especiais. Têm 
ocorrência registrada na Bahia, Sergipe, Rio Grande do Sul e outros estados do Brasil. 
 
2.4.4. Solos de evolução pedogênica 
 
 Alguns solos sofrem, em seu local de formação (ou de deposição) uma série de 
transformações físico-químicas que os levam a ser classificados como solos de evolução 
pedogênica. Os solos lateríticos são um tipo de solo de evolução pedogênica. O processo 
de laterização é típico de regiões onde há uma nítida separação entre períodos chuvosos 
e secos e é caracterizado pela lavagem da sílica coloidal dos horizontes superiores do 
solo, com posterior deposição desta em horizontes mais profundos, resultando em solos 
superficiais com altas concentrações de óxidos de ferro e alumínio. A importância do 
processo de laterização no comportamento dos solos tropicais é discutida no item 
classificação dos solos. 
 
 
3. TEXTURA E ESTRUTURA DOS SOLOS 
 
3.1. Tamanho e Forma das Partículas 
 
Entende-se por textura o tamanho relativo e a distribuição das partículas sólidas que 
formam os solos. O estudo da textura dos solos é realizado por intermédio do ensaio de 
granulometria, do qual falaremos adiante. Pela sua textura os solos podem ser 
classificados em dois grandes grupos: solos grossos (areia, pedregulho, matacão) e solos 
finos (silte e argila). Esta divisão é fundamental no entendimento do comportamento dos 
solos, pois a depender do tamanho predominante das suas partículas, as forças de 
campo influenciando em seu comportamento serão gravitacionais (solos grossos) ou 
elétricas (solos finos). De uma forma geral, pode-se dizer que quanto maior for a relação 
área/volume ou área/massa das partículas sólidas, maior será a predominância das forças 
elétricas ou de superfície. Estas relações são inversamente proporcionais ao tamanho das 
partículas, de modo que os solos finos apresentam uma predominância das forças de 
superfície na influência do seu comportamento. Conforme relatado anteriormente, o tipo 
de intemperismo influencia na textura e estrutura do solo. Pode-se dizer que partículas 
com dimensões até cerca de 0,001mm são obtidas através do intemperismo físico, já as 
partículas menores que 0,001mm provém do intemperismo químico. 
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- Solos Grossos 
Nos solos grossos, por ser predominante a atuação de forças gravitacionais, resultando 
em arranjos estruturais bastante simplificados, o comportamento mecânico e hidráulico 
está principalmente condicionado a sua compacidade, que é uma medida de quão 
próximas estão as partículas sólidas umas das outras, resultando em arranjos com 
maiores ou menores quantidades de vazios. Os solos grossos possuem uma maior 
percentagem de partículas visíveis a olho nu (φ ≥ 0,074 mm) e suas partículas têm formas 
arredondadas, poliédricas e angulosas. 
 
. Pedregulhos: 
São classificados como pedregulho as partículas de solo com dimensões maiores que 
2,0mm (DNER, MIT) ou 2,0mm (ABNT). Os pedregulhos são encontradosem geral nas 
margens dos rios, em depressões preenchidas por materiais transportados pelos rios ou 
até mesmo em uma massa de solo residual (horizontes correspondentes ao solo residual 
jovem e ao saprolito). 
 
. Areias: 
As areias se distinguem pelo formato dos grãos que pode ser angular, sub angular e 
arredondado, sendo este último uma característica das areias transportadas por rios ou 
pelo vento. 
A forma dos grãos das areias está relacionada com a quantidade de transporte sofrido 
pelos mesmos até o local de deposição. O transporte das partículas dos solos tende a 
arredondar as suas arestas, de modo que quanto maior a distância de transporte, mais 
esféricas serão as partículas resultantes. Classificamos como areia as partículas com 
dimensões entre 2,0mm e 0,074mm (DNER), 2,0mm e 0,05mm (MIT) ou ainda 2,0mm e 
0,06mm (ABNT). 
O formato dos grãos de areia tem muita importância no seu comportamento mecânico, 
pois determina como eles se encaixam e se entrosam, e, em contrapartida, como eles 
deslizam entre si quando solicitados por forças externas. Por outro lado, como estas 
forças se transmitem dentro do solo pelos pequenos contatos existentes entre as 
partículas, as de formato mais angulares, por possuírem em geral uma menor área de 
contato, são mais suscetíveis a se quebrarem. 
 
 
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- Solos Finos 
Quando as partículas que constituem o solo possuem dimensões menores que 0,074mm 
(DNER), ou 0,06mm (ABNT), o solo é considerado fino e, neste caso, será classificado 
como argila ou como silte. 
Nos solos formados por partículas muito pequenas, as forças que intervêm no processo 
de estruturação do solo são de caráter muito mais complexo e serão estudadas no item 
composição mineralógica dos solos. Os solos finos possuem partículas com formas 
lamelares, fibrilares e tubulares e é o mineral que determina a forma da partícula. As 
partículas de argila normalmente apresentam uma ou duas direções em que o tamanho 
da partícula é bem superior àquele apresentado em uma terceira direção. O 
comportamento dos solos finos é definido pelas forças de superfície (moleculares, 
elétricas) e pela presença de água, a qual influi de maneira marcante nos fenômenos de 
superfície dos argilo-minerais. 
 
. Argilas: 
A fração granulométrica do solo classificada como argila (diâmetro inferior a 0,002mm) se 
caracteriza pela sua plasticidade marcante (capacidade de se deformar sem apresentar 
variações volumétricas) e elevada resistência quando seca. É a fração mais ativa dos 
solos. 
 
. Siltes: 
Apesar de serem classificados como solos finos, o comportamento dos siltes é governado 
pelas mesmas forças dos solos grossos (forças gravitacionais), embora possuam alguma 
atividade. 
Estes possuem granulação fina, pouca ou nenhuma plasticidade e baixa resistência 
quando seco. 
A fig. 3.1 apresenta a escala granulométrica adotada pela ABNT (NBR 6502): 
 
 
 
 
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3.2. Identificação Visual e Táctil dos Solos 
 
Muitas vezes em campo temos a necessidade de uma identificação prévia do solo, sem 
que o uso do aparato de laboratório esteja disponível. Esta classificação primária é 
extremamente importante na definição (ou escolha) de ensaios de laboratório mais 
elaborados e pode ser obtida a partir de alguns testes feitos rapidamente em uma 
amostra de solo. No processo de identificação táctil visual de um solo utilizam-se 
freqüentemente os seguintes procedimentos (vide NBR 7250): 
Tato: Esfrega-se uma porção do solo na mão. As areias são ásperas; as argilas parecem 
com um pó quando secas e com sabão quando úmidas. 
Plasticidade: Moldar bolinhas ou cilindros de solo úmido. As argilas são moldáveis 
enquanto as areias e siltes não são moldáveis. 
Resistência do solo seco: As argilas são resistentes a pressão dos dedos enquanto os 
siltes e areias não são. 
Dispersão em água: Misturar uma porção de solo seco com água em uma proveta, 
agitando-a. As areias depositam-se rapidamente, enquanto que as argilas turvam a 
suspensão e demoram para sedimentar. 
Impregnação: Esfregar uma pequena quantidade de solo úmido na palma de uma das 
mãos. Colocar a mão embaixo de uma torneira aberta e observar a facilidade com que a 
palma da mão fica limpa. Solos finos se impregnam e não saem da mão com facilidade. 
Dilatância: O teste de dilatância permite obter uma informação sobre a velocidade de 
movimentação da água dentro do solo. Para a realização do teste deve-se preparar uma 
amostra de solo com cerca de 15mm de diâmetro e com teor de umidade que lhe garanta 
uma consistência mole. O solo deve ser colocado sobre a palma de uma das mãos e 
distribuído uniformemente sobre ela, de modo que não apareça uma lâmina d'água. O 
teste se inicia com um movimento horizontal da mão, batendo vigorosamente a sua lateral 
contra a lateral da outra mão, diversas vezes. Deve-se observar o aparecimento de uma 
lâmina d'água na superfície do solo e o tempo para a ocorrência. Em seguida, a palma da 
mão deve ser curvada, de forma a exercer uma leve compressão na amostra, 
observando-se o que poderá ocorrer à lâmina d' água, se existir, à superfície da amostra. 
O aparecimento da lâmina d água durante a fase de vibração, bem como o seu 
desaparecimento durante a compressão e o tempo necessário para que isto aconteça 
deve ser comparado aos dados da tabela 3.1, para a classificação do solo. 
 
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Após realizados estes testes, classifica-se o solo de modo apropriado, de acordo com os 
resultados obtidos (areia siltosa, argila arenosa, etc.). Os solos orgânicos são 
identificados em separado, em função de sua cor e odor característicos. 
Além da identificação táctil visual do solo, todas as informações pertinentes à identificação 
do mesmo, disponíveis em campo, devem ser anotadas. Deve-se informar, sempre que 
possível, a eventual presença de material cimentante ou matéria orgânica, a cor do solo, o 
local da coleta do solo, sua origem geológica, sua classificação genética, etc. 
A distinção entre solos argilosos e siltosos, na prática da engenharia geotécnica, possui 
certas dificuldades, já que ambos os solos são finos. Porém, após a identificação tátil-
visual ter sido realizada, algumas diferenças básicas entre eles, já citadas nos parágrafos 
anteriores, podem ser utilizadas para distingui-los. 
1- O solo é classificado como argiloso quando se apresenta bastante plástico em 
presença de água, formando torrões resistentes ao secar. Já os solos siltosos quando 
secos, se esfarelam com facilidade. 
2- Os solos argilosos se desmancham na água mais lentamente que os solos siltosos. Os 
solos siltosos, por sua vez, apresentam dilatância marcante, o que não ocorre com os 
solos argilosos. 
 
3.3. Análise Granulométrica 
 
A análise da distribuição das dimensões dos grãos, denominada análise granulométrica, 
objetiva determinar os tamanhos dos diâmetros equivalentes das partículas sólidas em 
conjunto com a proporção de cada fração constituinte do solo em relação ao peso de solo 
seco. A representação gráfica das medidas realizadas é denominada de curva 
granulométrica. Pelo fato de o solo geralmente apresentar partículas com diâmetros 
equivalentes variando em uma ampla faixa, a curva granulométrica é normalmente 
apresentada em um gráfico semi-log, com o diâmetro equivalente das partículas em uma 
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escala logarítmica e a percentagem de partículas com diâmetro inferior à abertura da 
peneira considerada (porcentagem que passa) em escala linear. 
 
3.3.1. Ensaio de Granulometria 
 
O ensaio de granulometria conjunta para o levantamento da curva granulométrica do solo 
é realizado com base em dois procedimentos distintos: a) peneiramento - realizado para 
partículas com diâmetros equivalentes superiores a 0,074mm (peneira 200) e b) 
Sedimentação - procedimento válido para partículas com diâmetros equivalentes 
inferiores a 0,2mm. O ensaio de peneiramento não é realizado para partículas com 
diâmetros inferiores a 0,074mm pela dificuldade em se confeccionar peneiras com 
aberturas de malha desta ordem de grandeza. 
Embora existindo no mercado, a peneira 400 (com abertura de malha de 0,045mm) não é 
regularmente utilizada no ensaio de peneiramento, por ser facilmente danificada e de 
custo elevado. 
O ensaio de granulometria é realizado empregando-se os seguintes equipamentos: jogo 
de peneiras, balança, estufa, destorroador, quarteador, bandejas, proveta, termômetro, 
densímetro, cronômetro, dispersor, defloculante, etc. A preparação das amostras de solo 
se dá pelos processos de secagem ao ar, quarteamento, destorroamento (vide NBR 
9941), utilizando-se quantidades de solo que variam em função de sua textura 
(aproximadamente 1500g para o caso de solos grossos e 200g, para o caso de solos 
finos). 
A seguir são listadas algumas características dos processos normalmente empregados no 
ensaio de granulometria conjunta (vide NBR 7181): 
Peneiramento: utilizado para a fração grossa do solo (grãos com até 0,074mm de 
diâmetro equivalente), realiza-se pela passagem do solo por peneiras padronizadas e 
pesagem das quantidades retidas em cada uma delas. Retira-se 50 a 100g da quantidade 
que passa na peneira de #200 e prepara-se o material para a sedimentação. 
Sedimentação: os solos muito finos, com granulometria inferior a 0,074mm, são tratados 
de forma diferenciada, através do ensaio de sedimentação desenvolvido por Arthur 
Casagrande. 
Este ensaio se baseia na Lei de Stokes, segundo a qual a velocidade de queda, V, de 
uma partícula esférica, em um meio viscoso infinito, é proporcional ao quadrado do 
diâmetro da partícula. 
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Sendo assim, as menores partículas se sedimentam mais lentamente que as partículas 
maiores. 
O ensaio de sedimentação é realizado medindo-se a densidade de uma suspensão de 
solo em água, no decorrer do tempo. A partir da medida da densidade da solução no 
tempo, calcula-se a percentagem de partículas que ainda não sedimentaram e a 
velocidade de queda destas partículas (a profundidade de medida da densidade é 
calculada em função da curva de calibração do densímetro). Com o uso da lei de Stokes, 
pode-se inferir o diâmetro máximo das partículas ainda em suspensão, de modo que com 
estes dados, a curva granulométrica é completada. A eq. 3.1 apresenta a lei de Stokes. 
 
 
Deve-se notar que o diâmetro equivalente calculado empregando-se a eq. 3.1 
corresponde a apenas uma aproximação, à medida em que durante a realização do 
ensaio de sedimentação, as seguintes ocorrências tendem a afastá-lo das condições 
ideais para as quais a lei de Stokes foi formulada. 
As partículas de solo não são esféricas (muito menos as partículas dos argilo-minerais 
que têm forma placóide). 
A coluna líquida possui tamanho definido. 
O movimento de uma partícula interfere no movimento de outra. 
As paredes do recipiente influenciam no movimento de queda das partículas. 
O peso específico das partículas do solo é um valor médio. 
O processo de leitura (inserção e retirada do densímetro) influencia no processo de queda 
das partículas. 
 
3.3.2. Representação Gráfica do resultado do ensaio de granulometria 
 
A representação gráfica do resultado de um ensaio de granulometria é dada pela curva 
granulométrica do solo. A partir da curva granulométrica, podemos separar facilmente os 
solos grossos dos solos finos, apontando a percentagem equivalente de cada fração 
granulométrica que 
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constitui o solo (pedregulho, areia, silte e argila). Além disto, a curva granulométrica pode 
fornecer informações sobre a origem geológica do solo que está sendo investigado. Por 
exemplo, na fig. 3.2, a curva granulométrica a corresponde a um solo com a presença de 
partículas em uma ampla faixa de variação. Assim, o solo representado por esta curva 
granulométrica poderia ser um solo de origem glacial, um solo coluvionar (tálus) (ambos 
de baixa seletividade) ou mesmo um solo residual jovem. Contrariamente, o solo descrito 
pela curva granulométrica c foi evidentemente depositado por um agente de transporte 
seletivo, tal como a água ou o vento (a curva c poderia representar um solo eólico, por 
exemplo), pois possui quase que todas as partículas do mesmo diâmetro. Na curva 
granulométrica b, uma faixa de diâmetros das partículas sólidas está ausente. Esta curva 
poderia ser gerada, por exemplo, por variações bruscas na capacidade de transporte de 
um rio em decorrência de chuvas. 
De acordo com a curva granulométrica obtida, o solo pode ser classificado como bem 
graduado, caso ele possua uma distribuição contínua de diâmetros equivalentes em uma 
ampla faixa de tamanho de partículas (caso da curva granulométrica a) ou mal graduado, 
caso ele possua uma curva granulométrica uniforme (curva granulométrica c) ou uma 
curva granulométrica que apresente ausência de uma faixa de tamanhos de grãos (curva 
granulométrica b). 
Alguns sistemas de classificação utilizam a curva granulométrica para auxiliar na previsão 
do comportamento de solos grossos. Para tanto, estes sistemas de classificação lançam 
mão de alguns índices característicos da curva granulométrica, para uma avaliação de 
sua uniformidade e curvatura. Os coeficientes de uniformidade e curvatura de uma 
determinada curva granulométrica são obtidos a partir de alguns diâmetros equivalente 
característicos do solo na curva granulométrica. São eles: 
D10 - Diâmetro efetivo - Diâmetro eqüivalente da partícula para o qual temos 10% das 
partículas passando (10% das partículas são mais finas que o diâmetro efetivo). 
D30 e D60 - O mesmo que o diâmetro efetivo, para as percentagens de 30 e 60%, 
respectivamente. 
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As equações 3.2 e 3.3 apresentam os coeficientes de uniformidade e curvatura de uma 
dada curva granulométrica. 
Coeficiente de uniformidade: 
 
 
De acordo como valor do Cu obtido, a curva granulométrica pode ser classificada 
conforme apresentado abaixo: 
Cu < 5 → muito uniforme 
5 < Cu < 15 → uniformidade média 
Cu > 15 → não uniforme 
 
Coeficiente de curvatura: 
 
Classificação da curva granulométrica quanto ao coeficiente de curvatura 
1 < Cc < 3 → solo bem graduado 
Cc < 1 ou Cc > 3 → solo mal graduado 
 
 
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3.4. Designação segundo a NBR-6502 
 
A NBR- 6502 apresenta algumas regras práticas para designar os solos de acordo com a 
sua curva granulométrica. A tabela 3.2 ilustra o resultado de ensaios de granulometria 
realizados em três solos distintos. As regras apresentadas pela NBR-6502 serão então 
empregadas para classificá-los, em caráter ilustrativo. 
 
 
 
Normas para a designação do solo segundo a NBR 6502, baseando-se na sua curvagranulométrica 
 
Quando da ocorrência de mais de 10% de areia, silte ou argila adjetiva-se o solo com as 
frações obtidas, vindo em primeiro lugar as frações com maiores percentagens. 
Em caso de empate, adota-se a seguinte hierarquia: 1°) Argila; 2°) Areia e e 3°) Silte 
No caso de percentagens menores do que 10% adjetiva-se o solo do seguinte modo, 
independente da fração granulométrica considerada: 
1 a 5% → com vestígios de 
5 a 10% → com pouco 
Para o caso de pedregulho com frações superiores a 10% adjetiva-se o solo do seguinte 
modo: 
10 a 29% → com pedregulho 
> 30% → com muito pedregulho 
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Resultado da nomenclatura dos solos conforme os dados apresentados na tabela 3.2. 
Solo 1: Argila Silto-Arenosa com pouco Pedregulho 
Solo 2: Areia Silto-Argilosa com Pedregulho 
Solo 3: Pedregulho Arenoso com vestígios de Silte e Pedra 
 
3.5. Estrutura dos Solos 
 
Denomina-se estrutura dos solos a maneira pela qual as partículas minerais de diferentes 
tamanhos se arrumam para formá-lo. A estrutura de um solo possui um papel 
fundamental em seu comportamento, seja em termos de resistência ao cisalhamento, 
compressibilidade ou permeabilidade. Como os solos finos possuem o seu 
comportamento governado por forças elétricas, enquanto os solos grossos têm na 
gravidade o seu principal fator de influência, a estrutura dos solos finos ocorre em uma 
diversificação e complexidade muito maior do que a estrutura dos solos grossos. De fato, 
sendo a gravidade o fator principal agindo na formação da estrutura dos solos grossos, a 
estrutura destes solos difere, de solo para solo, somente no que se refere ao seu grau de 
compacidade. No caso dos solos finos, devido a presença das forças de superfície, 
arranjos estruturais bem mais elaborados são possíveis. A fig. 3.3 ilustra algumas 
estruturas típicas de solos grossos e finos. 
 
 
 
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Quando duas partículas de argila estão muito próximas, entre elas ocorrem forças de 
atração e de repulsão. As forças de repulsão são devidas às cargas líqüidas negativas 
que elas possuem e que ocorrem desde que as camadas duplas estejam em contato. As 
forças de atração decorrem de forças de Van der Waals e de ligações secundárias que 
atraem materiais adjacentes. 
Da combinação das forças de atração e de repulsão entre as partículas resulta a estrutura 
dos solos, que se refere à disposição das partículas na massa de solo e as forças entre 
elas. Lambe (1969) identificou dois tipos básicos de estrutura do solo, denominando-os de 
estrutura floculada, quando os contatos se fazem entre faces e arestas das partículas 
sólidas, ainda que através da água adsorvida, e de estrutura dispersa quando as 
partículas se posicionam paralelamente, face a face. 
 
3.6. Composição Química e Mineralógica 
 
Os solos são formados a partir da desagregação de rochas por ações físicas e químicas 
do intemperismo. As propriedades química e mineralógica das partículas dos solos assim 
formados irão depender fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da 
região. Estas propriedades, por sua vez, irão influenciar de forma marcante o 
comportamento mecânico do solo. 
Os minerais são partículas sólidas inorgânicas que constituem as rochas e os solos, e que 
possuem forma geométrica, composição química e estrutura própria e definidas. Eles 
podem ser divididos em dois grandes grupos, a saber: 
- Primários ⇒ Aqueles encontrados nos solos e que sobrevivem a transformação da 
rocha (advêm portanto do intemperismo físico). 
- Secundários ⇒ Os que foram formados durante a transformação da rocha em solo 
(ação do intemperismo químico). 
 
3.6.1. Solos Grossos - Areias e Pedregulhos 
 
As partículas dos solos grossos, dentre as quais apresentam-se os pedregulhos, são 
constituídas algumas vezes de agregações de minerais distintos, sendo mais comum, 
entretanto, que as partículas sejam constituídas de um único mineral. Estes solos são 
formados, na sua maior parte, por silicatos (90%) e apresentam também na sua 
composição óxidos, carbonatos e sulfatos. 
 
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Silicatos - feldspato, quartzo, mica, serpentina 
Grupos Minerais Óxidos - hematita, magnetita, limonita 
Carbonatos - calcita, dolomita 
Sulfatos - gesso, anidrita 
O quartzo, presente na maioria das rochas, é bastante estável, e em geral resiste bem ao 
processo de transformação rocha-solo. Sua composição química é simples, SiO2, as 
partículas são eqüidimensionais, como cubos ou esferas e ele apresenta baixa atividade 
superficial (devido ao tamanho de seus grãos). Por conta disto, o quartzo é o componente 
principal na maioria dos solos grossos (areias e pedregulhos). 
 
3.6.2 Solos Finos – Argilas 
 
Os solos finos possuem uma estrutura mais complexa e alguns fatores, como forças de 
superfície, concentração de íons, ambiente de sedimentação, etc., podem intervir no seu 
comportamento. As argilas possuem uma complexa constituição química e mineralógica, 
sendo formadas por sílica no estado coloidal (SiO2) e sesquióxidos metálicos (R2O3), onde 
R = Al; Fe, etc. 
Os feldspatos são os minerais mais atacados pela natureza, dando origem aos 
argilominerais, que constituem a fração mais fina dos solos, geralmente com diâmetro 
inferior a 2 µm. 
Não só o reduzido tamanho, mas, principalmente, a constituição mineralógica faz com que 
estas partículas tenham um comportamento extremamente diferenciado em relação ao 
dos grãos de silte e areia. 
O estudo da estrutura dos argilo-minerais pode ser facilitado "construindo-se" o 
argilomineral a partir de unidades estruturais básicas. Este enfoque é puramente didático 
e não representa necessariamente o método pelo qual o argilo-mineral é realmente 
formado na natureza. 
Assim, as estruturas apresentadas neste capítulo são apenas idealizações. Um cristal 
típico de um argilo-mineral é uma estrutura complexa similar ao arranjo estrutural aqui 
idealizado, mas contendo usualmente substituições de íons e outras modificações 
estruturais que acabam por formar novos tipos de argilo-minerais. As duas unidades 
estruturais básicas dos argilo-minerais são os tetraedros de silício e os octaédros de 
alumínio (fig. 3.4). Os tetraedros de silício são formados por quatro átomos de oxigênio 
eqüidistantes de um átomo de silício enquanto que os octaédros de alumínio são 
formados por um átomo de alumínio no centro, envolvido por seis átomos de oxigênio ou 
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grupos de hidroxilas, OH-. A depender do modo como estas unidades estruturais estão 
unidas entre si, podemos dividir os argilo-minerais em três grandes grupos. 
 
a) GRUPO DA CAULINITA: A caulinita é formada por uma lâmina silícica e outra de 
alumínio, que se superpõem indefinidamente. A união entre todas as camadas é 
suficientemente firme (pontes de hidrogênio) para não permitir a penetração de moléculas 
de água entre elas. 
Assim, as argilas cauliníticas são as mais estáveis em presença d'água, apresentando 
baixa atividade e baixo potencial de expansão. 
 
b) MONTMORILONITA: É formada por uma unidade de alumínio entre duas silícicas, 
superpondo-se indefinidamente. Neste caso a união entre as camadas de silício é fraca 
(forças de Van der Walls), permitindo a penetração de moléculas de água na estrutura 
com relativa facilidade. Os solos com grandes quantidades de montmorilonitatendem a 
ser instáveis em presença de água. Apresentam em geral grande resistência quando 
secos, perdendo quase que totalmente a sua capacidade de suporte por saturação. Sob 
variações de umidade apresentam grandes variações volumétricas, retraindo-se em 
processos de secagem e expandindo-se sob processos de umedecimento. 
 
c) ILITA: Possui um arranjo estrutural semelhante ao da montmorilonita, porém os íons 
não permutáveis fazem com que a união entre as camadas seja mais estável e não muito 
afetada pela água. É também menos expansiva que a montmorilonita. 
 
 
 
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Como a união entre as camadas adjacentes dos argilo-minerais do tipo 1:1 (grupo da 
caulinita) é bem mais forte do que aquela encontrada para os outros grupos, é de se 
esperar que estes argilo-minerais resultem por alcançar tamanhos maiores do que 
aqueles alcançados pelos argilo-minerais do grupo 2:1, o que ocorre na realidade: 
Enquanto um mineral típico de caulinita possui dimensões em torno de 500 (espessura) x 
1000 x 1000 (nm), um mineral de montmorilonita possui dimensões em torno de 3x 500 x 
500 (nm). 
A presença de um determinado tipo de argilo-mineral no solo pode ser identificada 
utilizando-se diferentes métodos, dentre eles a análise térmica diferencial, o raio x , a 
microscopia eletrônica de varredura, etc. 
 
Superfície específica - Denomina-se de superfície específica de um solo a soma da área 
de todas as partículas contidas em uma unidade de volume ou peso. A superfície 
específica dos argilo-minerais é geralmente expressa em unidades como m2/m3 ou m2/g. 
Quanto maior o tamanho do mineral menor a superfície específica do mesmo. Deste 
modo, pode-se esperar que os argilo-minerais do grupo 2:1 possuam maior superfície 
específica do que os argilo-minerais do grupo 1:1. A montmorilonita, por exemplo, possui 
uma superfície específica de aproximadamente 800 m2/g, enquanto que a ilita e a caulinita 
possuem superfícies específicas de aproximadamente 80 e 10 m2/g, respectivamente. A 
superfície específica é uma importante propriedade dos argilominerais, na medida em que 
quanto maior a superfície específica, maior vai ser o predomínio das forças elétricas (em 
detrimento das forças gravitacionais), na influência sobre as propriedades do solo 
(estrutura, plasticidade, coesão, etc.) 
 
 
4. FASES SÓLIDO - ÁGUA - AR 
 
O solo é constituído de uma fase fluida (água e/ ou ar) e se uma fase sólida. A fase fluida 
ocupa os vazios deixados pelas partículas sólidas. 
 
4.1. Fase Sólida 
 
Caracterizada pelo seu tamanho, forma, distribuição e composição mineralógica dos 
grãos, conforme já apresentado anteriormente. 
 
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4.2. Fase Gasosa 
 
Fase composta geralmente pelo ar do solo em contato com a atmosfera, podendo-se 
também apresentar na forma oclusa (bolhas de ar no interior da fase água). A fase 
gasosa é importante em problemas de deformação de solos e é bem mais compressível 
que as fases sólida e líquida. 
 
4.3. Fase Líquida 
 
Fase fluida composta em sua maior parte pela água, podendo conter solutos e outros 
fluidos imiscíveis. Pode-se dizer que a água se apresenta de diferentes formas no solo, 
sendo contudo extremamente difícil se isolar os estados em que a água se apresenta em 
seu interior. A seguir são expressados os termos mais comumente utilizados para 
descrever os estados da água no solo. 
 
4.3.1. Água Livre 
 
Preenche os vazios dos solos. Pode estar em equilíbrio hidrostático ou fluir sob a ação da 
gravidade ou de outros gradientes de energia. 
 
4.3.2. Água Capilar 
 
É a água que se encontra presa às partículas do solo por meio de forças capilares. Esta 
se eleva pelos interstícios capilares formados pelas partículas sólidas, devido a ação das 
tensões superficiais nos contatos ar-água-sólidos, oriundas a partir da superfície livre da 
água. 
 
4.3.3. Água Adsorvida (adesiva) 
 
É uma película de água que adere às partículas dos solos finos devido a ação de forças 
elétricas desbalanceadas na superfície dos argilo-minerais. Está submetida a grande 
pressões, comportando-se como sólido na vizinhança da partícula de solo. 
 
 
 
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4.3.4. Água de Constituição 
 
É a água presente na própria composição química das partículas sólidas. Não é retirada 
utilizando-se os processos de secagem tradicionais. Ex: Montmorilonita (OH)4 Si2 Al4 O20 
nH2 O. 
 
4.3.5. Água higroscópica 
 
Água que o solo possui quando em equilíbrio com a umidade atmosférica e a temperatura 
ambiente. 
 
5. CONSISTÊNCIA DOS SOLOS 
 
5.1. Noções básicas 
 
Quando tratamos com solos grossos (areias e pedregulhos com pequena quantidade ou 
sem a presença de finos), o efeito da umidade nestes solos é freqüentemente 
negligenciado, na medida em que a quantidade de água presente nos mesmos tem um 
efeito secundário em seu comportamento. Pode se dizer, conforme aliás será visto no 
capítulo de classificação dos solos, que podemos classificar os solos grossos utilizando-
se somente a sua curva granulométrica, o seu grau de compacidade e a forma de suas 
partículas. Por outro lado, o comportamento dos solos finos ou coesivos irá depender de 
sua composição mineralógica, da sua umidade, de sua estrutura e do seu grau de 
saturação. Em particular, a umidade dos solos finos tem sido considerada como uma 
importante indicação do seu comportamento desde o início da mecânica dos solos. 
Um solo argiloso pode se apresentar em um estado líquido, plástico, semi-sólido ou 
sólido, a depender de sua umidade. A este estado físico do solo dá-se o nome de 
consistência. Os limites inferiores e superiores de valor de umidade para cada estado do 
solo são denominados de limites de consistência. 
No estado plástico, o solo apresenta uma propriedade denominada de plasticidade, 
caracterizada pela capacidade do solo se deformar sem apresentar ruptura ou trincas e 
sem variação de volume. 
A manifestação desta propriedade em um solo dependerá fundamentalmente dos 
seguintes fatores: 
 
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Umidade: Existe uma faixa de umidade dentro da qual o solo se comporta de maneira 
plástica. Valores de umidade inferiores aos valores contidos nesta faixa farão o solo se 
comportar como semi-sólido ou sólido, enquanto que para maiores valores de umidade o 
solo se comportará preferencialmente como líquido. 
 
Tipo de argilo-mineral: O tipo de argilo-mineral (sua forma, constituição mineralógica, 
tamanho, superfície específica, etc.) influi na capacidade do solo de se comportar de 
maneira plástica. Quanto menor o argilo-mineral (ou quanto maior sua superfície 
específica), maior a plasticidade do solo. É importante salientar que o conhecimento da 
plasticidade na caracterização dos solos finos é de fundamental importância. 
 
5.2. Estados de Consistência 
 
A depender da quantidade de água presente no solo, teremos os seguintes estados de 
consistência: 
 
Cada estado de consistência do solo se caracteriza por algumas propriedades 
particulares, as quais são apresentadas a seguir. Os limites entre um estado de 
consistência e outro são determinados empiricamente, sendo denominados de limite de 
contração, wS, limite de plasticidade, wP e limite de liquidez, wL. 
 
Estado Sólido - Dizemos que um solo está em um estado de consistência sólido quando

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