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Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra Licenciaturas PATOLOGIA Carlos Filipe Consultor de Medicina Interna dos HUC Fevereiro, 2015 2 TÓRAX 3 DOENÇAS PULMONARES. SEMIOLOGIA CLÍNICA & ENTIDADES NOSOGRÁFICAS MAIS RELEVANTES PATOLOGIAS – MAIS FREQUENTES 1. ASMA 2. DPCO: Bronquite Crónica e Enfisema 3. PNEUMONIAS ADQUIRIDA NA COMUNIDADE ADQUIRIDA EM MEIO HOSPITALAR PNEUMONIA POR ANAERÓBIOS E ABCESSO PULMONAR 4. INFILTADOS PULMONARES NOS DOENTES IMUNODEPRIMIDOS 5. TUBERCULOSE PULMONAR 6. CARCINOMA E COMPLICAÇÕES 7. NÓDULO SOLITÁRIO 8. MASSAS MEDIASTÍNICAS 9. TROMBOEMBOLIA PULMONAR 10. DOENÇAS OCUPACIONAIS 11. DOENÇAS PULMONARES INDUZIDAS POR DROGAS 12. INDUZIDAS POR RADIOTERAPIA 13. APNEIA DO SONO 14. SÍNDROME DE HIPOVENTILAÇÃO-OBESIDADE 15. INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA 16. SÍNDROMA DE DIFICULDADE RESPIRATÓRIA 17. DERRAMES PLEURAIS 4 1ª AULA TÓRAX - PULMÃO e Pleura SEMIOLOGIA CLÍNICA, LABORATORIAL & IMAGIOLÓGICA Tipo de Patologia Entidades Nosográficas Doenças das Vias Aéreas Asma DPCO Fibrose Quística Obstrução das Vias Aéreas Superiores Obstrução das Vias Aéreas Inferiores Aspergilose Bronquiectasias Bronquiolíte obliterante Infecções Pleuropulmonar es Pneumonias Infiltrados Pulmonares no doente Imunodeficiente Tuberculose Mycobacteria não BAAR Neoplasias Carcinoma Broncogénico Nódulo Solitário Metastização Mesotelioma Tumores Benignos Carcinóide Massas Mediastínicas Doenças Intersticiais Alveolite Fibrosante Sarcoidose Envolvimento intersticial em Outras doenças Doenças Infiltrativas Difusas Angeítes e Granulomatoses Síndromas Hemorrágicos Alveolares Proteinose Alveolar Síndromas Pulmonares Eosinofílicos Doenças da Circulação Pulmonar TEP Hipertensão Pulmonar Doenças Provocadas por Agentes Químicos e Físicos Inalação de Fumo Síndromas de Aspiração Doenças Ocupacionais Provocadas por Drogas Radiações Doenças da Ventilação Hipoventilação Alveolar Primária Pickwickian Apneia do Sono Síndromas de Hiperventilação Insuficiência Reapiratória Aguda S. de Dificuldade 5 Respiratória Doenças Pleurais Pleurite Derrame Pleural Pneumotórax 6 Semiologia Clínica Sinais e Sintomas de Doença Pulmonar DISPNEIA É uma sensação de dificuldade em respirar dependendo do nível de actividade física. A Dispneia de causa PULMONAR pode ser provocada por DOENÇAS DAS VIAS RESPIRATÓRIAS, PARÊNQUIMA PULMONAR, PLEURA, MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS OU DA PAREDE TORÁXICA. As causas de Dispneia de causa EXTRA-PULMONAR incluem DOENÇAS PULMONARES (INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, ANGINA..), CHOQUE, ANEMIA, ESTADOS HIPERMETABÓLICOS, DISTENSÃO ABDOMINAL, ANSIEDADE. A DISPNEIA PAROXÍSTICA NOCTURNA e a ORTOPNEIA normalmente tem causa cardíaca. TOSSE O reflexo da tosse pode ser induzido a vários níveis: árvore traqueo-brônquica, vias respiratórias superiores, pleura, pericárdio, esófago, estômago e diafragma. Pode ser provocada por Infecções Respiratórias mas também por ASMA, BRONQUIECTASIAS, DROGAS (IECA), DOENÇAS CARDÍACAS, DOENÇAS OCUPACIONAIS.... ESTRIDOR É um som grave resultante da passagem de ar por uma via respiratória superior estreitada. O ESTRIDOR INSPIRATÓRIO indica uma causa EXTRA-TORÁXICA de compressão. O ESTRIDOR EXPIRATÓRIO indica uma causa INTRA-TORÁXICA SÍBILOS São sons resultantes do estreitamento das vias respiratórias inferiores como por ex. na ASMA HEMOPTISES A expectoração de SANGUE ocorre predominantemente nas situações de BRONQUITE, BRONQUIECTASIAS, CARCINOMA, TEP. É diferente de expectoração HEMOPTÓICA TAQUIPNEIA É uma respiração rápida definida ± por mais de 18 ciclos respiratórios por minuto. PULSO PARADOXAL É uma “queda” superior a 10 mm Hg na PA sistólica durante a inspiração. Ocorre na ASMA ou ENFISEMA SEVEROS, OBSTRUÇÃO DAS VIAS ÁREAS SUPERIORES, EMBOLIA PULMONAR, TAMPONAMENTO CARDÍACO E PERICARDITE CONSTRITIVA. 7 CIANOSE É a coloração AZULADA da pele e/ou mucosas provocada por um aumento (> 5 g/dl) da hemoglobina não saturada. CIANOSE CENTRAL: é normalmente causada por HIPOXÉMIA por INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA ou por um SHUNT INTRA-CARDÍACO ou INTRA-PULMONAR CIANOSE PERIFÉRICA: insuficiência cardíaca ou vasoconstrição periférica HIPOCRATISMO DIGITAL Quando a “largura” antero-posterior da última falange é maior que a da articulação interfalângica distal. As unhas podem também ter um aspecto em vidro de relógio. Ocorre nos CARCINOMAS PULMONARES, BRONQUIECTASIAS, ABCESSO PULMONAR, FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA E FIBROSE QUÍSTICA. As causas EXTRA-PULMONARES são ENDOCARDITE INFECCIOSA, CIRROSE, DOENÇAS CARDÍACAS CONGÉNITAS E DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL. HIPERRESSONÂNCIA Ocorre à percussão pulmonar nas doenças em que há hiperinsuflação com aumento do espaço aéreo como por ex. na ASMA e ENFISEMA MACISSEZ Observa-se quer quando haja DERRAME PLEURAL, CONSOLIDAÇÃO PULMONAR, ATELECTASIA, ELEVAÇÃO DO DIAFRAGMA OU DESLOCAMENTO DE ÓRGÃOS ABDOMINAIS PARA O TÓRAX MURMÚRIO VESICULAR Diminuído quando haja DERRAME PLEURAL OU CONSOLIDAÇÃO PULMONAR OU PNEUMOTÓRAX, mas também quando haja HIPOVENTILAÇÃO DE OUTRA CAUSA RUÍDOS ADVENTÍCIOS (SOPROS, SIBILOS, CREPITAÇÕES E RALAS) SIBILOS: quando haja obstrução das pequenas vias respiratórias por BRONCOESPASMO, EDEMA DA MUCOSA BRÔNQUICA OU BRONQUIOLAR, OBSTRUÇÃO POR MUCO, TUMORES OU CORPOS ESTRANHOS. CREPITAÇÕES e RALAS: houvem-se nos processos PULMONARES INFECCIOSOS, predominantemente durante a EXPIRAÇÃO e na INSUFICIÊNCIA CARDÍACA mais durante a INSPIRAÇÃO. BRONCOFONIA Aumento da clareza da voz do doente. Ocorre quando haja CONSOLIDAÇÃO PULMONAR ou COMPRESSÃO PULMONAR EGOFONIA Ouve-se, durante a auscultação, um “E” quando o doente diz um “A”. Ocorre nos processos de CONSOLIDAÇÃO. 8 PROVAS FUNCIONAIS RESPIRATÓRIAS TESTES DE FUNÇÃO PULMONAR, TESTES DURANTE EXERCÍCO E BRONCOSCOPIA TESTES DE FUNÇÃO PULMONAR Estes testes medem a capacidade do sistema respiratório para promover as trocas gasosas através da avaliação a ventilação, difusão e capacidades mecânicas. INDICAÇÕES: Avaliação do tipo e grau de disfunção pulmonar Detecção precoce de disfunção pulmonar Vigilância das doenças ocupacionais Avaliação da resposta à terapêutica Avaliação pré-operatória CONTRA-INDICAÇÕES Asma aguda Severa Pneumotórax Tuberculose activa Risco de hemorragia durante o exame TESTE DEFINIÇÃO Capacidade Vital Máxima O maior volume de gás que pode expelido após uma inspiração máxima Volume Expiratório Máximo em 1 Seg. O volume de gás expirado no 1º Seg. da prova anterior Fluxo Expiratório Máximo de 25 a 75% da CVM É a percentagem do fluxo expiratório durante a fase intermédia da expiração Fluxo Expiratório Máximo “Peak flow) A maior percentagem de fluxo expiratório durante no teste da CVM Ventilação Voluntária máxima O maior volume de gás que pode ser expirado durante 1 min. Capacidade Vital O volume de gás que pode lentamente ser expirado depois de uma inspiração máxima Capacidade Pulmonar Total O volume de gás nos pulmões depois de uma inspiração máxima Capacidade Funcional Residual O volume de gás nos pulmões no final de uma expiração normal Volume Residual O volume residual de gás nos pulmõesapós uma expiração máxima Volume de Reserva Expiratória É o volume de gás que representa a diferença entre a Capacidade Residual e o volume residual 9 Estes testes permitem a identificação e avaliação da severidade das disfunções pulmonares de tipo RESTRITIVO ou OBSTRUTIVO. Os SÍNDROMES OBSTRUTIVOS caracterizam-se por redução dos fluxos respiratórios (expiratórios) Os RESTRITIVOS caracterizam-se mais por alterações dos volumes pulmonares ANÁLISE DOS GASES DO SANGUE ARTERIAL Está indicado quando é de supor um distúrbio ácido-base, hipoxémia ou hipercapnia. A OXIMETRIA permite monitorizar a saturação da hemoglobina. TESTES PULMONARES DE “STRESS” Utilizam-se para avaliar doentes com dispneia de exercício inexplicada. BRONCOSCOPIA A utilização de BRONCOFIBROSCÓPIOS FIBRA ÓPTICA FLEXÍVEL é uma ferramenta essencial para o estudo de muitas doenças pulmonares. INDICAÇÕES: Diagnóstico e estadiamento de carcinomas Hemoptise Biópsia de infiltrados pulmonares Diagnóstico de infecções pulmonares Lavado Bronco Alveolar Remoção de corpos estranhos e aspiração de secreções O BRONCOFIBROSCÓPIO RÍGIDO É utilizado nas hemoptises graves, extracção de corpos estranhos maiores e facilitar a realização de terapia com laser. Requer anestesia geral. 10 SEMIOLOGIA LABORATORIAL Hemograma Bioquímica VS Hemoculturas Expectoração Serolo. IDR & OUTROS Bronquite L: N, - N - Mucóide, seca, Purulenta - - Bronquiectas. - Hipogama? N, - Abundante, Mucopurulenta Pneumonia Bacteriana L PMN Alfa-2 Fibrinog. Pos. Viscosa, Ferruginosa, PMN ++ Id. Germen Broncopne umonia L PMN - Neg. Mucopurulenta ID. Germen Pneumonia Vírica L Crioaglu. Neg. Mucosa Mucopurulenta Abcesso Pulmão L PMN Anemia (Cr) Só se houver disseminação Purulento PMN ID. Germen Asma brônquica Eosinofil. Hipoxémia N - Eosinofilos Id Aler Enfisema Poliglobulia Def. alfa-1- antitripsina ? Carcinoma Anemia Eosinofilia - - - - Biópsia Citologia Cito/Derra me Pneumoconios. Poliglobulia Hipoxémia N - Id. mineral - - Hemograma Bioquímica VS Hemoculturas Expectoração Serol. IDR & OUTROS Hemograma Bioquímica VS Hemocul Expectoração Serol. IDR & OUTROS Pleurite/ Derrame - - - - - Prot/LDH Citologia Ex Bact. BAAR? Glicose ADA Biópsia S. Loeffler L ±, Eosino - - - Eosinófilos Parasitas nas fezes? (Cont.) Hemograma Bioquímica VS Hemoculturas Expectoração Serol. IDR & OUTROS 11 Aspergilose Eosinofilia IgE - - Id Asperg. Acs Aspergillus DPCO Poliglobulia Hipoxém Hipercapnia - - - - - Fibrose Quística - Hipoxém - - - - - Sarcoidose L Eosin. Ca SACE - - - Biópsia Tuberculose Anemia, PCR , PCR, alfa-2 ADA - Ex. Directo Cultura Acs AntiK P90 IDR +/- Embolia Anemia ±, L PMN Pa O2 Pa CO2 LDH PDF - Hemoptise ± - Cintig. Arterio. Hemosiderose Anemia, Eosinofilia Fe Ferritina Crio ± Hemoptises ± 12 PATOLOGIAS – MAIS FREQUENTES 1. ASMA 2. DPCO 3. PNEUMONIAS ADQUIRIDA NA COMUNIDADE ADQUIRIDA EM MEIO HOSPITALAR PNEUMONIA POR ANAERÓBIOS E ABCESSO PULMONAR 4. INFILTADOS PULMONARES NOS DOENTES IMUNODEPRIMIDOS 5. TUBERCULOSE PULMONAR 6. CARCINOMA E COMPLICAÇÕES 7. NÓDULO SOLITÁRIO 8. MASSAS MEDIASTÍNICAS 9. TROMBOEMBOLIA PULMONAR 10. DOENÇAS OCUPACIONAIS 11. DOENÇAS PULMONARES INDUZIDAS POR DROGAS 12. INDUZIDAS POR RADIOTERAPIA 13. APNEIA DO SONO 14. SÍNDROME DE HIPOVENTILAÇÃO-OBESIDADE 15. DERRAMES PLEURAIS 13 2ªAULA ASMA E DPOC Essencial para o diagnóstico · Síbilos episódicos ou crónicos, dispneia, tosse · Expiração prolongada e síbilos dispersos por ambos os campos pulmonares no EO · Redução dos fluxos expiratórios nos testes de função pulmonar ou modificações nos testes de provocação com alergénios · Reversibilidade completa ou parcial após terapêutica com broncodilatadores Considerações Gerais Asma é uma doença caracterizada por uma hiper-reactividade da traqueia e brônquios a vários estímulos e manifestando-se por um estreitamento das vias aéreas com reversão espontânea ou como resposta ao tratamento. O estreitamento das vias aéreas resulta de uma combinação de factores como espasmo muscular edema e acumulação de muco. Outras: Asma induzida pelo exercício, profissional, cardíaca, induzida por fármacos. Clínica Episódios de síbilos, dispneia e tosse. Espontaneamente ou precipitada por poeiras, frio, fármacos (Aspirina, AINEs, Beta-bloqueantes..), infecções, stress emocional, exercício, alergénios... O exame físico varia entre ligeira taquipneia, taquicardia com prolongamento do tempo expiratório e síbilos difusos. Crises mais severas acompanham-se de utilização dos músculos respiratórios acessórios, síbilos intensos, hiperressonância e retração intercostal. E, finalmente, por vezes, apresenta pulso paradoxal, ausência (audível) do múrmurio vesicular, sem síbilos, incapacidade de se manter de pé e cianose. 14 Laboratório Eosinofilia, expectoração com muco viscoso, testes de função respiratória revelam um síndroma obstrutiva. Os gases arteriais são normais numa crise ligeira mas pode ocorrer hipoxémia e hipocapnia. Normalização da CO2 e desenvolvimento de acidose podem ocorrer nos casos graves. Imagiologia Hiperinsuflação. Por vezes observa-se espessamento das paredes brônquicas e ausência das sombras vasculares na periferia pulmonar. Diagnóstico diferencial Outras causas de síbilos: DPCO, I. cardíaca, TEP, bronquiectasias, anafilaxia, inalação de fumos, infecções parasitárias (Strongyloides), Aspergilose pulmonar. Síbilos localizados podem ocorrer no carcinoma ou corpo estranho. Prevenção e Tratamento Evitar a exposição aos agentes precipitantes referidos acima. Broncodilatadores (simpaticomiméticos e Teofilinas), Corticosteróides, Inibidores da desgranulação dos mastócitos (cromoglicato dissódico), Antileucotrienos DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica: Bronquite Crónica e Enfisema) Essencial para o Diagnóstico · História de consumo de tabaco (na maioria dos casos) · Tosse crónica produção de expectoração (na bronquite crónica) e dispneia (enfisema) · Sopros, diminuição dos ruídos respiratórios e expiração prolongada no EO · Alterações do fluxo aéreo nas PFR Considerações Gerais Doença caracterizada por obstrução ao fluxo aéreo devido a bronquite ou enfisema. A maioria dos doentes apresentam uma combinação dos dois componentes. A Bronquite Crónica é caracterizada por tosse produtiva durante 3 meses em pelo menos dois anos consecutivos. O enfisema é caracterizado por dispneia em doentes com alargamento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos com destruição das suas paredes. Clínica A tosse ocorre predominantemente pela manhã. A dispneia ocorre com exercícios mais violentos mas com a evolução da doença chega a ocorrer em repouso. Pneumonias, hipertensão pulmonar, cor pulmonar e insuficiência respiratória crónica caracterizam o estadio final da doença. Exames Laboratoriais Policitémia secundária à hipoxémia crónica. Acidose respiratória durante as crises. Testes de Função Respiratória inicialmente revelam apenas um síndroma obstrutivo das pequenas vias aéreas e depois também dos volumes (nomeadamente no enfisema). 15 Imagiologia No enfisema há hiperinsuflação; bolhas no parênquima ou sub-pleurais são patogonomónicasde enfisema. Na bronquite verifica-se um reforço bronco-vascular. Mais tarde pode-se observar um aumento das dimensões das cavidades cardíacas dtas por hipertensão pulmonar. Diagnóstico diferencial Com a Asma, bronquiectasias, fibrose quística, aspergilose pulmonar. Prevenção Evicção do consumo de tabaco e vacinação contra a influenza e pneumococos e tratamento precoce das infecções pulmonares Tratamento Brometo de ipatrópio, broncodilatação com teofilinas, corticosteróides orais, tratamento das infecções repiratórias, cinesioterapia, oxigenioterapia domiciliar 16 ENFISEMA BRONQUITE CRÓNICA História Início dos sintomas Depois dos 50 Depois dos 35 Dispneia Progressiva, constante, severa Intermitente, ligeira a moderada Tosse Ausente ou ligeira Persistente, severa Produção de Expectoração Ausente ou mínima Copiosa Aspecto da expectoração Clara, mucóide Mucopurulenta ou purulenta Outros Perda de peso Infecções pulmonares, Insuficiência cardíaca dta, Obesidade EXAME FÍSICO Aspecto físico magro Obeso Cianose central Ausente Presente Pletora Ausente Presente Músculos Respiratórios Acess. Hipertrofiados Inalterados Diâmetro antero-posterior do Tórax Aumentado Normal Percussão hiperressonância Normal Auscultação Diminuição dos sons normais Roncos, síbilos TELERADIOGRAFIA Bolhas presentes Ausentes Aparência geral Diminuição do retículo na periferia Aumento do reforço bronco- vascular Hiperinsuflação presente Ausente Dimensões cardíacas Normal ou pequeno, vertical Aumentado Hemidiafragmas Rectificado, descido Arredondado ESTUDOS LABORATORIAIS Hematócrito normal Aumentado ECG normal Desvio dto do eixo, hipertrofia ventricular dta, “P” pulmonar Hipoxémia Ausente, ligeira Moderada a severa Hipercapnia Ausente Moderada, Severa Acidose respiratória Ausente Presente Capacidade pulmonar total Aumentada Normal Capacidade de difusão diminuída normal 17 3ª AULA INFECÇÕES PLEURO-PULMONARES PNEUMONIA As pneumonias continuam a ser um dos maiores problemas de saúde pública apesar dos potentes antibióticos disponíveis. Os microorganismos atingem as vias aéreas inferiores por aspiração das secreções da orofaringe, inalação de aerossóis infectados e disseminação hematogénica. PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE (Os doentes são classificados tendo em atenção vários factores: severidade da doença, idade, existência de outras doenças e necessidade de hospitalização). A) DOENTES COM MENOS DE 60 ANOS E SEM OUTRAS DOENÇAS Os microorganismos mais frequentes são o Estreptococus pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae, Vírus respiratórios, Chlamydia, Hemoplyilus influenzae e Legionella, Estatafilococus aureus, Mycobacteerium tuberculosis, Fungos endémicos e Bacilos Gram-negativos aeróbicos. Recomenda-se um tratamento durante 10-14 dias com um macrólito como a Eritromicina, Claritromicina ou Azitromicina. B) DOENTES COM MAIS DE 60 ANOS E OUTRAS DOENÇAS Os microorganismos são os mesmos. O tratamento recomendado é uma cefalosporina de 2ª geração como a Cefuroxima ou Amoxicilina+Ácido Clavulânico durante 10 dias. C) DOENTES COM DOENÇA GRAVE Os microorganismos são os mesmos. É aconselhável uma terapêutica combinada com um macrólito + uma cefalosporina de 3ª geração, com actividade anti-Pseudomonas. 18 CRITÉRIOS PARA HOSPITALIZAÇÃO Idade superior a 65 anos, doença coexistente (alcoolismo, diabetes mellitus, DPCO), alterações dos sinais vitais, leucopenia ou leucocitose marcadas e evidência de INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA, SÉPSIS e Ausência de apoio familiar. A resolução radiológica pode levar 6 semanas ou mais. PNEUMONIA ADQUIRIDA EM MEIO HOSPITALAR – NOSOCOMIAL Essencial para o diagnóstico · Ocorre mais de 48 horas após a admissão hospitalar · Febre, tosse, leucocitose, expectoração purulenta · Especialmente frequente em doentes que necessitam de cuidados intensivos e ventilação mecânica · Geralmente, infiltrados pulmonares no RX Considerações Gerais As pneumonias adquiridas em meio hospitalar têm uma mortalidade de 30% e as adquiridas em doentes ventilados é de 50%. Os gérmens mais frequentes são: Pseudomonas aeruginosa, Estafilococos aureus, Enterobacter, Klebsiella, E. Coli, Proteus... A transmissão ocorre através das mãos contaminadas dos profissionais de saúde equipamento, e resultam também do facto de serem doentes por vezes a fazer antibioterapia de largo espectro selecionando microorganismos mais resistentes. Clínica Febre, leucocitose, expectoração purulenta, e infiltrado pulmonar que não existisse antes ou cujo padrão se modificou. Exames Laboratoriais Hemoculturas, RX do tórax e análise do líquido quando haja derrame pleural associado. A colheita de expectoração para análise não é sensível e a identificação de um microorganismo não significa que provenha da árvore respiratória inferior. Se houver a suspeita Legionella deve ser feita a colheita para identificação por imunofluorescência. Imagiologia Os Infiltrados pulmonares não são específicos. Exames especiais A Broncofibroscopia com lavado bronco alveolar permite colheitas com menor probabilidade de contaminação com uma sensibilidade de 65% e especificidade de 95%. É importante que o doente não esteja a fazer antibioterapia nas últimas 48 horas. Tratamento O tratamento é usualmente empírico. Como a mortalidade é alta o tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível com antibioterapia de largo espectro. Normalmente utiliza-se uma 19 Cefalosporina de 3ª geração (Cefuroxima), Imipenem com cilastatina. Por vezes é necessário mais do que um antibiótico. PNEUMONIA POR ANAERÓBIOS E ABCESSO PULMONAR Essencial para o Diagnóstico · Predisposição para aspiração · Febre, perda de peso, mal estar geral · Má higiene dentária · Expectoração com cheiro fétido por vezes · Infiltrado numa zona do pulmão de “declive” com uma ou múltiplas áreas de cavitação ou derrame · Pleural Considerações gerais A aspiração das secreções da orofaringe durante o sono em indivíduos normais raramente causa doença. Mas nos doentes com DIMINUIÇÃO DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA, por DROGAS ou ÁLCOOL, ANESTESIA GERAL ou DOENÇA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL, DOENÇA ESOFÁGICA e aqueles com TUBOS TRAQUEAIS ou NASOGÁSTRICOS a possibilidade de aspiração de grandes quantidades de secreções é mais fácil. Os segmentos pulmonares mais atingidos são os posteriores dos lobos superiores e basilares e superiores dos lobos inferiores. A posição do corpo quando as secreções são aspiradas determina o segmento atingido. Em dois terços estão infectados por múltiplos microorganismos anaeróbicos e nos restantes também estão associados microorganismos aeróbicos. Clínica Febre, perda de peso, mal estar geral e a tosse por vezes é de cheiro fétido. 20 Exames Laboratoriais A colheita de expectoração não é eficaz para a identificação do gérmen. A BFO ou a aspiração transtraqueal ou transtoráxica não são necessárias. Imagiologia Para além das imagens segmentares já referidas de consolidação pode ocorrer ABCESSO pulmonar que aparece como uma cavidade de paredes espessas solitária e rodeada de consolidação. Normalmente está presente um nível hidro-aéreo. No EMPIEMA o líquido é purulento. Tratamento Penicilina G ou Clindamicina são os antibióticos de escolha para o tratamento das infecções por anaeróbios. INFILTADOS PULMONARES NOS DOENTES IMUNODEPRIMIDOS As pneumonias em doentes imunodeprimidos podem ser causadas por bactérias, vírus, fungos ou parasitas mas nem todos os infiltrados pulmonares nestes doentes são causados por infecções. Edema pulmonar, reacções a fármacos, doença neoplásica e radioterapia podem simular infecção. É importanteconhecer o tipo de déficit imunológico. Determinados déficits predispôem mais a um tipo de infecções que outras. Por ex. Deficiências na Imunidade Humoral (Acs) predispôe a infecções bacterianas, enquanto que as Deficiências na Imunidade Celular predispôem a infecções por vírus, fungos e parasitas. Neutropenia e Disfunção dos leucócitos como acontece na leucemia e nas neoplasias e durante quimioterapia, predispôe às infecções por Estafilococos Aureus, Aspergillus, bacilos Gram- negativos e Cândida Albicans. Os infiltrados difusos são comuns nas pneumonias por Pneumocystis carinni e vírus. As infecções bacterianas e por fungos são normalmente mais localizadas. A Evolução temporal também fornece informações sobre o tipo de agente infeccioso: as infecções bacterianas são de evolução aguda enquanto que as outras têm um comportamente mais insidioso. Um bom método para o diagnóstico é a colheita das secreções do lavado bronco alveolar por BFO. A BIÓPSIA PULMONAR, actualmente realizada por toracoescopia assistida por vídeo é considerado o melhor método para o diagnóstico destes infiltrados pulmonares mas raramente é necessário não alterando a terapêutica empírica. 21 4ªAULA TUBERCULOSE PULMONAR Tuberculose Primária Tuberculose-Sequelas Essencial para o diagnóstico · Fadiga, perda de peso, febre, suores nocturnos · Tosse produtiva. Infiltrados pulmonares no RX · Intradermo-reacção (IDR) positiva (na maioria dos casos) · Bacilos ácido-álcool resistentes no exame directo da expectoração ou na cultura Considerações Gerais A infecção começa quando um indivíduo susceptível inala o M. Tuberculosis. A DISSEMINAÇÃO HEMATOGÉNICA e LINFÁTICA ocorre antes de ocorrer qualquer reacção imunológica do hospedeiro. É a TUBERCULOSE PRIMÁRIA. Se a resposta imune é inadequada pode-se desenvolver doença nesta fase (1/3 dos casos). A disseminação hematogénica do foco primário para os pulmões (TUBERCULOSE “MILIAR”), pleura ou extra-pulmonar (meninges, osso, fígado, rins....) é uma complicação rara desta forma. Normalmente (2/3 dos casos) os bacilos mantêm-se quiescentes (viáveis) durante anos e caso haja diminuição das defesas pode ocorrer doença num desses órgãos. A tuberculose EXTRA-PULMONAR é muito frequente nos doentes com SIDA. M. Tuberculosis RESISTENTE a uma ou mais fármacos está a aumentar de frequência. Contacto com indivíduos emigrados de regiões com uma alta prevalência destas estirpes, não cumprimento da terapêutica e terapêuticas anteriores ineficazes são algumas das causas. Clínica Fadiga, perda de peso, anorexia, temperatura sub-febril e suores nocturnos. Tosse que inicialmente é seca e depois produtiva e por vezes hemoptóica. 22 Exames Laboratoriais O diagnóstico definitivo é feito pela identificação do MT no exame directo ou por cultura. Quando a expectoração é negativa mas a suspeita se mantém, a colheita através de BFO ou do suco gástrico são os próximos passos. As culturas podem demorar 6-8 semanas. O diagnóstico SEROLÓGICO por método de ELISA titulando os Acs contra os antigénios do BK parece ser promissor. Imagiologia Como a tuberculose primária é geralmente assintomática não são obtidos RXs. Contudo, podem-se observar infiltrados homogénios de pequenas dimensões normalmente nos lobos superiores acompanhados adenopatias hilares ou para-traqueais e atelectasias (complexo de Ghon). Pós-primária TP ou reactivação está associada a várias alterações radiológicas que incluem: doença fibro-cavitária apical, nódulos e infiltrados. As localizações preferenciais são os lobos superiores e os segmentos superiores dos lobos inferiores. Outros Exames A IDR positiva apenas identifica os indivíduos que em alguma altura da sua vida foram infectados pelo BK mas não distingue entre doença activa actual de infecção antiga. Considera-se uma reacção positiva quando a área de induração é superior a 10 mm ou 5 mm nos doentes com SIDA. A noção de “viragem” é o saber que um indivíduo que antes não era reactivo passou a sê-lo ou que a intensidade da reacção é agora maior. Os falsos positivos ocorrem geralmente em infecções por outras mycobacterias (avium...). Os falsos negativos ocorrem em doentes idosos, mal nutridos, com doenças imunológicas, terapêutica com corticosteróides, insuficiência renal, neoplasias linfoproliferativas.... Tratamento O critério para internamento depende apenas da gravidade da doença. Neste caso deve ficar em isolamento. Devem ser feitas pesquisas de BK na expectoração mensalmente até que seja negativo. A primeira opção é um regime com 4 fármacos: isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol ou estreptomicina. A pirazinamida deve ser suspensa ao fim de 2 meses e o tratamento completo deve durar pelo menos 6 meses ou mais 3 meses após a pesquisa de BK na expectoração ser negativa. 23 CARCINOMA E COMPLICAÇÕES Essencial para o diagnóstico · Tosse, dispneia , hemoptises, anorexia e perda de peso na maioria dos doentes · Exame físico variável dependendo do estadio da doença · No Rx observam-se massas, infiltrados difusos, atelectasias e cavitação ou derrame pleural · diagnóstico é feito pela demonstração de células neoplásicas na expectoração, espaço pleural ou no tecido pulmonar Considerações Gerais O carcinoma do pulmão é responsável pela morte de cerca de 32% (homens) e 25% (mulheres) de entre o total de mortes por cancro. A maioria ocorre entre os 50 e os 70 anos. O Tabagismo é a causa mais importante. Outras causas incluem: exposição a radiações, asbestos, metais pesados (níquel, crómio) e carcinogénios industriais. O carcinoma pulmonar em não fumadores é raro. Clínica Apenas 10-25% dos doentes apresentam sintomas à data do diagnóstico. Quando existam são geralmente incuráveis. Os sintomas iniciais podem ser inespecíficos como TOSSE, DISPNEIA, DORES TORÁXICAS, PERDA DE PESO E HEMOPTISES. O exame físico pode ser completamente normal. Tumores centrais que obstruam um brônquio por ex. podem provocar atelectasia e pneumonia pós obstrutiva. A extensão do tumor à pleura pode provocar derrame pleural. 24 Síndromas Paraneoplásicas são manifestações à distância (em outros órgãos) não provocadas pelo efeito de massa do tumor primário ou suas metástases. Classificação Síndroma Tipo histológico Endócrino ou Metabólico -Síndroma de Cushing -Síndroma de Secreção Inapropriada de Hormona Anti-Diurética -Hipercalcémia -Ginecomastia Pequenas Células Pequenas Células Epidermóide De Grandes Células Ósteo-articular e tecido conjuntivo -Dedos em baqueta de tambor -Osteoartropatia hipertrófica pulmonar Epidermóide, adenocarcinoma e grandes células Neuromuscular -Neuropatia periférica (sensorial ou sensoriomotor) -Degeneração Cerebelar Subaguda -“Miastenia” - Dermatomiosite Pequenas células Pequenas células Pequenas células Todos Cardiovascular -Tromboflebite - Endocardite Não Bacteriana Adenocarcinoma Hematológico Anemia Coagulação Intravascular Disseminada Eosinofilia Trombocitose Todos Cutâneos Acantose Nigricans Eritema Giratum Repens Todos 25 Exames Laboratoriais O DIAGNÓSTICO DEFINITIVO exige a evidência histológica de cancro. A análise citológica da expectoração permite um diagnóstico definitivo em 40 a 60% dos casos. Do mesmo modo o exame citológico do líquido de derrame pleural também permite um diag. Citológico em 40 a 50% dos casos. A biópsia pleural dá resultados positivos em 55 Outros métodos: BFO, Aspirado/Biópsia percutânea, Mediastinoscopia, Biópsia ganglionar, Biópsia de outra localização (secundária do tumor), Toracotomia. Imagiologia Os achados radiológicosnão são específicos. Podem observar-se: Alargamento do Mediastino ou Massas hilares, Massas Periféricas, Atelectasias, Infiltrados, Cavitação e Derrames Pleurais. Massas múltiplas, consolidação e envolvimento da parede toráxica não é comum. O carcinoma EPIDERMÓIDE e de PEQUENAS CÉLULAS localizam-se mais no centro (HILOS E MEDIASTINO). CAVITAÇÃO sugere mais o tipo EPIDERMÓIDE. AS MASSAS PERIFÉRICAS ocorrem geralmente no ADENOCARCINOMA. A TAC é importante para avaliar o envolvimento do restante parênquima, pleura. A RMN é importante para avaliar a extensão às estruturas mediastínicas. Outros Exames O ESTADIAMENTO é fundamental para avaliar da possibilidade de intervenção cirúrgica. TAC TORACOABDOMNINAL, por vezes RX do esqueleto e CINTIGRAMA OSTEOARTICULAR e avaliação cirúrgica do mediastino determinam a possibilidade do tratamento curativo (....). Complicações · Síndroma da Veia Cava Superior · Paralisia do Nervo Frénico · Paralisia do Nervo Laríngeo 26 Estadiamento Sistema TMN. T refere-se às dimensões do tumor; N ao envolvimento ganglionar; M a metastização. ESTADIO T N M 0 Tis (in situ) - - IA IB T1 T2 N0 N0 M0 M0 IIA IIB T1 T2 T3 N1 N1 N0 M0 M0 M0 IIIA T3 T1 T2 T3 N1 N2 N2 N2 M0 IIIB T4 T4 T4 T1 T2 T3 T4 N0 N1 N2 N3 N3 N3 N3 M0 IV Qualquer Qualquer M1 Prognóstico A SOBREVIDA global aos 5 anos para os carcinomas do pulmão é de 10 a 15%. Determinantes: · Estadio · Estado geral de saúde do doente · Idade · Tipo Histológico do Tumor · Taxa de Crescimento do Tumor · Tipo de Terapia Em média a SOBREVIDA dos doentes com: C. Epidermóide após resseção é de 35-40% No Adenocarcinoma e de Grande Células é de 25% e no de Pequenas Células é rara 27 SOBREVIDA AOS 5 ANOS EM FUNÇÃO DO ESTADIO DO TUMOR TMN SOBREVIDA Oculto 70-80% 0 Desconhece-se I 50% II 30% IIIA 10-15% IIIB <5% IV <2% Tratamento As principais opções terapêuticas são: CIRURGIA, QUIMIOTERAPIA E RADIOTERAPIA O LASER é por vezes utilizado para tratar hemoptises ou obstruções brônquicas importantes que condicionam dispneia. A CIRURGIA é utilizada nos casos de tumores excepto os de PEQUENAS CÉLULAS. São CONTRA-INDICAÇÕES À CIRURGIA: · Metástases extrapulmonares · Envolvimento da Traqueia · Ou envolvimento proximal dos brônquios principais (< 2 cm da carina) · Derrame pleural · Paralisia do recorrente ou laríngeo · Síndrome da Veia Cava Superior · Envolvimento do Esófago ou Pericárdio · Extensão aos gânglios linfáticos do mediastino contra-lateral · Mau estado geral Metástases Cerebrais: radioterapia e/ou corticosteróides Nos doentes com CARCINOMAS DE NÃO PEQUENAS CÉLULAS a QUIMIOTERAPIA E/OU RADIOTERAPIA ADJUVANTE não tem dado resultados. Nos CARCINOMAS DE PEQUENAS CÉLULAS a terapêutica é a QUIMIOTERAPIA COMBINADA mas os resultados não são muito animadores. A RADIOTERAPIA é utilizada como PALIATIVA nos casos de MTT óssea, dispneia por obstrução brônquica, hemoptises, S. Veia cava superior (excepto se o tumor for de pequenas células) 28 NÓDULO SOLITÁRIO Um nódulo solitário do pulmão é uma lesão bem circunscrita redonda ou oval (< 5 cm de diâmetro). (As lesões maiores designam-se por massas). Pode ocorrer: cavitação, calcificação ou lesões satélites. Cerca de 25% dos doentes com carcinoma do pulmão apresentam-se desta forma. Em 60% dos casos são lesões BENIGNAS: granulomas infecciosos. Nos restantes 40% trata-se de lesões MALIGNAS: (3/4) carcinoma primário do pulmão mas também (raramente ser secundário). A lesão é quase de certeza BENIGNA se: tempo de duplicação do seu volume for inferior a 30 dias ou superior a 500 dias Se for calcificada (central, mosqueada ou laminar) Idade jovem Ausência de sintomas < 2 cm margens bem definidas No caso do CARCINOMA PRIMÁRIO Ø >2 cm Ø margens mal definidas Ø raramente há calcificação Ø > 45 anos No caso de LOCALIZAÇÃO SECUNDÁRIA DE OUTRO TUMOR Margens bem definidas ou lobuladas Localização periférica Localização nos lobos inferiores Sem lesões satélites 29 Os TESTES CUTÂNEOS e SEROLÓGICOS para pesquisa de fungos não são habitualmente úteis. Exame Citológico da expectoração pode permitir a identificação de células neoplásica. Mas nos nódulos pequenos e periféricos raramente é positivo. A COMPARAÇÃO COM EXAMES RADIOGRÁFICOS ANTERIORES É MUITO IMPORTANTE. BFO, TAC de ALTA RESOLUÇÃO (cortes de 1,5 a 5 mm), BIÓPSIA PERCUTÂNEA são outros dos exames que se podem utilizar. PROCEDIMENTO WAIT AND SEE (NO CASO DE LESÕES COM CARACTERÍSTICAS DE BENIGNIDADE). TORACOESCOPIA ASSISTIDA POR VÍDEO PERMITE BIÓPSIA EVITANDO UMA CIRURGIA. 30 CARCINOMA PULMONAR SECUNDÁRIO São as metástases de carcinomas de localização extra-pulmonar que atingiram os pulmões por via hematogénica, linfática ou por contiguidade. Quase todos os carcinomas podem disseminar-se para os pulmões. A LINFANGITE CARCINOMATOSA é um infiltrado difuso dos linfáticos pulmonares. Clínica Os sintomas incluem: tosse, hemeptises, dispneia; normalmente as queixas principais dos doente estão relacionadas com a localização do tumor primário. Exames Laboratoriais O diagnóstico passa por identificar o tumor primário. Se se suspeita de um carcinoma da mama, cólon, tiróide, próstata, osteosarcoma ou outro, os exames deverão ser feitos em consonância. Por vezes, a localização primária é difícil e, nestes casos, o exame anatomopatológico da lesão secundária no pulmão (biópsia transtoráxica, por BFO) permitirá definir que tipo histológico está em causa e qual a localização provável. Imagiologia O RX do Tórax mostra geral/ múltiplas imagens nodulares, com alguns mm até imagens maiores – massas, normalmente nas bases, subpleurais A TAC é mais útil pela sua maior sensibilidade em detectar as lesões pulmonares. Diagnóstico Diferencial Malformações artério-venosas pulmonares Abcessos pulmonares Infecções Granulomatosas 31 Sarcoidose Nódulos da Artrite Reumatóide Granulomatose de Wegener Tratamento Resseção do tumor a nível pulmonar se exequível desde que o tumor primário possa também ser tratado (cirurgicamente ou com RT ou QT) e desde que não haja metastização para outros órgãos como o fígado ou esqueleto. São CONTRA-INDICAÇÕES RELATIVAS Ø atingimento pleural Múltiplas lesões pulmonares Melanoma maligno MASSAS MEDIASTÍNICAS Sarcoidose-Linfadenopatias, mediastino Timoma-Massa Mediastínica As MASSAS MEDIASTÍNICAS podem ocorrer na sequência de doenças CARDIOVASCULARES, INFECÇÕES, SARCOIDOSE, NEOPLASIAS OU TRAUMATISMOS. O mediastino divide-se em 3 compartimentos: ANTERIOR, MÉDIO E POSTERIOR. Facilita o diagnóstico diferencial das lesões que aí ocorram, já que determinadas doenças têm mais propensão a localizar-se num ou noutro segmento ou porque as estruturas/órgãos atingidas aí se localizam. Uma MASSA localizada no mediastino ANTERIOR poderá corresponder a um TIMOMA, TERATOMA, LESÕES DA TIRÓIDE, LINFOMA, LIPOMA OU FIBROMA. No mediastino MÉDIO: LINFADENOPATIAS, ALARGAMENTO DA ARTÉRIA PULMONAR, ANEURISMA DA AORTA, QUISTO BRONCOGÉNICO, PLEURO-PERICÁRDICO ou HÉRNIA DO HIATO ESOFÁGICO. 32 As MASSAS de localização POSTERIOR incluem: HÉRNIA DO HIATO, TUMOR NEUROGÉNICO, MENINGOCELO, DOENÇA DA COLUNA VERTEBRAL (ABCESSO OSSIFLUENTE, M. MÚLTIPLO...). Clínica Os sintomas são inespecíficos ou corresponderem ao efeito de massa (compressão) das estruturas adjacentes. Disfagia, dispneia, dor retroesternal. Imagiologia A TAC é melhor que o RX simples e dependendo das estruturas quepossam estar envolvidas podem ser necessários outros exames como ESTUDO BARITADO ESOFÁGICO, VENOGRAFIA (DA VCS, BRAQUIOCEFÁLICAS), ARTERIOGRAFIA E RMN. A RMN têm como vantagens Ø Distinguir entre massas e lesões vasculares Ø Não necessitar de meios de contraste Ø Melhor delimitação das estruturas hilares 33 5ª AULA TEP – TROMBOEMBOLIA PULMONAR Essencial para o Diagnóstico Ø Predisposição para tromboses venosas, normalmente nos membros inferiores Ø Dispneia de início súbito, dor toráxica, ansiedade, hemoptises, sincope Ø Alcalose respiratória aguda e Hipoxémia na maioria dos doentes Ø Defeitos de ventilação perfusão no cintigrama pulmonar Ø Diagnóstico definitivo por angiografia Considerações Gerais Os êmbolos pulmonares têm a sua origem em trombos originados na circulação venosa, a partir de tumores que atinjam a circulação ou de outras origens: líquido amniótico, ar, medula óssea e corpos estranhos intravenosos. Mais de 90% dos êmbolos pulmonares têm a sua origem nas veias profundas dos membros inferiores. Os FACTORES DE RISCO para trombose venosa incluem: ESTASE VENOSA, LESÃO DO ENDOTÉLIO VASCULAR E HIPERCOAGUABILIDADE (CONTRACEPTIVOS ORAIS, CANCRO, DEFICIÊNC IA DE PROTEÍNA C OU S, DEFICIÊNCIA DE ANTITROMBINA III). OUTROS FACTORES DE RISCO: ACAMAMENTO PROLONGADO, CIRURGIA, IDADE AVANÇADA, AVC, ENFARTE DO MIOCÁRDIO, INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA, OBESIDADE E FRACTURAS DA CABEÇA DO FÉMUR. As consequências da TEP são MECÂNICAS por obstrução ao fluxo de sangue pulmonar e REFEXAS (NEURO-HUMORAIS com VASOCONSTRIÇÃO. Daqui poderá resultar (DEPENDENDO DA INTENSIDADE DA OBSTRUÇÃO) um aumento da RESISTÊNCIA PULMONAR, hipertensão pulmonar e Insuficiência cardíaca dta. Por outro lado, poderá haver uma BRONCOCONSTRIÇÃO reflexa da área embolizada com diminuição da ventilação. 34 Clínica Depende do tamanho do êmbolo e da existência prévia de patologia cárdio-pulmonar. Nenhum sinal ou sintoma ou associação destes é patogonomónico de TEP. Sintomas incluem dor toráxica, frequente/ pleurítica, dispneia, ansiedade, tosse, hemoptises. Os Sinais incluem: taquipneia, taquicardia e acentuação do compnente pulmonar do segundo tom cardíaco. TEP pode simular um enfarte do miocárdio, pneumonia, penumotórax. Exames Laboratoriais Gasometria revela usulamente uma ALCALOSE RESPIRATÓRIA devida à hiperventilação. Cerca de 90% apresentam hipóxemia. O ECG revela geral/ taquicardia e alterações inespecíficas de ST-T e raramente desvio do eixo para a dta. Imagiologia RX do Tórax: o mais comum é observar-se a ELEVAÇÃO DO DIAFRAGMA e INFILTRADO PULMONAR. Por vezes observam-se ATELECTASIAS LAMINARES, OLIGOÉMIA da área pulmonar embolizada. DERRAME PLEURAL de pequenas dimensões e uma IMAGEM TRIANGULAR de vértice virado para o hilo, quando haja enfarte. CINTIGRAMA PULMONAR: Embora o Cintigrama possa apresentar alterações também noutras patologias como DPOC, Asma, Insuficiência Cardíaca é, contudo, um elemento importante de diagnóstico ao revelar zonas não perfundidas sem alterações na prova de ventilação ou no RX. OUTROS: Detecção de trombose venosa profunda nos membros inferiores. A Angiografia, por causa das eventuais complicações, está aconselhada quando é necessário um diagnóstico definitivo por haver Contra-indicações para a Anticoagulação Prevenção Anticoagulação dos doentes em risco. Doses baixas de heparina por ex. 5000 unidades cada 8 ou 12 horas iniciadas 2 horas depois da cirurgia. Do mesmo modo se pode administrar fraxiparina. Tratamento ANTICOAGULAÇÃO A terapêutica com HEPARINA é mais preventiva de novas embolias que curativa. Deve ser administrada numa dose de cerca de 1.300 U/hora e monitorizar o TTP que deve ficar em 2X o normal, o tratamento deve durar 4-7 dias; devem ser monitorizadas as plaquetas já que pode este tratamento pode determinar TROMBOCITOPENIA. Os anticoagulantes orais devem ser iniciados ao mesmo tempo que a heparina e monitorizar o INR ou a Protrombinémia. A duração do tratamento c/ anticoagulantes é em média de 3 meses podendo ser maior nos casos de ICC, estase venosa ou imobilidade prolongada. TERAPÊUTICA TROMBOLÍTICA 35 A LISE DO ÊMBOLO “IN SITU” é a único e definitivo trata/ da TEP. São utilizados a ESTREPTOQUINASE E A UROQUINASE. Contudo, os trabalhos feitos c/ estas terapêuticas não revelaram um aumento de sobrevida e apresenta também riscos de hemorragia. DOENÇAS OCUPACIONAIS Muitas doenças pulmonares, agudas ou crónicas, estão directamente relacionadas com a inalação de substâncias encontradas no local de trabalho. São as PNEUMOCONIOSES, PNEUMONITES DE HIPERSENSIBILIDADE, SÍNDROMAS OBSTRUTIVOS, CARCINOMA PULMONAR, DOENÇAS PLEURAIS (Beriliose)... PNEUMOCONIOSES São doenças pulmonares crónicas caracterizadas por FIBROSE PULMONAR. 1. Pneumoconiose dos trabalhadores c/ Carvão Observam-se no RX múltiplas imagens nodulares especialmente nos andares superiores. Estão normalmente assintomáticos. 2. Silicose Silicose Fibrose Pulmonar-Silicose Múltiplas imagens nodulares pulmonares, caracteristicamente (embora rara/) calcificação do gânglios hilares ou periféricos. Estes doentes têm uma maior incidência de TP. 3. Asbestose No Rx observa-se uma fibrose intersticial, espessamento da pleura e placas calcificadas nos diafragmas e parede toráxica (pleurais). Estes doentes apresentam dispneia, fervores inspiratórios e, nalguns casos, cianose e dedos em baqueta de tambor. 36 PNEUMONITES POR HIPERSENSIBILIDADE (Ou Alveolite Alérgica Extrínseca) A forma aguda caracteriza-se por dispneia súbita, febre, arrepios, mal estar e náuseas 4-8 horas após a exposição ao alergénio. No RX observam-se pequenos nódulos nos ápexes e bases. Os Estudos de Função Pulmonar revelam uma síndroma obstrutiva. Uma forma subaguda com dispneia e tosse progressivas, anorexia e emagrecimento ocorre em 15% dos casos; mias tarde desenvolve-se insuficiência respiratória crónica e fibrose pulmonar. O TRATAMENTO das pneumonites de hipersensibilidade consiste na identificação do agente agressor, evitar exposições posteriores e tratamento c/ corticosteróides. SÍNDROMAS OBSTRUTIVAS 1. Asma Ocupacional Os agentes agressores são muitos: pó de madeiras, tabaco, pólens, enzimas, goma arábica, substâncias sintéticas, goma arábica, resinas, sais de níquel, crómio...... O diagnóstico é feito através de estudos de espirometria no local de trabalho e fora do mesmo e testes de provocação com o agente suspeito. 2. Bronquite Industrial É uma Bronquite Crónica que ocorre em trabalhadores c/ carvão, algodão.. CARCINOMA DO PULMÃO Vários carcinogénios pulmonares têm sido identificados: arsénio, asbesto, óleo de petróleo, óle de isopropil, gas mostarda, tintas.... Todos os tipos histológicos de tumores pulmonares podem ser provocados p/ qualquer destes carcinogénios. O Asbesto pode também provovar Mesotelioma. 37 DOENÇAS PULMONARES INDUZIDAS POR DROGAS A lesão pulmonar pode ocorrer de modo idiossincrático, alergia, dose-excessiva ou efeito secundário. O Diagnóstico é difícil por não haver clínica ou padrão radiológico especifíco. Normalmente, os sintomas desaparecem 24-48 horas após a suspensão do fármaco. Asma Betabloqueantes Aspirina, AINEs Histamina Edema Pulmonar Não Cardiogénico Aspirina, Cocaína, Heroína Cardiogénico Propanolol Tosse IECA Beclometasona Derrames Pleurais Bromocriptina Nitrofurantoína Metilsergide Citostáticos Infiltrados Pulmonares Com Eosinofilia Sufamidas Penicilina Metotrexato Sem Eosinofilia Amitriptilina Amiodarona Alargamento Mediastínico Fenitoína Corticosteroides Metotrexato LES induzido HidralazidaProcainamida Isoniazida Cloropromazina Insuficiência Respiratória Bloqueio Neuro-muscular Aminoglicosideos Metocurina Depressão SNC Sedativos, Hipnóticos, Narcóticos Álcool, Antidipressivos tricíclicos Óxigénio Pneumonite Intersticial /Fibrose Nitrofurantína Bleomicina Ciclofosfamida 38 INDUZIDAS POR RADIOTERAPIA O pulmão é um órgão radiosensível. A resposta é determinada pelo VOLUME de pulmão irradiado, a DOSE e o TEMPO em que ocorreu a exposição. É também importante se o doente está a fazer ou fez QUIMIOTERAPIA, RT prévia ou patologia pulmonar prévia. 10% dos doentes c/ carcinoma da MAMA tratados c/ RT, 5-15% dos do PULMÃO, e 5-33% dos LINFOMAS apresentam estas complicações. Há duas formas de apresentação: uma AGUDA (PNEUMONITE por Radiações) e uma CRÓNICA (FIBROSE) PNEUMONITE POR RADIAÇÕES Ocorre normalmente 2-3 meses (intervalo de1 a 6 meses) após a RT. Caracteriza-se por DISPNEIA de início INSIDIOSO, TOSSE, DORES TORÁXICAS, ASTENIA E FEBRE. Apresenta-se como uma Alveolite Linfocitária intersticial. Os testes de Função Pulmonar revelam: redução dos VOLUMES PULMONARES e na gasometria HIPOXÉMIA. O Rx mostra infiltrados pulmonares nodulares e na área irradiada uma opacificação em “vidro moído”. O TRATAMENTO consiste em administração de aspirina, supressores da tosse e corticosteróides. A resposta à terapêutica dá-se em 2-3 semanas. FIBROSE PULMONAR Ocorre quase invariavelmente em todos os doentes submetidos a RT por c. pulmão ou da mama. Aparece cerca de 6-12 meses após a RT. A maioria dos doentes encontra-se ASSINTOMÁTICA O RX mostra FIBROSE INTERSTICIAL PULMONAR E PLEURAL; nos TFR há redução dos VOLUMES pulmonares. Não é necessária qq terapêutica e os corticosteróides não têm interesse. 39 OUTRAS COMPLICAÇÕES DA RADIOTERAPIA DERRAME PLEURAL OU PERICÁRDICO, PERICARDITE CONSTRITIVA, FÍSTULA TRAQUEO- ESOFÁGICA, CANDIDIASE ESOFÁGICA, FRACTURAS DE COSTELAS, PNEUMONITE EM ÁREAS NÃO IRRADIADAS. APNEIA DO SONO Os principais mecanismos que controlam a ventilação são a PO2, PCO2 e ph arteriais e o ph do líquido cefalorraquídeo. Anomalias da Ventilação durante o sono manifestam-se por APNEIA (paragem da respiração durante pelo menos 10 Seg.). A apneia é CENTRAL se não há ESFORÇO VENTILATÓRIO. Diz-se OBSTRUTIVA se apesar do esforço ventilatório não há “fluxo aéreo” por haver OBSTRUÇÃO TRANSITÓRIO das vias aéreas superiores. A APNEIA CENTRAL PURA é rara: pode ocorrer em doentes com hipoventilação primária ou em doentes com lesões cerebrais. A APNEIA AOBSTRUTIVA OU MISTA é mais comum: ARRITMIAS CARDÍACAS, HIPOXÉMIA SEVERA DURANTE O SONO, ICC, HIPERTENSÃO PULMONAR, ERITROCITOSE SECUNDÁRIA.. O Diagnóstico definitivo inclui observação por ORL. Monitorização durante o sono do EEG, Electro-oculografia, ECG, oximetria.... APNEIA OBSTRUTIVA A obstrução ocorre quando há perda do TONUS DOS MÚSCULOS DA FARINGE colapsando durante a inspiração. Doentes c/ macroglossia, obesidade ou hipertrofia das amígdalas podem também desenvolver este tipo de apneia. Alcoolismo, toma de sedativos ou obstrução nasal (p.ex. síndromas gripais) podem também precipitar esta situação. Hipotiroidismo e consumo excessivo de tabaco também podem favorecer o aparecimento de apneia. Clínica Sonolência durante o dia, astenia, cefaleias, diminuição das capacidades intelectuais. É usual a eritrocitose. Tratamento O doente deve perder peso, abstenção de consumo de álcool e ser medicado c/ hipnóticos. O segundo passo é a administração de oxigénio por via nasal c/ pressão positiva. Uvulopalatofaringoplastia (resseção de 15 mm do palato mole e uvula); Septoplastia; Traqueostomia. SÍNDROMA DE HIPOVENTILAÇÃO-OBESIDADE - (Síndroma de Pickwick) Alguns doentes obesos apresentam hipoventilação. Hipoxémia, Hipercápnia e Policitémia são comons. Dizendo ao doente para hiperventilar durante 1 min. os valores gasométricos voltam ao normal. A terapêutica consiste na perda de peso e acetato de medoxyprogesterona 40 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA É uma disfunção respiratória SEVERA, caracterizada por hipoxémia ou dificuldade na eliminação do PCO2, ao ponto de colocar em perigo os órgãos vitais. Considere-se um valor de PO2 < 60 mm Hg e uma PCO2 > 50 mm Hg. Doenças das Vias Aéreas Asma DPOC Obstrução parcial da faringe, laringe, traqueia ou brônquio principal Doenças Pulmonares Parenquimatosas SDR (Síndroma de Dificuldade Respiratória) Insuficiência Cardíaca Congestiva Pneumonia Pneumonite de hipersensibilidade Aspiração Doenças Vasculares Pulmonares TEP Doenças Parede Toráxica ou Pleura Pneumotórax Doenças Neuromusculares Overdose S. Guillan-Barré Botulismo Lesão Medular Polimielite AVC Clínica Dispneia, cianose, confusão, ansiedade, delirium, taquipneia, taquicardia; Provocada pela hipercápnia – hiperémia periférica e conjuntival, taquipneia, edema da papila, diminuição do estado de consciência. Tratamento Terapêutica específica para a doença subjacente; ventilação assistida; cuidados gerais. 41 SÍNDROME DE DIFICULDADE RESPIRATÓRIA Essencial para o Diagnóstico Ø História de factores de risco pulmonares ou sistémicos Ø Início súbito dos sintomas Ø Infiltrados pulmonares bilaterais Ø Ausência de sinais de insuficiência cardíaca esquerda Clínica Rápido início dos sintomas com dispneia intensa que ocorre 12-48 horas após o início da doença. Pode-se observar taquipneia, fervores crepitantes e retracção intercostal. O Rx revela infiltrado pulmonar intersticial difuso que rapidamente se transforma em alveolar. Há hipoxémia marcada resistente à administração de O2. A maioria destes doentes apresentam falência multiorgânica com compromisso renal, hepático, cardiovascular e SNC CAUSAS de SDR Agressões Sistémicas Agressões Pulmonares Traumatismo Aspiração conteúdo gástrico Sépsis Embolia de trombos, gordura, líquido amniótico Pancreatite Tuberculose miliar Choque Pneumonia Viral Mycoplasma Legionella Pneumocystis Transfusões múltiplas Inalação de gases tóxicos Dióxido de Nitrogénio Dióxido sulfúrico Amónia Coagulação Intravascular Disseminada Inalação de fumo Queimaduras Toxicidade p/ O2 Fármacos Narcóticos Aspirina Fenilbutazona Colchicina Lidocaína Contusões pulmonares Púrpura T. Trombótica Enforcamento Bypass Cárdio pulmonar Reexpansão Embolia gasosa Trauma craneano Intox. Paraquat Tratamento Identificação da causa e tratamento específico, quando possível. Ventilação assistida. Monitorização e cuidados gerais. 42 DERRAMES PLEURAIS Derrame pleural-enquistado Calcificação Pneumotoráx Essencial p/ Diagnóstico ASSINTOMÁTICOS em muitos casos; DOR pleurítica se houver pleurisia; DISPNEIA se o derrame for volumoso Diminuição do frémito; macissez à percussão; diminuição de intensidade do M. Vesicular Evidência Radiológica de derrame Diagnóstico por toracocentese Há 5 tipos de principais de derrames: transudatos, exsudatos, empiema, hemotórax, quiloso Transudatos Exsudatos Insuficiência Cardíaca Congestiva Pneumonia (parapneumónico Cirrose c/ ascite Carcinoma Síndroma nefrótica Empiema Diálise peritoneal Tuberculose Mixedema Doenças tecido conjuntivo Síndroma da VCS Infecções virais Pericardite constritiva Parasitárias Embolia pulmonar Asbestose S. Meigs Pancreatite Insuf. Renal Quilotórax Pós enfarte miocárdio Imagiologia É necessário haver mais de 250 ml de líquido para se poder detectar no RX PA; pode-se detectar no decúbito lateral desde que não esteja sepatado. Tratamento É o tratamento da doença de base mas também do próprio derrame.Os TRANSUDATOS raramente necessitam de drenagem a não ser que sejam muito volumosos Os derrames provocados por tumores podem necessitar de pleurodese. Derrames metapneumónicos (pós-pneumonia) geral/ respondem à antibioterapia. Nos casos de HEMOTÓRAX é necessária a drenagem imediata 43 44 5ª Aula SEMIOLOGIA IMAGIOLÓGICA – TÓRAX TÉCNICAS DE EXPLORAÇÃO 1. Teleradiografia simples 2. Técnicas radiográficas especiais 3. Radioscopia 4. Ecografia 5. Medicina Nuclear 6. Tomografia Axial Computorizada 7. Técnicas Biópsicas Teleradiografia simples Tórax, PA e Lateral Como no RX PA não se podem ver porções importantes do espaço retrocardíaco e dos lobos inferiores de ambos pulmões, esta perspectiva deve ser acompanhado de um perfil para se obter uma informação tridimensional. Por outro lado, o perfil, permite localizar lesões quer no parênquima pulmonar quer no mediastino. Lordótica Para a investigação dos ápices pulmonares que habitualmente estão “escondidos” pelas clavículas e costelas. Decúbitos Laterais Identificação de pequenos derrames de localização subpulmonar; para demonstar movimentos de massas ou corpos estranhos intra-cavitários (Aspergilomas, coágulos ou hidátides num quisto hidático. Grelha Costal Demonstração de Fracturas de costelas, metástases ou tumores ósseos primitivos. Radiografia em Expiração Demonstração dos movimentos diafragmáticos, detecção de pneumotórax, obstrução brônquica Técnicas Radiográficas Especiais Esofagograma Ø Essencial nas lesões mediastínicas, Ø tumores esofágicos, Ø confirmar refluxo esofágico como causa de lesões pulmonares, Ø detectar gânglios mediastínicos, avaliação das dimensões das cavidades cardíacas esquerdas, detecção de anomalias vasculares 45 Tomografia Clássica A realização de cortes tomográficos de todo o tórax permite obter imagens mais precisas do do plano tomografado e está indicado nas seguintes situações: Ø presença de calcificações nas lesões parenquimatosas Ø caracterizar as lesões nodulares Ø presença ou não de cavitação Ø avaliação de tumores apicais Ø metástases pulmonares Ø adenopatias hilares e mediastínicas Ø lesões traqueais e dos brônquios principais Broncografia Visualização da Árvore Brônquica através do preenchimento da mesma c/ produto de contraste. Ø Bronquiectasias Ø Hemoptises – para demonstrar uma lesão sangrante Ø Lesões obstrutivas para além do alcance do BFO Ø Demonstração de Fístulas da Árvore Brônquica Angiografia Consiste na introdução de um produto de um meio de contraste hidrosolúvel nos vasos do tórax. Angiografia Pulmonar O produto de contraste é introduzido na artéria pulmonar ou selectivamente na artéria pulmonar esquerda ou direita. Indicações: DOENÇA CARDIOVASCULAR CONGÉNITA Ø Anomalias da artéria pulmonar (agenesia ou hipoplasia) Ø Coartação da artéria pulmonar Ø Dilatação de uma artéria pulmonar Ø Anomalias das Veias Pulmonares ALTERAÇÕES VASCULARES PERIFÉRICAS Ø Fístulas Artério-Venosas Ø Varizes venosas Pulmonares HIPERTENSÃO DA ARTÉRIA PULMONAR TROMBOEMBOLIA PULMONAR Angiografia Brônquica Diagnóstico das hemoptises de Etiologia Desconhecida ou como tratamento - embolizando a artéria brônquica sangrante. Angiografia toráxica Visualização da Aorta toráxica. Aneurisma Aórtico (traumático, arterioesclerótico, micótico, dissecante) Coartação da Aorta Patologia dos Grandes Vasos Sequestro Pulmonar (demonstração da artéria anómala que irriga o lóbulo sequestrado) 46 Angiocardiografia Visualização das câmaras cardíacas permite estudar as anomalias congénitas como p.ex. as comunicações inter-auriculares ou inter-ventriculares Arteriografia Coronária Indicações: Ø Angina de peito; por vezes c/ ECG normal Ø Doentes Assintomáticos c/ alterações ECG de isquémia Ø Avaliação pós-operatória de um enfarte Ø Anomalias Congénitas das Coronárias Ø Aneurisma Ventricular Ø Insuficiência Mitral Ø Perfuração Septal Ø Enfarte do miocárdio Radioscopia Pouco utilizada actualmente a não ser para o estudo das doenças DIAFRAGMÁTICAS ou como ajuda em técnicas de CATETERISMO CARDÍACO, COLOCAÇÃO DE PACE-MAKER, BRONCOGRAFIA. Ecografia A ecografia no tórax tem aplicações muito limitadas por impossibilidade dos US atravessarem o osso e o ar. INDICAÇÕES: Lesões pleurais: Derrame, localização de empiemas, massas no espaço pleural, toracocentese difícil Doenças Parenquimatosas Pulmonares Infiltrados da base pulmonar, massas em contacto c/ a pleura, opacificação hemitórax Massas Medíastinicas Linfangioma, bócio, quisto pericárdico Diafragma Lesões subdiafragmáticas, mobilidade diafragmática, massas hepáticas, paralisia frénico 47 Medicina Nuclear Perfusão pulmonar Injecção IV de albumina marcada com Tc99. Diagnóstico de Tromboembolia Pulmonar (TEP) Ventilação pulmonar Xenon (Xe133); diagnóstico de TEP; Defeitos da função pulmonar por D. Cardíaca ou Pulmonar (precoce no Enfisema) Gamagrafia com Gálio67 Ø Estadiamento dos Linfomas e Carcinoma Broncopulmonar Ø Follow-up dos doentes tratados por Linfoma: detecção de recidivas Ø Determinar a actividade, extensão e resposta ao tratamento em doenças inflamatórias como a TP, Sarcoidose, Pneumoconioses ou Fibrose Pulmonar TAC Mediastino: a possibilidade de medir densidades destas estruturas permite com esta técnica clarificar a natureza das lesões: massas sólidas, lipomas, quistos ... e perceber a sua localização e relação com os órgãos vizinhos ou a partir das quais se desenvolveram Estadiamento de tumores: invasão vascular, gânglios afectados, metastização Coração: Avaliação da espessura pericárdica (Pericardite constritiva) e presença de derrame pericárdico Avaliação da parede toráxica (costelas e esterno) e pleura Técnicas Biópsicas – Biópsia Percutânea Complicações: pneumotórax (10-20%), hemoptises (5%) Contra-Indicações: Quisto Hidático, tosse incontrolável, distúrbios da coagulação, lesões vasculares pulmonares, DPCO severa, hipertensão pulmonar. 48 LESÕES DO ESPAÇO AÉREO: ALVEOLAR. ATELECTASIA As lesões alveolares são aquelas em que o ar do alvéolos foi substituído por exsudatos ou transudatos. SINAIS RADIOLÓGICOS As lesões alveolares têm margens mal definidas que se “fundem” com o tecido pulmonar não atingido por doença, excepto qdo atingem um cisura. Têm tendência a coalescer e a ter uma distribuição segmentar ou lobar contrariamente às lesões difusas que têm distribuição em “asas de borboleta” sendo muito mais intensas nas zonas hilares. Aparecem de um modo súbito e desaparecem também c/ alguma rapidez contrariamente às lesões difusas que apresentam um carácter mais insidioso. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES ALVEOLARES Podem dividir-se em LOCALIZADAS ou DIFUSAS, AGUDAS ou CRÓNICAS LESÕES ALVEOLARES LOCALIZADAS FREQUENTES POUCO FREQUENTES Pneumonia Sarcoidose Enfarte pulmonar Carcinoma de células alveolares Tuberculose Linfoma Atelectasia Micoses Contusão Pulmonar Edema pulmonar localizado “Rolhões” mucosos Pneumonites de Loeffer Aspiração LESÕES ALVEOLARES LOCALIZADAS CAVITÁRIAS MÚLTIPLAS AGUDAS CRÓNICAS TEP com enfarte - Séptico - Não Séptico Tuberculose Pneumonia Micoses Sarcoidose Linfoma Carcinoma de células pequenas Granulomatoses não infecciosas - Wegener - G. Linfomatóide - Sarcoidose necrotizante - Síndroma de Churg-Strauss 49 LESÕES DIFUSAS FREQUENTES POUCO FREQUENTES Edema pulmonar Hemorragia pulmonar - Trauma - Anticoagulantes - Hemossiderose Idiopática - Goodpasture Pneumonia de etiologia Ñ habitual Aspergilose AlérgicaPulmonar SDR do recém nascido Infiltrados Leucémicos Aspiração EDEMA PULMONAR CAUSAS FREQUENTES CAUSAS RARAS Aspiração Reacções alérgicas Cardíaco Colagenoses Cerebral Enforcamento Reacções a Drogas Altitude Elevada Excesso de Soros Hipoproteinémia Embolia gorda Malária Gases Tóxicos Afogamento Heroína Toxicidade pelo O2 Embolia Pulmonar Pneumotoráx com drenagem brusca Urémia Crise de Hipertiroidismo Trauma torácico Reacção pós-transfusional Reacções a meios de contraste Insuficiência Hepática Fulminante EDEMA PULMONAR SEM CARDIOMEGÁLIA CARDIOVASCULARES NEUROLÓGICAS ALÉRGICAS DROGAS OUTRAS Doença Isquémica - c/ enfarte - s/ enfarte Pós Crise Convulsiva Benadril Ácido Paraminosalicílico Urémia Estenose Mitral Trauma Cerebral Edema “Altitude” ?Glomerulonefrite c/ IR Aguda Hemorragia Sub Aracnoideia Sufocação Excesso de Líquidos Afogamento Lúpus Intox. Heroína Mordedura de Serpente 50 LESÕES ALVEOLARES DIFUSAS CRÓNICAS FREQUENTES RARAS Sarcoidose Pneumonia de <Hair Spray> Tuberculose Pneumonia Linfocítica Fungos Pneumonia Lipodeia Exógena - Aspiração de Azeite mineral Carcinoma Alveolar Microlitíase alveolar Linfoma Histiocitose X Granulomatose inespecífica ATELECTASIAS À perda de VOLUME de um pulmão, lóbulo ou segmento dá-se o nome de COLAPSO ou ATELECTASIA. Pode ser RADIOTRANSPARENTE (se não existir acumulação de líquido ou consolidação no seu interior) ou OPACIFICAÇÃO se houver líquido ou infiltrado pulmonar. TIPOS DE ATELECTASIA ATELECTASIA POR REABSORÇÃO: quando haja OBSTRUÇÃO entre a traqueia e os alvéolos ATELECTASIA PASSIVA: compressão por grandes DERRAMES ou PNEUMOTÓRAX ATELECTASIA P/ COMPRESSÃO: compressão p/ uma MASSA ou BOLHA ATELECTASIA Ñ OBSTRUTIVA ou ADESIVA: anomalias do SURFACTANTE PULMONAR ATELECTASIA CICATRICIAL ou FIBRÓTICA: é uma perda de volume pulmonar que acompanha geral/ processos fibróticos pulmonares, como na tuberculose pulmonar. CAUSAS DE ATELECTASIA FREQUENTES INFREQUENTES Tampões mucosos Asma Tumor brônquico benigno Broncolítiase Carcinoma brônquico Cardiomegália Corpo estranho Aneurisma Aórtico Retracção Inflamatória (TP) Pneumonia Tubo endotraqueal colocado Muito baixo Adenopatias Ruptura traumática de brônquio SEMIOLOGIA SINAIS DIRECTOS DE COLAPSO Ø Deslocamento da cisura Ø Perda de “ar” – consolidação Ø Expansão do pulmão “restante” 51 SINAIS INDIRECTOS Ø Elevação unilateral do diafragma Ø Desvio da traqueia (sobretudo na atelectasia do lobo superior) Ø Deslocamento do coração – só c/ atelectasias muito intensas Ø Estreitamento do espaço intercostal Ø Deslocamento hilar (normal/ o hilo esq. está mais elevado que o dto) Ø Enfisema pulmonar compensador (o tecido pulmonar na vizinhança da zona de atelectasia expande-se e verifica-se uma hipertransparência. OPACIFICAÇÃO COMPLETA DE UM HEMITÓRAX Ø Derrame pleural importante Ø Atelectasia significativa Ø Consolidação por pneumonia Ø Traumatismo Ø Mesotelioma pleural Ø Tumor mediastínico Ø Hérnia diafragmática Ø Edema pulmonar unilateral Ø Pós-pneumectomia 52 6ª AULA LESÕES INTERSTICIAIS. LESÕES INFILTRATIVAS DIFUSAS (pulmonares difusas) Há tendência em abandonar o termo lesões intersticiais já que muitas daquelas doenças que se pensava serem apenas intersticiais produzem normal/ padrões mistos (intersticiais e alveolares). PADRÕES MAIS HABITUAIS PADRÃO MILIAR OU MICRONODULAR São lesões nodulares de pequeno tamanho, < 1 cm, distribuídas uniformemente pelo parênquima pulmonar. Frequentes Menos Frequentes Granulomas Tuberculose miliar Silicose Pneumoconioses Granulomas Micoses Sarcoidose Artrite Reumatóide Infecções virais Neoplásica Metástases - tiróide - rins - melanoma Neoplásicas Carcinoma células alveolares Linfoma Outras causas Hemosiderose secundária Outras causas Hemosiderose idiopática Reacção pós-transfusional 53 PADRÃO LINEAR Caracteriza-se pela existência de “linhas” no parênquima pulmonar A.Padrão linear ou linfangítico Apresenta as chamadas linhas B de Kerley e correspondem ao espessamento dos septos interlobulares, por edema, depósitos tumorais, hemosiderina, poeiras orgãnicas, fibrose, etc... São linhas horizontais de 1 ou 2 cm de comprimento situadas nos seios costodiafragmáticos e que se originam da superfície pleural para o interior do pulmão. Transitórias/Agudas Persistentes/Crónicas Menos Persistentes Edema pulmonar hidrostático - ICC - Hiperhidratação - Intox. Heroína Pneumoconioses Ca. Broncoalveolar Edema pulmonar por lesão da barreira alvéolo-capilar - S. Dificuldade Respiratória - Pneumonia viral - Pneumonias p/ fungos I. Cardíaca Pós hemorragia pulmonar Linfangite carcinoma/ Linfangiectasia Reacção tardia a drogas Doença Venoclusiva B. Linhas irregulares de pequena densidade (lineares mas não septais) São lesões lineares de forma irregular, mais grossas q as linhas de Kerley, que não seguem o padrão septal e são mais grosseiras. INFLAMATÓRIAS - Viral - Mycoplasma - Pneumocystis carinii COLAGENOSES, IMUNOLÓGICAS OU DE HIPERSENSIBILIDADE - LES - Dermatomiosite - Artrite Reumatóide PNEUMOCONIOSES PNEUMONIAS INTERSTICIAIS CRÓNICAS OUTRAS - Sarcoidose - Neurofibromatose - Pneumonite pós radiação 54 C. Lesões em “favo de mel” Dá-se este nome à presença no parênquima pulmonar de quistos de pequeno tamanho, até 1 cm, mais ou menos uniformes e redondos. Para muitos, a presença destas lesões corresponde a um estadio final de destruição pulmonar com fibrose. FREQUENTES MENOS FREQUENTES Fibrose Intersticial Drogas Pneumoconioses Doença de Gaucher Histiocitose X Pneumonias hipersensibilidade Esclerodermia, Periarterite nodosa, LES, Dermatomiosite Toxicidade pelo Oxigénio Pneumonias Intersticiais Neurofibromatose Sarcoidose Displasia broncopulmonar Artrite Reumatóide Espondilite anquilosante D. Padrão Retículo-nodular Trata-se de um padrão em que se pode ver uma mistura de nódulos pulmonares e linhas ou bandas (originando-se estas últimas nos nódulos). SARCOIDOSE, ALVEOLITE ALÉRGICA EXTRÍNSECA, PNEUMOCONIOSES. LESÕES CAVITÁRIAS E QUÍSTICAS. CALCIFICAÇÕES TORÁXICAS LESÕES CAVITÁRIAS E QUÍSTICAS Dá-se o nome de LESÃO CAVITÁRIA a uma zona definida com perda de parênquima pulmonar, delimitada por uma parede e preenchida por líquido ou ar. Os QUISTOS são lesões de paredes finas que podem apresentar cavitação no seu interior Na maior parte dos casos são secundárias à necrose. A presença de um nível hidro-aéreo é o sinal mais importante para dizer q há uma cavidade pulmonar. Diagnóstico - História clínica (uso de drogas IV, alcoolismo, déficits imunitários) - Tamanho: pequenas – bronquiectasias, abcessos hematogénicos; grandes – tuberculose, tumores, bolhas, abcessos - Forma: na maior parte dos casos arredondadas; na TP são frequente/ irregulares - Parede: muito fina – quistos, bolhas; grossas – carcinoma, mtt de carcinomas, abcessos.. - Número: múltiplas – mtt, bolhas, bronquiectasias; únicas – carcinoma, abcesso, .... - Conteúdo: líquido, nível hidro-aéreo, massa no seu interior - Situação: TP tem predilecção pelos vértices; bronquiectasias pelas bases - Anomalias peri-cavitárias: certo grau de condensação pulmonar no parênquima envolvente nos casos de TP, abcesso, carcinoma, pneumoconioses. 55 CAVIDADES DE PAREDE GROSSA CAVIDADES MÚLTIPLAS DE PAREDE Grossa ou FINA CAVIDADES COM MASSAS NO SEU INTERIORCa primário D. Congénitas - Displasia broncopulmonar Micetoma (Aspergillus) - Cav. TP - Bronquiectasias - Abcessos - Metástases Granuloma tubercul. D. Vias Aéreas - Enfisema bolhoso - Bronquiectasias quísticas Coágulo - Cav. TP - Laceração - Enfarte Metástases Lesões Infeccciosas - Tuberculose - Micoses - Pneumatocelo pós-pneumonia Pús espesso - Bronquiectasias - Abcesso Abcesso D. Embolígenas - TEP - Embolismo séptico Tecido necrosado - gangrena pulmonar - Silicose - Aspergilose invasiva Hematoma D. Neoplásicas - Metástases hematogénicas - Linfoma Membranas retidas - Quisto hidático Enfarte pulmonar D. Autoimunes - Nódulos Reumatóides - G. Wegener - Periarterite Nodosa Nódulo da parede - Carcinoma - Micetoma - Quisto hidático Linfoma Trauma - Intox. Hidrocarbonetos - Laceração traumática Silicose Outras - Sarcoidose - Histiocitose X Nódulo Reumatóide Sarcoma G. Wegener 56 CALCIFICAÇÕES TORÁXICAS CALCIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS - Anéis cartilaginosos da traqueia, brônquios principais (pessoas idosas) - Cartilagens costais, sobretudo nas inferiores - Arco aórtico (ateroesclerose) CALCIFICAÇÕES INTRA-PULMONARES INFECÇÕES - TP, Micoses, Pós-varicela; RARAS: Actinomicose, Abcesso, Enfarte antigo, Corpo estranho TUMORES - BENIGNOS - Hamartoma, carcinóide, Fístula A-V, Hemangioma, Hematoma - MALIGNOS - Metástases de Osteosarcoma, Condrosarcoma, Ca Pulmão OCUPACIONAIS - Silicose, Pneumoconioses METABÓLICAS - Hiperparatiroidismo, I. Renal Crónica, Hipervitaminose D, OUTRAS - Broncolitos, Microlitiase alveolar, Amiloidose, CALCIFICAÇÕES PLEURAIS - Pós Pneumotórax - Pós Hemotórax - Pós – TP - Pneumoconioses: Asbesto, Talco, Mica CALCIFICAÇÕES MEDIASTÍNICAS GANGLIONAR: TP, sarcoidose, Pneumoconioses TUMORES: Adenoma tiróide, Teratomas, Timoma, Ganglioneuromas, Linfomas, Hemangiomas CARDÍACAS: Aneurisma e Aortite Sifílitica, Ateromatose Aórtica, Pericardite, Miocárdio (pós- enfarte), coronárias, Aneurisma ventricular TRAQUEIA: policondrite recidivante CALCIFICAÇÕES DA PAREDE TORÁXICA Calo ósseo de fracturas de costelas Gânglios tuberculosos (axilares e cervicais) Osteomas e Osteocondromas das costelas, omoplata... Miosite ossificante Cisticercose Calcinose generalizada Calcificações mamárias (adenoma) 57 HIPERCLARIDADE PULMONAR & LESÕES HILARES HIPERCLARIDADE PULMONAR Trata-se da diminuição da densidade normal dos pulmões. Pode ser uni ou bilateral. Isto corresponde a uma redução do calibre da árvore pulmonar arterial e hiperinsuflação ou destruição pulmonar. HIPERCLARIDADE UNILATERAL a) Alterações vasculares: vasos periféricos pequenos, s/ hiperinsuflação nem alterações do hilo b) Igual ao anterior mas c/ aumento do hilo (Artérias Pulmonares aumentadas) – TEP c) Hieperinsuflação, vasos periféricos pequenos, hilos normais – Enfisema CAUSAS DE HIPERCLARIDADE UNILATERAL ESPÚREAS: (perda dos tecidos moles da parede toráxica): Mastectomia, Atrofia unilateral do peitoral, Escoliose, Rotação do RX CONGÉNITAS: Atrésia brônquica congénita, Agenesia A Pulmonar, Enfisema Pulmonar Congénito ENFISEMA COMPENSADOR A OBSTRUÇÃO BRÔNQUICA CONTRA-LATERAL: Atelectasia Obstrutiva, Resseção Pulmonar, Agenesia ou Hipoplasia pulmonar ENFISEMA OBSTRUTIVO LOCALIZADO: Corpo Estranho, Tumores, Coágulos, Compressão Extrínseca, DPOC c/ enfisema localizado ALTERAÇÕES VASCULARES: TEP sem enfarte (Oligoémia) ALTERAÇÕES PARÊNQUIMATOSAS: Bolhas, Pneumatocelo PLEURAL: Pneumotórax (Bolhas, DPOC, Intersticiais Difusas-Fibrose, Sarcoidose; Sarcomas, TEP, Traumatismo, Barotrauma) CAUSAS DE HIPERCLARIDADE BILATERAL ESPÚREAS: Mastectomia bilateral DOENÇAS CONGÉNITAS: Estenose A Pulmonar HIPERTENSÃO PULMONAR: TEP, D. Mitral Crónica, Hipertensão primária D. ESPAÇO AÉREO: DPOC, Enfisema Obstrutivo, Enfisema Bolhoso, Asma, Mucoviscidose, Pneumotórax bilateral 58 LESÕES HILARES. A sombra dos hilos é formada pela artéria pulmonar principal e seus ramos direito e esquerdo, brônquios principais e gânglios linfáticos. O tamanho dos hilos é variável mas em mais de 80% dos casos ambos os hilos são iguais em tamanho. HILO C/ DIMINUIÇÃO DAS DIMENSÕES VASCULARES Ø Ausência ou hipoplasia da artéria pulmonar Ø Tromboembolia ESPAÇO AÉREO Ø Enfisema unilateral (compensador ou obstrutivo) Ø Atelectasia TÉCNICA Ø Rotação Ø Escoliose Ø Cirurgia pulmonar prévia CRESCIMENTO HILAR UNILATERAL INFLAMATÓRIAS MICOSES NEOPLASIAS VASCULARES ESPÚREAS Tuberculose Histoplasmose Ca Broncogénico Dil. Tronco Artéria pulmonar Massa Mediastínica Micoplasma D. Hodgkin Fístula AV Pneumonia Psicatose Ca. Broncoalveol. Coartação Artéria Pulmonar Sarcoidose Adenoma Brônquico TEP Hiperplasia linfática Metástases CRESCIMENTO HILAR BILATERAL Inflamatórias Fungos Neoplasias Inalatórias Idiopáticas Vasculares TP Histoplasmose Linfoma NH Silicose Sarcoidose TEP Micoplasma L Hodgkin Berilose Fibrose Idiop D. Cardíaca Rubéola Linfangite Carcinomatosa Pulmão Fazendeiro Histiocitose X Cor Pulmonar Varicela Leucemia Hemosiderose I. Cardíaca Mononucleose Ca Broncoalveolar Amiloidose Mucoviscidose Metástases Brucelose 59 A PLEURA. ESPAÇO EXTRAPLEURAL. A PAREDE TORÁXICA A cavidade pleural é um espaço virtual, que no indivíduo normal, contém uma quantidade mínima de líquido. As diferenças de pressão hidrostática pleural e dos capilares e a sua baixa pressão coloidal faz com que a drenagem de líquido se faça facilmente. Ø A acumulação de líquido ocorre pelos seguintes mecanismos: Ø Aumento da pressão hidrostática da circulação sistémica como ocorre na ICC, Percardite Constritiva... Ø Diminuição da pressão osmótica, coloidal, como na síndroma nefrótica, hipoalbuminémia... Ø Aumento da permeabilidade capilar pleural – obstrução linfática por tumor, parasitas ou inflamação SINAIS RADIOLÓGICOS DE DOENÇA PLEURAL Líquido livre - Distribuição típica O líquido inicialmente acumula-se a nível subpulmonar e depois ascende pela parede toráxica. Qdo subpulmonar pode só ser identificado nos DLaterais - Distribuição atípica Qdo exista lesão pulmonar a possibilidade de retração dessa área do pulmão está alterada pudendo o derrame apresentar formas atípicas. - Derrame pleural macisso O derrame macisso produz deslocamento do mediastino para o lado contra-lateral, alargamento dos espaços pleurais e por vezes abaixamento do diafragma. Qdo um derrame macisso não desvia o mediastino deve suspeitar-se que este se encontra fixo o que aponta para a existência de ca pulmonar. Causas de Derrame Pleural Com Tórax normal Com Alterações Toráxicas FREQUENTES FREQUENTES Infecciosas – Tuberculose ICC Cirrose Carcinoma Pulmonar Pancreatite Pneumonia Enfarte Pulmonar Metástases Patologia subdiafragmática inflamatória (abcesso subfrénic, hepático, colecistite) Enfarte Pulmonar Traumatismos Linfoma Metástases Traumatismos Mesotelioma Metástases POUCO FREQUENTES POUCO FREQUENTES Asbestose Mesotelioma Lúpus Eritematoso Sistémico Pericardite Constritiva Ruptura Esofágica Doenças Reumáticas Hipoproteinémia Quistos Hidáticos 60 Hemorragia espontânea Neoplasias parede toráxica S. Meigs Abcessos frénicos Síndroma Pós enfarte do miocárdio Granulomatose Wegener Síndroma Nefrótica Injecções esclerosantes p/ Varizes esofágicas Artrite Reumatóide Mixedema Iatrogénico HIDROPNEUMOTÓRAX Por vezes o líquido pleural associa-se à presença de ar. Causas: introdução de ar através de punção toráxica diagnóstica; presença de fístula broncopleural;
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