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Instalações Prediais Para Arquitetura - 6° Período PUC-MG - campus Poços de Caldas Capítulo 1 - Parte ¼ - RV 04 Instalações Prediais de Água Fria Antonio Claret Caponi Poços de Caldas - 2014 Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 1/4 2 1. Instalações Prediais de Água Fria 1.1 Generalidades Considera-se instalação de água fria ao conjunto de tubulações, equipamentos, reservatórios e dispositivos, instalados a partir do final do ramal predial, que se dá no hidrômetro, destinado ao abastecimento dos pontos de utilização de água da edificação em quantidade e pressão suficientes, preservando a qualidade da água fornecida pelo sistema de abastecimento. Em uma instalação de água fria deve-se considerar também o aspecto manutenção, permitindo a rastreabilidade e a acessibilidade ao sistema. O presente estudo tem como parâmetro a Norma Brasileira NBR 5626 Instalações Prediais de Água Fria da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Considera-se importante, neste início, mostrar ao aluno a existência desta norma que estabelece as exigências mínimas quanto à higiene, segurança, economia e conforto a que deve atender as instalações prediais de água fria. 1.2. Objetivos • Garantir o bom funcionamento de forma contínua em quantidade suficiente; • Preservar a qualidade da água do sistema de abastecimento; • Garantir velocidade e pressão para o bom funcionamento das instalações; • Preservar o máximo conforto dos usuários, incluindo-se a redução dos níveis de ruído. 1.3 Fontes de abastecimento As fontes de abastecimento formam o sistema de abastecimento predial que pode ser: Público, Privado e Misto. • O sistema público1: constitui-se de mananciais (lagos, rios) estações de tratamento, redes de tubulações, estações de bombeamento, dispositivos para manobra e controle da água, que se resume nas atividades de captação, adução, tratamento, armazenamento, transporte e distribuição de água potável para o consumo nas edificações. • O sistema privado: evidencia-se para os locais desprovidos de redes ou sistema de abastecimento público para a distribuição de água potável, sendo as fontes mais comuns, os poços2, lagos, açudes, córregos ou reservatórios de águas pluviais3. • O sistema misto: é aquele em que se utiliza dos dois sistemas anteriores4. A Figura 1 mostra como se constitui um sistema de abastecimento público de água, desde a captação até à rede de distribuição nas edificações. 1 Trata-se de uma atribuição legal do poder público municipal, que realiza estas atividades através de autarquias municipais ou departamentos de água. 2 Os poços podem ser desde cisternas (poços rasos - freáticos) a poços artesianos. 3 A água para ser utilizada deve atender aos procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, estabelecidos pela Portaria n. 518 do Ministério da Saúde. 4 Comentários sobre uso não potável da água. Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 1/4 3 Fi gura 1 - Fonte: Ref. Bibliog. (2) - Instalação Predial de Água fria (3) Conjunto de tubulações, equipamentos, reservatórios e dispositivos, existentes a partir do ramal predial, destinado ao abastecimento dos pontos de utilização de água da edificação, em quantidade suficiente, mantendo a qualidade da água fornecida pelo sistema de abastecimento. Insere-se neste item o Alimentador Predial, que é a tubulação que vai do hidrômetro (cavalete) até o flutuador de bóia do reservatório. Fig. 4 1.4 Elementos de uma rede predial de água fria - Ramal Predial (1) Tubulação compreendida entre a rede pública de abastecimento e a instalação predial. O ramal predial deve ser definido pelo regulamento da Companhia Concessionária de Água local. Fig. 2 Figura 2 Rede pública Ramal Predial - Hidrômetro (2) Aparelho que mede o consumo de água. É fornecido e instalado pela concessionária do serviço de água da municipalidade. Fig. 3 Figura 3 - Hidrômetro Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 1/4 4 - Rede Predial de Distribuição (4) Conjunto de instalações constituído de barriletes, colunas de distribuição, ramais e sub-ramais, ou alguns destes elementos. Fig. 5 Vantagens: • Garantia da qualidade da água (vai direto para o sistema de distribuição evitando o risco de da perda do teor de cloro residual) • Maior pressão nos pontos de utilização (concessionária fornece a água com pressão em torno de 15 mca (1,5 kgf/cm²)). • Menor custo (não possui reservatório) Desvantagens: • Falta d’água quando da manutenção no sistema; • Variação da pressão; • Pressão alta em residências situadas nos pontos mais baixos; • Limitação de vazão (não instalação de válvula de descarga); • Golpe de aríete. • Maior pressão � maior consumo. Instalação Predial de Água Fria Figura 4 - Fonte: adaptado da ref.Bibl. (2) Fig. 5 - Fonte: adaptado da ref.bibl. (2) - Alimentação da rede predial de distribuição (5) a-) Sistema de alimentação direta todos os aparelhos e torneiras de um edifício são alimentados diretamente pela rede pública de canalizações prediais. Utilizado quando a pressão da rede pública é suficiente para manter o abastecimento ascendente, sem a necessidade de reservatório, mantendo-se a continuidade do abastecimento.Fig. 6 Fig. 6 - Fonte: ref.bibl. (2) Alimentador Predial Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 1/4 5 1- Distribuição por Gravidade: feita por reservatório o qual é alimentado pela rede pública. 2- Distribuição Hidropneumática: é constituída por uma bomba centrífuga, um injetor de ar e um tanque de pressão. O sistema é acionado por um pressostato. Este sistema dispensa o reservatório superior, sua instalação é cara, só sendo recomendada em casos especiais, como gabarito do local ou alívio de carga na superestrutura. Vantagens: • Fornecimento contínuo de água; • Pequenas variações de pressão; • Permite a instalação de válvula de descarga; • Menor pressão � menor consumo. Desvantagens: • Perigo de contaminação da água nos reservatórios; • Em alguns casos não se pode elevar o reservatório em relação à laje superior; com isso surgem problemas de baixa pressão (não inclui o hidropneumático) • Maior custo.Fig. 8 - Fonte: ref.bibl. (2) b-) Sistema de alimentação indireta sem bomba (por gravidade): todos os aparelhos e torneiras de um prédio são supridos pelo reservatório superior do edifício. Utilizado quando a pressão é suficiente, mas não existe continuidade de abastecimento. Assim, neste sistema, há necessidade de se prever um reservatório superior e, a alimentação da edificação será descendente. É o caso comumente utilizado em residências de até dois pavimentos. Fig. 7 Fig. 7 - Fonte: ref.bibl. (2) c-) Sistema de alimentação indireta com bomba: Quando, além da pressão da rede pública ser insuficiente, há descontinuidade no abastecimento, o que faz necessária a existência de dois reservatórios, um inferior e outro superior, somando-se à necessidade de bombeamento. Neste caso a distribuição será descendente. É o sistema mais usual em edifícios altos onde se exigem grandes reservatórios de acumulação. Fig.8 Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 1/4 6 Vantagens • Melhora na qualidade da água; • Fornecimento contínuo; • Permite a instalação de válvula de descarga. 1.5 Elementos de uma rede predial de distribuição incluindo reservação superior a) Elementos da reservação superior - Nível Operacional - Nível máximo Nível atingido pela água no interior da caixa de d’água, quando o dispositivo da torneira de bóia se apresenta na posição fechada e em repouso. Fig. 10 - Extravasor (comumente chamado ladrão) Tubulação destinada a escoar eventuais excessos de água dos reservatórios e caixas de descarga. Nas caixas d’água, localiza-se imediatamente após a linha de nível estabelecida pelo flutuador da bóia. Fig. 10 - Limpeza ou dreno Tubulação instalada na parte inferior do reservatório, dotada de registro de gaveta(válvula), d-) Sistema de alimentação misto: Algumas torneiras são alimentadas diretamente pela rede pública, enquanto que outras são supridas pelo reservatório predial. Ou seja, é o sistema onde parte da instalação é alimentada diretamente pela distribuição e parte independente. Fig.9 - Reservatório superior Reservatório ligado ao alimentador predial ou à tubulação de recalque, destinado a alimentar a rede predial de distribuição. Fig. 10 - Tubulação de alimentação: Tubulação que vem da rede de alimentação predial, seja da rede pública ou poço (cisterna). Fig. 10 - Torneira de Bóia Válvula com bóia destinada a interromper a entrada de água nos reservatórios e caixas de descarga quando se atinge o nível operacional máximo previsto. Fig. 10 Fig. 10 - Fonte: ref.bibl. (2) ALIMENTAÇÃO COLUNA DE DISTRIBUIÇÃO BARRILETE Fig. 9 Fonte: ref.bibl. (2) Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 1/4 7 destinada ao esvaziamento do reservatório para permitir a sua manutenção e limpeza.Fig. 10 b) Elementos da rede predial de distribuição - Sub-ramal Tubulação que liga o ramal à peça de utilização (lavatório, chuveiro) Fig. 11. - Ponto de utilização Extremidade de jusante do sub-ramal. Fig. 11. - Trecho Comprimento de tubulação entre duas derivações ou entre uma derivação e a última conexão da coluna de distribuição. - Barrilete Conjunto de tubulações que origina no reservatório e do qual se derivam as colunas de distribuição. Fig. 10 e Fig. 11 - Ventilação Tubulação compreendida na extremidade superior da coluna de distribuição, após o registro de saída da mesma, com a sua extremidade livre, ou aberta, sob ação da pressão atmosférica. Fig. 10. e Fig 11. - Coluna de distribuição Coluna derivada do barrilete e destinada a alimentar ramais. Fig. 10 e Fig. 11. - Ramal Tubulação derivada da coluna de distribuição e destinada a alimentar os sub-ramais. Fig. 11. BARRILETE COLUNA DE DISTRIBUIÇÃO Fig. 11 - Fonte: adaptado da ref.bibl. (2) SUB-RAMAL PONTO DE UTILIZAÇÃO Fig. 12 - Fonte: ref.bibl. (3) RAMAL - Válvula (registro) de Gaveta: utilizadas em tubulações para operações de manobra (utilização totalmente aberta ou totalmente fechada) Fig. 12 Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 1/4 8 - Válvula de Descarga: Válvula de acionamento manual ou automático, instalada no sub-ramal de alimentação de bacias sanitárias ou de mictórios, destinada a permitir a utilização de água para suas limpezas. 1.6 Materiais das tubulações 1.6.1 Tubos e conexões plásticos - Válvula de Globo: (registro de pressão,quando de pequenos diâmetros): utilizadas em tubulações de distribuição de sub- ramais como chuveiro, lavatório, bidê, pia de cozinha. Fig. 13 . - Válvula de Agulha: derivação da Válvula de Globo. Fig. 14 - Válvula de Esfera: válvulas de fechamento rápido, também utilizado nas operações de manobra. O controle do fluxo se dá através de uma esfera possuindo uma passagem central. O comando é através de uma alavanca.Fig 15 Fig. 13 - Fonte: ref.bibl. (3) Fig. 14 - Fonte: ref.bibl. (3) Fig. 15 - Fonte: ref.bibl. (3) Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 1/4 9 Trata-se de uma grande variedade de componentes fabricados a partir de polímeros orgânicos petroquímicos sintéticos5. Os materiais mais utilizados são: - PVC (Cloreto de polivinila); - PP (Polipropileno); - PEAD (Polietileno de alta densidade); - PEX (Polietileno reticulado ou com ligação cruzada). Utilizados em sistemas DryWall. - CPVC (Cloreto de polivinila clorado). Utilizados em instalações prediais de água quente. Os tubos de PVC, segundo as normas brasileiras, dividem-se em duas áreas de aplicação: • Tubos de PVC rígido para adutoras e redes de água, norma NBR 5647. São comercializados como PBA (Tubode Ponta e Bolsa e Anel de Borracha), PBS (Ponta e Bolsa para Soldar) e F (Tubo Flangeado) são usados somente em adutoras, redes de água, redes enterradas de prevenção contra incêndios e em instalações industriais. • Tubos de PVC rígido para instalações prediais de água fria, norma NBR 5648. São destinados às instalações prediais de água fria podendo ser de juntas soldáveis ou com juntas rosqueáveis. São fabricados comercialmente nas cores: • Branca: juntas rosqueadas tipo macho-fêmea utilizando pasta o fita veda rosca nas conexões. Suas dimensões seguem o sistema inglês de unidade. (polegadas e suas frações) • Marrom: juntas ponta e bolsa soldadas a frio utilizando solvente químico adesivo apropriado. Suas dimensões seguem o Sistema Internacional de unidades (SI) (metro e suas frações). Os tubos PEX são instalados sem emendas dentro de tubos-guia de polietileno de baixa densidade (PEBD) que permitem serem embutidos em contrapisos e lajes de concreto. A instalação é realizada com os tubos lançados de forma contínua e individualmente, desde o barrilete até o ponto de utilização. No Anexo, é apresentada a Tabela 1, com as respectivas dimensões dos tubos de PVC que são os mais utilizados nas instalações prediais de água fria. 1.6.2 Tubos e conexões metálicos O tubo mais comumente utilizado é o tubo de aço ao carbono galvanizado para água fria, de forma mais específica nas instalações de para combate a incêndio e o tubo de cobre para água quente. Suas dimensões seguem o sistema inglês de unidade. (polegadas e suas frações) 1.6.3 Vantagens e desvantagens comparativas dos tubos plásticos em comparação aos tubos de aço galvanizado. • Tubos plásticos (Vantagens): - Elevada resistência à corrosão; - Boa durabilidade quando abrigados da ação das intempéries; - Baixa condutividade térmica e elétrica; - Facilidade de manuseio; - Baixa rugosidade ao escoamento; - Pouca acumulação de detritos; - Baixa transmissão acústica; - Baixo custo relativo de aquisição. • Tubos plásticos (Desvantagens): - Baixa resistência ao calor; - Baixa resistência mecânica; 5 São Polímeros formados através de uma reação de adição em atividade industrial de produção de derivados de petróleo. Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 1/4 10 - Degradação devida a exposição prolongada à radiação ultravioleta; - Sob combustão gera fumaça e gases tóxicos. • Tubos metálicos (Vantagens): - Elevada resistência às pressões internas; - Elevada resistência mecânica; - Incombustibilidade às temperaturas atingidas em incêndios em edificações. • Tubos metálicos (Desvantagens) - Elevada condutividade térmica; - Menor facilidade de manuseio; - Maior rugosidade ao escoamento; - Elevada transmissão acústica; - Maior facilidade à sedimentação de detritos; - Maior suscetibilidade à corrosão; - Possibilidade de contaminação da água devidos aos detritos de corrosão; - Maior custo de aquisição. 1.7. Dados para o Projeto Na elaboração dos projetos de instalações hidráulicas, o projetista também deve estudar a interdependência das diversas partes do conjunto. Para isso são necessárias plantas completas de arquitetura da edificação, bem como a comunicação com o profissional responsável pela autoria do projeto arquitetônico e também pelo responsável pelo cálculo estrutural, a fim de se conseguir a solução ideal, considerando a técnica, a estética e a economia. Um projeto completo de instalações hidráulicas compreende, em geral, no seguinte conteúdo: � Plantas, cortes, detalhes e vistas isométricas, com dimensionamento e traçado dos condutores. As escalas usuais são 1:50 e 1:100 para plantas e cortes e 1:20 e 1:25 para os detalhes; � Memórias descritivas e justificativas de cálculo; � Orçamento, compreendendo o levantamento das quantidades e dos preços unitário e global para a obra. As etapas são as seguintes: 1. Concepção: • Tipo de utilização da construção; • Capacidade atual e futura; • Tipo de Instalação; • Pontos de Utilização; • Localização dos Reservatórios. 2. Determinação das vazões: • Número de Pessoas e Consumo Diário. 3. Dimensionamento: • Realizado utilizando os conceitos básicos de hidráulica. Atividades Práticas QUESTÕES DO CAPÍTULO 1 - Parte 1/4 – VALOR = Conforme planilha de notas 1. Faça um croqui indicando os seguintes elementos da terminologia dada: Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 1/4 11 - ramal predial; - hidrômetro; (cavalete) - Instalação predial com sistema de alimentação indireta, sem bomba. - rede predial de distribuição com indicação dos elementos componentes. Considerações sobre a forma de apresentação dos exercícios: 1. Capa: dados no formato padrão disponível em Aula na Rede. 2. Conteúdo: papel formato A4, manuscrito. Não serão aceitos trabalhos digitados. Bibliografia: 1. CREDER, Hélio. Instalações Hidráulicas e Sanitárias. 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1988. 2. MANUAL TÉCNICO TIGRE. Orientações sobre instalações hidráulicas e sanitárias. Joinville,SC,1986. 3. MACINTYRE, Archibald Joseph. Manual de Instalações Hidráulicas e Sanitárias. Rio de Janeiro. LTC, 1990. 4. NETO, Azevedo. José Martiniano de. Manual de Hidráulica. 7 ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1982. 5. YAZIGI, Walid. A Técnica de Edificar. 3 ed. São Paulo: PINI: SindusCon-SP, 2000. Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 1/4 12 Anexo Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 1/4 13 Tabela 1:Características Tubo de PVC rígido – NBR 5648
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