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Instalações Prediais Para Arquitetura - 6° Período PUC-MG - campus Poços de Caldas Capítulo 1 - Parte 2/4 - RV 04 Instalações Prediais de Água Fria Antonio Claret Caponi Poços de Caldas - 2013 Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 2/4 2 2. Reservação 2.1 Introdução A reservação predial faz-se necessária quando se tratar de sistema indireto de fornecimento desdobrando-se no sistema de alimentação predial e sistema de distribuição. 2.2 Finalidade da reservação Em quase todas as localidades brasileiras há deficiência do abastecimento de água. A distribuição direta é pouco usual, além de que a água não é fornecida, pela concessionária, com a pressão suficiente para edificações mais altas tornando-se necessário à construção de reservatórios. Assim, a finalidade da reservação é garantir a demanda de água na edificação quando da interrupção do fornecimento de água pelo sistema de abastecimento. Deve- se prever uma quantidade de água equivalente a um dia de demanda, estabelecida pelo Consumo Diário da edificação e, quando necessário (exigido em projeto), prever a reservação para o combate a incêndio. A prática recomendada é que seja dimensionada uma reservação para dois dias de consumo e nunca superior a três dias, tendo em vista a redução da solubilidade do cloro livre residual. Quanto à localização os reservatórios podem ser instalados ou construídos das seguintes formas: • Na parte inferior das edificações (reservatório inferior) recebendo neste caso a água direto do sistema de alimentação; • Na parte superior das edificações (reservatório superior) recebendo água do reservatório inferior através de bombeamento e distribuída para toda edificação. 2.2.1 Instalação elevatória Quando a pressão da rede de abastecimento pública não é suficiente para enviar a água para as edificações mais altas (prédios com mais de três pavimentos) faz-se necessária a instalação de bombas para elevar a água do reservatório inferior para o superior. Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 2/4 3 2.3 Capacidade dos reservatórios A norma NBR 5626:1998 exige a divisão, em dois ou mais compartimentos, os reservatórios de maior capacidade para que se possa realizar a manutenção sem que haja interrupção na distribuição da água para os pontos de utilização da edificação. As residências unifamiliares estão isentas desta obrigatoriedade, entretanto constitui boa prática dividir o volume de água calculado em dois ou mais reservatórios, com a mesma finalidade. 2.3.1 Dimensionamento dos reservatórios em sistema indiretos 2.3.1.1 Consumo diário Para se estimar o Consumo Diário de água é necessário que se conheça o n. de pessoas que ocupará a edificação. Para o uso residencial Creder (1995) recomenda que se considere cada quarto social ocupado por 2 pessoas e cada quarto de serviço ocupado por 1 pessoa. No Anexo I, apresenta-se a Tabela 1, mais abrangente, com taxas de ocupação conforme o uso em vários tipos de edificações e a Tabela 2, com os consumos diários per capita. A determinação do volume do reservatório se dá em função do consumo médio diário, sendo sua capacidade dada por: NDCMDV ×= (1) Onde: CMD = consumo médio diário dado em m³/dia ND = número de dias de reservação de água (dia) Como já comentando anteriormente o volume de água reservado deve ser no mínimo igual a 01 dia de consumo e não superior a 03 dias. Na prática adota-se uma reservação para 02 dias de consumo. Considerando-se o reservatório inferior e o superior a distribuição dos volumes se dá conforme o seguinte critério prático: Reservatório Inferior (RI) � 60% do consumo diário; Reservatório Superior (RS) � 40% do consumo diário Assim para o reservatório superior o volume será: VS = 0,40 x CMD (I) Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 2/4 4 Tem-se que o volume total da reservação será: V = CMD x ND (II) e o volume total reservado será: V = VS + VI Tem-se: VI = V – VS (III) Colocando (II) e (I) em (III) tem-se: VI = CMD x ND – 0,40 x CMD � colocando CMD em evidência fica: VI = CMD (ND-0,40) (IV) Onde: CMD = consumo médio diário (m³/dia); ND = número de dias de reservação da água (dia); V = volume total reservado na edificação (m³); VS = volume do reservatório superior (m³); VI = volume do reservatório inferior (m³). Nota: A unidade de volume (que é um cheio) é dada em metro cúbico (m³) e a unidade de capacidade (que é um vazio) é dada em litros (L). Assim dizemos “o volume de uma rocha” e a “capacidade de uma caixa d’água”. Em muitos casos será necessário efetuar a conversão dessas unidades que pode ser feita da seguinte forma: Sabe-se que 1 L = 1 dm³ = 0,001 m³; então para converter metro cúbico para litro pode-se montar a seguinte regra de três: 1 L � 0,001 m³ � LmmX 11001,0 33 ×=× � X 1,0 m³ L m LmX 000.1 001,0 11 3 3 = × = Tem-se então que 1m³ contém 1.000 L. Assim, de forma análoga, pode-se realizar as conversões com esta relação: Exemplos 1. Converter 20 m³ em Litros 1 m³ � 1.000 L � Resolvendo a proporção tem-se: 20 m³ � X LmmX 000.120.1 33 ×=× � L m LmX 000.20 1 000.120 3 3 = × = Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 2/4 5 2. Converter 500 L em metros cúbicos 1 m³ � 1.000 L � Resolvendo a proporção tem-se: X 500 L LmLX 5001000.1 3 ×=× � 3 3 500,0 000.1 5001 m L LmX =×= Assim, de uma forma mais prática para estas conversões podem-se adotar os critérios como segue: • Para converter metro cúbico (m³) para litros (L) multiplica-se a quantidade de metro cúbico por 1.000 Ex. o 1 m³ x 1.000 � 1.000 L o 0,001 m³ x 1.000 � 1 Litro • Para converter litro(L) para metro cúbico (m³) divide-se a quantidade de litros por 1.000 Ex. • 150 L / 1.000 � 0,150 m³ • 1 L / 1.000 � 0,001 m³ Exemplos de cálculo de volume de reservatórios 1. Determinar a capacidade de um reservatório de uma residência com 03 quartos sociais e 01 de serviço. Considerar o consumo para 02 dias. Solução: (adotando o consumo per capita segundo o critério de Creder (1995)) 3 quartos x 2 pessoas = 6 pessoas x 150 L (Tab.2) = 900 L 1 quarto de serviço = 1 pessoa x 150 L = 150 L __________________ Total = 1.050 L Considerando 2 dias de consumo a reservação total deverá ser: 2 x 1050 = 2.100 L =~ 2.000 L. Utilizar 2 reservatórios de 1.000 L cada. (nota: neste caso considera-se somente o reservatório superior) 2. Determinar os volumes finais dos reservatórios superior e inferior para um edifício residencialcom 8 pavimentos sendo 3 apartamentos por pavimento, tendo cada apartamento 3 quartos sociais e um quarto de empregada. Para este projeto determinou-se que a água para a reserva de combate a incêndio deverá ser armazenada no reservatório superior com um volume de 5.000 L. A reservação para o consumo diário deverá ser de 2 dias de consumo. Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 2/4 6 Solução: (adotando o consumo per capita segundo o critério de Creder (1995)) - Cada apartamento com 3 quartos sociais � 3 x 2 = 6 pessoas - Cada apartamento com 1 quarto de serviço � 1 x 1 = 1 pessoa - Total de pessoas por apartamento � = 7 pessoas - Cada pavimento com 3 apartamentos � 3 x 7 = 21 pessoas - População do prédio com 8 pavimentos � 8 x 21 = 168 pessoas • Calculo do consumo médio diário (CMD) CMD = 200 L(*) x 168 pessoas = 33.600 Litros/dia (33,6 m³) • Cálculo do volume do reservatório superior necessário ao consumo VS = 0,40 x CMD = 0,40 x 33,6 m³ = 13,44 m³ = 13.440 L • Cálculo do volume final do reservatório superior considerando a reserva de incêndio de 5.000 L VS Tot = 13,440 m³ + 5,0 m³ = 18,44 m³ = 18.440 L • Cálculo do volume do reservatório inferior De (IV) tem-se: VI = CMD ( ND – 0,40) VI = 33,6 m³ ( 2 – 0,40) = 53,76 m³ = 53.760 L Bibliografia: BERNARDO, Luiz Di; FILHO, Alberto R.A.; BLUNDI, Carlos E. Instalações Prediais de Água Fria. São Carlos: USP: Escola de Engenharia de São Carlos, 1983. CREDER, Hélio. Instalações Hidráulicas e Sanitárias. 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1988. MANUAL TÉCNICO TIGRE. Orientações sobre instalações hidráulicas e sanitárias. Joinville,SC,1986. NETO, Azevedo. José Martiniano de. Manual de Hidráulica. 7 ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1982. (*) Valor extraído da Tabela 2 do Anexo. Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 2/4 7 ANEXO Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 2/4 8 Tabela 1 – Taxa de Ocupação Conforme Uso da Edificação Para Fins de Cálculo de Consumo Diário de Água ( Adaptado da Norma NBR 9077- Saída de Emergência nas Edificações) Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 2/4 9 (1) Em apartamentos de até dois dormitórios, a sala deve ser considerada como dormitório; em apartamentos maiores (três e mais dormitórios), as salas de costura, gabinetes e outras dependências que possam ser usadas como dormitórios (inclusive para empregadas) são consideradas como tais. Em apartamentos mínimos, sem divisões em planta, considera-se uma pessoa para cada 6m² de área de pavimento; (2) Alojamento = dormitório coletivo, com mais de 10,00m²; (3) Por “área” entende-se a “área de pavimento” que abriga a população em foco, quando discriminado o tipo de área (p. ex: “área de alojamento”), é a área útil interna da dependência em questão; (4) Auditórios e assemelhados, em escolas, bem como salões de festas e centros de convenções em hotéis são considerados nos grupos de ocupação “locais de reunião de público” correspondentes; (5) As cozinhas e suas áreas de apoio, nas ocupações de “locais de reunião de público”, tem sua ocupação admitida como no grupo “serviços profissionais, pessoais e técnicos”, isto é, uma pessoa por 7 m² de área. Instalações Prediais Para Arquitetura Capítulo 1 – Parte 2/4 10 (6) Em hospitais e clínicas com internamento que tenham pacientes ambulatoriais, acresce-se à área calculada por leito a área de pavimento correspondente ao ambulatório, na base de uma pessoa por 7 m². (7) A parte de atendimento ao público de comércio atacadista deve ser considerada como do grupo “comercial varejista”. (**) Simbologia indicativa da necessidade de consultar normas e regulamentos específicos (ocupação não coberta pela NBR 9077); Tabela 2 – Estimativa de Consumo Predial Diário Fonte: Adaptado de CREDER, Hélio. Instalações Hidráulicas e Sanitárias. 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1988. . Consumo em Litros Tipo da Edificação
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