DIREITO CIVIL 4 - AULA 1 - AV2

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DIREITO CIVIL 4 – INÍCIO DA MATÉRIA DA AV2
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE:
CONCEITO E FUNDAMENTO:
DE ACORDO COM WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE CONSISTE NA EXPRESSÃO GENÉRICA QUE TRADUZ A IDÉIA DE SUBORDINAÇÃO DO INTERESSE PRIVADO AO INTERESSE DA COLETIVIDADE.
NESTE SENTIDO, O PRINCÍPIO EM APRESSO APRESENTA O DESIDERADO PRECÍPUO DE ESTABELECER RESTRIÇÕES AO EXERCÍCIO DO DOMÍNIO, NOTADAMENTE NO QUE SE REFERE AO “IUS UTENDI” (QUE É O DIREITO DE USAR, É O DIREITO DE CONFERIR UMA DESTINAÇÃO A COISA), HOJE QUANDO EU VOU CONFERIR UMA DESTINAÇÃO A COISA, NOTADAMENTE BENS IMÓVEIS EU DEVO CONFERIR UMA DESTINAÇÃO QUE ATENDA UMA FUNÇÃO SOCIAL.
A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE FOI EXPRESSAMENTE CONSAGRADA NO ART 5º, XXIII, CRFB/88, NA CONDIÇÃO DE UM DIREITO FUNDAMENTAL.
ART 5º, XXIII, CRFB/88 – A PROPRIEDADE ATENDERÁ A SUA FUNÇÃO SOCIAL
NESTE DIAPASÃO, A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE ENCONTRA-SE INSERIDA NO NÚCLEO NORMATIVO INTANGÍVEL DA CONTITUIÇÃO, CONTITUINDO-SE EM CLÁUSULA PÉTREA. 
NESTE PARTICULAR É OPORTUNO LEMBRARMOS QUE A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE ACORDO COM ALEXANDRE DE MORAES É UMA CONSTITUIÇÃO DO TIPO SUPER-RÍGIDA, O PROCESSO LEGISLATIVO PARA A ALTERAÇÃO DE UMA CONSTITUIÇÃO RÍGIDA ELE É MAIS DIFICULTOSO DO QUE O PROCESSO LEGISLATIVO PARA ALTERAÇÃO DAS LEIS ORDINÁRIAS, MAS A CONTITUIÇÃO BRASILEIRA ELA VAI ALÉM PORQUE EU TENHO ESTE PROCESSO DE EMENDA CONSTITUCIONAL MAIS DIFICULTOSO DO QUE O PROCESSO LEGISLATIVO DESTINADO A ALTERAÇÃO DAS LEIS ORDINÁRIAS E ALÉM DISSO TUDO EU AINDA TENHO UM NÚCLEO NORMATIVO INTANGÍVEL OU SEJA, QUE NÃO PODE SER SUPRIMIDO PELO PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR, ENTÃO O PODER EMENDAR DO LEGISLADOR ELE É LIMITADO, NÃO SE PODE SUPRIMIR ESSAS CHAMADAS CLÁUSLAS PÉTREAS DO TEXTO DA CONSTITUIÇÃO. AS CLÁUSULAS PÉTREAS ESTÃO PREVISTAS NO ART. 60 § 4º CRFB/88. 
DE TAL SORTE, NÃO É POSSÍVEL SUPRIMIR O PRINCÍPIO SOB ENFOQUE DA VIGENTE CONTITUIÇÃO ATRAVÉS DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR (PODER DE EMENDAR), PORTANTO, NÃO SE ADMITE PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL COM O INTUITO DE ALTERAR (SUPRIMIR OU ALTERAR PARA PIOR) ESTES DIREITOS.
DEMAIS DISSO, O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE FOI TAMBÉM CONSAGRADO NO ÂMBITO DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. A ESSE RESPEITO, É OPORTUNO MENCIONAR O ART. 1.228 § 1º DO CODIGO CIVIL - O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
ATENÇÃO:
SUBSTANCIAL PARCELA DA DOUTRINA PERFILHA O ENTENDIMENTO DE QUE O REFERIDO ARTIGO 1228 § 1 º DO CODIGO CIVIL CONSAGRA O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DA PROPRIEDADE, JÁ QUE SUA REDAÇÃO ABARCA A PROTEÇÃO À FÁUNA E À FLORA, É UMA ESPÉCIE DE SUBPRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE, É A FUNÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL. 
OBSERVAÇÃO: (CAI NA AV2)
QUAL A RELAÇÃO ENTRE O PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE E O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE?
OS 3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO CIVIL DE 2002 SÃO:
O PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE
O PRINCÍPIO DA ETICIDADE
O PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE
O PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE QUER DIZER QUE O CÓDIGO CIVIL DE 2002 BUSCOU A SIMPLIFICAÇÃO DO REGRAMENTO LEGAL CIVIL DO BRASIL, O COD CIVIL DE 1916 A DESPEITO DO BRILHANTISMO DE SEU AUTOR CLÓVIS BEVILAQUA TINHA ALGUNS PROBLEMAS TÉCNICOS GRAVES, EXISTIA UMA GRANDE DIFICULDADE EM SE INTERPRETAR O COD CIVIL DE 1916, UM EXEMPLO DISSO É O REGRAMENTO LEGAL REFERENTE A PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO COD CIVIL DE 1916 ERA EXTREMAMENTE CONFUSO O OPERADOR DO DIREITO AO ANALISAR OS PRAZOS ELENCADOS NAQUELE CÓDIGO ELE NÃO TINHA CONDIÇÕES DE IDENTIFICAR SE AQUELE PRAZO ERA DE DECADÊNCIA OU DE PRESCRIÇÃO E ISSO TEM UMA REPERCURSÃO PRÁTICA MUITO GRANDE PORQUE OS PRAZOS DE PRESCRIÇÃO ELES ESTÃO SUJEITOS A CAUSAS OBSTATIVAS E SUSPENSIVAS DO SEU RESPECTIVO FLUXO AO PASSO QUE OS PRAZOS DECADENCIAIS NÃO SE SUSPENDEM E NÃO SE INTERROMPEM, PORTANTO, IDENTIFICAR A NATUREZA JURÍDICA DO PRAZO ERA MUITO IMPORTANTE, ENTÃO NA VIGENCIA DO COD CIVIL DE 1916 EXISTIA UMA GRANDE DIFICULDADE E UM AUTOR POSTERIORMENTE AO COD CIVIL DE 1916 DESENVOLVEU O CRITÉRIO CIENTÍFICO PARA DIFERENCIAR PRAZOS DECADENCIAIS DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS É UM AUTOR CHAMA AGNELO AMORIM FILHO, À PARTIR DAÍ A COISA COMEÇA A SIMPLIFICAR UM POUCO MAIS, POIS BEM, O COD CIVIL DE 2002 ELE PEGA A IDÉIA DO AGNELO AMORIM FILHO E TRAZ PARA DENTRO DE SÍ E DIZ QUE SÃO PRESCRICIONAIS OS PRAZOS DOS ARTIGOS 205 E 206, TODOS OS DEMAIS PRAZOS EXISTENTES NO COD CIVIL DE 2002 SÃO PRAZOS DE NATUREZA DECADENCIAL, PORTANTO, HOUVE UMA SIMPLIFICAÇÃO DO REGRAMENTO LEGAL E ESSA É A PRIMEIRA VISÃO DO PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE. ALIAS, SE PEGARMOS O ART 206 DO COD CIVIL E FORMOS OBSERVAR OS PARÁGRAFOS O § 1º DO ART. 206 ELE TRAZ PRAZO PRESCRICIONAL DE 1 ANO, O § 2º VAI TRAZER O PRAZO PRESCRICIONAL DE 2 ANOS, O § 3º TRARÁ CONSEQUENTEMENTE O PRAZO PRESCRICIONAL DE 3 ANOS E ASSIM POR DIANTE, VEJA QUE ISTO TAMBÉM É UMA MANIFESTAÇÃO DO PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE. ALÉM DISSSO, O PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE NOS PILARES DOS QUAIS O COD CIVIL SE EDIFICOU, O COD CIVIL FOI PAUTADO OU ENTÃO CONTEMPLOU UM SISTEMA PAUTADO EM CLÁUSULAS GERAIS EM CONCEITOS JURÍDICOS INDETERMINADOS E ISSO É MUITO IMPORTANTE PORQUE TENDO ESSAS CLÁUSULAS GERAIS, ESSES CONCEITOS JURÍDICOS INDETERMINADOS É O MAGISTRADO NA ANÁLISE DO CASO CONCRETO QUE VAI PREENCHER ESSAS CLÁUSULAS GERAIS, POR QUE O JUÍZ É QUEM ESTÁ MAIS PRÓXIMO DO CONFLITO ENTÃO ELE IRÁ FAZER A JUSTIÇA NO CASO CONCRETO E PORTANTO, MAIS OPERÁVEL, ENTÃO SÃO ESSAS DUAS FACETAS DO PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE.
O PRINCÍPIO DA ETICIDADE É IMPOR REGRAS, PADRÕES DE CONDUTAS PAUTADOS OBVIAMENTE EM PARÂMETROS PAUTADOS NA PROBIDADE E HONESTIDADE, COM ISSO, O PRINCÍPIO DA ETICIDADE FAZ COM QUE O COD CIVIL CONSAGRE O PRINCÍPIO DA BOA FÉ QUE IMPÕE AOS AGENTES CONTRATANTES JUSTAMENTE ESSES COMPORTAMENTOS REGIDOS PELA PROBIDADE, HONESTIDADE E BOA FÉ, ADEMAIS NÓS SABEMOS QUE O PRINCÍPIO DA BOA FÉ OBJETIVA IMPÕE AOS AGENTES OS CHAMADOS DEVERES ANEXOS AO CONTRATO, DEVER DE INFORMAÇÃO, DEVER DE LEALDADE, SÃO TODOS DEVERES ANEXOS AO CONTRATO
O PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE É QUANDO O INTERESSE DA COLETIVIDADE PREVALECE AO INTERESSE INDIVIDUAL, DIZ FLÁVIO TARTUCE QUE A SOCIALIDADE AO SER CONSAGRADA NO COD CIVIL FAZ COM QUE NÓS CONJUGUEMOS A PRIMEIRA PESSOA DO PLURAL MUITO MAIS DO QUE A PRIMEIRA PESSOA DO SINGULAR, ENTÃO NÓS TEMOS MUITO MAIS QUE CONJUGAR O NÓS DO QUE O EU. A RELAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE COM O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE É QUE A SOCIALIDADE É MAIS GENÉRICA E A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE É UMA ESPECIFICIDADE, OU SEJA, É UMA ESPECIFICAÇÃO DA PRÓPRIA SOCIALIDADE, ESTA É A RELAÇÃO.
O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE CONSISTE EM UMA ESPECIFICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE. INSTA SALIENTAR QUE AMBOS OS PRINCÍPIOS CONTEMPLAM UMA NOÇÃO DE SUBMISSÃO NO INTERESSE PRIVADO AO INTERESSE SOCIAL. NÃO OBSTANTE, A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE APRESENTA UM CAMPO DE INCIDENCIA PRÓPRIO, QUAL SEJA, A PROPRIEDADE.
ENTÃO TEMOS UM PRINCÍPIO GENÉRICO QUE É O PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE E EU TENHO OUTROS PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS QUE SÃO O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO, PORTANTO, ESSE DOIS PRINCÍPIOS SÃO ESPECIFICAÇÕES DO PRINCÍPIO MAIOR QUE É O PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE.
PARÂMETROS PARA O ATENDIMENTO A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE:
O ARTIGO 186 DA CRFB/88 ESTABELECE OS REQUISITOS PARA QUE O IMÓVEL RURAL ATENDA À FUNÇÃO SOCIAL. É IMPORTANTE PONTUAR QUE, MUITO EMBORA SE REFIRA TÃO SOMENTE A PROPRIEDADE RUAL, O ART. 186 TAMBÉM SE APLICA, COM AS DEVIDAS ADAPTAÇÕES À PROPRIEDADE URBANA.
A SEGUIR, SERÃO EXPOSTOS OS REQUISITOS ORA ENFOCADOS:
ART. 186, CRFB/88 A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigênciaestabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
USO RACIONAL DO SOLO, APROVEITAMENTO ADEQUADOS DOS RECURSOS NATURAIS E OBSERVANCIA À LEGISLAÇÃO AMBIENTAL.
OBSERVANCIA À LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
OBSERVAÇÃO: PROPRIETÁRIO URBANO OU RURAL QUE UTILIZE MÃO DE OBRA EM SITUAÇÃO ANÁLOGA À ESCRAVIDÃO NÃO ATENDE À FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE.
USO QUE FAVOREÇA AO BEM ESTAR DOS PROPRIETÁRIOS E TRABALHADORES
OBSERVAÇÃO:
CASO INOBSERVADOS OS PARÂMETROS ALHURES MENCIONADOS, PODE HAVER A DESAPROPRIAÇÃO DO IMÓVEL, EM RAZÃO DO NÃO ATENDIMENTO À FUNÇÃO SOCIAL.