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EDINEY ASSUNÇÃO SOUZA TIPIFICAÇÃO PENAL DOS CRIMES VIRTUAIS Sinop 2018 EDINEY ASSUNÇÃO SOUZA TIPIFICAÇÃO PENAL DOS CRIMES VIRTUAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade De Ciências Jurídicas, Gerenciais e Educação de Sinop, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito Orientador: Jaqueline Francis Marcos. SINOP 2018 EDINEY ASSUNÇÃO SOUZA TIPIFICAÇÃO PENAL DOS CRIMES VIRTUAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade De Ciências Jurídicas, Gerenciais e Educação de Sinop, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. BANCA EXAMINADORA Prof.(a). Titulação Nome do Professor(a) Prof.(a). Titulação Nome do Professor(a) Prof.(a). Titulação Nome do Professor(a) Sinop, 14 de dezembro de 2018. “De Tudo Ficam Três Coisas: A certeza de estarmos sempre começando... De que é preciso continuar... E de que podemos ser Interrompidos antes de terminarmos... Portanto Devemos... Fazer da interrupção um caminho novo... Da queda um passo de dança... Do medo uma escada... Do sonho uma ponte... Da procura um encontro... E assim terá valido a pena existir” Fernando Sabino AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus. Meus pais e todos que estiveram ao meu lado de forma direta ou indireta, mas especialmente a minha família, que sempre me apoiou. Em fim, sou eternamente grato a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para que esta etapa fundamental de minha vida fosse concluída com sucesso. COM ESTAS MAIS SINCERAS E HUMILDES PALAVRAS DEIXO AQUI O MEU MUITO OBRIGADO! SOUZA, Ediney Assunção. Tipificação Penal dos Crimes Virtuias. 43 folhas (quarenta e três folhas).Trabalho de Conclusão de Curso de Direito - Faculdade De Ciências Jurídicas, Gerenciais e Educação de Sinop, Sinop, Mato Grosso. RESUMO A sociedade evolui rapidamente na era digital e o direito também, o direito deve-se adequar a evolução da sociedade, contudo a legislação penal encontra dificuldades no que diz respeito aos crimes virtuais, com a evolução da internet novas leis são necessárias para regular a vida do cidadão, com a evolução da tecnologia presente no dia a dia das pessoas, surge a necessidade de normas que regulem esses avanços e que acompanhe a transformação do mundo virtual, o presente trabalho versa sobre essa evolução, diretamente a respeito dos crimes virtuais, isto é, os crimes ocorridos no mundo virtual, busca-se entender as formas de agir do criminoso, os tipos de crimes praticados, identificar autoria, suas características e quais as legislações vigentes que caracterizam o crime. No decorrer do trabalho houve o uso de termos bastante conhecidos por quem vive nesse meio, buscando-se assim tornar o leitor acostumado com esses termos usados no meio virtual. Palavras-chave: Direito; Internet; Crimes Virtuais; Legislação; SOUZA, Ediney Assunção. Tipificação Penal dos Crimes Virtuias. 43 folhas (quarenta e três folhas).Trabalho de Conclusão de Curso de Direito - Faculdade De Ciências Jurídicas, Gerenciais e Educação de Sinop, Sinop, Mato Grosso. ABSTRACT The society evolves rapidly in the digital era and the law also, the law must adapt to changes in society, however the penal legislation encounters difficulties in respect to virtual crimes, with the evolution of the internet new laws are necessary to regulate the life of the citizen, with the evolution of technology present in the day-to-day reality of people, there is a need for standards that govern these advances and to accompany the transformation of virtual world, the present work focuses on this evolution, directly about the virtual offenses, i.e. the crimes that occurred in the virtual world, it seeks to understand the ways of acting in the criminal, the types of crimes committed, identify authorship, their characteristics and which laws in force that characterize the crime. During the work there was the use of terms known by those who live in this environment, thus seeking to make the reader familiar with these terms used in the virtual environment. Key-words: Law; Internet; Virtual Crimes; Legislation; Sumário INTRODUÇÃO .................................................................................................... 8 1. CRIME ........................................................................................................ 10 1.1 REFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS ............................................................ 11 1.2 PRINCÍPIOS ................................................................................................ 13 1.3.TIPICIDADE PENAL ..................................................................................... 15 2. INTERNET: BREVE CONCEITO HISTÓRICO E CRIMES VIRTUAIS................ 17 2.1 SURGIMENTO DA INTERNET NO BRASIL ................................................... 20 2.2 CRIMES VIRTUAIS ...................................................................................... 21 2.2.1 Agentes Ativos e Passivos ......................................................................... 23 2.2.2 Classificação Dos Crimes Virtuais............................................................... 24 2.2.3 Crimes Virtuais Mais Comuns ..................................................................... 26 3 LEGISLAÇÃO VIGENTE ACERCA DOS CRIMES VIRTUAIS ........................... 29 3.1. LEI Nº 12.737, de 30 DE NOVEMBRO DE 2012 – “LEI CAROLINA DIECKMANN” ......................................................................................................................... 29 3.3. JURISPRUDÊNCIAS RECENTES ACERCA DOS CRIMES VIRTUAIS ........... 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 44 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 45 8 INTRODUÇÃO Com a globalização e o avanço da tecnologia, vivemos conectados em uma rede mundial através de dispositivos eletrônicos que usamos para nos conectarmos na internet 24(vinte e quatro) horas durante dia e noite. Assim com esse rápido e crescente avanço tecnológico é cada vez maior o número de pessoas conectadas, usando a rede para trabalho e diversão entre outras utilidades, os criminosos se escondem atrás de um dispositivo, que conectado à internet agem como se estivessem em terra sem lei, em um mundo ilimitado e produtivo para fazer o mal e cometer o ilícito, pois nossa legislação não acompanhou a evolução tecnológica, facilitando assim que esses criminosos virtuais se aprimorassem na pratica dos mais diversos crimes, causando prejuízos tanto para pessoas físicas como pessoas jurídicas, entre outros dos mais diversos danos à sociedade. Crimescontra a honra, contra patrimônio são frequentemente praticados; Todos estão sujeitos a serem agentes ativos em cometer crimes virtuais, assim como acontece no mundo real onde estamos sujeitos a praticar delitos. A forma como o usuário se comporta nas redes virtuais facilita a ação de criminosos virtuais, tornando o usuário vulnerável. Não só nas redes virtuais como também no dia-a-dia com a exposição do nosso dispositivo, despertando o interesse de pessoas que podem vir a invadir sua intimidade pessoal e lançar na rede mundial de computadores como também podemos ser vítima de chantagem, extorsão, entre outros. A legislação brasileira vem se adequando a realidade, trazendo normas específicas para tipificar crimes virtuais para que os culpados sejam punidos. Os crimes virtuais são comuns hoje em dia, gera danos irreparáveis tanto para pessoas físicas quanto para pessoa jurídica. Mesmo com a tipicidade prevista na legislação atual as punições não são suficientes para diminuir os altos índices de crimes que ocorrem por meio virtual. No Brasil existem leis que tipificam os crimes virtuais, porém não são suficientes, desta forma muitos criminosos ficam impunes sem a devida punição cabível de forma severa. A legislação tipifica muitos dos crimes virtuais, porém essa tipificação não pune com rigor esses criminosos que respondem com pena branda pelos os crimes praticados no mundo virtual. O legislador não previu devidamente a tipicidade desses crimes em legislações passadas. O criminoso comete crime virtual e se tipificado aplica-se a ele as penas previstas no código penal as mesmas impostas no mundo 9 real. No mundo virtual a facilidade dos criminosos é maior devido grande vulnerabilidade que há, e sendo maiores os danos deveriam ser punidos com mais rigor, pois são danos e prejuízos que podem ser irreparáveis. Recentemente foram sancionadas normas reguladoras que prevê a punição de quem pratica crime virtual, porem mesmo com leis que tipificam os crimes virtuais eles continuam acontecendo, caberá ao legislador buscar adequar as normas de acordo com realidade em que vivemos de forma mais severa. O que a legislação precisa para adequar a nova realidade? Que direitos a atual legislação tipifica para garantir nossos direitos? O presente trabalho elaborou um comparativo entre os crimes virtuais tipificados atualmente e a necessidade de uma tipificação específica, bem como avaliou a evolução desses crimes. Identificar os problemas que afetavam a segurança do usuário virtual na atual legislação. Demonstrar os benefícios que uma tipificação penal específica traria ao mundo virtual. Analisar de uma forma ampla o comportamento do criminoso virtual em relação a tipicidade penal. Analisou-se o grande avanço tecnológico que vem ocorrendo, com as pessoas cada vez mais conectadas na rede mundial de computadores e vulneráveis ao ataque de criminosos virtuais, esse trabalho traz mais conhecimento a população, trazendo informações importantes sobre esses criminosos que causam grandes prejuízos e muitas vezes saem impunes devido falta de legislação suficiente para tipificar esses crimes de uma forma dura. O governo deu um grande avanço recente em matéria de legislação virtual, mas essas leis não são suficientes para tipificar essa imensidade de crimes que acontecem em ambiente virtual, fazendo com que a população acredite que o agente que comete crime virtual passe impune sem a punição merecida. Esse trabalho traz informações sobre os crimes mais comuns até os crimes mais graves cometidos na internet e mostra para a população que existe sim punição para esses criminosos, mesmo com pouca legislação. Existe muitos projetos de lei acerca dos crimes praticados no mundo virtual, recentemente as novas leis sancionadas para regular o mundo virtual agregou grande valor para o país, trazendo normas que são de grande importância para a realidade em que vive-se. 10 1. CRIME O crime que é fato típico, ilícito e culpável, está previsto nos códigos de leis, para que aquele agente que comete ato ilícito, seja responsável pelo seu ato ilícito praticado, e a punição que vier a receber que sirva de exemplo e assim tudo estando dentro da lei para que não haja impunidade como também não haja excesso por parte da justiça. É de suma importância que inicialmente exponha-se o conceito de crime. Segundo Capez: Para Capez (2012. p. 134) o crime pode de ser conceituado sob os aspectos material, formal e analítico. Aspecto material: nesta visão o crime pode ser conceituado como todo fato humano que, propositada ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigos bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da coletividade e da paz social. Aspecto formal: nesta visão considera-se infração penal tudo aquilo que o legislador descrever como tal, pouco importando o seu conteúdo. Aspecto analítico: nesta visão, para Capez, é aquele que busca designar os elementos estruturais do crime, ou seja, promover a mais justa decisão sobre a infração penal e seu autor. Desta forma, para a existência da infração é preciso que o fato seja típico e ilícito. Existem inúmeros conceitos de crime, cada um com seu aspecto que caracteriza o crime e assim sendo dificilmente haverá crime sem a devida tipificação penal. Ainda segundo Damásio de Jesus (2010. p. 193): Há quatro sistemas de conceituação do crime: a) formal; b) material; c) formal e material; d) formal, material e sintomático. Formalmente, conceitua-se o crime sob o aspecto da técnica jurídica, do ponto de vista da lei. Materialmente, tem-se o crime sob o ângulo ontológico, visando a razão que levou o legislador a determinar como criminosa uma conduta humana, a sua natureza danosa e consequências. O terceiro sistema conceitua o crime sob os aspectos formal e material conjuntamente. Assim, Carrara, que adotava o critério substancial e dogmático, definia o delito como 'a infração da lei do Estado, promulgada para proteger a segurança dos cidadãos, resultante de um ato externo do homem, positivo ou negativo, moralmente imputável e politicamente danoso. O quarto critério visa o aspecto formal e material do delito, incluindo na conceituação a personalidade do agente. Ranieri sob esse aspecto, define o delito como 'fato humano tipicamente previsto por norma jurídica sancionada mediante pena em sentido estrito (pena criminal), lesivo ou perigoso para bens ou interesses considerados merecedores da mais enérgica tutela', constituindo expressão reprovável da personalidade do agente, tal como se revela no momento de sua realização. 11 Podemos observar que o crime possui diversos entendimentos, que demonstram os elementos como o fato típico, a antijuridicidade e a culpabilidade. 1.1 REFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS Com o crescente número de pessoas com acesso ao meio digital, surgiu uma necessidade de haver uma sociedade da informação para acompanhar esse crescimento, e trazer resoluções aos problemas que surgiram no meio virtual, problemas que o legislador deveria estar prevenido para não haver injustiça. Segundo o entendimento de Monteiro Neto (2008, p. 6): A sociedade da informação surgiu a partir da facilitação no desempenho de atividades cotidianas proporcionadas pelo uso de ferramentas informatizadas. Mais do que isso: esses mecanismos eletrônicos guarnecem inúmeros bens jurídicos de suma importância para o ser humano, a exemplo da saúde, intimidade, segurança, liberdade entre muitos outros. Desse modo, a sociedade se vê vinculada às tecnologias da informação, tendo, a criminalidade, passado por esse mesmo processo. Aparecem os crimesvirtuais e, com eles, novos bens jurídicos, aos quais a ordem constitucional precisa proteger. Há um impacto da sociedade da informação na ordem constitucional, o que gera consequências na esfera penal. Como reflexo de tal impacto, a Constituição, enquanto mecanismo regulador de toda a ordem política e jurídica do Estado, acabou abarcando a responsabilidade de dar contornos jurídicos à nova realidade social, cultural e econômica que surgia. Consequentemente, a Lei Suprema estendeu laços protetivos aos novos bens e valores jurídicos, resultados da chamada revolução informacional. A sociedade da informação facilitou as atividades, pode-se dizer que é impossível a sociedade atual viver ser estar conecta através da rede, com o avanço da tecnologia coube ao Estado buscar meios para coibir ações que visam prejudicar o patrimônio das pessoas. No pensamento de Beneyto (1997, p. 15), “para considerar-se plenamente cidadão, o homem contemporâneo precisa dispor de fontes informacionais que lhe permitam conhecer o que se passa e, em seguida, formar juízos sobre os acontecimentos”. Todo o cidadão tem direito de acordo com a democracia moderna, de se interagir e possuir direitos a informação de acordo com o que está disposto na Carta Magna. 12 Segundo Monteiro Neto (2008, p. 57, 60): Assim, o direito à informação é um direito fundamental do homem, de forma que está vinculada à democracia moderna. A implantação dos demais direitos se materializa a partir da garantia constitucional da liberdade de informação. Mormente, é importante salientar que a ordem jurídica constitucional brasileira reservou em seu texto pétreo um Título destinado aos direitos e garantias fundamentais, ligados à ideia de pessoa humana e seus atributos de personalidade, como a liberdade, por exemplo, não podendo, o titular de tais direitos, dispor deles. O direito à informação, que é um tipo de direito à liberdade, encontra-se previsto no caput do artigo 5º e em alguns de seus incisos, todos da Constituição Federal (Brasil, 1988), conforme se verifica abaixo: Art. 5 – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: IV – é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato; V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem; IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício ao exercício profissional; XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade de do Estado; LXXII – conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constante de registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; Segundo Paesani (2006. p.21) conhece esse direito como uma decorrência da liberdade de informação que se fundamenta em norma constitucional materializada no art. 220, in verbis: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. Os direitos fundamentais possuem duas dimensões, o objetivo e o subjetivo, Paulo Thadeu Gomes da Silva (SILVA, 2010, pg. 106) expõe da seguinte forma: 13 [...] Por dimensão subjetiva entende-se que o indivíduo tem reconhecidos em seu favor, pelo ordenamento jurídico, direitos que valem contra o Estado, isto é, o individuo pode impor seus interesses contra os órgãos obrigados. Pessoas organizadas em grupos na rede virtual atacam com ódio, fazem suas vitimas se sentirem oprimidas sendo estas as principais pessoas os negros, homossexuais, mulheres entre outros, esse crime de ódio aumenta de forma assustadora, pois as pessoas criminosas se sentem em terra sem lei, devido a fraca punição por legislação. Paulo Thadeu Gomes da Silva (SILVA, 2010, pg. 108). Expõe a seguinte forma sobre a dimensão objetiva: A dimensão objetiva dos direitos fundamentais tem a ver com a nova configuração estatal que atribui papel ao Estado não mais apenas de agente que deve se manter omisso e não interferir e uma determinada esfera de liberdade do indivíduo, mas sim, já agora agir para proteger direitos fundamentais, inclusive contra a violação perpetrada por particulares. [...] 1.2 PRINCÍPIOS I. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana Toda pessoa tem sua dignidade, seus direitos democráticos em um Estado e como pessoa humana sempre devera ser respeitada de acordo com sua dignidade de pessoa humana. Diz Monteiro Neto (2008, p. 85) e Souza Neto (2009, p. 58) : A Carta de 1988 destaca o princípio da dignidade da pessoa humana como norteador do Estado Democrático de Direito. Nesse ínterim, partindo da premissa de que o Direito Penal amolda-se ao perfil traçado pela Constituição, destacam-se princípios constitucionais-penais, como os princípios da legalidade ou da reserva legal, da anterioridade, da taxatividade e da territorialidade. O Estado deve permitir a toda pessoa humana ter seus direitos democráticos respeitados conforme a lei II. Princípio da Legalidade 14 Definido em nosso ordenamento jurídico o princípio da legalidade e também conhecido como nullum crimen nulla poena sine lege, encontra-se disposto no art. 1° do Código Penal Brasileiro que aduz: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. O princípio da legalidade possui base constitucional na Constituição Federal, art. 5.º, XXXIX que expressa: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. O princípio da legalidade garante aos indivíduos que o que está expresso em lei sejam aplicados. Através deste princípio nenhuma pessoa será obrigada a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei que assim estabeleça. Segundo Bittencourt (2006, p. 14), "constitui uma efetiva limitação ao poder punitivo estatal". O que aduz o art. 5° CF, inciso II: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. “Para que haja crime e a ele seja cominada uma pena, primeiro se faz necessário que o fato tenha sido praticado em momento posterior à criação da norma incriminadora”. (MONTEIRO NETO, 2008, p. 87). Portanto o crime será tipificado se houver dentro do ordenamento jurídico a previsão do crime, sendo o crime praticado posterior a norma existente. III. Princípio da Anterioridade da Lei Outro princípio constitucional do Direito Penal é o princípio da anterioridade da Lei penal, enunciado no artigo 5°, XXXIX da Constituição Federal e no artigo 1° do Código Penal. “Para que haja crime e a ele seja cominada uma pena, primeiro se faz necessário que o fato tenha sido praticado em momento posterior à criação da norma incriminadora”. (MONTEIRO NETO, 2008, p. 87). O crime terá punição quando cometido após existência de lei que o tipifique comocrime, se o ato ilícito é praticado anterior a lei que o incrimina, não poderá o agente ser punido por tal ato, mesmo que posteriormente venha a ser tipificado em lei. IV. Princípio Da Territorialidade E Extraterritorialidade 15 Segundo Souza Neto (2009, p. 58-60): O princípio da territorialidade versa sobre um dos maiores desafios para acabar com o crime virtual, por possuir, a internet, caráter global. Nesse sentido, o artigo 5º do Código Penal Brasileiro dispõe que aos crimes cometidos em território brasileiro aplicam-se a lei brasileira. Com relação aos crimes cometidos pela internet, aplica-se a lei brasileira quando o site utilizado for brasileiro. Contudo, uma exceção a este dispositivo é o princípio da extraterritorialidade, contido no artigo 7º do mesmo diploma legal. Assim, estando o agente localizado fora do país, aplica-se a lei brasileira nos casos do supracitado artigo ou nos casos em que houver acordo ou tratado nesse sentido. V. Princípio da Taxatividade “Já o princípio da taxatividade impõe que a norma penal incriminadora seja exata. Ou seja, deve detalhar e pormenorizar a conduta tipificada, sob pena de perder a eficácia”. (SOUZA NETO,2009, p. 58-60). 1.3. TIPICIDADE PENAL A tipicidade está amparada no princípio da legalidade, exposto na Constituição Federal tal como “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (art. 5.º, XXXIX). Assim sendo, pertence à lei a finalidade de tipificar os delitos. Portanto não pode ser punido por lei o agente que comete violação que não esteja prevista em lei anterior ao ato do delito praticado. Segundo coloca Luiz Vicente Cernicchiaro (1995. p. 18): Impõe-se descrição específica, individualizadora do comportamento delituoso. Em outras palavras, a garantia há de ser real, efetiva. Uma lei genérica, amplamente genérica, seria suficiente para, respeitando o princípio da legalidade, definir-se como delito qualquer prejuízo ao patrimônio ou a outro bem jurídico. Não estaria, porém, resguardado, efetivamente, o direito de liberdade. Qualquer conduta que conduzisse àquele resultado estaria incluída no rol das infrações penais. Inviável, por exemplo, o tipo que descrevesse: 'ofender a honra de alguém' – Pena de 'tanto a tanto'. O tipo exerce função de garantia. A tipicidade (relação entre o tipo e a conduta) resulta do princípio da reserva legal. Logicamente, o tipo há de ser preciso para que a ação seja bem identificada. 16 Segundo Damásio de Jesus, “[...] Tipicidade, num conceito preliminar, é a correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada espécie de infração contida na lei penal incriminadora.” (DE JESUS, 2010. p. 300). No entendimento de Capez (2012. p. 210), o tipo é: “como um molde criado pela lei, em que está descrito o crime com todos os seus elementos, de modo que as pessoas sabem que só cometerão algum delito se vierem a realizar uma conduta idêntica à constante de modelo legal.” Assim sendo, é fundamental a comprovação da tipicidade para que se analise a realidade de conexão entre o fato e a exposição na lei, dado que há crimes que são praticados no ambiente virtual, que ainda não encontram tipicidade penal para a devida punição. 17 2. INTERNET: BREVE CONCEITO HISTÓRICO E CRIMES VIRTUAIS Os avanços tecnológicos possibilitaram o desenvolvimento das máquinas de maneira mais eficiente, com o desenvolvimento d o computador e a sua estruturação adequada com diversas funções foi então possível um avanço muito importante em relação a tecnologia, algo novo que veio para facilitar a vida do homem. Segundo Fragomeni (1987, p.125): Antes de falar sobre internet, é importante preceituar pontos básicos sobre o computador, que prescinde o surgimento desta. Computador é uma máquina que pode ser caracterizada como um processador de dados, cujos atributos se incluem o armazenamento e processamento de dados, além da possibilidade de realizar cálculos e operações em grande escala, desenhos e tratamentos de imagens. São inúmeras as funcionalidades que um computador pode assumir, em síntese, é a máquina que “armazena e transforma informações, sob o controle de instruções predeterminadas. O surgimento dos computadores agrega grande valor a vida do homem e é inegável que o computador foi de fundamental importância para dar o pontapé inicial de grande evolução da era digital. Referindo-se ao surgimento da internet, de acordo com Liliana Minardi Paesani (2000, p.25) O projeto Arpanet da Agência de Projetos Avançados (ARPA) do Departamento de Defesa norte-americano confiou, em 1969, à Rand Corporation a elaboração de um sistema de telecomunicações que garantisse que um ataque nuclear russo não interrompesse a corrente de comando dos Estados Unidos. O conhecimento das tecnologias disponíveis na época foram de suma importância para assegurar os diversos confrontos existentes, uma forma de se prever de possíveis ataques do inimigo e reforçar a segurança da nação. Já segundo Fabrizio Rosa (2002, p.29): O Departamento de Defesa dos EUA apoiou uma pesquisa sobre comunicações e redes que poderiam sobreviver a uma destruição parcial, em caso de guerra nuclear. A intenção era difundi-la de tal forma que, se os EUA viessem a sofrer bombardeiros, tal rede permaneceria ativa, pois não existiria um sistema central e as informações poderiam trafegar por caminhos alternativos até chegar ao seu destinatário. Assim, em 1962, a ARPA 18 encarregou a RandCorporatino (um conselho formado em 1948) de tal mister, que foi apresentar seu primeiro plano em 1967. Em 1969, a rede de comunicações militares foi batizada de ARPANET (rede da agência de projetos avançados de pesquisa. Ainda aduz Wendt (2012, p.7-8): A primeira conexão internacional da ARPANET foi realizada em 1973, interligando a Inglaterra e a Noruega. No final dessa década, a ARPANET substituiu seu protocolo de comutação de pacotes, denominado Protocolo de Controle de Rede (Network ControlProtocol - NCP), para o Protocolo de Controle de Transmissão/Protocolo de Interconexão (Transmission ControlProtocol/Internet Protocol - TCP/IP), que é a linguagem básica de comunicação ou protocolo da rede mundial de computadores, ou seja, o protocolo de transmissão de dados pela internet, utilizado hoje. Assim, tal protocolo é um conjunto de camadas responsáveis por determinadas tarefas, a exemplo da comunicação entre o servidor de internet e computador local, que só pode ser feita com base na configuração TCP/IP. A história mostra a evolução do computador e que o acesso a internet foi fundamental para que nos dias atuais possa ser usada de forma global e acessível a todos, pessoas do mundo inteiro consegue acessar essa rede grandiosa que esta cada vez mais evoluída. Segundo Polegatti e Kazmierczak( 2012, p. 3): Nesse contexto, somente em 1986 a ARPANET começou a ser chamada de internet, com a criação da Teia Mundial (World Wide Web - WWW), que é um conjunto de documentos em hipermídia, da Linguagem de Marcação de Hipertexto (HyperTextMarkupLanguage- HTML), que é uma linguagem para a produção de páginas de internet,visualizados através de programas de computador chamados de browsers (programas para navegação pela internet, como o Internet Explorer ou o Firefox). Tal evolução trouxe como grande vantagem a melhoria na interface gráfica. Agora era bem mais atraente aos usuários, permitindo a interação comfiguras e sons. Conforme Rosa (2002, p. 30): No fim de 1972, Ray Tomlinson inventa o correio eletrônico, até hoje a aplicação mais utilizada na NET. Em 1973, a Inglaterra e a Noruega foram ligadas à rede, tornando-se, com isso, um fenômeno mundial. Foi quando no mesmo ano veio a público a especificação do protocolo para transferência de arquivos, o FTP, outra aplicação fundamental na Internet. Portanto, nesse ano, quem estivesse ligado à ARPANET já podia se logar como terminal em um servidor remoto, copiar arquivos e trocar mensagens. Devido ao rápido crescimento da ARPANET, VintonCerf e Bob Kahn propuseram o (TransmissonControlProtocol/Internet Protocol – TCP/IP), um novo sistema que utilizava uma arquitetura de comunicação em camadas, com protocolos 19 distintos, cuidando de tarefas distintas. Ao TCP cabia quebrar mensagens em pacotes de um lado e recompô-las de outro, garantindo a entrega segura das mensagens. Ao IP cabia descobrir o caminho adequado entre o remetente e o destinatário e enviar os pacotes. Com a criação de meios de comunicação surgiu a forma rápida de comunicação com uso de correio eletrônico, a troca de mensagens agregou novas experiências ao usuário, possibilitando também o acesso a arquivos, as experiências evolui-se com o tempo e consequentemente a facilidade para o usuário. Nas palavras de Antônio Lago Júnior (2001, P.127): A Internet, portanto, nada mais é do que uma grande rede mundial de computadores, na qual pessoas de diversas partes do mundo, com hábitos e culturas diferentes, se comunicam e trocam informações. Ou, em uma só frase, é a mais nova e maravilhosa forma de comunicação existente entre os homens. No entendimento de Gouvêa (1997, p. 39): Sabemos que por mais que a indústria automobilística evolua, jamais irá de São Paulo ao Rio de Janeiro em menos de duas horas; por mais que a medicina evolua, jamais se poderá ressuscitar os mortos...Quanto à informática, nenhuma previsão pode ser feita. Conforme definição de Zanellato, “A Internet é um suporte (ou meio) que permite trocar correspondências, arquivos, ideias, comunicar em tempo real, fazer pesquisa documental ou utilizar serviços e comprar produtos” (ZANELLATO, 2002.p. 173). No entanto, é incontestável que o avanço da tecnologia e as possibilidades que a internet nos permitiu, alcançou inúmeras formas de comunicação e compartilhamento de dados, havendo uma maior interação, nos proporcionando diversas vantagens. Porém, ao mesmo tempo apareceram ameaças grandiosas como avançadas tecnologias que permitem e dispõe as pessoas diversas ferramentas tecnológicas, que podem ser facilmente usadas. Contudo quem usa internet deve saber que pode ser responsabilizado por qualquer dano que venha a causar a outra pessoa ou até mesmo empresa. Ninguém é livre ou estará livre para fazer o que quiser na internet, sendo usada da forma correta e com os devidos cuidados só faz bem para todos que fazem parte dessa tecnologia valiosa e indispensável nos dias atuais. 20 2.1 SURGIMENTO DA INTERNET NO BRASIL A internet surgiu e de certa forma facilitou a vida das pessoas, tanto pessoas físicas com também pessoas jurídicas que com o tempo foram se adequando a essa nova maneira de se conectar, utilizando para lazer ou trabalho, uma rede global que liga o mundo todo através das conexões e de certa maneira trouxe uma maior proximidade entre povos de diferentes culturas. Getschko, Demi. “Os primeiros"pings"”.2004. Disponívelem:<https://bv.fapesp.br/namidia/noticia/12304/primeiros-pings/>. A BITNET já estava em uso há uns dois anos, na linha que ligava a FAPESP ao Fermilab. Rodava um protocolo da DEC (o DECNET) e, sobre ele, o protocolo da IBM usado para a BITNET (o RSCS). E isso em 4800 bps! Um belo dia entrou em minha sala o Geraldo (Prof. Geraldo Lino de Campos) e disse: ”Demi, a tendência clara nos Estados Unidos é uma migração em massa para TCP/IP, Internet. Precisamos incluir TCP/IP na linha”. [...] Se havia alguém que podia fazer isso – colocar três protocolos, sérios e pesados, numa linha de 4800 – era Gomide (Alberto Courrege Gomide), o mago do software na FAPESP. Ele foi atrás de soluções e encontrou o MultiNet,XVIII do melhor jeito que dava. E o troço nem barato era, especialmente para os padrões acadêmicos! [...] Afinal, chegou a caixa com as fitas (DECTape à época). O Joseph (Joseph TannousMoussa, um libanês que tinha feito computação na USP e trabalhava na FAPESP) não resistiu à tentação e começou a instalar o pacote. Janeiro, período de férias coletivas na FAPESP e, ainda por cima, sábado. Passamos a tarde inteira instalando o Multinet. Afinal, funcionou! Restava acertar o lado de lá. Gomide, numa visita ao Fermilab, soube que o laboratório estava também em fase de passar ao TCP/IP, integrando a ESNET: “assim que o Fermi estiver conectado à internet, nos também estaremos!”. [...] Nossa poderosa linha de 4800 bps transportaria também pacotes TCP/IP sobre o DECNET básico, via software. A linha já estava com 100% de ocupação, 98% do tempo, mas, mesmo assim, alguns pacotes conseguiram pingar entre o fpsp.fapesp.br e o fnal.gov. Era janeiro de 1991 e a Internet chegava, em conta-gotas, ao Brasil. O acesso da internet no Brasil foi possível devido ao esforço de pessoas determinadas e empenhadas para ter essa nova tecnologia por aqui, o que não foi nada fácil devido aos altos custos, e sendo assim com muita persistência foi possível os primeiros acessos de forma lenta e limitada. Assim sendo, a internet tornou-se apta de comercialização no Brasil, trazendo ao setor privado a possibilidade de desfrutar da tecnologia de inovação para conceder exploração da internet como serviço comercial à população brasileira, a internet que 21 hoje é uma rede grandiosa, que conecta o mundo inteiro trouxe muitas possibilidades e um mundo infinito de informações e diversas formas de interação social, como também acompanhado desse crescimento virtual o surgimento de inúmeras ameaças virtuais. Em 2018 o Brasil estava em quarto lugar no mundo como o país que mais possui pessoas conectadas, com acesso à internet, com tantas pessoas conectadas pelo mundo todo aumenta a interação de pessoas de diversas culturas. 2.2 CRIMES VIRTUAIS Com a crescente utilização da internet, cresceu também os números de crimes virtuais, essa nova modalidade de crime que não para de crescer trazendo insegurança aos usuários de interne te muitos desses criminosos se atraem por esse tipo de crime pelo grande número de pessoas que estão expostas na rede e são vitimas vulneráveis. Segundo Augusto Rossini (2004, p. 110.): [...] o conceito de “delito informático” poderia ser talhado como aquela conduta típica e ilícita, constitutiva de crime ou contravenção, dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva, praticada por pessoa física ou jurídica, com o uso da informática, em ambiente de rede ou fora dele, e que ofenda, direta ou indiretamente, a segurança informática, que tem por elementos a integridade, a disponibilidade a confidencialidade. Deborah Fisch Nigri (2000, p. 34-4): descreve o crime informático como “um ato lesivo cometido através de um computador ou de um periférico com a intenção de se obter uma vantagem indevida”. Segundo a autora, os conceitos anglo-saxônicos limitamse a denominar o direito de informática de “computer law” ou “legal aspects ofcomputers” e, no caso mais específico de crimes informáticos, “computer crime”, isso porque o uso da palavra informática lhes é praticamente desconhecido. O agente que comete o ilícito, vale-se muitasdas vezes do anonimato e assim comete facilmente o delito, pois o agente possuidor de conhecimento utilizando de aplicativos conseguem alterar seu ip de localização, ficando camuflado na rede, o que dificulta a sua localização. 22 Guilherme Guimarães Feliciano apresenta conceito bem amplo de criminalidade informática (2000. p. 42): Conheço por criminalidade informática o recente fenômeno histórico- sócio-cultural caracterizado pela elevada incidência de ilícitos penais (delitos, crimes e contravenções) que têm por objeto material ou meio de execução o objeto tecnológico informático (hardware, software, redes, etc.). Castro (2003, p.9) dispõe sobre os primeiros crimes virtuais: Os primeiros crimes de informática iniciaram-se na década de 70, sendo executados em sua grande maioria por pessoas especializadas no ramo informático com o objetivo principal de adentrar ao sistema de segurança das grandes empresas tendo como maior foco as denominadas como instituições financeiras. O perfil atual dos criminosos que atuam nessa área foi alterado, já que nos dias atuais qualquer pessoa que tenha um conhecimento, porém não tão aprofundado basta ter acesso a rede mundial de computadores para que consiga lograr êxito na execução de um crime virtual. O crime virtual existe desde o inicio da internet, com o tempo acompanhou a evolução da internet, o que antes era cometido por pessoas com conhecimento específico, hoje qualquer pessoa poder ser o criminoso. Pinheiro (2010, p. 46) expõe o seguinte conceito: Podemos conceituar os crimes virtuais como sendo as condutas de acesso não autorizado a sistemas informáticos, ações destrutivas nesses sistemas, a interceptação de comunicações, modificações de dados, infrações os direitos de autor, incitação ao ódio e descriminação, chacota religiosa, transmissão de pornografia infantil, terrorismo, entre diversas outras formas existentes. Nas palavras expressas por Crespo (2011, p. 48): As denominações que fazem referência aos crimes praticados no mundo virtual são inúmeras, não há uma concordância referente a melhor denominação para se usar para com os delitos que se relacionam com a tecnologia, crimes de computação, delitos de informática, fraude informática, assim os conceitos ainda não englobam todos os crimes ligados à tecnologia. Existem diversos conceitos sobre crimes virtuais, porem como o avanço da internet é constante fica difícil definir de forma exata o conceito de crimes virtuais, pois a cada dia vai haver um novo delito para ser englobado. 23 Segundo Ferreira (2005, p. 261): Atos dirigidos contra um sistema de informática, tendo como subespécies atos contra o computador e atos contra os dados ou programas de computador. Atos cometidos por intermédio de um sistema de informática e dentro deles incluídos infrações contra o patrimônio; as infrações contra a liberdade individual e as infrações contra a propriedade imaterial. O criminoso virtual rompe barreiras do sistema, causa danos que podem ser irreparáveis, assim como existe o criminoso que causa danos patrimoniais há também pessoas que cometem crimes contra a honra ou crime sexuais, com toda essa tecnologia e esse mundo imenso que há para navegar na internet, todos podem ser agente ativo ou agente passivo de crime virtual. 2.2.1 Agentes Ativos e Passivos O agente ativo do crime virtual pode ser pessoas com diversos conhecimentos específicos, como também qualquer pessoa comum que não tenha conhecimento, cada qual com seu objetivo estão na rede e causam danos de diversas naturezas físicas, materiais entre outros danos irreversíveis. Em sua obra, Felizardo (2010.p.135): nos exemplifica os tipos de criminosos virtuais sendo eles: Cracker – expert em computador que tem domínio e habilidade em programações e desenvolvimento de sistemas. Invade o sistema de computação de outra pessoa, ou rede, quebrando palavras-chave, licenças, senhas e proteções: age de forma ilegal e sem ética, com intenção de dolo. Os crimes virtuais geralmente atribuídos a eles podem subdividir-se em: Pichadores Digitais (que geralmente invadem sites para expor sua “marca”. 27 Cyberpunk (agem pelo simples prazer de causar danos à vítima. Esse dano pode consistir na simples queda do servidor- deixando a máquina momentaneamente desconectada da internet – ou até mesmo a destruição total dos dados armazenados). Espiões (agem para adquirir informações confidenciais armazenadas no computador da vítima. Os dados podem ter conteúdo comercial- segredos industriais- , políticos- dados do governo – ou militar). Ciberterroristas (suas motivações são em geral políticas e suas armas são muitas, desde o furto de informações confidenciais até a queda do sistema telefônico local ou outras ações do gênero), Estelionatários (também em geral com objetivos financeiros, procuram adquirir números de cartões de crédito armazenados em grandes sites comerciais. Geralmente utilizam uma técnica chamada “PhishingScam”, enviando por e-mail um programa que é executado por algum usuário, tendo acesso às suas informações. Também podem atacar instituições financeiras desviando dinheiro para sua conta). 24 Hacker – expert em computador que tem domínio e habilidade em programações e sistemas e desenvolvimento de proteções. O hacker utiliza todo seu conhecimento para melhorar softwares, de forma legal, e criar soluções inteligentes para um problema de programação e segurança. O hacker é necessário para a sobrevivência da informática e na busca cada vez maior da tecnologia, que a cada dia apresenta novas descobertas. Ele geralmente é de classe média ou alta, com idade de 12 a 28 anos. Também pode ser chamado de White Hat Hacker (hacker do chapéu branco), em alusão ao serviço benéfico que faz (BlackHat e Gray Hat se enquadram no perfil do cracker). Os agentes passivos destes atacantes virtuais são pessoas físicas e jurídicas, estas sofrem os mais diversos danos, danos que trazem consequências irreversíveis e muitas das vezes esses criminosos saem impunes sem serem punidos com devido rigor. É evidente que a internet não é segura, mesmo que se use sistemas de segurança de mais alta tecnologia avançada, sempre vai ter falhas que permitem a invasão de criminosos virtuais. Existe os crimes comuns que acontecem muito em redes sociais que é o caso dos crimes contra honra, porém como exposto anteriormente existem criminosos virtuais que são especializados em invasão de privacidade, e pessoas físicas e jurídicas são o principal alvo destes agentes criminosos que furtam dados de diversos valores, informações valiosas e intimas da pessoa que sofre a invasão ou ataque. 2.2.2 Classificação Dos Crimes Virtuais O criminoso que está atrás de um dispositivo eletrônico pode agir de diversos meios para cometer o delito, como citado a seguir existe uma classificação para que se possa entender melhor o criminoso virtual, além de diversos conceitos para essa pratica delitiva. Nas definições de Marco Aurélio Rodrigues da Costa (Disponível em <https://jus.com.br/artigos1826/crimes-de-informatica/1> no que tange aos Crimes de Informática Puros: Crime de informática Puro: São aqueles em que o sujeito ativo visa especificamente ao sistema de informática, em todas as suas formas. Entendemos serem os elementos que compõem a informática o "software", o "hardware" (computador e periféricos), os dados e sistemas contidos no computador, os meios de armazenamento externo, tais como fitas, disquetes, 25 etc. Portanto são aquelas condutas que visam exclusivamente a violar o sistema de informáticado agente passivo. As ações físicas se materializam, por exemplo, por atos de vandalismos contra a integridade física do sistema, pelo acesso desautorizado ao computador, pelo acesso indevido aos dados e sistemas contidos no computador. Portanto, é crime de informática puro toda e qualquer conduta ilícita que tenha por objetivo exclusivo o sistema de computador, seja pelo atentado físico ou técnico do equipamento e seus componentes, inclusive dados e sistemas. Crime de informática Misto: são todas aquelas ações em que o agente visa a um bem juridicamente protegido diverso da informática, porém, o sistema de informática é ferramenta imprescindível a sua consumação. Quando o agente objetiva, por exemplo, realizar operações de transferência ilícita de valores de outrem, em um determinada instituição financeira utilizando-se do computador para alcançar o resultado da vantagem ilegal, e, o computador é ferramenta essencial, defrontamo-nos com um crime de informática misto. É crime de informática misto porque incidiriam normas da lei penal comum e normas da lei penal de informática. Da lei penal comum, por exemplo, poder-se-ia aplicar o artigo 17137 do Código Penal combinado com uma norma de mau uso de equipamento e meio de informática. Por isso não seria um delito comum apenas, incidiria a norma penal de informática, teríamos claramente o concurso de normas (art. 70, CP). Observa-se que o criminoso virtual tem varias formas de agir, utilizando os meios informáticos e conhecimentos, o criminoso acaba obtendo êxito, muitas vezes a vitima por falta de conhecimento acaba facilitando a ação do criminoso, um crime misto que usa o meio virtual e possui consequências reais. Crime de informática Comum: são todas aquelas condutas em que o agente se utiliza do sistema de informática como mera ferramenta a perpetração de crime comum, tipificavel na lei penal, ou seja, a via eleita do sistema de informática não é essencial à consumação do delito, que poderia ser praticado por meio de outra ferramenta. Como exemplo, os casos de estelionato (art. 171, CP), e as suas mais amplas formas de fraude. Quando o computador é ferramenta escolhida pelo agente ativo, que poderia escolher outros meios diversos da informática. Porém, é de se pensar na possibilidade de qualificadora para o delito de estelionato o uso do sistema de informática. Despiciendo aclarar a aplicabilidade aos crimes comuns das normas penais vigentes, porém, poder-se-ia, atendendo a essa classificação, incorporar ao Código Penal agravantes pelo uso de sistema de informática, vez que é meio que necessita de capacitação profissional e a ação delituosa por esta via reduz a capacidade da vítima em evitar o delito. Posto isto, entendemos ser a presente classificação apta a elaboração de legislação que possa alcançar os delitos de informática, sem contudo, correr-se o risco de sobreposição de normas, e, assim, também, entendemos que é meio hábil à formação de um eficaz Direito Penal de Informática. Como visto, o criminoso utiliza-se de diversas formas de agir e para tipificar esses crimes temos a lei penal, contudo a delitos específicos que a norma vigente não alcança. 26 Para Guimarães e Furlaneto Neto (2003. p. 67-73) os crimes informáticos podem ser classificados em puros, mistos e comuns, de forma que, na definição destes: Crime virtual puro – é aquele que compreende qualquer conduta ilícita que atenta contra um computador, compreendendo o hardware ou um software do mesmo, qual seja tanto a parte física quanto virtual do computador. Crime virtual misto – é o que utiliza da internet para a prática da conduta ilícita, tendo um objetivo, portanto diferente do citado anteriormente. Crime virtual comum – é aquele em que a internet é a apenas o instrumento para a prática do delito, já enquadrado pelo Código Penal, como é o caso da distribuição de pornografia infantil por serviços de mensagens instantâneas, e-mail, fóruns online ou qualquer tipo de compartilhamento de dados digitais. As diversas formas de crimes praticados pela internet ou com uso da internet deixa uma preocupação com o futuro, pois o crescimento muito rápido desses crimes propõe um desafio gigantesco ao legislador e a todo o sistema, pois para se adequar à nova realidade é necessário que se faça uma adequação do judiciário para que a polícia possa trabalhar com todo aparelhamento possível para que criminoso algum possa sair isento de responsabilidade por crime virtual. 2.2.3 Crimes Virtuais Mais Comuns I. Cyberbullying Para SHARIFF (2010. p.62) o cyberbullying se conceitua como: “Pela sua natureza, os meios eletrônicos permitem que as formas tradicionais do bully ing assumam características que são específicas do ciberespaço.” Segundo a autora, muitas pessoas pensam que a rede as tornas anônimas, desperta o interesse de jovens, estes usam de recursos os quais dificultam sua identificação, quando praticado em redes sociais, a identificação destes se torna mais fácil, os danos causados por estes criminosos são irreversíveis para suas vitimas. FELIZARDO (2010.p.41-42) em sua obra aponta que o Cyberbullying se apresenta em nove formas mais comuns, sendo estas: • Injúria 27 • Difamação • Ofensa • Falsa Identidade • Calúnia • Ameaça • Racismo • Constrangimento ilegal • Incitação ao suicídio Todos estes delitos criminosos fazem parte do cyberbullying e encontra-se previsão legal no Código Penal Brasileiro, no mento que uma pessoa sofre insulto contra a sua honra ela é vitima de calúnia que encontra previsão legal no artigo138 do código penal, quando fatos e noticias falsas são espalhadas pela rede sobre alguma pessoa tipifica-se a difamação no art.139 do Código Penal. Caracterizar pessoa de forma imprudente como sendo ofensa a honra, qualifica-se a injúria exposta no art. 140 do Código Penal quando contra a raça, etnia, cor, religião ou por ser pessoa idosa. II. Fraudes virtuais As fraudes virtuais ocorrem com frequência, expondo toda a vulnerabilidade do usuário que está conectado na rede, causando danos irreparáveis as suas vitimas. Para entendermos as fraudes virtuais vejamos o conceito segundo LIMA (2005.p.60): Fraudes eletrônicas – invasão de sistemas computadorizados e posterior modificação de dados, com o intuito da obtenção de vantagem sobre bens, físicos ou não, por exemplo, a adulteração de depósitos bancários, aprovações em universidades, resultados de balanços financeiros, pesquisas eleitorais, entre outros. As fraudes virtuais estão ocorrendo dia e noite, aonde existe sistema informatizado pode existir algum tipo de fraude ocorrendo, os desafios são inúmeros para combater esse crime. 28 III. Pornografia infantil O Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 8069/90 em seu artigo 240 tipifica o crime de pedofilia que ocorre no meio virtual, prevê: O artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 8069/90 tipifica claramente este tipo de crime que também é praticado no mundo virtual, o qual prevê: Art. 240 – Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 241 – Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. O crime de pedofilia que caracteriza-se pelo dolo do criminoso cresceu na rede, com a globalização da rede e uso deredes sociais os casos de pedofilia são inúmeros, com a facilidade que as crianças tem pra ingressar na rede muita destas sem o zelo dos pais podem ser alvos de pedófilos, existem também os sites do mercado negro que expõe crianças e muitas vezes pessoas compartilham ou armazenam em seu dispositivo. Abaixo o julgado do STF que entende que o crime de pedofilia depende apenas de sua publicação sema necessidade de meio, Primeira Turma do STF: Crime de Computador": publicação de cena de sexo infanto-juvenil (E.C.A., art. 241), mediante inserção em rede BBS/Internet de computadores, atribuída a menores: tipicidade: prova pericial necessária à demonstração da autoria: HC deferido em parte 1. O tipo cogitado – na modalidade de “publicar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente” – ao contrário do que sucede por exemplo aos da Lei de Imprensa, no tocante ao processo da publicação incriminada é uma normal aberta: basta-lhe à realização do núcleo da ação punível a idoneidade técnica do veículo utilizado à difusão da imagem para número indeterminado de pessoas, que parece indiscutível na inserção de fotos obscenas em rede BBS/Internet de computador. 2. Não se trata no caso, pois, de colmatar lacuna da lei incriminadora por analogia: uma vez que se compreenda na decisão típica da conduta incriminada, o meio técnico empregado para realizá-la pode até ser de invenção posterior à edição da Lei penal: a invenção da pólvora não reclamou redefinição do homicídio para tornar explícito que nela se compreendia a morte dada a outrem mediante arma de fogo. 3. Se a solução da controvérsia de fato sobre a autoria da inserção incriminada do conhecimento do homem comum, impõe-se a realização de prova pericial. O crime de pedofilia é desafiador, com milhões de dispositivos ligados à rede e o fácil acesso a dispositivo deixam as pessoas expostas e o criminoso age como se fosse livre. 29 3 LEGISLAÇÃO VIGENTE ACERCA DOS CRIMES VIRTUAIS A grande parte dos crimes cometidos por meio virtual já encontram tipicidade na nossa atual lei penal, o Código Penal é utilizado para punir o criminoso virtual que age como se não houvesse punição, no entanto a crimes específicos que necessitam de legislação especifica para tipifica-los. Segundo Felizardo (2010.p.55-56) expõe: por muitas das vezes a legislação específica é necessária, mas esta se encontra ausente, e os tribunais necessitam da mesma para punir os hackers, crackers e também internautas que cometem ilícitos utilizando a internet. Para uma grande parte de magistrados, advogados e consultores jurídicos aproximadamente 95% do Código Penal já tipifica os crimes que são cometidos na internet, a justiça procura se adaptar para utilizar os dispositivos do Código Penal para combater os crimes virtuais. Contudo existe a necessidade de norma mais próxima da evolução da internet, ocorrem situações atípicas que o legislador utilizando-se somente do Código Penal não pode prever. 3.1. LEI Nº 12.737, de 30 DE NOVEMBRO DE 2012 – “LEI CAROLINA DIECKMANN” Foi aprovado pelo Senado Federal no dia 31 de Outubro de 2012, o Projeto de Lei que tipifica os Crimes Virtuais, no qual foram incluídas penas que trata do comportamento da pessoa que acessa e divulga de forma não autorizada informações de outras pessoas que estão conectadas á dispositivos eletrônicos. Essa nova lei ficou mais conhecida como “Lei Carolina Dieckmann”, pois no mês de maio daquele ano a atriz foi vitima de atos praticados contra sua honra, foram divulgadas fotos intimas da atriz sem que ela autorizasse. Surgiram diversas critica contra o Projeto oportuno entre meio aos Senadores, visto que o assunto mais discutido era sobre um Novo Código Penal, pela qual nesse novo código seria inclusa a proposta em questão, sendo assim não necessitando com isso, uma nova legislação específica para tratar o crime, entendeu a maioria. 30 O procedimento do Projeto em foco foi pressionado e com os fatos que ocorreram com a atriz, e com isso consequentemente ocasionando a aprovação do referido Projeto, destacando que o assunto oportuno era tema de debate há mais de 1 7 anos no Congresso Nacional. Posto que no dia 30 de Novembro de 2012, foi publicada a Lei nº 12.737, que torna crime os atos praticados Internet, abrangendo assuntos importantes, como invasão de dispositivo eletrônico, acesso remoto não autorizado, interrupção de serviços telemáticos, derrubada proposital de sites, e entre outras. A lei entrou em vigor em de 02 de Abril de 2013, após 120 dias da sua publicação quatro meses após o vacacio legis. O principal objetivo da lei é alcançar e punir quem cria e espalha vírus de computador e códigos maliciosos com empenho em furto de senhas, a titulo de exemplo, disciplinando com multa e até mesmo prisão, conforme exposto a seguir. A Lei nº 12.737/12, no seu artigo 2º, adicionou os artigos seguintes ao Decreto- Lei no 2.84 8, de 07 de dezembro de 1940 - Código Penal: Invasão de dispositivo informático: Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. § 1 Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput. § 2 Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico. 3 Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave. § 4 Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos. § 5 Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra: I - Presidente da República, governadores e prefeitos; II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembléia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. 31 Ação penal: Art. 154-B. Somente caberá sobre representação o crime do art. 154-A, exceto quando o crime tem como vitima a administração pública direta ou indireta seja de qual for o órgão dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas de concessão que prestam públicos. Em seu artigo 3º, a Lei nº 1 2.737/12, altera os artigos 266 e 298, do Decreto Lei no 2.84 8, de 07 de dezembro de 1940 - Código Penal, que passam a vigorar com a seguinte redação: Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de informação de utilidade pública: Art. 266. ... § 1 Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático ou de informação de utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento. § 2 Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por ocasião de calamidade pública.” (NR) Falsificação de documento particular: Art. 298. ...Falsificação de cartão Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito. Analisa-se agora em qual procedimento criminal o processo para os crimes em questão ocorrerá, conforme o exposto no artigo 394, do Código de Processo Penal, que dispõe: Art. 394 – O procedimento será comum ou especial § 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) a nos de pena privativa de liberdade; III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. Já segundo o artigo 98, inciso I, da Constituição Federal do Brasil de 1988, anuncia a formação de Juizados Especiais para julgamento de infrações penais de menor potencial ofensivo, e dispõe que: Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais d e menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. 32 No que toca a infração penal de menor potencial ofensivo, está descrito na Lei nº 9 .099/1995, assim, em seus artigos 60 e 61, que: Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Conhecendo as informações sobre qual procedimento seguir, caso ocorra imputação pelo artigo 154-A, do Código Penal, em seu caput, sendo a pena cominada de três meses a um ano, e multa, o procedimento será o sumaríssimo, por intermédio do Juizado Especial Criminal, assim como no § 3º , cuja pena é de seis meses a dois anos, e multa. Tempo em que o artigo 266, do Código Penal, com pena prevista de um a três anos, e multa, o procedimento será o sumário, e no artigo 298, também do Código Penal, sendo a pena imposta de um a cinco anos, e multa, o procedimento será o ordinário, e ambos os institutos legais serão de competência na Justiça Comum. Independente de qual procedimento será instruído o processo, tem-se o benefício da Suspensão Condicional do Processo que é opção à jurisdição penal, é um instituto que deixa de penalizar sem haver exclusão do caráter ilícito do fato, onde a aplicação da punição é evitada pelo legislador, o qual está previsto no artigo 89, da Lei nº 9.099 /1995, que dispõe: sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena. § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de frequentar determinados lugares; III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. 33 §3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. §4 º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, o descumprir qualquer outra condição imposta. §5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. §6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. §7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o prosseguirá em seus ulteriores termos. Sendo a pena mínima imposta por igual ou menor a um ano, sendo este um dos requisitos para a concessão deste benefício, poderá ser adequada, então, para os agentes previstos nos artigos 154-A e 266, do Código Penal, principalmente no que toca ao pré-requisito pena, contudo, outras condições devem ser determinadas. Sendo assim, o que esta disposto no artigo acima mencionado devem ser realizadas, pois o juiz declarará extinta a punição se todas forem exercidas até o final do prazo estipulado, de dois a quatro anos, senão, se for descumprida alguma dessas condições ou se o acusado não aceitar que o processo seja suspenso este caminhara para posteriores termos, conforme procedimento em que foi fixado o crime do qual foi imputado. Importante destacar que, mesmo que uma Lei que tipifica os Crimes Virtuais tenha sido realizada, esta deve ser alvo de analise, criticas e debates com a finalidade de observar a legislação cuja denominação atende denuncia de atriz, observar se traz soluções que sejam definitivas e não apenas concreto ao caso da atriz. Percebe-se que não é definitiva para evitar o mal que o uso de forma ignorante da rede pode causar ao usuário. 3.2. LEI Nº 12.936, DE 23 DE ABRIL DE 2014 “MARCO CIVIL DA INTERNET” Concentrando com foco na tipificação dos crimes virtuais, o Marco Civil da internet, que é um reforço para legislação no que toca aos crimes virtuais, notadamente é de grande importância para o sistema legislativo de normas, a utilização do princípio da legalidade e da tipicidade penal, com destaque em seu prestígio para tipificar os crimes virtuais. 34 A lei nº 12.936, de 23 de abril de 2014 é um dos maiores avanços legislativo que rege os avanços tecnológicos. O marco civil da internet, que é também chamado de Constituição da Internet, trouxe em seu artigo 5º os seguintes conceitos: Art. 5o Para os efeitos desta Lei, considera-se: I - Internet - o sistema constituído de conjunto de protocolos lógicos, estruturado em escala mundial para uso público e irrestrito, com a finalidade de possibilitar a comunicação de dados entre terminais por meio de diferentes redes; II- terminal - computador ou qualquer dispositivo que se conecte à Internet; III - administrador de sistema autônomo - pessoa física ou jurídica que administra blocos de endereço Internet Protocol - IP específicos e o respectivo sistema autônomo de roteamento, devidamente cadastrada no ente nacional responsável pelo registro e distribuição de endereços IP geograficamente referentes ao País; IV - endereço IP - código atribuído a um terminal de uma rede para permitir sua identificação, definido segundo parâmetros internacionais; V - conexão à Internet - habilitação de um terminal para envio e recebimento de pacotes de dados pela Internet, mediante a atribuição ou autenticação de um endereço IP; VI - registro de conexão - conjunto de informações referentes à data e hora de início e término de uma conexão à Internet, sua duração e o endereço IP utilizado pelo terminal para o envio e recebimento de pacotes de dados; VII - aplicações de Internet - conjunto de funcionalidadesque podem ser acessadas por meio de um terminal conectado à Internet; VIII - registros de acesso a aplicações de Internet - conjunto de informações referentes à data e hora de uso de uma determinada aplicação de Internet a partir de um determinado endereço IP. (BRASIL, Lei nº 12.936, 2014, art. 1º). O Marco Civil da internet surgiu de uma proposta de lei nº 2.126, após diversos tramites em 23 de Abril de 2014 a presidente em questão Dilma Rousseff sancionou em uma Conferência Internacional, ou também conhecida NET Mundial, em São Paulo. A lei 12.936/14 estabelece os garantias, princípios, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Com o objetivo de nortear o usuário sobre seu comportamento na rede virtual, assim como manter o controle de serviços e conteúdos na rede. A lei é conhecida de forma popular como Constituição da Internet, buscando prevenir os crimes virtuais na internet, e mantendo garantias no tocante à privacidade e liberdade de expressão dos usuários na rede, desta forma barrando atos criminosos e marcando um ponto de referência para que o usuário tenha um espelho do seu comportamento na rede. 35 Contudo, a lei 12.936/14 não tipifica crimes e delitos, e sim define responsabilidades no que toca aos meios digitais. No discorrer de cinco capítulos, dispõe de direitos e garantias do usuário assim com também a atuação do poder público. Assim seja, o Marco Civil, apesar de sua denominação, mantém interesse em matéria penal, como no caso dos princípios expostos no artigo 2º, II, que rege os direitos humanos como fundamento ao respeito à liberdade de expressão. Dispõe o primeiro capítulo sobre as disposições preliminares, no qual o legislador dissertou princípios em seis artigos, que servem como firmamento para o uso da internet. Destaca-se sua inicial finalidade, como disposta de forma clara o artigo 1º: Art. 1o Esta Lei estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil e determina as diretrizes para atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em relação à matéria. (BRASIL, Lei nº 12.936, 2014, art. 1º). Desta forma, não apenas ordena regras de comportamento aos usuários, como também os entes federativos podem tomar partido em relação ao tema. No artigo 4º, a lei estabelece o objetivo do uso da internet no Brasil, que é a maior dignidade do direito de acesso à internet de todas as pessoas, o acesso à informação e conhecimento, maior participação na vida cultural e no acompanhamento dos assuntos públicos, verifica-se que até o momento, o marco civil apenas expos legislativamente o que já é de conhecimento da população e que não eram definidos de forma clara. Ao encerrar o primeiro capítulo, a lei estabeleceu importantes definições para resolver dúvidas sobre as denominações no que toca a rede de internet, definições que podem sem confundidas por operadores do direito e sociedade, sendo que essas denominações tecnológicas são diferentes. O artigo 6º, o último das disposições preliminares, traz a seguinte redação: Art. 6º Na interpretação desta Lei, serão levados em conta, além dos fundamentos, princípios e objetivos previstos, a natureza da Internet, seus usos e costumes particulares e sua importância para a promoção do desenvolvimento humano, econômico, social e cultural. (BRASIL, Lei nº 12.936, 2014, art. 1º). 36 Discorre o segundo capítulo sobre os direitos e garantias dos usuários, no que toca aos direitos do usuário. Sendo assim, se caso houver cláusulas que firam esses direitos, serão consideradas nulas. No artigo 7º, destaca-se o inciso, o VII, que dispõe: Art. 7º [...] VII – não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclusive registros de conexão, e de acesso a aplicações de internet, salvo mediante consentimento livre, expresso e informado ou nas hipóteses previstas em lei; (BRASIL, Lei nº 12.936, 2014, art. 1º). Fica evidente que não é permitido utilizar-se dos dados de usuários de forma indevida, dados pessoais principalmente. Isso ocorre para evitar que o usuário seja vitima de atos criminosos. O terceiro capítulo é o mais extenso, dispõe sobre o provimento de conexão e de aplicações de Internet, trata-se da segurança da privacidade do usuário o qual são invioláveis, salvo ordem judicial. A polêmica que trás o capítulo três é o fato de que este estabelece que o provedor de serviço de internet não será civilmente responsabilizado por danos decorrentes de conteúdo por terceiros, assim como dispõe o artigo 18, complementado no art. 19 que diz: Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário. (BRASIL, Lei nº 12.936, 2014, art. 1º). Assim sendo, o capítulo quatro da lei dispõe de importantes definições sobre a atuação do poder público em relação ao tema. Destarte, propõe maior ensejo da sociedade de atuar, como dispõe o artigo 30, no Marco Civil a defesa dos interesses elencados pode ser tanto individual quanto coletivo. Quanto ao poder público estão dispostos orientações para que este atue com mais eficiência e rigor. É fato que o surgimento do marco civil da internet contribui de forma valiosa para a legislação relacionada a internet, porém é preciso que seja mais divulgado para que se alcance 37 um maior numero de pessoas, para que assim estas pessoas possam ter acesso e conhecimento de dados e como é controlado seu comportamento na internet. 3.3. JURISPRUDÊNCIAS RECENTES ACERCA DOS CRIMES VIRTUAIS O Superior Tribunal de Justiça divulgou dados importantes recentemente na data de (17/6) relacionados a fatos que facilitam o entendimento no que diz respeito aos crimes virtuais no Brasil. Delito que afeta anualmente segundo dados recentes 62 milhões de usuários e gera danos de US$ 22 bilhões, segundo estudo que foi divulgado no início de 2018 pela empresa especializada em segurança virtual Symantec.Com a grande quantidade de pessoas de diversos lugares do mundo, surge na internet a cada dia novos meios de fraudes ou aumento dos crimes já existentes, que por meio virtual se torna mais fácil devido a liberdade que o agente que comete o delito sente, e assim sendo surgem novos fatos, novas modalidades de crime que dificulta a tipicidade do delito. O STJ vem interpretado normas infraconstitucionais no tocante aos ilícitos cometidos pela rede virtual. O tribunal, como exemplo, decidiu preventivamente manter um homem que através da internet extorquiu mulheres e depois para não divulgar as imagens ameaçou com fotos e vídeos com conteúdo erótico das vitimas. Através de redes sociais, um jovem de 19 anos estimulava jovens e algumas sendo menores de idade a lhe enviar fotos e vídeos íntimos e após a conquista da vitima exigia que essas mulheres lhe pagassem dinheiro e outros bens de valor para não expor o conteúdo na internet. Assim sendo, consequentemente as ameaças atingia às famílias das vítimas. Segundo o ministro Rogerio Schietti Cruz, relator do caso, ficou evidente que o acusado se usufruiu da vulnerabilidade das vítimas no ambiente virtual para exigir os valores, que eram aumentavam a cada ato de extorsão praticada. Ao negar pedido de Habeas Corpus, Schietti frisou que
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