Buscar

CIVIL II - DTO DAS COISAS I - DA POSSE Resumo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL – CRISTIANO CHAVES - INTENSIVO II 
DTO DAS COISAS – DA POSSE
	DO DIREITO DAS COISAS	
DA POSSE
1. NOÇÕES CONCEITUAIS
1.1. Teoria Subjetiva x Teoria Objetiva da Posse
Historicamente, a posse era vista de forma subordinada em relação à propriedade, logo, não possuía autonomia conceitual, dependendo juridicamente do conceito de propriedade. 
Isto assim se manteve até a importante obra de Savigny -Teoria da Posse, onde o autor dividiu a posse em corpus + animus rem (animus domini ou sibi habendi), logo, era teoria subjetiva, pois exigia o animus (tê-la como sua). 
Já Ihering desenvolveu a Teoria Simplificada da Posse, objetiva, onde, para ter posse, basta a apreensão, o contato físico, o corpus, sem necessidade do animus (vontade de ter como seu fosse). 
O art. 1.196, CC demonstra que o Direito Brasileiro adotou, em regra, a Teoria Objetiva, ao dizer que tem a posse aquele que exerce um dos poderes do domínio sobre a coisa: uso, gozo, livre disposição, reivindicação.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Contudo, o código faz algumas concessões à Teoria Subjetiva de Savigny. Exemplo é a usucapião, onde o CC exige animus domini como um de seus requisitos. 
1.2. Propriedade x Domínio x Posse
Quem tem os quatro poderes do domínio (uso, gozo, livre disposição, reivindicação), mais o título, tem propriedade; quem tem os quatro poderes, mas não tem o título, tem domínio. O direito de propriedade é exercido perante a coletividade, o domínio é exercido sobre a coisa. Quem exerce apenas um dos poderes (uso, gozo) sobre a coisa tem a posse. 
A diferença dos institutos está demonstrada no próprio processo civil, visto que a defesa da propriedade se faz por meio da ação reivindicatória, a defesa do domínio por meio da ação publiciana e a defesa da posse por meio das ações possessórias. 
2. OBJETO DA POSSE
Partindo da premissa de que posse é contato físico, não é difícil perceber que o objeto da posse sempre será um bem corpóreo. Partindo dessa premissa, duas conclusões são imprescindíveis. 
A primeira é a de que os bens incorpóreos, por serem insuscetíveis de posse não podem ser defendidos por meio dos interditos possessórios (ações possessórias). Logo, serão defendidos por meio de ação indenizatória ou tutela específica, a depender do interesse da parte.
Ex: direitos autorais.
STJ Súmula nº 228 - Interdito Proibitório - Proteção do Direito Autoral - É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.
A segunda é a impossibilidade de usucapião de bens incorpóreos, já que um dos requisitos do usucapião é a posse. 
Há apenas uma exceção à possibilidade de usucapião de bens incorpóreos, qual seja o usucapião de linha telefônica, conforme súmula 193, STJ:
STJ Súmula nº 193 - 25/06/1997 - DJ 06.08.1997 - Linha Telefônica – Usucapião - O direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião.
2. MERA DETENÇÃO
2.1. Conceito
A mera detenção é uma exceção à incidência da teoria objetiva da posse. A teoria objetiva da posse exige apenas o contato físico, sendo este suficiente para caracterizar a posse. Contudo, o ordenamento não deseja que algumas situações onde há o simples contato físico sejam vistas como posse. Logo, o ordenamento desqualifica a posse, o que chamamos de detenção. O ordenamento interdita os efeitos da posse tirando do sujeito a qualidade de possuidor. Por óbvio, só existe detenção nos casos expressamente previstos em lei.
2.2. Nomeação à Autoria
A mera detenção também é tratada pelo processo civil, como no caso da nomeação à autoria, art. 62, CPC. Tal dispositivo enuncia que, toda vez que uma ação for ajuizada indevidamente contra o mero detentor, deve este denunciar à autoria o proprietário ou possuidor:
Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.
É uma intervenção de terceiro obrigatória, com a intenção de corrigir a ilegitimidade passiva para a causa. A prova de que a nomeação à autoria é obrigatória decorre do art. 69, CPC, onde o mero detentor que não a realiza arca com perdas e danos: 
Art. 69. Responderá por perdas e danos aquele a quem incumbia a nomeação: I - deixando de nomear à autoria, quando lhe competir; II - nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome detém a coisa demandada.
2.3. Exemplos de Detenção
a) Fâmulo da Posse (gestor da posse)
Aquele que tem o contato físico da coisa por força de uma relação subordinativa para com terceiros. Há dependência jurídica e, por força dessa dependência, apreende a coisa. Ex: caseiro, capataz da fazenda, adestrador
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
b) Atos de mera tolerância: abuso de confiança. Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
c) Permissão de uso de bem público
4. COMPOSSE
4.1. Conceito
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
É o exercício simultâneo da posse por duas ou mais pessoas. Ex: marido e mulher; companheiro e companheira. 
4.2. Elementos
Pluralidade de sujeitos; Indivisibilidade da coisa.
4.3. Efeitos
a) Exercício e defesa integral da posse: por ser a coisa indivisível, cada compossuidor exerce os seus direitos sobre o todo e pode defender o todo, independentemente de sua fração ideal.
b) Usucapião
Regra: caracterizada a composse, regra geral, não pode haver usucapião, já que todos exercem seus direitos sobre o todo. 
Exceção: o STJ vem admitindo usucapião na composse quando, excepcionalmente, o compossuidor estabeleceu posse com exclusividade, afastando os demais. Ex: condomínio formado entre os herdeiros. Um dos herdeiros administra sozinho uma fazenda em composse, sem que os demais manifestem nenhum tipo de interesse ou tolerância.
4.4. CPC - Citação do Cônjuge
O art. 10, CPC trata da necessidade de citação do cônjuge nas ações reais imobiliárias.
Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários.
Mas a posse não é um direito real, logo, a ação possessória não é ação real. Dessa forma, não há necessidade de citar o cônjuge de pessoa casada numa ação possessória, salvo se houver composse. 
Assim, será necessária a formação de litisconsórcio (citação do cônjuge do réu) em ação possessória quando houver composse entre os cônjuges (pois a coisa é indivisível).
5. FUNÇÃO SOCIAL DA POSSE
5.1. Teoria Sociológica da Posse
A discussão entre Savigny e Ihering se mostrou insuficiente para dirimir os conflitos possessórios do mundo moderno. Assim, fugindo da dicotomia entre Savigny e Ihering, o espanhol Hernandez Gil, construiu a tese da Teoria Sociológica da Posse. Essa teoria nos diz que, independentemente de um sistema adotar a teoria objetiva ou subjetiva, deve este se preocupar sempre com o impacto social do exercício da posse, pois a posse é o direito mais próximo da população carente.
No Brasil, a teoria foi primeiramente adotada por Luiz Edson Fachin. Na exposição de motivos do CC, Miguel Reale diz que o direito civil adotou a teoria sociológica da posse implicitamente, chamando-a de posse trabalho. Na CF só há alusão à função social da propriedade.
5.2. Conceito de Função Social da Posse 
Na CF só há alusão à função social da propriedade.
Art. 5º. XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua funçãosocial; Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: III - função social da propriedade.
Esta é uma condicionante imposta constitucionalmente, visto que só merece proteção a propriedade quem cumprir a função social. Se o proprietário não cumpre sua função social, e outro o faz em seu lugar, há a função social da posse. 
Assim, a função social da posse se caracteriza sempre que o proprietário não cumpre a função social da propriedade e alguém a cumpre em seu lugar. Nesse caso, o proprietário não terá proteção, estando protegido o possuidor. Essa situação demonstra a autonomia conceitual da posse em relação à propriedade. 
5.3. Consequências
a) Possibilidade de Redução do Prazo de Usucapião
A usucapião extraordinária (sem título e boa-fé) exige 15 anos de posse e a ordinária (com título e boa-fé) 10 anos. 
Os artigos abaixo dizem que, se o usucapiende estiver morando ou tiver tornado a terra produtiva (estará cumprindo a função social da posse), o juiz poderá reduzir em 5 anos o prazo do usucapião.
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo (15 anos) reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
b) Não se discute propriedade nas ações possessórias
Significa que o juiz julgará em favor do melhor possuidor, independentemente de quem seja o proprietário. E o melhor possuidor é aquele que estiver cumprindo a função social da posse. 
Art. 1.210. §2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
c) Desapropriação Judicial Indireta
O proprietário poderá perder a coisa se alguém cumprir a função social em seu lugar.
Art. 1.228. §4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
d) Usucapião Especial Coletivo Urbano
	DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL INDIRETA
CC - REQUISITOS
	USUCAPIÃO URBANO COLETIVO
Lei 10.257/01 – art. 10 a 12
	Extensa área RURAL ou URBANA
	Área URBANA superior a 250m2
	Posse coletiva por 5 anos
	Posse coletiva por 5 anos
	CONSIDERÁVEL NÚMERO DE PESSOAS
	População de BAIXA RENDA
	OBRAS E SERVIÇOS RELEVANTES
	FIXAÇÃO DE RESIDÊNCIA
	BOA-FÉ (subjetiva).
Obs.: não se trata de não saber que o imóvel pertence a terceiro, mas sim boa-fé na ciência dos efeitos da posse.
	BOA ou MÁ-FÉ
	JUSTA INDENIZAÇÃO ao proprietário.
Enunciado 308 - Jornada Direito Civil: Indenização paga pelos próprios possuidores, salvo em se tratando de população de baixa renda, onde a indenização é paga pelo poder público em respeito ao direito de moradia (direito civil dos pobres).
Obs.: enquanto a indenização não for paga não poderá haver o registro da decisão judicial. 
Obs.: a doutrina admite a desapropriação judicial indireta de terras públicas por não se tratar de usucapião.
	INDEPENDE DE INDENIZAÇÃO
	PROCESSO
A DJI pode ser alegada através de AÇÃO AUTÔNOMA (proposta pelos próprios possuidores) ou por EXCEÇÃO SUBSTANCIAL dentro da contestação (resposta dos possuidores a ação reivindicatória do proprietário).
	PROCESSO 
Pode ser requerido em AÇÃO AUTÔNOMA como em EXCEÇÃO SUBSTANCIAL dentro da contestação.
	LEGITIMIDADE
PRÓPRIOS POSSUIDORES
Enunciado 305 – MP. O MP pode requerer a DJI quando houver interesse público social subjacente.
	LEGITIMIDADE
O UCU pode ser requerido por CADA UM DOS POSSUIDORES, ALGUNS DELES, TODOS, ou pela ASSOCIAÇÃO DE MORADORES como substituto processual – art. 12.
MP não tem legitimidade para ser autor, funcionando como fiscal da lei. 
Lei. 10.257/01. Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.
§ 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis.
§ 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.
§ 4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio.
§ 5o As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.
Art. 11. Na pendência da ação de usucapião especial urbana, ficarão sobrestadas quaisquer outras ações, petitórias ou possessórias, que venham a ser propostas relativamente ao imóvel usucapiendo.
Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana:
I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente;
II – os possuidores, em estado de composse;
III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos representados.
§ 1o Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a intervenção do Ministério Público.
§ 2o O autor terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de registro de imóveis.
Veja que só requer a DJI quem não cumpre os requisitos para o usucapião coletivo, visto que na DJI há que se indenizar o proprietário. Assim, a DJI tem um caráter residual. Mas ambos estão fundamentados na função social da posse.
6. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
6.1. Posse Direta e Indireta (desdobramento da posse)
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
a) Conceito
A posse plena pode ser desmembrada. Uma vez desmembrada, divide-se em direta e indireta. 
b) Requisito
O desdobramento da posse dependerá da existência de uma relação jurídica base (negócio jurídico). Assim sendo, somente haveráposse direta quando houver uma indireta. Por conta do desdobramento, o legítimo possuidor entrega o contato físico a um terceiro (possuidor direto) se mantendo com a mesma qualidade de possuidor (possuidor indireto). Ex: locação, comodato.
Obs.: Não esquecer que só há posse direta quando houver uma indireta. Assim, inexistindo relação jurídica base, não ha desdobramento de posse, logo, a posse é plena. Ainda, não cabe usucapião no desdobramento da posse, pois falta o requisito animus domini, já que há relação contratual. 
c) Defesa da Posse
O desdobramento da posse permite que tanto possuidor direto como o indireto possam defender a posse, visto que ambos possuem a qualidade de possuidor. Assim, ambos têm legitimidade para defesa da posse contra terceiros. Ainda, o possuidor direto e indireto podem se defender um contra o outro (Enunciado 76).
Obs.: DESDOBRAMENTO SUCESSIVO DA POSSE - o desdobramento da posse não decorre apenas de ato do proprietário, mas também de ato do próprio possuidor, ou seja, podem ocorrer desdobramentos sucessivos, de diferentes graus. Ex: sublocação. 
6.2. Posse Natural e Posse Civil
a) Posse Natural 
Esta classificação traz como premissa a compreensão objetiva da posse. Pela compreensão objetiva da posse, esta decorre sempre de um ato natural (o contato físico, o corpus), logo, a posse natural é a posse decorrente da teoria objetiva.
b) Posse Civil
Na posse civil, o ordenamento vai atribuir a alguém a qualidade de possuidor, apesar de nunca ter tido o contato físico. A posse civil é chamada de posse contratual, constituto possessório ou cláusula constituti. 
Caracteriza-se a posse civil ou contratual quando alguém adquire a qualidade de possuidor por força de relação contratual. 
Ex: LEASING. No contrato de leasing o ARRENDATÁRIO compra carro da CONCESSIONÁRIA (mas quem compra o carro é o ARRENDADOR - Banco). Se o arrendatário parar de pagar as rendas mensais, o Banco ajuíza AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, mesmo que nunca tenha tido a posse natural (contato físico). Ocorre que uma das cláusulas do contrato é constituti, a qual transfere ao Banco a posse indireta do bem, para que possa se valer de proteção possessória. 
Ex: AQUISIÇÃO DE IMÓVEL NO LEILÃO DA CEF. O ADQUIRENTE compra a casa, mas o MUTUÁRIO ainda está nela morando. Como o adquirente nunca teve a posse, deveria se valer da imissão na posse (e não da ação de reintegração, visto que nunca teve a posse). Mas na imissão não há liminar, pois se trata de procedimento ordinário. Contudo, no contrato a CEF tinha posse indireta, logo, o contrato de compra e venda transfere ao adquirente a POSSE INDIRETA DE FORMA CONTRATUAL, cabendo a reintegração de posse. É forma de aquisição contratual da posse. 
6.3. Posse de Boa-fé e de Má-fé
Não se trata de boa-fé objetiva, mas sim subjetiva (ciência; conhecimento). Assim, a posse de boa-fé é daquele que não conhece o vício que eventualmente pesa sobre a coisa. Já na posse de má-fé está aquele que conhece o vício sobre a coisa. 
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Cabe lembrar que a boa-fé não é exigida para fins de usucapião. Mas é óbvio que o prazo para usucapir será menor havendo boa-fé. Todavia, a boa-fé influenciará nas benfeitorias, nos frutos e na responsabilidade civil. 
6.4. Posse Justa e Injusta
a) Conceito
Posse injusta é a posse violenta, clandestina e precária. Por exclusão, justas são todas as outras. 
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Obs.: aqui o vício é objetivo – VIOLENTA (esbulho, roubo); CLANDESTINA (furto); PRECÁRIA (abuso de confiança).
b) Convalescimento da Posse
Mas o direito civil permite o convalescimento da injustiça, também chamado de interversão (cura do vício objetivo). Este será possível em dois casos:
Quando cessado o vício que o originou (violência, clandestinidade): independe de prazo.
Depois do prazo de ano e dia: se depois de ano e dia a posse injusta convalesce, significa que ela se torna justa, produzindo todos os efeitos.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. 
c) Posse Precária (trataremos dela a parte, porque é exceção)
c.1. Regra: a posse precária jamais convalesce, pois tem natureza jurídica de detenção. Por isso o comodatário não pode usucapir a coisa, pois ele figura como detentor.
c.2. Exceção: mas há um caso no qual a posse precária convalesce. Isso ocorrerá se houver mutação da sua natureza propiciada pela alteração jurídica subjacente. 
Ex: comodatário deixar de ostentar a qualidade de comodatário. Enquanto comodatário, tem posse precária, mas se passar a se comportar como esbulhador, a posse passa a ser plena. Nessa caso, pode haver o convalescimento e a conversão da posse.
Ex: locatário para de pagar aluguel, o locador nada faz, caracteriza-se o esbulho, tornando-se o locatário possuidor pleno. A partir do esbulho, há a posse plena do esbulhador, cabendo o usucapião e, consequentemente, o convalescimento da posse.
7. EFEITOS JURÍDICOS DA POSSE
Dividem-se em efeitos materiais (4) e processuais (1). Abaixo, os quatro primeiros são os materiais e o último é o processual.
7.1. Possibilidade de Aquisição por Usucapião
Nem toda posse é ad usucapionem (permite o usucapião); mas apenas ad interdicta, a qual não gera a aquisição da posse, mas permite sua proteção. 
7.2. Responsabilidade Civil do Possuidor
É a responsabilidade civil pela perda ou deterioração da coisa, havendo necessidade de analisar a posse de boa e de má-fé.
a) Possuidor de boa-fé: só responde pela perda ou deterioração da coisa quando der causa culposamente (responsabilidade subjetiva), e o ônus de prova da culpa é da vítima.
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
b) Possuidor de má-fé: responde pela perda ou deterioração da coisa, objetivamente (responsabilidade objetiva com risco integral) salvo se provar que a coisa teria se perdido ou deteriorado mesmo sem a sua posse. Ex: dano nuclear. Caso se comprove culpa exclusiva da vítima, não há responsabilidade civil do agente.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
7.3. Direito à Percepção de Frutos
a) Possuidor de boa-fé
a.1. Regra: ordinariamente, o possuidor de boa-fé tem direito a todos os frutos percebidos.
a.2. Exceção: contudo, se na data da entrega do bem houver frutos pendentes o possuidor de boa-fé não poderá retirá-los, pois estes ainda não estão no tempo da colheita, mas será ressarcido por estes.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
b) Possuidor de má-fé: não tem direito a percepção dos frutos e ainda responde pelos frutos colhidos, percebidos e pelos que deixou de perceber por sua culpa; Contudo, embora não possa colher os frutos, terá direito de ser ressarcido pelas despesas com a sua manutenção, visandoimpedir enriquecimento sem causa do legítimo possuidor.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
7.4. Direito à Indenização por Benfeitorias Realizadas 
As benfeitorias se classificam, a partir do critério finalístico, em necessárias, úteis, voluptuárias (suntuárias), logo, a mesma benfeitoria pode ser caracterizada como necessária, útil ou voluptuária, conforme sua utilidade. 
Ex: piscina. Em uma escola de natação é necessária, em uma academia é útil, em uma casa é voluptuária.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
a) Possuidor de Boa-Fé
a.1. Regra Geral
a.1.1. Benfeitorias úteis e necessárias: direito de indenização e retenção. 
a.1.2. Benfeitorias voluptuárias: direito de levantamento (retirada) quando possível retirá-las. 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Obs.: DIREITO DE RETENÇÃO. CPC o direito de retenção deve ser exercido através dos EMBARGOS DE RETENÇÃO no processo de execução. Contudo, após as novas regras de cumprimento de sentença há modificação dessa regra. Isso porque, o juiz, ao proferir sentença já deve determinar como se dará seu cumprimento, assim, o momento para exercer o direito de retenção deixa de ser o processo de execução e passa a ser a PETIÇÃO INICIAL PARA O AUTOR e a CONTESTAÇÃO PARA O RÉU. Os embargos de retenção passaram a ter caráter residual, sendo usados tão somente se a parte não tiver alegado ainda seu direito de retenção, mas a parte que deixou de alegar em momento oportuno arca com as custas de seu retardamento. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA, contudo, mitigam a regra legal acima descrita, entendendo que as benfeitorias úteis realizadas depois da notificação para a restituição da coisa não geram direito de retenção, apenas de indenização.
a.2. Exceções (aquilo que não for mencionado segue a regra).
a.2.1. Locação de imóveis urbanos: as benfeitorias úteis devem ter prévia autorização do locador para gerar direito à indenização e retenção.
Lei. 8.245/91. Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel.
Obs.: CLÁUSULA DE RENÚNCIA ANTECIPADA ÀS BENFEITORIAS: é compreendida válida pelo STJ, 335, mas não pode englobar as necessárias, seria absurdo, pois iria ferir a boa-fé contratual.
a.2.2. Comodato: as benfeitorias úteis não geram nem indenização nem retenção. É óbvio, visto que no comodato há empréstimo gratuito da coisa, não sendo lógico cobrar do comodante pela benfeitoria feita para o uso do comodatário.
Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.
a.2.3. Desapropriação: DL. 3.364/41. Art. 26. §1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias feitas após a desapropriação; as úteis, quando feitas com autorização do expropriante.
i) Benfeitorias anteriores ao Decreto: todas as benfeitorias realizadas pelo expropriado até a publicação do decreto expropriatório serão computadas no preço. 
ii) Benfeitorias posteriores ao Decreto: porém, as benfeitorias realizadas entre a publicação do decreto e a imissão na posse pelo poder público expropriante submetem-se a seguinte regra: necessárias sempre serão indenizáveis; as úteis somente com autorização prévia, as voluptuárias não serão indenizáveis. 
b) Possuidor de Má-Fé
Não tem direito de ser indenizado por nenhuma benfeitoria nem pode levantas as voluptuárias, mas a ele será reconhecido o direito à indenização pelas necessárias (desacompanhado do direito de retenção), de modo a impedir o enriquecimento sem causa. 
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Obs.: BENFEITORIAS X PERTENÇAS. Benfeitoria é bem acessório, pertença não o é, logo, não se submete à teoria da gravitação (acessório segue o principal). Enquanto as benfeitorias são acréscimos com finalidade, as pertenças são bens que se acoplam a um outro bem mantendo sua própria funcionalidade (sem dependência). Ex: ar condicionado, trator da fazenda (caso venda a fazenda, em regra, ela é vendida sem o trator). Assim, o possuidor não tem direito às pertenças, visto que não são acessórios.
CC. Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
7.5. Proteção Possessória (tutela jurídica da posse) 
A proteção possessória é o único efeito processual da posse.
a) Proteção Penal
Ocorre através do desforço incontinenti (imediato). É a legítima defesa da posse, a qual se submete a todos os requisitos da legítima defesa penal. Constitui um exemplo de autotutela permitida pelo sistema.
Art. 1.210. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
O excesso culposo, quando aquele que se defende excede o limite necessário para tanto, gera responsabilidade civil objetiva, pois se trata de abuso do direito, conforme Enunciado 37. Se quem realizou o excesso culposo foi o detentor, responder o possuidor, pois a ele estava o detentor subordinado.
b) Proteção Civil – Interditos Possessórios
Ocorre através da tutela jurisdicional, chamada de interditos (ações) possessórios.
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
b.1. Espécies de Ações Possessórias
b.1.1. Manutenção de posse: no caso de turbação (perturbação/embaraço da posse). 
b.1.2. Reintegração de posse: no caso de esbulho (perda/privação da coisa). E o esbulho pode ocorrer por descumprimento contratual, logo, não necessariamente com violência. Ex: comodatário que não devolve o bem emprestado no prazo.
b.1.3. Interdito proibitório: no caso de ameaça. 
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso. Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes (não se revela por obras exteriores) salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o houve.
b.2. Fungibilidade entes as Ações Possessórias: entre tais ações vigora o princípio da fungibilidade, havendo aproveitamento no caso de propositura errônea e quando houver mutação superveniente da causa de pedir.
CPC. Art. 920. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejamprovados.
b.3. Outras ações para Defesa da Posse?
Alguns autores, como Maria Helena Diniz e Washington de Barros, defendem que, além das três ações possessórias acima, existiriam outras que também tenderiam à defesa da posse. Ex: imissão na posse; dano infecto, nunciação de obra nova, embargos de terceiro.
Entretanto, no sistema jurídico brasileiro existem apenas três ações para a proteção da posse. Assim, as ações acima citadas estão baseadas na posse, mas não são para a proteção da posse. Portanto, nem toda ação baseada na posse é possessória (pode ter como causa de pedir a posse, mas não são para a proteção desta). 
Imissão na posse: não é uma ação possessória, pois lhe falta o pressuposto elementar de uma ação possessória, qual seja a posse. É ação para obtenção da posse, seguindo procedimento comum ordinário. 
Dano infecto: é ação cominatória utilizada para a fixação de multa com objetivo de inibir o prédio vizinho de causar um dano decorrente de obra ou reforma. É um ótimo exemplo de tutela inibitória. Caso ocorra o dano, o autor da ação terá direito ao valor da multa, sem prejuízo da indenização por perdas e danos. Isso porque a multa não é reparatória, mas sim inibitória. Pode ser utilizada tanto pelo possuidor como pelo proprietário, mas nem por isso é possessória.
Nunciação de obra nova: art. 935, CPC. Trata-se de procedimento de jurisdição contenciosa, e é utilizada para proteger direitos de vizinhança, direitos de condôminos e regras públicas sobre direito de construção. O CC permite a autotutela de nunciação de obra nova, chamada de jato de pedra. Ocorre quando o próprio interessado notifica o vizinho para parar a obra. Mas só é cabível a ação de nunciação de obra nova quando a obra estiver em andamento (não estiver em acabamento). Se estiver, a ação é a demolitória. Mas a jurisprudência vai mandando aplicar a fungibilidade entre as ações.
Embargos de terceiro: é procedimento de jurisdição contenciosa tendente a combater indevida constrição judicial (penhora) sobre bem de pessoa não legitimada passivamente para execução. Ex: casamento e união estável. 
b.4. Ações Possessórias de Força Nova: aquelas nas quais o esbulho ou turbação datam de menos de ano e dia. 
Obs.: o interdito proibitório (baseada na ameaça) será sempre de força nova. 
Juízo possessório: aquele onde não se discute propriedade. 
Art. 1.210. §2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
Procedimento especial: porque no lugar da fase conciliatória há a possibilidade de concessão de liminar (antecipação de fase decisória). Após a concessão ou não da liminar, o procedimento ordinariza. Requisitos para a concessão da liminar: 
CPC. Art. 927. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse; prova de que o autor tinha a posse antes do esbulho ou turbação;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho; prova do prazo do esbulho ou turbação (menos de ano e dia);
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração.
Havendo prova documental dos requisitos, o juiz concederá a liminar. Inexistindo prova documental, o juiz designará audiência de justificação prévia permitindo ao autor prova oral (portanto, o autor tem duas chances de ter deferida a liminar). Fachin entende que, para concessão da liminar, deve o autor provar, ainda, que estava cumprindo a função social. 
Em homenagem ao devido processo legal, o réu será citado.
Obs.: não é possível conceder liminar contra o poder público sem sua prévia audição. 
b.5. Ações Possessórias de Força Velha: o esbulho ou turbação já passaram de ano e dia. 
Juízo petitório: logo, é possível discutir propriedade, assim, a cognição é mais ampla que nas ações de força nova. 
Procedimento comum ordinário: o qual é pentafásico (fase postulatória, conciliatória, saneatória, instrutória, decisória). Nessas ações não cabe liminar, mas é possível a concessão de antecipação de tutela do art. 273, CPC. Todavia, seus requisitos são muito mais profundos.
b.6. Características Processuais das Ações Possessórias de Força Nova
b.6.1. Cumulabilidade de pedidos: é possível a cumulação de outros três pedidos a ação possessória:
CPC. Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em PERDAS E DANOS; II - COMINAÇÃO DE PENA para caso de nova turbação ou esbulho; III - DESFAZIMENTO DE CONSTRUÇÃO OU PLANTAÇÃO feita em detrimento de sua posse.
Caso o autor queira cumular outro pedido como, por exemplo, rescisão contratual, poderá fazê-lo, mas o procedimento passará de especial para ordinário, perdendo o direito à liminar (art. 292, CPC).
b.6.2. Natureza dúplice: significa dizer que o réu pode, na sua própria contestação, formular pedido de proteção possessória e perdas e danos contra o autor (é exemplo de pedido contraposto).
CPC. Art. 922. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
Se o réu quiser formular qualquer outro pedido, como o de desfazimento de construção/plantação ou fixação de multa (os demais pedidos permitidos pelo art. 921, CPC), o réu deverá reconvir.
b.6.3. Proibição de exceptio proprietatis: também chamada de exceptio domini, significa que em ação possessória não se discute propriedade. Assim, a ação possessória será julgada em favor do melhor possuidor, independentemente de quem seja o proprietário. 
CPC. Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como ao réu, intentar a ação de reconhecimento do domínio. 
Obs.: SÚMULA 487, STF - estabelece que quando ambas as posses (de autor e réu) estiverem fundadas na propriedade, o juiz julgará em favor do melhor proprietário. Todavia, em face da função social da posse essa súmula não tem mais aplicação. Assim, o juiz julga a posse em favor do melhor possuidor. 
b.6.4. Intervenção do MP: em regra, o MP não intervirá nas ações possessórias, salvo se houver algum outro interesse:
CPC. Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir: III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. 
No caso de conflito coletivo pela posse de terra rural o MP deverá atuar, mas o fará com liberdade funcional, portanto, pode se manifestar contra ou a favor do autor (não está preso ao interesse das partes). Mas nem todo conflito coletivo pela posse de terra rural possui litisconsórcio multitudinário, logo, é possível conflito coletivo pela posse de terra rural sem tal litisconsórcio.
b.6. Competência para processar e julgar ações possessórias: para a compreensão precisamos dividir as ações possessórias para defesa de bens imóveis e móveis. 
b.6.1. Defesa dos bens imóveis: art. 95, CPC (foro da situação da coisa). Embora seja regra de competência territorial, foi chamada de funcional para que se tornasse regra de competência absoluta. 
 CPC. Art. 95.  Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. [...].
Obs.: o mesmo ocorre na LACP, art. 2º, a qual diz que a competência é a do foro da coisa e, logo abaixo, a chama de funcional para que seja absoluta.
b.6.2. Defesa dos bens móveis: art. 94, CPC (domicílio do réu), competência relativa. Nos termos da súmula 233, STJ, o juiz não pode controlá-la de ofício. 
CPC. Art. 94.  A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.
8. AQUISIÇÃO DA POSSE
8.1. Momento
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
8.2. Legitimidade
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceirosem mandato, dependendo de ratificação.
8.3. Transmissão da Posse
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
8.4. Mera Detenção não Adquire Posse
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. (a lei autoriza a aquisição da posse depois que cessar a posse injusta).
8.5. Presunção da Posse de Bens Móveis
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.
9. PERDA DA POSSE
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. (algum dos poderes da propriedade)
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.

Outros materiais