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ECO 167 - CRÍTICAS À ECONOMIA CLÁSSICA

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CRÍTICAS À ECONOMIA CLÁSSICA
As doutrinas da Economia Clássica - da qual Smith, Malthus, Ricardo e Mill foram os expoentes – disseminaram-se rapidamente pelo mundo inteiro. Isto não significa, entretanto, que tenham sido universalmente aceitas. Ao contrário, a crítica ao método, ao conteúdo, à ênfase, ao alcance e aos objetivos dessa doutrina teve início logo após a publicação de A Riqueza das Nações.
A filosofia que servia de base à Economia Clássica foi especialmente criticada. Muitos viam-na como excessivamente individualista, com um injustificado hedonismo, que acentuava o materialismo e omitia as bases éticas que deviam reger as ações humanas. O conceito de “homem econômico” restringia o indivíduo a um produtor e consumidor de mercadorias, mas sua cidadania se perdera. Outros rejeitavam as perspectivas definitivamente pessimistas que ela traçava para o futuro. Alguns não aceitavam a ordem econômica existente e planejavam substituí-la por uma nova ordem considerada mais justa e eqüitativa.
OS ROMÂNTICOS ALEMÃES
O romantismo alemão compreendia a arte e a literatura, tanto quanto o pensamento sociológico. Ele se inspirou no pensamento de Kant (1724-1804), que enfatizava a lei e a autodeterminação moral. Segundo os românticos, liberdade, igualdade e felicidade são garantidas exclusivamente pelo Estado ou pela vontade coletiva.
Fichte (1762-1814), com seu ensaio A Dignidade do Homem, de 1794, influenciou o pensamento de Hegel e de muitos pensadores alemães. Ele afirma que (a) o Estado é natural e suas leis são apenas expressão dos verdadeiros direitos da natureza realizados; (b) as pessoas não são “átomos” e sim membros de uma união social, o que quer dizer o povo “unido em um corpo completamente de acordo consigo mesmo e uniformemente desenvolvido”. 
O seu Estado seria uma combinação de vontades livres lutando pela perfeição moral na qual todo cidadão apoiaria o Estado e seria por ele apoiado. Esse Estado permite a existência da propriedade privada, sendo dever do Estado proteger individualmente o dono de propriedades. Dessa forma, o Estado devia ser comercialmente fechado, pois, de outra forma, a concorrência, que conduziria à anarquia, derrotaria este propósito. Não seria, portanto, permitido o comércio livre entre Estados. Contrariamente a um dos pontos fundamentais da Economia Clássica, o Estado de Fichte seria uma autarquia.
Adam Müller (1779-1829) foi o principal teórico de Economia entre os românticos alemães. Ele opinava que o Estado é um organismo: os indivíduos não podem ser imaginados como independentes da estrutura do Estado, que é contínuo em relação às gerações passadas e futuras. A verdadeira riqueza de uma nação não é a soma das riquezas privadas de seus cidadãos, mas seus elementos nacionais morais e intelectuais. As convicções religiosas de Müller influíram fortemente sobre seus pontos de vista. Criticou Smith por dar ênfase às coisas materiais e ao interesse próprio, excluindo os valores morais e espirituais.
OS NACIONALISTAS
Os nacionalistas acreditavam que a Economia Clássica havia malogrado em reconhecer a importância dos elementos nacionais ou estatais na vida econômica. Atacaram o laissez-faire, o comércio livre e o individualismo, favorecendo, em vez disso, um Estado forte, regulador e intervencionista.
James Maitland, Lorde Lauderdale (1759-1838) publicou,em 1804, seu An Inquiry into the Nature and Origin of Public Wealth, no qual:
critica Smith e seus predecessores, por “conceber a Riqueza e o Dinheiro como sinônimos” e de considerar a “riqueza privada ... como uma parte da riqueza nacional ... O montante da riqueza dos que formam a comunidade é, assim, considerado como compreendendo uma expressão precisa da riqueza da nação”;.
afirma que “a riqueza pública não deve ser considerada como meramente representativa da soma das riquezas individuais”.
não aprova a divisão de trabalho em grupos produtivos e improdutivos, feita por Smith;
critica a parsimônia e a poupança como meio principal de aumentar a riqueza pública. Lauderdale estava convencido de que o suprimento de capital devia ser ajustado às necessidades do país. Oexcesso de ênfase à parsimônia ou economia (como preconizava Smith) levaria a uma superprodução de capital; e
considera que a maneira mais segura para aumentar a riqueza nacional é realizar despesas públicas e a maneira mais rápida para diminuí-la é acumular um vultoso fundo de amortização.
Friedrich List (1789-1846) tornou-se o mais conhecido entre os nacionalistas. Ele negou que o bem individual fosse idêntico ao bem nacional. Uma nação é uma unidade formada por sua linguagem, maneiras, cultura, passado histórico e, finalmente, sua constituição ou governo aceito. Essa unidade nacional vem em primeiro lugar, estando a ela subordinado o bem-estar do indivíduo.
Cada economia tem de desenvolver-se segundo uma linha que melhor se adapte aos seus próprios recursos, à sua cultura e assim por diante. Se todas as nações fizessem parte de uma união ou de uma confederação como garantia da paz perpétua, estaria justificado o princípio do comércio livre internacional. Mas como tal união não existe, as nações devem usar em seu comércio outras táticas destinadas a fortalecer suas economias e defender sua própria existência.
List frisou que “o poder de produzir riqueza é infinitamente mais importante do que a riqueza em si” e declarou que “todas as descobertas, invenções, aperfeiçoamentos, perfeições e esforços de todas as gerações que viveram antes de nós ... formam o capital mental da raça humana atual”.
List advogou fortemente um equilíbrio entre agricultura, manufatura e comércio; como esses setores não crescem e se desenvolvem ao mesmo tempo, cabe ao Estado garantir o equilíbrio necessário. Isto não pode ser realizado com uma política de laissez-faire, que ele rejeitou sumariamente.
A política protecionista de List é a principal base de sua fama: emigrado para os Estados Unidos, ele é com freqüência mencionado como o “pai do protecionismo norte-americano”. Mas List não advoga a proteção como uma política de caráter permanente, afirmando que haverá o perigo de se prejudicar o progresso, seguindo-se a decadência nacional, se essa política for mantida após haver uma nação atingido desenvolvimento pleno e equilibrado. Desse momento em diante, o comércio livre seria, em sua opinião, uma virtude positiva.. Em outras palavras, as fórmulas específicas de List são apenas meios para se conseguir um fim: o desenvolvimento do poder e vigor de produção de uma nação até o nível da nação mais forte.
A ESCOLA HISTÓRICISTA ALEMÃ
O método da escola histórica se caracteriza por uma tentativa de explicar comportamento econômico do homem pelo reexame de todas as fases da vida humana. Tem forte base jurídica, principalmente nos ensinamentos de Friedrich Carl von Savigny (1779-1861), de que as leis de um povo, como sua linguagem, seus costumes e suas canções, fazem parte do Volksgeist (espírito ou alma do povo). Além disso, baseia-se na forte convicção de que as práticas primitivas eram boas e fornecem um princípio unificador para a avaliação da situação presente.
As doutrinas da escola histórica foram desenvolvidas principalmente por Wilhelm Roscher (1817-1894), Bruno Hildebrand (1812-1878) e Karl Knies (1821-1898), que se identificam como a “velha escola”. Gustav Schmoller (1835-1917) foi o principal representante da “escola jovem”.
Roscher não propôs um método de ataque à Economia Clássica. Tinha apenas a firme convicção de que a história exemplificaria e completaria a teoria, ajudando, ao mesmo tempo, a moldar a política nacional. Hildebrand negou-se a fazer do indivíduo o objetivo da sociedade, desejando uma ciência da cultura que abarcasse o desenvolvimento econômico completo de uma sociedade examinada. Sua principal contribuição foi o emprego da estatística como auxiliar da pesquisa histórica. Mas sua crítica à Economia Clássica mostra uma intolerância que beiraa estreiteza mental. Knies também soube usar a estatística, com extraordinária proficiência, em seus trabalhos sobre moeda e crédito, ferrovias e telégrafos, onde também avançou em dedução e análise teórica.
Schmoller foi mais tolerante: admitiu a existência de leis econômicas, embora discordando de que elas possam ser descobertas pelos métodos da Economia Clássica. A teoria, segundo ele, devia assentar em base histórica, a qual, por sua vez, repousa em fatos empíricos. Sua extensa obra abrange desde os fundamentos físicos, éticos e legais, a natureza e a base social do pensamento econômico, sua história desde a antigüidade, sua dependência em relação a condições naturais, assim como a natureza e a base social da vida econômica em seu todo. Seu trabalho representa a epítome da escola histórica alemã.
OS SOCIALISTAS FRANCESES
Um dos primeiros e melhores livros da literatura socialista foi Utopia, de Thomas More (1478-1516), escrito originalmente em latim em 1516 e traduzido para o inglês em 1551 e para outras línguas logo após. Concebido como uma sátira e tendo por objetivo a condenação da sociedade contemporânea, descreve uma sociedade ideal, semelhante à República de Platão, tornando-se o protótipo de toda a literatura do gênero.
Um dos primeiros escritores utopistas foi François Babeuf (1764-1797), que ensinou uma doutrina de igualdade absoluta. “O objetivo da sociedade é a felicidade de todos; a felicidade consiste em igualdade”. Opôs-se à propriedade privada de bens e advogou a propriedade estatal de tudo. Sua carreira foi encerrada, como era de se esperar, pela guilhotina.
Etienne Cabet (1788-1856), após ler a Utopia de More, escreveu A Viagem a Icária, de 1840, um romance de fundo social. A fim de provar que suas idéias poderiam dar certo, Cabet promoveu uma colônia de 1.500 “icarianos” que velejaram para os Estados Unidos em 1848, mas não conseguiu manter o grupo coeso e este se desintegrou.
Outro utopista francês foi o Conde Henri de Saint Simon (1760-1825), um nobre excêntrico que alegava descender de Carlos Magno e se dedicou à reforma política e atividades revolucionárias. Saint Simon não foi um socialista, mas um coletivista. Defendia a igualdade de oportunidades e a abolição de privilégios, a eliminação das distinções de classe e o estabelecimento da igualdade industrial. Não pretendia abolir a propriedade privada, mas convencer os possuidores de riqueza que suas posses deveriam ser usadas para o bem público. Suas doutrinas tornaram-se quase uma religião.
Charles Fourier (1772-1837), se não foi um lunático, situava-se na fronteira da loucura. O dogma básico de sua filosofia social era um poder onipresente no mundo, que unia os homens para a ação conjunta. Esse poder de atração subentendia a harmonia social que melhor se expressava em uma unidade social conhecida como falange. A falange consistiria de 400 a 2.000 cidadãos que viveriam em bases comunais, cada qual fazendo aquilo para que estivesse melhor capacitado. A produtividade aumentaria tanto que bastaria a uma pessoa trabalhar entre os dezoito e os vinte e oito anos para viver em conforto e lazer o resto da vida. O governo não seria mais necessário, porém haveria uma capital das falanges do mundo inteiro em Constantinopla. A família e o casamento desapareceriam. Por volta de 1840, a idéia das falanges chegou aos Estados Unidos; foram tentadas 35 experiências, todas fracassadas.
Louis Blanc (1813-1882) foi o primeiro socialista a tentar reformas por meio das instituições políticas de sua própria época. Propugnou por “oficinas de trabalho”, que seriam operadas com a finalidade de garantir trabalho e produzir as coisas de que o povo mais necessitasse, sob a direção do Estado como banqueiro e gerente dessas oficinas.
O último e, sob certos aspectos, o maior de todos os utopistas franceses foi Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), que desafia qualquer classificação. Foi um crítico severo de tudo, anarquista, sindicalista e revolucionário, de modo geral. No seu trabalho Qu’est-ce la proprieté? opôs-se acerbamente à propriedade por considerá-la a raiz da injustiça. Não a permitiria em seu projeto de sociedade ideal porque “a propriedade é roubo” (La proprieté, c’est le vol), cuja posse depende em grande parte da herança. Sua teoria do valor-trabalho afirmava que o valor de cada mercadoria é medido pela quantidade de trabalho necessária à sua produção. O empregador capitalista, retirando da mercadoria mais do que pagava por sua produção, rouba da sociedade. Traçou um plano para um banco de trocas, financiado por um imposto progressivo sobre os salários dos funcionários públicos e outro sobre a propriedade. Esse banco emitiria papel-moeda que poderia ser trocado por mercadorias nele depositadas, sem preços porém valorizadas em termos de unidades de trabalho. O plano, experimentado em 1849, fracassou.
OS SOCIALISTAS INGLESES E ALEMÃES
O principal utopista inglês foi Robert Owen (1771-1858), um industrial às vezes chamado de “o pai do socialismo inglês”. Operou com sucesso uma tecelagem na Escócia, onde introduziu uma série de reformas que beneficiavam os seus operários, não só na fábrica como em seus lares. Desapontado com a ausência de seguidores em seu país, investiu centenas de milhares de libras na compra e no desenvolvimento de uma comunidade, nos moldes em que sonhava, nos Estados Unidos, em 1824, que rebatizou de New Harmony. A experiência comunal ruiu em três anos, junto com sua fortuna. A partir de 1821, suas idéias tornaram-se totalmente comunistas, denunciando a propriedade privada e a acumulação de riqueza como causas básicas da infelicidade.
Um outro grupo de socialistas ingleses é classificado como socialistas ricardianos, por terem uma característica comum: o uso da teoria do valor-trabalho e a “lei férrea dos salários” de David Ricardo para tentar provar que o trabalho é o único produtor de riqueza e a causa do valor. Nenhum era revolucionário no estilo de Proudhon, nem associacionista à la Fourier. Visavam um ideal benthamista de “maior felicidade para o maior número” porém dentro da estrutura institucional vigente. Seus representantes mais conhecidos foram Charles Hall (c.1745-c.1825), William Thompson (1785-1833), Thomas Hodgkin (1787-1869), John Gray (c.1799-c.1850) e John Francis Bray (c.1809-1895).
Na Alemanha, foram precursores de Marx Johann Karl Rodbertus (1805-1875), advogado prussiano que influenciou uma geração de socialistas, e Ferdinand Lassalle (1825-1864), que se distinguiu mais como agitador e propagandista que como teórico do socialismo.

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