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Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 1 POLUIÇÃO Segundo a legislação brasileira (Lei 6.938/81, Art.3, III), “a poluição está definida como toda a degradação da qualidade ambiental que direta ou indiretamente possa prejudicar a saúde, a segurança e o bem estar da população ou que gere condições adversas às atividades sociais e econômicas, que afetem desfavoravelmente a biota, as condições estéticas ou sanitárias do ambiente ou, ainda, que lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões estabelecidos”. Assim, a poluição ambiental pode ser entendida como a presença de qualquer agente que cause a desarmonia e o desarranjo de um determinado habitat, seja ele uma floresta ou uma cidade. Poluição atmosférica: corresponde à presença de substâncias que degradem a qualidade do ar que respiramos. Os emissores de gases nocivos (dióxido de carbono, óxidos de enxofre, etc.) mais comuns são os automóveis e as indústrias. Os efeitos da poluição atmosférica na saúde podem ser bastante graves, com a geração de doenças pulmonares e alergias principalmente em crianças e idosos. Poluição da água: trata-se da presença de substâncias degradantes nos chamados corpos hídricos (como rios, lagos, etc.). É um dos tipos mais comuns de poluição, especialmente agravada pela explosão populacional e a falta de tratamento de esgoto de grandes cidades, a presença de indústrias que lançam seus dejetos a corpos hídricos e à pouca conscientização da população, que lança objetos e dejetos aos rios, córregos e lagos, utilizando-os como verdadeiras latas de lixo. As águas são especialmente frágeis também porque recebem parte da poluição atmosférica e do solo, carregada pela chuva. Outro tipo delicado é a poluição marinha, ligada diretamente à degradação de mares e oceanos. Poluição do solo: ocorre sempre que resíduos com potencial degradante são depositados em uma área de solo sem os devidos cuidados. Exemplos de poluidores dos solos são áreas chamadas de lixões, que recebem os despojos de grandes cidades (a maioria já se transformou em aterro sanitário, com manejo diferenciado justamente para evitar a poluição). Outra ação poluidora do solo é o uso excessivo de agrotóxicos que, além de poderem prejudicar os ecossistemas presentes no solo, ainda apresentam uma ameaça de poluição das águas, ao serem carregados pela chuva. Poluição sonora: é causada pelo excesso ou produção de ruídos e sons em volumes que prejudiquem o bem estar e a saúde. Este tipo de poluição é comum principalmente nas grandes cidades, por conta dos carros, da presença de máquinas e de muitos amplificadores sonoros. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o limite máximo tolerável para a saúde humana é de 65dB. Mas, ainda que nem sempre estejam acima deste volume, os ruídos indesejáveis podem prejudicar a capacidade de concentração e, até, a qualidade sono. Poluição visual: mais uma vez, temos o excesso como questão. A poluição visual se caracteriza por uma quantidade exacerbada de estímulos visuais. Há controvérsias sobre este tipo de poluição. Enquanto alguns acreditam que ela pode ser uma fonte de estresse, ansiedade e causar, por exemplo, a distração de motoristas, outros apontam que os estímulos visuais, ainda que excessivos, fazem parte da estética urbana. 1. POLUIÇÃO DA ÁGUA A poluição é definida como o resultado de qualquer ação química, física ou biológica e que altere a qualidade do ar, da água e do solo. Na água, as alterações de qualidade resultantes da poluição a tornam imprópria para o consumo e prejudicial aos organismos vivos que nela habitam. Como tem as propriedades alteradas, a água poluída pode sofrer processos de contaminação, passando a abrigar substâncias e microrganismos tóxicos. As principais fontes de poluição da água são as atividades agrícolas, domésticas e industriais, o esgoto doméstico e industrial e a construção na costa. A atividade agrícola é potencialmente poluidora porque o uso de pesticidas e fertilizante químicos infiltra no solo e atingem o lençol freático. As substâncias utilizadas na composição dos fertilizantes e pesticidas, além de chegar no lençol freático podem ser dissolvidas na chuva e gerar impactos ambientais significativos no ecossistema. A contaminação da água por esgotos domésticos e industriais ocorre pelo lançamento direto de dejetos nos rios e no mar. Os dejetos biológicos provocam a morte da vida aquática e Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 2 causam o que os cientistas chamam de deserto biológico vasto de restos orgânicos, bactérias e vírus. Lançada nos rios e no mar, os restos da indústria de transformação também provocam a morte da vida dos rios e do mar para onde são canalizados dejetos como óleo, celulose, tintas, plástico e químicos variados. As construções costeiras e canalizações estão entre os principais fatores de contaminação da água porque fragilizam o solo que, impermeabilizado, altera os sistemas biológicos no entorno de rios e mares. Não menos poluidora é a atividade doméstica, com destaque para o uso de detergentes que potencializam o crescimento do fitoplâncton e algas que, quando morrem, esgotam a oferta de oxigênio. A exploração petrolífera em águas subterrâneas ocorre, principalmente, pelo vazamento do petróleo no mar e geram desastres ecológicos. Além do vazamento na fase de exploração, a contaminação pode ocorrer no transporte ou pelo mau estado dos equipamentos de captação. A contaminação da água pelos resíduos de aterros sanitários mau instalados ou lixões a céu aberto ocorre pela proximidade de rios ou pela infiltração no lençol freático do chamado chorume. O chorume é o lixo em estado líquido, que penetra no solo ou corre diretamente em direção aos rios. Nos aterros sanitários, a medida profilática para evitar a contaminação do solo e consequências diretas para o lençol freático e rios está na instalação de mantas sanitárias que necessitam de substituição periódica. Em caso de infiltração, a vida útil das mantas sanitárias é reduzida e a substituição é imprescindível. Assim como ocorre com os lixões, a contaminação da água por resíduos de cadáveres ocorre pela infiltração de elementos no solo. Nos cemitérios onde as medidas biológicas para isolamento dos corpos em decomposição não ocorrem, o solo é penetrado pelo chamado necrochorume. O necrochorme é formado pelos restos dos corpos em processo de decomposição. O lançamento de substâncias físicas e químicas na água é potencialmente prejudicial para a vida aquática, animais e plantas. Quanto mais poluída, menor a reserva de água para consumo e para a produção de alimentos de animais e seres humanos. É adequada ao consumo a água potável e a água mineral. A água potável não contém microrganismos nocivos, não é prejudicial à saúde e exibe três características: é incolor, insípida e inodora. A água mineral abriga todas as qualidades da água potável, mas tem uma maior quantidade de sais minerais e também pode exercer propriedades terapêuticas. O fenômeno da chuva ácida ocorre quando a água, ao evaporar, entra em contato como os poluentes do ar e devolve esses produtos durante a precipitação. A contaminação das águas subterrâneas - o lençol freático, ocorre substancialmente nas áreas urbanas. O risco é maior diante da permeabilidade do solo, maior em algumas regiões, ou quando apresenta fissuras e fraturas. Para acompanhar a qualidade das águas subterrâneas é preciso fazer o controle bacteriológico.Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 3 Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 4 2. POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA A contaminação do ar é uma forma de degradação ambiental que tem se generalizado no mundo. O crescimento econômico e da população pós-revolução industrial, especialmente em áreas urbanas (particularmente nas regiões metropolitanas), têm agravado essa situação. O contaminante predominante em áreas urbanas resultante da queima de combustíveis fósseis é o material particulado (MP ou PM). O aumento do risco de morbimortalidade da população devido principalmente às doenças respiratórias e cardiovasculares tem sido relacionado à exposição aos diversos tipos e concentrações de contaminantes que frequentemente se encontram em áreas urbanas; efeitos adversos no crescimento e desenvolvimento do feto têm sido associados à exposição de mulheres aos contaminantes do ar durante a gestação (Avaliação dos efeitos da contamina- ção do ar na Saúde da América Latina e Caribe. OPS/OMS, 2005). Segundo relatório da OMS de 2013, estima-se que a poluição atmosférica cause, a cada ano, cerca de 3 milhões de mortes prematuras. Os poluentes atmosféricos existem sob a forma de gases e de partículas e podem ser naturais e artificiais, provenientes de fontes fixas (indústrias, usinas termoelétricas, incineradores de lixo, vulcões) e móveis (veículos automotores, trem, avião, embarcação marítima). Dentre os poluentes naturais, estão as cinzas e gases de emissões vulcânicas altamente tóxicas compostas principalmente de enxofre, partículas do solo ou gotículas de água salgada do mar, partículas e gases de incêndios florestais e os grãos de pólen. Os poluentes artificiais, produzidos pelas atividades humanas e "jogados na atmosfera", são, na sua grande maioria, aqueles produzidos pela queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral) ou recicláveis (lenha, álcool, etc.). Composição do ar limpo Existem muitas maneiras de se classificar os poluentes. Entretanto, antes de se analisar qualquer delas, é oportuno conhecer a composição do "ar atmosférico limpo". A atmosfera é a camada gasosa da biosfera, indispensável para a vida na Terra. Além de partículas de poeira, grãos de pólen, microorganismos e sais marinhos, entre outros, ela é composta por uma mistura de gases: 79% de nitrogênio, 20% de oxigênio e 1% de outros gases, entre os quais incluem-se dióxido de carbono, vapor d'água e gases raros (argônio, neônio, hélio, criptônio, ozônio, etc.), assim chamados porque existem em quantidades muito pequenas. Devido a sua extensão, cerca de pouco mais de 800 quilômetros de altitude, a atmosfera é dividida em camadas: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera. Mas é na baixa atmosfera ou troposfera, porção onde vivemos, que ocorrem os efeitos nocivos dos produtos das atividades humanas. Classificação dos poluentes atmosféricos Os poluentes são divididos em duas categorias: primários e secundários. Ospoluentes primários são aqueles liberados diretamente das fontes de emissão, como o dióxido de enxofre (SO2), o sulfeto de hidrogênio (H2S), os óxidos de nitrogênio (NOx), a amônia (NH3), o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4). Os poluentes secundários são aqueles formados na atmosfera através de reação química entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera, se destacando o peróxido de hidrogênio (H2O2), o ácido sulfúrico (H2SO4), o ácido nítrico (HNO3), o trióxido de enxofre (SO3), os nitratos (NO3 ?), os sulfatos (SO4 2-), o ozônio (O3) e o nitrato de peroxiacetila - PAN - (CH3=OO2NO2). Somam-se ainda a esses poluentes os álcoóis, aldeídos, hidrocarbonetos (HC), compostos orgânicos voláteis (COVs), mercúrio (Hg) e material particulado (MP). O termo material particulado abarca um conjunto de poluentes constituídos de poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso na atmosfera por causa do seu pequeno tamanho. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 5 Dependendo do tamanho, suas partículas podem ser classificadas como Partículas Totais em Suspensão ou Partículas Inaláveis e Fumaça. Efeitos da poluição atmosférica Os efeitos da poluição atmosférica são numerosos e diversos, estendendo-se dos toxicológicos aos econômicos. Materiais, animais, vegetais e pessoas podem ser indiscriminadamente molestados pelos efeitos de poluentes, quer direta, quer indiretamente. Nos humanos, os poluentes atmosféricos gasosos ou particulados normalmente entram no organismo por via respiratória, afetando os pulmões e o trato respiratório. Nas plantas, os poluentes são absorvidos pelas folhas através dos estômatos, que permitem as trocas gasosas entre a planta e o meio ambiente, alterando-se assim a fotossíntese. Nos materiais, os poluentes corroem e escurecem metais, partem borrachas, sujam roupas, danificam mármores, descolorem vários tipos de materiais, enfraquecem algodão, lã e fibra de seda e destroem o nylon. Os poluentes também causam efeitos no tempo atmosférico, como a redução da visibilidade, a descoloração da atmosfera, a dispersão da luz solar quando há grande quantidade de particulados no ar, e o aumento da formação de neblina e precipitação. Também há substâncias que provocam alterações na atmosfera, produzindo efeitos nocivos a grandes distâncias ou até sobre o planeta como um todo. Essas substâncias são denominadas de poluentes de efeito global. Esses efeitos são, principalmente, as chuvas ácidas, a destruição da camada de ozônio e o efeito estufa. Responsabilidades A natureza utiliza recursos para proteger-se da poluição atmosférica, mas eles são limitados. Os principais processos que atuam na natureza, provocando a neutralização, a diluição ou a eliminação dos poluentes atmosféricos são: a dispersão, a precipitação, as transformações químicas e a assimilação biológica. Devido aos limites dos recursos da natureza, cabe a cada um de nós a responsabilidade de ajudá-la nesse processo, adotando medidas em nosso cotidiano para evitar ou moderar a poluição de nossa própria cidade, de nosso país e, até, do mundo como um todo. Podemos iniciar pela escolha do nosso veículo, privilegiando os que utilizam álcool como combustível, por ser reciclável e gerar menos poluentes. Além disso, é necessária uma manutenção periódica para manter o motor do veículo regulado e, desta forma, emitir menos poluentes. Igualmente, andar um pouco mais a pé, de bicicleta e priorizar o transporte público, como o metrô, o trem ou ônibus, ao invés de tirar o carro da garagem toda vez que temos de nos locomover a pequenas distâncias. Agindo assim, além de gastar menos combustível e poluir menos, estaremos contribuindo para reduzir os congestionamentos tão frequentes em nossas cidades, cooperando também com a nossa própria saúde. Queimadas e indústrias Também as pessoas que vivem no campo podem colaborar para a redução da poluição, evitando, por exemplo, as queimadas da roça, na época de plantio, ou do canavial, na época da colheita. Essas queimadas produzem grandes quantidades de gás carbônico, fuligem e cinzas, além de provocarem a perda da fertilidade dos solos, diminuição do teor de matéria orgânica e a falta de nutrientes. Para concluir, não devemos nos esquecer das indústrias que possuem uma parte na responsabilidade com relação à poluição atmosférica. Algumas medidas promovem a redução da poluição, como a implantação e autilização de tecnologias limpas no sistema produtivo. Também ajuda muito a racionalização do processo industrial, no sentido de obter maior quantidade de produtos utilizando a mesma quantidade de matéria-prima. Vale lembrar que, na maioria das vezes, a poluição é resultado de desperdícios, seja de matéria, seja de energia. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 6 Aldeídos (RCHO) - Compostos químicos resultantes da oxidação parcial dos alcoóis ou de reações fotoquímicas na atmosfera, envolvendo hidrocarbonetos. Fontes - são emitidos na queima de combustível em veículos automotores, principalmente nos veículos que utilizam etanol. Os aldeídos emitidos pelos carros são o Formaldeído e o Acetaldeído (predominante). Efeitos - seus principais efeitos são a irritação das mucosas, dos olhos, do nariz e das vias respiratórias em geral e podem causar crises asmáticas, são ainda compostos carcinogênicos potenciais. Dióxido de Enxofre (SO2) - é um gás tóxico e incolor, pode ser emitido por fontes naturais ou por fontes antropogênicas e pode reagir com outros compostos na atmosfera, formando material particulado de diâmetro reduzido. Fontes - fontes naturais, como vulcões, contribuem para o aumento das concentrações de SO2 no ambiente, porém na maior parte das áreas urbanas as atividades humanas são as principais fontes emissoras. A emissão antropogênica é causada pela queima de combustíveis fósseis que contenham enxofre em sua composição. As atividades de geração de energia, uso veicular e aquecimento doméstico são as que apresentam emissões mais significativas. Efeitos - entre os efeitos a saúde, podem ser citados o agravamento dos sintomas da asma e aumento de internações hospitalares, decorrentes de problemas respiratórios. São precursores da formação de material particulado secundário. No ambiente, podem reagir com a água na atmosfera formando chuva ácida. Dióxido de Nitrogênio (NO2) - é um gás poluente com ação altamente oxidante, sua presença na atmosfera é fator chave na formação do ozônio troposférico. Além de efeitos sobre a saúde humana apresenta também efeitos sobre as mudanças climáticas globais. Fontes - as fontes podem ser naturais (vulcanismos, ações bacterianas, descargas elétricas) e antropogênicas (processos de combustão em fontes móveis e fixas). As emissões naturais são em maior escala que as antropogênicas, porém, em razão de sua distribuição sobre o globo terrestre, tem menor impacto sobre as concentrações deste poluente nos centros urbanos. Efeitos - altas concentrações podem levar ao aumento de internações hospitalares, decorrente de problemas respiratórios, problemas pulmonares e agravamento à resposta das pessoas sensíveis a alérgenos. No ambiente pode levar a formação de smog fotoquímico e a chuvas ácidas. Hidrocarbonetos (HC) - compostos formados de carbono e hidrogênio e que podem se apresentar na forma de gases, partículas finas ou gotas. Podem ser divididos em: a) THC - hidrocarbonetos totais; b) CH4 - hidrocarboneto simples, conhecido como metano; c) NMHC - hidrocarbonetos não metano, compreendem os HC totais (THC) menos a parcela de metano (CH4). Fontes - provêm de uma grande variedade de processos industriais e naturais. Nos centros urbanos as principais fontes emissoras são os carros, ônibus e caminhões, nos processos de queima e evaporação de combustíveis. Efeitos - são precursores para a formação do ozônio troposférico e apresentam potencial causador de efeito estufa (metano). Material Particulado (MP) - é uma mistura complexa de sólidos com diâmetro reduzido, cujos componentes apresentam características Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 7 físicas e químicas diversas. Em geral o material particulado é classificado de acordo com o diâmetro das partículas, devido à relação existente entre diâmetro e possibilidade de penetração no trato respiratório. Fontes - as fontes principais de material particulado são a queima de combustíveis fósseis, queima de biomassa vegetal, emissões de amônia na agricultura e emissões decorrentes de obras e pavimentação de vias. Efeitos - estudos indicam que os efeitos do material particulado sobre a saúde incluem: câncer respiratório, arteriosclerose, inflamação de pulmão, agravamento de sintomas de asma, aumento de internações hospitalares e podem levar à morte. Monóxido de Carbono (CO) - é um gás inodoro e incolor, formado no processo de queima de combustíveis. Fontes - é emitido nos processos de combustão que ocorrem em condições não ideais, em que não há oxigênio suficiente para realizar a queima completa do combustível. A maior parte das emissões em áreas urbanas são decorrentes dos veículos automotores. Efeitos - este gás tem alta afinidade com a hemoglobina no sangue, substituindo o oxigênio e reduzindo a alimentação deste ao cérebro, coração e para o resto do corpo, durante o processo de respiração. Em baixa concentração causa fadiga e dor no peito, em alta concentração pode levar a asfixia e morte. Ozônio (O3) – é um poluente secundário, ou seja, não é emitido diretamente, mas formado a partir de outros poluentes atmosféricos, e altamente oxidante na troposfera (camada inferior da atmosfera). O ozônio é encontrado naturalmente na estratosfera (camada situada entre 15 e 50 km de altitude), onde tem a função positiva de absorver radiação solar, impedindo que grande parte dos raios ultravioletas cheguem a superfície terrestre. Fontes - a formação do ozônio troposférico ocorre através de reações químicas complexas que acontecem entre o dióxido de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, na presença de radiação solar. Estes poluentes são emitidos principalmente na queima de combustíveis fósseis, volatilização de combustíveis, criação de animais e na agricultura. Efeitos - entre os efeitos à saúde estão o agravamento dos sintomas de asma, de deficiência respiratória, bem como de outras doenças pulmonares (enfisemas, bronquites, etc.) e cardiovasculares (arteriosclerose). Longo tempo de exposição pode ocasionar redução na capacidade pulmonar, desenvolvimento de asma e redução na expectativa de vida. Poluentes Climáticos de Vida Curta (PCVC ou em inglês SLCP) - são poluentes que tem vida relativamente curta na atmosfera (de alguns dias à algumas décadas), apresentam efeitos nocivos à saúde, ao ambiente e também agravam o efeito estufa. Os principais PCVC são o carbono negro, o metano, o ozônio troposférico e os hidrofluorocarbonetos (HFC). Fontes - as fontes principais de carbono negro são a queima ao ar livre de biomassa, motores a diesel e a queima residencial de combustíveis sólidos (carvão, madeira). As fontes de metano antropogênicas são sistemas de óleo e gás, agricultura, criação de animais, aterros sanitários e tratamentos de esgotos. Com relação aos HFCs seu uso ocorre principalmente em sistemas de ar condicionado, refrigeração, supressores de queima, solventes e aerossóis. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 8 Efeitos - os PCVCs tem efeitos negativos sobre a saúde humana, sobre os ecossistemas e sobre a produção agrícola. O carbono negro é um dos componentes do material particulado, o qual apresenta efeitos nocivos sobre os sistemas respiratório e sanguíneo, podendo levar a óbito. O metano tem grande potencial de aquecimento global, além de ser precursor na formação do ozônio troposférico. Os HFCs, assim como o metano, também apresentam grande potencial de aquecimento global. 3. POLUIÇÃOVISUAL A poluição visual é um tipo de poluição moderna, encontrado nos grandes centros urbanos, uma vez que designa o excesso de informações contidas em placas, postes, outdoors, banners, cartazes, táxis, carros e outros veículos de anúncios, além da degradação urbana fruto das pichações, excesso de fios de eletricidade e acúmulo de resíduos. Essa comunicação visual exacerbada nas grandes cidades, característico da cultura de massas que incentiva o consumo, tem se descontrolado nas últimas décadas, levando assim a uma descaracterização identitária do local (arquitetura original, patrimônio histórico cultural, etc.), promovidos pelo excesso de informações bem como a desarmonia do espaço, o que leva o ser humano a um enorme desconforto visual, afetando sua qualidade de vida. Nesse sentido, basta pensar numa metrópole cheia de anúncios, pichações, em que o cidadão comum, passa de um ser ativo com liberdade de expressão, para um expectador massacrado e alienado pelas marcas e o consumo. Por fim, a poluição visual vai contra a harmonia estética do ambiente urbano, sendo um tema muito discutido na atualidade, afinal todos queremos uma cidade bonita e limpa, locais agradáveis para habitar e que promovam o bem estar da população. Muitas empresas com o intuito de gerarem lucro acreditam no papel da divulgação de seu produto, e a partir da falta de leis que priorizem a qualidade vida do ser humano nas grandes cidades, essa poluição visual tem aumentado consideravelmente, que junto à poluição luminosa (excesso de luz artificial) e poluição sonora (excesso de barulho), podem gerar muitos problemas de saúde na população, sobretudo mental, fato que tem sido alertado pelos psicólogos. Além de ser gerado pelas empresas, o próprio cidadão pode contribuir com o aumento da poluição visual ao degradar o ambiente (deterioração do patrimônio, pichações, etc.) e as áreas verdes, as quais são substituídas algum tipo de poluição visual. A despeito dos problemas de saúde como stress, transtornos psicológicos, cansaço visual, estão os problemas sanitários (ocasionado pelo excesso de lixos e resíduos), o aumento dos acidentes automobilísticos, uma vez que esse excesso de informações e sinalizações, podem distrair os motoristas. Por conseguinte, problemas de mobilidade urbana surgem, posto que a locomoção dos pedestres pode ser afetada pelo excesso de placas, postes, outdoors, dentre outros. Como intuito de melhorar e solucionar esse “problema estético” que vem afetando não somente as cidades, mas os seres humanos que nela habitam, as cidades brasileiras estão apostando em legislações que promovem a melhoria do espaço urbano. De acordo com isso, a prefeitura de São Paulo apostou na implementação de políticas públicas para promover o bem-estar de todos seus habitantes denominado a “Lei Cidade Limpa” (Lei nº. 14.223/06), que entrou em vigor em 2007, proibindo esse descontrole visual na metrópole, potencializado pelas propagandas publicitárias em outdoors, banners, letreiros, etc. No artigo segundo da Lei, podemos definir essa proposta com o conceito de paisagem urbana: “Para fins de aplicação desta lei, considera-se paisagem urbana o espaço aéreo e a superfície externa de qualquer elemento natural ou construído, tais como água, fauna, flora, construções, edifícios, anteparos, superfícies aparentes de equipamentos de infra-estrutura, de segurança e de veículos automotores, anúncios de qualquer natureza, elementos de sinalização urbana, equipamentos de informação e comodidade pública e logradouros públicos, visíveis por qualquer observador situado em áreas de uso comum do povo.” Observada a informação acima, o artigo terceiro pontua os benefícios que esta lei pode trazer ao cidadão paulista melhorando, assim sua qualidade de vida. Além do incentivo de políticas públicas que priorizem a diminuição dos inúmeros tipos de poluição nas cidades promovendo a qualidade de vida do cidadão, a conscientização das empresas de publicidade e dos próprios cidadãos são essenciais para promover a melhoria na qualidade de vida da população urbana. 4. POLUIÇÃO SONORA Poluição sonora é o excesso de ruídos que afeta a saúde física e mental da população. É o alto nível de decibéis provocado pelo barulho constante proveniente de atividades que perturbam o silêncio ambiental. A poluição sonora é considerada crime ambiental, podendo resultar em multa e reclusão de 1 a 4 anos. A poluição sonora e a visual são tipos de poluição que muitos vezes passam desapercebidas por fazerem parte do dia-a-dia dos moradores das grandes cidades. Entretanto, causam danos ao ambiente e à saúde humana, afetando seriamente a qualidade de vida. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 9 O nível do barulho admitido nos grandes centros urbanos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pode atingir até 50 decibéis porém, o que é verificado normalmente chega a 90 e 100 decibéis. Portanto, qualquer som que ultrapasse os 50 decibéis, já pode ser considerado nocivo para a saúde. O sons danosos que superam os níveis considerados normais pelo ouvido humano, são provenientes de diversos meios, entre eles: os transportes urbanos; as buzinas e sirenes; as construções; as máquinas; casas de show e templos religiosos; os aparelhos de som, entre outros. Além disso, o uso frequente de aparelhos de reprodução sonora individual como os fones de ouvido, MP3 e Ipad, provoca graves problemas e até a perda da audição, principalmente em crianças e adolescentes. Segundo dados da OMS, a poluição sonora é considerada uma das que mais afeta o meio ambiente, perdendo apenas para a poluição do ar e da água. Para alguns ambientalistas europeus já é considerada a forma mais prejudicial à saúde humana. Importante ressaltar que a legislação sobre a poluição sonora cabe aos municípios, portanto é função da prefeitura de cada cidade brasileira, criar leis de silêncio e fiscalizar para que sejam cumpridas. Entre as leis federais a Lei dos Crimes Ambientais, nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, que "Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente." Em seu artigo 54, determina: "Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana", pode resultar em pena de reclusão, de um a quatro anos, além de multa. Outras leis importantes são as resoluções CONAMA nº1 e nº2, de 8 de março de 1990. A primeira define critérios e padrões, segundo as normas técnicas da ABNT, para o nível aceitável de emissão de ruídos em quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, e a segunda instituiu o "Programa Silêncio - Programa Nacional de Educação e Controle da Poluição Sonora". O excesso de ruído no ambiente causa uma série de prejuízos à saúde, que podem ser temporários ou até mesmo permanentes. Além de problemas auditivos, a poluição sonora pode causar problemas comodor de cabeça, insônia, agitação, dificuldade de concentração . Em locais onde o ruído é muito alto, as pessoas sentem dificuldade de relaxar, ocasionando mau humor, tensão, stress e angústia. Quando o ruído é maior do que 70 decibéis o corpo fica em estado de alerta constante (mesmo quando dorme), isso provoca a liberação de hormônios que podem levar à doenças cardiovasculares e hipertensão. Entretanto, o aparelho auditivo é o órgão mais afetado por esse tipo de poluição. Os danos podem ser graves, a exposição frequente ao ruídoexcessivo provoca a sensação de ouvido tampado e também um zumbido permanente. 5. POLUIÇÃO DO SOLO A Poluição do Solo é toda e qualquer mudança em sua natureza (do solo), causada pelo contato com produtos químicos, resíduos sólidos e resíduos líquidos, os quais causam sua deterioração ao ponto de tornar a terra inútil ou até gerar um risco a saúde. Ora, devemos saber também que o solo é repleto de vida, especialmente sua camada inicial (15 centímetros), onde encontramos os fungos, bactérias, protozoários e vermes decompositores, responsáveis pelo equilíbrio entre os diversos níveis tróficos. Vale citar que o solo se forma pela desagregação de rochas e a decomposição de restos vegetais e animais, por meio da ação dos referidos agentes decompositores e outras intempéries (chuva, ventos, etc.). Por sua vez, é justamente essa camada a mais afetada pelos resíduos sólidos e líquidos, fertilizantes químicos, pesticidas e herbicidas, a maioria frutos da química inorgânica desenvolvida após a Segunda Guerra Mundial. De modo mais geral, podemos afirmar que solventes, detergentes, lâmpadas fluorescentes, componentes eletrônicos, tintas, gasolina, diesel e óleos automotivos, bem como fluídos hidráulicos, hidrocarbonetos e o chumbo são os principais agentes poluidores do solo. Sabemos, ainda, que o condicionamento inadequado do lixo doméstico, esgoto e resíduos sólidos industriais degradam a superfície, além de produzirem gases tóxicos e chuva ácida (a qual também se infiltra no solo). Principais Tipos de Poluição do Solo Detritos da vida urbana - Em quantidade é a principal fonte causadora da poluição dos solos. É responsável pela produção exacerbada de lixo nas grandes cidades. Depósitos ilegais de despejos industriais - É fato conhecido que as indústrias fazem uso desse recurso e descartam indevidamente metais pesados, produtos químicos de alto risco, além de dejetos sólidos. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 10 Agrotóxicos e adubação incorreta - Nas áreas rurais, por sua vez, os principais vilões são a utilização indiscriminada de defensivos agrícolas, bem como a adubação incorreta ou excessiva. POLUENTES ORGÂNICOS PERSISTENTES a) DIOXINAS e FURANOS O termo "dioxina" refere-se a um grupo de contaminantes orgânicos persistentes que estão entre as substâncias químicas mais tóxicas conhecidas atualmente. As dioxinas são produzidas pela incineração, durante a fabricação de produtos químicos clorados, especialmente o PVC, e em outros processos que utilizam cloro, tais como o branqueamento do papel. Na década de 90, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA- Environmental Protection Agency) descobriu que nesse país, cerca de 40% das emissões de dioxinas na atmosfera provinham da incineração de resíduos de serviços de saúde. Uma das causas mais importantes era a grande proporção de PVC presente neste tipo de resíduo. O cloro contido no PVC é um ingrediente fundamental para a formação de dioxinas. Uma vez que existem literalmente centenas de tipos de dioxinas, a maior parte da pesquisa em laboratórios se concentra na dioxina mais tóxica, a 2,3,7,8-TCDD, a qual é classificada como reconhecidamente cancerígena para humanos, tanto pela Agência Internacional de Pesquisas do Câncer (IARC - International Agency for Research on Cancer) quanto pelo Departamento de Saúde dos Estados Unidos. As dixinas também afetam o sistema imunológico, o sistema reprodutivo, o crescimento, o sistema hormonal e causam problemas de saúde como a diabetes, entre outros. As dioxinas podem permanecer no ambiente durante milhares de anos e podem ser transportados por todo o planeta por via aérea ou aquática. Dissolvem-se em gordura e, como o corpo as elimina muito lentamente, acumulam-se na cadeia alimentar. Como consequência, os predadores superiores, o que inclui os seres humanos, podem ter concentrações muito elevadas destas substâncias. Elas também são transferidas de mãe para filho, através da placenta e pelo leite materno. O leite materno continua sendo, sem dúvida, a melhor alimentação para a criança, por isso, a melhor forma de reduzir a exposição é mediante a redução da concentração de dioxinas no ambiente. Para lutar contra a contaminação por dioxinas, mais de 150 países acataram os termos da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs). Os estados que ratificaram a Convenção devem reduzir ou eliminar a liberação de poluentes orgânicos persistentes ao ambiente. As medidas tomadas até a hoje incluem o banimento global de alguns dos praguicidas clorados mais tóxicos e persistentes, mas, como as dioxinas não são produzidas intencionalmente, não podem ser banidas. Pelo contrário, a Convenção determina o uso de Melhores Práticas Ambientais e Melhor Tecnologia Disponível e o controle das dioxinas e outros POPs produzidos não intencionalmente. Isto inclui controles muito rigorosos das emissões de dioxinas por incineradores. Nenhum dos incineradores de pequena escala, que são comuns nos países de baixa renda, é capaz de atender a esses critérios. Embora todos os incineradores produzam dioxinas, o problema é mais grave quando se queima PVC. Por causa disso, o governo da Índia proíbe a incineração de resíduos de serviços de saúde com PVC e a Organização Mundial da Saúde recomenda evitar o uso do PVC, para reduzir o problema. Em última instância, a única forma de eliminar por completo o problema da emissão de dioxinas a partir da incineração de resíduos de serviços de saúde é por meio do uso de tecnologias alternativas à incineração. SSD é o principal colaborador em um projeto realizado em oito países destinado a facilitar a implementação da Convenção de Estocolmo. Financiado pelo Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF - Global Environment Facility) e administrado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o projeto reduzirá a emissão de mercúrio e dioxinas ao ambiente por parte das unidades de saúde. As dioxinas e furanos são uma classe de compostos químicos amplamente reconhecidos como algumas das substâncias mais tóxicas produzidas pelo homem. Frequentemente reconhecidas apenas como dioxinas, as dioxinas e furanos não tem utilidade própria e são produzidos como produtos secundários indesejados de processos industriais como a fabricação do PVC, a produção de agrotóxicos, a incineração, o branqueamento de papel e da polpa da celulose com cloro e a fusão e reciclagem de metais. Uma vez lançadas no ambiente, as dioxinas se mostram altamente estáveis podendo se alastrar por grandes distâncias, ao serem incorporadas nos organismos vivos elas se acumulam e apresentam um alto nível de magnificação trófica. Nos animais a sua atuação é mais evidente, pode ser observada em vários tecidos, até mesmo no sangue e no leite materno. Um de seus efeitos mais evidentes se dá durante o desenvolvimento fetal acarretando em deformações físicas e funcionais dos indivíduos, além de ser uma substância altamente cancerígena. A exposição humana a altos níveis de dioxinas/furanos por curto prazo pode resultar em lesões na pele, como cloracne, e alterações no fígado. A exposição crônica às dioxinas é associada a danos aos sistemas imunológico, nervoso, endócrino e funções Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 11 reprodutivas. Estudos com crianças indicaram atraso no neurodesenvolvimento e efeitos neurocomportamentais, incluindo hipotonia neonatal. As dioxinas são sempre subprodutosindesejáveis, que nunca se produzem intencionalmente, elas provêm essencialmente de processos químicos industriais e processos térmicos (de combustão) especialmente quando estão envolvidas temperaturas baixas, entre 250º- 350ºC, que favorecem a sua formação. Se a produção de compostos relacionados com as dioxinas é praticamente impossível de evitar, a sua redução é possível. Evitar a exposição a este compostos não é fácil devido à sua ubiquidade mas alguns cuidados podem ser tomados para diminuir o risco. Particularmente em relação às crianças, deve evitar- se que brinquem em solos próximos a fontes emissoras e/ou contaminados em níveis elevados e que coloquem brinquedos sujos na boca. Toda a população deve lavar frequentemente as mãos se está perto de fontes emissoras. A exposição humana a dioxinas tem a ver, essencialmente, com a ingestão de alimentos contaminados. Uma vez que as dioxinas são lipossolúveis e muito pouco susceptíveis à degradação, elas acumulam-se no topo da cadeia alimentar e especialmente nos alimentos mais ricos em gorduras, sendo que a carne de vaca assume particular relevância. b) HIDROCARBONETOS HALOGENADOS Os hidrocarbonetos halogenados aromáticos policíclicos pertencem aos principais grupos de poluentes ambientais que podem ser encontrados nas águas. Classificados pela Organização Mundial da Saúde como mutagénicos e cancerígenos, estes contaminantes são suscetíveis de causarem aos seres humanos, quando exposto a longos períodos de tempo a estes agentes, variados tipos de cancro da pele, pulmão, bexiga e estômago. A contaminação de águas superficiais com HAPs pode resultar de descargas de efluentes industriais e urbanos e/ou da deposição de compostos existentes na atmosfera. No último caso embora os HAPs possam ter origem em gases de exaustão automóvel ou outras fontes de poluição, a principal fonte são os compostos libertados durante os incêndios. Tipo de poluentes conservativos, que são bioacumulativos e biomagnificativos. Ao contrário dos metais, os hidrocarbonetos halogenados, na sua maioria, não ocorrem naturalmente e abrangem uma vasta gama de compostos. Entre eles, destacam-se os compostos de baixo peso molecular (voláteis), que são produzidos em grandes quantidades como os solventes e os CFCs (Cloro-fluor-carbonos); os pesticidas e os PCBs (bifenilas policloradas). Os solventes, geralmente utilizados na indústria têxtil, não são considerados como prioridade, pois não são acumulativos nos organismos marinhos. Os CFC’s, por sua vez, causam a depreciação da camada de ozônio da atmosfera, e por isso, estão sendo paulatinamente extintos. Os pesticidas ( DDT - dicloro-difenil-tricloroetano, Aldrin, entre outros ) e os PCBs, são compostos de alto peso molecular utilizados, principalmente, na agricultura. São introduzidos ao mar via aérea ou fluvial, e por isso podem ser distribuídos pelo mundo todo. Extremamente insolúveis em água, mas solúveis em gorduras, sendo por isso transmitido às cadeias alimentares dos organismos com concentração crescente cada vez que um animal mais alto na cadeia devora um mais baixo, como ocorre com os BCP’s ( Skinner & Turekian, 1977 ). O DDT não é encontrado no fitoplâncton, , devendo portanto, entrar na cadeia alimentar como partículas independentes. Devido ao fato do DDT ser virtualmente insolúvel em água, mas racamente solúvel em gorduras e óleos, sugere que ele sseja incorporado aos glóbulos de petróleo na superfície do oceano e que entre na cadeia alimentar que ingerem esses diminutos glóbulos( Skinner & Turekian, 1977 ). O suprimento crescente de DDT nos oceanos, sugere uma diminuição no seu uso, mas o que vemos é que ainda há uma dependência principalmente dos não-desenvolvidos em seu uso como controladores de diversos insetos, como causadores de malária, devendo-se então analisar o que realmente é necessário combater neste momento. Os BCP’s são utilizados principalmente nos sistemas de transferência de calor, tais como tranformadores, embora tenha sido utilizado também comoplastificadores, apresenta um tempo de residência muito longo, sendo aumentada conforme o seu uso na cadeia alimentar, como não apresenta relação entre seu uso e o controle de pragas ( doenças e agriculturaas ), seu uso não se mostra necessário, saendo até um poluente mais destrutivo do que o DDT. SAÚDE E MEIO AMBIENTE A saúde humana e o bem-estar estão intimamente ligados à qualidade ambiental. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 24% dos anos de vida perdidos por incapacidade e 23% das mortes prematuras em todo o mundo são atribuíveis à exposição a riscos ambientais e ocupacionais evitáveis. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 12 A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 25% da carga de doenças se relaciona aos fatores ambientais, com variações quanto ao perfil de cada país (OMS, 2003). A Divisão de Doenças Ocasionadas pelo Meio Ambiente (DOMA), do Centro de Vigilância Epidemiológica, tem como missão a vigilância de populações expostas ou potencialmente expostas a contaminantes ambientais, e sempre teve especial preocupação quanto à promoção e à prevenção da saú- de da população no que tange aos agravos ambientais. Desde a sua criação, a DOMA vem procurando atuar de forma a garantir os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Os riscos ambientais, porém, não são igualmente distribuídos na sociedade. Apesar dos países da Região das Américas terem avançado muito nesta área, as iniquidades em saúde entre diferentes grupos populacionais persistem e, às vezes, se ampliam, o que indica a necessidade de revitalizar a agenda de saúde ambiental7 . Por isso é necessário conhecer os problemas em toda a sua extensão, atuando em seu conjunto por meio de um marco legal adequado, mas também em cada nível de complexidade do sistema, até em uma comunidade onde atua uma equipe de saúde da família ou um serviço de atenção primária à saúde. Os principais elementos para uma estratégia de saúde ambiental sustentável são o fortalecimento da governabilidade, a gestão de promoção da saúde e da atenção primária ambiental, a abordagem universal com foco em populações em situação de vulnerabilidade, o desenvolvimento de planos de ação para áreas específicas, o uso de evidência científica para o desenvolvimento de competências em saúde ambiental e um plano de gestão do conhecimento. Atuar em saúde ambiental é reduzir a carga de doenças evitáveis e mortes precoces que acarretam sofrimento e geram demandas crescentes dos serviços de saúde. Melhorar os indicadores de saúde é contribuir para a agenda de desenvolvimento sustentável acordada pelos países na Conferência Rio+208 , que afirma que saúde não só é parte constituinte do desenvolvimento sustentável, como também é produto do mesmo. A responsabilidade pela saúde da população, entretanto, é tarefa compartilhada com toda a sociedade e, necessariamente, inter e intrassetorial, não é tarefa isolada do setor saúde. O modelo de desenvolvimento não sustentável gera danos ambientais e sociais, pois ao considerar apenas o crescimento econômico como sinônimo de progresso desconsidera outras necessidades da vida humana e de outras espécies do planeta, trazendo como consequências a contaminação e a poluição ambiental resultantes de crescente impacto nos ecossistemas e na exposição humana às substâncias químicas, o aumento dos desastres e ameaças decorrentes dos fenômenos ambientais de escala global, como o aquecimento global, gerado pelas mudançasclimáticas. Fenômeno este gerador de iniquidade social. A Lei Orgânica do SUS aprovada em 1990 trouxe a definição de meio ambiente como um dos fatores determinantes e condicionantes da saúde e conferiu à saúde pública promover ações que visem garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. Coube à Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a iniciativa de realizar, em 1995, a Conferência Pan-Americana de Saúde e Ambiente e Desenvolvimento (COPASAD), quando foram estabelecidas as bases estraté- gicas, pelos países-membros, de criar suas iniciativas entre saúde e ambiente. Neste cenário, e na perspectiva de ajudar a proteger a saúde dos impactos ambientais, no fim da década 1990, começou-se a estruturar, no âmbito do Ministério da Saúde, a vigilância em saúde ambiental, por meio da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM), integrante da Vigilância em Saúde. A Vigilância em Saúde Ambiental* é definida como um conjunto de ações que propiciam o conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde. Em 2003, o Decreto nº 4.726 reestrutura o Ministério da Saúde, o qual cria a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), que passou a ter como uma de suas competências a gestão do Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental (SINVSA), compartilhada com os Estados, Municípios e o Distrito Federal em articulação com fóruns intra e intersetoriais e o controle social, para atuar de forma integrada com as vigilâncias sanitária, epidemiológica e da saúde do trabalhador. Naquela atualização das competências da Vigilância em Saúde Ambiental, foram estabelecidas as áreas de concentração do SINVSA: água para consumo humano; poluição do ar; solos contaminados; contaminantes ambientais e substâncias químicas; desastres naturais; acidentes com produtos perigosos; fatores físicos; e ambiente de trabalho. Além disso, foram incluídos procedimentos de vigilância das doenças e agravos decorrentes da exposição humana a agrotóxicos, benzeno, chumbo, amianto e mercúrio. Destacam-se, portanto, dentre os principais objetivos da Vigilância em Saúde Ambiental, a produção e interpretação de informações, visando disponibilizar ao SUS instrumentos para o planejamento e execução de ações relativas às atividades de promoção da saúde e de prevenção e controle de agravos relacionados a fatores ambientais. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 13 O Caderno de Vigilância Epidemiológica em Saúde Ambiental será de grande utilidade para os profissionais de saúde do SUS que se defrontam no dia a dia com situações -problema de saúde relacionados ao meio ambiente degradado. Estes exigem a organização de informações sobre a gravidade e intensidade dos impactos na saúde, para a tomada de decisão em benefício das populações implicadas nas múltiplas situações que potencialmente poderão ser observadas no Estado de São Paulo. O caderno é uma inquestionável contribuição para o fortalecimento da vigilância em saúde ambiental no País. O desenvolvimento de ferramentas epidemiológicas para a investigação das doenças e agravos relacionados ao meio ambiente é fundamental para a adoção de medidas de controle após exposições ambientais de risco para a saúde humana. Os estudos de casos exemplificam situações concretas vivenciadas pelas equipes da Divisão de Doenças Ocasionadas pelo Meio Ambiente, dos Grupos de Vigilância Epidemiológica e das vigilâncias municipais. “A Saúde Ambiental é uma área eminentemente interdisciplinar, sendo a Epidemiologia a disciplina que busca colocar o ser humano no centro de suas preocupações, principalmente através da busca de nexos e novas relações entre o habitat e as condições de vida e saúde. O uso das informações geradas pela Epidemiologia orientando ações de controle é o que faz da Vigilância Epidemiológica em Saúde Ambiental a necessária novidade na estruturação da atenção integral à saúde”. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA A Vigilância Epidemiológica tem ampliado seu escopo – nas últimas décadas – para além das já tradicionais doenças transmissíveis e imunopreveníveis, englobando ações de prevenção e controle da população exposta a fatores de risco, ou seja, para as doenças crônicas não transmissíveis, para a violência em suas diversas formas, para as intoxicações exógenas em geral, para os acidentes e doenças do trabalho e, mais recentemente, para as populações expostas aos fatores de risco ambientais que impactam a saúde humana. As ações a serem desenvolvidas para a elucidação dos casos e/ou para que se possa avaliar o risco a que a população está sujeita, devem incluir dados de saúde e de meio ambiente. A vigilância epidemiológica congrega dados epidemiológicos e costuma-se dizer que a Vigilância Epidemiológica é o braço operacional da Epidemiologia, visualizada especialmente nos serviços locais, contribuindo no direcionamento das ações de prevenção e controle de saúde. Na atuação da Vigilância Epidemiológica em Saúde Ambiental em qualquer nível, seja ele central, seja regional, seja local, é importante o trabalho em equipe multiprofissional e, sempre que necessário, interinstitucional, muitas vezes necessitando também da colaboração da universidade. Essa equipe deve desenvolver ações articuladas intra e extra SUS, além de considerar a necessá- ria utilização de vários instrumentos e métodos para auxiliar o conhecimento, a detecção e o controle dos fatores ambientais de risco, e as doenças ou agravos à saúde da população exposta. Na atuação da Vigilância Epidemiológica em Saúde Ambiental em qualquer nível, seja ele central, seja regional, seja local, é importante o trabalho em equipe multiprofissional e, sempre que necessário, interinstitucional, muitas vezes necessitando também da colaboração da universidade. Essa equipe deve desenvolver ações articuladas intra e extra SUS, além de considerar a necessá- ria utilização de vários instrumentos e métodos para auxiliar o conhecimento, a detecção e o controle dos fatores ambientais de risco, e as doenças ou agravos à saúde da população exposta. A Vigilância Epidemiológica em Saúde Ambiental deve considerar: 1. Vigilância do risco: busca a identificação e caracterização dos riscos à saúde relacionados aos fatores ambientais presentes no ar, no solo, na água e/ou na cadeia alimentar (substâncias/contaminantes de interesse e suas vias/ rotas de exposição). As ações de vigilância do risco são realizadas com o concurso de outras áreas/setores da saúde e de outras instituições. 2. Vigilância da exposição: consiste no monitoramento dos fatores ambientais de risco presentes no ar, no solo, na água e/ou na cadeia alimentar e na avaliação sistemática da intensidade e duração da exposição humana a esses fatores; a vigilância da exposição é realizada a partir da existência de população exposta (residentes, trabalhadores, ...) em áreas com a presença de contaminantes ambientais em concentrações acima dos valores permitidos. 3. Vigilância dos efeitos: realizada mediante investigação epidemioló- gica da ocorrência de agravos à saúde humana e acompanhamento dessa população a curto, médio e longo prazo. Via de regra é necessário estruturar/capacitar os serviços de saúde para o levantamento das informações existentes sobre os agravos,diagnóstico precoce, acompanhamento e prevenção/correção de incapacidades. A vigilância epidemiológica em saúde ambiental tem como atribuição o conhecimento da situação de saúde relacionada ao ambiente, a partir da aná- lise da morbidade e da mortalidade da população em uma localidade/região, e suas características de pessoa, lugar e tempo. Um dos instrumentos de sistematização de informações em saúde é o banco de dados DATASUS, que pode ser acessado via internet no sítio http:// tabnet.datasus.gov.br/tabnet/tabnet.htm ou site do datasus. A partir das informações de mortalidade e de morbidade (dados secundários), é possível calcular taxas de mortes e doenças e Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 14 conhecer o perfil epidemiológico da população que está sendo investigada. Muitas vezes é necessário um maior grau de desagregação de dados, por exemplo, o setor censitário (IBGE) e/ou aplicação de um inquérito epidemiológico para a coleta de dados primários na investigação de possível exposição da população aos contaminantes do ar, água e solo, no presente. É interessante também a plotagem dos dados no mapa por técnicas de geoprocessamento para a análise espacial da população sob investigação epidemiológica. É igualmente importante e desejável que pelo menos um técnico de vigilância epidemiológica tenha experiência em saúde pública, territorialização de dados e investigação epidemiológica de campo em geral, bem como noções de manipulação dos bancos de dados oficiais – SINAN, SIH, SIM, SINASC, todos disponíveis on-line. A vigilância epidemiológica em saúde ambiental deve buscar uma abordagem sistêmica e interdisciplinar dos problemas de saúde e de seus riscos, consolidando um modelo operacional na rede de serviços que gere integração com as demais vigilâncias na construção de ambientes saudáveis. Atividades de cunho educativo em torno da questão ambiental devem ser desenvolvidas, contribuindo para a organização dos moradores quanto aos seus problemas e fortalecendo a gestão territorial participativa. Toda a atividade humana gera impacto ambiental em maior ou menor escala, provocando incertezas nas comunidades, principalmente as mais vulnerá- veis. O governo (União, Estados e Municípios) deve considerar, prioritariamente, as mais danosas – seja ao meio ambiente, seja à saúde. Casos de contaminação de trabalhadores e de seus familiares por agrotóxicos revelam-se, após certo período, cancerígenos e disruptores endócrinos. Problemas de origem química nos grandes aglomerados populacionais urbanos manifestam-se no processo produtivo em pequenas, médias e grandes indústrias, ou, mais especificamente, acidentes com navios petroleiros e em plataformas de extração de petróleo, marítimas e continentais, o que resulta em catástrofes ambientais e humanas de grande magnitude. Esses cenários salientam a importância e a necessidade de se tratar a questão da segurança química como forma prioritária de política pública de promoção à saúde da população e de proteção ao meio ambiente. Ao detectar uma área contaminada por substâncias químicas (por notificação de órgãos da saúde, órgãos do meio ambiente, do Ministério Público, pela mídia ou qualquer outro meio) em que haja população que, de uma forma ou de outra, possa ter tido contato com esses poluentes no passado, no presente ou no futuro (população potencialmente exposta), a Vigilância Epidemiológica local e/ou regional ou central, se necessário, deve realizar as ações e procedimentos para a prevenção e o controle dos agravos à saúde. A partir da notificação da área contaminada ou da busca ativa no site da CETESB, a VE municipal/regional deve iniciar a investigação epidemiológica, buscando levantar todas as informações existentes com o propósito de identificar os possíveis efeitos na saúde da população exposta aos poluentes da área. Os fundamentos básicos de qualquer investigação epidemiológica devem ser aplicados, descrevendo-se, o mais detalhadamente possível, aspectos da população residente ou do entorno da área (pessoa), aspectos físicos da área (lugar) e aspectos temporais (tempo). Qualquer informação que chegue ao setor saúde, mesmo não proveniente de órgãos oficiais, é importante e deve ser investigada, seja informação de moradores, seja da imprensa, seja de outras fontes. Exames laboratoriais gerais e específicos (urina, sangue e outros) importantes para caracterizar a exposição e efeitos, quando possível. Testes biomé- dicos podem mostrar a exposição atual ou passada (por metabólitos ou certas alterações enzimáticas) a um contaminante. PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO Antes de entrarmos na definição de Prevenção da Poluição, vamos definir simplesmente Poluição. Entende-se por poluição a introdução, direta ou indiretamente de substâncias ou energia no ambiente, pela ação dos seres humanos, provocando um efeito ou impacto negativo ao seu equilíbrio, causando assim prejuízo ao meio ambiente e/ou à saúde humana. São diversos os tipos de Poluição que o homem pode produzir, dentre elas, as principais são: Poluição atmosférica ou do ar; Poluição hídrica ou das águas; Poluição do solo; Poluição sonora; Poluição visual; Poluição térmica; Poluição luminosa entre outras. Prevenção da Poluição fica então definida como sendo o ato ou efeito de evitar ou tentar evitar que a ação do homem venha a causar prejuízo ao meio ambiente ou à saúde do homem. Em um Sistema de Gestão Ambiental, a Prevenção da Poluição pode ser feita de diversas maneiras, dentre elas: Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 15 Redução de fontes poluidoras; Eliminação de fontes poluidoras; Alteração de processos; Alteração de produtos; Alteração de serviços; Uso eficiente de recursos; Uso eficiente de materiais; Uso eficiente de energia; Substituição de energia; Reutilização; Recuperação; Reciclagem; Regeneração e Tratamento. Veja como a NBR ISO 14001:2004 define o termo Prevenção da Poluição: Uso de processos, práticas, técnicas, materiais, produtos, serviços ou energia para evitar, reduzir ou controlar (de forma separada ou combinada) a geração, emissão ou descarga de qualquer tipo de poluente ou rejeito, para reduzir os impactos ambientais adversos. Nota – A prevenção da poluição pode incluir redução ou eliminação de fontes de poluição, alterações de processo, produto ou serviço, uso eficiente de recursos, materiais e substituição de energia, reutilização, recuperação, reciclagem, regeneração e tratamento. “Qualquer ação que reduza ou elimine a geração de poluentes ou resíduos na fonte, realizada através de atividades que comprovem, encorajem ou exijam mudanças nos padrões de comportamento industrial, comercial e geradores institucionais ou individuais.” (SENAI, 1998). Segundo Prestrelo et al. (2000), a lei americana de Prevenção da Poluição de 1990 (Pollution Prevention Act 1990) defi ne a Prevenção da Poluição (P2) como: “quaisquer práticas, uso de materiais, processos que eliminem ou reduzam a quantidade e/ou toxicidade de poluentes, substâncias perigosas ou contaminantes em sua fonte de geração, prioritariamente à reciclagem, tratamento ou disposição final (...)”. Segundo o CNTL*1 (2000), a Prevenção da Poluição inclui práticas que eliminem ou reduzam o uso de materiais (nocivos ou inofensivos), energia, água ou outros recursos, bem como privilegiem aqueles procedimentos que protegem os recursos naturais através da conservaçãoe do uso mais eficiente. Nível 1 – quando são priorizadas medidas para resolver o problema na fonte que consideram para tal, modifi cações tanto no próprio produto (projeto ecológico, ou ecodesign) como no processo de produção (uso cuidadoso de matérias-primas e com o processo, incluindo mudanças organizacionais, substituição de matérias- primas/insumos tóxicas por outras menos agressivas e modifi cações tecnológicas com adoção de tecnologias limpas). Nível 2 (reciclagem interna) – quando não é possível evitar os resíduos com a ajuda das medidas classifi cadas como de nível 1, estes podem ser reintegrados ao processo de produção da empresa: dentro do próprio processo original de produção, em outro processo, ou através da recuperação parcial de uma substância residual. Nível 3 (reciclagem de resíduos e emissões fora da empresa) – através de reciclagem externa ou de uma reintegração ao ciclo biogênico (por exemplo, compostagem). Conhecida como P2 pela Gestão Ambiental, Prevenção da Poluição atua sobre produtos e processos produtivos para minimizar a geração de resíduos, diminuir a poluição através de mecanismos, máquinas e equipamentos eficientes, poupa matéria-prima e energia em todas as fases dos processos. Gera uma produção mais eficiente, adição de tecnologias adequadas, treinamento, conscientização, mas para isso requer mudanças de comportamento, em processos produtivos e produtos, ou seja, quebrar paradigmas e aceitar que as mudanças são necessárias. O objetivo é reduzir a poluição na fonte, isto é, antes que eles sejam produzidos e lançados no meio ambiente em suas formas sólidas, líquidas e gasosas. Os rejeitos que sobram, pois nenhum processo é cento por cento eficiente, são captados, tratados e dispostos por meio de tecnologias de controle da poluição do tipo end-of-pipe. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 16 End-of-pipe é uma tecnologia utilizada para o tratamento e o controle dos resíduos no final do processo produtivo, conhecido como fim-de- tubo. A Prevenção à Poluição aumenta a produtividade da empresa, pois a redução de poluentes na fonte significa poupar recursos e matéria- prima, impactos significativos – gerando menos multa para empresa – gastos com grandes desperdícios e incide menos acidentes ambientais e doenças ocupacionais originadas de matérias tóxicas. A empresa é beneficiada com redução de custos, caracteriza de maneira mais eficiente seus resíduos gerados e sua disposição final, reduz problemas com passivos ambientais, melhora as condições de trabalho e a imagem da empresa. A Prevenção da Poluição combina duas preocupações ambientais básicas: uso sustentável dos recursos e controle da poluição. Os instrumentos típicos para o uso sustentável dos recursos podem ser sintetizados através de algumas ferramentas, tais como: O Princípio dos 3 R´s, Reduzir, Reutilizar e Reciclar, que proporciona a condição de evitar a poluição, reduzir de maneira significativa e destinar de forma correta o resíduo gerado. Outra ferramenta da qualidade é a aplicação dos 5S´s Seiri - Senso de Utilização, Seiton – Senso de Arrumação, Seiso – Senso de Limpeza, Seiketsu – Senso de Saúde e Higiene e Shitsuke – Senso de Auto-Disciplina, que são conceitos também aplicáveis ao uso sustentável do recurso natural, pois possibilita a avaliação de como esta o patamar da utilização do insumo no processo produtivo, senso de ordem ou arrumação que evita o desperdício da matéria –prima, pois utiliza apenas o necessário, a higiene também é um fator fundamental para a qualidade do produtivo e a disciplina ou comprometimento de produzir com todos os padrões de qualidade. Esses princípios também auxiliam no controle da poluição de maneira eficaz e eficiente, com a participação de uma série de documentos que caracterizam o resíduo, possibilita a realização de um inventário de emissões, entre outros que registram o controle desses processos. Modificar equipamentos, substituir materiais, conservar energia, reusar e reciclar resíduos internamente, estabelecer planos de manutenção preventiva, rever a gestão de estoques estão entre as práticas administrativas e operacionais de prevenção da poluição. Agora que você já conhece essas modalidades de preservação ambiental, evitando ao máximo a poluição, procure mais conhecimento de reestruture ao molde do segmento da empresa a qual trabalha, ou mesmo, utilize em casa e promova essa ideia junto aos colaboradores e conhecidos. CONTAMINAÇÃO DOS LENÇÓIS FREÁTICOS Os técnicos chamam de "causas antrópicas", quando as atividades humanas é que provocam a contaminação das águas subterrâneas. São diversas as formas de contaminação, envolvendo desde organismos patogênicos, até elementos químicos como os metais pesados - caso do mercúrio - e moléculas orgânicas e inorgânicas. Todavia, conforme assinala o geólogo Luiz Amore, consultor técnico da OEA e da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, a possibilidade dos contaminantes atingirem os poços perfurados vai depender das características dos aqüíferos, particularmente as estruturas geológicas, a permeabilidade do solo, a transmissividade etc. Amore sustenta que várias fontes poluidoras já foram estudadas, e alguns casos são clássicos, "que longe de serem fenômenos isolados podem estar ocorrendo em diversas regiões do país e com intensidades diversas, infelizmente ainda pouco conhecidas". Os maiores focos de poluição dos lençóis freáticos: 1 - Lixos e cemitérios As águas subterrâneas localizadas nas proximidades dos grandes lixões registram a presença de bactérias do grupo coliformes totais, fecais e estreptococos. Segundo o professor Alberto Pacheco, do CEPAS, são componentes orgânicos oriundos do chorume, que são substâncias sulfloradas, nitrogenadas e cloradas, com elevado teor de metais pesados, que fluem do lixo, se infiltram na terra e chegam aos aqüíferos. As águas subterrâneas situadas nas vizinhanças dos cemitérios são ainda mais atacadas. O professor Alberto Pacheco cita o exemplo dos cemitérios municipais de São Paulo. Águas coletadas nas suas proximidades revelaram a presença de índices elevados de coliformes fecais, estreptococos fecais, bactérias de diversas categorias, Salmonella, elevados teores de nitratos e metais como alumínio, cromo, cádmio, manganês, bário e chumbo. Os cemitérios, que recebem continuamente milhares de corpos que se decompõem com o tempo, são autênticos fornecedores de contaminantes de largo espectro das águas subterrâneas das proximidades. Águas que, via de regra, são consumidas pelas populações da periferia. 2 - Postos e fossas Estudo de autoria do professor Aldo da Cunha Rebouças, t ambém da equipe do CEPAS, mostra a contaminação oriunda do vazamento de tanques de armazenamento subterrâneo de gasolina em poços de abastecimento de água em residências vizinhas. A água recolhida desses poços revelou elevados teores de benzeno e Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 17 demais compostos orgânicos presentes na gasolina, como tolueno, xileno, etilbenzeno, C benzeno e naftaleno. O professor adverte para o fato de que a combustão da gasolina é auto detonante a 400 ppm (partes por milhão). Se esse combustível se infiltrar em redes de esgoto e túneis de obras de engenharia, haverá risco real de explosões de grandes proporções. A presença das fossas na condição de contaminantes dos aqüíferos foi estudada no Vale do Paraíba do Sul, em São Paulo, peloprofessor Uriel Duarte, da equipe do CEPAS, e em São Luís, no Maranhão, pelo professor Waldir Duarte da Costa, da Universidade Federal de Pernambuco. Eles concluíram que a construção e operação de poços de abastecimento d'água, próximos a fossas em zonas urbanas e ruraiss, pode levar à contaminação da água por patogênicos gerais e substâncias orgânicas diversas, transmitindo doenças a quem utiliza e consome a água. Preocupada com o problema, a Organização Panamericana de Saúde - OPAS - recomenda que essas fossas devem ser construídas a uma distância mínima de 20 metros, ou ainda mais, dependendo das condições intrínsecas do aqüífero, em especial a permeabilidade do terreno. Ocorre que essa recomendação dificilmente é levada em conta, especialmente na periferia das grandes cidades, onde o favelamento reduz o espaço útil dos quintais dos casebres, levando seus habitantes a construírem a fossa e cavarem o poçopraticamente lado a lado. 3 - Agrotóxicos e fertilizantes Resíduos de agrotóxicos foram encontrados em animais domésticos e seres humanos que utilizaram águas subterrâneas contaminadas por agrotóxicos em Campinas, São Paulo. O professor Ricardo Hirata, da equipe do CEPAS, autor da descoberta, diz que a contaminação resultou tanto de substâncias aplicadas incorretamente na plantação, como oriunda de embalagens enterradas com resíduos de defensivos agrícolas. Em ambos os casos houve a infiltração e o acesso dos agrotóxicos aos aqüíferos. O uso indevido de fertilizantes também afeta as águas subterrâneas. Segundo o professor Aldo Rebouças, substâncias fosforadas e nitrogenadas, que provocam a doença azul em crianças, podem acessar os sistemas aqüíferos, com a desvantagem de que são de difícil remoção. Na região de Novo Horizonte, em São Paulo, centro produtor de cana de açúcar, a aplicação de vinhaça resultante da destilação do álcool, como fertilizante, provocou a elevação do pH (índice de acidez)e conseqüente remoção do alumínio e ferro do solo, que foram se misturar às águas subterrâneas. Os aqüíferos também são contaminados pela disposição irregular de efluentes de curtumes no solo, fato observado pelo professor Nelson Elert nos centros produtores de calçados de Franca e Fernandópolis, em São Paulo. Segundo ele, os resíduos de curtume dispostos no solo provocam a entrada de Cromo 6 e de organoclorados, afetando a qualidade dos lençóis subterrâneos. 4 - Rejeitos e aterros industriais As águas subterrâneas de Cubatão, em São Paulo, considerada a cidade mais poluída do Brasil, não podiam escapar à ação dos contaminantes. A técnica Dorothy Casarini, da Cetesb, a agência ambiental do governo paulista, diz que aterros não controlados por indústrias químicas da região resultaram em mortes e contaminação carcinogênica (através do câncer) inclusive no leite materno. No caso de Cubatão, o agente contaminante foi o Bifenilas Policloradas (PCB), cujos rejeitos, depositados no solo sem qualquer tratamento, se infiltraram e danificaram as águas subterrâneas. Em Minas Gerais, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e em Campinas, São Paulo, a proximidade de aterros industriais clandestinos está contaminando as águas por resíduos industriais ou pela presença de atividades mineradoras. Nos dois casos, o professor Paulo Scudino, da CETEC-MG, e a especialista Dorothy Casarini, da CETESB-SP, identificaram nas águas subterrâneas das duas regiões a presença de diversos metais pesados e hidrocarbonetos que, uma vez ingressando no corpo humano, lá ficam depositados para o resto da vida. 5 - Rebaixamento do lençol freático Segundo o geólogo Luiz Amore, a exploração excessiva dos aqüíferos pode ocasionar não só o desperdício de água, mas, o que é pior, a contaminação dos postos de abastecimento por migração de águas situadas nas suas proximidades. Há, também, casos em que a devastação da cobertura vegetal em áreas de recarga dos aqüíferos resulta no rebaixamento do lençol das águas subterrâneas e conseqüente redução das disponibilidades hídricas da bacia. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 18 O caso mais expressivo é o relatado pelo técnico pernambucano Waldir Duarte da Costa: o bombeamento excessivo de águas subterrâneas para o abastecimento público do elegante bairro de Boa Viagem, em Recife, resultou na infiltração de água do mar no sistema de água potável. Em Cubatão houve o mesmo fenômeno, resultante da utilização excessiva de águas subterrâneas para fins industriais. O lençol foi baixando até ser invadido por água salgada. Efeitos danosos da superexploração também foram registrados na barragem do Descoberto, em Águas Lindas, estado de Goiás. Segundo o professor Elói Campos, da Universidade de Brasília, alguns poços na área de recarga reduziram significativamente a disponibilidade hídrica, a ponto de secar poços à jusante da barragem.
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