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Resumo - Toxicologia Ambiental

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Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
1 
 
POLUIÇÃO 
Segundo a legislação brasileira (Lei 6.938/81, Art.3, III), “a 
poluição está definida como toda a degradação da qualidade 
ambiental que direta ou indiretamente possa prejudicar a 
saúde, a segurança e o bem estar da população ou que gere 
condições adversas às atividades sociais e econômicas, que 
afetem desfavoravelmente a biota, as condições estéticas ou 
sanitárias do ambiente ou, ainda, que lancem matérias ou 
energia em desacordo com os padrões estabelecidos”. 
Assim, a poluição ambiental pode ser entendida como a 
presença de qualquer agente que cause a desarmonia e o 
desarranjo de um determinado habitat, seja ele uma floresta 
ou uma cidade. 
Poluição atmosférica: corresponde à presença de 
substâncias que degradem a qualidade do ar que respiramos. 
Os emissores de gases nocivos (dióxido de carbono, óxidos 
de enxofre, etc.) mais comuns são os automóveis e as 
indústrias. Os efeitos da poluição atmosférica na saúde 
podem ser bastante graves, com a geração de doenças 
pulmonares e alergias principalmente em crianças e idosos. 
 
Poluição da água: trata-se da presença de substâncias 
degradantes nos chamados corpos hídricos (como rios, lagos, 
etc.). É um dos tipos mais comuns de poluição, especialmente 
agravada pela explosão populacional e a falta de tratamento 
de esgoto de grandes cidades, a presença de indústrias que 
lançam seus dejetos a corpos hídricos e à pouca 
conscientização da população, que lança objetos e dejetos 
aos rios, córregos e lagos, utilizando-os como verdadeiras 
latas de lixo. As águas são especialmente frágeis também 
porque recebem parte da poluição atmosférica e do solo, 
carregada pela chuva. Outro tipo delicado é a poluição 
marinha, ligada diretamente à degradação de mares e 
oceanos. 
 
Poluição do solo: ocorre sempre que resíduos com potencial 
degradante são depositados em uma área de solo sem os 
devidos cuidados. Exemplos de poluidores dos solos são 
áreas chamadas de lixões, que recebem os despojos de 
grandes cidades (a maioria já se transformou em aterro 
sanitário, com manejo diferenciado justamente para evitar a 
poluição). Outra ação poluidora do solo é o uso excessivo de 
agrotóxicos que, além de poderem prejudicar os 
ecossistemas presentes no solo, ainda apresentam uma 
ameaça de poluição das águas, ao serem carregados pela 
chuva. 
Poluição sonora: é causada pelo excesso ou produção de 
ruídos e sons em volumes que prejudiquem o bem estar e a 
saúde. Este tipo de poluição é comum principalmente nas 
grandes cidades, por conta dos carros, da presença de 
máquinas e de muitos amplificadores sonoros. Segundo a 
OMS (Organização Mundial da Saúde), o limite máximo 
tolerável para a saúde humana é de 65dB. Mas, ainda que 
nem sempre estejam acima deste volume, os ruídos 
indesejáveis podem prejudicar a capacidade de concentração 
e, até, a qualidade sono. 
Poluição visual: mais uma vez, temos o excesso como 
questão. A poluição visual se caracteriza por uma quantidade 
exacerbada de estímulos visuais. Há controvérsias sobre este 
tipo de poluição. Enquanto alguns acreditam que ela pode ser 
uma fonte de estresse, ansiedade e causar, por exemplo, a 
distração de motoristas, outros apontam que os estímulos 
visuais, ainda que excessivos, fazem parte da estética 
urbana. 
1. POLUIÇÃO DA ÁGUA 
A poluição é definida como o resultado de qualquer ação 
química, física ou biológica e que altere a qualidade do ar, da 
água e do solo. Na água, as alterações de qualidade 
resultantes da poluição a tornam imprópria para o consumo e 
prejudicial aos organismos vivos que nela habitam. Como tem 
as propriedades alteradas, a água poluída pode sofrer 
processos de contaminação, passando a abrigar substâncias 
e microrganismos tóxicos. 
As principais fontes de poluição da água são as atividades 
agrícolas, domésticas e industriais, o esgoto doméstico e 
industrial e a construção na costa. A atividade agrícola é 
potencialmente poluidora porque o uso de pesticidas e 
fertilizante químicos infiltra no solo e atingem o lençol freático. 
 
As substâncias utilizadas na composição dos fertilizantes e 
pesticidas, além de chegar no lençol freático podem ser 
dissolvidas na chuva e gerar impactos ambientais 
significativos no ecossistema. 
 
A contaminação da água por esgotos domésticos e industriais 
ocorre pelo lançamento direto de dejetos nos rios e no mar. 
Os dejetos biológicos provocam a morte da vida aquática e 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
2 
 
causam o que os cientistas chamam de deserto biológico 
vasto de restos orgânicos, bactérias e vírus. 
 
Lançada nos rios e no mar, os restos da indústria de transformação 
também provocam a morte da vida dos rios e do mar para onde são 
canalizados dejetos como óleo, celulose, tintas, plástico e químicos 
variados. 
 
As construções costeiras e canalizações estão entre os principais 
fatores de contaminação da água porque fragilizam o solo que, 
impermeabilizado, altera os sistemas biológicos no entorno de rios e 
mares. Não menos poluidora é a atividade doméstica, com destaque 
para o uso de detergentes que potencializam o crescimento do 
fitoplâncton e algas que, quando morrem, esgotam a oferta de 
oxigênio. 
 
A exploração petrolífera em águas subterrâneas ocorre, 
principalmente, pelo vazamento do petróleo no mar e geram 
desastres ecológicos. Além do vazamento na fase de exploração, a 
contaminação pode ocorrer no transporte ou pelo mau estado dos 
equipamentos de captação. 
 
A contaminação da água pelos resíduos de aterros sanitários mau 
instalados ou lixões a céu aberto ocorre pela proximidade de rios ou 
pela infiltração no lençol freático do chamado chorume. O chorume é 
o lixo em estado líquido, que penetra no solo ou corre diretamente em 
direção aos rios. 
Nos aterros sanitários, a medida profilática para evitar a 
contaminação do solo e consequências diretas para o lençol freático 
e rios está na instalação de mantas sanitárias que necessitam de 
substituição periódica. Em caso de infiltração, a vida útil das mantas 
sanitárias é reduzida e a substituição é imprescindível. 
 
Assim como ocorre com os lixões, a contaminação da água por 
resíduos de cadáveres ocorre pela infiltração de elementos no solo. 
Nos cemitérios onde as medidas biológicas para isolamento dos 
corpos em decomposição não ocorrem, o solo é penetrado pelo 
chamado necrochorume. O necrochorme é formado pelos restos dos 
corpos em processo de decomposição. 
 
O lançamento de substâncias físicas e químicas na água é 
potencialmente prejudicial para a vida aquática, animais e plantas. 
Quanto mais poluída, menor a reserva de água para consumo e para 
a produção de alimentos de animais e seres humanos. 
 
É adequada ao consumo a água potável e a água mineral. A água 
potável não contém microrganismos nocivos, não é prejudicial à 
saúde e exibe três características: é incolor, insípida e inodora. A 
água mineral abriga todas as qualidades da água potável, mas tem 
uma maior quantidade de sais minerais e também pode exercer 
propriedades terapêuticas. 
 
O fenômeno da chuva ácida ocorre quando a água, ao evaporar, 
entra em contato como os poluentes do ar e devolve esses produtos 
durante a precipitação. 
 
A contaminação das águas subterrâneas - o lençol freático, ocorre 
substancialmente nas áreas urbanas. O risco é maior diante da 
permeabilidade do solo, maior em algumas regiões, ou quando 
apresenta fissuras e fraturas. Para acompanhar a qualidade das 
águas subterrâneas é preciso fazer o controle bacteriológico.Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
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2. POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA 
A contaminação do ar é uma forma de degradação ambiental que tem 
se generalizado no mundo. O crescimento econômico e da população 
pós-revolução industrial, especialmente em áreas urbanas 
(particularmente nas regiões metropolitanas), têm agravado essa 
situação. O contaminante predominante em áreas urbanas resultante 
da queima de combustíveis fósseis é o material particulado (MP ou 
PM). 
 
O aumento do risco de morbimortalidade da população devido 
principalmente às doenças respiratórias e cardiovasculares tem sido 
relacionado à exposição aos diversos tipos e concentrações de 
contaminantes que frequentemente se encontram em áreas urbanas; 
efeitos adversos no crescimento e desenvolvimento do feto têm sido 
associados à exposição de mulheres aos contaminantes do ar 
durante a gestação (Avaliação dos efeitos da contamina- ção do ar 
na Saúde da América Latina e Caribe. OPS/OMS, 2005). Segundo 
relatório da OMS de 2013, estima-se que a poluição atmosférica 
cause, a cada ano, cerca de 3 milhões de mortes prematuras. 
Os poluentes atmosféricos existem sob a forma de gases e de 
partículas e podem ser naturais e artificiais, provenientes de fontes 
fixas (indústrias, usinas termoelétricas, incineradores de 
lixo, vulcões) e móveis (veículos automotores, trem, avião, 
embarcação marítima). 
 
Dentre os poluentes naturais, estão as cinzas e gases de emissões 
vulcânicas altamente tóxicas compostas principalmente de enxofre, 
partículas do solo ou gotículas de água salgada do mar, partículas e 
gases de incêndios florestais e os grãos de pólen. 
 
Os poluentes artificiais, produzidos pelas atividades humanas e 
"jogados na atmosfera", são, na sua grande maioria, aqueles 
produzidos pela queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás 
natural e carvão mineral) ou recicláveis (lenha, álcool, etc.). 
Composição do ar limpo 
Existem muitas maneiras de se classificar os poluentes. Entretanto, 
antes de se analisar qualquer delas, é oportuno conhecer a 
composição do "ar atmosférico limpo". 
A atmosfera é a camada gasosa da biosfera, indispensável para a 
vida na Terra. Além de partículas de poeira, grãos de 
pólen, microorganismos e sais marinhos, entre outros, ela é 
composta por uma mistura de gases: 79% de nitrogênio, 20% de 
oxigênio e 1% de outros gases, entre os quais incluem-se dióxido de 
carbono, vapor d'água e gases raros (argônio, neônio, hélio, criptônio, 
ozônio, etc.), assim chamados porque existem em quantidades muito 
pequenas. 
Devido a sua extensão, cerca de pouco mais de 800 quilômetros de 
altitude, a atmosfera é dividida em camadas: troposfera, estratosfera, 
mesosfera, termosfera e exosfera. Mas é na baixa atmosfera ou 
troposfera, porção onde vivemos, que ocorrem os efeitos nocivos dos 
produtos das atividades humanas. 
Classificação dos poluentes atmosféricos 
Os poluentes são divididos em duas categorias: primários e 
secundários. Ospoluentes primários são aqueles liberados 
diretamente das fontes de emissão, como o dióxido de enxofre (SO2), 
o sulfeto de hidrogênio (H2S), os óxidos de nitrogênio (NOx), a amônia 
(NH3), o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO2) e o 
metano (CH4). 
Os poluentes secundários são aqueles formados na atmosfera 
através de reação química entre poluentes primários e componentes 
naturais da atmosfera, se destacando o peróxido de hidrogênio 
(H2O2), o ácido sulfúrico (H2SO4), o ácido nítrico (HNO3), o trióxido de 
enxofre (SO3), os nitratos (NO3
?), os sulfatos (SO4
2-), o ozônio (O3) e 
o nitrato de peroxiacetila - PAN - (CH3=OO2NO2). 
Somam-se ainda a esses poluentes os álcoóis, aldeídos, 
hidrocarbonetos (HC), compostos orgânicos voláteis (COVs), 
mercúrio (Hg) e material particulado (MP). O termo material 
particulado abarca um conjunto de poluentes constituídos de 
poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido que se 
mantém suspenso na atmosfera por causa do seu pequeno tamanho. 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
5 
 
Dependendo do tamanho, suas partículas podem ser classificadas 
como Partículas Totais em Suspensão ou Partículas Inaláveis e 
Fumaça. 
 
Efeitos da poluição atmosférica 
Os efeitos da poluição atmosférica são numerosos e diversos, 
estendendo-se dos toxicológicos aos econômicos. Materiais, animais, 
vegetais e pessoas podem ser indiscriminadamente molestados 
pelos efeitos de poluentes, quer direta, quer indiretamente. 
Nos humanos, os poluentes atmosféricos gasosos ou particulados 
normalmente entram no organismo por via respiratória, afetando os 
pulmões e o trato respiratório. 
Nas plantas, os poluentes são absorvidos pelas folhas através dos 
estômatos, que permitem as trocas gasosas entre a planta e o meio 
ambiente, alterando-se assim a fotossíntese. 
Nos materiais, os poluentes corroem e escurecem metais, partem 
borrachas, sujam roupas, danificam mármores, descolorem vários 
tipos de materiais, enfraquecem algodão, lã e fibra de seda e 
destroem o nylon. 
Os poluentes também causam efeitos no tempo atmosférico, como a 
redução da visibilidade, a descoloração da atmosfera, a dispersão da 
luz solar quando há grande quantidade de particulados no ar, e o 
aumento da formação de neblina e precipitação. 
Também há substâncias que provocam alterações na atmosfera, 
produzindo efeitos nocivos a grandes distâncias ou até sobre o 
planeta como um todo. Essas substâncias são denominadas 
de poluentes de efeito global. Esses efeitos são, principalmente, as 
chuvas ácidas, a destruição da camada de ozônio e o efeito estufa. 
 
Responsabilidades 
A natureza utiliza recursos para proteger-se da poluição atmosférica, 
mas eles são limitados. Os principais processos que atuam na 
natureza, provocando a neutralização, a diluição ou a eliminação dos 
poluentes atmosféricos são: a dispersão, a precipitação, as 
transformações químicas e a assimilação biológica. 
Devido aos limites dos recursos da natureza, cabe a cada um de nós 
a responsabilidade de ajudá-la nesse processo, adotando medidas 
em nosso cotidiano para evitar ou moderar a poluição de nossa 
própria cidade, de nosso país e, até, do mundo como um todo. 
Podemos iniciar pela escolha do nosso veículo, privilegiando os que 
utilizam álcool como combustível, por ser reciclável e gerar menos 
poluentes. Além disso, é necessária uma manutenção periódica para 
manter o motor do veículo regulado e, desta forma, emitir menos 
poluentes. 
Igualmente, andar um pouco mais a pé, de bicicleta e priorizar o 
transporte público, como o metrô, o trem ou ônibus, ao invés de tirar 
o carro da garagem toda vez que temos de nos locomover a 
pequenas distâncias. Agindo assim, além de gastar menos 
combustível e poluir menos, estaremos contribuindo para reduzir os 
congestionamentos tão frequentes em nossas cidades, cooperando 
também com a nossa própria saúde. 
 
Queimadas e indústrias 
Também as pessoas que vivem no campo podem colaborar para a 
redução da poluição, evitando, por exemplo, as queimadas da roça, 
na época de plantio, ou do canavial, na época da colheita. Essas 
queimadas produzem grandes quantidades de gás carbônico, fuligem 
e cinzas, além de provocarem a perda da fertilidade dos solos, 
diminuição do teor de matéria orgânica e a falta de nutrientes. 
Para concluir, não devemos nos esquecer das indústrias que 
possuem uma parte na responsabilidade com relação à poluição 
atmosférica. Algumas medidas promovem a redução da poluição, 
como a implantação e autilização de tecnologias limpas no sistema 
produtivo. 
Também ajuda muito a racionalização do processo industrial, no 
sentido de obter maior quantidade de produtos utilizando a mesma 
quantidade de matéria-prima. Vale lembrar que, na maioria das 
vezes, a poluição é resultado de desperdícios, seja de matéria, seja 
de energia. 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
6 
 
Aldeídos (RCHO) - Compostos químicos resultantes da oxidação 
parcial dos alcoóis ou de reações fotoquímicas na atmosfera, 
envolvendo hidrocarbonetos. 
 
Fontes - são emitidos na queima de combustível em veículos 
automotores, principalmente nos veículos que utilizam etanol. Os 
aldeídos emitidos pelos carros são o Formaldeído e o Acetaldeído 
(predominante). 
 
Efeitos - seus principais efeitos são a irritação das mucosas, dos 
olhos, do nariz e das vias respiratórias em geral e podem causar 
crises asmáticas, são ainda compostos carcinogênicos potenciais. 
Dióxido de Enxofre (SO2) - é um gás tóxico e incolor, pode ser 
emitido por fontes naturais ou por fontes antropogênicas e pode reagir 
com outros compostos na atmosfera, formando material particulado 
de diâmetro reduzido. 
 
Fontes - fontes naturais, como vulcões, contribuem para o aumento 
das concentrações de SO2 no ambiente, porém na maior parte das 
áreas urbanas as atividades humanas são as principais fontes 
emissoras. A emissão antropogênica é causada pela queima de 
combustíveis fósseis que contenham enxofre em sua composição. As 
atividades de geração de energia, uso veicular e aquecimento 
doméstico são as que apresentam emissões mais significativas. 
 
Efeitos - entre os efeitos a saúde, podem ser citados o agravamento 
dos sintomas da asma e aumento de internações hospitalares, 
decorrentes de problemas respiratórios. São precursores da 
formação de material particulado secundário. No ambiente, podem 
reagir com a água na atmosfera formando chuva ácida. 
Dióxido de Nitrogênio (NO2) - é um gás poluente com ação 
altamente oxidante, sua presença na atmosfera é fator chave na 
formação do ozônio troposférico. Além de efeitos sobre a saúde 
humana apresenta também efeitos sobre as mudanças climáticas 
globais. 
Fontes - as fontes podem ser naturais (vulcanismos, ações 
bacterianas, descargas elétricas) e antropogênicas (processos de 
combustão em fontes móveis e fixas). As emissões naturais são em 
maior escala que as antropogênicas, porém, em razão de sua 
distribuição sobre o globo terrestre, tem menor impacto sobre as 
concentrações deste poluente nos centros urbanos. 
Efeitos - altas concentrações podem levar ao aumento de internações 
hospitalares, decorrente de problemas respiratórios, problemas 
pulmonares e agravamento à resposta das pessoas sensíveis a 
alérgenos. No ambiente pode levar a formação de smog fotoquímico 
e a chuvas ácidas. 
Hidrocarbonetos (HC) - compostos formados de carbono e 
hidrogênio e que podem se apresentar na forma de gases, 
partículas finas ou gotas. Podem ser divididos em: 
 
 a) THC - hidrocarbonetos totais; 
b) CH4 - hidrocarboneto simples, conhecido como metano; 
c) NMHC - hidrocarbonetos não metano, compreendem os HC 
totais (THC) menos a parcela de metano (CH4). 
 
Fontes - provêm de uma grande variedade de processos industriais 
e naturais. Nos centros urbanos as principais fontes emissoras são 
os carros, ônibus e caminhões, nos processos de queima e 
evaporação de combustíveis. 
 
Efeitos - são precursores para a formação do ozônio troposférico e 
apresentam potencial causador de efeito estufa (metano). 
Material Particulado (MP) - é uma mistura complexa de sólidos com 
diâmetro reduzido, cujos componentes apresentam características 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
7 
 
físicas e químicas diversas. Em geral o material particulado é 
classificado de acordo com o diâmetro das partículas, devido à 
relação existente entre diâmetro e possibilidade de penetração no 
trato respiratório. 
 
Fontes - as fontes principais de material particulado são a queima de 
combustíveis fósseis, queima de biomassa vegetal, emissões de 
amônia na agricultura e emissões decorrentes de obras e 
pavimentação de vias. 
 
Efeitos - estudos indicam que os efeitos do material particulado sobre 
a saúde incluem: câncer respiratório, arteriosclerose, inflamação de 
pulmão, agravamento de sintomas de asma, aumento de internações 
hospitalares e podem levar à morte. 
Monóxido de Carbono (CO) - é um gás inodoro e incolor, formado 
no processo de queima de combustíveis. 
 
Fontes - é emitido nos processos de combustão que ocorrem em 
condições não ideais, em que não há oxigênio suficiente para realizar 
a queima completa do combustível. A maior parte das emissões em 
áreas urbanas são decorrentes dos veículos automotores. 
 
Efeitos - este gás tem alta afinidade com a hemoglobina no sangue, 
substituindo o oxigênio e reduzindo a alimentação deste ao cérebro, 
coração e para o resto do corpo, durante o processo de respiração. 
Em baixa concentração causa fadiga e dor no peito, em alta 
concentração pode levar a asfixia e morte. 
Ozônio (O3) – é um poluente secundário, ou seja, não é emitido 
diretamente, mas formado a partir de outros poluentes atmosféricos, 
e altamente oxidante na troposfera (camada inferior da atmosfera). O 
ozônio é encontrado naturalmente na estratosfera (camada situada 
entre 15 e 50 km de altitude), onde tem a função positiva de absorver 
radiação solar, impedindo que grande parte dos raios ultravioletas 
cheguem a superfície terrestre. 
 
Fontes - a formação do ozônio troposférico ocorre através de reações 
químicas complexas que acontecem entre o dióxido de nitrogênio e 
compostos orgânicos voláteis, na presença de radiação solar. Estes 
poluentes são emitidos principalmente na queima de combustíveis 
fósseis, volatilização de combustíveis, criação de animais e na 
agricultura. 
 
Efeitos - entre os efeitos à saúde estão o agravamento dos sintomas 
de asma, de deficiência respiratória, bem como de outras doenças 
pulmonares (enfisemas, bronquites, etc.) e cardiovasculares 
(arteriosclerose). Longo tempo de exposição pode ocasionar redução 
na capacidade pulmonar, desenvolvimento de asma e redução na 
expectativa de vida. 
 
Poluentes Climáticos de Vida Curta (PCVC ou em inglês SLCP) - 
são poluentes que tem vida relativamente curta na atmosfera (de 
alguns dias à algumas décadas), apresentam efeitos nocivos à 
saúde, ao ambiente e também agravam o efeito estufa. Os principais 
PCVC são o carbono negro, o metano, o ozônio troposférico e os 
hidrofluorocarbonetos (HFC). 
 
Fontes - as fontes principais de carbono negro são a queima ao ar 
livre de biomassa, motores a diesel e a queima residencial de 
combustíveis sólidos (carvão, madeira). As fontes de metano 
antropogênicas são sistemas de óleo e gás, agricultura, criação de 
animais, aterros sanitários e tratamentos de esgotos. Com relação 
aos HFCs seu uso ocorre principalmente em sistemas de ar 
condicionado, refrigeração, supressores de queima, solventes e 
aerossóis. 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
8 
 
Efeitos - os PCVCs tem efeitos negativos sobre a saúde humana, 
sobre os ecossistemas e sobre a produção agrícola. O carbono negro 
é um dos componentes do material particulado, o qual apresenta 
efeitos nocivos sobre os sistemas respiratório e sanguíneo, podendo 
levar a óbito. O metano tem grande potencial de aquecimento global, 
além de ser precursor na formação do ozônio troposférico. Os HFCs, 
assim como o metano, também apresentam grande potencial de 
aquecimento global. 
 
3. POLUIÇÃOVISUAL 
A poluição visual é um tipo de poluição moderna, encontrado nos 
grandes centros urbanos, uma vez que designa o excesso de 
informações contidas em placas, postes, outdoors, banners, 
cartazes, táxis, carros e outros veículos de anúncios, além da 
degradação urbana fruto das pichações, excesso de fios de 
eletricidade e acúmulo de resíduos. 
Essa comunicação visual exacerbada nas grandes cidades, 
característico da cultura de massas que incentiva o consumo, tem se 
descontrolado nas últimas décadas, levando assim a uma 
descaracterização identitária do local (arquitetura original, patrimônio 
histórico cultural, etc.), promovidos pelo excesso de informações bem 
como a desarmonia do espaço, o que leva o ser humano a um 
enorme desconforto visual, afetando sua qualidade de vida. 
 
Nesse sentido, basta pensar numa metrópole cheia de anúncios, 
pichações, em que o cidadão comum, passa de um ser ativo com 
liberdade de expressão, para um expectador massacrado e alienado 
pelas marcas e o consumo. 
Por fim, a poluição visual vai contra a harmonia estética do ambiente 
urbano, sendo um tema muito discutido na atualidade, afinal todos 
queremos uma cidade bonita e limpa, locais agradáveis para habitar 
e que promovam o bem estar da população. 
Muitas empresas com o intuito de gerarem lucro acreditam no papel 
da divulgação de seu produto, e a partir da falta de leis que priorizem 
a qualidade vida do ser humano nas grandes cidades, essa poluição 
visual tem aumentado consideravelmente, que junto à poluição 
luminosa (excesso de luz artificial) e poluição sonora (excesso de 
barulho), podem gerar muitos problemas de saúde na população, 
sobretudo mental, fato que tem sido alertado pelos psicólogos. 
 
Além de ser gerado pelas empresas, o próprio cidadão pode 
contribuir com o aumento da poluição visual ao degradar o ambiente 
(deterioração do patrimônio, pichações, etc.) e as áreas verdes, as 
quais são substituídas algum tipo de poluição visual. 
 
A despeito dos problemas de saúde como stress, transtornos 
psicológicos, cansaço visual, estão os problemas sanitários 
(ocasionado pelo excesso de lixos e resíduos), o aumento dos 
acidentes automobilísticos, uma vez que esse excesso de 
informações e sinalizações, podem distrair os motoristas. Por 
conseguinte, problemas de mobilidade urbana surgem, posto que a 
locomoção dos pedestres pode ser afetada pelo excesso de placas, 
postes, outdoors, dentre outros. 
 
Como intuito de melhorar e solucionar esse “problema estético” que 
vem afetando não somente as cidades, mas os seres humanos que 
nela habitam, as cidades brasileiras estão apostando em legislações 
que promovem a melhoria do espaço urbano. 
De acordo com isso, a prefeitura de São Paulo apostou na 
implementação de políticas públicas para promover o bem-estar de 
todos seus habitantes denominado a “Lei Cidade Limpa” (Lei nº. 
14.223/06), que entrou em vigor em 2007, proibindo esse descontrole 
visual na metrópole, potencializado pelas propagandas publicitárias 
em outdoors, banners, letreiros, etc. No artigo segundo da Lei, 
podemos definir essa proposta com o conceito de paisagem urbana: 
“Para fins de aplicação desta lei, considera-se paisagem urbana o 
espaço aéreo e a superfície externa de qualquer elemento natural ou 
construído, tais como água, fauna, flora, construções, edifícios, 
anteparos, superfícies aparentes de equipamentos de infra-estrutura, 
de segurança e de veículos automotores, anúncios de qualquer 
natureza, elementos de sinalização urbana, equipamentos de 
informação e comodidade pública e logradouros públicos, visíveis por 
qualquer observador situado em áreas de uso comum do povo.” 
Observada a informação acima, o artigo terceiro pontua os benefícios 
que esta lei pode trazer ao cidadão paulista melhorando, assim sua 
qualidade de vida. 
 
Além do incentivo de políticas públicas que priorizem a diminuição 
dos inúmeros tipos de poluição nas cidades promovendo a qualidade 
de vida do cidadão, a conscientização das empresas de publicidade 
e dos próprios cidadãos são essenciais para promover a melhoria na 
qualidade de vida da população urbana. 
 
 
4. POLUIÇÃO SONORA 
Poluição sonora é o excesso de ruídos que afeta a saúde física e 
mental da população. É o alto nível de decibéis provocado pelo 
barulho constante proveniente de atividades que perturbam o silêncio 
ambiental. A poluição sonora é considerada crime ambiental, 
podendo resultar em multa e reclusão de 1 a 4 anos. 
 
A poluição sonora e a visual são tipos de poluição que muitos vezes 
passam desapercebidas por fazerem parte do dia-a-dia dos 
moradores das grandes cidades. Entretanto, causam danos ao 
ambiente e à saúde humana, afetando seriamente a qualidade de 
vida. 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
9 
 
 
O nível do barulho admitido nos grandes centros urbanos pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS), pode atingir até 50 decibéis 
porém, o que é verificado normalmente chega a 90 e 100 decibéis. 
Portanto, qualquer som que ultrapasse os 50 decibéis, já pode ser 
considerado nocivo para a saúde. 
O sons danosos que superam os níveis considerados normais pelo 
ouvido humano, são provenientes de diversos meios, entre eles: 
 os transportes urbanos; 
 as buzinas e sirenes; 
 as construções; 
 as máquinas; 
 casas de show e templos religiosos; 
 os aparelhos de som, entre outros. 
Além disso, o uso frequente de aparelhos de reprodução sonora 
individual como os fones de ouvido, MP3 e Ipad, provoca graves 
problemas e até a perda da audição, principalmente em crianças e 
adolescentes. 
 
Segundo dados da OMS, a poluição sonora é considerada uma das 
que mais afeta o meio ambiente, perdendo apenas para a poluição 
do ar e da água. Para alguns ambientalistas europeus já é 
considerada a forma mais prejudicial à saúde humana. 
 
Importante ressaltar que a legislação sobre a poluição sonora cabe 
aos municípios, portanto é função da prefeitura de cada cidade 
brasileira, criar leis de silêncio e fiscalizar para que sejam cumpridas. 
 
Entre as leis federais a Lei dos Crimes Ambientais, nº 9.605 de 12 de 
fevereiro de 1998, que "Dispõe sobre as sanções penais e 
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio 
ambiente." 
 
Em seu artigo 54, determina: 
"Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem 
ou possam resultar em danos à saúde humana", pode resultar em 
pena de reclusão, de um a quatro anos, além de multa. 
Outras leis importantes são as resoluções CONAMA nº1 e nº2, de 8 
de março de 1990. A primeira define critérios e padrões, segundo as 
normas técnicas da ABNT, para o nível aceitável de emissão de 
ruídos em quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou 
recreativas, e a segunda instituiu o "Programa Silêncio - Programa 
Nacional de Educação e Controle da Poluição Sonora". 
 
O excesso de ruído no ambiente causa uma série de prejuízos à 
saúde, que podem ser temporários ou até mesmo permanentes. Além 
de problemas auditivos, a poluição sonora pode causar problemas 
comodor de cabeça, insônia, agitação, dificuldade de concentração . 
Em locais onde o ruído é muito alto, as pessoas sentem dificuldade 
de relaxar, ocasionando mau humor, tensão, stress e angústia. 
Quando o ruído é maior do que 70 decibéis o corpo fica em estado 
de alerta constante (mesmo quando dorme), isso provoca a liberação 
de hormônios que podem levar à doenças cardiovasculares e 
hipertensão. 
Entretanto, o aparelho auditivo é o órgão mais afetado por esse tipo 
de poluição. Os danos podem ser graves, a exposição frequente ao 
ruídoexcessivo provoca a sensação de ouvido tampado e também 
um zumbido permanente. 
 
5. POLUIÇÃO DO SOLO 
A Poluição do Solo é toda e qualquer mudança em sua natureza (do 
solo), causada pelo contato com produtos químicos, resíduos sólidos 
e resíduos líquidos, os quais causam sua deterioração ao ponto de 
tornar a terra inútil ou até gerar um risco a saúde. 
 
Ora, devemos saber também que o solo é repleto de vida, 
especialmente sua camada inicial (15 centímetros), onde 
encontramos os fungos, bactérias, protozoários e vermes 
decompositores, responsáveis pelo equilíbrio entre os diversos níveis 
tróficos. 
 
Vale citar que o solo se forma pela desagregação de rochas e a 
decomposição de restos vegetais e animais, por meio da ação dos 
referidos agentes decompositores e outras intempéries (chuva, 
ventos, etc.). 
 
Por sua vez, é justamente essa camada a mais afetada pelos 
resíduos sólidos e líquidos, fertilizantes químicos, pesticidas e 
herbicidas, a maioria frutos da química inorgânica desenvolvida após 
a Segunda Guerra Mundial. 
 
De modo mais geral, podemos afirmar que solventes, detergentes, 
lâmpadas fluorescentes, componentes eletrônicos, tintas, gasolina, 
diesel e óleos automotivos, bem como fluídos hidráulicos, 
hidrocarbonetos e o chumbo são os principais agentes poluidores do 
solo. 
 
Sabemos, ainda, que o condicionamento inadequado do lixo 
doméstico, esgoto e resíduos sólidos industriais degradam a 
superfície, além de produzirem gases tóxicos e chuva ácida (a qual 
também se infiltra no solo). 
 
Principais Tipos de Poluição do Solo 
 Detritos da vida urbana - Em quantidade é a principal fonte 
causadora da poluição dos solos. É responsável pela produção 
exacerbada de lixo nas grandes cidades. 
 Depósitos ilegais de despejos industriais - É fato conhecido que 
as indústrias fazem uso desse recurso e descartam indevidamente 
metais pesados, produtos químicos de alto risco, além de dejetos 
sólidos. 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
10 
 
 Agrotóxicos e adubação incorreta - Nas áreas rurais, por sua vez, 
os principais vilões são a utilização indiscriminada de defensivos 
agrícolas, bem como a adubação incorreta ou excessiva. 
 
POLUENTES ORGÂNICOS PERSISTENTES 
 
a) DIOXINAS e FURANOS 
O termo "dioxina" refere-se a um grupo de contaminantes orgânicos 
persistentes que estão entre as substâncias químicas mais tóxicas 
conhecidas atualmente. 
 
As dioxinas são produzidas pela incineração, durante a fabricação de 
produtos químicos clorados, especialmente o PVC, e em outros 
processos que utilizam cloro, tais como o branqueamento do papel. 
Na década de 90, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados 
Unidos (EPA- Environmental Protection Agency) descobriu que nesse 
país, cerca de 40% das emissões de dioxinas na atmosfera 
provinham da incineração de resíduos de serviços de saúde. Uma 
das causas mais importantes era a grande proporção de PVC 
presente neste tipo de resíduo. O cloro contido no PVC é um 
ingrediente fundamental para a formação de dioxinas. 
 
Uma vez que existem literalmente centenas de tipos de dioxinas, a 
maior parte da pesquisa em laboratórios se concentra na dioxina mais 
tóxica, a 2,3,7,8-TCDD, a qual é classificada como reconhecidamente 
cancerígena para humanos, tanto pela Agência Internacional de 
Pesquisas do Câncer (IARC - International Agency for Research on 
Cancer) quanto pelo Departamento de Saúde dos Estados Unidos. 
As dixinas também afetam o sistema imunológico, o sistema 
reprodutivo, o crescimento, o sistema hormonal e causam problemas 
de saúde como a diabetes, entre outros. 
 
As dioxinas podem permanecer no ambiente durante milhares de 
anos e podem ser transportados por todo o planeta por via aérea ou 
aquática. Dissolvem-se em gordura e, como o corpo as elimina muito 
lentamente, acumulam-se na cadeia alimentar. Como consequência, 
os predadores superiores, o que inclui os seres humanos, podem ter 
concentrações muito elevadas destas substâncias. Elas também são 
transferidas de mãe para filho, através da placenta e pelo leite 
materno. O leite materno continua sendo, sem dúvida, a melhor 
alimentação para a criança, por isso, a melhor forma de reduzir a 
exposição é mediante a redução da concentração de dioxinas no 
ambiente. 
 
Para lutar contra a contaminação por dioxinas, mais de 150 países 
acataram os termos da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes 
Orgânicos Persistentes (POPs). Os estados que ratificaram a 
Convenção devem reduzir ou eliminar a liberação de poluentes 
orgânicos persistentes ao ambiente. As medidas tomadas até a hoje 
incluem o banimento global de alguns dos praguicidas clorados mais 
tóxicos e persistentes, mas, como as dioxinas não são produzidas 
intencionalmente, não podem ser banidas. Pelo contrário, a 
Convenção determina o uso de Melhores Práticas Ambientais e 
Melhor Tecnologia Disponível e o controle das dioxinas e outros 
POPs produzidos não intencionalmente. 
 
Isto inclui controles muito rigorosos das emissões de dioxinas por 
incineradores. Nenhum dos incineradores de pequena escala, que 
são comuns nos países de baixa renda, é capaz de atender a esses 
critérios. Embora todos os incineradores produzam dioxinas, o 
problema é mais grave quando se queima PVC. Por causa disso, o 
governo da Índia proíbe a incineração de resíduos de serviços de 
saúde com PVC e a Organização Mundial da Saúde recomenda evitar 
o uso do PVC, para reduzir o problema. Em última instância, a única 
forma de eliminar por completo o problema da emissão de dioxinas a 
partir da incineração de resíduos de serviços de saúde é por meio do 
uso de tecnologias alternativas à incineração. 
 
SSD é o principal colaborador em um projeto realizado em oito países 
destinado a facilitar a implementação da Convenção de Estocolmo. 
Financiado pelo Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF - Global 
Environment Facility) e administrado pelo Programa das Nações 
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o projeto reduzirá a 
emissão de mercúrio e dioxinas ao ambiente por parte das unidades 
de saúde. 
As dioxinas e furanos são uma classe de compostos 
químicos amplamente reconhecidos como algumas das substâncias 
mais tóxicas produzidas pelo homem. Frequentemente reconhecidas 
apenas como dioxinas, as dioxinas e furanos não tem utilidade 
própria e são produzidos como produtos secundários indesejados de 
processos industriais como a fabricação do PVC, a produção de 
agrotóxicos, a incineração, o branqueamento de papel e da polpa da 
celulose com cloro e a fusão e reciclagem de metais. 
Uma vez lançadas no ambiente, as dioxinas se mostram 
altamente estáveis podendo se alastrar por grandes distâncias, ao 
serem incorporadas nos organismos vivos elas se acumulam e 
apresentam um alto nível de magnificação trófica. Nos animais a sua 
atuação é mais evidente, pode ser observada em vários tecidos, até 
mesmo no sangue e no leite materno. Um de seus efeitos mais 
evidentes se dá durante o desenvolvimento fetal acarretando em 
deformações físicas e funcionais dos indivíduos, além de ser uma 
substância altamente cancerígena. 
A exposição humana a altos níveis de dioxinas/furanos por 
curto prazo pode resultar em lesões na pele, como cloracne, e 
alterações no fígado. A exposição crônica às dioxinas é associada a 
danos aos sistemas imunológico, nervoso, endócrino e funções 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
11 
 
reprodutivas. Estudos com crianças indicaram atraso no 
neurodesenvolvimento e efeitos neurocomportamentais, incluindo 
hipotonia neonatal. 
 
As dioxinas são sempre subprodutosindesejáveis, que 
nunca se produzem intencionalmente, elas provêm essencialmente 
de processos químicos industriais e processos térmicos (de 
combustão) especialmente quando estão envolvidas temperaturas 
baixas, entre 250º- 350ºC, que favorecem a sua formação. Se a 
produção de compostos relacionados com as dioxinas é praticamente 
impossível de evitar, a sua redução é possível. 
Evitar a exposição a este compostos não é fácil devido à 
sua ubiquidade mas alguns cuidados podem ser tomados para 
diminuir o risco. Particularmente em relação às crianças, deve evitar-
se que brinquem em solos próximos a fontes emissoras e/ou 
contaminados em níveis elevados e que coloquem brinquedos sujos 
na boca. Toda a população deve lavar frequentemente as mãos se 
está perto de fontes emissoras. 
A exposição humana a dioxinas tem a ver, essencialmente, 
com a ingestão de alimentos contaminados. Uma vez que as dioxinas 
são lipossolúveis e muito pouco susceptíveis à degradação, elas 
acumulam-se no topo da cadeia alimentar e especialmente nos 
alimentos mais ricos em gorduras, sendo que a carne de vaca 
assume particular relevância. 
 
 
b) HIDROCARBONETOS 
HALOGENADOS 
Os hidrocarbonetos halogenados aromáticos policíclicos pertencem 
aos principais grupos de poluentes ambientais que podem ser 
encontrados nas águas. Classificados pela Organização Mundial da 
Saúde como mutagénicos e cancerígenos, estes contaminantes são 
suscetíveis de causarem aos seres humanos, quando exposto a 
longos períodos de tempo a estes agentes, variados tipos de cancro 
da pele, pulmão, bexiga e estômago. 
 
A contaminação de águas superficiais com HAPs pode resultar de 
descargas de efluentes industriais e urbanos e/ou da deposição de 
compostos existentes na atmosfera. No último caso embora os HAPs 
possam ter origem em gases de exaustão automóvel ou outras fontes 
de poluição, a principal fonte são os compostos libertados durante os 
incêndios. 
 
Tipo de poluentes conservativos, que são bioacumulativos 
e biomagnificativos. 
Ao contrário dos metais, os hidrocarbonetos halogenados, 
na sua maioria, não ocorrem naturalmente e abrangem uma vasta 
gama de compostos. Entre eles, destacam-se os compostos de baixo 
peso molecular (voláteis), que são produzidos em grandes 
quantidades como os solventes e os CFCs (Cloro-fluor-carbonos); os 
pesticidas e os PCBs (bifenilas policloradas). 
 Os solventes, geralmente utilizados na indústria 
têxtil, não são considerados como prioridade, pois não são 
acumulativos nos organismos marinhos. Os CFC’s, por sua vez, 
causam a depreciação da camada de ozônio da atmosfera, e por isso, 
estão sendo paulatinamente extintos. 
Os pesticidas ( DDT - dicloro-difenil-tricloroetano, Aldrin, 
entre outros ) e os PCBs, são compostos de alto peso molecular 
utilizados, principalmente, na agricultura. São introduzidos ao mar via 
aérea ou fluvial, e por isso podem ser distribuídos pelo mundo todo. 
Extremamente insolúveis em água, mas solúveis em gorduras, sendo 
por isso transmitido às cadeias alimentares dos organismos com 
concentração crescente cada vez que um animal mais alto na cadeia 
devora um mais baixo, como ocorre com os BCP’s ( Skinner & 
Turekian, 1977 ). O DDT não é encontrado no fitoplâncton, , devendo 
portanto, entrar na cadeia alimentar como partículas independentes. 
 Devido ao fato do DDT ser virtualmente insolúvel 
em água, mas racamente solúvel em gorduras e óleos, sugere que 
ele sseja incorporado aos glóbulos de petróleo na superfície do 
oceano e que entre na cadeia alimentar que ingerem esses diminutos 
glóbulos( Skinner & Turekian, 1977 ). 
 O suprimento crescente de DDT nos oceanos, 
sugere uma diminuição no seu uso, mas o que vemos é que ainda há 
uma dependência principalmente dos não-desenvolvidos em seu uso 
como controladores de diversos insetos, como causadores de 
malária, devendo-se então analisar o que realmente é necessário 
combater neste momento. 
Os BCP’s são utilizados principalmente nos sistemas de 
transferência de calor, tais como tranformadores, embora tenha sido 
utilizado também comoplastificadores, apresenta um tempo de 
residência muito longo, sendo aumentada conforme o seu uso na 
cadeia alimentar, como não apresenta relação entre seu uso e o 
controle de pragas ( doenças e agriculturaas ), seu uso não se mostra 
necessário, saendo até um poluente mais destrutivo do que o DDT. 
 
SAÚDE E MEIO AMBIENTE 
A saúde humana e o bem-estar estão intimamente ligados à 
qualidade ambiental. De acordo com a Organização Mundial de 
Saúde (OMS), 24% dos anos de vida perdidos por incapacidade e 
23% das mortes prematuras em todo o mundo são atribuíveis à 
exposição a riscos ambientais e ocupacionais evitáveis. 
 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
12 
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 25% da carga 
de doenças se relaciona aos fatores ambientais, com variações 
quanto ao perfil de cada país (OMS, 2003). 
 
A Divisão de Doenças Ocasionadas pelo Meio Ambiente (DOMA), do 
Centro de Vigilância Epidemiológica, tem como missão a vigilância 
de populações expostas ou potencialmente expostas a 
contaminantes ambientais, e sempre teve especial preocupação 
quanto à promoção e à prevenção da saú- de da população no que 
tange aos agravos ambientais. Desde a sua criação, a DOMA vem 
procurando atuar de forma a garantir os princípios do Sistema Único 
de Saúde (SUS). 
 
Os riscos ambientais, porém, não são igualmente distribuídos na 
sociedade. Apesar dos países da Região das Américas terem 
avançado muito nesta área, as iniquidades em saúde entre diferentes 
grupos populacionais persistem e, às vezes, se ampliam, o que indica 
a necessidade de revitalizar a agenda de saúde ambiental7 . Por isso 
é necessário conhecer os problemas em toda a sua extensão, 
atuando em seu conjunto por meio de um marco legal adequado, mas 
também em cada nível de complexidade do sistema, até em uma 
comunidade onde atua uma equipe de saúde da família ou um serviço 
de atenção primária à saúde. 
 
Os principais elementos para uma estratégia de saúde ambiental 
sustentável são o fortalecimento da governabilidade, a gestão de 
promoção da saúde e da atenção primária ambiental, a abordagem 
universal com foco em populações em situação de vulnerabilidade, o 
desenvolvimento de planos de ação para áreas específicas, o uso de 
evidência científica para o desenvolvimento de competências em 
saúde ambiental e um plano de gestão do conhecimento. Atuar em 
saúde ambiental é reduzir a carga de doenças evitáveis e mortes 
precoces que acarretam sofrimento e geram demandas crescentes 
dos serviços de saúde. Melhorar os indicadores de saúde é contribuir 
para a agenda de desenvolvimento sustentável acordada pelos 
países na Conferência Rio+208 , que afirma que saúde não só é parte 
constituinte do desenvolvimento sustentável, como também é produto 
do mesmo. 
 
A responsabilidade pela saúde da população, entretanto, é tarefa 
compartilhada com toda a sociedade e, necessariamente, inter e 
intrassetorial, não é tarefa isolada do setor saúde. 
 
O modelo de desenvolvimento não sustentável gera danos 
ambientais e sociais, pois ao considerar apenas o crescimento 
econômico como sinônimo de progresso desconsidera outras 
necessidades da vida humana e de outras espécies do planeta, 
trazendo como consequências a contaminação e a poluição 
ambiental resultantes de crescente impacto nos ecossistemas e na 
exposição humana às substâncias químicas, o aumento dos 
desastres e ameaças decorrentes dos fenômenos ambientais de 
escala global, como o aquecimento global, gerado pelas mudançasclimáticas. Fenômeno este gerador de iniquidade social. 
 
A Lei Orgânica do SUS aprovada em 1990 trouxe a definição de meio 
ambiente como um dos fatores determinantes e condicionantes da 
saúde e conferiu à saúde pública promover ações que visem garantir 
às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e 
social. 
 
Coube à Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a iniciativa 
de realizar, em 1995, a Conferência Pan-Americana de Saúde e 
Ambiente e Desenvolvimento (COPASAD), quando foram 
estabelecidas as bases estraté- gicas, pelos países-membros, de 
criar suas iniciativas entre saúde e ambiente. 
 
Neste cenário, e na perspectiva de ajudar a proteger a saúde dos 
impactos ambientais, no fim da década 1990, começou-se a 
estruturar, no âmbito do Ministério da Saúde, a vigilância em saúde 
ambiental, por meio da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde 
Ambiental (CGVAM), integrante da Vigilância em Saúde. A Vigilância 
em Saúde Ambiental* é definida como um conjunto de ações que 
propiciam o conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores 
determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na 
saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de 
prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às 
doenças ou a outros agravos à saúde. 
 
Em 2003, o Decreto nº 4.726 reestrutura o Ministério da Saúde, o qual 
cria a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), que passou a ter 
como uma de suas competências a gestão do Subsistema Nacional 
de Vigilância em Saúde Ambiental (SINVSA), compartilhada com os 
Estados, Municípios e o Distrito Federal em articulação com fóruns 
intra e intersetoriais e o controle social, para atuar de forma integrada 
com as vigilâncias sanitária, epidemiológica e da saúde do 
trabalhador. 
 
Naquela atualização das competências da Vigilância em Saúde 
Ambiental, foram estabelecidas as áreas de concentração do 
SINVSA: água para consumo humano; poluição do ar; solos 
contaminados; contaminantes ambientais e substâncias químicas; 
desastres naturais; acidentes com produtos perigosos; fatores físicos; 
e ambiente de trabalho. Além disso, foram incluídos procedimentos 
de vigilância das doenças e agravos decorrentes da exposição 
humana a agrotóxicos, benzeno, chumbo, amianto e mercúrio. 
 
Destacam-se, portanto, dentre os principais objetivos da Vigilância 
em Saúde Ambiental, a produção e interpretação de informações, 
visando disponibilizar ao SUS instrumentos para o planejamento e 
execução de ações relativas às atividades de promoção da saúde e 
de prevenção e controle de agravos relacionados a fatores 
ambientais. 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
13 
 
 
O Caderno de Vigilância Epidemiológica em Saúde Ambiental será 
de grande utilidade para os profissionais de saúde do SUS que se 
defrontam no dia a dia com situações -problema de saúde 
relacionados ao meio ambiente degradado. Estes exigem a 
organização de informações sobre a gravidade e intensidade dos 
impactos na saúde, para a tomada de decisão em benefício das 
populações implicadas nas múltiplas situações que potencialmente 
poderão ser observadas no Estado de São Paulo. O caderno é uma 
inquestionável contribuição para o fortalecimento da vigilância em 
saúde ambiental no País. 
 
O desenvolvimento de ferramentas epidemiológicas para a 
investigação das doenças e agravos relacionados ao meio ambiente 
é fundamental para a adoção de medidas de controle após 
exposições ambientais de risco para a saúde humana. Os estudos de 
casos exemplificam situações concretas vivenciadas pelas equipes 
da Divisão de Doenças Ocasionadas pelo Meio Ambiente, dos 
Grupos de Vigilância Epidemiológica e das vigilâncias municipais. 
 
“A Saúde Ambiental é uma área eminentemente interdisciplinar, 
sendo a Epidemiologia a disciplina que busca colocar o ser humano 
no centro de suas preocupações, principalmente através da busca de 
nexos e novas relações entre o habitat e as condições de vida e 
saúde. O uso das informações geradas pela Epidemiologia 
orientando ações de controle é o que faz da Vigilância Epidemiológica 
em Saúde Ambiental a necessária novidade na estruturação da 
atenção integral à saúde”. 
 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
 
A Vigilância Epidemiológica tem ampliado seu escopo – nas últimas 
décadas – para além das já tradicionais doenças transmissíveis e 
imunopreveníveis, englobando ações de prevenção e controle da 
população exposta a fatores de risco, ou seja, para as doenças 
crônicas não transmissíveis, para a violência em suas diversas 
formas, para as intoxicações exógenas em geral, para os acidentes 
e doenças do trabalho e, mais recentemente, para as populações 
expostas aos fatores de risco ambientais que impactam a saúde 
humana. As ações a serem desenvolvidas para a elucidação dos 
casos e/ou para que se possa avaliar o risco a que a população está 
sujeita, devem incluir dados de saúde e de meio ambiente. A 
vigilância epidemiológica congrega dados epidemiológicos e 
costuma-se dizer que a Vigilância Epidemiológica é o braço 
operacional da Epidemiologia, visualizada especialmente nos 
serviços locais, contribuindo no direcionamento das ações de 
prevenção e controle de saúde. 
 
Na atuação da Vigilância Epidemiológica em Saúde Ambiental em 
qualquer nível, seja ele central, seja regional, seja local, é importante 
o trabalho em equipe multiprofissional e, sempre que necessário, 
interinstitucional, muitas vezes necessitando também da colaboração 
da universidade. Essa equipe deve desenvolver ações articuladas 
intra e extra SUS, além de considerar a necessá- ria utilização de 
vários instrumentos e métodos para auxiliar o conhecimento, a 
detecção e o controle dos fatores ambientais de risco, e as doenças 
ou agravos à saúde da população exposta. 
 
Na atuação da Vigilância Epidemiológica em Saúde Ambiental em 
qualquer nível, seja ele central, seja regional, seja local, é importante 
o trabalho em equipe multiprofissional e, sempre que necessário, 
interinstitucional, muitas vezes necessitando também da colaboração 
da universidade. Essa equipe deve desenvolver ações articuladas 
intra e extra SUS, além de considerar a necessá- ria utilização de 
vários instrumentos e métodos para auxiliar o conhecimento, a 
detecção e o controle dos fatores ambientais de risco, e as doenças 
ou agravos à saúde da população exposta. 
 
A Vigilância Epidemiológica em Saúde Ambiental deve considerar: 
 
1. Vigilância do risco: busca a identificação e caracterização dos 
riscos à saúde relacionados aos fatores ambientais presentes no ar, 
no solo, na água e/ou na cadeia alimentar 
(substâncias/contaminantes de interesse e suas vias/ rotas de 
exposição). As ações de vigilância do risco são realizadas com o 
concurso de outras áreas/setores da saúde e de outras instituições. 
 
2. Vigilância da exposição: consiste no monitoramento dos fatores 
ambientais de risco presentes no ar, no solo, na água e/ou na cadeia 
alimentar e na avaliação sistemática da intensidade e duração da 
exposição humana a esses fatores; a vigilância da exposição é 
realizada a partir da existência de população exposta (residentes, 
trabalhadores, ...) em áreas com a presença de contaminantes 
ambientais em concentrações acima dos valores permitidos. 
 
3. Vigilância dos efeitos: realizada mediante investigação 
epidemioló- gica da ocorrência de agravos à saúde humana e 
acompanhamento dessa população a curto, médio e longo prazo. Via 
de regra é necessário estruturar/capacitar os serviços de saúde para 
o levantamento das informações existentes sobre os agravos,diagnóstico precoce, acompanhamento e prevenção/correção de 
incapacidades. A vigilância epidemiológica em saúde ambiental tem 
como atribuição o conhecimento da situação de saúde relacionada 
ao ambiente, a partir da aná- lise da morbidade e da mortalidade da 
população em uma localidade/região, e suas características de 
pessoa, lugar e tempo. Um dos instrumentos de sistematização de 
informações em saúde é o banco de dados DATASUS, que pode ser 
acessado via internet no sítio http:// 
tabnet.datasus.gov.br/tabnet/tabnet.htm ou site do datasus. 
 
A partir das informações de mortalidade e de morbidade (dados 
secundários), é possível calcular taxas de mortes e doenças e 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
14 
 
conhecer o perfil epidemiológico da população que está sendo 
investigada. Muitas vezes é necessário um maior grau de 
desagregação de dados, por exemplo, o setor censitário (IBGE) e/ou 
aplicação de um inquérito epidemiológico para a coleta de dados 
primários na investigação de possível exposição da população aos 
contaminantes do ar, água e solo, no presente. É interessante 
também a plotagem dos dados no mapa por técnicas de 
geoprocessamento para a análise espacial da população sob 
investigação epidemiológica. 
 
É igualmente importante e desejável que pelo menos um técnico de 
vigilância epidemiológica tenha experiência em saúde pública, 
territorialização de dados e investigação epidemiológica de campo 
em geral, bem como noções de manipulação dos bancos de dados 
oficiais – SINAN, SIH, SIM, SINASC, todos disponíveis on-line. 
 
A vigilância epidemiológica em saúde ambiental deve buscar uma 
abordagem sistêmica e interdisciplinar dos problemas de saúde e de 
seus riscos, consolidando um modelo operacional na rede de 
serviços que gere integração com as demais vigilâncias na 
construção de ambientes saudáveis. Atividades de cunho educativo 
em torno da questão ambiental devem ser desenvolvidas, 
contribuindo para a organização dos moradores quanto aos seus 
problemas e fortalecendo a gestão territorial participativa. 
 
Toda a atividade humana gera impacto ambiental em maior ou menor 
escala, provocando incertezas nas comunidades, principalmente as 
mais vulnerá- veis. 
 
O governo (União, Estados e Municípios) deve considerar, 
prioritariamente, as mais danosas – seja ao meio ambiente, seja à 
saúde. Casos de contaminação de trabalhadores e de seus familiares 
por agrotóxicos revelam-se, após certo período, cancerígenos e 
disruptores endócrinos. Problemas de origem química nos grandes 
aglomerados populacionais urbanos manifestam-se no processo 
produtivo em pequenas, médias e grandes indústrias, ou, mais 
especificamente, acidentes com navios petroleiros e em plataformas 
de extração de petróleo, marítimas e continentais, o que resulta em 
catástrofes ambientais e humanas de grande magnitude. Esses 
cenários salientam a importância e a necessidade de se tratar a 
questão da segurança química como forma prioritária de política 
pública de promoção à saúde da população e de proteção ao meio 
ambiente. 
 
Ao detectar uma área contaminada por substâncias químicas (por 
notificação de órgãos da saúde, órgãos do meio ambiente, do 
Ministério Público, pela mídia ou qualquer outro meio) em que haja 
população que, de uma forma ou de outra, possa ter tido contato com 
esses poluentes no passado, no presente ou no futuro (população 
potencialmente exposta), a Vigilância Epidemiológica local e/ou 
regional ou central, se necessário, deve realizar as ações e 
procedimentos para a prevenção e o controle dos agravos à saúde. 
 
A partir da notificação da área contaminada ou da busca ativa no site 
da CETESB, a VE municipal/regional deve iniciar a investigação 
epidemiológica, buscando levantar todas as informações existentes 
com o propósito de identificar os possíveis efeitos na saúde da 
população exposta aos poluentes da área. 
 
Os fundamentos básicos de qualquer investigação epidemiológica 
devem ser aplicados, descrevendo-se, o mais detalhadamente 
possível, aspectos da população residente ou do entorno da área 
(pessoa), aspectos físicos da área (lugar) e aspectos temporais 
(tempo). Qualquer informação que chegue ao setor saúde, mesmo 
não proveniente de órgãos oficiais, é importante e deve ser 
investigada, seja informação de moradores, seja da imprensa, seja 
de outras fontes. 
 
Exames laboratoriais gerais e específicos (urina, sangue e outros) 
importantes para caracterizar a exposição e efeitos, quando possível. 
Testes biomé- dicos podem mostrar a exposição atual ou passada 
(por metabólitos ou certas alterações enzimáticas) a um 
contaminante. 
 
PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO 
Antes de entrarmos na definição de Prevenção da Poluição, 
vamos definir simplesmente Poluição. Entende-se por poluição 
a introdução, direta ou indiretamente de substâncias ou energia 
no ambiente, pela ação dos seres humanos, provocando um 
efeito ou impacto negativo ao seu equilíbrio, causando assim 
prejuízo ao meio ambiente e/ou à saúde humana. São diversos 
os tipos de Poluição que o homem pode produzir, dentre elas, 
as principais são: 
 Poluição atmosférica ou do ar; 
 Poluição hídrica ou das águas; 
 Poluição do solo; 
 Poluição sonora; 
 Poluição visual; 
 Poluição térmica; 
 Poluição luminosa entre outras. 
Prevenção da Poluição fica então definida como sendo o ato ou 
efeito de evitar ou tentar evitar que a ação do homem venha a 
causar prejuízo ao meio ambiente ou à saúde do homem. 
Em um Sistema de Gestão Ambiental, a Prevenção da Poluição 
pode ser feita de diversas maneiras, dentre elas: 
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 Redução de fontes poluidoras; 
 Eliminação de fontes poluidoras; 
 Alteração de processos; 
 Alteração de produtos; 
 Alteração de serviços; 
 Uso eficiente de recursos; 
 Uso eficiente de materiais; 
 Uso eficiente de energia; 
 Substituição de energia; 
 Reutilização; 
 Recuperação; 
 Reciclagem; 
 Regeneração e 
 Tratamento. 
Veja como a NBR ISO 14001:2004 define o termo Prevenção da 
Poluição: 
Uso de processos, práticas, técnicas, materiais, produtos, 
serviços ou energia para evitar, reduzir ou controlar (de forma 
separada ou combinada) a geração, emissão ou descarga de 
qualquer tipo de poluente ou rejeito, para reduzir os impactos 
ambientais adversos. 
Nota – A prevenção da poluição pode incluir redução ou 
eliminação de fontes de poluição, alterações de processo, 
produto ou serviço, uso eficiente de recursos, materiais e 
substituição de energia, reutilização, recuperação, reciclagem, 
regeneração e tratamento. 
 
“Qualquer ação que reduza ou elimine a geração de poluentes ou 
resíduos na fonte, realizada através de atividades que comprovem, 
encorajem ou exijam mudanças nos padrões de comportamento 
industrial, comercial e geradores institucionais ou individuais.” 
(SENAI, 1998). 
 
Segundo Prestrelo et al. (2000), a lei americana de Prevenção da 
Poluição de 1990 (Pollution Prevention Act 1990) defi ne a Prevenção 
da Poluição (P2) como: “quaisquer práticas, uso de materiais, 
processos que eliminem ou reduzam a quantidade e/ou toxicidade de 
poluentes, substâncias perigosas ou contaminantes em sua fonte de 
geração, prioritariamente à reciclagem, tratamento ou disposição final 
(...)”. 
 
Segundo o CNTL*1 (2000), a Prevenção da Poluição inclui práticas 
que eliminem ou reduzam o uso de materiais (nocivos ou 
inofensivos), energia, água ou outros recursos, bem como privilegiem 
aqueles procedimentos que protegem os recursos naturais através 
da conservaçãoe do uso mais eficiente. 
 
 
 
Nível 1 – quando são priorizadas medidas para resolver o problema 
na fonte que consideram para tal, modifi cações tanto no próprio 
produto (projeto ecológico, ou ecodesign) como no processo de 
produção (uso cuidadoso de matérias-primas e com o processo, 
incluindo mudanças organizacionais, substituição de matérias-
primas/insumos tóxicas por outras menos agressivas e modifi cações 
tecnológicas com adoção de tecnologias limpas). 
 
Nível 2 (reciclagem interna) – quando não é possível evitar os 
resíduos com a ajuda das medidas classifi cadas como de nível 1, 
estes podem ser reintegrados ao processo de produção da empresa: 
dentro do próprio processo original de produção, em outro processo, 
ou através da recuperação parcial de uma substância residual. 
 
Nível 3 (reciclagem de resíduos e emissões fora da empresa) – 
através de reciclagem externa ou de uma reintegração ao ciclo 
biogênico (por exemplo, compostagem). 
 
Conhecida como P2 pela Gestão Ambiental, Prevenção da Poluição 
atua sobre produtos e processos produtivos para minimizar a geração 
de resíduos, diminuir a poluição através de mecanismos, máquinas e 
equipamentos eficientes, poupa matéria-prima e energia em todas as 
fases dos processos. 
Gera uma produção mais eficiente, adição de tecnologias adequadas, 
treinamento, conscientização, mas para isso requer mudanças de 
comportamento, em processos produtivos e produtos, ou seja, 
quebrar paradigmas e aceitar que as mudanças são necessárias. 
O objetivo é reduzir a poluição na fonte, isto é, antes que eles sejam 
produzidos e lançados no meio ambiente em suas formas sólidas, 
líquidas e gasosas. Os rejeitos que sobram, pois nenhum processo é 
cento por cento eficiente, são captados, tratados e dispostos por meio 
de tecnologias de controle da poluição do tipo end-of-pipe. 
Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 
 
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End-of-pipe é uma tecnologia utilizada para o tratamento e o controle 
dos resíduos no final do processo produtivo, conhecido como fim-de-
tubo. 
A Prevenção à Poluição aumenta a produtividade da empresa, pois a 
redução de poluentes na fonte significa poupar recursos e matéria-
prima, impactos significativos – gerando menos multa para empresa 
– gastos com grandes desperdícios e incide menos acidentes 
ambientais e doenças ocupacionais originadas de matérias tóxicas. 
A empresa é beneficiada com redução de custos, caracteriza de 
maneira mais eficiente seus resíduos gerados e sua disposição final, 
reduz problemas com passivos ambientais, melhora as condições de 
trabalho e a imagem da empresa. 
A Prevenção da Poluição combina duas preocupações ambientais 
básicas: uso sustentável dos recursos e controle da poluição. 
Os instrumentos típicos para o uso sustentável dos recursos podem 
ser sintetizados através de algumas ferramentas, tais como: O 
Princípio dos 3 R´s, Reduzir, Reutilizar e Reciclar, que proporciona a 
condição de evitar a poluição, reduzir de maneira significativa e 
destinar de forma correta o resíduo gerado. Outra ferramenta da 
qualidade é a aplicação dos 5S´s Seiri - Senso de Utilização, Seiton 
– Senso de Arrumação, Seiso – Senso de Limpeza, Seiketsu – Senso 
de Saúde e Higiene e Shitsuke – Senso de Auto-Disciplina, que são 
conceitos também aplicáveis ao uso sustentável do recurso natural, 
pois possibilita a avaliação de como esta o patamar da utilização do 
insumo no processo produtivo, senso de ordem ou arrumação que 
evita o desperdício da matéria –prima, pois utiliza apenas o 
necessário, a higiene também é um fator fundamental para a 
qualidade do produtivo e a disciplina ou comprometimento de 
produzir com todos os padrões de qualidade. 
Esses princípios também auxiliam no controle da poluição de maneira 
eficaz e eficiente, com a participação de uma série de documentos 
que caracterizam o resíduo, possibilita a realização de um inventário 
de emissões, entre outros que registram o controle desses 
processos. 
Modificar equipamentos, substituir materiais, conservar energia, 
reusar e reciclar resíduos internamente, estabelecer planos de 
manutenção preventiva, rever a gestão de estoques estão entre as 
práticas administrativas e operacionais de prevenção da poluição. 
Agora que você já conhece essas modalidades de preservação 
ambiental, evitando ao máximo a poluição, procure mais 
conhecimento de reestruture ao molde do segmento da empresa a 
qual trabalha, ou mesmo, utilize em casa e promova essa ideia junto 
aos colaboradores e conhecidos. 
 
 
CONTAMINAÇÃO DOS LENÇÓIS FREÁTICOS 
Os técnicos chamam de "causas antrópicas", quando as atividades 
humanas é que provocam a contaminação das águas subterrâneas. 
São 
diversas as formas de contaminação, envolvendo desde organismos 
patogênicos, até elementos químicos como os metais pesados - caso 
do 
mercúrio - e moléculas orgânicas e inorgânicas. 
 
Todavia, conforme assinala o geólogo Luiz Amore, consultor técnico 
da OEA e da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio 
Ambiente, a possibilidade dos contaminantes atingirem os poços 
perfurados vai depender das características dos aqüíferos, 
particularmente as estruturas geológicas, a permeabilidade do solo, 
a transmissividade etc. 
 
Amore sustenta que várias fontes poluidoras já foram estudadas, e 
alguns casos são clássicos, "que longe de serem fenômenos 
isolados podem estar ocorrendo em diversas regiões do país e com 
intensidades diversas, infelizmente ainda pouco conhecidas". 
 
Os maiores focos de poluição dos lençóis freáticos: 
 
1 - Lixos e cemitérios 
As águas subterrâneas localizadas nas proximidades dos grandes 
lixões registram a presença de bactérias do grupo coliformes totais, 
fecais e estreptococos. Segundo o professor Alberto Pacheco, do 
CEPAS, são componentes orgânicos oriundos do chorume, que 
são substâncias sulfloradas, nitrogenadas e cloradas, com elevado 
teor de metais pesados, que fluem do lixo, se infiltram na terra e 
chegam aos aqüíferos. 
 
As águas subterrâneas situadas nas vizinhanças dos cemitérios 
são ainda mais atacadas. O professor Alberto Pacheco cita o 
exemplo dos cemitérios municipais de São Paulo. Águas coletadas 
nas suas proximidades revelaram a presença de índices elevados de 
coliformes fecais, estreptococos fecais, bactérias de diversas 
categorias, Salmonella, elevados teores de nitratos e metais como 
alumínio, cromo, cádmio, manganês, bário e chumbo. 
 
Os cemitérios, que recebem continuamente milhares de corpos que 
se decompõem com o tempo, são autênticos fornecedores de 
contaminantes de largo espectro das águas subterrâneas das 
proximidades. Águas que, via de regra, são consumidas pelas 
populações da periferia. 
 
2 - Postos e fossas 
Estudo de autoria do professor Aldo da Cunha Rebouças, t ambém 
da equipe do CEPAS, mostra a contaminação oriunda do vazamento 
de tanques de armazenamento subterrâneo de gasolina em poços 
de abastecimento de água em residências vizinhas. A água 
recolhida desses poços revelou elevados teores de benzeno e 
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demais compostos orgânicos presentes na gasolina, como tolueno, 
xileno, etilbenzeno, C benzeno e naftaleno. 
 
O professor adverte para o fato de que a combustão da gasolina é 
auto detonante a 400 ppm (partes por milhão). Se esse combustível 
se infiltrar em redes de esgoto e túneis de obras de engenharia, 
haverá risco real de explosões de grandes proporções. 
 
A presença das fossas na condição de contaminantes dos aqüíferos 
foi estudada no Vale do Paraíba do Sul, em São Paulo, peloprofessor Uriel Duarte, da equipe do CEPAS, e em São Luís, no 
Maranhão, pelo professor Waldir Duarte da Costa, da Universidade 
Federal de Pernambuco. 
 
Eles concluíram que a construção e operação de poços de 
abastecimento d'água, próximos a fossas em zonas urbanas e 
ruraiss, pode levar à contaminação da água por patogênicos gerais 
e substâncias orgânicas diversas, transmitindo doenças a quem 
utiliza e consome a água. 
 
 
Preocupada com o problema, a Organização Panamericana de 
Saúde - OPAS - recomenda que essas fossas devem ser construídas 
a uma distância mínima de 20 metros, ou ainda mais, dependendo 
das condições intrínsecas do aqüífero, em especial a permeabilidade 
do terreno. 
 
 
Ocorre que essa recomendação dificilmente é levada em conta, 
especialmente na periferia das grandes cidades, onde o 
favelamento reduz o espaço útil dos quintais dos casebres, levando 
seus habitantes a construírem a fossa e cavarem o poçopraticamente 
lado a lado. 
 
 
3 - Agrotóxicos e fertilizantes 
Resíduos de agrotóxicos foram encontrados em animais domésticos 
e seres humanos que utilizaram águas subterrâneas contaminadas 
por agrotóxicos em Campinas, São Paulo. 
 
O professor Ricardo Hirata, da equipe do CEPAS, autor da 
descoberta, diz que a contaminação resultou tanto de substâncias 
aplicadas incorretamente na plantação, como oriunda de embalagens 
enterradas com resíduos de defensivos agrícolas. Em ambos os 
casos houve a infiltração e o acesso dos agrotóxicos aos aqüíferos. 
 
O uso indevido de fertilizantes também afeta as águas 
subterrâneas. Segundo o professor Aldo Rebouças, substâncias 
fosforadas e nitrogenadas, que provocam a doença azul em crianças, 
podem acessar os sistemas aqüíferos, com a desvantagem de que 
são de difícil remoção. 
 
Na região de Novo Horizonte, em São Paulo, centro produtor de 
cana de açúcar, a aplicação de vinhaça resultante da destilação do 
álcool, como fertilizante, provocou a elevação do pH (índice de 
acidez)e conseqüente remoção do alumínio e ferro do solo, que 
foram se misturar às águas subterrâneas. 
 
Os aqüíferos também são contaminados pela disposição irregular 
de efluentes de curtumes no solo, fato observado pelo professor 
Nelson Elert nos centros produtores de calçados de Franca e 
Fernandópolis, em São Paulo. Segundo ele, os resíduos de curtume 
dispostos no solo provocam a entrada de Cromo 6 e de 
organoclorados, afetando a qualidade dos lençóis subterrâneos. 
 
4 - Rejeitos e aterros industriais 
As águas subterrâneas de Cubatão, em São Paulo, considerada a 
cidade mais poluída do Brasil, não podiam escapar à ação dos 
contaminantes. A técnica Dorothy Casarini, da Cetesb, a agência 
ambiental do governo paulista, diz que aterros não controlados por 
indústrias químicas da região resultaram em mortes e contaminação 
carcinogênica (através do câncer) inclusive no leite materno. 
 
No caso de Cubatão, o agente contaminante foi o Bifenilas 
Policloradas (PCB), cujos rejeitos, depositados no solo sem 
qualquer tratamento, se infiltraram e danificaram as águas 
subterrâneas. 
 
Em Minas Gerais, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e em 
Campinas, São Paulo, a proximidade de aterros 
industriais clandestinos está contaminando as águas por resíduos 
industriais ou pela presença de atividades mineradoras. 
 
Nos dois casos, o professor Paulo Scudino, da CETEC-MG, e a 
especialista Dorothy Casarini, da CETESB-SP, identificaram nas 
águas subterrâneas das duas regiões a presença de diversos metais 
pesados e hidrocarbonetos que, uma vez ingressando no corpo 
humano, lá ficam depositados para o resto da vida. 
 
 
5 - Rebaixamento do lençol freático 
Segundo o geólogo Luiz Amore, a exploração excessiva dos 
aqüíferos pode ocasionar não só o desperdício de água, mas, o que 
é pior, a contaminação dos postos de abastecimento por migração de 
águas situadas nas suas proximidades. 
 
Há, também, casos em que a devastação da cobertura vegetal em 
áreas de recarga dos aqüíferos resulta no rebaixamento do lençol das 
águas subterrâneas e conseqüente redução das disponibilidades 
hídricas da bacia. 
 
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O caso mais expressivo é o relatado pelo técnico pernambucano 
Waldir Duarte da Costa: o bombeamento excessivo de águas 
subterrâneas para o abastecimento público do elegante bairro de Boa 
Viagem, em Recife, resultou na infiltração de água do mar no sistema 
de água potável. 
 
Em Cubatão houve o mesmo fenômeno, resultante da utilização 
excessiva de águas subterrâneas para fins industriais. O lençol foi 
baixando até ser invadido por água salgada. 
 
Efeitos danosos da superexploração também foram registrados na 
barragem do Descoberto, em Águas Lindas, estado de Goiás. 
Segundo o professor Elói Campos, da Universidade de Brasília, 
alguns poços na área de recarga reduziram significativamente a 
disponibilidade hídrica, a ponto de secar poços à jusante da 
barragem.

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