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DIDÁTICA AULA 1 a 10

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DIDÁTICA 
 AULA 1 - Didática: Campo de Estudos e Práticas 
1 ) identificar a Didática como um campo de estudos e práticas; 
2) comparar as diferentes perspectivas teóricas que marcam o campo da 
Didática; 
3) analisar as tensões e perspectivas que se colocam no debate da Didática 
hoje; 
4) identificar os elementos e as dimensões da situação didática. 
 
O que é Educação? 
A educação nos acompanha por toda a vida. A todo o momento estamos 
aprendendo, ensinando, nos educando e participando da educação de 
alguém. 
Isso implica dizer que a educação: 
 É um processo social; 
 É resultado da interação entre os homens; 
 Envolve a transmissão, reelaboração e produção de saberes, 
valores,modos de sentir, agir e pensar. 
 
Assim, a educação é um processo que guarda múltiplas dimensões: 
pessoal, social, econômica, política, filosófica. Diz respeito a processos 
individuais de aprendizagem, a dinâmicas de grupos e culturas, a 
determinantes e estruturas de produção e poder, a concepções de 
mundo e de homem. 
 
Toda sociedade tem um projeto de desenvolvimento e, dentro dele, 
idealiza um papel para a educação. 
 
Educação: 
 
Politica ou projeto educacional conservador: Por exemplo, uma 
política ou um projeto educacional conservador tende a reproduzir a 
forma como a sociedade esta organizada.Tem como objetivo principal 
garantir que os sujeitos se tornem aptos a trabalhar pela continuidade 
desse sistema, gerando assim, harmonia social. 
 
Politica ou projeto educacional transformador: Por outro lado, uma 
política ou um projeto educacional transformador procura modificar a 
forma como a sociedade esta organizada.Neste caso, a educação 
objetiva promover a consciência critica dos sujeitos e incentivar a 
organização social.E assim,cada grupo social,dependendo de sua visão 
sobre a sociedade, irá defender ou rechaçar um modelo educativo. 
 
Embora o pensamento educacional venha se constituindo desde a 
antiguidade, a Didática surge como uma resposta aos desafios que se 
colocam para a educação com a emergência da escola. Nesse 
momento, a instrução popular é fundamental para a reforma religiosa, 
sendo necessário, portanto, encontrar um modo de normatizar a 
prática docente e racionalizar o ensino tornando-o mais eficiente. 
 
Conheça alguns dos pensadores que contribuíram de forma valiosa 
para a Didática. 
 
Comenius (1592-1670) 
 
Comenius é reconhecido como o pai da Didática Moderna e um dos 
maiores educadores do século XVII. Ele escreveu a Didáctica Magna, 
definida como “tratado da arte universal de ensinar tudo a todos”. 
 
Esse pensador comparava a arte de ensinar com o trabalho do 
jardineiro no cuidado das plantas – educadores devem semear na alma 
dos jovens boas lições e cuidar/regar para que floresçam. 
 
Inspirado nas proposições de Bacon, Comenius propunha um ensino do 
fácil para o mais difícil, das coisas às ideias, do particular para o geral, 
sem pressa. 
 
Herbart (1776-1847) 
 
Herbart propõe uma abordagem científica para a educação e funda 
as bases teóricas da Didática na Filosofia e na Psicologia. Para ele, a 
educação moral deveria desenvolver na alma da criança o 
desenvolvimento de uma inteligência e uma vontade adequadas. 
 
Herbart toma a experiência sensível como fonte de conhecimento, mas 
não a única, pois, “à medida que elementos primários são 
experimentados, os conhecimentos posteriores são adquiridos com 
base nos primeiros”, num processo cumulativo, onde o homem passa a 
formular representações acerca de sua experiência. 
 
Ele desenvolveu um método de cinco passos que o celebrizou: 
 
1º) recordar os conhecimentos já aprendidos; 
2º) apresentar o conhecimento novo (transmissão); 
3º) comparar o conhecimento novo com o velho (assimilação); 
4º) levar a generalização; 
5º) aplicação de exercícios. 
 
Ás proposições apresentadas anteriormente se opuseram a educadores 
que deslocavam a centralidade do ensino para a aprendizagem na 
abordagem dos processos pedagógicos. 
 
Dewey (1859- 1952) 
 
Dewey fazendo severa critica ao modelo tradicional da escola , 
baseado na transmissão/assimilação de conhecimentos propõe um 
modelo renovado. 
 
Modelo tradicional 
 
Pedagogia Tradicional 
Surge no momento de consolidação do capitalismo e da escola 
moderna como uma resposta aos processos de racionalização das 
instituições. 
 
Objetivo: exercitar a inteligência e formar o senso moral - preparar o 
intelectual. 
 
Conhecimentos: são tidos e passados como verdades absolutas, 
independentes da experiência. Sua apreensão se dá por mera 
memorização. 
 
Avaliação: é centrada no produto do trabalho. Uso de testes e provas. 
 
Relação professor-aluno: o aluno é visto como um receptor passivo, 
inserido em um mundo que irá conhecer pelo repasse de informações. 
O professor é tido como uma figura de autoridade, centro dos 
processos pedagógicos. A disciplina é utilizada como mecanismo de 
controle e garantia de que o conhecimento seja conseguido 
independente do interesse do aluno. 
 
Metodologia: aulas expositivas, atividades de repetição e 
memorização, exercícios, “lições de casa”. Privilégio do verbal, escrito e 
oral. 
 
Modelo renovado 
 
Pedagogia Renovada 
É a chamada Pedagogia Nova ou Escola Nova, origina-se em movimento 
pedagógico nos Estados Unidos e na Europa no final do século XIX, 
influenciando o Brasil por volta dos anos 1930. O movimento 
escolanovista criticou a “escola tradicional” e propôs uma “escola 
nova”, fundada nas novas ciências e em uma visão multidimensional do 
homem. 
 
Objetivo: desenvolver a inteligência, considerando seus determinantes 
biopsicossociais - formar o homem. 
 
Conhecimentos: são vistos como produtos da interação do homem 
com o mundo, compreendidos/aprendidos a partir da experiência 
vivida (aprendizagem significativa). 
 
Relação professor-aluno: o aluno é ativo, sujeito de seu processo de 
aprendizagem. O professor é um facilitador da aprendizagem do aluno. 
 
Método: ensino fundamentado na atividade do aluno - aprender 
experimentando, aprender a aprender (Pedagogia Ativa); conteúdos e 
atividades organizados em torno de projetos e adequados aos 
diferentes níveis de aprendizado, às necessidades e interesses dos 
alunos. 
 
Avaliação: centrada no processo de aprendizagem, múltiplos critérios e 
instrumentos, autoavaliação. 
 
Para Dewey , o ensino deve adequar-se aos diferentes níveis de 
aprendizado, ás necessidades e interesses dos alunos.O professor 
deverá organizar os conteúdos e atividades em torno de centros de 
interesse e criar situações-problema estimuladoras para provocar os 
sentidos e a inteligência dos alunos. 
 
Assim, em oposição a Herbert, ele propõe um método de cinco 
passos: 
 
1) Colocar os alunos em atividade ( experiência ); 
2) Definir uma problemática de estudos (problematização da 
experiência); 
3) Buscar informações e fazer observações ( coletar dados); 
4) Levantar sugestões para a solução do problema ( hipóteses); 
5) Testar as sugestões ( experimentação/verificação). 
 
Como você pôde perceber, até meados do século XX, a Didática 
oscilou entre dois modos de interpretar as situações de ensino-
aprendizagem. 
 
 Ênfase na aprendizagem, no sujeito que aprende, seduzido a aprender. 
 
 Ênfase no ensino, no método, “como caminho que leva do não saber ao 
saber, caminho formal descoberto pela razão humana”. (CASTRO, 
2009). 
 
Hoje, com as intensas transformações ocorridas nos processos 
sociais de produção e de difusão de informação,novas reflexões 
sobre o papel da educação e das organizações educacionais tomam 
cada vez mais espaço na vida social. Diferentes tendências 
doutrinárias e/ou teóricas desenvolvem concepções acerca dos 
processos ensino-aprendizagem. 
 
A partir de uma concepção crítica acerca dos processos educacionais, mais 
que uma visão universalizante sobre os processos ensino-aprendizagem, é 
preciso considerar os contextos onde eles se dão, as cotidianidades e 
sentidos que eles constroem. Assim, a Didática passa a ser vista como “Uma 
reflexão sistemática e busca de alternativas para os problemas da prática 
pedagógica”. (CANDAU, 2004). 
 
Concepção crítica 
Pedagogia Crítica 
Surge nos fins da década de 1950, em contraposição à escola que 
reproduz o sistema e as desigualdades sociais. Propõe uma educação 
como instrumento de libertação do homem e transformação da 
realidade/sociedade. 
 
Objetivo: preparar o aluno para participação ativa, consciente e 
crítica na sociedade – formar o cidadão. 
 
Conhecimentos: são construídos nas relações entre os homens, são 
culturais e históricos, sempre reavaliados frente à realidade social. 
 
Relação professor-aluno: é dialógica e democrática – os alunos e 
professores são vistos como sujeitos socioculturais que criam cultura 
no ato de conhecer. A prática pedagógica é vista como práxis - 
prática política. Assim, o professor é engajado, faz a mediação crítica 
entre a realidade, o conhecimento e os alunos. 
 
Método: parte de temas geradores extraídos da vida dos alunos, 
saber do próprio aluno; rodas de leitura, discussão/debate com 
vistas a desvelar contradições que engendram os processos de 
dominação. 
 
Avaliação: avaliação dialógica, mediadora, mais voltada para a 
reflexão dos processos pedagógicos do que para o desempenho dos 
alunos. 
 
Dentro da perspectiva crítica, é preciso que todo educador 
desenvolva uma visão contextualizada e multidimensional dos 
processos pedagógicos. Que desenvolva um senso crítico capaz de 
analisar os fins sociais e específicos das práticas pedagógicas, 
vivenciadas numa determinada cultura e sociedade a partir dos 
elementos que constituem a situação didática: os sujeitos (o 
professor, o aluno), os espaços, os saberes, as metodologias de 
ensino (os procedimentos e os recursos). 
 
Cultura e sociedade 
 
Situação didática = sujeitos + saberes+ metodologia+ espaços 
 
Na concepção crítica de educação, o trabalho do professor se 
desenvolve a partir de recursos, procedimentos e relações 
organizadas dentro da escola, visando à aprendizagem de um saber 
sistematizado pelo aluno. Mas, o trabalho pedagógico desenvolvido 
pela escola não possui um fim em si mesmo. 
 
Por meio do ato de ensinar , a escola concretiza finalidades 
educativas especificas no contexto da sociedade. ( CANDAU 2004) 
 
Por isso, é preciso considerar os diferentes elementos e dimensões 
que envolvem a situação didática. 
 
As diferentes dimensões 
 
Dimensão técnica: O processo ensino- aprendizagem é uma 
atividade internacional, com recursos , procedimentos e situações 
organizadas a partir de princípios filosóficos-pedagogicos e com 
determinados objetivos. 
 
Dimensão político-cultural: O processo ensino-aprendizagem 
acontece num determinado ambiente educacional e contexto 
histórico. 
 
Dimensão humana: O processo ensino-aprendizagem se realiza 
através da interação entre pessoas, com seus sentimentos e ideias, 
provocando afetos e conflitos. 
 
A condição para um professor assumir o papel de sujeito nos 
processos pedagógicos é: 
 
 Reconhecer que a pratica pedagógica não esta desvinculada da pratica 
social mais ampla; 
 Assumir um compromisso com a sua competência política e técnica, 
como sujeito que se coloca diante do mundo; 
 Encontra em si o que o mobiliza, o que provoca o seu desejo e sua 
alegria de ensinar; 
 Descobrir e dar forma a sua intencionalidade, a sua vontade; 
 Começar a se questionar e a procurar respostas aos desafios que a 
pratica pedagógica nos coloca todos os dias. 
Nessa disciplina, vamos refletir sobre essas questões. Provavelmente, nem 
todas as respostas serão encontradas, mas certamente, aprenderemos a 
fazer boas perguntas. 
 
 
 
 
AULA 2 - Os Espaços do Processo Ensino-Aprendizagem 
 conhecer os processos históricos de constituição da escola na 
modernidade; 
 compreender a dimensão pedagógica na análise das questões relativas 
aos espaços educacionais; 
 identificar a singularidade do espaço escolar, suas características, seus 
limites e possibilidades. 
 
No campo educativo, fala-se muito no “ensino”, em “conteúdos”, no 
“aluno”, nos “recursos didáticos”, mas você já pensou como o processo 
educativo inclui outras dimensões como, por exemplo, o contexto 
social, o espaço físico e, principalmente, os objetivos que esse processo 
educativo deverá ter? 
 
Pensar em um processo educacional significa ampliar o nosso campo 
de visão para incluir as diferentes formas e instâncias de socialização 
que estão presentes. 
As diferentes formas e instâncias de socialização que estão presentes 
Elas representam as formas como a sociedade imprime sobre os indivíduos 
os modos de vida dos grupos e comunidades onde esta inserido. Mas, 
também, diz sobre as formas como o individuo se apropria , recria ou mesmo 
produz suas formas particulares de inserção social.Exprime, portanto, as 
diferentes formas de interação entre o individuo e a sociedade.Constituem-
se, assim, em processo dialético, dinâmico,cheio de contradições, interditos , 
avanços e retrocessos. 
Os processos educacionais podem admitir diferentes formas. 
Podem ser intencionais ou não intencionais. “È intencional quando as 
condições educativas-objetivos, recursos, atividades-são previamente 
estabelecidas e arranjadas pelo grupo social.É não intencional quando não 
há preparação previa das condições que levem á educação “.o individuo a 
partir da própria convivência social, vai compartilhando modos de 
vida.(PILETTI,1995,P.114) 
Podem ser formais ou informais.Podem acontecer em espaços , 
organizações socialmente definidas para tal função, ou ocorrer em situações 
diferenciadas dentro ou não de espaços organizados para outros fins. 
Podem se dar no ambio de organizações publicas ou privadas.Ou seja, 
organizações mantidas pelo Estado,voltadas para o interesse comum , ou 
mantidas pelo interesse privado. 
Podem se desenvolver a partir da ação direta e/ou mediatizada. O contato 
pode ser estreito,pessoal,presencial entre os atores envolvidos ou a 
interação mediatizada por recursos tecnológicos a distancia. 
Podem envolver a participação de leigos e/ou profissionais .Podem envolver 
trabalhadores qualificados e contratados para atuar neste campo especifico, 
ou envolver pessoas despreparadas , embora muitas vezes bem 
intencionadas ou vocalizadas, sem nenhum vínculo de trabalho. 
Historicamente diferentes espaços sociais têm se especializado na gestão 
dos processos educacionais. 
A família e a comunidade são, desde os tempos mais remotos, os campos de 
socialização onde crianças e adolescentes têm contato com a língua, os 
costumes, os valores, os saberes e sentidos, que dão identidade à realidade 
onde vivem. 
Muitas vezes, outras instituições assumem também a função de 
compartilhar, “ensinar” aos jovens certos princípios e práticas, tais como, os 
templos religiosos, as oficinas de trabalho, os clubes recreativos, os museus, 
as associações culturais e políticas etc. 
Desde a modernidade, a escola tem se constituído como a organização cuja 
função primeira tem sido disponibilizaràs novas gerações, “através de 
atividades sistemáticas e programadas, o patrimônio cultural da 
humanidade”. (PILETTI, 1995, p.116). 
Mesmo que ao longo dos tempos, diferentes correntes de pensamento 
tenham considerado diferentemente o papel da escola, os saberes válidos, as 
estratégias que são ou não adequadas, o fato é que a escola ainda é um 
espaço marcante na vida das pessoas. É a partir dela, que vivemos grande 
parte de nosso processo de formação identitária. 
A escola 
Qualquer um nos dias de hoje é capaz de identificar uma escola. Embora 
sejam variadas as formas de estruturá-la, existem alguns elementos que 
parecem recorrentes na maioria das organizações escolares. 
Do ponto de vista material 
Na escola, o espaço físico, e nele os materiais, estão dispostos de modo 
ordenado como, por exemplo: as salas de “aula”, salas para refeições, 
quadras/ambientes para atividades físicas, mobiliário específico, 
equipamentos e materiais “didáticos”. 
Quanto aos saberes 
Os saberes que são trabalhados na escola são aqueles considerados válidos 
pela comunidade escolar. Embora frequentemente sejam disciplinarizados, é 
crescente o número de experiências que propõem outras formas de 
organização dos conhecimentos na escola. 
Do ponto de vista humano 
Os processos educacionais ganham um caráter formal na escola, com papéis 
bem definidos para todos os envolvidos: diretores, coordenadores, 
professores, inspetores, merendeira/lancheiras, pessoal de limpeza e 
segurança, e alunos. 
Quanto às práticas 
As atividades na escola são organizadas a partir de uma programação que 
organiza os eventos no tempo e no espaço. Envolvem planejamento e 
avaliação regular segundo os objetivos/metas/fins estabelecidos. 
Agora... Veja as fotos abaixo. 
As imagens mostram diferentes realidades escolares. Você não é capaz de, a 
partir da disposição das pessoas, dos materiais e equipamentos no espaço da 
escola, deduzir os princípios pedagógicos que norteiam a organização das 
atividades escolares? 
Pois é, o espaço escolar guarda uma tipicidade própria, reconhecível por 
aqueles que vivem numa mesma sociedade, mas diferentes concepções de 
educação vão implicar em diferentes arranjos para esses elementos. 
Mas, se desde a modernidade a escola parecia a mesma (carteiras 
enfileiradas, professor à frente da classe etc.) e vinha ocupado posição de 
destaque na formação das novas gerações, hoje esse lugar tem novos 
arranjos e tem sido compartilhado com novos espaços com grande poder de 
disseminação de informações, valores e atitudes. 
As transformações recentes no âmbito dos processos econômicos e 
socioculturais, as novas tecnologias de comunicação e informação, têm 
provocado uma verdadeira revolução no campo educacional e uma profunda 
reflexão sobre o papel da escola. 
As novas tecnologias de comunicação e informação 
É recorrente a discussão sobre os efeitos dos meios de comunicação no 
campo educacional.Alguns autores tem dado grande contribuição a esse 
debate como Marshall McLuhan e Pierre Levi. 
McLuhan foi precursor dos estudos midiologicos .Estudava como a forma de 
meio social tem a ver com as novas maneiras de percepção instauradas pelas 
tecnologias da informação.defendia já na década de 60, que as novas 
tecnologias de comunição e informação impõem novos modelos de 
educação e a transformação radical da escola. 
Levi é um filosofo da informação que se ocupa em estudar as interações 
entre a internet e a sociedade.Ele defende que a escola esta perdendo 
progressivamente seu monopólio de criação e transmissão do conhecimento, 
e que precisa rever o seu papel social. 
No mundo contemporâneo, os meios de comunicação têm se tornado 
importantes mediadores das relações entre as pessoas e delas com o mundo. 
Diariamente, sabemos da nossa realidade a partir de informações por meio 
de rádio, jornal, televisão, Internet, celulares... Nossas crianças e jovens já 
chegam à escola com imagens, ideias e valores disseminados por esses 
meios. 
Dessa forma, a lanhouse, o ciberespaço, os restaurantes, os centros culturais, 
os cinemas, o ônibus, enfim, qualquer lugar hoje pode ser concebido como 
espaço educativo. São muitas as formas e espaços para ter acesso ao 
conhecimento. A escola não tem mais a quase exclusividade desse papel. 
Cada vez mais, movimentos e organizações têm questionado o universo 
escolar. Tem sido discutido o quanto é preciso reinventar a escola tornando-
a mais que um espaço de disseminação do conhecimento socialmente 
produzido, um lócus diferenciado de diálogo, intercâmbio de diferentes 
experiências educativas. Espaço dinâmico de articulação entre os vários 
agentes educativos que se encontram numa determinada comunidade. 
Espaço para o exercício do debate, da análise crítica, para o fortalecimento 
de uma visão plural e histórica de diferentes saberes e linguagens. 
Por essas e outras, um dos desafios que se colocam hoje para a educação é 
reconhecer, ampliar e fortalecer ecossistemas educativos. Essa proposta 
rompe com a visão da escola como uma instituição meramente educacional, 
mas passa a compreendê-la na sua dimensão cultural e política. 
Ressignificada, a escola deixa de ser vista como uma instituição, mas como 
projeto que ocupa todo o espaço das cidades, uma verdadeira cidade escola. 
 
 
AULA 3- Diversidade Cultural e Cotidiano Escolar 
 identificar a sala de aula como um espaço de encontro entre 
diferenças; 
 perceber a profissão docente como uma prática reflexiva; 
 analisar as tensões e perspectivas presentes no campo da Didática ao 
lidar com a diversidade cultural no cotidiano da sala de aula. 
 
“Os educadores não poderão ignorar no século XXI as difíceis questões 
do multiculturalismo, da raça, da identidade, do poder, do 
conhecimento, da ética e do trabalho. Essas questões exercem um 
papel importante na definição do significado do propósito da 
escolarização, no que significa ensinar e na forma como os estudantes 
devem ser ensinados para viver em um mundo que será amplamente 
mais globalizado,high tech e racialmente diverso que em qualquer 
outra época da historia. Henry Giroux 
 
 Imagine que hoje é o seu primeiro dia de aula, como professor(a) em 
uma escola publica de alguma cidade brasileira.Você entra na sala de 
aula e após cumprimentar carinhosamente seus alunos , inicia uma 
dinâmica de apresentação.cada aluno é convidado a dizer o nome, 
idade, o lugar onde mora e o que gosta de fazer no tempo livre. 
Os alunos , muito inquietos e animados começam suas apresentações 
.Pouco a pouco, você vai conhecendo cada um dos vinte e cinco 
estudantes da turma.Mas você sabe que esse é so um primeiro passo 
de aproximação: será no dia a dia da sala de aula que você ira conhecer 
como eles reagem aos momentos de dificuldade,como interagem com 
os colegas de classe, quais os hábitos culturais que trazem da vivencia 
familiar e comunitária, ou ainda , o que cada um planeja quando falam 
sobre o futuro. 
 Você também ira perceber que essas vinte e cinco crianças são 
diferentes em tamanho, desenvolvimento físico, capacidades de 
atenção e de trabalho; em gostos e capacidades criativas; em 
personalidades, caráter, atitudes,opiniões, interesses, imagem de 
si,confiança em si próprios,diferentes em sexo, origem social, religiosa 
ou étnica. 
Alem de muitas outras diferenças que ás vezes, causam pequenos 
atritos no espaço escolar: o aluno portador de necessidades especiais 
não aparece ficar muito á vontade ao participar de atividades em 
grupo; as duas irmãs que sentam na primeira fila, não gostam das 
musicas evangélicas cantadas pela colega vizinha de carteira; os três 
alunos negrosparecem não gostar muito de serem chamados por 
apelidos e a menina de óculos demonstra ficar bastante incomodada 
com o colega gordinho que se orgulha das merendas gostosas que não 
divide com ninguém! 
Essas diversidades representam um problema? O que fazer com tantas 
diferenças? Como desenvolver uma aula, considerado tantas 
especificidades? 
 
È importante lembrar que em uma turma de ensino fundamental , 
apesar da relativa proximidade de idade entre os alunos , talvez haja 
mais diferenças que na maioria dos demais grupos constituídos em 
uma sociedade.A escola ainda é o principal lugar de encontro , onde 
crianças de diferentes origens sociais e familiares irão compartilhar 
muitos anos de suas vidas. 
 
A diversidade talvez represente para nós, professores, um grande 
problema se não formos capazes de enfrentar essa mesma diversidade: 
capazes de lhe conferir sentido, de ordená-la e de utilizá-la para 
alcançar nossos objetivos. 
 
Ela irá representar um problema se não dispormos de esquemas 
diferenciados correspondentes, ou seja, se queremos ensinar tudo a 
todos da mesma forma e no mesmo ritmo, aí sim teremos problema. 
 
Também pode ser um problema fechar os olhos para pequenas 
demonstrações de preconceitos, discriminações ou atos de intolerância 
cometidos por nossos alunos. Será difícil agir como se não tivéssemos 
nenhuma responsabilidade frente a tais conflitos, e mesmo assim, 
continuar acreditando que nós professores contribuímos para a 
formação de “cidadãos” participativos em uma sociedade 
“democrática”... 
 
A sociedade brasileira vem vivenciando uma nova consciência das 
diferentes culturas presentes no tecido social e um forte 
questionamento do mito da “democracia racial”. 
 
Diferentes movimentos sociais – consciência negra, grupos indígenas, 
de cultura popular, de movimentos feministas, homossexuais, grupos 
religiosos, de trabalhadores rurais etc. – têm reivindicado um 
reconhecimento e valorização mais efetivos das respectivas identidades 
culturais, de suas particularidades e contribuições específicas à 
construção social. 
 
Neste contexto, é preciso buscar caminhos de incorporar positivamente 
a diversidade cultural no cotidiano escolar. Nesta perspectiva, os 
“Parâmetros Curriculares Nacionais”, propostos pelo Ministério de 
Educação em 1996, apresentam em sua quarta página um dos temas 
transversais: a pluralidade cultural. 
 
“Tratar da diversidade cultural brasileira, reconhecendo-a e 
valorizando-a, e da superação das discriminações aqui existentes é 
atuar sobre uns dos mecanismos de exclusão, tarefa necessária, ainda 
que insuficiente, para caminhar na direção de uma sociedade mais 
democrática. 
 
É um imperativo de trabalho educativo voltado para a cidadania, uma 
vez que tanto a desvalorização cultural – traço bem característico da 
nossa história de país colonizado – quanto a discriminação são entraves 
à plenitude da cidadania para todos, portanto, para a própria nação.” 
 
Democracia racial: 
 À medida que a nação brasileira foi sendo construída, uma crença em 
torno desta nação começou a ser criada- o Mito da Democracia Racial- 
onde por muito tempo acreditou se que no Brasil, diferente de outros 
países como os EUA ea Africa do Sul, não existiam conflitos 
raciais.Também se acreditava que em nosso pais não houvesse 
obstáculos para a ascensão social do negro e do mulato, significando 
que o Brasil seria uma nação sem raças : todos seriam mestiços. 
Apesar dessa forte crença, estudos recentes provam que determinados 
grupos raciais , como indígenas ou negros , possuem menos 
possibilidades de ascensão social , contam com menos renda e 
permanecem por menos tempo nas escolas devido á necessidades de 
trabalho. 
 
Parâmetros Curriculares Nacionais: 
Os parâmetros curriculares nacionais são diretrizes elaborados pelo 
Governo Federal que orientam a educação no Brasil .Existem 
parâmetros separados por disciplina e parâmetros refrentes a temas 
transversais ( temas que deveriam ser tratados por todas as 
disciplinas), tais como: sexualidade, ética e diversidade cultural. Alem 
da rede publica, a rede privada de ensino também adota os parâmetros 
, porem sem caráter obrigatório. 
 
Dessa forma, a relação entre diversidade cultural e cotidiano escolar 
constitui, portanto, um tema de grande importância para a construção 
de uma escola verdadeiramente democrática e coloca desafios para o 
professor repensar sua prática pedagógica. 
 
1) A dimensão cultural passa a ser entendida como um elemento não 
só vivenciado, mas também construído no interior da escola e parte 
integrante do cotidiano escolar. 
 
2) Para o professor, uma das facetas da diversidade presente em sala 
de aula é percebida pelas dinâmicas estabelecidas entre as crianças, 
por suas relações mais ou menos conflituosas e pela dinâmica do 
grupo no dia a dia das aulas. 
 
3) Mas é importante lembrar que o professor também é membro do 
grupo, e entre ele e os alunos igualmente há diferenças e distâncias 
de valores culturais. Ele também é um sujeito sociocultural e precisa 
estar atento para esse rico encontro entre tantas diferenças! 
 
E os professores estão preparados para agir nesse contexto de 
tamanha diversidade? Essa é uma dúvida comum vivenciada pela 
maioria de professores no mundo inteiro. O campo da didática tem 
tentado incluir essa questão em suas reflexões sobre o processo de 
ensino e aprendizagem. Apontamos, então, três pontos para a nossa 
reflexão sobre o tema. 
 
Reconhecer as diferenças 
 
Como incluir a diversidade cultural em nossos projetos educacionais 
, se não sabemos quais as difrenças ( culturais , cognitivas, efetivas 
etc.) existentes em nossas salas de aula? 
Conhecer e reconhecer as identidades culturais representadas no 
espaço educativo é o primeiro passo para que sejam desenvolvidas 
atividades que contribuam para a valorização dessa diversidade 
humana.Somos todos diferentes e essa é a nossa riqueza! 
 
Desenvolver variadas estratégias que promovam o encontro 
 
Após o reconhecimento das diferenças, é preciso iniciar um processo 
de desconstrução de visões estereotipadas de certas identidades, 
como o negro e o nordestino, o indígena ou o religioso,através de 
estudos das origens histricas de algumas características desses 
grupos culturais . 
 
Incluir esses temas no programa disciplinar pode ser uma estratégia 
muito interessante principalmente se o professor se posiciona como 
uma liderança sempre disposta a incentivar o debate e a troca de 
ideias. 
 
 
Estimular a curiosidade 
 
Todo o grupo cultural tende a ser etnocêntrico. O que é Isso? 
Acreditasse que seu modo de viver, que seus hábitos culturais e 
sociais são os únicos validos (ou os melhores) no mundo.Essa 
tendência não so nos afasta , como também desqualifica qualquer 
grupo que seja diferente de nos.Todo professor deve estar atento 
para não reproduzir esse pensamento em suas praticas cotidianas. 
È importante estimular a curiosidade de seus alunos sobre outros 
modos de vida, evitando comparações descontextualizadas.Toda 
cultura é incompleta e imperfeita , por isso mesmo temos muito o 
que aprender sobre outros grupos culturais. 
 
Conheça mais alguns pontos para a sua reflexão sobre o tema 
diversidade. 
 
Não transformar a difrença em desigualdade 
Comumente utilizamos a palavra diferença como sinônimo de 
desigualdade, mas é importante repensarmos esses conceitos .As 
diferenças só se tronam sinônimo de desigualdade, quando existem 
uma hierarquização de valores , ou seja , quando eu priorizo e 
valorizo determinadascaracterísticas e discrimino outras. 
 Desse modo, eu crio desigualdade se supervalorizando habiots 
culturais, valores religiosos, características de personalidades apenas 
se estas estão próximas de meu estilo de vida, se não estão, as 
desqualifico. 
Crianças e jovens levam para o espaço escolar suas experiências e 
valores culturais , é preciso estar atento para não criar através de 
ações cotidianas, a desigualdade entre as diferenças. 
Promover o diálogo 
 
As diferenças existentes no espaço escolar tendem a criar tensões se 
não consideramos a importância do dialogo. Professores e alunos, 
alunos e alunos devem se relacionar de forma a valorizar o dialogo, 
que significa uma não hierarquização das culturas e dos saberes que 
se cruzam , num processo de negociação cultural. 
 
Na perspectiva de Paulo freire , um dos mais importantes 
pensadores da educação Brasileira: “A cultura não é só a 
manifestação artística e intelectual que se expressa no 
pensamento.A cultura manifesta- se , sobretudo , nos gestos mais 
simples da vida cotidiana.Cultura é comer de modo diferente, é dar a 
mão de modo diferente, é relaciona se com o outro de outro 
modo.A meu ver , a utilização destes três conceitos _ culturas, 
diferenças, tolerância – é um modo novo de usar velhos 
conceitos.Cultura para nos, gosto de frisar, são todas as 
manifestações humanas, inclusive o cotidiano e é no cotidiano que 
se dá algo essencial: o descobrimento da diferença”.( Faundez 
Freire, 1985:34) 
 
O reconhecimento da legitimidade da bagaggem cultural do 
estudante não era,para Paulo Freire, uma mera estratégia 
metodológica.Trazia no seu bojo um modo de lidar com a diferença 
cultural.Mais do que um respeito distante e asséptico por essa 
diferença , mais do que a mera tolerância , enfatiza-se a estimular a 
troca dentre os sujeitos das relações pedagógicas.Objetivava 
também a autoconfiança desse aluno, sempre em um sentido 
explicitamente ligado á construção de novas trajetórias coletivas de 
transformação de realidade. 
 
Sem duvida a inclusão das diferenças na escola demanda muitos 
outros pontos de reflexão alem dos cinco citados 
anteriormente.Nosso objetivo aqui foi “esquentar” o debate que 
deverá continuar através da atividades de complementação , da aula 
teletransmitida e doa textos de apoio que fazem parte dessa aula. 
Temos um longo caminho pela frente ate percebermos que a escola, 
a sala de aula , o cotidiano escolar, todos esses espaços refletem a 
diversidade presente em nossa sociedade .o que não podia mesmo 
ser diferente. 
 
 
DIDÁTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIDÁTICA AULA 5 
 
 
 
 
 
Em um largo rio, de difícil travessia, havia um barqueiro que 
atravessava as pessoas de um lado para o outro. 
Em uma das viagens, iam um advogado e uma professora. Como quem 
gosta de falar muito, o advogado pergunta ao barqueiro: 
Companheiro, vc entende de leis? 
Não. 
E o advogado compadecido diz: 
É pena, vc perdeu metade da vida! 
A professora, muito social, entra na conversa: 
Seu barqueiro, vc sabe ler e escrever? 
Também não. 
Que pena! 
Vc perdeu metade da vida! 
Nisso, chega uma onda bastante forte e vira o barco. O canoeiro 
preocupado pergunta: 
Vcs sabem nadar? Não! 
Então é pena. Vcs perderam toda a vida! 
Reflexão: não há saber mais ou saber menos: “há saberes 
diferentes”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Multidisciplinaridade: Cada disciplina trata de temas e conceitos próprios. 
São processos paralelos que não confluem uma mesma direção. 
 
Exemplo: Em um mesmo período, o professor de Geografia está trabalhando 
bacias hidrográficas, o de Biologia está tratando de diferentes espécies 
vegetais, o de Matemática de progressão geométrica etc. 
Assim, em um projeto multidisciplinar encontraríamos a presença de 
diferentes áreas de conhecimento sem, no entanto, manter qualquer 
articulação entre si. 
 
Pluridisciplinaridade: Várias disciplinas trabalham um mesmo tema. 
Exemplo: Em torno do tema “Meio ambiente”, o professor de Geografia, 
quando estiver trabalhando bacias hidrográficas, vai destacar a questão da 
poluição dos rios; o professor de Biologia vai discutir desmatamento; o de 
Matemática vai formular problemas matemáticos usando como tema as 
questões de meio ambiente. 
Em um projeto de caráter pluridisciplinar, haveria articulação entre os 
saberes, ainda que em nível temático, mas não necessariamente conceitual. 
 
Interdisciplinaridade : Várias disciplinas procuram identidades conceituais. 
Exemplo: os professores de Geografia e de Biologia percebem que o conceito 
de ecossistema é um conceito chave para as duas disciplinas. Então, eles 
resolvem trabalhar juntos, articulando as abordagens das duas disciplinas 
para esse conceito. 
Na interdisciplinaridade, a integração alcança o nível conceitual. 
 
Transdisciplinaridade : Surge uma nova área de estudo/novos conceitos. 
Exemplo: a Ecologia como conceito e campo de estudos. 
Em um projeto de caráter transdisciplinar, a integração se faria em tal nível 
que permitiria o surgimento de um novo tipo de saber. 
 
Contudo, não basta integrar conceitos, é preciso colocar esses conceitos em 
uma determinada realidade, contextualizá-los para que ganhem vida. 
Afinal, quanto mais os saberes escolares estiverem articulados às realidades 
de vida, às experiências concretas dos alunos, mais significado terão para 
eles. 
Ao construir significados para os saberes escolares, o professor envolve, 
mobiliza afetivamente seus alunos. Mais que isso, provoca-os a ressignificar 
sua realidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIDATICA AULA 6 
 
 
 
 
Desde os fins do século XIX, os currículos escolares expressam o conjunto 
de saberes científicos produzidos no âmbito das disciplinas universitárias 
(teoria tradicional). 
 
A disciplinarização do conhecimento é a expressão da disciplinarização do 
mundo, efeito da divisão industrial do trabalho que exige altos níveis de 
segmentação/especialização. Corresponde também ao estatuto de 
cientificidade proposto pelo paradigma positivista, valorizando a 
delimitação precisa do objeto, o que reforça a especialização dos saberes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O currículo em torno de áreas de conhecimento 
 
Na contramão da territorialização do conhecimento, procura-se 
reduzir as fronteiras que demarcam os campos específicos em cada 
área do saber. 
 
A reunião de conhecimentos afins em campos mais abrangentes 
permite reconhecer aproximações conceituais, mas não muda 
substancialmente a forma disciplinar de organização do currículo. 
Esse modelo tem sua expressão mesmo nos Parâmetros Curriculares 
Nacionais, que reuniram as disciplinas nas áreas de Linguagens e Códigos, 
Ciências Humanas e Sociais, 
Ciência Naturais... 
 
O currículo a partir de temas geradores 
 
O trabalho com temas geradores envolve tratamento 
multidisciplinar para questões/assuntos da atualidade, geralmente 
ancorados nos interesses de alunos e professores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
DIDATICA AULA 7 
 
Tecnologias e Técnicas de Ensino 
 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 
 conhecer os processos históricos de constituiçãodo tecnicismo em 
educação; 
 compreender o lugar da dimensão técnica nos processos educacionais; 
 identificar os princípios metodológicos que contribuem para a eficácia 
de uma aula. 
 
 
 
 
Antes de um professor pensar em como dar uma boa aula, ele precisa ter 
clareza sobre suas ideias acerca da educação, do papel da escola, das 
relações que ela abriga, dos saberes que nela se entrechocam. Afinal, o 
método é um caminho para se chegar a um determinado lugar. 
 
 
 
A escolha da metodologia de trabalho e das técnicas/estratégias a serem 
utilizadas é orientada pelos princípios da aprendizagem e deve considerar 
vários fatores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A preparação da “aula” 
 
Toda aula precisa ser planejada. Mesmo que situações inesperadas ponham 
por terra todo o nosso plano de trabalho, definir objetivos e prever as 
estratégias mais adequadas para alcançá-los nos permite ter mais chances de 
sucesso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIDATICA AULA 8 
 
Planejamento Educacional 
 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 
 analisar o papel do planejamento na organização do trabalho 
pedagógico; 
 identificar as diferentes etapas e elementos do planejamento 
educacional; 
 analisar as características do planejamento participativo; 
 analisar as vantagens da elaboração participativa do Projeto Político 
Pedagógico. 
 
 
 
A reflexão, o pensar em torno da existência, é uma experiência 
essencialmente humana. Imaginar o futuro, antever o próximo passo, pensar 
antes de agir, é uma atividade que expressa a racionalidade humana. 
 
Às vezes, é um processo simples e informal, não chega a envolver muitas 
ações, processos e documentação. Às vezes, é um processo complexo e 
formalizado, envolve pesquisas, cálculos, registros e muita discussão. 
 
 
 
 
 
Porém, se a ação educativa é entendida como processo social, complexo, 
dialético, de produção de sentido/conhecimento com a finalidade última de 
transformar a realidade, então qual o papel do planejamento? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ação educativa, embora guarde uma dimensão subjetiva e pessoal, se 
realiza no plano coletivo, mobiliza o interesse comum. Portanto, o 
planejamento em educação deve necessariamente ser resultado da 
participação de toda a comunidade envolvida. 
 
O planejamento participativo não implica em reunir todo mundo para 
planejar tudo, o tempo todo. Significa organizar as formas de participação e 
instâncias de tomadas de decisões. Diferentes instâncias envolvem 
diferentes níveis/formas de participação dos agentes envolvidos no projeto 
educativo que se deseja planejar, seja em nível governamental, na escola ou 
em outros ambientes educativos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIDATICA AULA 9 
O Plano de Ensino 
 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 
 identificar os diferentes elementos do plano de aula; 
 analisar as relações entre objetivos, conteúdos e estratégias na 
elaboração de um plano de aula; 
 analisar os critérios para seleção de conteúdos e estratégias na 
elaboração de um plano de aula; 
 elaborar um plano de aula considerando a relação entre meios e fins. 
A aula é o lugar de concretização do ensino. Lugar do encontro e do conflito, 
onde se expressam os sujeitos no processo ensino-aprendizagem. Embora 
todos participem da construção desse momento, a aula é uma experiência 
conduzida pelo professor, é a expressão do seu projeto de trabalho. 
Geralmente, o professor se apóia em alguns modelos confiáveis para 
conduzir a sua aula: os modelos de aula que ele vivenciou como aluno ou 
que experimentou como professor e, que no seu julgamento, “deram certo”. 
Porém, cada aula é uma experiência nova, que impõe desafios e 
oportunidades próprias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os conteúdos podem ser organizados em áreas de conhecimento, em torno 
de temas geradores ou ainda de outras formas de acordo com o modelo 
curricular adotado. Algumas questões parecem problemáticas quando 
falamos da seleção de conteúdos e devem ser objeto de reflexão dos 
professores quando estiverem elaborando seus planos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIDATICA AULA 10 
A Avaliação 
 Ao final desta aula, você será capaz de: 
 analisar porque/como a avaliação é um importante instrumento de 
reflexão da prática pedagógica; 
 identificar os diferentes tipos e instrumentos de avaliação; 
 demonstrar as vantagens/os valores da avaliação mediadora 
 
Você já notou como o ato de avaliar está presente em todos os 
momentos de nossa vida? A todo instante estamos fazendo 
julgamentos e escolhas, tomando decisões. Realizamos, mesmo sem 
perceber, julgamentos provisórios das situações que experimentamos e 
a partir deles fazemos escolhas. 
 
 
 
 
Desse modo, a avaliação escolar tem sido uma experiência 
problemática, muitas vezes, descompromissada com a renovação do 
processo pedagógico e reduzida a medidas de desempenho. Acabando 
por expressar o caráter homogeneizante, opressivo e excludente da 
escola, transformando em vítimas aqueles que esta mais deveria 
proteger, orientar, promover. 
 
Na prática docente, a desconsideração aos diferentes ritmos (modos de 
conhecer e aprender), a concepção do erro como obstáculo a 
aprendizagem, o uso exclusivo de testes/exames, o abuso de poder, 
acabam por reforçar desigualdades de origem e a construir um regime 
de exclusão e fracasso dos “mais pobres”. 
 
Porém, quem não aceita a desigualdade e o fracasso escolar se 
pergunta necessariamente: como fazer da avaliação um instrumento de 
formação dos sujeitos e de transformação da realidade escolar? 
 
 
 
Considerar os fatores previstos e imprevistos, que atuaram para o 
sucesso ou insucesso das ações do projeto e de nossa atuação diante 
deles, permite compreender melhor os processos envolvidos no 
projeto. Enfim, trazer à tona toda a experiência vivida e pensar sobre 
ela. 
 
Há ainda que se considerar se e como esses processos promoveram ou 
não a formação integral e cidadã de todos neles envolvidos. É preciso 
fazer a avaliação das aprendizagens. Avaliar os conteúdos, as atitudes, 
as práticas, os modos de conviver, o desempenho. Considerar de que 
forma as experiências vividas permitiram o desenvolvimento do 
educando. Para isso, exercícios, portfólios, autoavaliação, podem ser os 
instrumentos. 
 
A avaliação deve ser tomada como processo continuamente renovado, 
pois o desenvolvimento do projeto pedagógico só pode ser validado se, 
de tempos em tempos, o diagnóstico aponta o progresso e as 
dificuldades que o projeto alcança/enfrenta. 
 
 
 
 
 
 
 
A perspectiva inclusiva dos processos avaliativos não apenas amplia a 
análise da experiência e dos resultados, mas permite a formação de 
uma nova consciência, uma consciência crítica. 
 
A prática docente crítica envolve o movimento dinâmico, dialético, 
entre o fazer e o pensar sobre o fazer. Deve dinamizar oportunidades 
de reflexão e ação sobre a/na experiência prática, que permita a 
tomada de decisões em torno de um projeto futuro. 
 
O saber que a prática docente espontânea ou quase espontânea 
produz é ingênuo. “É pensando criticamente a prática de hoje ou de 
ontem que se pode melhorar a próxima prática”.(FREIRE, Paulo. 
Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. SP: 
Paz e Terra, 1996.). 
 
 
 
Descrever a avaliação como oscilando entre duas lógicas é 
evidentemente simplificador. A realidade educacional é por demais 
complexa e envolve diferentes movimentos, hibridizando tendências, 
reafirmando contradições. 
 
Nesse sentido, é preciso pensar a avaliação como instrumento de 
mediação entre a realidade vivida e a desejada, como parte de um 
movimento mais amplo de transformação da prática pedagógica, do 
projeto de escola que se quer construir, do mundo que queremos viver.

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