Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Contabilidade Societária I Prof. Vinícius G. Martins AJUSTES A VALOR PRESENTE CPC 12 Pra que o Ajuste a Valor Presente? Estrutura Conceitual CPC 00 (R1): Características qualitativas da informação contábil; Bidimensionalidade das operações contábeis que envolvem valores a receber e valores a pagar com prazos: Operacional Financeira Exemplo: Compra a prazo de matéria-prima ou estoque de mercadorias. Princípio da competência Pra que o Ajuste a Valor Presente? Como eram registrados os numerários a receber e a pagar e as demais operações que envolviam prazos? E com o ajuste a valor presente? Há melhorias nas características qualitativas da informação, comparando antes e depois do CPC 12? Introdução No Brasil, a Lei 11.638/07 instituiu o ajuste a valor presente de ativos e passivos; Prática contábil que foi normatizada em 2008 pelo pronunciamento técnico CPC 12 – Ajuste a Valor Presente. Não existe uma norma internacional que trate especificamente do tema – Mas o mesmo é considerado em várias normas internacionais. Objetivo do CPC 12 O objetivo deste Pronunciamento é estabelecer os requisitos básicos a serem observados quando da apuração do Ajuste a Valor Presente de elementos do ativo e do passivo quando da elaboração de demonstrações contábeis. Alcance do CPC 12 Deve ser aplicada no “reconhecimento inicial” de ativos e passivos de longo e curto prazo que sejam relevantes; Ressalta-se que os prazos de realização financeira, valores e taxa de juros são fatores básicos para determinar os ativos e os passivos que sejam “relevantes” para fins de ajuste a valor presente. Ativos e Passivos Mensurados a Valor Presente Em consonância com o CPC 12, o art. 183 da lei 6.404/76 prevê em seu inciso VIII que: “os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante”. Nas transações comerciais de curto prazo (30 a 90 dias de prazo de vencimento), os juros embutidos tendem a ter menor proporção e, dessa forma, é mais aceitável o registro, pelo valor “faturado”; porém essa simplificação deve ser realizada apenas quando o efeito do ajuste a valor presente não for relevante. Ativos e Passivos Mensurados a Valor Presente Conforme o CPC 12: o valor presente deve ser aplicado no reconhecimento inicial de ativos e passivos. Exceção: situações excepcionais, como a que é adotada numa renegociação de dívida em que novos termos são estabelecidos, o ajuste a valor presente deve ser aplicado como se fosse nova medição Ativos e Passivos Mensurados a Valor Presente Ativos e passivos monetários com juros implícitos ou explícitos embutidos; Devem ser alocados em resultado os descontos advindos do ajuste a valor presente de ativos e passivos (juros). A taxa de desconto a ser adotada para ativos e passivos contratuais deve ser a taxa do contrato; Para os ativos e passivos não contratuais a taxa de mercado deve ser adotada; Mensuração dos Ajustes a Valor Presente quantificação do ajuste a valor presente deve ser realizada em base exponencial pro rata. ???? $ 1.500,00 Venda a Prazo = R$ 1.500,00 Prazo de recebimento = 7 meses Juros de 2% a.m. Quanto será o valor presente desta operação? $ 1.305,00 Mensuração dos Ajustes a Valor Presente O ajuste será feito mediante criação de conta retificadora Por exemplo: juros a apropriar ou encargos/receitas financeiros a transcorrer - para que não se percam os valores originais. O método a ser utilizado é o da taxa efetiva de juros, sendo que a taxa aplicada não deve ser líquida de efeitos fiscais, mas antes dos impostos. Mensuração dos Ajustes a Valor Presente A taxa de desconto a taxa a ser utilizada corresponde à taxa efetiva da data da transação, ou seja, independe da taxa de juros de mercado em períodos subsequentes. Nos casos em que a taxa de juros é explícita, deve-se apenas verificar sua razoabilidade com a taxa de mercado aplicável. Caso a taxa de juros seja implícita, seu valor deverá ser estimado a partir da taxa de juros de mercado que seja praticada para transações com natureza, prazo e riscos semelhantes. Casos Particulares BNDES Há uma condição especial colocada pelo CPC 12 aos financiamentos contratados com taxas de juros diferentes das taxas praticadas pelo mercado geral. Ocorre que, no Brasil, a oferta de crédito de longo prazo, para um certo conjunto de operações, normalmente está limitada ao BNDES. Não há que se trazer a VP essas operações por taxas que não sejam as efetivamente contratadas, pois esses financiamentos reúnem características próprias e as condições definidas nos contratos de financiamento do BNDES refletem as condições de mercado para aqueles tipos de financiamento. Casos Particulares Contratos de Mútuos São contratos que consiste no empréstimo de coisa fungível e consumível ao mutuário, que por sua vez deverá restituir ao mutuante coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Os mútuos entre partes relacionadas podem: Não possuir data prevista para o vencimento; Inexistir encargos financeiros ou juros diferentes das condições normais de mercado. Nesses casos, não estão sujeitos ao ajuste a valor presente. Tributos diferidos Não devem ser ajustados a valor presente. Valor Presente ≠ Valor Justo Enquanto o AVP busca mensurar ativos e passivos levando-se em consideração o valor do dinheiro sempre com base na taxa prevalecente na data original da contratação; a mensuração a valor justo busca demonstrar o valor de mercado de determinado ativo ou passivo, o que significa que prevalece a taxa da data do balanço. Contabilização do AVP para Contas Ativas O registro do ajuste a valor presente deverá ocorrer já no momento inicial da transação. Exemplo: Uma venda foi realizada pelo valor prefixado de R$ 10.000, para ser recebida daqui a 14 meses, e que a taxa de juros da operação, conhecida, seja de 2% ao mês. Os registros contábeis são os seguintes: Pela transação da venda D – Contas a receber longo prazo: R$10.000 C – Receita bruta de vendas: R$ 10.000 Contabilização do AVP para Contas Ativas Pelo registro do Ajuste a Valor Presente D – Receita bruta de vendas: R$ 2.421,25 C – A.V.P. – Receita financeira a apropriar: R$ 2.421,25 Mês a mês, a receita financeira comercial a apropriar deverá ser reconhecida no resultado do período como receita financeira comercial utilizando-se a mesma taxa efetiva de juros (2% ao mês). Exemplo: 1º Mês D – A.V.P - Receita financeira a apropriar: R$151,57 C – Receita financeira comercial: R$ 151,57 Contabilização do AVP para Contas Ativas Observação: A rubrica de receita financeira comercial poderá fazer parte do mesmo grupo das receitas de vendas; Isso só é possível, se a atividade de financiar clientes fizer parte da atividade da entidade e, consequentemente do seu objeto social. Caso contrário, sua classificação deverá ser feita no grupo de resultado financeiro. Contabilização do AVP para Contas Passivas Exemplo: Suponha que a empresa X tenha comprado uma máquina a prazo no valor de $ 50.157, a qual será paga em 5 parcelas anuais de $ 10.031. A taxa de juros contratada nessa operação é de 20% ao ano. A empresa X deve contabilizar essa operação da seguinte forma: D – Máquinas (pelo valor presente) – R$ 30.000 D – Encargos financeiros a transcorrer – R$ 20.157 C – Financiamentos – R$50.157 Contabilização do AVP para Contas PassivasExemplo: No Balanço Patrimonial, a conta Financiamentos estaria segregada entre Passivo Circulante e Não Circulante da seguinte forma: Passivo Circulante Financiamentos $ 10.031 Encargos financeiros a transcorrer $ (1.672) Passivo Não Circulante Financiamentos $ 40.126 Encargos financeiros a transcorrer $ (18.485) Contabilização do AVP para Contas Passivas Exemplo: No final do ano quando do pagamento da primeira parcela, a empresa faria os seguintes registros: a) Parcela de pagamento do financiamento: D – Financiamentos (Passivo Circulante): R$10.031 C – Bancos: R$10.031 b) Apropriação dos encargos financeiros D – Encargos financeiros (despesa): R$1.672 C - Encargos financeiros a transcorrer: R$1.672 Contabilização do AVP para Contas Passivas Exemplo: c) Transferência do passivo não circulante para o passivo circulante D – Financiamentos (Passivo não Circulante): R$10.031 D – Encargos financeiros a transcorrer (PC): R$1.672 C – Financiamentos (Passivo Circulante): R$10.031 C – Encargos financeiros a transcorrer (PÑC): R$1.672 Exemplo 1 A companhia realizou uma compra a prazo em abril de 2008, no valor de R$ 20.000 (preço a prazo), com vencimento em junho de 2008. A diferença entre os preços a prazo e à vista em abril corresponde a uma taxa de juros que reflete a taxa de mercado, que na ocasião era de 2% a.m.. Como a empresa prepara seu balanço patrimonial a cada fim de mês, como você julgaria a necessidade da aplicação do CPC 12 – Ajuste a Valor Presente. Exemplo 2 A entidade efetua uma venda a prazo no valor de $ 10.000 mil para receber o valor em parcela única, com vencimento em cinco anos. Caso a venda fosse efetuada à vista, de acordo com opção disponível, o valor da venda teria sido de $ 6.210 mil, o que equivale a um custo financeiro anual de 10%. Verifica-se que essa taxa é igual à taxa de mercado, na data da transação. No primeiro momento, a transação deve ser contabilizada considerando o seu valor presente, cujo montante de $ 6.210 mil é registrado como contas a receber, em contrapartida de receita de vendas pelo mesmo montante. Nota-se que, nesse primeiro momento, o valor presente da transação é equivalente a seu valor de mercado ou valor justo (fair value). Exemplo 2 No caso de aplicação da técnica de ajuste a valor presente, passado o primeiro ano, o reconhecimento da receita financeira deve respeitar a taxa de juros da transação na data de sua origem (ou seja, 10% ao ano), independentemente da taxa de juros de mercado em períodos subseqüentes. Assim, depois de um ano, o valor das contas a receber, para fins de registros contábeis, será de $ 6.830 mil, independentemente de variações da taxa de juros no mercado. Ao fim de cada um dos cinco exercícios, a contabilidade deverá refletir os seguintes efeitos: Exemplo 2
Compartilhar