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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 53 www.medresumos.com.br SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso consiste no conjunto de órgãos constituídos pelo tecido nervoso, responsáveis por controlar as reações do animal no ambiente externo, e também pelo controle visceral. Na espécie humana, ainda acumula as funções de cognição, aprendizado, memória, e personalidade. IMPORTÂNCIA FUNCIONAL E CLÍNICA Sua relevante capacidade funcional, associada a grande variedade de patologias que podem comprometê-lo, faz com que o sólido conhecimento de sua morfologia e respectivas correlações funcionais podem influenciar decisivamente para um diagnóstico precoce, tratamento e, consequentemente, prognóstico favorável para o paciente. O sistema nervoso pode estar relacionado, por exemplo, com as seguintes especialidades da área de saúde: Neuroanatomia Neurologia Neurocirurgia Psiquiatria Psicologia Fisioterapia Enfermagem Fonoaudiologia Pedagogia Um exemplo prático se faz nos casos de fratura da base do crânio, mais especificamente na fossa anterior: pode ocorrer comprometimento do osso etmoide, cursando com lesão menígea e rinorreia (extravasamento de líquido pelo nariz – neste caso, líquor ou líquido cérebro-espinhal), podendo o paciente evoluir com meningite. Outro exemplo diz respeito à importância do chamado diagnóstico topográfico em neurologia: lesões em locais específicos do sistema nervoso periférico e/ou central podem causar síndromes motoras ou sensitivas específicas que, somente através da análise clínica do paciente, se torna possível presumir a região acometida com grande precisão (como é nos casos de hemissecção medular ou síndrome de Brown-Serquard, poliomielite, lesões mediais do bulbo ou síndrome de Dejerine, lesões da base do pedúnculo cerebral do mesencéfalo ou síndrome de Weber, etc.). Esse assunto será melhor abordado no MedResumos – Neuroanatomia. TECIDO NERVOSO O tecido nervoso é constituído, basicamente, por neurônios (e suas fibras ou axônios) e células da Glia. Neurônios: são células (cerca de 100 bilhões) altamente especializadas e sem poder de regeneração (ou com pouco poder). Os corpos dos neurônios estão localizados na chamada substância cinzenta e seus axônios (ou fibras) estão localizados na substância branca. As principais funções ou propriedades dos neurônios são: o Excitabilidade: utilizada na percepção das mais sutis modificações ocorridas nos ambientes externo e interno. Como resposta ao estímulo o neurônio desencadeia um impulso nervoso. o Condutibilidade: capacidade de transmitir os impulsos nervosos. Células da Glia: com uma população celular 10 vezes maior que a do neurônio, tem funções coordenadas para auxiliar a tarefa dos neurônios. Possuem maior potencial de regeneração. As principais células são: o Astrócitos: barreira Hematoencefálica o Oligodendrócitos: bainha de Mielina no SNC. o Micróglia: função fagocítica. o Células ependimárias: Plexos Corioides o Células de Schwann: Bainha de Mielina no SNP. DIVISÕES DO SISTEMA NERVOSO Do ponto de vista anatômico, podemos dividir o sistema nervoso em duas grandes partes: o sistema nervoso central (S.N.C.) e o sistema nervoso periférico (S.N.P.). O primeiro reúne as estruturas situadas dentro do crânio (encéfalo) e da coluna vertebral (medula espinal), enquanto o segundo reúne as estruturas distribuídas pelo organismo (nervos, plexos e gânglios periféricos). Já do ponto de vista funcional, o sistema nervoso deve ser dividido em sistema nervoso somático (S.N.S.) e sistema nervoso autonômico (S.N.A.), de modo que o primeiro está relacionado com funções submetidas a comandos conscientes (sejam motores ou sensitivos, estando relacionado com receptores sensitivos e com músculos estriados esqueléticos) e o segundo, por sua vez, está relacionado com a inervação inconsciente de glândulas, músculo cardíaco e músculo liso. Arlindo Ugulino Netto; Prof. Roberto Guimarães Maia. ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 54 www.medresumos.com.br EMBRIOGÊNESE DO SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso origina-se do ectoderma embrionário e se localiza na região dorsal. Basicamente, o tubo neural dá origem ao sistema nervoso central, enquanto que as cristas neurais dão origem ao sistema nervoso periférico. A luz do tubo neural dá origem aos ventrículos encefálicos. Em sua região anterior (ou superior), o tubo neural sofre dilatação, dando origem ao encéfalo primitivo. Em sua região posterior (ou inferior), o tubo neural dá origem à medula espinhal. O canal neural persiste nos adultos, correspondendo aos ventrículos cerebrais, no interior do encéfalo, e ao canal central da medula, no interior da medula. Durante o desenvolvimento embrionário do sistema nervoso central, verifica-se que, a partir da vesícula única que constitui o encéfalo primitivo, são formadas três outras vesículas: (1) prosencéfalo (encéfalo anterior); (2) mesencéfalo (encéfalo médio); (3) rombencéfalo (encéfalo posterior). O prosencéfalo e o rombencéfalo sofrem estrangulamento, dando origem, cada um deles, a duas outras vesículas. O mesencéfalo não se divide. Desse modo, o encéfalo do embrião é constituído por cinco vesículas em linha reta. O prosencéfalo divide-se em telencéfalo (hemisférios cerebrais) e diencéfalo (tálamo e hipotálamo); o mesencéfalo não sofre divisão e o rombencéfalo divide-se em metencéfalo (ponte e cerebelo) e mielencéfalo (bulbo). Todas as divisões do SNC se definem já na 6ª semana de vida fetal. DIVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO Do ponto de vista anatômico, o sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). Por definição didática, temos: SNC: conjunto de órgãos do sistema nervoso que se encontra protegido pelos ossos do esqueleto axial da cabeça e coluna (formando o chamado neuroeixo). Ele Recebe os estímulos, avalia e desencadeia respostas. Basicamente, é constituído por dois representantes: o encéfalo (conjunto de estruturas nervosas abrigadas dentro do crânio) e medula espinhal. SNP: espalhado pelo corpo, percebe as modificações ocorridas nos ambientes externo e interno, e conduz estas informações para a parte central. É basicamente constituído pelos nervos e gânglios nervosos. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 55 www.medresumos.com.br MENINGES Antes de adentrar no estudo propriamente dito das estruturas que compõem o sistema nervoso central, devemos entender que todas elas são revestidas por envoltórios de natureza conjuntiva, que tem a função de revestir e proteger (mecanicamente) esses importantes órgãos. São denominadas, de fora para dentro: Dura-Máter; Aracnoide; Pia-máter. • Dura-Máter: é a mais espessa e externa das três. • Aracnoide: está situada entre as meninges Dura e Pia-Máter. • Pia-Máter: é dentre as meninges a mais delicada, encontra-se aderida ao tecido nervoso (nas peças de laboratório, inclusive, torna-se difícil de disseca-la). Separando a Dura-máter da Aracnoide, encontramos o Espaço Subdural; Entre a Aracnoide e a Pia-Máter existe o espaço Subaracnóideo. Neste espaço, circula o Líquido cerebrospinal (LCR ou líquor), cuja função é formar uma barreira mecânica de proteção entre o Tecido Nervoso e o meio externo. MEDULA ESPINAL A medula espinal (ou, como chamada por alguns autores, “espinal”) é uma massa cilíndrica e alongada de tecido nervoso, apresentando calibre variável, localizada no interior do canal vertebral (no chamado canal vertebral, formado pelo empilhamento dos forames vertebrais). Seu limite superior é o forame magno do osso occipital (onde passa a se continuar na forma do bulbo), e seu limite inferior se dá ao nível de L2 ou segunda vértebra lombar (onde se continua na forma de terminações nervosas que constituema chamada cauda equina). Tem um comprimento médio de 45 cm e é dividida em segmentos imaginários a partir de cada nervo espinhal que dela parte. As principais funções da medula são: • Centro Nervo para Ações Reflexas: integra e “interpreta” de maneira imediata alguns estímulos (geralmente nocivos) que entram pelos nervos espinhais. • Via nervosa: a medula é transpassada por inúmeras fibras (leia-se, axônios de neurônios) que sobem (levando estímulos ao encéfalo) ou descem (levando estímulos indiretamente aos músculos e vísceras). A topografia vértebro-medular é, por muitas vezes, utilizada na prática clínica, sobretudo na anestesia ou na coleta de líquor para análise laboratorial: como a medula, na maioria das pessoas, se encerra ao nível da 2ª vértebra lombar e o canal espinhal (e as meninges) continuam até o final deste canal (aproximadamente na altura da 2ª vértebra sacral ou S2), podemos abordar os espaços meníngeos, utilizando como referência os paços entre os processos espinhais das vértebras abaixo de L2 (no intuito de desviar a agulha da massa compacta que compõe a medula): Espaço Epidural: utilizado para anestesias peridurais Espaço Subaracnóideo: utilizado para coleta de Líquido Cérebro-espinhal, Punções e Anestesias Raquidianas. No que diz respeito à composição histológica da medula, devemos tomar nota que seus neurônios (leia-se, “corpos dos neurônios”) estão localizados mais centralmente na medula, enquanto que suas fibras (leia-se, axônios destes neurônios) localizam-se mais perifericamente. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 56 www.medresumos.com.br TRONCO ENCEFÁLICO O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventralmente ao cerebelo. Possui, basicamente, duas funções gerais: (1) recebe informações sensitivas de estruturas cranianas e controla a maioria das funções motoras e viscerais referentes a estruturas da cabeça; (2) contém circuitos nervosos que transmitem informações da medula espinhal até outras regiões encefálicas e, em direção contrária, do encéfalo para a medula espinhal (lado esquerdo do cérebro controla os movimentos do lado direito do corpo e vice-versa). Além destas duas funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham funções motoras e sensitivas específicas. O tronco encefálico é subdividido em bulbo, ponte e mesencéfalo. BULBO O bulbo constitui a porção mais caudal do tronco encefálico, localizado na cavidade craniana, deitado sobre o clívo do osso Occipital. Seu limite superior se dá no sulco bulbo-pontino (que o separa da ponte na sua face anterior) e seu limite inferior se dá ao nível do forame magno do osso Occipital. As principais funções do bulbo são: via nervosa; centro nervoso (tosse; espirro; secreção lacrimal e piscar; deglutição; sucção; secreção salivar); centro cárdio-inibitório; centro respiratório, etc. No que diz respeito a sua função de via nervosa, destacamos a relação do bulbo com a principal via de fibras nervosas motoras (eferentes) do sistema nervoso: o trato córtico-espinhal, um feixe de fibras nervosas que partem do córtex motor voluntário do cérebro em direção à medula espinal (para estimular, assim, a musculatura estriada esquelética). No bulbo, as fibras do trato córtico-espinhal descem pelas chamadas pirâmides bulbares (elevações na face anterior do bulbo, produzidas pela passagem do trato) e, mais inferiormente, cruzam para o lado oposto de onde se originaram na chamada decussação das pirâmides (ponto que marca o cruzamento oblíquo de fibras do trato cortico- espinal para o lado oposto). Esse cruzamento explica, por exemplo, o fato de que o hemisfério direito controla a motricidade do lado esquerdo do corpo, e vice-versa. OBS: Perceba que o trato córtico-espinhal não é única via nervosa do sistema nervoso – na verdade, é apenas uma (das mais importantes) vias descendentes (motoras) e ascendentes (sensitivas) do sistema nervoso. Este não é o momento de falar deles, mas é importante que o estudante de medicina, que inicia agora o seu conhecimento anatômico, entenda um importante conceito: a formação de um trato necessita de, basicamente, dois a três neurônios Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 57 www.medresumos.com.br apenas (em geral). Isso significa que, nos tratos descendentes (como o trato córtico-espinhal, que já conhecemos), o primeiro neurônio (ou “neurônio motor superior”) localiza-se no córtex e ele projeta um longo axônio (que parte nas fibras do trato) para alcançar o segundo neurônio (ou “neurônio motor inferior”) localizado na medula – portanto, o estudante deve esquecer o conceito errôneo que a maioria tem em pensar que, do cérebro até a inervação motora, vários neurônios vão se conectando até alcançar o destino final. PONTE A ponte constitui uma massa cuboide de tecido nervoso, e representa a parte média do Tronco Encefálico. É limitada superiormente sulco ponto-mesencefálico (que o limita do mesencéfalo) e inferiormente e pelo sulco bulbo- pontino (que o limita do bulbo). As principais funções da ponte são: via nervosa; centro nervoso para alguns atos reflexos emocionais: expressões faciais; riso; lágrimas; etc. IV VENTRÍCULO Durante o desenvolvimento embrionário, a luz do tubo neural dá origem a ventrículos, que nada mais são que cavidades localizadas dentro do encéfalo. Estes ventrículos se comunicam entre si, e dentro deles é formado e circula o líquor. Ao nível do tronco encefálico, na região posterior da ponte e do bulbo, encontra-se o IV ventrículo, uma cavidade losangular, situada dorsalmente ao Bulbo e a Ponte, e ventralmente ao Cerebelo. O IV ventrículo se comunica com o III ventrículo através do Aqueduto do Mesencéfalo, e se comunica com o Espaço Subaracnóideo através das aberturas laterais e mediana do IV Ventrículo (por onde o LCR escorre dos ventrículos para este espaço meníngeo). MESENCÉFALO O mesencéfalo constitui a porção mais cranial do tronco encefálico. Seu limite superior e impreciso (admite-se que seja em uma linha imaginária traçada desde a glândula pineal até os corpos mamilares) e seu limite inferior se dá no próprio sulco ponto-mesencefálico. Ele é atravessado longitudinalmente pelo Aqueduto do Mesencéfalo (canal que comunica o III ventrículo ao IV). Este aqueduto divide o mesencéfalo em duas grandes partes: pedúnculo cerebral (que é dividido em tegmento e base) e teto do mesencéfalo (onde estão presentes os colículos). CEREBELO O cerebelo consiste em uma subdivisão do rombencéfalo (juntamente à ponte) e está localizado nas Fossas Cerebelares do Osso Occipital, dorsalmente ao mensencéfalo, a ponte e ao bulbo, contribuindo para formação do teto do IV Ventrículo. É responsável pelo controle da motricidade, coordenação, tônus muscular e equilíbrio, dentre outras funções. O cerebelo, assim como o telencéfalo, é dividido em dois hemisférios, o esquerdo e o direito; entretanto, diferentemente dele, o cerebelo apresenta uma formação mediana denominada de vermis do cerebelo, que assim como seus hemisférios, também é dividido em lóbulos. Sua ligação com os órgãos do Tronco Encefálico se faz através de 03 feixes de fibras nervosas, de nominados pedúnculos Cerebelares: Pedúnculo cerebelar superior Mesencéfalo Pedúnculo cerebelar médio (braço da ponte) Ponte Pedúnculo cerebelar inferior Bulbo CÉREBRO O cérebro é constituído pelo telencéfalo e pelo diencéfalo. DIENCÉFALO O diencéfalo consiste em uma área localizada na transição entre o tronco encefálico e o telencéfalo, sendo subdividido em hipotálamo, tálamo, epitálamo e subtálamo. Todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores do olfato, passam pelo tálamo (e metatálamo) antes de atingir o córtex cerebral. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 58 www.medresumos.com.br O diecéfaloé quase que completamente encoberto pelos hemisférios cerebrais. Suas porções delimitam o III Ventrículo, que se comunica com o IV ventrículo através do aqueduto cerebral e com os ventrículos laterais através dos forames interventriculares. Tálamo: é uma massa ovoide predominantemente composta por substância cinzenta localizada no diencéfalo e que corresponde à maior parte das paredes laterais do terceiro ventrículo encefálico. O tálamo atua como estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. Anatomicamente, encontramos na região do hipotálamo estruturas como: o quiasma óptico e a glândula hipófise. Hipotálamo: também constituído por substância cinzenta, é o principal centro integrador das atividades dos órgãos viscerais (sistema nervoso autônomo), sendo um dos principais responsáveis pela homeostase corporal. Ele faz ligação entre o sistema nervoso/límbico e o sistema endócrino/visceral, atuando na ativação de diversas glândulas endócrinas. Nele, encontramos estruturas anatômicas importantes, como o Corpo Geniculado Medial (que se comunica com os colículos inferiores do mesencéfalo, integrando a Via Auditiva); e o Corpo Geniculado Lateral (que se comunica com os colículos superiores do teto do mesencéfalo, integrando a Via Óptica). Epitálamo: constitui a parede posterior do terceiro ventrículo e nele, está localizada a glândula pineal. TELENCÉFALO O telencéfalo corresponde ao conjunto dos hemisférios cerebrais (lobos, giros, sulcos e substância branca adjacente), núcleos da base e os ventrículos laterais. Em cada hemisfério, identificamos um Ventrículo Lateral. Os hemisférios correspondem a porção superior e lateral do Cérebro, apresentando-se em número de dois, sendo um direito e outro esquerdo. A separação entre os hemisférios cerebrais se faz por uma ampla fissura, de direção anteroposterior, denominada fissura longitudinal do cérebro. Para estudo anatômico, devemos dividir os hemisférios em faces: Face súperolateral: face completamente convexa em toda sua extensão. Em Posição Anatômica está voltada para os ossos da calvária. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 59 www.medresumos.com.br Face Medial: apresenta aspecto plano. Em Posição Anatômica, está voltada para o plano mediano. Face Inferior: apresenta aspecto irregular, está apoiada na Base do Crânio. Cada uma das faces dos hemisférios Cerebrais encontra-se dividida em regiões menores: os Lobos Cerebrais. Os mais evidentes (sobretudo na face súperolateral do cérebro) são os lobos frontais, temporais, parietais e occipitais. Mais profundamente aos demais lobos, é possível identificar o chamado lobo da ínsula (para observá-lo, retira-se o “opérculo fronto-parieto-temporal”). De forma sucinta, as funções de cada lobo são: Lobo Occipital: contém o córtex visual primário e recebe estímulos dos nervos ópticos. Relacionado, portanto, pela captação da visão. Lobo Temporal: abriga o córtex auditivo primário, servindo como entrada para a maioria dos estímulos auditivos. Nele, está abrigado ainda o hipocampo, importante estrutura do sistema límbico relacionada com a memória (tardia). Lobo Parietal: é sede principal de entrada de múltiplos estímulos sensoriais, pois apresenta o córtex somatossensorial primário. Lobo Frontal: maior lobo telencefálico, é conhecido por abrigar o córtex motor primário. Está relacionado ainda com diversos aspectos psicossociais (comportamento, planejamento de atitudes, personalidade, juízo, etc.), sendo importantes áreas de planejamento e ações sequenciadas, e memória (recente). Do lado esquerdo, abriga ainda a área anterior (ou motora) da linguagem (área de Broca, que estabelece conexões com a área de Wernicke do lobo temporal e está relacionada com a articulação de fonemas). Lobo da ínsula: está envolvido na composição do lobo límbico, responsável pelo controle emocional e pelo armazenamento da memória recente. OBS: O sistema límbico, citado anteriormente, consiste em um conjunto de estruturas telencefálicas relacionadas com emoções, memória e parte do controle visceral. Cada lobo cerebral é repartido em giros e sulcos (estratégia evolutiva que fez com que o cérebro humano fosse capaz de armazenar uma maior quantidade de neurônios, mesmo em um volume encefálico relativamente pequeno): Sulcos: são depressões encontradas em nível da superfície do telencéfalo, têm como função aumentar a Superfície do Córtex Cerebral. Alguns sulcos são utilizados como referências seguras para localização dos lobos, e para individualização de áreas do córtex denominadas de Giros. Giros: são faixas do Córtex do Telencéfalo que apresentam correspondência funcional. Sua individualização nos Lobos é feita com auxílio dos Sulcos. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 60 www.medresumos.com.br Principais giros e sulcos cerebrais Face supero-lateral Lobo frontal Sulco central: inicia-se na face medial do cérebro e segue até a fissura lateral (as vezes separada dela por uma pequena prega de córtex). Giro pré-central: corresponde a toda porção do Lobo Frontal, situada entre os Sulcos Central e Pré-Central. Apresenta o centro cortical responsável pela Motricidade voluntária do Corpo Humano. Sulcos frontais superior e inferior Giro frontal superior Giro frontal médio Giro frontal inferior: corresponde a porção do Lobo Frontal situada abaixo do Sulco Frontal Inferior, e acima do Sulco Lateral. Pode ser dividido em três partes (parte orbital, triangular e opercular), abrigando o Centro Cortical responsável pela Palavra Falada. Lobo parietal Sulco pós-central Giro Pós-Central: corresponde a toda porção do Lobo parietal, situada entre os Sulcos Central e Pós-Central. Corresponde ao centro cortical responsável sensibilidade geral (tato, pressão, temperatura, dor, etc). Sulco intraparietal Giro Supramarginal: Situado abaixo do sulco intraparietal, no lóbulo parietal inferior, mais especificamente na ponta posterior da fissura lateral do cérebro. Corresponde ao centro cortical da compreensão da linguagem tateada (leitura braile). Giro Angular: Situado por trás do giro supramarginal, é responsável pela compreensão da linguagem visual. Lobo temporal Sulco lateral. Sulcos temporais superior e inferior. Giro temporal superior: corresponde a toda porção da face súpero-lateral localizada abaixo do sulco lateral e por diante de uma linha imaginária que une o início do sulco parieto-occipital à incisura pré-occipital. Abriga o córtex auditivo primário. Giro temporal médio e inferior. Face medial Comissuras: são feixes de fibras que comunicam os dois hemisférios cerebrais, cruzando o plano mediando de forma horizontal. Corpo caloso (maior delas): rostro, joelho, corpo e esplênio Comissura anterior Comissura posterior Ventrículos laterais Cornos (partes) frontal, parietal, occipital e temporal Septo pelúcido Lobo occipital Sulco calcarino: começa abaixo do esplênio do corpo caloso e continua em um trajeto arqueado até o polo occipital. O Córtex que margeia o Sulco Calcarino corresponde ao Centro Cortical da Visão. Cúneo Lobo frontoparieal Giro frontal superior, lóbulo paracentral e pré-cúneo Sulco do cíngulo Giro do cíngulo Sulco do corpo caloso Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 61 www.medresumos.com.br Face inferior Lobo frontal Giro reto Sulco olfatório (e trato e bulto olfatórios) Giros orbitais Lobo parieto-occipital Giro para-hipocampal e uncos Sulco colateral Giro occipito-temporal medial Sulco occipito-temporal Giro occipito-temporal lateral O acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico (AVE) acontece quando uma determinada área do encéfalo é privada de suprimentoarterial e de O2 além de um determinado tempo (5 minutos, em média), de tal forma que acontece um infarto cerebral com lesão irreversível dos neurônios nela localizada. O AVC pode ser de dois tipos: hemorrágico ou isquêmico. A depender da área acometida, o paciente desenvolverá uma síndrome neurológica específica. O AVC é denominado hemorrágico quando uma Artéria se rompe (geralmente por um pico hipertensivo) e ocorre paralisa a circulação do sangue para determinado território. O AVC é denominado isquêmico quando um êmbolo (ateroma) "entope" uma artéria do cérebro e o fluxo sanguíneo é obstruído para determinado território. SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO O sistema nervoso periférico é constituído por estruturas localizadas fora do neuroeixo, sendo representado pelos nervos (e plexos formados por eles) e gânglios nervosos (consiste no conjunto de corpos de neurônios fora do SNC). No SNP, os nervos cranianos e espinhais, que consistem em feixes de fibras nervosas ou axônios, conduzem informações para e do sistema nervoso central. Nervos: cordões esbranquiçados formados pelos axônios dos neurônios e seus envoltórios conjuntivos. Plexos: conjunto de nervos formados para mesclar axônios originados em segmentos diferentes da medula espinhal. Gânglios: dilatações presentes no trajeto de um nervo, formadas por corpos de neurônio (corresponde, portanto, aos neurônios localizados fora do neuroeixo). Terminações Nervosas: estruturas especializadas encontradas na extremidade de um Nervo, com função de receber os estímulos (terminações sensitivas); ou na transmissão para um órgão efetor (Terminações Motoras). NERVOS ESPINHAIS Existem 31 pares de nervos espinhais aos quais correspondem 31 segmentos medulares assim distribuídos: 8 cervicais (existe oito nervos cervicais mas apenas sete vértebras pois o primeiro par cervical se origina entre a 1ª vértebra cervical e o osso occipital), 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 62 www.medresumos.com.br NERVOS CRANIANOS Os 12 nervos cranianos, também constituintes importantes do sistema nervoso periférico, apresentam funções neurológicas diversificadas. I. Nervo Olfatório: é um nervo totalmente sensitivo que se origina no teto da cavidade nasal e leva estímulos olfatórios para o bulbo e trato olfatório, os quais são enviados até áreas específicas do telencéfalo. II. Nervo Óptico: nervo puramente sensorial que se origina na parte posterior do globo ocular (a partir de prolongamentos de células que, indiretamente, estabelecem conexões com os cones e bastonetes) e leva impulsos luminosos relacionados com a visão até o corpo geniculado lateral e, daí, até o córtex cerebral relacionado com a visão. III. Nervo Oculomotor: nervo puramente motor que inerva a maior parte dos músculos extrínsecos do olho (Mm. oblíquo inferior, reto medial, reto superior, reto inferior e levantador da pálpebra) e intrínsecos do olho (M. ciliar e esfíncter da pupila). Indivíduos com paralisia no III par apresentam dificuldade em levantar a pálpebra (que cai sobre o olho), além de apresentar outros sintomas relacionados com a motricidade do olho, como estrabismo divergente (olho voltado lateralmente). IV. Nervo Troclear: nervo motor responsável pela inervação do músculo oblíquo superior. Suas fibras, ao se originarem no seu núcleo (localizado ao nível do colículo inferior do mesencéfalo), cruzam o plano mediano (ainda no mesencéfalo) e partem para inervar o músculo oblíquo superior do olho localizado no lado oposto com relação à sua origem. Além disso, é o único par de nervos cranianos que se origina na parte dorsal do tronco encefálico (caudalmente aos colículos inferiores). V. Nervo Trigêmeo: apresenta função sensitiva (parte oftálmica, maxilar e mandibular da face) e motora (o nervo mandibular é responsável pela motricidade dos músculos da mastigação: Mm. temporal, masseter e os Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 63 www.medresumos.com.br pterigóideos). Além da sensibilidade somática de praticamente toda a face, o componente sensorial do trigêmeo é responsável ainda pela inervação exteroceptiva da língua (térmica e dolorosa). VI. Nervo Abducente: nervo motor responsável pela motricidade do músculo reto lateral do olho, capaz de abduzir o globo ocular (e, assim, realizar o olhar para o lado), como o próprio nome do nervo sugere. Por esta razão, lesões do nervo abducente podem gerar estrabismo convergente (olho voltado medialmente). VII. Nervo Facial: é um nervo misto e que pode ser dividido em dois componentes: N. facial propriamente dito (raiz motora) e o N. intermédio (raiz sensitiva e visceral). Praticamente toda a inervação dos músculos da mímica da face é responsabilidade do nervo facial; por esta razão, lesões que acometam este nervo trarão paralisia dos músculos da face do mesmo lado (inclusive, incapacidade de fechar o olho). O nervo intermédio, componente do nervo facial, é responsável, por exemplo, pela inervação das glândulas submandibular, sublingual e lacrimal, além de inervar a sensibilidade gustativa dos 2/3 anteriores da língua. VIII. Nervo Vestíbulo-coclear: é um nervo formado por dois componentes distintos (o N. coclear e o N. vestibular); embora ambos sejam puramente sensitivos, assim como o nervo olfatório e o óptico. Sua porção coclear traz impulsos gerados na cóclea (relacionados com a audição) e sua porção vestibular traz impulsos gerados nos canais semicirculares (relacionados com o equilíbrio). IX. Nervo Glossofaríngeo: responsável por inervar a glândula parótida, além de fornecer sensibilidade gustativa para o 1/3 posterior da língua. É responsável, também, pela motricidade dos músculos da deglutição. X. Nervo Vago: considerado o maior nervo craniano, ele se origina no bulbo e se estende até o abdome, sendo o principal representante do sistema nervoso autônomo parassimpático. Com isso, está relacionado com a inervação parassimpática de quase todos os órgãos torácicos e abdominais. Traz ainda fibras aferentes somáticas do pavilhão e do canal auditivo externo. XI. Nervo Acessório: inerva os Mm. esternocleidomastoideo e trapézio, sendo importante também devido as suas conexões com núcleos dos nervos oculomotor e vestíbulo-coclear, por meio do fascículo longitudinal medial, o que garante um equilíbrio do movimento dos olhos com relação à cabeça. Na verdade, a parte do nervo acessório que inerva esses músculos é apenas o seu componente espinhal (5 primeiros segmentos medulares). O componente bulbar do acessório pega apenas uma “carona” para se unir com o vago, formando, em seguida, o nervo laríngeo recorrente. XII. Nervo Hipoglosso: inerva a musculatura da língua. DIVISÃO FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO Do ponto de vista funcional, podemos dividir o sistema nervoso em somático e autonômico (ou visceral). Basicamente, o SN Somático depende da vontade do indivíduo (voluntário) e o SN Autônomo independe da vontade do indivíduo (involuntário). Para isso, o SNP conecta o SNC às diversas partes do corpo, sendo mediado por neurônios motores (eferentes) e neurônios sensitivos (aferentes), além de nervos mistos. Sistema nervoso somático: é responsável pelo controle do animal em seu ambiente externo, adaptando-o as mudanças neste ambiente, com objetivo de preservar sua integridade física. Suas ações ocorrem em nível consciente, e são voluntárias. Sistema nervoso autonômico ou visceral: é responsável pelo controle do ambiente interno, através da coordenação das funções viscerais, com objetivo de manter a homeostase. Suas ações ocorrem em nível inconsciente, e são involuntárias. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 64 www.medresumos.com.br ROTEIRO PARA ESTUDO PRÁTICO MEDULA ESPINHAL Limite superior: plano horizontal em nível do forame magno do osso occipital. Limite inferior: 2ª vértebra lombar (L2) Configuração externa: Cone medular; Filamento terminal; Cauda equina. Face anterior: Fissura mediana anterior da medula espinal; Sulcos anterolaterais direito e esquerdo (raízes ventrais dos nervos espinais – motoras ou eferentes). Face posterior: Sulco mediano posterior da medula espinal; Sulco intermédio (apenas em nível da medula cervical); Sulcos póstero-laterais direito e esquerdo (raízes dorsais dos nervos espinais – sensitivas ou aferentes). Envoltórios da medula espinal: Dura-Máter; Aracnoide; Pia-Máter. Espaços entre as meninges: epidural; subdural; e sub-aracnóideo (líquor). BULBO Limite inferior: nível do forame magno. Limite superior: sulco bulbo-pontino. Face anterior: Fissura mediana anterior do bulbo; Forame cego da medula oblonga; Pirâmide; Decussação das pirâmides; Sulcos anterolaterais direito; Sulcos anterolaterais esquerdo Do bulbo. Faces laterais: Sulco anterolateral; Sulco póstero-lateral; Oliva Face posterior: O A porção aberta do bulbo (superior): contribui para a formação do assoalho do IV ventrículo. O Porção fechada do bulbo (inferior): Sulco mediano posterior do bulbo; Sulcos intermédios posteriores; Fascículos grácil (medial), Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 65 www.medresumos.com.br Cuneiforme (lateral); Tubérculo do núcleo grácil; Tubérculo do núcleo cuneiforme. PONTE Limite inferior: sulco bulbo-pontino. Limite superior: sulco ponto-mesencefálico. Face anterior: sulco basilar; torus pontino. Faces laterais: pedúnculos cerebelares médios (braços da ponte). Face posterior: contribui para a formação do assoalho do IV ventrículo. IV VENTRÍCULO Constituição: faces posteriores do bulbo (porção aberta) e da ponte. Assoalho: sulco mediano posterior; colículos faciais. Teto: véu medular superior. CEREBELO Hemisférios cerebelares Vermis do cerebelo MESENCÉFALO Porção anterior: bases dos pedúnculos cerebrais. Porção posterior (teto do mesencéfalo): Aqueduto Cerebral Colículos superiores Colículos inferiores Braço colículo superior Braço do colículo inferior DIENCÉFALO Porções: tálamo; hipotálamo; epitálamo (parede posterior do III ventrículo) e subtálamo. III ventrículo Tálamo Corpos geniculados medial; Corpos geniculados lateral; Pulvinar do tálamo. Epitálamo Glândula pineal; Trígono das habênulas (ou habenular); Comissura das habênulas. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 66 www.medresumos.com.br Hipotálamo N. Óptico; Quiasma óptico; Corpos mamilares Trato óptico TELENCÉFALO Hemisférios cerebrais direito e esquerdo Fissura longitudinal do cérebro Faces: Supero-lateral; medial; e inferior (base) Face supero-lateral: lobos frontal, temporal, parietal, occipital e ínsula. O Sulcos: Central; Lateral. O Lobo frontal: Giros: Pré-central Frontal superior Frontal médio Frontal inferior Sulcos: Pré-central Frontal superior Frontal inferior O Lobo temporal: Giros: Temporal superior Temporal médio Temporal inferior Sulcos: Temporal superior Temporal inferior O Lobo parietal Giros: Pós-central Lóbulo parietal superior Lóbulo parietal inferior: giro supra-marginal e giro angular Sulcos: Pós-central Intraparietal O Lobo occiptal Sulcos: Parieto-occiptal Calcarino Face medial: O Lobos frontal/parietal Comissura do fórnix Septo pelúcido Corpo caloso: rostro, joelho, tronco e esplênio. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANATOMIA HUMANA SISTÊMICA 67 www.medresumos.com.br Giros: Giros do cíngulo Lóbulo paracentral Sulcos: Sulco do cíngulo Sulco do corpo caloso Face inferior Giros: Para-hipocampal Úncus Giros reto Bulbo olfatório Trato olfatório Sulcos: olfatório
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