Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CAPÍTULO 2 Dimensões OrganizaciOnais A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Conhecer os principais componentes da cultura organizacional e de que forma ela influência no clima organizacional; 3 Elaborar propostas de intervenção sobre problemas contemporâneos relacionados à área de gestão de pessoas; 3 Ser capaz de compreender as teorias de comunicação e aprendizagem projetando estratégias de avaliação e melhoria destes fenômenos no contexto da organização. 46 Psicologia Organizacional 47 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 Nas organizações a palavra cultura é empregada para se referir aos valores, visão, missão de uma dada empresa, sua estrutura e processos, ou melhor resumindo, o modo com a empresa é conduzida (SCHEIN, 2009). cOntextualizaçãO No capítulo anterior, tivemos a oportunidade de discutir sobre o papel da psicologia nas organizações tendo em vista a relação do Homem X Trabalho e aspectos importantes como saúde mental e tipos de sofrimento no trabalho. No presente capítulo, buscamos compreender, dimensões que conferem singularidade e dinamismo para a organização. Essas dimensões dizem respeito à cultura, ao clima e aos modos de aprendizagem e comunicação, cruciais para análise que objetiva conhecer e entender com mais profundidade o funcionamento de uma empresa. A cultura e o seu reflexo no clima da organização são relações importantes de serem estudadas, principalmente porque indicam o nível de satisfação e insatisfação dos colaboradores apontando potencialidades e fracassos, bem como sugerindo possibilidades de mudanças no contexto da empresa e do trabalho. As formas de aprendizagem e comunicação fazem parte deste universo e dizem respeito as formas e estratégias adotadas para atingir objetivos e viabilizar um espaço de trabalho humanizado. Diante disso, a Psicologia Organizacional é solicitada a aprofundar sua produção de conhecimento e contribuir com a organização, principalmente pelas condições singulares que o contexto apresenta e que frequentemente demanda adaptações em função das constantes mudanças da sociedade. Este capítulo não pretende apresentar formulas padronizadas para resoluções de problemas da área de gestão de pessoas, mas busca contribuir com reflexões teóricas e possibilidades de intervenções, tendo em vista o auxílio do profissional de psicologia. cultura OrganizaciOnal Os homens trazem dentro de si não somente a sua individualidade, mas a humanidade inteira, com todas as suas possibilidades. Goethe O conceito de cultura é utilizado por diversas áreas de estudo, produzindo uma diversidade de ideias. Por antropólogos é introduzida para se referir aos costumes e rituais elaborados pela sociedade ao longo da sua história; pela advocacia é utilizada para designar alguém que é culto, sofisticado; nas organizações a palavra cultura é empregada para se referir aos valores, visão, missão de uma dada empresa, sua estrutura e processos, ou melhor resumindo, o modo com a empresa é conduzida (SCHEIN, 2009). 48 Psicologia Organizacional Está materializada nas ações do dia a dia nos comportamentos dos indivíduos, nos resultados financeiros, no emprego de tecnologia, nas diversas estruturas organizacionais, bem como nos valores e formas de liderança dos próprios gestores. Mas essas variáveis são consequências de uma atmosfera mais profunda, que é a causa. As organizações são organismos vivos, pois são habitadas por indivíduos que as transformam constantemente de acordo com as suas necessidades e as exigências políticas, econômicas, tecnológicas. Através de suas interações, são capazes de dar significado existencial e criar realidades psicossociais. Tendo em vista este fluxo, podemos afirmar que qualquer empresa está mergulhada em fenômenos culturais, pois são os seres humanos que produzem cultura por meio de sua capacidade de pensar, se expressar e se relacionar (SILVA; ZANELLI; TOLFO, 2013). A cultura é um indicador importante para compreender o funcionamento de uma empresa apesar da maior parte dos seus aspectos não serem explicitamente visíveis. Para Schein (2009, p. 8) “a cultura está para um grupo como que a personalidade ou o caráter está para um indivíduo. Podemos ver os comportamentos resultantes, mas, frequentemente não podemos ver as forças internas que causam certos tipos de comportamento”. Dito isso, cabe um questionamento: Tendo em vista a analogia feita entre cultura e personalidade, reflita: A personalidade de um sujeito é determinada apenas pela projeção da personalidade e desejo dos pais? Ou a personalidade é um emaranhado de experiências obtidas ao longo da vida, difíceis de determiná-las? As respostas para as perguntas encontram-se muito mais próximas de considerar a personalidade como um resultante de inúmeras vivências, experiências e projeções do que uma simples situação de causa e efeito do âmbito familiar. Assim, podemos considerar a cultura de uma organização, uma diversidade de influências. A parte visível da cultura está materializada nas ações do dia a dia nos comportamentos dos indivíduos, nos resultados financeiros, no emprego de tecnologia, nas diversas estruturas organizacionais, bem como nos valores e formas de liderança dos próprios gestores. Mas essas variáveis são consequências de uma atmosfera mais profunda, que é a causa. Schein (2009) alerta que muitos consultores vendem a ideia de que há como criar certos tipos de cultura que levam a empresa ao sucesso, mas isso é tomar o conceito de cultura superficialmente. Seja boa ou não, eficaz ou não, a cultura de uma empresa não depende somente das variáveis locais, mas de um contexto muito maior, como o ambiente que ela está inserida. 49 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 Diante do exposto, é relevante analisar, investigar e gerir a cultura de uma organização? Silva, Zanelli e Tolfo (2013), em seus estudos, destacam que sim, a cultura pode ser diagnosticada e transformada, pois ela é desenvolvida pelo homem e pode ser construída, destruída e reconstruída através de intervenções humanas. O contrário seria supor que ela é autônoma, dissociada da evolução social que o homem faz parte e é seu principal protagonista. Os níveis de análise da cultura organizacional se dividem em três interfaces: Figura 7 - Os níveis da cultura organizacional Fonte: Adaptado de Silva; Zanelli e Tolfo (2013). A primeira camada está na superfície e portanto, é a dimensão mais visível da cultura. Ela integra o ambiente físico - estrutura arquitetônica, tecnologia, vestuários, materiais de trabalho, contratos. A segunda camada das crenças e os valores, encontra-se no ou naquilo que as pessoas desejam ou entendem ser o mais correto. Muitas vezes, o conflito se instala quando a organização apresenta políticas de gestão de pessoas, mas não as aplica. E por fim, em um nível mais profundo estão os pressupostos básicos, ou seja, aqueles elementos importantes que compõem a cultura e apesar e de não serem visíveis, influenciam na estrutura e nos processos organizacionais. Diante do exposto é possível apoiar-se nas ideias de Schein (2009), de que a cultura não pode ser totalmente controlada em virtude de suas dimensões inconscientes, ou seja, do seu plano ingerenciável. Conhecer e alterar a cultura, é um processo complexo que envolve resistências declaradas e veladas, que 50 Psicologia Organizacional geralmente são subestimadas pelos próprios gestores. Portanto, para se obter uma análise do funcionamento de uma organização é fundamental que se vista a lente da cultura, se assuma a perspectiva cultural,ou seja, de perceber que atrás das questões visíveis há um hemisfério invisível, que conduz a organização através de forças que operam no grupo, na organização e nas diferentes ocupações. Além disso, é importante salientar que a natureza das categorias que compõem a cultura, seja ela boa ou ruim, satisfatória ou não, é algo que ao longo do tempo foi se consolidando. Ao falar de cultura de um grupo, de uma comunidade, é porque aqueles comportamentos, pensamentos ou ações que as definem, não ocorreram apenas uma única vez. Schein (2009) aponta quatro características importantes da cultura, conforme se visualiza abaixo: Figura 8 - Características da Cultura Fonte: Adaptado de Schein (2009). A estabilidade estrutural, indica que as variáveis culturais são compartilhadas inúmeras vezes até que faça parte da estrutura do grupo e mesmo que alguns membros se desliguem, as características estruturais da organização permanecem; a profundidade diz respeito a ideia de que a cultura é sempre algo que está abaixo da superfície, inconsciente e menos tangível; extensão designa que a cultura abrange toda a organização ou grupo e influencia todas as tarefas lá praticadas ou desenvolvidas; integração é a essência da cultura e implica que o clima, rituais, valores, comportamentos vinculam-se entre si formando um todo. Algumas categorias utilizadas para descrever a cultura podem ser percebidas no quadro abaixo. Certamente estas variáveis se apresentam de forma diferente em cada organização, mas estes pontos são norteadores para se conhecer com mais profundidade a cultura de um local e até sinalizar possibilidades de melhoria. 51 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 Quadro 2 - Categorias da cultura organizacional Interação entre as pessoas Linguagem que utilizam, costumes, tradições e rituais. Normas do grupo Padrões e valores implícitos que o grupo desenvolve. Clima Sentimento que circula em um grupo e o modo como as pessoas interagem entre si. Significados compartilhados Entendimentos criados pelos membros do grupo à medida que se relacionam. Rituais e celebrações formais Maneiras pelas quais os grupos celebram eventos e passagens importantes como promoção, conclusão de projetos. Hábitos de pensar, modelos mentais, paradigmas linguísticos Modelos cognitivos, percepções, linguagem usual que são utilizadas pelos membros do grupo e passadas através de socializações para os novos integrantes. Fonte: Adaptado de Schein (2009). Atividade de Estudos: 1) Você consegue perceber como a interação entre os membros da sua empresa se dá? Quais os sentimentos que circulam no seu grupo? Quais são as linguagens mais usuais? Quais os valores partilhados? E o seu líder, como exerce a liderança? Convidamos você a fazer uma breve análise nas linhas abaixo: _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 52 Psicologia Organizacional Motta, Alcadipani e Bresler (2001, p. 263), “até que ponto levamos em conta, quando adotamos novas formas de gestão de origem estrangeira, as condutas, a maneira de pensar e agir tipicamente brasileiras?” Para Schein (2009), podemos pensar a cultura enquanto aprendizagem acumulada e compartilhada entre os membros do grupo. Os indivíduos em busca de estabilidade no seu meio tornam a aprendizagem acumulada padrões que por fim compõem a cultura. Assim, podemos dizer dos valores de um determinado líder, ou seja, na medida que ele leva a sua equipe ao sucesso, ou seja, à realização das tarefas de forma satisfatória e que promova um bem-estar no grupo, as crenças e valores passam a ser reconhecidos e compartilhados. Dito de outra forma, quando há uma continuidade da afirmação das condutas e valores do líder, elas são integralizadas na identidade grupal. Estes valores compartilhados, de acordo com Silva, Zanelli e Tolfo (2013), dão origem a estratégias, projetos, missão e visão da empresa que fazem parte dos níveis da cultura. Ao longo do tempo as variáveis iniciais que participaram da composição da cultura se condensam a outras, tornando difícil reconhecer a sua origem ou causas, por isso solucionar problemáticas organizacionais torna-se tão complexo e exige cautela, uma vez que estas dificuldades, muitas vezes, se originaram da própria cultura. Além disso, questões simbólicas e inconscientes dos indivíduos ajudam a dar o tom da parte obscura e de difícil conhecimento da cultura de um local. Por isso é importante afirmar que para se compreender a cultura não é possível ficar somente nos artefatos visíveis, pois seria superficial demais. Se cada organização possui a sua própria cultura, cada país, cidade, região, também. Muitas vezes, adotamos ideias, formas, instrumentos estrangeiros, só porque lá naquele local eles tiveram bons resultados, mas se quer refletimos se elas condizem com a cultura do nosso lugar. Além disso, esta incorporação limita, muitas vezes o desenvolvimento de estratégias inéditas que poderiam nos tornar ainda mais competitivos e diferentes pelo simples fato destas estratégias fazerem sentido na nossa cultura. Diante disso, cabe reforçar um questionamento realizado por Motta, Alcadipani e Bresler (2001, p. 263), “até que ponto levamos em conta, quando adotamos novas formas de gestão de origem estrangeira, as condutas, a maneira de pensar e agir tipicamente brasileiras?” O Brasil apresenta uma grande dimensão territorial e uma vasta diversidade cultural. Os colonizadores europeus, os indígenas e os escravos africanos foram os primeiros responsáveis por esta disseminação que logo foi sendo agregada com os imigrantes italianos, alemães e assim por diante. Além disso, cada canto deste país possui uma cultura típica do local. Por exemplo, no Sul do Brasil, os aspectos culturais têm influência portuguesa, espanhola, alemã e italiana e algumas de suas celebrações, tradições e culinária são: a festa da uva, Oktoberfest (Festa de Outubro), fandango, churrasco, chimarrão 53 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 Motta, Alcadipani e Bresler (2001, p. 263), “até que ponto levamos em conta, quando adotamos novas formas de gestão de origem estrangeira, as condutas, a maneira de pensar e agir tipicamente brasileiras?” e por aí vai. Já no Nordeste, a cultura inclui danças e festas como o bumba meu boi, frevo e tem uma forte presença de artesanatos de renda, cerâmicas, festas de padroeiros. Você deve estar se perguntando por que uma aula sobre a cultura brasileira? Mas é exatamente a intensão de refletir sobre o ambiente em que vivemos que os trechos acima foram apresentados. Além do mais, irei convidá- lo a se questionar: Tendo em vista estas características tipicamente brasileiras, você acredita que elas são levadas em conta e influenciam a gestão aplicada em nosso país? Na verdade, este questionamento pertence a Motta, Alcadipani e Bresler (2001) que se preocuparam em debater sobre a “cultura brasileira, estrangeira e segregação nas organizações”. Eles enfatizam que muitas estratégias adotadas nas empresas brasileiras não levam em conta a própria cultura dopaís. Simplesmente adotam um modelo estrangeiro sem adaptar as sutilezas do povo local. Isso se deve ao fato de que o “estrangeirismo” é visto como algo bom, um upgrade, aliás, muitos vão para o exterior para se capacitar, visitar um mundo em que as coisas “funcionam”. Nas palavras de Coelho (2000 apud MOTTA; ALCADIPANI; BRESLER, 2001, p. 272): [..] temos a alegria de não sermos xenófobos. O estrangeiro sempre nos parece superior: mais culto, mais civilizado. Nacionalizamos a patifaria. Se o brasileiro, por definição, é o malandro, aquele que quer levar vantagem em tudo, decorre mais ou menos logicamente que o gringo é honesto e ingênuo. Sentimos orgulho, portanto (eu senti), ao sermos ingênuos. Curiosa a forma de nacionalismo, a que se expressa em submissão; mas é assim que funcionamos, a meu ver. O menosprezo pelo Brasil, possivelmente dá abertura para que tudo que é estrangeiro seja visto como melhor e transportado para cá. Nas organizações brasileiras isso não seria diferente. Para Motta, Alcadipani e Bresler (2001), os Estados Unidos são o norte para as discussões domésticas no Brasil, seja para assuntos de modernidade, cidadania ou, mercado, dando a entender que se funciona lá, há de funcionar aqui. As empresas investem muito em metodologias e teorias estrangeiras, mas sequer questionam se elas são adequadas para a nossa realidade. 54 Psicologia Organizacional Outro questionamento importante é: De que forma é possível diagnosticar a cultura de uma organização? Veja o caso abaixo em relação aos “Programas de Avaliação de Desempenho”: Tais programas determinam o sucesso ou o fracasso da pessoa na organização. O que acontece é que no caso das multinacionais a matriz determina quais são as habilidades que devem ser “mensuradas” e como fazê-lo. Ocorre, assim, que não importa se o avaliado está nos Estados Unidos ou na Índia: todos são avaliados de acordo com as mesmas normas e são rankiados mundialmente, deixando claro o papel de imposição da vontade da matriz, de sua cultura e de seus objetivos sobre os demais países e organizações. Diante desse quadro, muitos gerentes se vêem obrigados a “tropicalizar a ferramenta” de avaliação para que ela seja adequada a nossa realidade (MOTTA; ALCADIPANI; BRESLER, 2001, p. 280). Dito isso, é importante salientar que estas considerações não têm a intenção de desconsiderar os modelos estrangeiros, nem a sua influência, mas atentar para como isto é incorporado pelo mercado e como os gestores os utilizam dentro das suas estratégias. Pretendeu-se salientar ainda que, muitas vezes, se debruçar diante de estratégias estrangeiras favorece com que a própria criatividade, elaboração de modelos próprios, exerça um papel secundário e menos importante na gestão, já que reproduzimos cópias de outros países. Por isso, se faz fundamental conhecer a cultura nacional - país, a cultura local - cidade e a cultura dos gestores da organização - empresa, pois com isso, as estratégias pensadas e implementadas podem ser mais assertivas. Outro questionamento importante é: De que forma é possível diagnosticar a cultura de uma organização? Compreender a cultura de uma organização é uma tarefa complexa, por isso, é necessário adotar métodos coerentes que consigam decifrar a natureza das diferentes variáveis que compõem as estruturas - visível e não visível, da empresa. Silva, Zanelli e Tolfo (2013, p. 234), respondem a esta questão com os seguintes argumentos: Para os gestores e demais trabalhadores interessados em compreender, prever e mudar comportamentos individuais e coletivos, saber como reconhecer valores e crenças centrais norteadoras das atitudes e dos comportamentos das pessoas em contextos físicos e psicossociais de trabalho torna-se essencial. 55 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 Métodos indiretos como entrevistas e questionários, podem auxiliar na identificação da cultura, principalmente por esta estratégia contemplar além dos aspectos conscientes, outros que são inconscientes e que seriam mais difíceis de serem percebidos através de levantamentos objetivos. O IBACO – Instrumento Brasileiro para Avaliação da Cultura Orga- nizacional desenvolvido por Ferreira et al. (2002) é um destes questionários que busca avaliar, através da ótica dos membros da organização, os valores e práticas organizacionais. Seu questionário contém trinta afirmativas divididas em três fatores de valores e três de práticas. Para compreender melhor os objetivos e variáveis avaliadas pelo IBACO vale a pena ler a pesquisa que deu origem ao instrumento e outra pesquisa em que ele foi aplicado. Seguem abaixo os dois links. http://www.scielo.br/pdf/%0D/epsic/v7n2/a08v07n2.pdf http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2014_EnANPAD_GPR2147.pdf Muitos são os benefícios em avaliar a cultura de uma organização, dentre eles destacam-se os seguintes: a) Identificar os pontos críticos e propor programas de melhorias; b) Reconhecer e potencializar os aspectos fortes da organização e criar estratégias para as vulnerabilidades; c) Criar possibilidades de feedback diante dos resultados obtidos dos próprios colaboradores; d) Oportunidade para favorecer reflexão sobre o ambiente de trabalho, valores organizacionais, clima organizacional. Por fim, para aqueles que pretendem aprofundar assuntos relativos a cultura organizacional, faz-se aqui a indicação de um livro de Edgar Schein (2009) que é referência no assunto: “Cultura Organizacional e Liderança”. 56 Psicologia Organizacional A temperatura de um lugar, usando esta expressão metaforicamente, influencia o comportamento dos indivíduos no seu trabalho e consequentemente na sua produtividade, por isso, torna- se um indicador importante da análise organizacional. Clima organizacional diz respeito ao reflexo da cultura da organização, ou melhor dizendo, o reflexo dos efeitos dos valores, hábitos, regras, modos de se relacionar, na organização como um todo. clima OrganizaciOnal “Clima Organizacional” é uma expressão utilizada no meio organizacional para se referir a como as pessoas que fazem parte da empresa se sentem em relação a ela. Alguns autores, como Puente - Palacios e Martins (2013), fazem uma analogia ao clima atmosférico, temperatura. Mas, tecnicamente, clima organizacional diz respeito ao reflexo da cultura da organização, ou melhor dizendo, o reflexo dos efeitos dos valores, hábitos, regras, modos de se relacionar, na organização como um todo. Esta dimensão que compõe a dinâmica da empresa, avalia além de inúmeros indicadores, o grau de satisfação ou insatisfação dos seus membros em relação ao seu trabalho. Dentre outros, estão a percepção dos colaboradores frente as políticas de RH, modelo de gestão, missão da empresa, processo de comunicação, valorização profissional (LUZ, 1995). A temperatura de um lugar, usando esta expressão metaforicamente, influencia o comportamento dos indivíduos no seu trabalho e consequen- temente na sua produtividade, por isso, torna-se um indicador importante da análise organizacional. Para Puente – Palacios e Martins (2013), tanto as organizações influenciam o comportamento dos indivíduos, quanto os indivíduos podem modificar a dinâmica organizacional. Porém, apesar de atributos psíquicos e emocionais envolvidos nas questões relacionadas ao clima de uma empresa, os autores alertam para a diferença entre clima organizacional e clima psicológico. Clima psicológico - diz respeito ao pensamento e sentimento individual dos sujeitos enquanto que o clima organizacional contém aspectos do clima psicológico e mais outros aspectos relacionados com o ambiente de trabalho. Em Psicologia das Massas e Análise do Eu, Freud (1921) apresenta quea psicologia que olha para o indivíduo na sua particularidade, busca compreender os modos pelos quais o sujeito busca a sua satisfação, ou seja, que caminho percorre para realizar-se. Porém, analisar tal individualidade se restringe a poucas situações como por exemplo, quando os sujeitos buscam análise ou psicoterapia através de psicólogos. 57 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 No caso de uma pesquisa sobre a percepção do grupo sobre a organização é importante ter em mente que o sujeito individual é um sujeito grupal. Ávila (2009) em seu livro “Um singular plural” vai nos brindar com as seguintes constatações: o indivíduo não existe; o eu é feito de relações; o eu é múltiplo; o eu é eu- outro; o eu é plural. Porém, quando se faz referência a um grupo, massa ou equipe, é importante destacar que o simples fato de pessoas andarem ou estarem juntas em um determinado espaço, realizando determinada atividade, não sugere uma dimensão grupal. “O grupo é uma entidade distinta do simples fato de termos sete pessoas caminhando juntas. A dimensão invisível, latente, inconsciente, é a dimensão real do grupo” (ÁVILA, 2009, p. 47). Para Ávila (2009), no grupo, qualquer ato que seja concebido, seja de agressividade ou mesmo de cooperação entre os membros, deve ser compreendido a partir do contexto em que isto ocorreu. Recortar esse ato e analisá-lo fora dessa relação seria restringir uma compreensão mais profunda do fenômeno relacional. Contudo, diante do grupo, as particularidades do sujeito, em relação ao seu próprio eu, ficam invisíveis, sendo difícil entender o que é de um e o que é de outro. Para Freud (1921), o grupo, assume um inconsciente que é comum a todos e, em virtude disso, o homem transforma seus pensamentos e comportamentos. Por isso, buscar compreender um dos membros do grupo em sua individualidade, sem levar em consideração que este Eu é um eu plural, influenciado por um universo de crenças, sentimentos, regras, específicas do grupo seria fazer uma análise limitada. Essas ideias servem para compreender a importância de levar em consideração o clima enquanto percepção/cognição e sentimento/emoção do grupo como um todo, como se fosse uma massa só. Por isso, entende-se quando Puente - Palacios e Martins (2013) afirmam que o clima psicológico faz parte do clima organizacional. Neste caso, o psicólogo que atua nas organizações, pode contribuir com suas percepções auxiliando a empresa a entender tal profundidade, auxiliando na busca de soluções para os pontos conflitivos identificados. O desenho abaixo apresenta o lugar do clima organizacional no universo de uma empresa, bem como mostra os conceitos que estão diretamente ligados com ele. 58 Psicologia Organizacional Figura 9 – Abrangência dos conceitos de cultura e clima organizacionais e clima psicológico Fonte: Puente - Palacios e Martins (2013, p. 257). Percebe-se diante da figura que a cultura de uma empresa é a dimensão mais ampla e profunda da organização, enquanto o clima organizacional, que contempla o clima psicológico está contido neste universo e é consequência dele, porém, encontra-se na superfície da cultura. Gestores interessados em avaliar o clima organizacional, precisam compreender que não é possível identificá-lo diretamente ou sem que se questione a percepção dos colaboradores, pois a condição de medi-lo é justamente porque os indivíduos contêm informações preciosas sobre o dia a dia da organização. Além do mais, cada setor da empresa possui um tipo de clima, portanto, é preciso estar atento a estes detalhes para não cometer erros graves. E como é possível conhecer a percepção dos membros de grupo? Vimos que a cultura, pode ser analisada a partir de questionários e entrevistas, pois exige mais qualitativamente a sua investigação. Já o clima organizacional pode ser medido mais objetivamente já que os atributos que fazem parte do clima, são em grande parte mais técnicos. Abaixo podemos identificar alguns indicadores de clima organizacional que a priori são perceptíveis na organização, e que já sugerem a “temperatura do clima”. Dito de outra forma, altos índices de rotatividade e faltas podem estar denunciando que algo no ambiente de trabalho não está bem. Porém, não se sabe quais as suas causas. O estudo do clima, portanto, pode apontar alguns indicadores que estejam influenciando e a partir disso possibilitar mudanças. Abaixo destacamos alguns deles: • Turnover - Rotatividade • Absenteísmo - Faltas • Avaliações de desempenho • Programas de sugestões 59 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 • Pichações no banheiro • Greves • Conflitos interpessoais • Desperdício de material • Reclamações no serviço de medicina Para Puente - Palacios e Martins (2013), o clima implica não só na dinâmica da organização, mas na saúde do trabalhador. Dito de outra forma, diagnosticar o clima é conhecer o impacto dos processos organizacionais na satisfação dos colaboradores e possibilita promover ações para combater os pontos fracos e potencializar os pontos fortes a fim de trazer benefícios para a empresa e para o trabalhador. Alguns dos benefícios da gestão do clima organizacional estão listados abaixo: • Retenção de Talentos • Diminuição do índice de doenças psicossomáticas • Treinamentos sintonizados com os objetivos da empresa, gerando resultado • Maior produtividade • Melhoria na comunicação interna • Aumento do comprometimento dos funcionários com a empresa • Integração • Credibilidade Ricardo Luz (2003), em sua dissertação de mestrado se propôs apresentar as etapas do processo de gestão do clima nas organizações, dando ênfase ao diagnóstico, e elaborou um instrumento de pesquisa de clima, a partir de um levantamento realizado com grandes empresas. Para maiores detalhes, neste quadro encontra-se o link da dissertação, bem como uma pesquisa de clima como sugestão de aprofundamento da temática. Neles vocês encontrarão modelos de questionários. Para compreender melhor as etapas da gestão do clima organizacional e conhecer alguns instrumentos de coletada de dados, segue os links sugeridos para leitura: http://www.bdtd.ndc.uff.br/tde_arquivos/14/TDE-2007-06- 01T102808Z 822/Publico/Dissertacao%20Ricardo%20Luz.pdf http://www.scielo.br/pdf/prod/v16n2/06 60 Psicologia Organizacional cOmunicaçãO OrganizaciOnal O discurso nunca possui uma só dimensão, por isso, ele é alvo de mal entendidos. Muitas vezes, aquilo que se quer dizer, sai atravessado por lapsos, devido à resistência, medo, insegurança, e/ou ainda, é mal compreendido pelo outro a quem a fala se dirige. Diante disso, já percebemos que há chances daquilo que se pretende dizer, não sair exatamente como o desejado. Recorrendo a psicanálise para seguir nesta linha de pensamento, Fink (1998) menciona/afirma/descreve/relata que existem dois tipos diferentes de falas: uma que vem de um discurso consciente e intencional e outro inconsciente e involuntário, ou seja, um que é controlado e outro que escapa. Complementando esta ideia, Schein (2009) nos traz um relato interessante que pode servir de exemplo da ideia exposta. Em meu papel de consultor em uma pequena empresa familiar do ramo alimentício, perguntei a alguns gerentes se enfrentavam quaisquer conflitos com subordinados, colegas ou superiores no trabalho diário. A menos que eu estivesse conversando com uma pessoa particularmente desapontada, geralmente, recebia uma negação imediata da existência de qualquer conflito. Essa resposta deixou-me indignado, porque havia sido chamado pelo presidente para ajudar a descobrir o que fazer sobre “conflitos graves” que os membros da organização enfrentavam. Finalmente, percebi que estava presumindo que a palavra conflito era, geralmente,entendida como referente a qualquer grau de discordância entre duas ou mais pessoas, e que conflito era uma condição humana normal, sempre presente em algum grau. Por outro lado, meus entrevistados tinham duas suposições bem diferentes. Em sua visão, (1) a palavra conflito referia-se a um desacordo grave e difícil, se não impossível, de conciliação (uma interpretação semântica diferente da própria palavra) e (2) o conflito era mau, no sentido em que uma pessoa em conflito não administrava bem. Depois de ter percebido que as suposições semânticas diferentes eram de origem do problema da comunicação, mudei minha solicitação para: “Fale-me sobre as coisas que facilitam ou dificultam a realização do seu trabalho”. Fonte: Schein (2009, p. 105). 61 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 Quantas vezes você desejou algo e inquietantemente foi atrás deste sonho ou quantas vezes as coisas mal resolvidas acabam influenciando nas suas emoções no seu comportamento, mostrando que está ali, presente, esperando uma solução? Esta percepção mais sensível sobre a comunicação organizacional é fundamental para que se compreenda a profundidade desta dimensão e se proponha alternativas assertivas diante dos conflitos inerentes ao ato de se comunicar. É importante salientar, que existe uma parte da comunicação que é possível ser controlada através de instrumentos ou estratégias e outras que deriva de um lugar obscuro onde estão imersos desejos, conflitos, medos, traumas, que chama-se inconsciente e tem uma natureza ingerenciável através de instrumentos. Para Freud baseado na teoria psicanalítica, esses desejos tendem sempre à satisfação e os traumas a um vir a toda para ser resolvido. Basta lembrar de quantas vezes você desejou algo e inquietantemente foi atrás deste sonho ou quantas vezes as coisas mal resolvidas acabam influenciando nas suas emoções no seu comportamento, mostrando que está ali, presente, esperando uma solução? E é neste sentido que a comunicação ganha um sentido inconsciente, pois é através da linguagem (verbal e não verbal) que estes desejos e conflitos são comumente expressos. Para a psicanálise, através de chistes, atos falhos e lapsos da língua comunicamos algo que muitas vezes está obscurecido por resistências. O chiste, vem do alemão e significa “gracejo”, que é uma espécie de válvula de escape de nosso inconsciente, utilizado para dizer, em tom de brincadeira, aquilo que verdadeiramente se deseja. Dito de outra forma, o chiste pode servir para criticar algo ou alguém através de uma simples abreviação, um jogo de palavras ou um duplo sentido. É uma forma de condensação em que o sujeito economiza, abrevia na expressão da crítica algo que é de seu interesse dizer, mas não consegue devido a repressão do meio e, por isso, escapa. Já o lapso e ato falho podem ser analisados consecutivamente pela troca de um nome por outro ou atrasos em função de esquecimento do horário. Mas como algo que parece tão inadequado, um erro, pode ser dito pelas nossas bocas e isso suscitar verdades? Um trecho do livro de Fink (1998, p. 20) se faz importante compartilhar para melhor ilustrar as ideias expostas acima: Então, como esse Outro discurso conseguiu se insinuar “dentro” de nós? Nossa tendência é acreditar que estamos no controle, e no entanto, às vezes algo excêntrico e estranho fala, digamos assim, por intermédio de nossas bocas. Do ponto de vista do self ou do eu, o “Eu” é quem sabe o que pensa e sente, e acredita que sabe por que faz o que faz. O elemento intruso – aquele outro tipo que fala – é deixado de lado, considerado aleatório e, portanto, sem nenhuma importância. As pessoas que tendem a fazer lapsos de língua acreditam, com frequência, que apenas se confundem de vez em quando ou que seus cérebros são simplesmente mais rápidos do que suas bocas e soltam duas palavras ao mesmo tempo por uma boca lenta. Embora em tais casos os lapsos de língua sejam reconhecidos como estranhos ao eu 62 Psicologia Organizacional ou self, sua importância é desconsiderada. Ao mesmo tempo em que, na maioria dos casos, uma pessoa que acaba de cometer um lapso provavelmente endossaria a seguinte afirmação: “Cometi um erro sem sentido e por acaso”, Freud replicaria: “A verdade falou”. A verdade escapa através de palavras e ações, ou seja, na forma de comunicação de um para o outro. Na perspectiva organizacional isso torna-se mais complexo pelo número de variáveis que interagem entre si. Quanto mais a empresa reprimir ou controlar a comunicação, mais surpresas vai ter em relação as manifestações inconscientes dos seus colaboradores. Diante desta consideração, é fundamental que se crie formas para que a comunicação de uma equipe não traga maiores complicações para o desempenho, bem como o bem-estar no trabalho. Para que o grupo funcione enquanto uma estrutura interligada, o gestor, supervisor, coordenador, bem como a equipe, devem criar um sistema de comunicação a fim de facilitar a interpretação do que ocorre nos meandros da organização. Para Silva e Colbari (2001), é possível apontar duas explicações para esta complexidade (1) porque circulam formas diferentes e até contraditórias de comunicação, (2) porque a empresa ao incorporar relações de subordinação com seus colaboradores, instrumentalizam a comunicação a fim de controlá-la. Porém, apesar dos entraves e da sua complexidade, a comunicação quando autêntica e reconhecida no cerne das práticas de gestão produz um intercâmbio positivo entre os membros da organização e é um facilitador na solução de problemas práticos do dia a dia. Sobre comunicação autêntica na atividade profissional Silva e Colbari (2001, p. 165), vão conceituá-la como “um processo pelo qual se instaura uma compreensão recíproca e se forma um sentido compartilhado, resultando e um entendimento sobre as ações que os sujeitos envolvidos são levados a assumir juntos ou de maneira convergente”. Diante de uma situação de pane, por exemplo, inicialmente a comunicação, é protagonizada para se compreender as causas, elaborar um diagnóstico e encontrar a solução. Se esta comunicação não está alinhada, a possibilidade de instaurar um conflito, um erro de diagnóstico é maior. Por isso, a comunicação autêntica perde sentido, ou melhor, não acontece, se a empresa não possibilita que os indivíduos exerçam a sua expressividade, se seu poder de iniciativa não é levado em conta. Deste modo, promover formas de “escuta” torna-se uma boa estratégia para a organização. Ferreira (2009) aponta um dos significados da palavra “escutar” como “tornar-se ou estar atento para ouvir”. Através disso é possível que cada indivíduo tenha a oportunidade de falar e ser ouvido. Muitas são as abordagens teóricas sobre a comunicação organizacional e as mais atuais apontam para um afastamento da ideia de controle. O quadro abaixo 63 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 apresentará algumas visões e conceitos, oferecendo um leque de possibilidades e leituras para este fenômeno que é um dos atributos importantes na dinâmica dos negócios e das relações pessoais no cenário de uma organização. Quadro 3 – Autores x Perspectivas Teóricas AUTORES PERSPECTIVAS TEÓRICAS Daniels, Spiker e Papa (1997) – “Três Modelos” Apontam três modelos ou perspectivas de comunicação organizacional que po- dem ser assim classificado(as): tradicional, interpretativo e crítico. O modelo tradicional é o mais antigo dentre os três e é tido como uma atividade cujo com- portamento pode ser medido, padronizado e classificado. Há uma relação entre processo comunicacional e eficiência organizacional. O modelo in- terpretativo, que entende as organizações como culturas, como fenômeno subjetivo, ou seja, a ação social somente é possívelquando as pessoas podem compartilhar significados subjetivos. A cultura organizacional é con- siderada uma rede de significados. Os modelos interpretativistas buscam revelar as realidades socialmente construídas nas organizações. Veem a comunicação como processo por meio do qual essa construção social ocorre. A perspectiva crítica percebe a organização como instrumento de opressão. A comunicação nesse sentido, é tida como instrumento de dominação. Goodall Jr e Eisenberg (1997) – “Cinco Modelos” Apresentam cinco modelos de comunicação organizacional: como transferência de informação; como processo transacional; como estratégia de controle, como equilíbrio entre criatividade e constrangimento/coação/sujeição e como espaço de diálogo - “comunicação equilibrada”, ou seja, a comunicação em que cada indivíduo tem a oportunidade de falar e ser ouvido. Kunsch (2003) Autor brasileiro que acredita que as organizações concebam a sua comunicação a partir de uma perspectiva integrada que abrange a comunicação institucional, a comunicação mercadológica, a comunicação interna e a comunicação admi- nistrativa, constituindo o mix, o composto da comunicação organizacional. Putnam, Phillips e Chap- man (2004) – “Sete Linhas de Metáforas” As metáforas são: conduíte, lente, linkage, perfomance, símbolo, voz e discur- so. (1) conduíte refere-se ao encaminhamento da comunicação, entendida como transmissão. A metáfora da (2) lente admite que as organizações filtrem a comunicação, na medida em que são consideradas como sistemas que tudo veem e percebem. A metáfora do (3) linkage entende que as organizações são redes ou sistemas de indivíduos interconectados e a comunicação age para conectá-los. (4) perfomance vê a comunicação como interação social que promove ações coordenadas. Na metáfora do (5) símbolo, as organizações emergem da cultura organizacional, tendo a comunicação como interpretação - narrações, os ritos e os rituais e os paradoxos. A (6) metáfora da voz con- sidera que a co- municação é expressão, sendo a organização um conjunto de vozes. Por fim, a metáfora do (7) discurso considera a comunicação como conversação, em que as organizações aparecem como textos que consistem em gêneros e diálogos. Fonte: Adaptado de Scroferneker (2006). 64 Psicologia Organizacional Essas perspectivas apresentam a dimensão que o conceito de comunicação organizacional possui, bem como a sua complexidade em virtude de inúmeras variáveis que são levadas em consideração. Em muitas organizações, ainda se vê uma relação bastante instrumental com a comunicação, ou seja, restrita a estratégias de controle e não emancipação de ideias e integração. Contudo, acredita-se, hoje, mais do que nunca, sob influência da globalização e da liberdade de expressão, as organizações que se atém às práticas voltadas para o compartilhamento de informações e escuta dos sujeitos atuantes, tenderá a construir um espaço organizacional mais saudável e propício a ideias inovadoras. Torquato (2015) em seu livro “Comunicação nas organizações”, apresenta a comunicação como um aliado importante para o equilíbrio, desenvolvimento e expansão das organizações. Sua ênfase é dada a abordagem sistêmica em que a base da eficácia dos instrumentos de comunicação está nas atitudes e ações da comunicação interpessoal e grupal. Para ele, a comunicação é usada de diversas formas, dentre elas, como um conjunto de técnicas instrumentais e normativas, de outro como formas de expressão centrada nas capacidades e habilidades. Esta última é uma forma que suaviza, agrada, diverte e sensibiliza. Para um maior aprofundamento nas ideias de Gaudêncio Torquato, verifique seu livro, Comunicação nas organizações: Empresas privadas, instituições e setor público (2015). Diante do exposto até o momento, cabe um questionamento: Na sua empresa, quais estratégias de comunicação são utilizadas? Elas levam em consideração expressões ou apenas medições? Todos os colaboradores têm acesso as informações importantes, de que forma? Elas são eficazes? Esse é o primeiro passo para se refletir sobre este fenômeno no ambiente organizacional e ele está ligado com a cultura de um local, ou seja, os valores, formas de tratamento que os gestores priorizam, bem como influencia diretamente no clima organizacional, pois a falta de informação ou mesmo a má informação pode trazer desequilíbrio nas relações de trabalho, tanto tecnicamente como emocionalmente. 65 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 A aprendizagem faz parte de um processo muito amplo e que fundamentalmente tem importância para a manutenção, competitividade, sustentabilidade das organizações, bem como um fator decisivo na busca de empregos e crescimento profissional. A sua amplitude se dá, primeiro pela complexidade do homem enquanto ser social e cultural e que possui diferentes capacidades e formas de aprender, assim como pelo cenário social que apresenta atualmente um fluxo de informações e inovações tecnológicas intensas e rápidas, como jamais vistas em outra época. aprenDizagem em Organizações e trabalhO “Aprender”, no Dicionário Aurélio significa tomar conhecimento, tornar- se capaz de algo graças ao estudo, observação, experiência (FERREIRA, 2008) . Para Abbad e Borges-Andrade (2014), a aprendizagem é um processo psicológico essencial para a sobrevivência dos seres humanos no decorrer de todo o seu desenvolvimento, transformando-se a cada época. Por muito tempo a aprendizagem se deu com o objetivo de sobrevivência em que a forma era exclusivamente a repetição de atividades através da memorização para fins de reprodução de ações. Hoje, por meio de diversas transformações sociais devido ao progresso da ciência, o homem teve que desenvolver novas formas de adquirir conhecimento, habilidades e atitudes – CHAs (ABBAD et al., 2013). CHAs – Sigla que significa Conhecimento, Habilidade e Atitude muito utilizada no meio organizacional, principalmente no que se refere à aprendizagem organizacional. Com o progresso social, muitas dificuldades foram sendo encontradas nos processos de aprendizados, muitas teorias “caíram por terra” e novas vem sendo elaboradas, principalmente com o advento da tecnologia que, mais do que nunca, está presente na vida das pessoas e das organizações. Nesse ínterim, descobriu- se que não existe um saber absoluto e que defina integralmente o processo de aprendizagem o que propulsou uma integração de diferentes saberes. Apesar da aprendizagem estar presente em inúmeras situações e contextos em que o homem circula, este capítulo se propõe a discutir o que é aprendizagem e como ela se dá no contexto das organizações de trabalho. Ainda, vale dizer que as ideias que serão apresentadas a seguir devem auxiliar, principalmente, em como fazer com que a aprendizagem seja um fenômeno colaborativo para os indivíduos nas empresas em que trabalham. Atualmente, a aprendizagem faz parte de um processo muito amplo e que fundamentalmente tem importância para a manutenção, competitividade, sustentabilidade das organizações, bem como um fator decisivo na busca de empregos e crescimento profissional. A sua amplitude se dá, primeiro pela complexidade do homem enquanto ser social e cultural e que possui diferentes capacidades e formas de aprender, assim como pelo cenário social que apresenta atualmente um fluxo de informações e inovações tecnológicas intensas e rápidas, como jamais vistas em outra época. 66 Psicologia Organizacional O Profissional de Psicologia, por sua vez, deve conhecer as suas definições teóricas a fim de auxiliar a organização, pois a aprendizagem se dá a nível do indivíduo, e é além disso, muitopeculiar a cada um. Por isso, alinhar as estratégias de aprendizagem à cultura da organização é uma de suas importantes contribuições. Duas são as abordagens mais gerais da aprendizagem: a) Behaviorista - a aprendizagem nesta abordagem prevê a mudança de comportamento. Sua ênfase é no estudo do comportamento observável, esta linha foi muito enfatizada no século XX como forma de “melhorar a produtividade das pessoas através do planejamento do uso de consequências para seus comportamentos no trabalho, para mantê-las motivadas e para reduzir o absenteísmo” (ABBAD; BORGES-ANDRADE, 2014, p. 238). No início do século XX, o behaviorismo havia se tornado a principal teoria norte-americana para a compreensão do homem e de seu comportamento. A partir disso, as práticas do tratamento psíquico ficaram presas ao controle experimental, assim como as organizações eram gerenciadas por uma tradição positivista e pragmática. Este estilo americano, conforme apresenta Gaulejac (2007), alinha-se com a prerrogativa de um sujeito visto como um ser moldável, podendo ele ser o que quiser, chegar onde quiser no rol da organização, se treinar e desenvolver a sua capacidade para isso. BEHAVIORISMO: Termo inaugurado por John B. Watson que é oriunda do inglês e significa “comportamentalismo”. No intuito de se tornar ciência, a psicologia ganha seu status no momento em que define claramente um objeto e seus procedimentos de estudo, ou seja, o comportamento como algo palpável e comprovável, cujos experimentos poderiam ser aplicados em diferentes pessoas. b) Cognitivista – O campo de estudo que articula cognição e organização propõe três níveis de análise – indivíduo, grupo e organização e três propriedades centrais da cognição – estruturas cognitivas (como o conhecimento está representado e armazenado), processos cognitivos (como o conhecimento é adquirido e utilizado) e estilos cognitivos (maneira pelas quais os indivíduos processam a informação, revelando preferências que operam no campo automático ou inconsciente (BASTOS, 2004). 67 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 Algumas questões que a abordagem cognitiva se preocupa é: Figura 10 – Questionamentos da ciência cognitiva Fonte: Adaptado de Borges (2004, p. 179). Diante destes questionamentos, as respostas não encontram-se unilateralmente em uma ou outra ciência, por isso, a área de estudo da abordagem cognitiva é ampla e interdisciplinar em que convergem da neurociência, antropologia, psicologia, linguística, inteligência artificial. Em que resulta a aprendizagem? No que ela contribui para o indivíduo e para o trabalho? Para Abbad et al. (2013) o resultado de aprendizagens são competências que são combinações de conhecimento, habilidades e atitudes – CHAs que os indivíduos aplicam na sua vida e no seu trabalho. Desta forma, modificam a si mesmos e também o seu meio. Mais especificamente no seu trabalho o CHAs está representado pela seguinte definição: C – o que se sabe sobre o trabalho; H – como se executa; A – disposição para realizá-lo. Os conhecimentos, habilidades e atitudes podem ser adquiridos individualmente através de leitura de textos, habilidades psicomotoras e por meio de experiências pessoais – positivas ou negativas que o sujeito vivenciou. Porém, existem certos tipos de habilidades, as sociais, que dependem exclusivamente do outro para acontecer. Neste caso, não basta capacitar somente um indivíduo quando na verdade, exige um processo que leva em conta a interação de um grupo, o trabalho em equipe. Abbad et al. (2013) apresentam tipos de serviços em que a habilidade social é condição indiscutível: UTI – que necessitam de equipe multidisciplinar para tratar a 68 Psicologia Organizacional saúde do indivíduo; times esportivos - além das habilidades individuais é necessário haver interação. Knowles (1984 apud LEITE; PORSSE, 2003) apresenta um outro paradigma para a aprendizagem: o construtivista. Este paradigma enfatiza o aprendiz, que é encorajado a investigar e reconhecer o papel da experiência na aprendizagem. Os aprendizes e professores interagem e o conhecimento é gerado por meio do diálogo. Desta forma, a aprendizagem ocorre a partir de um estímulo dado aos aprendizes, constituindo-se num processo de resolução de problemas. Nesta abordagem, entra em cena a Andragogia, ou seja, educação para adultos. Nesta perspectiva, os adultos aprendem melhor quando eles são ajudados a aprender e quando aprendem o que eles têm necessidade de aprender para progredir na carreira ou na própria vida de forma geral. Existem ainda, diferentes formas de aprendizados nas organizações: a formal e a informal. O Treinamento e Desenvolvimento é um dos exemplos de modelos formais que tem como objetivo a criação de oportunidades e condições para facilitar a aprendizagem. Já os informais se dão pela imitação de colegas, tentativa e erro, observações, cooperações. Na medida em que há necessidades de mudanças no ambiente de trabalho ou a inserção de novos produtos, novas máquinas, o treinamento é aplicado, a fim de atender da melhor forma a demanda do contexto. De fato, conforme salienta Abbad et al. (2013), não existem estratégias melhores ou piores, mas sim, estratégias que são mais adequadas aquele determinado tipo de atividade e ambiente de trabalho. Por isso, muitas vezes, uma combinação de estratégias é adotada. Esta que se difere entre si, mas se complementa para dar conta da necessidade de uma empresa. Os autores Abbad et al. (2013), apontam que a Aprendizagem Organizacional – AO, inicia com um movimento do próprio indivíduo que faz parte deste contexto, e somente se efetiva quando esta aprendizagem é aplicada, compartilhada no seio da organização. Existe uma relação estreita entre aprendizagem individual e organizacional, porém, verifica-se que a organização afeta mais a aprendizagem do indivíduo do que o contrário. O quadro abaixo apresenta alguns tipos de aprendizagem organizacional: Quadro 4 – Tipos de Aprendizagens Organizacionais Aprendizagem de Tarefas Orientada para o desempenho e a valorização de tarefas específicas. Aprendizagem Sistêmica Diz respeito aos processos da organização e o seu desenvolvimento e melhorias. 69 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 1- Quais aprendizagens são cruciais para uma organização? 2- Como essas aprendizagens podem ser desenvolvidas e otimizadas considerando-se as realidades sociais e culturais específicas dos contextos organizacionais? Aprendizagem Cultural Trata dos fundamentos de uma organização, seus valores, convicções e formas de tratamento com as pessoas. Aprendizagem de Liderança Voltada para a gestão e liderança de pessoas, grupos e unidades de empresas de maior porte. Aprendizagem de Equipe Orientada para a eficiência na prática da função, mostrando também como se faz para promover o aprendizado e o crescimento da equipe. Aprendizagem Estratégica Focada nas estratégias da organização, como se dá o seu desenvolvi- mento, sua implementação e prováveis melhorias. Aprendizagem Empreendedora Trata do empreendedorismo e a gestão de equipes, como se estas fossem microempresas. Aprendizagem Reflexiva Enfatiza o questionamento dos modelos vigentes na organização. Aprendizagem Transformacional Orientada para as formas de se realizar mudanças dentro da organiza- ção que surtam efeitos significativos. Fonte: Adaptado de Guns (1998). No artigo de Souza (2004, p. 6), em que discute a noção de oportunidades de aprendizagem organizacional aponta duas interrogações: 1 - Quais aprendizagens são cruciais para uma organização? 2 - Como essas aprendizagens podem ser desenvolvidas e otimizadas considerando-se as realidadessociais e culturais específicas dos contextos organizacionais? Para Souza (2004), esses questionamentos trazem alguns pressupostos provenientes dos estudos sobre aprendizagem organizacional em que são destacados os seguintes aspectos: a) Que a aprendizagem organizacional é chave para a competitividade e sobrevivência de organizações; b) Que a aprendizagem organizacional é um fenômeno ao mesmo tempo individual e coletivo; c) Que a aprendizagem organizacional está intrinsecamente relacionada à cultura das organizações; 70 Psicologia Organizacional d) Que a aprendizagem organizacional é um fenômeno que apresenta uma dinâmica paradoxal, já que aprender e organizar são fenômenos antitéticos. Diante do que foi discutido até o momento sobre o que é aprendizagem organizacional, convido você a fazer um exercício: Atividade de Estudos: 1) “O que você tem aprendido com as organizações que você passou?” Que forma de aprendizagem foi utilizada: observação e imitação ou treinamento? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ Como já foi exposto por Abbad et al. (2013), as políticas adotadas como base para a aprendizagem organizacional devem estar alinhadas com as políticas e formas de gestão da empresa, deste modo, é importante estar atento para: Quadro 5 - Aprendizagem Organizacional X Gestão Organizacional Identificar necessidades de aprendizagem que os indivíduos da organização, ou grupos espe- cíficos, devem adquirir e aplicar. Criar mecanismos e sistemas de gestão do conhe- cimento para facilitar a captação, codificação, arma- zenamento, indexação, acesso rápido a banco de dados que viabilizem a disseminação de informa- ções importantes e o desenvolvimento de aprendi- zagem continuada. Identificar, em que local da organização está propenso a aprendizagem formal e informal. Atentar para o exercício de atitudes gerenciais favo- ráveis à aprendizagem, à mudança e à criatividade no trabalho. 71 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 Descrever o perfil motivacional e cognitivo das pessoas que compõem a organização e que passarão por um processo específico de aprendizagem. Disseminar uma cultura de aprendizagem integrada e de resolução colaborativa de problemas. Distinguir necessidades que podem ser su- pridas por treinamento daquelas que neces- sitam ser supridas por consultores, ou novas contratações. Melhorar o suporte à aprendizagem e o valor mo- tivacional da aprendizagem para os indivíduos, de modo a aumentar o uso de estratégias cognitivas, afetivas e comportamentais. Fonte: Abbad et al. (2013, p. 522). Por fim, Abbad et al. (2013), registram que independente de qual estratégia de aprendizado irá ser aplicada na empresa, é fundamental que ocorra uma avaliação contínua do processo, adaptand o-o e incrementando-o, caso haja demanda e necessidade, pois quando se fala em aprendizagem, se fala de uma condição humana que está em constante transformação e sendo influenciada por diversos fatores externos e internos. Atividades de Estudos: 1) As organizações possuem suas próprias culturas, ou seja, regras próprias, modos de promover as relações entre as equipes, de lidar com os conflitos, etc. Avaliar a cultura de modo qualitativo é importante, principalmente porque seus artefatos mais submersos têm maior facilidade de surgir mediante uma conversa, uma entrevista. Comente esta afirmação. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 2) De que forma a cultura pode influenciar no clima organizacional? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 72 Psicologia Organizacional 3) Quais os benefícios em avaliar o clima organizacional de uma empresa? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 4) Vários são os conceitos empregados para o fenômeno da comunicação organizacional. De um lado existe um universo mais expressivo e de outro mais estratégico e instrumental. Comente esta frase. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 5) Existem várias estratégias para promover aprendizado nas organizações, bem como inúmeras teorias que abordam a temática. Por isso, é importante conhecer a cultura de uma organização e decidir através de seus elementos quais formas de aprendizado se aproximam da sua realidade. Quais os resultados que se consegue através da aprendizagem organizacional e quais as modalidades que existem? ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 73 Dimensões OrganizaciOnais Capítulo 2 algumas cOnsiDerações Neste capítulo, procuramos contemplar as dimensões organizacionais – cultura, clima, comunicação e aprendizado, que dão dinâmica à organização e que encontram-se ligadas entre si. Note que não existem fórmulas prontas para analisar ou aplicá-las nas organizações, pois tanto a pesquisa de clima quanto a comunicação e a aprendizagem, por exemplo, são aspectos que dependem da cultura de cada organização e do seu modelo de negócio. Certamente este caderno não contém tudo sobre cada um dos subcapítulos abordados, mas através destes conhecimentos compartilhados considera-se que se produziu oportunidades, de apresentar os temas, as diferentes perspectivas teóricas e transportá-las reflexivamente para os diferentes espaços aos quais passaram ou hoje atuam. Além disso, os psicólogos podem ser grandes aliados no diagnóstico, na elaboração e implementaçãode estratégias organizacionais, pois o seu conhecimento é voltado para as pessoas, suas necessidades, dinâmicas psíquicas, formas de aprendizado e capacidades. No próximo capítulo, serão abordados temas referentes a liderança organizacional, apresentando a importância da sua função, os diferentes estilos de liderança e alguns casos para discussão. referências ABBAD, G. S.; BORGES-ANDRADE, J. Aprendizagem humana em organizações de trabalho. In: ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. B. (Orgs.) Psicologia, Organizações e trabalho no Brasil. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. ABBAD, G. S.; LOIOLA, E.; ZERBINI, T.; BORGES-ANDRADE. J. E. Aprendizagem em Organizações e no trabalho. In: BORGES, L. O; MOURÃO, L. O Trabalho e as Organizações: atuações a partir da psicologia. Porto Alegre: Artmed, 2013. ÁVILA, L. A. O Eu é plural: Grupos: a perspectiva psicanalítica. Vínculo – Revista do NESME, São Paulo, v.1, n.6, p. 39-52, 2009. 74 Psicologia Organizacional BASTOS, V. B.; YAMAMOTO, O. M.; RODRIGUES, A C A. Compromisso social e ético: desafios para a atuação em psicologia organizacional e do trabalho. In: BORGES, L. O.; MOURÃO, L. (Orgs.) O trabalho e as organizações: atuações a partir da psicologia. Porto Alegre: Artmed, 2013. MOTTA, F. C. P; ALCADIPANI, R; BRESLER, R. Cultura Brasileira, estrangeirismo e segregação nas organizações. In: DAVEL, E.; VERGARA, S. C. (Orgs.). Gestão com pessoas e subjetividade. São Paulo: Atlas, 2001. FINK, B. O sujeito lacaniano: entre a linguagem e o gozo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. FREUD, S. Psicologia das massas se análise do eu e outros textos (1920- 1923) In: Obras Completas, v. 15. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. GAULEJAC, V. Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. 3. ed. SP: Ideias & Letras, 2007. GUNS, B. A organização que aprende rápido: seja competitivo utilizando o aprendizado organizacional. São Paulo: Futura, 1998. LEITE, J. B. D; PORSSE, M. C. S. Competição baseada em competências e aprendizagem organizacional: em busca da vantagem competitiva. Rev. adm. contemp., Curitiba, v. 7, n. spe, p. 121-141, 2003. LUZ, R. Clima organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1995. SCROFERNEKER, C. M. A. Trajetórias teórico-conceituais da Comunicação Organizacional Revista FAMECOS/PUCRS. Porto Alegre. no 31. dezembro de 2006. SCHEIN, E. Cultura Organizacional e Liderança. São Paulo: Atlas, 2009. SILVA, J. R. G; COLBARI, A. Comunicação e Subjetividade. In: DAVEL, E.; VERGARA, S.C. (Orgs.). Gestão com pessoas e subjetividade. São Paulo: Atlas, 2001. SOUZA, Y. S. Organizações de aprendizagem ou aprendizagem organizacional. RAE-eletrônica, v. 3, n. 1, Art. 5, jan./jun. 2004. TORQUATO, G. Comunicação nas organizações: empresas privadas, instituições e setor público. São Paulo, Summus, 2015.
Compartilhar