Buscar

MORFOLOGIA BACTERIANA

Prévia do material em texto

BACTÉRIAS:
Morfologia: 
a) Cocos: são bactérias com morfologia esférica ou elipsoidal. A palavra coco tem origem grega: Kokos = caroço, núcleo.
 Os cocos podem estar arranjados em:
- Diplococos:denominação dada aos cocos dispostos aos pares. As células bacterianas dividem-se em um único plano. Quando a morfologia dos diplococos é semelhantes a dois grãos de feijão com as concavidades voltadas uma para a outra, são denominados de gonococos (ex: Neisseria gonorrhoeae; Neisseria meningitidis); quando apresentam a forma de uma chama de vela, são denominados de pneumococos (ex: Streptococcus pneumoniae) .
- Estreptococos: denominação dada aos cocos dispostos em fileira, lembrando um colar de pérolas, ou as contas de um rosário. As células bacterianas também se dividem em um único plano regular. Ex: Streptococcus salivarius; S.mutans (cárie dental); S.pyogenes,(rinofaringe e garganta), etc.
- Estafilococos: arranjos irregulares de cocos, tomando aspecto de um cacho de uva. Este arranjo ocorre devido aos planos irregulares de divisão celular apresentado por estes cocos. Ex: Staphylococcus aureus, (infecções na pele, ou generalizadas, podem produzir enterotoxinas), Staphylococcus epidermidis,(habitante da pele e mucosas em geral, é oportunista); S. saprophyticus (habita normalmente a região periuretral, podendo também estabelecer-se em mucosas.).
- Tetracocos ou tétrades: são arranjos constituídos por quatro cocos, como se estivessem dispostos em vértices de um quadrado. Este arranjo ocorre pela divisão celular regular em dois planos subseqüentes. Ex: Pediococcus, Gaffky tetragena
- Sarcinas: são grupos de oito cocos, arranjados como um cubo. Ex: Sarcina sp.
b) Bacilos ou bastonetes: são bactérias cilíndricas, alongadas. Podem estar arranjados aos pares, sendo chamados de diplobacilos; em cadeias, os estreptobacilos, como por exemplo, algumas espécies de Bacillus, Streptobacillus sp; um ao lado do outro como palitos de fósforo, sendo denominado de arranjo em paliçada. Este último arranjo é freqüente no Corynebacterium diphtheriae. As extremidades dos bacilos pode ser em ângulo reto, como o Bacillus anhtracis ( causador do carbúnculo em caprinos e ovinos ); extremidades arredondadas; afiladas (bacilos fusiformes). Alguns bacilos são muito pequenos, são denominados de cocobacilos (Bordetella pertussis – coqueluche).
c) Espirilos: são bactérias com morfologia espiralada, helicoidal. Ex: Treponema macrodentium, Treponema pallidum (sífilis), Leptospira interrogans (leptospirose), etc.
d) Vibriões: são bactérias curtas, com aspecto de vírgula. Alguns autores consideram como bacilos encurvados. Ex: Vibrio cholerae
ESTRUTURA BACTERIANA
Parede celular: 
 A parede evita o rompimento da célula devido à entrada de água. A parede bacteriana, normalmente é essencial para o crescimento e divisão celular. As bactérias, cujas paredes foram removidas em laboratório, são incapazes de crescer e se dividir. As paredes celulares variam em espessura e composição química. Esta variação auxilia a identificação e classificação das bactérias, além de explicar a resposta à coloração de Gram e capacidade de causar certas doenças. O componente que determina a forma da célula é em grande parte o peptidioglicano (também chamado de mureína). O peptidioglicano é um polímero insolúvel, poroso e de grande resistência. É uma molécula gigante, constituído por unidades dissacarídicas de N-acetilglicosamina e Ácido N-acetilmurâmico. Ligado ao ácido N-acetilmurâmico há uma cadeia de tetrapeptídio que se liga cruzadamente ao tetrapeptídio vizinho. Esta formação das ligações cruzadas podem ser impedidas pela penicilina.
 As bactérias denominadas de Gram positivas, apresentam uma espessa camada de peptidioglicano, atravessadas perpendicularmente por moléculas de ácidos teicóicos (ligados ao peptidioglicano) e ácidos lipoteicóicos ( ligados à membrana plasmática). Os ácidos teicóicos em geral, consistem principalmente de um álcool (como o glicerol ou ribitol) e fosfato. Devido à carga negativa do grupo fosfato, os ácidos teicóicos podem regular o movimento de cátions para dentro e fora da célula. Estas moléculas, assumem, também, papel no crescimento celular, impedindo rupturas extensas que poderiam levar à lise da célula. Além disso, fornecem parte da especificidade antigênica da parede, permitindo a identificação bacteriana em laboratório.
 As paredes celulares dos estreptococos são recobertas por determinados polissacarídeos, os quais permitem que sejam agrupados em tipos clinicamente significativos. As paredes celulares dos BAAR (bacilos álcool ácido resistentes) possuem até 60% de um lipídeo céreo denominado de ácido micólico, enquanto o restante é composto de peptidioglicano.
 
 Certos procariotos, não possuem parede celular ou têm muito pouco material de parede, como por exemplo o gênero Mycoplasma. Por serem muito pequenas e atravessarem filtros bacterianos, foram inicialmente confundidas com vírus. A sua membrana plasmática possui lipídios denominados de esteróis, os quais oferecem maior resistência contra a lise. Outros procariotos podem ter paredes compostas de polissacarídeos e proteínas (mas não de peptidioglicano), denominada de pseudomureína. A pseudomureína contém ácido N-acetiltalosaminurônico ao invés de ácido N-acetil murâmico. 
Membrana plasmática: é uma fina estrutura que reveste todo o citoplasma. Sua constituição é lipoprotéica. Pelo fato de não possuírem esteróis, são menos rígidas do que a membrana plasmática da célula eucariótica. Exceção: o genero Mycoplasma, que contém os esteróis. Entre as funções da membrana plasmática da célula bacteriana estão: 
 - permeabilidade seletiva;
 - contém enzimas que catalizam reações químicas para a degradação de nutrientes e produção de ATP;
 - nas bactérias fotossintéticas, os pigmentos e as enzimas envolvidas encontram-se em dobras da membrana que se estendem para o citoplasma. Essas estruturas membranososas são denominadas de cromatóforos ou tilacóides; 
 - mesossomos: são dobras (enovelamentos) da membrana plasmática. 
 OBS: Segundo alguns autores, os mesossomos são artefatos resultantes do processo de preparação das amostras para a visualização no microscópio eletrônico. De acordo com outros autores, os mesossomos atuam como âncora para ligar e separar os cromossomos-filhos durante a divisão bacteriana, estando envolvidos também na produção da parede celular que separa as células-filhas. 
Citoplasma: é um fluído denso, constituído por 80% de água, proteínas, carboidratos,, lipídeos, íons inorgânicos. O citoplasma é o sítio das muitas reações químicas , como a síntese dos componentes celulares a partir dos nutrientes. Não possui citoesqueleto, nem organelas. Apresenta ribossomos, grânulos e um cromossomo :
 - ribossomos: são partículas densas, podendo estar livres no citoplasma ou associados à região interna da membrana plasmática. Os ribossomos são o sítio de síntese proteica. Os ribossomos constituem o alvo de alguns antibióticos, como, a estreptomicina, neomicina e tetraciclinas.
 - inclusões: constituem depósitos insolúveis de substâncias no citoplasma. Podem atuar como reserva de carbono e fonte de energia. Podem ser de enxofre, amido, glicogênio, material lipídico. Certas bactérias apresentam grânulos de volutina (ou metacromáticos), constituídos por polifosfato. Esses grânulos coram-se em púrpura-avermelhado com o corante azul de metileno; podem ser utilizados para identificar certas bactérias, como o Corynebacterium diphtheriae.
 - área nuclear ou nucleóide: contém uma fita dupla de DNA, denominada cromossomo bacteriano. O cromossomo não é circundado por membrana e também não apresenta histonas. A área nuclear pode ser esférica, alongada ou em forma de halteres. O cromossomoestá fixado à membrana plasmática.
 - plasmídios: são pequenas moléculas de DNA de fita dupla, contêm entre cinco e 100 genes. Estes genes não são necessários à sobrevivência da bactéria em condições normais, porém, podem dar vantagens àquelas que os possui. Os genes dos plasmídios podem conferir resistência a antibióticos, tolerância a metais tóxicos, produção de toxinas e síntese de enzimas. Os plasmídios podem ser transferidos para outras bactérias através do processo da conjugação.
Flagelos: são estruturas responsáveis pela locomoção. São constituídos pela proteína flagelina e normalmente antigênicos. De acordo com a presença/ausência e posição dos flagelos, as bactérias podem ser classificadas em:
 - atriquía: sem flagelos
 - anfitriquia: um flagelo em cada extremidade
 - lofotriquia/anfilofotriquia: um tufo de flagelos em uma ou em ambas as extremidades
 - peritriquia: flagelos ao redor de toda a célula
Filamentos axiais ou endoflagelos: são feixes de fibrilas situados sob uma bainha externa, fazem espirais em torno da célula, ligando-se às extremidades da bactéria. A rotação das fibrilas promovem um movimento semelhante ao do saca-rolha entrando na rolha. Esses filamentos ocorrem no Treponema pallidum.
Fímbrias ou pili: filamentos mais curtos do que os flagelos, constituídos por pilina. São responsáveis pela fixação da bactéria, possibilitando a colonização de uma superfície. 
Ex: Neisseria gonorrhoeae utiliza as fímbrias para fixar e colonizar a mucosa. Quando as fímbrias estão ausentes ( devido a mutação) não ocorre a doença!
Glicocálice: (= revestimento de açúcar). O glicocálice bacteriano é um polímero viscoso e gelatinoso que está situado externamente à parede celular. Sua composição varia de bactéria para bactéria. Ex: o Bacillus anthracis possui a cápsula de ácido D-glutâmico; o Streptococcus pneumoniae, possui cápsula de polissacarídeos. 
 Quando o glicocálice é bem organizado e está firmemente aderido à parede celular, é denominado cápsula. Se a substância não é organizada e liga-se frouxamente à parede, é denominada de camada viscosa. As cápsulas protegem as bactérias da fagocitose. O Bacillus anthracis, Streptococcus pneumoniae, Klebsiella pneumoniae, somente produzem doença quando possuem cápsula, caso contrário, não. A cápsula também pode funcionar como reserva nutritiva, de água e como mecanismo de fixação da bactéria a uma superfície.
Esporos (endósporos): são estruturas formadas por determinadas bactérias, em resposta ao meio ambiente desfavorável. Clostridium, Bacillus e Sporosarcina
Processo de esporulação
(Adaptado de Prescott et al., Microbiology, 2000)

Outros materiais

Perguntas Recentes