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CIVIL Do inadimplemento das obrigações

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Do inadimplemento das obrigações
O não cumprimento das obrigações do contrato. Pode decorrer de ato culposo do devedor ou de fato a ele não imputável. 
Nem sempre que a prestação deixa de ser efetuada significa que houve não cumprimento da obrigação. Só há não cumprimento quando, não tendo sido extinta a obrigação por outra causa, a prestação debitória não é efetuada, nem pelo devedor, nem por terceiro.
Somente quando o não cumprimento resulta de fato que lhe seja imputável se pode dizer, corretamente, que o devedor falta ao cumprimento.
Quando a inexecução da obrigação decorre de fato não imputável ao devedor, mas necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir, denominado caso fortuito ou força maior, configura-se o inadimplemento fortuito da obrigação. Neste caso, o devedor não responde pelos danos causados ao credor, se expressamente não se houver por eles responsabilizados.
Pode ser absoluto (total ou parcial) e relativo. É absoluto quando a obrigação não foi cumprida nem poderá se-lo de forma útil ao credor. Mesmo que a possibilidade de cumprimento ainda exista, haverá inadimplemento absoluto se a prestação tornou-se inútil ao credor.
Este será total quando concernir à totalidade do objeto e parcial quando a prestação compreender vários objetos e um ou mais forem entregues e outros, por exemplo, perecerem.
O inadimplemento é relativo no caso de mora de devedor, ou seja, quando ocorre cumprimento imperfeito da obrigação, com inobservância do tempo, lugar e forma convencionados.
Deveres anexos ou secundários excedem o dever de prestação e derivam diretamente do principio da boa fé objetiva, tais como os deveres laterais de esclarecimentos, proteção, lealdade e de cooperação.
Em virtude do principio da boa fé, positivado no artigo 422, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa.
Artigo 389 – não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo indicies oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogados. – inadimplemento absoluto.
A atualização monetária, como já vinha proclamado a jurisprudência, não constitui nenhum acréscimo ou plus, mas apenas uma forma de evitar a desvalorização da moeda pela inflação. O seu pagamento se faz necessário para evitar o enriquecimento sem causa do devedor.
Com efeito, a correção monetária é um componente indestacável do prejuízo a reparar, retroagirão ao próprio momento em que a desvalorização da moeda principiou a erodir o direito lesado. Por essa razão, deve ser calculada a partir do evento.
O pagamento dos juros e da verba honorária, por outro lado, já é previsto no estatuto processual civil e, segundo a jurisprudência, os valores devem integrar o montante da indenização, mesmo que não sejam pleiteados na inicial. 
Em principio, todo inadimplemento presume-se culposo, salvo em se tratando de obrigação concernente a prestação de serviços, se esta for de meio e não de resultado. Se a obrigação assumida no contrato for de meio, a responsabilidade, embora contratual, será fundada na culpa provada. Incumbe ao inadimplente, nos demais casos, elidir tal presunção, demonstrando a ocorrência do fortuito e força maior.
O inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de indenização por perdas e danos, conforme artigo 389. 
Quando a responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração ao dever de conduta (dever legal) imposto genericamente no artigo 927, diz-se que ela é extracontratual ou aquiliana.
Na responsabilidade contratual, o inadimplemento presume-se culposo. Na extracontratual, ao lesado incumbe o ônus de provar culpa ou dolo do causador do dano. 
A contratual tem origem na convenção, enquanto a extracontratual a tem na inobservância do dever genérico de não lesar a outrem.
A capacidade sofre limitações no terreno da responsabilidade contratual, sendo mais ampla no campo da extracontratual. Com efeito, os atos ilícitos podem ser perpetrados por amentais e por menores e podem gerar o dano indenizável, ao passo que somente as pessoas plenamente capazes são suscetíveis de celebrar convenções válidas.
Artigo 390 – nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que devia abster. 
Se se tratar de obrigação de prestação única, pode o credor exigir, com base no artigo 251, o desfazimento do que foi realizado, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
A satisfação das perdas e danos, em todos os casos de não cumprimento culposo da obrigação, tem por finalidade recompor a situação patrimonial da parte lesada pelo inadimplemento contratual. Por essa razão, devem elas ser proporcionadas ao prejuízo efetivamente sofrido. Se, em vez do inadimplemento, houver apenas mora, sendo, portanto, ainda proveitoso para o credor o cumprimento da obrigação, responderá o devedor pelos prejuízos decorrentes do retardamento.
A responsabilidade civil é patrimonial.
Artigo 391 – pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. 
Nem sempre a prestação devida e não cumprida se converte em perdas e danos. Tal ocorre somente quando não é possível a execução direta da obrigação ou a restauração do objeto da prestação. 
Obtida a condenação do devedor ao pagamento das perdas e danos, e não satisfeito o pagamento, cabe a execução forçada, recaindo penhora sobre os bens que integram o patrimônio do devedor, pois, como dito inicialmente, a responsabilidade civil é patrimonial: é o patrimônio do devedor que responde por suas obrigações.
Ninguém pode ser preso por divida civil, exceto o devedor de pensão oriunda do direito de família.
Artigo 392 – nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. 
Contratos benéficos ou gratuitos são aqueles em que apenas um dos contratantes aufere beneficio ou vantagem. Para o outro há só obrigação. 	Aquele responde por simples culpa. O outro, a quem o contrato não beneficia, mas somente impõe deveres, só responde por dolo. 
	Para que o devedor possa pretender sua total exoneração é mister: que se trate de uma efetiva impossibilidade objetiva; que tal impossibilidade seja superveniente; que a circunstancia que a provoque seja inevitável e não derive de culpa do devedor ou surja durante a mora deste.
O caso fortuito e a força maior constituem excludentes da responsabilidade civil, pois rompem o nexo de causalidade. 
Artigo 393 – o devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único: o caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
A indenização será devida em qualquer hipótese de inadimplemento contratual, ainda que decorrente do fortuito ou força maior.
Em geral, a expressão caso fortuito é empregada para designar fato ou ato alheio à vontade das partes, ligado ao comportamento humano ou a funcionamento de maquinas ou ao risco da atividade ou da empresa. E força maior para os acontecimentos externos ou fenômenos naturais.
Requisitos para configuração do caso fortuito ou força maior: o fato deve ser necessário, não determinado por culpa do devedor, pois se há culpa, não há caso fortuito, a recíproca é verdade; o fato deve ser superveniente e inevitável; o fato deve ser irresistível, fora do alcance do poder humano.
DA MORA
Mora é o retardamento ou o imperfeito cumprimento da obrigação. 
Artigo 394 – considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabeleceu.
Mora é mais que um simples retardamento, pois o legislador acrescentou, ao conceito inicial, a idéia de cumprimento fora do lugar e de forma diferente da ajustada. 
Pode decorrer tambémde infração à lei, como na prática de ato ilícito. 
Havendo utilidade ou proveito ao credor, a hipótese será de mora; não havendo, será de inadimplemento absoluto.
Não basta que o credor diga, mesmo convictamente, que a prestação já não lhe interessa; ha de ver, em face das circunstancias, se a perda de interesse corresponde à realidade das coisas. 
Artigo 396 – não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora.
O fato do não cumprimento no momento próprio para que haja mora. Essencial à mora é que haja culpa do devedor no atraso do cumprimento. Não há mora, por falta de culpa do devedor, quer quando retardamento é devido a fato fortuito ou de força maior, quer quando seja imputável a fato de terceiro ou do credor, quer mesmo quando proceda de fato do devedor, não culposo.
A cobrança de encargos e parcelas indevidas ou abusivas impede a caracterização da mora do devedor.
Mora solvendi – mora de pagar – devedor ou mora debitoris
Mora accipiendi – mora de receber – credor ou mora creditoris
Mora ex re quando o devedor nela incorre sem necessidade de qualquer ação por parte do credor, o que sucede: quando a prestação deve realizar-se em um termo prefixado e se trata de divida portável. O devedor ocorrerá em mora desde o momento do vencimento; nos débitos derivados de um ato ilícito extracontratual, a mora começa no mesmo momento da prática do ato, porque nesse mesmo instante nasce para o responsável o dever de restituir ou de reparar; quando o devedor houver declarado por escrito não pretender cumprir a prestação. 
Artigo 397 - o inadimplemento da obrigação, positiva e liquida, no seu termo constitui de pleno direito em mora o devedor.
Não havendo termo, ou seja, data estipulada, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
A indenização do dano material medir-se-á pela diferença entre situação patrimonial anterior do lesado e a atual. A do dano moral será arbitrada judicialmente, em montante que possa compensar a dor e o sofrimento do lesado.
A mora do devedor depende dos seguintes pressupostos: inexecução da obrigação no vencimento, com possibilidade todavia de execução futura; imputabilidade dessa inexecução ao devedor. 
O ato ilícito consiste em o devedor deixar de efetuar oportunamente a prestação; a culpa, em tal lhe ser atribuível. 
Mora pressupõe: vencimento da divida, culpa do devedor, viabilidade do cumprimento tardio.
Principais efeitos da mora: responsabilização por todos os prejuízos causados ao credor, perpetuação da obrigação, o devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
Como a mora do credor não exonera o devedor, que continua obrigado, tem este legítima interesse em solver a obrigação e em evitar que a coisa se danifique, para que não se lhe impute o dolo.
A mora do credor decorre do retardamento em receber a prestação. São seus pressupostos: vencimentos da obrigação, oferta da obrigação, recusa injustificada em receber e constituição em mora, mediante a consignação do pagamento. 
A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-las e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e a sua efetivação
Quando as moras são simultâneas, uma elimina a outra, pela compensação. As situações permanecem como se nenhuma das duas partes houvesse incorrido em mora. Se ambas nela incidem, nenhuma pode exigir da outra perdas e danos.
Quando as moras são sucessivas, permanecem os efeitos pretéritos de cada uma. Os danos que a mora de cada uma das partes haja causado à outra, em determinado período, não se cancelam pela mora superveniente da outra parte, pois cada um conversa seus direitos. 
Purgar ou emendar a mora é neutralizar seus efeitos. Aquele que nela incidiu corrige, sana a sua falta, cumprindo a obrigação descumprida e ressarcindo os prejuízos causados a outra parte. Mas a purgação só poderá ser feita se a prestação ainda for proveitosa ao credor. 
DAS PERDAS E DANOS
Dano, em sentindo amplo, vem a ser a lesão de qualquer bem jurídico, e ai se inclui o dano moral. Mas em sentido estrito, dano é, para nós, a lesão do patrimônio; e patrimônio é o conjunto das relações jurídicas de uma pessoa, apreciáveis em dinheiro. 
Na reparação do dano, procura-se saber exatamente qual foi a sua extensão e a sua proporção; na liquidação, busca-se fixar concretamente o montante dos elementos apurados naquela primeira fase. 
Artigo 402 – salvos as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, alem do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Dano emergente é o efetivo prejuízo, a diminuição patrimonial sofrida pela vitima.
Lucro cessante é a frustração da expectativa de lucro. É a perda de um ganho esperado.
Artigo 403 – ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
Dano remoto que seria conseqüência indireta do inadimplemento, envolvendo lucros cessantes para cuja efetiva configuração tivessem de concorrer outros fatores que não fosse apenas a execução a que o devedor faltou, ainda que doloso o seu procedimento. 
Artigo 404 – as perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogados, sem prejuízo da pena convencional.
Contam-se os juros da mora desde a citação inicial.
DOS JUROS LEGAIS
Juros são os rendimentos do capital. Representam o pagamento pela utilização do capital alheio. Integram a classe das coisas acessórias. 
Juros compensatórios, também chamados de remuneratórios ou juros-frutos, são os devidos como compensação pela utilização de capital pertencente a outrem. Resultam de uma utilização consentida de capital alheio.
Juros moratórios são os incidentes em caso de retardamento na sua restituição ou de descumprimento de obrigação. Os primeiros previstos no contrato, estipulados pelos contratantes, não podendo exercer a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento
Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, a abusividade das clausulas.
Os juros convencionais são ajustados pelas partes, de comum acordo. Resultam pois, de convenção por elas celebradas.
Juros legais são previstos ou impostos por lei.
Os juros compensatórios são, em regra, convencionais, pactuados no contrato pelas partes, conforme a espécie e natureza da operação econômica realizada, mas podem derivar de lei ou da jurisprudência.
No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.
Os moratórios, que são devidos em razão do inadimplemento e correm a partir da constituição em mora, podem ser convencionados ou não, sem que para isso existe limite previamente estipulado em lei. 
Artigo 406 – quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à fazenda nacional.
Artigo 407 – ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que se contarão assim as dividas em dinheiro, como as prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixados o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes.
	Os juros simples são sempre calculados sobre o capital inicial. Os compostos são capitalizados anualmente, calculando-sejuros sobre juros.
	Salvo contra a fazenda publica, sendo a obrigação ilíquida, contam-se os juros moratórios desde a citação inicial.
	O anatocismo consiste na prática de somar os juros ao capital para contagem de novos juros.

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