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Resumo apresentado no II Congresso de Direito UNISUL (2017) Como citar: MÖLLER, Guilherme Christen. A nulidade do Enunciado n.º 165 do FONAJE (Fórum Nacional de Juizados Especiais). In: II Congresso de Direito UNISUL, Florianópolis. Anais do II Congresso de Direito UNISUL. Florianópolis: UNISUL, 2017. **Qualquer reprodução (integral ou parcial) deste artigo que não esteja em conformidade com o art. 46, inc. I, da Lei n.º 9.610/1998, bem como sem a anuência do autor, estará sujeita às sanções civis e penais aplicáveis. Pág. 1 A NULIDADE DO ENUNCIADO N.º 165 DO FONAJE (FÓRUM NACIONAL DE JUIZADOS ESPECIAIS) Guilherme Christen Möller Palavras-chave: Direito Processual Civil; Juizado Especial; FONAJE; Enunciado n.º 165; Nulidade. Resumo: Com pouco mais de um ano de vigência do Código de Processo Civil de 2015, determinados institutos do direito processual continuam em discussão. Isso se dá pela irradiação desse novo código nas mais diversas leis, quiçá ramos do Direito Brasileiro. Essa questão está presente no caso deste estudo, haja vista que a Lei n.º 13.105/2015, ora Código de Processo Civil, irradiou-se na lei dos juizados especiais (Lei n.º 9.099/95), de modo a alterar a utilização de determinados atos desse procedimento. Essa alteração da aplicação da lei dos juizados se concretiza, por exemplo, no modo do cômputo dos prazos processuais, haja vista que era aplicada de forma corrida, em conformidade ao art. 178 do CPC revogado, todavia, devendo ser a partir de então computado conforme o disposto na “nova” codificação processual civil brasileira, ou seja, computar exclusivamente prazos em dias úteis (art. 219 do CPC). O FONAJE (Fórum Nacional de Juizados Especiais), grupo formado por magistrados sem vínculo algum ao Poder Legislativo, cujos objetivos são uniformização dos procedimentos da Lei n.º 9.099/95, “expedir enunciados, acompanhar, analisar e estudar os projetos legislativos e promover o Sistema de Juizados Especiais”, no encontro de número XXXIX, realizado em Maceió (Estado do Alagoas), editou o enunciado n.º 165, o qual dispõe que “nos juizados especiais cíveis, Graduando em Direito pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), Blumenau, Santa Catarina, Brasil. Autor de livros e de artigos científicos relacionados ao Direito Processual Civil, Teoria Geral do Processo e Direito Constitucional. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0168074867678392. E-mail: contato.guilhermemoller@gmail.com. Membro da Associação Brasileira de Direito Processual Constitucional (ABDPC). Pág. 2 todos os prazos serão contados de forma contínua” (FONAJE), isso por fundamento na celeridade processual (princípio disposto no art. 2º da Lei n.º 9.099/95), indo em sentido contrário à disposição do Código de Processo Civil de 2015. O problema do enunciado 165, e para o presente estudo, consiste no fato de que ele sobrepõe a regra da lei geral (CPC), de modo que: 1) Como a lei dos juizados não traz disposição acerca da forma de contagem de prazos, a disposição do art. 219 do CPC deve ser aplicada à lei especial, não podendo um enunciado ser utilizado no lugar; 2) O FONAJE não detêm competência legislativa para legislar sobre matéria de cunho processual, de modo que se tem como hipótese o reconhecimento da nulidade do enunciado n.º 165 do FONAJE; E ainda assim, 3) A celeridade utilizada como fundamento não está sendo cumprida na prática, conforme dados extraídos do CNJ. Justifica-se a realização deste estudo pelo fato da ampla utilização do procedimento dos juizados especiais e a aplicação constante desse enunciado, nulo, acerca da forma de contagem de prazos nesse procedimento, especialmente nesse pouco mais de primeiro ano de vigência do Código de Processo Civil Brasileiro de 2015. PRINCIPAIS REFERÊNCIAS AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do Novo CPC. 2ª. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016. ARENHART, Sério Cruz; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil. 3ª. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017, v. II. ________. O Novo Processo Civil. 1ª. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016. ÁVILA, Humberto Bergman. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. São Paulo: Forense, 2006. ________. Processo e ideologia: o paradigma racionalista. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. 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