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Pagamento: Elementos e Requisitos

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Pagamento 
1.O que é o pagamento?
O pagamento é a forma natural de extinção das obrigações.
É necessário ressaltar que é possível extinguir a obrigação de outras formas, com ( Ex. compensação) ou sem satisfação do credor ( impossibilidade da prestação sem culpa do devedor).
2. Elementos do pagamento
a) realização voluntária e efetiva da prestação
b) satisfação do credor
c) liberação do devedor
3. Requisitos de eficácia (validade? eficácia?)
Art. 336 cc/02: O dispositivo faz menção à validade do pagamento, entretanto, como sabemos, os requisitos que fazem menção aos sujeitos, objeto, modo e tempo são de eficácia.
 Para que o pagamento seja eficaz, não basta apenas a coincidência entre a prestação devida e a cumprida, é necessário observar os requisitos do Código Civil.
Requisitos subjetivos:
*Quem pode ou deve pagar? (304 a 307 cc/02)
Para que alguém que não figure o polo passivo da relação obrigacional possa pagar, é necessário que a obrigação não seja personalíssima.
a.1) Terceiros interessados: Quem são? São aqueles que, economicamente ou juridicamente podem sofrer as consequências do inadimplemento. Exemplo: Sublocatário e adquirente de imóvel hipotecado.
a.2) Terceiro não interessado: Aqueles que possui um interesse meramente moral. Ex: Pai que paga para filho. 
O que acontece com o terceiro que paga?
a.3- Terceiros interessados: Qualquer interessado pode efetuar o pagamento e é defesa a recusa do credor. (Artigo 304). Se houver a recusa, poderá o interessado usar dos meios conducentes à exoneração do devedor, como, por exemplo, consignar o pagamento. Havendo o pagamento, por ser um terceiro interessado, se sub-roga os direitos do credor, conforme os artigos 346 e 349 do código civil. 
a.4- Terceiros interessados em nome e à conta do devedor: Além de pagar, poderá se valer dos meios conducentes à exoneração do devedor. Não ocorre sub-rogação (Trata-se de uma liberalidade para Tepedino), mas apenas um direito de reembolso ( Pois, não poderia ocorrer um enriquecimento sem causa), devendo observar se a obrigação é a termo, para conhecer o momento em que se pode cobrar o devedor. 
a.5) Terceiro interessado em nome próprio: Pode pagar e tem direito ao reembolso. Entretanto, não pode obrigar o credor a receber a obrigação. E o reembolso só será possível à medida em que o devedor se beneficiar desse pagamento. Se o devedor
não se beneficiou do pagamento porque possuía meios de ilidir a ação de cobrança, como a compensação ou a prescrição, não terá o terceiro direito de reembolso. 
Legitimidade para pagar. (307 do cc/02)
O caput do 307 consagra uma regra: O pagamento só terá eficácia quando realizado por quem possua legitimidade. Não se trata de capacidade prevista no artigo 104, mas da legitimidade para transferir a titularidade do direito de propriedade sobre um bem. Assim, aquele que não é proprietário não é capaz de transmitir o domínio do bem e o cônjugue não pode transferir a propriedade de um bem comum sem a outorga conjugal. 
O parágrafo estabelece algumas exceções. Se o objeto da prestação de dar for uma coisa fungível que vou consumida pelo adquirente de boa fé, nada poderá se reclamar deste. O verdadeiro proprietário, por exemplo, poderá exigir do alienante outra coisa da mesma quantidade, gênero e qualidade. Caso o credor tenha conhecimento do vício que recaía sobre o bem, será dele a obrigação de restituir ao verdadeiro dono. 
Outra exceção: artigo 1268. O pagamento terá eficácia em razão do princípio da aparência e boa fé. 
*A quem se deve pagar? (308 a 312 cc/02)
Credor, representante legal ou convencional, Adjectus Solutionis Causa (aquele determinado no título para receber a prestação), herdeiro, cessionário (após notificação ao devedor), cocredores e credor putativo. 
Comentários: É comum que o pagamento seja feito ao credor ou a quem de direito lhe represente. Para Tepedino, na representação, a conduta do representante produz efeitos imediatos na esfera jurídica do representado. Em regra, o pagamento feito a quem não é credor ou representante, não libera o devedor. Entretanto, será eficaz, caso o credor ratifique, seja revertido e favor deste, ou seja realizado a um credor putativo.
Para Caio Mário, credor putativo é todo aquele que estando na posse do título obrigacional, passa aos olhos de todos como verdadeiro titular do crédito. Para que o pagamento ao credor putativo seja válido, é necessário que o sujeito realmente tenha aparência de credor e o devedor esteja de boa fé subjetiva. Nessa situação, caberá ao verdadeiro credor cobrar de quem recebeu indevidamente. 
Assim como ocorre no artigo 1268, há a prevalência do princípio da aparência. 
*Capacidade de dar a quitação (310 cc/02)
Trata-se de uma tutela especial ao incapaz. Mas, em vedação ao enriquecimento sem causa, se o pagamento se reverteu em benefício do credor, o devedor será exonerado da obrigação. Alguns doutrinadores, como Antunes Varela, entendem a boa-fé daquele que desconhecia a incapacidade deverá ser protegida. 
Requisitos Objetivos
Regras comuns a todas as prestações: Arts. 313 (princípio da identidade) e 314.
Regras específicas da prestação pecuniária: Arts 315 a 318 cc/02
 Princípio do Nominalismo: Para Judith Martins-Costa, esse princípio determina que o devedor só se exonera quando paga ao credor em moeda corrente, o valor expresso no título, coincidente com o que está estampado na face material da moeda.
É necessário então conhecer alguns conceitos: ( Caio Mário)
-Curso Legal: É o efeito liberatório nos pagamentos que a lei atribui a uma ou mais moedas num determinado país.
-Curso Forçado: É o que tem a moeda quando a lei determina que um certo padrão monetário dotado de curso legal tem de ser obrigatoriamente aceito pelo credor, não podendo as partes afastá-lo.
-Moeda Corrente: Moeda que tem o curso legal em determinado território.
-Dívida de dinheiro: É aquela que se representa pela moeda considerada em seu valor nominal, isto é, pelo importe econômico nela numericamente consignado.
-Dívida de valor : Obrigação que se converte em prestação pecuniária. O dinheiro é o meio de mensurar o objeto mesmo da prestação. O valor pecuniário não está definido no momento do fato gerador da obrigação. 
Artigo 316: Primeira exceção ao princípio do nominalismo. Quando a obrigação for de prestação continuada, é permitido às partes, no momento da negociação contratual, estabelecer reajustes do valor periodicamente para manter o equilíbrio entre o valor real da dívida e a expressão monetária correspondente. 
Artigo 317: Trata-se de mais um dispositivo que mitiga o princípio do nominalismo. Em síntese, esse artigo permite que as partes em determinadas situações solicitem ao poder judiciário a revisão do valor do contrato. É necessário, porém, distinguir duas possíveis situações.
Motivos imprevisíveis: Há a adoção da francesa Teoria da Imprevisão, com a inclusão da Clausula Res sic stantibus (alteração ocorrerá quando o equilíbrio econômico do contrato for modificado em razão de fatores externos ao contrato). Para autores como Judith Martins- Costa, o contrato é ato de previsão e, por isso, a previsibilidade deve ser relativizada. Dependendo, dessa forma, da situação concreta para saber se é ou não caso de revisão judicial. 
São fundamentos da revisão por imprevisão:
Situações inusitadas (Lembrando que não pode ser confundida com saco fortuito ou força maior).
Teoria da Causa (?)- É necessário ressaltar, que o Código Civil não adotou a causa como requisito de validade no Codigo Civil ( não é elencada no artigo 104). Maria Celina Bodin lamenta isso. Para essa teoria, a ocorrência de um evento imprevisível que provoca modificação no equilíbrio econômico financeiro do contrato, faz com que a prestação “perca” a sua causa. No Brasil, essa teoria é repelida porque além de não consistir em requisito de validade dos negócios jurídicos, o que predomina é a ideia da equivalência entre as contraprestações nos contratos bilaterais.Quando há uma desproporção manifestação ocasionada por fatores EXTRAORDINÁRIOS, é possível, além da revisão judicial, a resolução contratual ( artigos 478, 479 e 480). 
4. Natureza jurídica do pagamento
Qual a relevância dessa discussão: Um exemplo é a prova do pagamento. 
a) Ato-fato: Mitigação da vontade e efeitos determinados pela lei.
ex: abstenção
b) ato jurídico stricto sensu: Vontade exteriorizada (Animus solvendi) porém os efeitos são determinados pela lei.
Na maioria das vezes, poderemos atribuir tal natureza jurídica ao pagamento.
c) negócio jurídico: A vontade determina seus efeitos.
ex: dação em pagamento
A tendência da doutrina ( Humberto Teodoro Júnior, por exemplo) tem sido dizer que é ato jurídico stricto sensu.

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