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Sentido__Cultura__Valor_e_Linguagem

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R. João Luiz de Melo nº 2110, Bairro: Tancredo Neves, CEP:56.909 – 205, Serra Talhada – Pernambuco – Brasil – Fone/Fax: (87) 3831-1472 
Coordenação: Prof. Msc. Magno Antonio Leite: e-mai l : le i te.magno @gmai l .com: Site:http://www.fis.edu.br 
 
 
 
 
 
FACULDADE DE INTEGRAÇÃO DO SERTÃO - FIS 
Bacharelado em Direito 
 
Autorizado pela Portaria MEC nº 698 de 03.08.2007 publicada no D.O.U. em 06.08.2007 
 
 
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PROFESSOR:MAGNO A. LEITE 
Tema da Aula: Sentido, Cultura, Valor e Linguagem. 
 
1. NOÇÃO DE OBJETO: 
 
 Objeto é todo ser a respeito do qual 
se possa tecer ou elaborar um juízo lógico. 
Estes seres podem ser ínfimos, como um 
vírus; a outros portentosos como uma 
estrela; intangíveis, como o sentimento ou o 
pensamento; e até outro de uma concretude 
agressiva, como a pedra ou o chumbo. 
Carlos Cossio divide, resumidamente, os 
objetos do conhecimento em três grandes 
grupos: 
 
1.1. Objetos ideais – são assim chamados 
porque não têm existência senão na idéia ou 
como idéia, são expressões gerais e 
abstratas, possuem assim um grau 
elevadíssimo de neutralidade de valor1, como 
por exemplo, as figuras geométricas do 
triângulo, do círculo, da linha, nas equações 
matemáticas. São objetos que possuem um 
grau muito baixo de valoração, pois para citar 
como exemplo é raro vermos alguém 
afirmando que um círculo dentro da sua 
forma pura é mais “bonito” do que o 
quadrado. 
 
1.2. Objetos naturais – são objetos que têm 
existência no tempo e no espaço, pois estão 
na experiência sensível. São objetos que 
possuem uma valoração um pouco maior em 
relação aos objetos ideais, mas não a um 
grau relevante a ponto de que a própria 
identificação do ser esteja fortemente 
vinculada a estimação que se lhe atribua, por 
exemplo, alguém pode admirar mais uma 
árvore do que uma pedra, no entanto, não a 
ponto de ser determinante para a importância 
de cada objeto. 
 
1.3. Objetos culturais – são objetos que 
estão na experiência sensível, portanto, 
existem no tempo e no espaço e estão 
completamente abertos a altas cargas de 
 
1 É a carga de significação que o homem adiciona ao 
seu universo, a priori. 
valorações, pois o valor está na essência dos 
objetos culturais a tal ponto de conceituá-los 
nada mais do que um sentido que o homem 
agrega a natureza ou aos objetos naturais. 
Exemplo: O homem apanha um bloco de 
mármore e esculpindo-o transforma-o numa 
estátua; Desmata, ara e aduba o solo para o 
plantio, dentre outros exemplos. Tudo isso 
usou como base a natureza. A norma jurídica 
também é um exemplo de objeto cultural, 
pois ela é uma alteração que o homem traça 
à sua própria conduta, limitando-a, em níveis 
externos e coletivos, a liberdade inerente a 
natureza humana. 
 
A norma jurídica possui um conteúdo 
multiplamente cultural, porquanto são valores 
inspirando o disciplinamento da conduta por 
meio da linguagem. 
 
2. O VALOR: 
 
 O homem vive e o seu viver é estar 
sendo, ele está sendo em sua liberdade de 
escolha que oriente e define a sua conduta, 
através do exercício do poder de decisão, 
decidir ou preferir uma coisa ou outra é fazer 
uso da liberdade, escolhendo. Escolher é 
valorar ou estimar, a tal ponto que a conduta 
é ditada pelo valor, ou seja, a conduta tem 
como força propulsora o ‘valor’. 
 
O homem é um ser axiológico, pois 
tem aptidão de eleger alternativas de 
conduta, movido por valorações. 
 
2.1. Noção de valor: 
 
 Eis aqui uma das dificuldades 
maiores da filosofia. Mas o conceito de valor 
não se esgota na sua noção. O valor é, 
efetivamente, toda força que partida do 
homem, é capaz de gerar nele a preferência 
por algo e de acionar mecanismos de 
adesão, de repulsa, de aplauso, da aceitação 
etc. 
 
R. João Luiz de Melo nº 2110, Bairro: Tancredo Neves, CEP:56.909 – 205, Serra Talhada – Pernambuco – Brasil – Fone/Fax: (87) 3831-1472 
Coordenação: Prof. Msc. Magno Antonio Leite: e-mai l : le i te.magno @gmai l .com: Site:http://www.fis.edu.br 
 
 
 
 
A idéia de ‘valor’ não se confunde 
com a idéia de ‘bem’. O bem é o instrumento 
ou o meio utilizado com vistas à consecução 
de um objetivo de vida, seja econômico, 
político, social, moral, jurídico, estético etc. 
Todavia, seja como for, é o valor que faz com 
que o ser humano identifique, em algo, um 
bem. O valor é primário e bem é derivado, é 
por causa do valor que surge a idéia de algo 
como sendo um bem. Por fim, valor é aquele 
objeto do conhecimento que provoca a 
objetivação do bem, que também é objeto do 
conhecimento. 
 
2.2. Classificação dos valores: 
 
a) Quanto à amplitude: podem ser 
universais, sociais, nacionais, populares e 
particulares. 
 
VALORES UNIVERSAIS: são aqueles que 
exercem sua força em qualquer lugar do 
mundo, no homem em sua dimensão 
universal, por conseguinte, há bens 
universais como a vida e a liberdade, por 
exemplo. 
 
VALORES SOCIAIS: são valores de um 
determinado grupo social num dado contexto 
histórico, para exemplificar, o grupo social 
que prefere o trabalho à ociosidade, em outro 
a escravidão etc. 
 
VALORES NACIONAIS: são os valores da 
nação2, composta de vários grupos sociais 
em interação, no sentido de impulsioná-la a 
construção dos bens garantidores dos laços 
que uniram o coletivo. 
 
VALORES POPULARES: são todos os 
dizem à afirmação do povo perante a 
administração do Estado, por exemplo, a 
moralidade administrativa etc. 
 
VALORES PARTICULARES: são aqueles de 
menor amplitude ou de um alcance mais 
estreito, como os valores do próprio 
indivíduo, de um pequeno grupo de pessoas. 
 
b) Quanto ao tempo: podem ser 
permanentes, duradouros e efêmeros. 
 
2 ATIVIDADE EXTRACLASSE: pesquise em ciência 
política o conceito e a diferenciação de Estado, nação, 
povo e população. 
 
VALORES PERMANENTES: são os que vêm 
acompanhando a humanidade pelos tempos, 
como os que conduzem ao respeito pela vida 
e pela liberdade. 
 
VALORES DURADOUROS: são os que 
ficam por períodos longos e possuem 
estabilidade histórica, como por exemplo, a 
idéia de Estado feudal europeu para depois a 
de Estado nacional. 
 
 VALORES EFÊMEROS: são os que 
aparecem e ficam por curto tempo sem 
deixar marcas nos registros históricos. 
 
c) Quanto à legitimidade: podem ser 
positivos ou negativos. Antes de defini-los, 
para esclarecimento metodológico, é 
necessário dizer que o que é valor para 
alguém poderá não o ser para outrem, por 
isso o cuidado dos valores quanto à 
legitimidade far-se-á sob a luz da aceitação 
coletiva, não indicando que a não aceitação 
coletiva dirá que tal valor é ou não pior. 
 
VALORES POSITIVOS: são os que a 
sociedade, consideram aceitos 
predominantemente e não o indivíduo, que 
tem o seu posicionamento de forma 
fracionada enquanto ser singular. 
 
 VALORES NEGATIVOS: são os que estão 
desprovidos de assentimento majoritário, ou 
seja, são rejeitados pela maioria e acatados 
por uma minoria. 
 
d) Quanto à matéria: tratam do conteúdo 
desses valores, podem ser: morais e 
jurídicos, políticos, econômicos etc. 
 
3. O SENTIDO: 
 
É o significado de uma coisa em si 
mesma, mas que não se faz nela, porém no 
subjetivo do sujeito que toma conhecimento 
dela. 
3.1. O Sentido e a cultura: 
 A cultura possui sentido duplamente: 
por traduzir o sentido de que seu criador 
pretende impregná-la e por ser objetivada a 
obra cultural, isto é, ao ser produzida 
externamente, aparece a oportunidade de 
inúmeras e incontáveis interpretações que o 
espírito humano possa vir a fazer dela. 
 
R. João Luiz de Melo nº 2110, Bairro: Tancredo Neves, CEP:56.909 – 205, Serra Talhada – Pernambuco – Brasil – Fone/Fax: (87) 3831-1472Coordenação: Prof. Msc. Magno Antonio Leite: e-mai l : le i te.magno @gmai l .com: Site:http://www.fis.edu.br 
 
 
 
 
3.2. O sentido e a linguagem: 
 
 A “linguagem” é o uso dos sinais3, 
coordenados entre si com base em 
determinadas regras, que possibilitam a 
comunicação de uma coisa. 
 
A ‘fala’ é a prerrogativa que a 
linguagem confere a quem a utiliza, 
ensejando a esse sujeito ser captado, por 
força daquilo que manifesta, através da 
linguagem. 
 
Não há comunicação sem linguagem, 
nem linguagem e comunicação sem sentido, 
portanto, a função da linguagem é o sentido, 
ou que só há linguagem porque há sentido 
para comunicar ou para ser extraído. A 
palavra falada ou escrita aponta um 
significado, um estado de coisas ou conteúdo 
de sentidos. 
 
Tendo em vista que o objeto cultural é 
um sentido que o homem agrega à natureza, 
podemos dizer que o ato de captar o sentido 
é no encontro entre o intelecto e o objeto, de 
maneira que extrai o sentido do objeto é 
interpretar. 
 
3.3. O sentido, a linguagem e o Direito: 
 
 As relações entre linguagem, sentido 
e Direito, são evidentes, por exemplo: Como 
se transmitir o sentido do justo sem o auxílio 
da linguagem? Como conseguir a politização 
das massas sem apresentar a carga jurídica 
deste conceito? 
 
Sem a linguagem e o sentido como se 
exprimiria o legítimo e o ilegítimo? Sem a 
linguagem a vida sócia – política - jurídica 
não seria possível. 
 
 “Falar” tem como utilidade e finalidade 
dizer o que convém e o que não convém, o 
que se acata e o que se repele, o legítimo e 
o ilegítimo. A linguagem contendo sentido e 
sendo meio de comunicação, é meio formal 
de expressão do sentido. O mesmo sentido 
que inserido no discurso integra sócia, 
política e juridicamente o homem. 
 
Na relação da linguagem com o 
intérprete da norma jurídica, é a cognição 
inerente ao sujeito, que toma conhecimento 
do objeto. A norma é quem ‘fala’ e o 
 
3 No sinal há um sentido estabelecido pelos homens, 
dirigindo-se à compreensão de outros homens. 
intérprete quem ‘ouve’, a norma é a primeira 
‘pessoa’, mas não o ponto de partida para o 
intérprete, pois este é que é ponto de partida 
para interpretação tendo em vista a sua 
sensibilização com o caso posto a sua 
análise. 
 
O intérprete é o centro interior da 
articulação, enquanto a norma é o centro 
exterior. Se no ‘falar’ está à prioridade 
cronológica e formal, no ‘ouvir’ está muito 
mais, porque aí é que está à prevalência no 
apreender a ‘fala’ e no processar do sentido. 
 
3.4. A lei como forma de comunicação 
humana: 
 
 A lei é uma forma imperativa de 
comunicação estatal, destinada a regular a 
conduta de um grupo social. 
 
 Existem seis elementos no processo 
de comunicação: a fonte, o codificador, a 
mensagem, o canal, o decodificador e o 
receptor. Portanto, o processo de 
comunicação através da lei será: como fonte, 
o legislador; como codificador, a palavra 
escrita (os sinais de trânsito são exceções); 
como mensagem, o conteúdo da lei; como 
canal, rádio, televisão, o jornal oficial ou livro 
no qual se registra o texto legal; como 
decodificador, a leitura; como receptor, a 
pessoa a quem a lei é dirigida. 
 
 
ATIVIDADE EXTRACLASSE: 
 
 
1. Explique: O “valor é ser - geratriz” e o 
“bem é ser – de - utilidade”. 
 
2. Por que podemos considerar a norma 
jurídica como cultura sobre cultura, ou a 
cultura que trata da cultura, ou 
sobrecultura? 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
FALCÃO, Raimundo Bezerra. Hermenêutica. 1ª ed. 
São Paulo: Malheiros editores, 2000. p. 13-82. 
 
HERKENHOFF, João Baptista. Como aplicar o direito. 
8ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 6-7.

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