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RESENHA CRITICA. relacionado ao filme Narradores de Javé.

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Curso de Graduação em Direito
Caio Sampaio Menezes e Marbiane Nascimento
Resenha Crítica
Santo Antônio de Jesus - BA
2015
Caio Sampaio Menezes e Marbiane Nascimento
Resenha Crítica
 Orientador: Uberdan Cardoso
Santo Antônio de Jesus - BA
2015
Resenha Crítica
 Desde os tempos remotos, a necessidade de normatizar a sociedade era indispensável para um convívio harmônico. De acordo com Antônio Carlos Wolkmer, em seu artigo sobre “O Direito nas Sociedades Primitivas”, os costumes e as práticas sociais eram fundamentais na construção do núcleo de controle social, sendo este manifestado pelas leis, dessa forma, compondo as normas sociais. No entanto, tais leis eram expressadas oralmente pelos povos primitivos ou arcaicos, isso se deu pelo fato de não possuírem a escrita. Por outro lado, Wolkmer se questiona sobre a validade do direito oral e chega à conclusão de que o direito escrito é mais válido que o direito oral. 
 Partindo dessa premissa, podemos exemplificar com o filme Narradores de Javé, dirigido por Eliane Caffé, no ano de 2003. Na trama o povoado de Javé está ameaçado com a construção de uma represa, que consequentemente, alagaria todo o vale, frente a esse problema os líderes do povoado decidem construir um livro com as histórias dos habitantes e este seria o patrimônio histórico que salvaria o povo de Javé, nessa parte do filme, podemos observar que é mais válido e de suma importância um documento por escrito do que oral, contudo, ainda no filme observa-se a pessoalidade e a necessidade de se “sobressair” frente à História, sempre associando- se à figuras vencedoras e próximas a Indalécio o fundador do vale de Javé, nessa forma, os questionamentos sobre a legalidade da oralidade são válidos, porque é a partir daí que será construído um registro oficial, ou seja o direito escrito.
 Ainda na perspectiva de Wolkmer, o seu trabalho desenvolve – se contrapondo os conceitos de direito arcaico e direito primitivo, assim sendo, ele acaba concluindo que o arcaico supera o primitivo, pois o primeiro é mais abrangente que o segundo, além de expressar certo nível de desenvolvimento das sociedades sem escrita. Ademais, o autor deixa bem claro em sua obra que ainda no século XX existiam civilizações arcaicas. Neste contexto, Wolkmer conceitua que os direitos arcaicos surgem dos costumes, porém, eles têm uma base nos laços de consanguinidade, sendo implementados pelas crenças e tradições. Por outro lado, ele se baseia em Fustel de Counlages e H. Summer  Maine para obter uma interpretação mais ampla do assunto. Não obstante, as teorias dos mesmos se chocam, pois o primeiro afirma que a família é à base da construção das leis, sendo estas de forma espontânea e associada às crenças religiosas, controlando as inteligências e vontades. Já o segundo, acreditava que quem gerava as leis eram pessoas “selecionadas” por entidades divinas, sendo esses, os Sacerdotes e Reis que tinham poder de aplicar sanções rigorosas e repressoras. Portanto, enquanto para um a coletividade asseguravam as leis, para o outro eram os mitos divinos. Além disso, o autor se apoia no pensamentos de H. Summer Maine e este afirmava que a lei não era dinâmica, mas sim estática, tendo como base os atos simbólicos que eram firmados devido às repetições de fórmulas ritualísticas. Portanto, para Summer, o direito antigo tem três estágios de evolução, são eles: o direito da divindade; o direito costumeiro; e por último; o direito identificado como lei.
 Para aquelas sociedades antigas, as leis vinha da vontade divina, portanto não poderiam ser contrariadas e muito menos desobedecidas e se caso acontecesse tinha os sacerdotes que poderiam aplicar a sanção. No entanto com o fortalecimento do poder real, os monarcas hereditários, estavam cada vez mais enfraquecidas e dando lugar à chegada de juristas, ou seja, uma produção legislativa que julgaria e acabaria com a desorganização, resolvendo com excelência e eficácia todos os conflitos que houvesse.
 
 Neste período, era predominante o direito consuetudinário, ou seja, de costumes que eram seguidos de regras normativas, para que obtivessem sucesso. Porém ainda não se conhecia o direito escrito, e assim foi por um longo período sem esse conhecimento, eram apenas através de aristocracias, por meio dos juristas que poderiam conservar aqueles costumes daquelas sociedades. Por meio das práticas e dos atos repetitivos, seguidos de sanções sobrenaturais, havia a falta da razão e predominava a fé, de modo que não havia questionamentos a respeito de sua validade.
 Com os primeiros surgimentos da escrita, como o código de Hamurabi, H. Summer, compreende-se que era um meio muito mais eficaz depositário do direito, para conserva-lo um documento por escrito, do que na memória de certo números de pessoas, nesse contexto, voltamos ao filme Narradores de Javé, os habitantes daquela região, tinham toda a história em suas lembranças que também eram falhas, no entanto, eles as contavam de forma pretensiosa, envolvendo mitos, verdades, tradições e crenças. Antônio Biá, o convocado para escrever as histórias, por mais talentoso que fosse não estava conseguido pôr no papel todas aquelas historias de grandezas, as quais por fim não tiveram registro oficial, então eis aí a importância de um documento escrito. Se tivessem desde o inicio esses registros documentados as histórias não seriam modificadas, e nem, tão pouco esquecidas. Ao decorrer do tempo, vão surgindo com os romanos em tempos mais avançados a distinção do direito moral e da religião do direito, assim por mais um longo período foi havendo evoluções e surgindo características do legislativo formal e escrito. 
 Já Gilissen atenta-se para o fato de o direito primitivo ser um “direito em nascimento”, ou seja, ainda não existe um senso para diferenciar o jurídico do não jurídico, além das regras de controle social variarem no tempo e no espaço. Ademais, ele destaca que as fontes jurídicas dos povos primitivos são poucas, pois, na maioria das vezes, são os costumes e tradições. Outro ponto relevante é a questão do status social dos aplicadores dos preceitos verbais, chefes de tribos ou clãs, pois estes tinham alta relevância social.
 Por fim, a obra de Antônio Carlos Wolkmer se mostra bastante ampla, apresentando e contrapondo diversos pensamentos e conceitos, como por exemplos, os de Fustel de Coulanges; H. Summer Maine e Gilissen. Ademais, ele demonstra de forma objetiva os parâmetros da construção do direito oral, questionando a legitimidade da oralidade. Com isso, é possível compreender como se construíram os pilares normativos das sociedades arcaicas, atestando o valor e a influências do direito consuetudinário no desenvolvimento das normas. Além disso, é perceptível no decorrer do artigo que o direito escrito tem mais valor legal que o oral, por diversos motivos já citados na resenha, no entanto, a oralidade foi de suma importância para a criação do direito atual. Pois graças às “falhas” do direito oral foi possível desenvolver a escrita e formalizar o mesmo como um todo. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
Antônio Carlos Wolkemer. O Direito nas sociedades primitivas.
Narradores de Javé (O Filme)ano de 2003 dirigido por Eliane Caffé.

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