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A MODERNA GESTÃO DE PESSOAS Parte 1 1 Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas Prezado aluno, seja bem vindo! Neste momento, damos início ao Tema 1 do nosso estudo onde vamos discutir toda a base que nos leva a entender melhor os conceitos de recrutamento e seleção. Tendo em vista os vários autores que escre- veram sobre o conteúdo, optamos aqui por trabalhar e apresentar a você uma abordagem que tomou como base o autor Idalberto Chiavenato. Este livro pretende apresentar de maneira clara e objetiva con- ceitos básicos e pertinentes ao entendimento do Novo Modelo de Gestão de Pessoas. Para isto, vamos estudar o histórico e conceitos de gestão de pessoas, o mercado de trabalho e de recursos humanos, conceitos e tipos de recrutamento, conceitos e técnicas de seleção. Discutiremos sobre a evolução da gestão de pessoas no Brasil, sobre a importância do capital humano no atual mercado de trabalho, sobre o impacto da globalização no processo de gerir pessoas e acerca do comportamento dos candidatos e das organizações no mercado de recursos humanos. Todo este debate tomará como base a importância que as organizações hoje devem dar ao seu principal capital: O SER HUMANO. Foi-se a época em que se acreditava que o ser humano seria apenas uma peça, parte integrante de uma máquina, que não pensava, não sentia e não era motivado por nada a não ser pelo dinheiro. Dado o exposto, você entenderá melhor os conceitos e as téc- nicas que são utilizadas como base para o recrutamento e a seleção de pessoas. Gestão de Pessoas I14 1 .1 Histórico e conceitos de gestão de pessoas Para entender melhor o conceito de Recursos Humanos, vamos realizar uma abordagem histórica sobre a evolução da gestão de pessoas no Brasil? É importante compreender como e de onde surgiu a pre- ocupação com o ser humano dentro das organizações. De acordo com Chiavenato (2008), os desta- ques são: De 1890 a 1930: neste período foi possível notar a força do movimento sindical em relação as três primeiras décadas do século e, portanto, cos- tuma-se lembrar o significativo número de jornais operários que circularam nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, bem como os movimentos gre- vistas. Em São Paulo, ocorreram 28 greves, sendo duas gerais. A última, que foi tida como uma das mais importantes de toda a história do movimento operário brasileiro serviu para alertar os patrões e os Poderes Públicos sobre a urgência da aplicação de medidas adequadas de proteção do trabalhador. A legislação trabalhista surgia na década de trinta. Assim, as atividades de recursos humanos nesse período restringiam-se às tarefas de folha de pagamento. De 1930 a 1950: desde 1930 foi possível observar alterações importantes nas relações de trabalho. O governo de Getúlio Vargas promoveu muitas intervenções nas questões trabalhistas, re- lacionados ao que se refere às medidas de prote- ção social ao trabalhador e no processo de organi- zação das associações operárias. No primeiro ano, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que tinha como objetivo se ocupar dos problemas trabalhistas. A nova Constituição atrelou os sindicatos ao Estado e proibiu as greves. Em 1940, foi criado o imposto 15Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas sindical e em 1943 surgiu a Consolidação das Leis do Trabalho ( CLT). De 1950 a 1964: ocorreu a expansão da in- dústria siderúrgica, petrolífera, química e farmacêu- tica e a implantação de indústrias automobilísticas, o que gerou a necessidade de um novo profissio- nal para gerenciar problemas de pessoal. Em 31 de março de 1964, ocorreu a revolução sem sangue no Brasil assumindo os militares o poder. Assim, os organismos unificados do movimento dos traba- lhadores foram dissolvidos e os sindicados ficaram sob a responsabilidade do Ministério do Trabalho. De 1964 a 1978: período em que o país pas- sou por um notável crescimento econômico onde as empresas crescem e se modernizam. O profissio- nal de Recursos Humanos passa a ser valorizado. O Administrador de Empresas teve sua profissão reconhecida e regulamentada pela Lei 4.760, de 08 de setembro de 1965. Depois de 1978: Nota-se um grande empenho dos trabalhadores em torno da unificação de seu movimento. Foram criadas centrais sindicais: • CUT - Central Única dos Trabalhadores. • CGT- Confederação Geral dos Trabalhadores. A década de 80 foi marcada pela recessão. O índice de desemprego sofreu um considerável au- mento e os trabalhadores passaram a ganhar menos. As atividades de Recursos Humanos foram afetadas, pois muitas empresas chegaram a desativar setores de Recursos Humanos. Para se ajustar e sobreviver à crise, as empresas passaram a adotar novas estraté- gias a exemplo da dispensa de pessoal. Podemos notar que a preocupação com ser humano passou por um processo longo em termos Gestão de Pessoas I16 de evolução. E ainda hoje podemos perceber que diversas empresas, pequenas, médias ou de gran- de porte, ainda não valorizam seu capital humano como deveriam. Porém, diante da evolução e da adoção da ideia que traz o capital humano como principal ativo da organização Chiavenato (2008) afirma que a administração de Recursos Humanos é uma área multidisciplinar que envolve conheci- mentos de: • Sociologia Organizacional, • Psicologia do Trabalho, • Direito Empresarial, • Medicina do Trabalho, • Engenharia do Trabalho, • Pedagogia, Serviço Social, • Antropologia, • Administração e outros. O profissional de Recursos Humanos deve possuir formação universitária, de preferência em Ciência Humanas. Evidentemente, para cada uma das áreas em que se subdivide a Administração de Recursos Humanos haverá um curso universitário mais adequado, tendo em vista a complexidade desta gestão. Tendo como base a força da situação econô- mica do país e as mudanças ocorridas nas empre- sas em todo o mundo, o profissional de recursos humanos deve apresentar um perfil bastante dife- 17Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas renciado. Para atender a nova realidade das orga- nizações, o profissional de recursos humanos deve apresentar: • Visão Generalista. • Preocupação com os resultados finais da empresa. • Disposição para atuar em parceria. • Ação Estratégica • Atualização • Motivação do pessoal • Capacidade Integradora • Habilidade para negociar Como conceito de Administração de Re- cursos Humanos podemos afirmar que se trata do conjunto de políticas e práticas necessárias voltadas a condução de as- pectos da posição gerencial relacionados com pessoas, a exemplo de recrutamen- to, seleção, treinamento, remuneração, avaliação de desempenho, qualidade de vida no trabalho, serviços de medicina e segurança do trabalho dentre outros. A gestão de recursos humanos é formada por pessoas e organizações. Importante destacar que as pessoas passam boa parte de suas vidas tra- balhando em organizações e estas dependem das pessoas para funcionar e alcançar seus objetivos. Gestão de Pessoas I18 Pessoas dependem das empresas/organiza- ções nas quais trabalham para atingir seus objeti- vos pessoais e individuais. As organizações preci- sam das pessoas para operar, produzir seus bens e serviços, atender seus clientes, competir nos mer- cados e atingir seus objetivos (CHIAVENATO, 2008). Assim, fica difícil separar o comportamento das pessoas e das organizações. As organizações funcionam através das pessoas que delas fazem parte, que decidem e agem em seu nome. O autor ainda destaca vários termos para de- finir as pessoas que trabalham nas organizações:• Funcionários, • Empregados, • Pessoal, • Trabalhadores, • Operários, • Recursos humanos, • Colaboradores, • Associados, • Talentos humanos, • Capital humano, • Capital intelectual etc. Até pouco tempo atrás, a relação existente entre pessoas e organizações era considerado anta- 19Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas gônico e conflitante, pois se acreditava que os ob- jetivos das organizações eram incompatíveis com os objetivos das pessoas. Cada um somente via o seu lado e só queria ganhar independente do outro lado estar bem ou não. A solução empregada era do tipo em que se uma parte leva tudo, a outra fica sem nada. Em uma situação de limitação e escassez, se uma parte ganha mais, ela o faz à custa da outra. Trata-se de uma solução limitada, estreita e com pou- ca visão. Verificou-se que, se a organização quer al- cançar os seus objetivos precisa saber voltar os esfor- ços para as pessoas para que também estas atinjam os seus objetivos individuais. Assim, todos ganham. Modernamente, o modelo em que todos ganham é o preferido, pois se trata de uma solução que requer negociação, participação e sinergia de esforços. O contexto da Gestão de Recursos Humanos é representado pelas organizações e pelas pessoas. As organizações são formadas por pessoas e pre- cisam delas para atingir seus objetivos e cumprir suas missões. Para as pessoas, as organizações tornam-se o caminho para que elas alcancem vários objeti- vos pessoais. Muitos dos objetivos pessoais seriam difíceis de serem alcançados apenas por meio do esforço pessoal isolado. Então, surgem as organi- zações para aproveitar os esforços de pessoas que trabalham juntas. Para Chiavenato (2008), as pessoas são o principal ativo da organização. Com isto surge a ne- cessidade de fazer com que as organizações sejam mais conscientes e atentas a seus colaboradores. As empresas de sucesso estão percebendo que somente podem crescer se forem capazes de obter retorno sobre os investimentos de todos os parceiros, principalmente dos colaboradores. Gestão de Pessoas I20 Quando uma organização é realmente volta- da para as pessoas, a sua filosofia global e sua cul- tura organizacional refletem. A Gestão de Recursos Humanos nas organizações pode ser definida como a função que permite a colaboração das pessoas, para alcançar os objetivos organizacionais e indi- viduais. Especialidades da administração de Recursos Humanos: • Selecionar, recrutar, entrevistar, testar, registrar pessoas, analisar, descrever, de- senhar e ampliar cargos, promoções e transferência. • Aconselhamento, avaliação de desempe- nho, cálculo de rotatividade, saúde e de prevenção de acidentes, benefícios e ser- viços aos funcionários. • Relações com empregados, relações sin- dicais, greves, negociações coletivas, contratos coletivos ou individuais e acor- dos mútuos. • Treinamento no cargo, treinamento e de- senvolvimento de gerentes e executivos. • Pesquisas salariais e de benefícios, pla- nos de incentivos, participação nos lucros, aquisição de ações, previdência privada, enriquecimento de cargos e salários. • Manual de empregados, controle de ruí- dos, pesquisas de atitude e clima organi- zacional. 21Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas • Desenho da estrutura organizacional, pla- nejamento e avaliação, inovação, utiliza- ção de abordagens para reduzir conflito e superar resistências às mudanças organi- zacionais. • Alternativas de modelos gerenciais e as- sistência à mudança. • Definição de objetivos organizacionais, políticas e estratégias; identificar, tradu- zir e cumprir políticas de RH; planeja- mento de RH. • Relatórios gerenciais, avaliação de políti- cas e programas, estudos de inovação e análises de custos e benefícios. CHIAVENATO (2008) INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão; LEITE, Nildes Pi- tombo. Gestão de Pessoas: Perspectivas Estratégi- cas. São Paulo: Atlas, 2009. Veja na página 3 o capítulo “Gestão Estratégica de Pessoas” e reflita sobre a questão relacionada a evolução da área de administração de RH para a concepção de gestão estratégica de pessoas. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: O Novo Papel dos Recursos Humanos nas Organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. Gestão de Pessoas I22 Leia na página 05 o texto do quadro “Dicas” e en- tenda o papel e importância das pessoas em uma organização. PARA REFLETIR Neste item, acabamos de entender conceitos bási- cos sobre a administração de recursos humanos e como se deu a evolução da preocupação com os seres humanos por parte das organizações. Discuta com seus colegas e com seu tutor como isto ocorre nas empresas, no dia a dia de sua organização. Caso você não trabalhe, converse com os colegas que estão trabalhando e tente entender como fun- ciona a realidade deles. 23Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas 1 .2 Mudanças no cenário mundial e na função de Recursos Humanos: Mercado de trabalho e de Recursos Humanos Segundo Offe e Hinrich (1984), o mercado de trabalho se trata do principal meio onde o sistema produtivo procura ser provido com o trabalho para a geração de riqueza e a força de trabalho busca meios monetários (salários e benefícios) e sociais (status) para garantir sua sobrevivência. O mercado de trabalho organiza a relação de troca, onde temos os que ofertam a força de tra- balho e os que estão demandando a mão de obra. Pelo lado da oferta, o valor do trabalho é determinado por meio: • competências individuais, • características pessoais, • volume de trabalho, • disponibilidade e outros pré-requisitos exigidos pelos demandantes da força de trabalho. Pelo lado da demanda (organização), o preço de compra (salário, benefícios e status) é estabe- lecido com base no atendimento das expectativas, principalmente no que se refere à capacidade de pagamento. A negociação da força de trabalho é influen- ciada por forças políticas, econômicas e legais que regulam o mercado. Os indivíduos que ofertam sua força de trabalho concorrem entre si, da mesma forma que existe uma concorrência entre os de- mandantes. Nessa competição, levarão vantagens Gestão de Pessoas I24 aqueles que forem mais eficazes no processo de negociação. O principal instrumento regulador das rela- ções sociais entre ofertantes e demandantes da força de trabalho é o contrato de trabalho. Através desse instrumento, as partes estabelecem as con- dições de compra e venda da mercadoria e força de trabalho. A empresa recorre ao mercado de trabalho quando necessita recrutar e contratar emprega- dos. Para minimizar os custos e riscos das idas ao mercado de trabalho, muitas organizações es- tão contratando diretamente somente emprega- dos com competências necessárias à viabilização dos seus negócios e terceirizando colaboradores, portanto, estes podem ser menos qualificados e que pode ser facilmente recrutados no mercado e também dispensados sem que a empresa tenha custos elevados. O mercado de trabalho pode ser definido como o conjunto de indivíduos empregados ou dis- poníveis para emprego em um determinado espaço geográfico. Esse mercado é dinâmico, pois interfere e age sobre as influências das forças que regulam os ambientes sociais e organizacionais. Na gestão es- tratégica de pessoas, é preciso também estar aten- to a características específicas da força de trabalho, que integram a dinâmica do mercado de trabalho. Enfim, mercado significa o espaço de transa- ções, de trocas e intercâmbios entre aquelesque oferecem um produto ou serviço e os que procu- ram um produto ou serviço. O mecanismo de ofer- ta e procura é a característica principal de todo mercado. O mercado de trabalho é composto por ofertas de oportunidades de trabalho oferecidas pelas organizações. 25Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas Quando o mercado está em situação de oferta, quando as oportunidades de trabalho são maiores do que a procura delas, as organizações se vêem diante de um recurso escasso: as pessoas são insuficientes para preencher cargos. Quando o mercado está em situação de pro- cura, quando as oportunidades de trabalho são menores do que a procura deles, as organizações se veem frente a um recurso abundante: as pesso- as que disputam empregos no mercado. O movimento de reestruturação produtiva e a rápida incorporação das novas tecnologias da infor- mação e da comunicação vieram a causar um gran- de impacto no mercado de trabalho e na economia como um todo. A substituição maciça de trabalhadores por máquinas cada vez mais sofisticadas forçou os pa- íses e instituições, que atuam no mundo do tra- balho e do emprego, a aprofundarem os estudos sobre os efeitos do uso da microeletrônica e da robótica nos processos produtivos, para obter uma melhor compreensão desse processo, em que cada vez menos trabalhadores são necessários para pro- duzir bens e serviços. À medida que se amplia o uso da tecno- logia da informação nos ambientes de trabalho, aumenta-se o nível de complexidade das ativida- des, resultando em maior autonomia e responsa- bilidade do trabalho e da exigência de um nível de competência. Esse movimento aumentou a importância da inteligência humana e do conhecimento aplicados aos processos produtivos, elevando a produtivida- de do trabalhador. Mesmo com a tendência de consolidação dos empregos regulares (assalariados com registro), ainda permaneciam os problemas que caracterizam Gestão de Pessoas I26 o mercado de trabalho em economias subdesenvol- vidas, tais como informalidade, subemprego, bai- xos salários e desigualdade de rendimentos, dentre outros. Quando o movimento de reestruturação dos sistemas produtivos avança, o mercado de trabalho brasileiro busca uma maior flexibilização influen- ciado por aspectos relacionados com o modelo de inserção do Brasil na economia global, as políticas macroeconômicas implementadas, a estabilização da economia e o acirramento da competição em níveis local e internacional. O sistema produtivo brasileiro intensificou a adoção de novas tecnologias através da automação implicando assim na redução do ritmo de geração de empregos de baixa qualificação e a adoção de novas formas de contratação da força de trabalho. Uma explicação para essa redução do mer- cado formal para os trabalhadores com baixa qua- lificação pode ter tido origem na abertura comer- cial do país, quando a indústria precisou ganhar competitividade, introduzindo novas tecnologias que vieram a substituir mão de obra, modificando os processos e redesenhando arquiteturas organi- zacionais, o que as levou a demandar (a ter uma necessidade) por colaboradores com maior nível de qualificação para executar trabalhos com maior exi- gência de conteúdo, conhecimento e informação. Sobre o impacto do mercado de trabalho so- bre as práticas de RH podemos destacar que quando o mercado de trabalho está em oferta de vagas e não existem muitos candidatos no mercado ocorre que se elevam os investimentos em recrutamento para atrair bons candidatos. Os critérios de seleção se tornam mais flexíveis e menos rigorosos; ocorrem investimen- tos em treinamento para compensar a inadequação dos candidatos; são realizadas ofertas salariais esti- 27Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas mulantes para atrair candidatos; são realizados inves- timentos em benefícios sociais para atrair candidatos e reter funcionários; eleva-se a competição entre em- presas para obter candidatos existe orientação para a sobrevivência da organização. Ainda destaca-se que existe excessiva quan- tidade de vagas; políticas de retenção do capital humano são estabelecidas; existe ênfase no recruta- mento interno; torna-se difícil conseguir emprego e, por fim, intensificam-se os investimentos em recru- tamento de pessoas. Mercado de trabalho em procura, ou seja, quando temos mais candidatos do que vagas para trabalho no mercado, nós temos baixos investimen- tos em recrutamento devido à oferta de candida- tos; critérios de seleção mais rígidos e rigorosos para aproveitar a abundância de candidatos; pou- cos investimentos em treinamento para aproveitar candidatos já treinados; ofertas salariais mais bai- xas para aproveitar candidatos já treinados; poucos investimentos em benefícios sociais; ê nfase no recrutamento interno, como meio e ficar com os funcionários atuais e dinamizar os planos de carrei- ra; Ênfase no recrutamento externo como meio de melhorar o potencial humano, substituindo funcio- nário por candidatos de melhor qualificação. Com relação ao comportamento das organi- zações no mercado de trabalho Chiavenato (2008), destaca: Mercado de RH em oferta de vagas: • Excessiva quantidade de vaga. • Competição entre empresas para obter candidatos. Gestão de Pessoas I28 • Intensificação dos investimentos em re- crutamento de pessoas. • Redução das exigências aos candidatos. • Intensificação dos investimentos em trei- namento. • Ênfase no recrutamento interno. • Políticas de retenção do capital humano. • Orientação para as pessoas e para o seu bem-estar. • Intensificação dos investimentos em be- nefícios. Mercado de RH em procura por vagas: • Insuficiente de ofertas de vagas. • Falta de competição entre as empresas para obter candidatos. • Redução dos investimentos em recruta- mento de pessoas. • Aumento das exigências aos candidatos. • Redução dos investimentos em treina- mento. • Ênfase no recrutamento externo. • Política de substituição de pessoal. 29Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas • Orientação para o trabalho e para a efi- ciência. • Redução ou congelamento dos investi- mentos em benefícios sociais. Chiavenato (2008) afirma que o comporta- mento dos candidatos no mercado de trabalho: Mercado de RH em oferta de candidatos • Excessiva quantidade de candidatos. • Competição entre candidatos para obter emprego. • Rebaixamento das pretensões salariais. • Dificuldade em conseguir emprego. • Temor de perder o atual emprego e maior fixação ao emprego. • Baixo absenteísmo. • O candidato aceita qualquer oportunida- de desde que ela apareça. • Orientação para a sobrevivência. Mercado de RH em procura de candidatos • Insuficiente quantidade de candidatos. • Falta de competição entre os candidatos. • Elevação das pretensões salariais. Gestão de Pessoas I30 • Facilidade em conseguir emprego. • Vontade de perder o atual emprego e me- nor fixação ao emprego. • Elevado absenteísmo. • O candidato seleciona as múltiplas opor- tunidades que tem pela frente. • Orientação para a melhoria e desenvolvi- mento profissional. INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão; LEITE, Nildes Pi- tombo. Gestão de Pessoas: Perspectivas Estratégi- cas. São Paulo: Atlas, 2009. Leia na página 55 uma excelente discussão sobre mudanças e desafios no mercado de trabalho. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: O Novo Papel dos Recursos Humanos nas Organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. Leia na página 05 o texto do quadro “Dicas” e en- tendao papel e importância das pessoas em uma organização. 31Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas PARA REFLETIR Ao encerrar este ponto do nosso livro, podemos refletir sobre conceitos de mercado, mercado de trabalho e de recursos humanos. Você está pronto para discutir com seu tutor sobre a dinâmica de tais mercados. Enquanto candidato ou enquanto gestor reflita sobre as vantagens e desvantagens diante da demanda e oferta do mercado de traba- lho e de recursos humanos e tente junto com seus colegas chegar a um consenso. 1 .3 Conceitos e tipos de recrutamento Para Chiavenato (2008), recrutamento trata- -se de um conjunto de atividades desenhadas para atrair candidatos qualificados para uma organiza- ção. Corresponde ao processo pelo qual a orga- nização atrai candidatos no Mercado de Recursos Humanos para abastecer seu processo seletivo. O recrutamento é um processo onde ele comunica e divulga oportunidades de emprego, ao mesmo tempo em que atrai os candidatos para o proces- so seletivo. LEMBRE que se o recrutamento apenas comunica e divulga, ele não atinge seus objetivos básicos. Ainda podemos definir como um conjunto de técnicas e procedimentos com o intuito de atrair candidatos qualificados e capazes de ocupar cargos dentro de uma organização. Ou ainda, recrutamento seria o processo de atrair candidatos com o objetivo de concorrerem a um cargo específico. Tal processo consiste em anunciar a disponibilidade do cargo no mercado e Gestão de Pessoas I32 atrair candidatos qualificados para a disputa. O recrutamento pode ser: • Interno. • Externo. • Misto. Recrutamento Interno - o preenchimento das vagas e oportunidades é realizado através dos pró- prios funcionários. Isto exige que sejam promovi- dos ou transferidos para as novas oportunidades, assim a organização oferece uma carreira de opor- tunidades aos funcionários (GIL, 2010). Os indivíduos já são conhecidos e a empresa também. Constitui um procedimento bastante econô- mico, pois serve para demonstrar que a empresa está interessada em promover seus empregados. A única desvantagem seria o fato de gerar dificuldades com os empregados, uma vez que entrevistar uma pessoa e re- cusá-la pode desgastar o relacionamento. Ainda pode ocorrer de um departamento manifestar desagrado ao ver seus funcionários sendo realocados em outros. Recrutamento Externo - o preenchimento das vagas e oportunidades se dá por meio de admis- são de candidatos externos. Isto exige que sejam recrutados externamente e selecionados para pre- encher as oportunidades, assim percebemos que neste modelo a organização oferece oportunidades aos candidatos externos. Recrutamento Misto – ocorre quando a em- presa opta por utilizar tanto o recrutamento interno quanto o recrutamento externo. 33Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas Para Gil (2010), dentre os métodos utilizados no processo de recrutamento, temos: • Cartazes – se trata de um sistema de re- crutamento de baixo custo. Cartazes po- dem ser colocados em portaria de empre- sas, em suas proximidades ou em locais de grande movimentação. Recomendado para cargos simples. • Recomendação - pode-se pedir à pessoas de dentro ou de fora da empresa para indicar candidatos. • Pessoal dispensado - pode ser vantajoso para a empresa admitir antigos emprega- dos dispensados, desde que a dispensa tenha ocorrido por motivos aceitáveis. • Agências - esse procedimento é econô- mico em relação a gastos de tempo e de dinheiro no processo de recrutamento e na realização de entrevistas. Você sabia que muitas empresas estão utili- zando os serviços de agências de empregos tem- porários? Este procedimento pode ser útil para atender demandas sazonais da empresa sem a ne- cessidade de novas contratações. Em épocas de desemprego, como a atual, agências ligadas ao governo e a entidades sindi- cais funcionam como fontes de recrutamento. Ocor- re que a maioria das pessoas que buscam este tipo de agência encontra-se desempregadas e não apre- sentam nível de qualificação. Associações profissionais – constituem-se em fóruns adequados de maneira que seus membros Gestão de Pessoas I34 possam trocar ideias, manter contatos profissionais e aperfeiçoar habilidades. Anúncios - atrai muitos candidatos. Ao se de- cidir sobre esta forma, convém indagar por que, onde, como e quando anunciar. Para que anunciar? Os objetivos poderão ser mais específicos. Como exemplifica Gil (2010): • Atrair leitores certos para responder ao anúncio; • Eliminar candidatos que não convenham; • Melhorar a reputação da empresa, atra- vés da imagem projetada pelo anúncio. Onde anunciar? Após definir os objetivos, é preciso identificar os melhores meios de atingi- -los e decidir pelo meio mais adequado. Um jornal diário de grande circulação pode ser um veículo adequado. Porém, quando se deseja contratar um especialista, poderá ser mais conveniente anunciar em publicações específicas na área. Há muitos fa- tores a serem considerados na decisão acerca do tipo de publicação: • Triagem do jornal ou da revista; • Custo do anúncio; • Quantidade de anúncios semelhantes na publicação; • Frequência e data da publicação. Como anunciar? A escolha da forma do anún- cio depende de uma série de fatores, tais como: 35Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas • Orçamento disponível para publicidade, • Prestígio da empresa, • Escassez de pessoal qualificado etc. Sabe-se que quanto maior o anúncio, maior a quantidade de respostas e melhor a impressão com que ficam os candidatos. Uma redação apropriada e um layout bem feito também ajudam a atrair os melhores candidatos. Os anúncios podem ou não identificar o nome da empresa. Daí por que podem ser classificados como abertos ou fechados. A opção pelo anúncio fechado dar-se por di- versas razões. Uma situação que o recomenda é o preenchimento de uma vaga confidencial. Também se recomenda o anúncio fechado quando uma em- presa está constantemente recrutando profissionais para determinada área em virtude de problemas in- ternos que já são de conhecimento do mercado. O autor ainda explica que anúncios fechados também podem afugentar candidatos. Pessoas em- pregadas que pretendem mudar de emprego podem temer que o anunciante seja a sua própria empresa ou uma associada. Outras pessoas podem achar que a empresas que omitem seu nome tem algo a escon- der, não sendo, portanto, boa empregadora. A maneira como é redigido o anúncio influi na qualidade das respostas. Por isso, os anúncios devem ser redigidos de forma a: • Despertar o interesse do leitor; • Inspirar confiança; • Mostrar as vantagens do cargo; e Gestão de Pessoas I36 • Estimular o candidato a respondê-lo. Um anúncio bem elaborado esclarece: • Acerca do título do cargo, • Da natureza do trabalho, • Do tipo de empresa, • De sua localização, • Do salário, dos benefícios • Das possibilidades de crescimento profis- sional. Quando anunciar? O anúncio deve ser rea- lizado o mais rápido possível, pois o processo de recrutamento e seleção poderá ser demorado. Cabe lembrar que a maioria dos jornais de grande circula- ção tem cadernos especiais de empregos. Convém considerar a conveniência de se publicar o anúncio no domingo ou em qualquer outro dia da semana. Headhunters (caça-talentos) – método utiliza- do para a contratação de executivos de alto nível. A grande vantagem, nesse caso, é a possibilidade de contratação de profissionais qualificados num período de tempo muito menor do que mediante outrosprocedimentos. Headhunters estão constan- temente contatando executivos empregados, com vista em verificar seu interesse em mudar de em- prego. Internet – existem muitos endereços ele- trônicos que recebem currículos de candidatos a empregos. Muitas empresas abrem-se para o envio de currículos pela internet. Há também os 37Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas sites de headhunters e sites Independentes, que prestam serviços para quem está procurando em- prego. Nos bancos desses sites é possível encon- trar emprego, em qualquer lugar, para qualquer tipo de profissional. Apesar de sua eficiência, a utilização da In- ternet voltada à seleção encontra muita resistência por parte de empresas e de headhunters. Existem pessoas que afirmam que não se pode associar a responsabilidade da busca de exe- cutivos a um processo mecânico, já que estes não podem substituir a inteligência e a intuição humana necessária ao processo. Costuma-se considerar que pessoas mais ve- lhas não apresentam intimidade com a Internet, o que exclui muitos talentos. Por fim, não há como deixar de considerar o problema do sigilo. Apesar de na maioria dos sites o candidato ter a alternati- va de não divulgar seu nome ou email, muitas pes- soas tem medo de expor seu currículo na Internet, uma vez que qualquer pessoa do emprego atual poderá ter acesso. Avaliação dos resultados do recrutamento: De acordo com Chiavenato (2008), o recrutamento não é uma atividade que pode ser isolada da estratégia da empre- sa, pois os negócios estão em constan- te mudanças tornando-se imprescindível contar com pessoas flexíveis, capazes de adaptar-se a mudanças. O recrutamento tem como objetivo agre- gar valor à organização e às pessoas, bem como deve proporcionar resultados para ambas as partes. A avaliação dos resul- tados é importante na mensuração do Gestão de Pessoas I38 recrutamento em relação ao cumprimen- to da sua função e a que custo. Em um aspecto quantitativo, quanto mais candi- datos o recrutamento influenciar, melhor será. Já no qualitativo, o mais importante é trazer candidatos que sejam triados, en- trevistados e encaminhados ao processo seletivo. Os esforços de recrutamento são mais bem- -sucedidos quando os recrutadores são escolhidos e treinados, ou seja, quando pessoas capacitadas estão a frente do processo. Embora a eficácia do recruta- mento seja importante, é necessário considerar que a qualidade deste processo produz forte impacto sobre os candidatos. Os recrutadores provocam fortes im- pressões positivas e negativas nos candidatos. Além do mais, a cooperação entre linha e staff no recruta- mento é essencial. O consultor de RH e o pessoal de linha que recruta precisam saber exatamente o que o cargo exige e o que se procura nos candidatos. O recrutamento se trata de um processo que onere para a organização. Custa tempo e dinheiro, mas compensa. Seu retorno ultrapassa qualquer in- vestimento neste sentido. Imagine que você deva fazer um levantamento dos custos mensais ou anu- ais de recrutamento de sua empresa. Recrutar pessoas se tornou estratégico para as organizações e atrair talento é fundamental para o sucesso organizacional a longo ou curto prazo. INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. 39Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas Leia na página 114 o texto do quadro “Prós e con- tras” e veja as vantagens e desvantagens do recru- tamento interno. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. Leia na página 116 o texto do quadro “Prós e con- tras” e entenda um pouco mais sobre as vantagens e desvantagens do recrutamento externo. PARA REFLETIR Agora você tem base para pesquisar a respeito dos tipos de recrutamento. Assim, converse com seus colegas sobre qual a melhor alternativa organiza- cional quando se fala em recrutamento. Gestão de Pessoas I40 1 .4 Conceitos e técnicas de seleção A seleção de pessoas funciona como uma espécie “peneira” permitindo que apenas algumas pessoas possam ingressar na organização. Essas pessoas apresentam características desejadas pela organização. O processo de seleção constitui a escolha certa da pessoa certa para o lugar certo (CHIAVENATO, 2008). Seleção ainda pode ser definida como o pro- cesso onde se busca escolher o melhor candidato para o cargo. Ou ainda, como o processo pelo qual uma organização escolhe, entre diversos candida- tos, a pessoa que melhor possui os critérios dese- jados para a posição disponível. Para Chiavenato (2008), seleção pode ser definida como a obtenção e uso da informação a respeito de candidatos recrutados externamente ou internamente, para escolher qual deles deverá ocu- par a função em questão. O processo seletivo enquanto processo de comparação pode ser explicado como a uma com- paração entre duas variáveis: de um lado, os requi- sitos do cargo a ser preenchido e de outro lado, o perfil das características dos candidatos que se apresentam para disputá-lo. A primeira variável é fornecida pela descrição e análise do cargo, en- quanto a segunda é obtida por meio de aplicação das técnicas de seleção. O processo de seleção como um processo de decisão e escolha se dá após a comparação entre as características exigidas pelo cargo e as caracte- rísticas oferecidas pelos candidatos, pode aconte- cer que vários destes apresentem condições apro- ximadamente equivalentes para serem indicados para ocupar o cargo vago. 41Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas O órgão de seleção não pode impor ao órgão requisitante de pessoal, a aceita- ção dos candidatos aprovados no pro- cesso de comparação. Ele poderá ape- nas prestar serviços especializados em aplicar técnicas de seleção e recomen- dar aqueles candidatos que forem tidos como os melhores e mais adequados. A decisão final da escolha é sempre do ór- gão requisitante. O gerente de linha sem- pre terá o poder de decisão em relação à escolha para contratação. Dentre os métodos de seleção temos: Análise dos Currículos - os currículos são instrumentos úteis, porém são insuficientes para proporcionar uma visão real do candidato. Seria in- teressante combinar seu uso com outras técnicas. Para tirar o máximo proveito de um currículo, convém que este seja lido e analisado minuciosa- mente. Assim, na análise curricular devem ser ob- servados os seguintes pontos: Competência profissional: para identificar este item é interessante considerar motivos alega- dos para mudança de emprego, bem como se, após cada mudança, existiu melhora de posição. Desejo de permanência no emprego e de se- guir carreira: importante atentar para os intervalos entre os empregos, pois um período muito longo entre um emprego e outro passa a ideia de insta- bilidade. Experiência prática: currículos apresentam abundância de qualificações, mas nada indicam em relação à prática efetiva. Vontade de trabalhar e aceitar novos desa- fios: importante verificar se as responsabilidades Gestão de Pessoas I42 descritas vão além das requeridas pelos cargos ocupados pelo candidato. Os Testes Escritos: recomenda-se a utilização de testes escritos para o preenchimento de cargos que exigem conhecimentos específicos. Os testes escritos podem assumir diferentes modalidades, como: dissertações, testes com perguntas abertas, testes com perguntas fechadas etc. Os Testes Práticos: os testes práticos são adequados para a avaliação das habilidades dos candidatos. São importantes para os cargos de na- tureza operacional. Os TestesPsicológicos: são instrumentos úteis para identificar as aptidões dos candidatos, podendo ser utilizados para a avaliação do poten- cial intelectual dos candidatos, de suas habilidades específicas e de seus traços de personalidade. A Entrevista: se trata de um dos mais úteis ins- trumentos de seleção de pessoal. A eficácia da entre- vista está ligada a competência técnica do entrevista- dor. Muitos deles reduzem a entrevista a um simples bate-papo, sem planejamento prévio, o que limita seu valor como instrumento rigoroso de seleção. É impor- tante que o entrevistador seja uma pessoa dotada de maturidade emocional, habilidade no relacionamento interpessoal e perspicácia para identificar traços de personalidade, motivações e atitudes. Dinâmica de Grupo: consiste em colocar os candidatos reunidos em grupo diante de situações em que terão de demonstrar sua forma de reação. Mostra-se bastante adequada para a avaliação de muitas características dos candidatos, tais como: liderança, sociabilidade, iniciativa, criatividade, co- municabilidade, espontaneidade, capacidade de analise e síntese, capacidade de julgamento, toma- da de decisão, habilidade para lidar com situações de conflito e capacidade para atuar sob pressão. 43Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas A importância da seleção se dá porque as pessoas constituem o mais importante ativo das organizações. Elas devem ser recrutadas e selecio- nadas com o máximo de competência, já que falhas podem comprometer outras ações de gestão a se- rem desenvolvidas. Com a nova postura adotada em relação à gestão de pessoas, as atividades de recrutamento e seleção não vêm sendo desenvol- vidas por um órgão específico e sim por chefias imediatas. Como consequência, as pessoas incum- bidas dessas atividades nem sempre possuem o conhecimento e a experiência necessária. Temos que destacar que a descentralização faz parte do processo de amadurecimento do sis- tema. Se num sistema descentralizado, todas as gerências e chefias passam a ter atribuições refe- rentes à seleção, as mesmas deverão possuir com- petência técnica nessa área. Nas organizações onde gerentes e chefes passam a assumir novas responsabilidades, sem capacitação, ocorrem falhas na contratação de pes- soas. Verifica-se que nem sempre utilizam adequa- damente as fontes de recrutamento, reduzindo o número de candidatos. Muitas vezes selecionam exclusivamente com base no currículo, eliminando candidatos com boa potencialidade, ou ainda, uti- lizam a entrevista de maneira imperfeita, deixando de obter informações relevantes. Como resultado pessoas admitidas não de- sempenham de maneira adequada as tarefas que lhe são confiadas. Em alguns setores a rotatividade de pessoal se torna elevada. Quando as pessoas responsáveis pela sele- ção não possuem conhecimentos técnicos relativos a entrevista, tendem a contratar com base em sua experiência pessoal ou na própria imagem, mesmo que inconscientemente. Como consequência, exis- Gestão de Pessoas I44 tem pessoas contratadas que não desempenham de maneira adequada suas tarefas. Empregar pessoas sem qualificação pode tra- zer problemas, gerar hostilidade por parte de clien- tes e fornecedores, favorecer conflitos interpesso- ais e intergrupais, o que aumenta a rotatividade de pessoal e gera outras complicações. As discrepân- cias no desempenho dos empregados dependem de um grande número de fatores. A seleção é ape- nas um deles. Para que se possa selecionar adequadamen- te, torna-se necessário definir critérios. Para tanto, requer-se o conhecimento das políticas de seleção da empresa e dos cargos que se deseja preencher. Quando a empresa define suas políticas de pessoal e dispõe de um sistema de descrição de cargos, os procedimentos relativos à seleção de pessoal tornam-se mais simples. Caso contrário, caberá ao selecionador identificar essas políticas e proceder à descrição dos cargos a serem ocupados. A descrição de cargos é importante para a seleção de pessoal, uma vez que permite relacionar as atribuições e responsabilidades de cada cargo. Uma forma bem simples se baseia em res- ponder às perguntas: a) Que conhecimentos a pessoa deve ter? b) Que experiência é necessária? c) Que aptidões são necessárias? d) Que características pessoais são necessá- rias? e) Que circunstâncias pessoais devem ser consideradas? 45Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas Ao decidir pela formulação dessas perguntas, alguns cuidados devem ser tomados. O principal deles refere-se a até que ponto os requisitos são essenciais. Por exemplo, é essencial ou apenas desejável que o candidato tenha experiência de 3 anos em determinada área? Requisitos considerados indispensáveis neces- sitam ser mantidos para não afastar potenciais candi- datos. O mais importante não é a qualidade da atua- ção do candidato e sim seu potencial para a função, aliado a sua vontade de trabalhar e aprender. Com relação ao modelo de colocação, seleção e classificação de candidatos, podemos afirmar com base em Chiavenato (2008) que a organização se de- para com o problema de tomar decisões a respeito de um ou mais candidatos. Cada decisão sobre um candidato envolve o indivíduo em um determinado tratamento. O número de tratamentos e de indivídu- os pode variar de uma decisão para outra. As restrições mais comuns são: • Número de tratamentos por pessoas • Número de pessoas por tratamento. De acordo com o tratamento, podemos dis- tinguir três modelos de decisão sobre candidatos: • Colocação • Seleção Classificação de candidatos Cada candidato é avaliado segundo os requisi- tos do cargo ao qual se candidata. Caso os preencha, é admitido, caso contrário, é avaliado se preenche Gestão de Pessoas I46 critérios exigidos por outros cargos que necessitem de contratação, até que não haja cargos vacantes e as alternativas restantes. Daí, a denominação clas- sificação. Será escolhido um candidato entre vários concorrentes para ocupar o cargo disponível. Considera-se para este modelo que o candi- dato está interessado na organização, e não em um cargo específico, devendo ser direcionado para o cargo para o qual esteja mais habilitado. A vantagem do modelo de classificação sobre os demais é a redução de custos por evitar a duplicidade de avaliações, e apresenta maior eficiência por direcio- nar o candidato para qualquer um dos cargos vagos. A seleção de pessoal deve obedecer a algum padrão para alcançar seu objetivo. O padrão de comparação deve ser determina- do de acordo com as habilidades necessárias para o pleno exercício do cargo a ocupar, bem como das habilidades dos candidatos. Ou seja, o primeiro passo ao se iniciar um processo de seleção é determinar as competências necessárias ao funcionário contratado. A seleção de pessoas é geralmente um pro- cesso constituído de diversas etapas, com níveis variados de exigência e complexidade, com a finali- dade de obter o máximo de informações pertinentes possíveis sobre cada candidato, sendo que o grau de complexidade das operações deverá aumentar ao longo do processo. Lembramos que quanto maior o número de etapas e complexidade das operações, maior o custo do processo de seleção. O processo seletivo precisa ser eficiente, ou seja, executado de forma correta, no que diz respei- to à escolha e aplicação dos métodos de seleção, e eficaz, ou seja, alcançar as metas estabelecidas. O problema, no entanto, reside em determinar um método para avaliação dos resultados da contrata- 47Tema 1 | Introdução ao novo modelo de gestão de pessoas: Recrutamento e seleção de pessoas ção, sem os quais dificultadetectar a necessidade de uma nova intervenção. O processo de seleção de pessoas deve ser flexível e descentralizado, devendo envolver as ge- rências e equipes, características da gestão parti- cipativa, permitindo que cada gestor possa gerir seus subordinados e demais recursos, Envolvendo as pessoas no processo decisório. Este modelo é característico de empresas bem sucedidas. INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR GIL, Antonio Carlos. Gestão de Pessoas: Enfoque nos Papéis Profissionais. São Paulo: Atlas, 2010. Vá até a página 112 e leia o texto “Seleção virtual” e veja como a Internet pode auxiliar neste processo. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. Leia na página 133 o texto do quadro “Dicas” e entenda como o processo de seleção pode assumir responsabilidade de linha e de staff. PARA REFLETIR Agora que já sabemos definir o processo de sele- ção, junto com seus colegas e tutor tente refletir sobre o melhor processo seletivo para um determi- nado cargo a escolha de vocês. Gestão de Pessoas I48 RESUMO Neste tema, estudamos no capitulo 1.1 o histórico e os conceitos de gestão de pessoas. No capitulo 1.2, estudamos sobre mudanças no cenário mun- dial e na função de recursos humanos: mercado de trabalho e de recursos humanos. Já no item 1.3, os conceitos e tipos de recrutamento e, por último, no conteúdo 1.4, os conceitos e técnicas de seleção. Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho2 Neste momento nós vamos discutir a importância de entender a cultura da organização, seus componentes e sobre como a so- cialização dos colaboradores pode fazer diferença para a motivação de quem chega à empresa. Também vamos analisar a descrição de cargos e o processo de avaliação de desempenho para as empresas na atualidade. Foi utilizado como base para a construção deste tema o material didático desenvolvido pelo professor Chiavenato (2008). Gestão de Pessoas I50 2 .1 Cultura organizacional: conceitos, compo- nentes e socialização organizacional Você já escutou falar em cultura organizacio- nal? O que seria cultura? Pois é! Cultura pode ser definida como um conjunto de costumes e realizações de uma época ou de um povo, artes, erudições e demais manifes- tações mais sofisticadas do intelecto e da sensibili- dade humana consideradas coletivamente. Lembre que a cultura organizacional nada tem a ver com isso. Ou seja, no estudo das orga- nizações, cultura, como a organização se porta em diversos âmbitos, como ideias, regras, etc. Como a cultura é algo individual, e elemento da identidade humana, todo indivíduo tende a ava- liar as demais culturas a partir do ponto de vista de sua própria cultura, estando sua real compreensão condicionada à observação do contexto cultural. A cultura organizacional é um dos diferenciais de uma empresa, e se refere ao comportamento da mesma, seu modo de agir e como é pensada a organização. A cultura de uma empresa pode ser expressa: • Pela maneira com que ela faz seus ne- gócios. • Pela forma como trata seus clientes e fun- cionários. • Pelo grau de autonomia ou liberdade que existe em suas unidades ou escritórios. • Pelo grau de liberdade expresso pelos seus funcionários a respeito da empresa. 51Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho A cultura organizacional reflete o modo de pensar de determinada organização, refletindo a mentalidade de seus dirigentes e funcionários. A cultura é reflexo da identidade de determi- nada organização, sendo construída no decorrer de sua história, e permeando suas ações, unificando todos os membros desta em busca de um objetivo comum. A cultura organizacional representa normas não expressas de comportamento dentro de uma organização, sendo transmitida e compartilhada pelos seus membros. É da cultura que provém a missão e objeti- vos de uma organização, devendo ser alinhados ao processo de planejamento, organização, direção e controle. Alguns aspectos culturais são percebidos mais facilmente que outros. Exemplos de aspec- tos formais mais visíveis são políticas, diretrizes, procedimentos e tecnologia adotada. Dentre os aspectos informais estão as percepções, atitudes, valores, normas grupais etc. Os aspectos da cultura organizacional são os menos sujeitos a transforma- ções e de mais difícil interpretação. Toda cultura se apresenta em três diferentes níveis: Artefatos: São os aspectos mais concretos que compõem a cultura, como os produtos e servi- ços oferecidos por uma organização. Os símbolos e eventos anuais são outros exemplos de artefatos. Valores compartilhados: São valores adota- dos pelo grupo que justificam a execução de suas atividades, tornando-os importantes. Gestão de Pessoas I52 Pressuposições básicas: Constituem o nível mais profundo da cultura organizacional. São as crenças e pressuposições dominantes, que deter- minam os métodos de execução das coisas sem serem expressamente transmitidas. Chiavenato (2008) define: Cultura organizacional como um padrão de ações e pensamentos compartilhados por um gru- po praticado de maneira costumeira, que são efi- cientes, por isso aceitos como norma, e que devem ser aprendidas pelos novos membros da organiza- ção como forma natural de agir para a solução dos diversos problemas. A essência da cultura de uma organização provém da maneira do comportamento da orga- nização para com seus clientes, para com outras empresas, para com seus membros e dos membros entre si. Socialização organizacional A missão, a visão, os objetivos organizacio- nais, os valores e a cultura constituem um contexto difícil dentro do qual as pessoas trabalham e se relacionam nas organizações. É óbvio que a organi- zação procura envolver as pessoas para ajustá-las a esse contexto. Após serem bem sucedidos no processo de seleção, os candidatos passam a ser membros da organização. No entanto, as organizações preci- sam integrá-los em seu contexto, antes que ini- ciem suas atividades, tentando habituar os novos funcionários às novas rotinas às quais os mes- mos se integrarão. 53Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho Dá-se o nome de socialização organizacional à forma como a organização integra os novos fun- cionários à sua cultura, contexto e sistema. O novo participante deve concordar em obe- decer a um padrão de horário, atentar às orienta- ções de seus superiores, cumprir os regulamentos internos, etc. A organização tenta condicionar o funcionário às suas condições de trabalho, enquanto este tenta criar na empresa um ambiente que lhe proporcione realização e satisfação. Trata-se de um ambiente em que cada uma das partes tenta adaptar a outra para o atendimen- to de suas necessidades. Trata-se da socialização e personalização, respectivamente. Neste período, cada uma das partes aprende a se ajustar à outra. Podemos destacar métodos de socialização que podem ser utilizados: • Processo Seletivo. • Programa de Integração. • Conteúdo do Cargo. • Grupo de Trabalho. • Supervisor como tutor: transmitir descri- ção clara do trabalho que irá ser realizado, proporcionar informações técnicas sobre como executar a tarefa, negociar metas e resultados, dar feedback sobre desempe- nho e orientações que se fizerem neces- sárias. Principais itens: Gestão de Pessoas I54 1. Assuntos Organizacionais: • A missão e objetivos globais da orga- nização. • As políticas e diretrizes da organização. • Estrutura da organização e unidades organizacionais. • Produtos e serviços. • Regras e procedimentos internos. • Procedimentos de segurança no trabalho.• Instalações que o novo funcionário irá utilizar. 2. Benefícios: • Programa de benefícios oferecidos pela organização. 3. Deveres: • Responsabilidades do novo funcionário. • Visão geral do cargo. • Tarefas. • Objetivos do cargo. • Metas e resultados a alcançar. 55Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho 4. Relacionamento: • Apresentação aos superiores e aos co- legas de trabalho. Vantagens da socialização: • Reduzir a ansiedade das pessoas. • Reduzir a rotatividade. • Economizar tempo. • Desenvolver expectativas realísticas. O programa de integração pode ter as se- guintes alternativas: 1. Formal ou informal: a socialização é for- malizada, quando ocorre a separação dos funcionários e é expresso, de forma ex- plícita ou não, que estes estão em fase de treinamento ou condicionamento. A socialização informal coloca o novo fun- cionário em seu cargo com pouca ou ne- nhuma orientação específica. 2. Individual ou coletivo: o processo de socia- lização pode ocorrer individualmente ou em grupo, através de sistemas padronizados. 3. Uniforme ou variável: o programa fixo es- tabelece um padrão de fases para a so- cialização, no programa variável não há um programa definido para a integração do novo funcionário. Gestão de Pessoas I56 4. Seriado ou randômico: a socialização se- riada é ligada aos sistemas de treinamen- to e tutoração. A socialização randômica deixa o funcionário livre no seu ambiente de trabalho para escolher como atuar. 5. Reforço ou eliminação: a socialização por reforço tenta consolidar os potenciais do novo funcionário benéficos à execução de suas atividades. A socialização por eliminação tenta eliminar ou neutralizar características que possam prejudicar seu desempenho na organização. Manual do empregado de uma organização deve conter informações referentes a: • Mensagem de Boas-Vindas. • Quais são seus Benefícios. • História da Organização. • Férias e Descanso Semanal. • O Negócio da Organização. • Feriados. • Você e o seu Futuro. • Seguro de vida em grupo. • O Que Você Precisa Conhecer. • Assistência médico-hospitalar. 57Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho • Horário de trabalho. • Estacionamento e transporte. • Períodos de descanso. • Programas de treinamento. • Ausências do trabalho. • Plano de sugestões. • Registros e controles. • Planos de seguridade social. • Dias de Pagamento. • Serviço social. • Prevenção de acidentes. • Benefícios Especiais para você. • Utilização de telefones. • Sindicato. • Supervisão. • Local de trabalho. • Locais de utilização e movimentação. • Grêmio recreativo. • Restaurante e café. Gestão de Pessoas I58 • Planos educacionais. INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. Agora você pode ir até a página 173 e ler o texto “Como mudar uma cultura organizacional” e assim entender um pouco mais sobre cultura organizacional. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. Abra o livro na página 174 e leia o texto “O ajusta- mento recíproco”. Você vai aprofundar um pouco mais seu conhecimento sobre socialização organi- zacional. PARA REFLETIR Após estudarmos este conteúdo, você já pode apontar quais as potencialidades e riscos de uma organização que não se preocupa com seu clima organização e com a socialização de seus colabora- dores. Faça uma pesquisa mais profunda na inter- net e nos textos e livros indicados e discuta com seu tutor. 59Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho 2 .2 Conceitos, descrição e análise de cargos As necessidades de recursos humanos das organizações são estruturadas a partir do desen- volvimento da análise de cargos. Daí surgem a des- crição e a especificação de cargos, que dão a base para a sua avaliação da qual resultam a fixação dos salários e a política salarial da empresa. Chiavenato (2008) define: • Análise de cargos: é o estudo que se faz para obter informações sobre as atribui- ções de um cargo. • Descrição de cargo: é a exposição orde- nada das tarefas de um cargo. Ela procu- ra descrever o que, como e por que o ocupante do cargo faz. • Especificação de cargo: consiste na iden- tificação dos requisitos necessários para o desempenho das atribuições de deter- minado cargo. Abrange as aptidões, co- nhecimentos, habilidades e responsabi- lidades que o ocupante do cargo deve possuir, bem como as condições e riscos do trabalho a ser desempenhado. A análise e descrição de cargos é o ponto de partida para o tratamento de diversos problemas no campo dos Recursos Humanos. Entre suas fun- ções estão: • A determinação dos requisitos para de- terminado cargo, que definem os procedi- mentos para a seleção do pessoal. Gestão de Pessoas I60 • O fornecimento de dados necessários à elaboração de programas de treinamento, higiene e segurança no trabalho. • O fornecimento de informações para os gestores acerca dos padrões de desem- penho. • O fornecimento de subsídios para deter- minar faixas salariais e avaliar o desem- penho. • A elaboração do organograma definindo a linha hierárquica da organização. • O fornecimento de subsídios para a im- plantação de métodos de avaliação. O processo de análise e descrição de cargos abrange a determinação, coleta e análise dos da- dos requeridos, a descrição e a especificação dos cargos; Dentre os dados necessários estão: a) Atividades desempenhadas pelo ocupan- te do cargo. b) Recursos utilizados no trabalho. c) Capacitação necessária para ocupar o cargo. d) Responsabilidades. e) Condições de trabalho e riscos envolvi- dos em seu desempenho. 61Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho Os dados para a análise e descrição de car- gos podem ser obtidos a partir de diferentes técni- cas. As mais utilizadas são: Observação direta: Consiste na observação direta do ocupante do cargo no exercício de suas funções. Os dados são levantados junto aos superiores do setor, atra- vés de levantamento documental, elaboração de folhas para registro e procede com a coleta dos dados. O método da observação direta apresenta uma série de vantagens: • Garante a veracidade dos dados obtidos. • Não requer do ocupante do cargo a para- lisação do trabalho. • É adequado para a análise de tarefas sim- ples e repetitivas. Apresenta, entretanto, algumas desvantagens: a) É contraindicado para a análise de tarefas completas. b) Requer tempo prolongado do analista, o que determina a eliminação dos custos. Questionário: Neste caso, um conjunto de questões sobre o desempenho das atividades de determinado cargo é aplicado ao funcionário para que este responda. Gestão de Pessoas I62 O questionário, embora aparentemente cons- titua um instrumento bastante simples, requer para sua elaboração uma série de cuidados: • As perguntas devem ser elaboradas de forma clara e precisa. • O número de perguntas deve ser o mais reduzido possível. • Deve-se dar preferência a perguntas fe- chadas. • Devem ser feitas apenas perguntas que possam ser respondidas sem maiores di- ficuldades. • As perguntas não devem sugerir respostas. • As perguntas devem referir-se exclusiva- mente aos aspectos do trabalho que se deseja conhecer. • As perguntas devem ser ordenadas logi- camente. Na análise e descrição de cargos, o questio- nário apresenta uma série devantagens: • É um instrumento rápido e barato. • Não requer treinamento de pessoal. • Pode ser respondido oportunamente. • Pode ser aplicado a um grande número de pessoas. 63Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho • É adequado para a análise de cargos que envolvem atribuições complexas. O questionário, todavia, apresenta certas li- mitações: • Não pode ser aplicado a analfabetos ou pessoas com dificuldade para se expres- sar por escrito. • Sua elaboração requer cuidadoso plane- jamento. • Tende a ser superficial, pois de modo ge- ral envolve poucas questões. A elaboração do questionário varia em função da natureza do cargo. Por isto, ao decidir por sua aplicação, costuma-se considerar os grupos ocupa- cionais que são constituídos pelo conjunto de cargos que se assemelham quanto à natureza do trabalho: gerencial, de profissionais de nível superior, de téc- nicos de nível médio, administrativo e operacional. Os questionários são então elaborados para ser res- pondidos pelos integrantes desses grupos. Entrevista Constitui um método bastante flexível para levantar os dados, uma vez que o contato direto, e mais livre, com o funcionário aumenta a possibili- dade de elucidar dúvidas. O sucesso da entrevista depende da habilida- de do entrevistador, que precisa: • Apresentar facilidade de relacionamento interpessoal, objetividade e memória. Gestão de Pessoas I64 • Estruturar previamente um roteiro de per- guntas. • Fazer um levantamento prévio sobre o cargo que deverá analisar. • Saber formular perguntas claras, que atinjam ao objetivo da análise. • Obter a colaboração do entrevistado. Comparando-se a entrevista a outras técnicas de coleta de dados, ficam evidentes muitas vantagens: • Maior flexibilidade. • Aplicação a qualquer tipo de cargo. • Possibilidade de esclarecimento de dúvi- das. • Obtenção dos dados a partir da pessoa que melhor conhece o cargo. Como qualquer técnica, porém, a entrevista também apresenta limitações: • Os custos com treinamento de pessoal e a aplicação das entrevistas. • A necessidade de paralisação do trabalho. • A possibilidade de induzir a confusão en- tre opiniões e fatos. • Frequente falta de motivação para res- ponder às perguntas. 65Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho Como foi visto, a descrição de cargos consiste na exposição ordenada das tarefas ou atribuições de um cargo e a especificação na identificação dos requisitos necessários para o desempenho dessas tarefas ou atribuições. Tanto a descrição quanto a especificação de cargos consiste basicamente num trabalho de re- dação. Por isso, recomenda-se a observância dos seguintes princípios: a) Clareza: deve-se dar preferência a termos simples, que não deem margem a ambi- guidades. Caso sejam utilizados termos técnicos pouco conhecidos, convém que sejam definidos. Considera-se clara uma descrição quando alguém que não conhe- ce o cargo é capaz de entendê-la. b) Precisão: deve-se dar preferência a ter- mos que sejam passíveis de algum tipo de mensuração. c) Concisão: deve-se dar preferência a frases curtas, evitando-se minúcias desnecessárias. d) Impessoalidade: para tornar a decisão im- pessoal, recomenda-se que seja iniciada por um verbo no infinitivo ou na terceira pessoa do singular do presente do indi- cativo. Exemplo: Arquivar documentos ou arquiva documentos. A descrição de cargos consiste na descrição su- mária, que deve fornecer uma ideia geral do cargo, e consiste geralmente num resumo das principais ativi- dades desempenhadas, e pelo detalhamento que é a descrição padronizada das tarefas que o compõe. Gestão de Pessoas I66 Essas tarefas podem ser descritas por ordem de importância ou cronológica. Este último caso é mais indicado para cargos de cunho operacional. Com relação a especificação da qualificação exigida pelo ocupante do cargo ser considerados: • Formação educacional. • Conhecimentos específicos. • Experiência. • Esforço físico, mental e visual. • Responsabilidade por recursos físicos ou financeiros. • Responsabilidade por integridade de da- dos, supervisão e treinamento. • Responsabilidade pela segurança de ter- ceiros, condições de trabalho e riscos en- volvidos. • Responsabilidade por contatos. INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR GIL, Antonio Carlos. Gestão de Pessoas: Enfoque nos Papéis Profissionais. São Paulo: Atlas, 2010. Leia na página 194 o texto “A análise de funções é realmente útil” e aprofunde um pouco mais o conhecimento sobre análise e descrição de cargos. 67Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: O Novo Papel dos Recursos Humanos nas Organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. Leia o texto na página 187, o caso introdutório que se estende por todo o capítulo 7 do livro. O título é “A mesmice dos cargos ABC” e discuta com seu tutor e seus colegas. PARA REFLETIR Como foi visto, a descrição de cargos consiste na exposição ordenada das tarefas ou atribuições de um cargo e a especificação na identificação dos requisitos necessários para o desempenho dessas tarefas ou atribuições. Tanto a descrição quanto a especificação de cargos consistem basicamente num trabalho de redação. Por isso, recomenda-se a discussão entre os colegas de classe sobre casos práticos da realidade de vocês. Gestão de Pessoas I68 2 .3 Conceitos e métodos tradicionais de avalia- ção de desempenho Qual o significado de potencial para você? Pode entendê-lo como capacidade de realizar algo? Resende (2003, p.44) argumenta que poten- cial é “algo, condição ou situação passível de ser desenvolvida”. O autor ressalta que, para se entender me- lhor o conceito de potencial, é necessário ir além da concepção de “aptidões’, considerando-o sob o foco da aprendizagem. Assim, na concepção do autor, potencial é um poder inerente à pessoa, refletido nos “conhe- cimentos, habilidades, experiências, interesses, ca- ráter, entre outros, disponível para aplicação em qualquer situação de vida e de trabalho”. Não lhe parece haver certa subjetividade no termo potencial? Afinal, será que variam as percep- ções sobre ele? Mayo (2003, p.89) indaga: “potencial para quê?” A resposta tem sua base na premissa de que potencial é a qualidade de estar pronto para entrar em ação. É viável pensar em potencial humano como recursos internos, cuja dinâmica viabiliza possibili- dades na vida pessoal e profissional. Seguindo esta linha de raciocínio, Stoffel (2000, p.54) enfatiza que a avaliação do potencial nas organizações constitui-se “no veículo da esti- mativa de aproveitamento do potencial individual das pessoas no trabalho e, por isso, do potencial humano de toda a empresa”. Afirma ser esta moda- lidade de avaliação uma estimativa útil ao planeja- mento da carreira profissional. Apesar da importância do desenvolvimento do potencial, nem sempre as organizações inves- 69Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho tem. O aproveitamento inadequado do potencial humano propicia delegação de tarefas incompatí- veis com o potencial do empregado, provocando desconforto e instabilidade, segundo Bergamini (1983, p.4). As autoras afirmam que “o aproveita- mento inadequado de um ativo, além de reduzir a possibilidade de assegurar vantagem competitiva, estimula a evasão de talentos” e, em consonân- cia com Dutra (2008), acentuam que as práticas de avaliação de potencial valorizam o desenvolvimen- to pessoal e estimulam investimentos dirigidos à construção do profissional desejado.Organizações que reconhecem a importância do capital humano para a sustentação do negócio avaliam fatores como: habilidades, domínio de co- nhecimentos, entre outros. Bergamini (1983, p. 42) enfatiza: “avaliação de potencial não garante o desempenho futuro. É apenas estimativa a ser confirmada pelo processo de avaliação de desempenho”. Apesar dos avanços científicos, inúmeras prá- ticas delineadas para identificar e avaliar o poten- cial humano fracassam. Pode-se perceber que múltiplas influências, ao afetar o potencial do ser humano, irão possibili- tar um desempenho mais efetivo ou não. Neste capítulo será feita uma análise sobre os aspectos relevantes capazes de permitir a diferen- ciação entre dois termos: desempenho e potencial. Apesar de serem conceitos distintos no coti- diano organizacional, a relação estreita entre am- bos provoca equívocos e distorções. Assim, o in- tuito deste capítulo é a ampliação do olhar sobre cada um dos conceitos, possibilitando uma percep- ção adequada de seus significados. Esta diferenciação torna-se necessária diante das exigências da competitividade que provocam Gestão de Pessoas I70 profundas mudanças no mundo do trabalho. As inovações e a globalização dos mercados aumen- tam a importância das pessoas na produção. Frente às necessidades deste novo mercado, a gestão de desempenho tem crescido em importância. Qual significado a palavra desempenho tem para você? O desempenho, quando ligado ao trabalho humano, pode ser definido como o esforço para a satisfação de determinado padrão de eficiência no trabalho, atendendo, como objetivo geral, à neces- sidade de um cliente. Para Stoffel (2000, p.11), “desempenho é uma ação que pode ser verificada e mensurada (digi- tar um texto, assentar tijolos, efetuar uma venda)”. Para outros, o desempenho do indivíduo é afetado pelo da equipe e, assim sendo, da organização. O desempenho humano está, então, sujeito a transformações de acordo com o contexto socio- econômico. As ideias atuais sobre desempenho huma- no chegam a um consenso de que este é a ação resultante da influência e dinâmica de inúmeras variáveis, dentre as quais se encontram: cultura, condições de trabalho, atitudes, motivação, etc. As concepções de desempenho têm mudado com as exigências da economia global. Souza e Souza (1998, p.130) afirmam que uma visão mais ampla transforma o desempenho em pon- to crítico, que gera informações cruciais para a sus- tentação da tomada de decisão com objetivo de me- lhorar o desempenho e o desenvolvimento pessoal. Nas conceituações de desempenho, duas ideias centrais merecem ser destacadas, por sua influência na gestão de desempenho. 71Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho Primeiro, desempenho como ação intencional fruto da competência, e que isenta o indivíduo de responsabilidade. Segundo, gerir desempenho im- plica desenvolver competências para sustentar re- sultados efetivos. Você sabia que um dos fatores mais impor- tantes na determinação do sucesso do sistema re- side na escolha adequada do tipo de instrumento que vai ser utilizado. Como todo e qualquer proce- dimento administrativo dentro das organizações, a escolha do instrumento mais adequado está, pri- meiramente, ligada aos objetivos pretendidos pela avaliação de desempenho. Tiffin e McCormick apontam as seguintes in- dicações quanto ao uso administrativo da avalia- ção de desempenho: promoções, transferências, dispensas, administração de salários, treinamento e pesquisa de pessoal. De acordo com Gil (2001), a Gestão de De- sempenho ganha espaço, pois a força de trabalho humana é diferencial em ambientes competitivos como os atuais. Então, gerir o desempenho é avaliar se a or- ganização está cumprindo com os objetivos e al- cançando as metas propostas e, em caso contrário, intervir para supressão das fontes geradoras de problemas. A avaliação de desempenho é uma ferramen- ta para o progresso da organização. Métodos tradicionais: Escalas gráficas de classificação – mais comu- mente aplicado, utiliza fatores previamente defini- dos usados como referência para um padrão ideal de desempenho. Gestão de Pessoas I72 Escolha e distribuição forçada – avalia o de- sempenho por meio de frases descritivas, ou seja, padrões previamente estabelecidos, dentre os quais o avaliador é obrigado a escolher o que descreve de forma mais próxima à realidade os comportamentos do indivíduo avaliado no ambiente de trabalho. • Pesquisa de campo – se apoia em entre- vistas para captar informações sobre o desempenho do funcionário em avaliação. • Incidentes críticos – realizado com base em pontos positivos e negativos que afe- tam o desempenho. • Comparação de pares – realiza-se a ava- liação dos funcionários dois a dois, com base em critérios preestabelecidos. • Autoavaliação – é realizada pelo próprio funcionário que aponta pontos fortes e fracos que afetaram o desempenho. • Relatório de performance – relato que descreve potenciais, pontos fortes e fra- cos, bem como as contribuições para que os objetivos fossem alcançados. • Avaliação por objetivos – deriva da admi- nistração por objetivos (APO) e analisa a capacidade de cumprimento dos obje- tivos específicos mensuráveis, alinhados aos empresariais. • Avaliação por resultados – comparação entre o que foi definido como meta e o que se alcançou. 73Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho A experiência bem sucedida de métodos de avaliação de desempenho se trata de uma expe- riência rara. Por vários motivos as organizações vivenciam fracassos ao avaliar o desempenho de pessoas e equipes. Algumas críticas dirigidas à avaliação de de- sempenho: • Definição inadequada dos objetivos. • O escasso envolvimento da alta adminis- tração. • O despreparo gerencial para gerir pessoas. • A avaliação assistemática. • Baixo comprometimento da liderança. • Exclusão dos avaliados do processo de planejamento. • Tentativas de exclusão das diferenças in- dividuais dos processos de avaliação por parte da empresa. • A desvinculação entre a avaliação de de- sempenho individual e a avaliação de de- sempenho organizacional. • Resistências culturais. • Despreparo dos gestores. • O excesso de subjetividade. Gestão de Pessoas I74 • O foco exclusivo no cargo e da forma de execução das tarefas pelo avaliado, des- considerando as competências. INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR GIL, Antonio Carlos. Gestão de Pessoas: Enfoque nos Papéis Profissionais. São Paulo: Atlas, 2010. Leia na página 164 o texto “Causas dos problemas de desempenho” e aprofunde um pouco mais o seu conhecimento sobre o conteúdo aqui apresentado. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: O Novo Papel dos Recursos Humanos nas Organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. Leia o texto na página 246 sobre avaliação de ge- rentes. PARA REFLETIR Agora que discutimos sobre os métodos tradicio- nais de avaliação de desempenho tente discutir com seus colegas de sala um caso prático de uma empresa multinacional. 75Tema 2 | Orientação de pessoas, modelagem do trabalho e avaliação do desempenho 2 .4 Métodos contemporâneos de avaliação de desempenho Atualmente estão surgindo novos métodos de avaliação do desempenho, baseados na auto- -avaliação e na maior participação dos funcioná- rios, devido à necessidade de suprir as deficiências dos métodos de avaliação tradicionais. O principal foco desses novos métodos é a melhoria de de- sempenho. Avaliação Participativa por Objetivos (APPO) A principal alteração nos métodos tradicio- nais é a inclusão na avaliação do avaliado, que passa a
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