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Aula - Do concurso de pessoas

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AULA DO CONCURSO DE PESSOAS – ART. 29-31 DO CPB. 
 Professor: Onésio Martins P. Júnior 
 
A forma mais simples da prática delituosa consiste na intervenção de uma só pessoa e mediante uma conduta 
positiva ou negativa. 
 A infração penal, porém, nem sempre é obra de um só homem. 
 Neste caso, quando várias pessoas concorrem para a realização da infração penal fala-se em: CO-
DELIQÜÊNCIA, CONCURSO DE AGENTES, CO-AUTORIA, PARTICIPAÇÃO, CO-PARTICIPAÇÃO OU 
CONCURSO DE DELIQÜENTES. 
 O Código Penal emprega a expressão “CONCURSO DE PESSOAS”. 
 
1) NATUREZA JURÍDICA DO CONCURSO DE PESSOAS 
 
Teorias a respeito: 
 
a) TEORIA UNITÁRIA, MONISTA OU IGUALITÁRIA – Todos os que contribuem para a 
integração do delito cometem o mesmo crime. Há unidade de crime e pluralidade de agentes. 
b) TEORIA DUALÍSTICA OU DUALISTA – No concurso de pessoas há um crime para os autores e 
outro para os partícipes. 
c) TEORIA PLURALÍSTICA OU PLURALISTA - No concurso de pessoas há pluralidade de agentes e 
pluralidade de crimes. Considera cada um dos participantes como responsável por um delito próprio e punível em 
harmonia com seu significado anti-social. Teoria subjetiva, ao contrário da unitária, que é objetiva. 
 
- O CÓDIGO ADOTOU A TEORIA UNITÁRIA, MONISTA OU IGUALITÁRIA - 
 
Contudo, existem no código exceções dualísticas (ou dualista) e ainda pluralísticas (ou pluralista). 
 
Exceções dualísticas (ou dualista): 
a) “a ressalva legal de que se atenderá na aplicação da pena à culpabilidade de cada um 
dos agentes” e 
b) “o disposto no § 2º do art. 29, que determina a punição pelo crime menos grave do concorrente que quis 
participar desse delito e não do realmente praticado, ...” (Mirabete) 
 
Exceções pluralísticas (ou pluralista): 
a) Aborto provado pela gestante ou com o seu consentimento (CP, art. 124) e aborto provocado por terceiro 
(CP, art. 126 ). 
b) Bigamia entre casados (CP, art. 235 “caput”) e bigamia entre casado e solteiro (ciente este da condição de 
casado do outro) (§ 1º do mesmo artigo). 
c) Corrupção ativa (CP, art. 317) e corrupção passiva (CP, art. 333). 
d) Falso testemunho (CP, art. 342) e corrupção de testemunha (CP, art. 343). 
 
2) REQUISITOS PARA O CONCURSO DE PESSOAS 
 
Para que ocorra o concurso de agente, são indispensáveis os seguintes requisitos: 
a) pluralidade de condutas; 
b) relevância causal de cada uma das ações 
c) liame subjetivo entre os agentes; 
d) identidade de fato. 
* Liame Subjetivo: (vontade de contribuir para o crime) 
- Não é suficiente a conduta, é necessário o elemento subjetivo, pelo qual cada concorrente tem consciência de 
contribuir para a realização da obra comum. Somente em relação ao partícipe é necessário o elemento subjetivo da 
participação. Ex. do empregado que deixa a porta aberta para o ladrão entrar. 
 
 2
- Não é necessário acordo de vontades, basta que um adira a vontade do outro; 
- Homogeneidade de elemento subjetivo-normativo; 
** Obs.) 1. Não há participação dolosa em crime culposo (dois crimes). 
2. Não há participação culposa em crime doloso 
 
3) FORMAS DECONCURSO: EVENTUAL E NECESSÁRIO 
 
Existem infrações penais que se condicionam ao concurso de mais de uma pessoa. Todavia, a norma não 
estende a punibilidade a todas. O fundamento da diversidade resulta: 
a) porque a lei, proibindo a conduta em razão de interesse público, protege o concorrente necessário, 
como é o caso dos crimes de corrupção de menores ( art. 1º, da Lei n. 2.252, de 1º/07/54 e art. 218 do Código Penal) e 
de usura (art. 13, do Decreto n. 20.190, de 06/01/32). 
b) Por que a lei pune somente o sujeito ativo do delito, e não aquele que praticou algum conduta sofrendo 
a ação, como ocorre nos crimes de mediação para servir à lascívia de outrem (CP, art. 227), favorecimento da 
prostituição (CP, art. 228) e rufianismo (CP, art. 230). 
 
Os crimes podem ser monossubjetivos ou plurissubjetivos. 
Monossubjetivos são aqueles que podem ser cometidos por um só sujeito. 
Plurissubjetivos são os que exigem pluralidade de agentes. 
 
Daí o concurso poder ser: 
a) EVENTUAL – Fala-se em curso eventual quando, podendo o delito ser praticado por uma só pessoa, é 
cometido por várias. (CRIMES MONOSSUBJETIVOS) 
b) NECESSÁRIO - Cuida-se de concurso necessário quando a pluralidade subjetiva é legalmente prevista 
como forma ou modo de realização do tipo penal. (CRIMES PLURISSUBJETIVOS; Ex. art. 288 do CP) 
 
* FORMAS DE EXECUÇÃO 
 
Em face da diversidade de modo de execução os crimes plurissubjetivos apresentam várias formas: 
a) CRIMES DE CONDUTAS PARALELAS - nos quais há auxílio mútuo, tendo os agentes a intenção de 
produzirem o mesmo evento. Ex. QUADRILHA OU BANDO (CP, art. 288). 
b) CRIMES DE CONDUTAS CONVERGENTES - nos quais as condutas manifestam-se na mesma 
direção e no mesmo plano, mas tendem a encontrar-se, com o que se constitui a figura típica. Ex. BIGAMIA (CP, art. 
235). 
c) CRIMES DE CONDUTAS CONTRAPOSTAS - nos quais os agentes cometem condutas contra a 
pessoa, que, por sua vez, comporta-se da mesma maneira e é também sujeito ativo do delito. Ex. RIXA (CP, art. 137). 
 
4) DA AUTORIA 
 
Autor é o sujeito que executa a conduta expressa pelo verbo típico da figura delitiva. É também autor quem 
realiza o fato por intermédio de outrem (autor mediato). 
 
 
- TEORIAS SOBRE A AUTORIA: 
 
Três são as principais concepções que buscam fornecer as bases sobre as quais deverão erguer-se os conceitos 
de autor e de partícipe: uma restritiva ou formal-objetiva; outra extensiva ou material-objetiva. Numa terceira 
concepção, final-objetiva, formulada principalmente pela doutrina alemã, conceitua-se “autor” aquele que tem o 
domínio final do fato. 
a) Teoria Restritiva – Autor, para esta teoria, é o que pratica a ação expressa pelo verbo típico: o que mata 
(no homicídio), o que subtrai (no furto). Partícipe é aquele que, sem realizar a ação típica, contribui para a prática do 
crime, desempenhando atividade distinta da atividade do autor. 
 3
b) Teoria Extensiva – Autor é todo aquele que contribui para a causação do resultado. Não é possível 
fazer diferença entre os que concorrem para um crime. Se todos cooperam na sua realização com a mesma energia 
causal, todos são autores: autores e partícipes são uma mesma e única figura. 
c) Teoria Final Objetiva ou do Domínio Final do Fato – Autor será aquele que, na concreta realização do 
fato típico, consciente, o domina mediante o poder de determinar o seu modo e, inclusive, quando possível, de 
interrompê-lo. 
 
O Código Penal adotou a teoria restritiva ou formal objetiva, eis que o art. 29 e seus parágrafos 
distinguem, claramente, autor de partícipe. 
 
4.1) FORMAS DE AUTORIA: 
 
- Autoria Propriamente Dita: realiza materialmente a conduta (executor material individual – age sozinho, não 
havendo indutor, instigador – tem o domínio final da conduta). 
 
- Autoria Intelectual: é quem planeja a ação delituosa – é o chefe da quadrilha, que sem por a mão na massa (efetuar o 
comportamento típico) planeja e decide a ação delituosa (agravante - art. 62, I). 
 
- Autoria Mediata: autor não só aquele que realiza a conduta típica, mas também aquele que a realiza através de 
terceiro, que atua sem dolo ou sem culpabilidade(Autor mediato). 
 
A autoria mediata pode resultar de: 
a) inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (CP, art. 26, 
“caput”) 
b) por menoridade (CP, art. 27); 
c) coação moral irresistível ou obediência hierárquica (CP, art. 22); 
d) erro de tipo escusável determinado por terceiro (CP, art. 20, § 2º); 
e) erro de proibição inevitável determinado por terceiro (CP, art. 21, “caput”, 2ª parte); 
f) coação física irresistível (o coacto atua como mero instrumento do coator) 
 
* Obs.)1. A autoria mediata não é admissível nos crimes de mão própria (Exemplos: crimes de falso 
testemunho (CP, art. 342), prevaricação (CP, art. 319) e adultério (CP, art. 240). 
 2. Nos crimes de mão própria, todavia, é admissível a participação (CP, art. 31) 
 
5) DA CO-AUTORIA 
 
Co-autoria é autoria. Só que autoria plural ou coletiva. Dá-se a co-autoria quando várias pessoas realizam as 
características do tipo. 
 
A co-autoria pode ser: 
 - direta: todos praticam o núcleo do tipo (lesões) Ex. todos agridem a vítima; 
- parcial ou funcional: há divisão de tarefas; Neste, a ausência de um frustra o delito – domínio funcional do 
fato; Ex. roubo. São divididas as ações de apoderamento do dinheiro, constrangimento das vítimas mediante 
ameaça, vigilância e direção do veículo. 
 
6) DA PARTICIPAÇÃO 
 
Dá-se a participação quando o sujeito não praticando atos executórios, concorre de qualquer modo para sua 
realização. 
 
Formas de participação (art. 31): 
a) moral: o ajuste, a determinação, o induzimento e a instigação são formas de participação moral. 
b) Material (cumplicidade): o auxílio é forma de participação material. 
 4
 
Natureza jurídica da participação: 
A respeito, existem duas teorias: 
a) teoria causal: parte do princípio da equivalência dos antecedentes, não faz distinção entre delinqüente 
principal e acessório(autor e partícipe); 
b) teoria da acessoriedade: para quem, a participação é sempre acessória porque, seja qual for a forma de 
participação, não constitui ela forma autônoma de fato punível, estando necessariamente subordinada à realização da 
conduta típica pelo autor. 
 
A teoria da acessoriedade se subdivide em: 
a) teoria da acessoriedade mínima: para que haja participação, basta que a conduta do partícipe aceda a 
uma conduta principal que seja típica; 
b) teoria da acessoriedade limitada: para que haja participação, basta que a conduta do partícipe 
aceda a uma conduta principal que seja típica e ilícita; 
c) teoria da acessoriedade extrema: para que haja participação, é necessário que a conduta do partícipe 
aceda a uma conduta principal que seja típica, ilícita e culpável; 
d) teoria da hiperacessoriedade: para que haja participação, é necessário que, em relação ao partícipe, 
concorram ainda circunstâncias de agravação e atenuação que existam em relação ao autor. 
 
 
 
 Comunicabilidade E Incomunicabilidade de Condições, Elementares e Circunstâncias 
 
Objetivas: são as que se relacional com o modo, meio, tempo, lugar etc. 
 Circunstâncias: 
 Subjetivas: (só dizem respeito à pessoa do partícipe) reincidência, relevante 
Valor moral 
 
 
 
 Judiciais – art. 59 do CP 
 
 Podem ainda ser: 
 
 - agravantes 
 genéricas - atenuantes 
 - causas de aumento ou diminuição de pena 
 
 legais 
 - qualificadoras 
 específicas 
 - causas de aumento ou diminuição de pena 
 
 
a) As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam entre co-autores e partícipes, por 
expressa determinação legal- art. 30 (ex. reincidência) 
 
b) A circunstância objetiva não pode ser considerada no fato do partícipe ou co-autor se nãoingressou na 
esfera de seu conhecimento; Ex. se “A” induzisse “B” a cometer um crime de dano e o autor principal empregasse 
violência física, incidiria sobre a pena do partícipe a qualificadora. 
 
c) As elementares, sejam de caráter objetivo ou pessoal, comunicam-se entre os fatos cometidos pelos 
participantes, desde que tenham ingressado na esfera de seu conhecimento.. Ex: A funcionário Público, comete um 
 5
crime de peculato, com a participação de B, não funcionário, que sabe desta qualidade. Os dois respondem por crime de 
peculato. A elementar de natureza pessoa ( funcionário Público) comunica-se ao partícipe. 
* OBS: A comunicabilidade das circunstâncias objetivas e das elementares do crime deve ser examinadas nos 
termos do artigo 29, caput do CP, na medida da culpabilidade de cada participante. 
 
 *CONCLUSÃO: 
I- Assim, as circunstâncias objetivas só alcançam o partícipe ou co-autor se, sem haver praticado o fato que as 
constitui houverem integrado o dolo ou a culpa. 
- Ex. A induz B a praticar lesões corporais contra C, sem determinar a forma de execução. B, de emboscada, 
lesiona a integridade física da vítima. (somente B, responderá pela agravante (objetiva) prevista no art. 61, 
II, c, CP 
IIEm se tratando de circunstância objetiva agravante, não pode ser considerada em relação do co-autor ou partícipe se 
não agiu pelo menos com culpa em relação à mesma. 
- Ex. A instiga B a cometer constrangimento ilegal contra C. B, sem previsibilidade por parte de A, emprega 
arma de fogo na execução do delito. O partícipe A não incide na causa de aumento de pena prevista no 
artigo 146, § 1º, 2ª figura do CP. 
 
III Tratando-se de qualificadora ou causa de aumento ou diminuição de pena (prevista na parte geral ou especial), 
a agravação não alcança o terceiro senão quando tiver agido culposamente. 
- Ex: A aconselha B a cometer constrangimento ilegal contra C. B, para a execução do crime, emprega asfixia. 
O partícipe não responde por homicídio qualificado (art. 121, § 2º, III, 4ª figura do CP)

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