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LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB Cap. 9 Janeway – Resumo (Equivalente ao cap 13 ABBAS) Distribuição e funções das classes de imunoglobulinas A maioria dos anticorpos é distribuída pelo corpo através da difusão. Porem, para chegar a superfície dos epitélios como o lúmen do intestino ou das vias respiratórias, são necessárias moléculas transportadoras. É a cadeia pesada dos anticorpos que vai definir a sua localização e a sua interação ou não com esses transportadores. 9-14 Anticorpos de diferentes classes atuam em locais distintos e possuem funções efetoras distintas Os anticorpos protegem as mucosas, epitélios e o sangue de infecções por meio da neutralização ou destruição de antígenos, antes que esses se estabeleçam e desenvolvam uma infecção significante. Um mesmo clone de célula B secreta anticorpos específicos para um único epítopo, mas que podem desempenhar todas as funções a partir das diferentes porções efetoras. Os primeiros anticorpos a serem produzidos são os IgMs, que são formados antes mesmo da hipermutação somática, que resulta na sua baixa avidez ao antígeno. Contudo, devido a sua estrutura pentamérica, o IgG possui 10 sítios de ligação que podem interagir com antígenos multivalentes como polissacarídeos de capsula bacteriana, o que pode compensar sua baixa avidez. A IgM, devido ao seu tamnho, é encontrada em grande quantidade no sangue e em baixa quantidade na linfa. As infecções na corrente sanguínea têm consequências serias a menos que sejam controladas por IgMs e proteínas do complemento. A formação da estrutura de pentâmero nas IgMs as tornam propicias para interagirem e ativarem o complemento. Alguma IgM é produzida nas fases tardias da infecção, embora as outras classes dominem dobre ela. As células B-1 também são secretoras de IgM, e residem nas cavidade peritoneal e espaços pleurais. Essas células são naturalmente ativadas e secretam anticorpos contra patógenos do meio ambiente. Os outros anticorpos – IgG, IgA e IgE – são menores e se difundem mais facilmente pelos tecidos. Desses, apenas IgA é capaz de formar dímeros, enquanto os outros dois são sempre monoméricos. IgG é a principal classe na corrente sanguínea e no liquido extracelular, enquanto IgA é a principal classe nas secreções, principalmente as de mucosas. Com essa distribuição a IgG atua através da opsonização e ativação do complemento, já que opera em tecidos do corpo onde estão presentes fagócitos e proteínas do complemento. Já a IgA atua principalmente na neutralização de antígenos nas superfícies epiteliais, onde os fagócitos e o complemento normalmente não estão presentes. O anticorpo IgE está muito pouco presente no sangue e no liquido extracelular, mas se encontra avidamente ligado por receptores aos mastócitos que são encontrados logo abaixo dos epitélios e das mucosas. O reconhecimento de antígeno por esse IgE associado a célula induz o mastócito a secretar mediadores químicos de induzem a tosse, sibilância e vômitos, com o objetivo de expulsar os patógenos. LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB 9-15 As proteínas de transporte que se ligam às regiões Fc dos anticorpos levam os isotipos específicos através das barreiras epiteliais No sistema imune de mucosas, os plasmócitos secretores de IgA se encontram na lâmina própria, que fica imediatamente abaixo da membrana basal dos epitélios de superfície. Quando sintetizado na lâmina própria, os IgA são secretados como uma molécula dimérica, que pode se ligar especificamente ao receptor de poli-Ig na membrana basolateral das celulas epiteliais. Quando esse receptor se liga a IgA dimérica, o complexo é internalizado e transportado através do citoplasma em uma vesícula de transporte até a superfície luminal (do intestino e dos brônquios, principalmente). Esse processo é denominado transcitose, e também acontece com IgMs secretadas para o intestino. Após atingir a superfície luminal do enterócito, o IgA é secretado através de uma clivagem proteolítica do domínio extracelular do receptor de poli-Ig. O domínio extracelular clivado é chamado de componente secretor, e permanece ligado a porção Fc do IgA na parte que contém o sitio de ligação Fc𝛼 I, bloqueando, dessa forma, a ligação da IgA secretada a esse receptor. O componente secretor contém diversas funções fisiológicas. Ele se liga as mucinas do muco e atua como uma cola que prende a IgA secretada à camada mucosa na superfície luminal do intestino, onde o anticorpo atua neutralizando patógenos e suas toxinas. O componente secretor também e responsável por proteger os anticorpos contra clivagens por enzimas do intestino. Algumas moléculas de IgA diméricas se difundem para os espaços intercelulares e são drenadas para a corrente sanguínea, até que sejam secretadas no intestino através da bile. Nos casos de icterícia obstrutiva, em que não ocorre a secreção da bile, ocorre um aumento marcado do IgA dimérico no plasma. LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB Os principais locais de síntese e secreção de IgA são o intestino, o epitélio respiratório, a mama em fase de lactação e várias outras glândulas exócrinas, como as salivares e as lacrimais. Acredita-se que o papel funcional primário dos IgA é proteger as superfícies epiteliais contra agentes infecciosos, assim como IgG protege os ambientes extracelulares dos tecidos internos. Os IgA impedem a adesão de patógenos e toxinas às celulas epiteliais e a absorção de substancias estranhas, fornecendo a primeira linha de defesa contra uma ampla variedade de patógenos. Além disso, acredita-se que o IgA tem o papel adicional de regulação da microbiota intestinal. Os recém-nascidos são muito vulneráveis a infecções, não tendo exposição previa aos patógenos do meio ambiente. Eis a importância do IgA secretados no leite materno, que são transferidos para o intestino do lactante, onde oferecem proteção a uma gama de bactérias que serão encontradas pelo bebê até que ele possa sintetizar seus próprios anticorpos. O IgG materno é outra classe de anticorpos que oferece proteção ao lactante por sua mãe. Na vida intrauterina, o IgG materno é transportado através da placenta diretamente para corrente sanguínea do feto, de modo que, ao nascerem, possuem um mesmo nível plasmático de IgG que sua mãe possui. O transporte seletivo de IgG da mãe para o feto é realizado por uma proteína transportadora de IgG na placenta – FcRn – que se liga a porção Fc do IgG transportando-o através da placenta. A IgG materna também é transferida para os animais neonatos através do leite e do colostro secretado pela glândula mamária pós-natal. Nesse casso, o FcRn transporta o IgG do lúmen intestinal para a corrente sanguínea e os tecidos. Nos adultos, o FcRn também está presente no intestino, no fígado e nas celulas endoteliais. Sua função é manter os níveis séricos de IgG, que é feito pela ligação ao anticorpo, sua endocitose e reciclagem para LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB o sangue, prevenindo assim sua excreção. Assim, os mamíferos são supridos com anticorpos contra uma gama de patógenos comum ao seu ambiente desde o nascimento. Na medida em que crescem e produzem seus anticorpos de diversos tipos, esses são direcionados para diferentes locais do corpo onde desempenham diferentes funções. 9-16 Os anticorpos IgG e IgA de alta afinidade podem neutralizar toxinas Bacterianas Muitas bactérias causam doenças por conta da secreção de proteínas denominadas toxinas bacterianas, que lesam ou interrompem as funções da célula do hospedeiro. Para causar efeito, essas toxinas precisam ser reconhecidas por moléculas na célula do hospedeiro que servemcomo receptores para elas. Em grande parte das toxinas, o domínio de ligação do receptor está em uma cadeia polipeptídica, mas a função toxica é exercida por uma segunda cadeia. Anticorpos que reconhecem o sítio de ligação do receptor, na molécula da toxina, são capazes de impedir que ela se ligue a célula hospedeira, protegendo a célula do ataque tóxico. Os anticorpos que atuam dessa forma para neutralizar toxinas são chamados de anticorpos neutralizantes. A capacidade dos anticorpos IgG de difundir-se entre os líquidos extracelulares e sua alta afinidade ao antígeno os torna os principais anticorpos neutralizantes de toxinas encontrados nos tecidos. Da mesma forma os IgA neutralizam as toxinas na superfície das mucosas. As toxinas da difteria e do tétano são tipo que possui o domínio de ligação do receptor em uma cadeia polipeptídica distinta da cadeia que exerce a função toxica. Assim, é possível imunizar indivíduos, normalmente gestantes, através da injeção de moléculas de toxina alteradas, chamadas toxóides, as quais não possuem a cadeia de função tóxica. Dessa forma, os toxóides não causam danos as celulas, mas continuam capazes de induzir a imunização contra a molécula nativa pela secreção de anticorpos neutralizantes. Alguns venenos de insetos e animais causam efeitos severos demais, que podem causar a morte, e nesse caso, a resposta imune adaptativa é lenta demais. São nesses casos que se utiliza a imunização passiva, como o soro antiofídico, por exemplo, que contem anticorpos anti-veneno. 9-17 Anticorpos IgG e IgA de alta afinidade podem inibir a infectividade dos vírus Os vírus infectam as celulas animais por meio da ligação a um receptor de superfície especifico, que quase sempre é uma proteína especifica da célula a qual o vírus pode infectar. Muitos anticorpos que neutralizam vírus fazem isso impedindo diretamente a LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB ligação do vírus com os receptores de superfície. Porém, algumas vezes, eles neutralizam vírus se ligando apenas a uma das muitas moléculas de ligação aos receptores de superfície. Nesses casos, o anticorpo deve causar alguma alteração no vírus que rompa sua estrutura e o impeça de interagir com os seus receptores ou que impeça a fusão das membranas virais com a membrana celular após o reconhecimento dos receptores de superfície. 9-18 Os anticorpos podem bloquear a adesão de bactérias às células do Hospedeiro Muitas bactérias possuem moléculas de superfície celulas denominadas adesinas, que permitem a elas se aderirem a membrana da célula do hospedeiro. Anticorpos IgA secretados na mucosa intestinal, respiratória e reprodutiva são essenciais para a prevenção da infecção, impedindo a adesão de bactérias, vírus ou outros patógenos às celulas epiteliais que revestem essas superfícies. Da mesma forma, as IgG protegem contra infecções de bactérias que podem acontecer dentro dos tecidos, tal qual a IgA protege nas superfícies de mucosas. 9-19 Os complexos antígeno:anticorpo ativam a via clássica do complemento por meio da ligação à molécula C1q Todas as vias conhecidas de ativação do complemento convergem para gerar o mesmo grupo de ações efetoras: se ligar a superfície do patógeno ou envolver o imunocomplexo e atuar como opsoninas que facilitam a fagocitose, ao mesmo tempo que pequenos peptídeos ativados, como c5a, recrutem outros fagócitos para o local de infecção. Além disso, a etapa final do complemento promove a lise da membrana do patógeno causando a morte por desequilíbrio osmótico. Os anticorpos ativam o complemento pela via clássica, em que o imunocomplexo (anticorpo + antígeno) ativa a proteína C1, mais especificamente na molécula c1q, que se liga à IgG e IgM. A molécula C1q contem 6 cabeças globulares que se ligam a porção Fc do anticorpo. A ligação de duas ou mais cabeças globulares ativa C1q. Os anticorpos só ativam C1q se estiverem aderidos a superfície de algum patógeno. Uma única IgM é capaz de ativar o complemento, já IgG, são necessárias pelo menos duas. Por essa razão, a IgM é muito mais eficiente em ativar o complemento do que a IgG. A ligação de C1q a uma IgM ou duas IgGs leva a ativação de uma atividade enzimática em C1r, ativando a cascata do complemento. LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB 9-20 Os receptores do complemento são importantes na remoção dos complexos imunes da circulação Os complexos imunes são encontrados após a maioria das infecções e removidos da circulação pela ação do complemento. Os complexos imunes solúveis desencadeiam sua própria remoção, ativando o complemento, novamente por meio da ligação de C1q, levando à ligação covalente de componentes ativados C4b e C3b ao complexo, que é, então, eliminado da circulação pela ligação de C4b e C3b ao receptor de complemento 1 (CR1) presente na superfície dos eritrócitos. Os eritrócitos transportam os complexos ligados de antígeno, de anticorpo e de complemento para o fígado e o baço. Aqui, os macrófagos que possuem receptores CR1 e Fc removem os complexos da superfície dos eritrócitos sem destruir as células e, então, os degradam. Destruição de patógenos recobertos por anticorpos via receptores Fc Outro importante mecanismo de defesa é a ativação de uma série de células efetoras acessórias portadoras de receptores, denominados receptores Fc, porque eles são específicos para a porção Fc dos anticorpos. Esses receptores facilitam a fagocitose, por macrófagos, células dendríticas e neutrófilos de microrganismos neutralizados e patógenos extracelulares resistentes. Outras células não-fagocíticas – células NK, eosinófilos, basófilos e mastócitos - são acionadas para secretar os mediadores armazenados quando seus receptores Fc são engajados. LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB 9-21 Os receptores Fc das células acessórias são receptores sinalizadores específicos para imunoglobulinas de diferentes isotipos Cada membro da família reconhece a imunoglobulina de um ou mais isotipos de cadeia pesada, intimamente relacionados, por meio de um domínio de reconhecimento na cadeia do receptor Fc. Diferentes tipos de células portam diferentes grupos de receptores Fc, e o isotipo do anticorpo determina que tipos de células estarão engajados em uma determinada resposta. Embora a função mais proeminente dos receptores Fc seja a ativação das células acessórias contra os patógenos, eles também podem contribuir de outras formas para as respostas imunes. Por exemplo, o receptor FC(alfa)RII-B regula negativamente células B, mastócitos, macrófagos e neutrófilos, ajustando o limiar de ativação no qual os complexos imunes ativarão essas células. Os receptores Fc expressos pelas células dendríticas permitem a ingestão dos complexos antígeno:anticorpo e a apresentação dos peptídeos antigênicos às células T. 9-22 Os receptores Fc nos fagócitos são ativados por anticorpos ligados à superfície dos patógenos, permitindo a ingestão e a destruição dos patógenos pelos fagócitos Os fagócitos são ativados por anticorpos IgG, especialmente IgG1 e IgG3, que se ligam a receptores Fc_ específicos na superfície do fagócito. Como a ativação do fagócito pode iniciar uma resposta inflamatória e causar lesão tecidual, é essencial que os receptores Fc dos fagócitos sejam capazes de distinguir as moléculas de anticorpo ligadas a um patógeno da maioria das moléculas de anticorpos livres que não estão ligadas a nada. Os receptores Fc na superfície de uma célula ligam-se a partículas revestidas de anticorpos com maior avidez do que os monômeros de imunoglobulinas, e esse é o principal mecanismo pelo qual os anticorpos ligados são diferenciados da imunoglobulina livre. Assim, o anticorpo específico combinado comreceptores Fc fornece às células fagocíticas que não possuem especificidade intrínseca a capacidade de identificar e remover patógenos e seus produtos dos espaços extracelulares. Os patógenos bacterianos, contudo, frequentemente possuem cápsulas de polissacarídeo que os permite resistir ao engolfamento direto pelos fagócitos. Entretanto, essas bactérias tornam-se suscetíveis à fagocitose quando são recobertas com anticorpos e complemento que engajam os receptores Fcgama ou Fcalfa e CR1 nas células fagocíticas, desencadeando a captação das bactérias. O estímulo da fagocitose pela ligação de antígenos cobertos com complemento pelos receptores de complemento é particularmente importante nas respostas imunes iniciais, antes que ocorra a troca de isotipo dos anticorpos. Assim, a ligação de IgM às bactérias encapsuladas aciona a opsonização dessas bactérias por complemento e sua imediata ingestão e destruição por fagócitos que carregam receptores de complemento. Recentemente, um receptor Fc para IgM foi descoberto, sugerindo que IgM pode promover a fagocitose diretamente in vivo. Quando um patógeno revestido de anticorpo se liga aos receptores Fcgama na superfície de um fagócito, por exemplo, a superfície da célula se estende em torno da superfície da partícula por meio da ligação sucessiva de receptores Fcgama às regiões Fc do anticorpo ligados à superfície do patógeno. A endocitose da partícula leva a seu englobamento em uma vesícula citoplasmática acidificada, denominada fagossoma. O fagossoma, então, funde-se com um ou mais lisossomas para gerar um fagolisossoma, liberando as enzimas lisossomais para o interior do fagossoma, onde elas destroem a bactéria. Algumas partículas são grandes demais para serem ingeridas por um fagócito; os vermes parasitários são um exemplo. Nesse caso, o fagócito fixa-se à superfície do parasita, recoberto por anticorpos, por meio de seus receptores Fcy, Fca ou FcE, e os lisossomas se fundem com a membrana de superfície aderida. Assim, os receptores Fcy e Fca podem desencadear a internalização das partículas externas por fagocitose ou a externalização das vesículas internas por exocitose. Enquanto os principais fagócitos na destruição das bactérias são macrófagos e neutrófilos, grandes parasitas como os helmintos são normalmente atacados por eosinófilos. LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB Figura 9.32 Os receptores Fc e complemento nos fagócitos desencadeiam a captura e a degradação das bactérias revestidas por anticorpos. Várias bactérias resistem à fagocitose por macrófagos e neutrófilos. Entretanto, os anticorpos ligados a essas bactérias permitem que elas sejam ingeridas e degradadas pela interação dos múltiplos domínios Fc distribuídos na superfície da bactéria com os receptores Fc da superfície do fagócito. O revestimento pelos anticorpos também induz à ativação do sistema do complemento e à ligação dos componentes do complemento à superfície da bactéria. Esses podem interagir com os receptores do complemento (p. ex., CR1) no fagócito. Receptores Fc e receptores do complemento atuam sinergicamente na indução dos fagócitos. Bactérias revestidas com anticorpos IgG e complemento são, portanto, ingeridas mais rapidamente do que aquelas recobertas somente com IgG. A ligação dos receptores Fc e do complemento sinaliza para o fagócito aumentar a taxa de fagocitose, fusionar lisossomas com fagossomas e aumentar sua atividade bactericida. 9-23 Os receptores Fc ativam as células NK para destruir os alvos recobertos com anticorpos Células infectadas são normalmente destruídas por células T que foram ativadas por peptídeos estranhos ligados a moléculas do MHC de superfície celular. Entretanto, as células infectadas por vírus também podem sinalizar a presença de uma infecção intracelular, expressando proteínas virais em sua superfície que podem ser reconhecidas por anticorpos. Esses anticorpos são então reconhecidos por células linfoides não T e não B, que são as celulas NK. A destruição de células-alvo recobertas por anticorpo pelas células NK é denominada citotoxicidade mediada por célula dependente de anticorpos (ADCC, antibody dependent cell-mediated cytotoxicity) e é desencadeada quando o anticorpo ligado à superfície de uma célula interage com receptores Fc na célula NK. As células NK expressam o receptor FcRIII (CD16), o qual reconhece as subclasses IgG1 e IgG3. O mecanismo de ataque é exatamente análogo ao das células T citotóxicas, envolvendo a liberação de grânulos citoplasmáticos contendo perforina e granzimas. 9-24 Mastócitos, basófilos e eosinófilos ativados ligam o anticorpo IgE via receptor Fc_ de alta afinidade Os mastócitos podem ser ativados para liberar seus grânulos e secretar mediadores inflamatórios lipídicos e citocinas por meio de anticorpos ligados a receptores Fc específicos para IgE (FceRI) e IgG (FcyRIII). Vimos que a maioria dos receptores Fc se liga de modo estável à região Fc dos anticorpos somente quando esses estão ligados a um antígeno. Em contraste, o FceRI liga-se a anticorpos IgE monoméricos com uma afinidade muito alta, medida em aproximadamente 1010 M-1. Assim, mesmo com os baixos níveis de IgE encontrados circulando em indivíduos normais, uma porção substancial da IgE total está ligada ao FceRI, encontrado em mastócitos e em seus semelhantes circulantes, os granulócitos basofílicos ou basófilos. Os eosinófilos também podem expressar receptores Fc, mas expressam FceRI apenas quando ativados e recrutados para um sítio inflamatório. LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB A ativação dos mastócitos ocorre apenas quando a IgE ligada sofre ligação cruzada com um antígeno multivalente. Esse sinal ativa o mastócito a liberar o conteúdo de seus grânulos, o que ocorre em segundos, a sintetizar e a liberar mediadores lipídicos, como a prostaglandina D2 e o leucotrieno C4, e a secretar citocinas, como TNF-, iniciando, assim, uma resposta inflamatória local. A degranulação libera a histamina armazenada, causando um aumento local no fluxo sanguíneo e na permeabilidade vascular, que conduz rapidamente a um acúmulo de fluido e proteínas do sangue, incluindo anticorpos, no tecido circundante. LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB 9-25 A ativação de células acessórias mediada por IgE tem um importante papel na resistência à infecção parasitária Acredita-se que os mastócitos realizam pelo menos três funções importantes na defesa do hospedeiro. Primeiro, sua localização próxima às superfícies corporais permite que eles recrutem elementos efetores específicos e inespecíficos aos locais onde os agentes infecciosos têm maior probabilidade de penetrar no organismo. Segundo, eles aumentam o fluxo de linfa dos sítios de deposição de antígeno para os linfonodos regionais, onde os linfócitos virgens são ativados pela primeira vez. Terceiro, sua capacidade de desencadear a contração muscular pode contribuir para a expulsão física dos patógenos dos pulmões ou intestino. Os mastócitos respondem rapidamente à ligação do antígeno aos anticorpos IgE ligados à sua superfície. A sua ativação leva ao recrutamento e à ativação de basófilos e eosinófilos, que contribuem ainda mais para a resposta mediada por IgE. Existem evidências crescentes de que essas respostas mediadas por IgE são cruciais para a defesa contra a infestação parasitária. Mastocitose: aumento de mastócitos no intestino que atuam no combate a helmintos. Assim, muitos estudos clínicos e experimentais conferem um papel para esse sistema de ligação da IgE ao Fc RI de alta afinidade, na resistência do hospedeiro aos patógenos que penetram através de epitélios.
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