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LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB Capitulo 11 Abbas: Diferenciação e funções das células T CD8 EFETORAS. CTLs: defesa contra vírus, tumores e papel na rejeição de enxertos de órgãos. ___________________________________________________________________________ A diferenciação das células T CD8 em CTLs efetores envolve a aquisição de maquinaria p/ matar as células-alvo. As células T CD8 imaturas podem reconhecer o antígeno, mas devem se proliferar p/ gerar um contingente suficientemente grande de CTLs especificas para que sejam capazes de destruir a origem do antígeno. A maquinaria necessária, que é desenvolvida no processo de diferenciação, envolve os lisossomos especializados (denominados grânulos), que contêm perforinas e granzimas. Além disso, as Células T CD8 também secretam IFN-y, que ativa macrófagos. ➔ Os eventos de diferenciação envolvem a transcrição dos genes que codificam essas moléculas efetoras, para a expressão desses genes, dois fatores de transcrição são necessários: T-bet e a eomesodermina, que contribuem p/ o elevado nível de expressão de perforina, granzimas e algumas citocinas (como o IFN-y). A ativação das células T CD8 imaturas é mais bem iniciada pelos Ag apresentados pelas células Dendríticas (CDs). Alguns tipos de vírus infectam células especificas, mas são incapazes de infectar outras, como as CDs. Desse modo, esses antígenos não poderiam ser apresentados a célula T CD8, já que o MHC Classe 1 apresenta apenas antígenos que invadiram o citosol e que passaram pelo proteossoma, sendo direcionados ao reticulo endoplasmático e acoplados à molécula de MHC. Para lidar com isso, o sistema imune utiliza o processo de apresentação cruzada, em que as células dendríticas ingerem as células infectadas, células tumorais ou proteínas expressas por essas células, transferem os antígenos para o citosol e os processam para apresenta-los por MHC Classe 1. Existem CDs especializadas em apresentação cruzada, as quais apresentam altos níveis de CD141. CDs plasmocitóides também fazem apresentação cruzada, em que apresentam proteínas de vírus presentes no sangue para células T CD8 presentes no baço. As CDs também efetuam a coestimulação via B7 ou outras moléculas. Papel das Células T auxiliares A ativação completa das células T CD8 pode requerer sinais secundários pelas células T CD4. Essa resposta, mediata por células T auxiliares, podem ser necessárias frente a infecções virais latentes, tumores e transplante de órgãos, os quais tendem a gerar reações relativamente fracas da resposta imune inata. A falta de função das células T CD4 auxiliares é a explicação para os defeitos da geração de CTLs em indivíduos com HIV, em que as células TCD4 são as únicas afetadas pelo vírus. As células T auxiliares são mais importantes para a geração de células T CD8 de memória do LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB que a geração de CTLs efetores a partir de células T CD8 imaturos. As células T CD4 podem atuar de dois modos na diferenciação dos linfócitos de CD8: • Por meio da secreção de citocinas que estimulam a diferenciação • Células T CD4 ativadas expressam o ligante CD40 (CD40L) que se liga a seu receptor nas CDs carregadas por antígenos. Essa interação ativa a CD para secretar mais coestimuladores, como B7, a fim de promover o segundo sinal, que é o mesmo tanto para outras células T CD4 como aos Linfócitos T CD8 (processo de licenciamento das APCs). Papel das Citocinas Várias citocinas são importantes para a diferenciação das células T CD8 em CTLS efetores e células de memória, e tbm para a manutenção e indução das células de memória. • IL 2 promove a proliferação e diferenciação das células TCD8 em CTLs efetores e células de memória. As células T CD8 podem expressar a cadeia alfa após a ativação (que é capaz de gerar um aumento da captação de IL-2 em um mecanismo de retroalimentação). • IL-12 e IFN- TIPO 1 são capazes de estimular células T CD8 em CTLs efetores. São citocinas que são produzidas por CDs em infecções virais e as vezes bacterianas durante a resposta imune inata. Essas mesmas citocinas estão envolvidas na diferenciação de células T CD4 em células TH1. Essa semelhança está no fato de que ambas possuem fatores de transcrição semelhantes: T-bet para ambos e eomesodermina (para CTLs). • IL-15 é produzido por vários tipos de células, inclusive CDs. Tem a função de manter vivas as células TCD8 de memória. • IL-21 é responsável por induzir as células TCD8 de memoria e por evitar a exaustão de células T CD8. É produzida por células T CD4 ativadas. Inibição das Respostas por células TCD8: O conceito de Exaustão das células T. ➔ Em algumas infecções virais crônicas, as respostas das células T CD8 podem ser iniciadas e posteriormente desativadas, em um fenômeno que é chamado de exaustão. O termo é utilizado para se referir ao fato de que a resposta efetora se desenvolve, mas está ativamente suprimida. É diferente do mecanismo de tolerância, em que os linfócitos normalmente ainda não se diferenciaram em células efetoras. No processo de exaustão, as células T CD8 efetoras diminuem a expressão de Interferon-1 e aumentam a expressão de receptores inibitórios da ativação de CTLs, como o PD-1. Esse fenômeno de exaustão pode contribuir para a cronicidade de infecções virais, como o HIV e a hepatite, bem como na capacidade de alguns tumores “driblarem” a resposta imunitária. Anticorpos anti PD-1 estão sendo utilizados para bloquear a via inibitória via PD-1 para a imunoterapia contra tumores, e estão sendo testados contra outras infecções virais crônicas. Funções efetoras dos linfócitos T CD8 citotóxicos Os CTLs efetores combatem infecções intracelulares principalmente matando as células infectadas. LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB Além da morte das células infectadas, os CTLs tbm secretam IFN-1 que ativa os macrófagos e os tornar mais capazes de matar células infectadas. Mecanismos de citotoxidade Mediada por CTLS ➔ Reconhecimento e ativação: A função efetora dos CTLs é iniciada pelo reconhecimento das células infectadas e que apresentam o mesmo complexo peptídeo-MHC classe 1 que ativou a sua expansão e diferenciação. Quando o CTL reconhece a célula infectada, fora um conjugado com ela, pois a molécula de adesão intercelular ICAM-1 presente na membrana da célula infectada se liga a sua integrina LFA-1. Entre as duas células é formado uma sinapse imune, que é caracterizada por um anel que compõem uma justaposição entre a CTL e a membrana da célula alvo, mediada pela ligação entre LFA-1 e ICAM-1. No interior desse anel cria-se um espaço fechado, onde, na parte do CTL está o complexo TCR e o domínio secretor. Essa interação gera sinais bioquímicos que ativam os CTLs. Não são necessárias citocinas e coestimuladores fornecidos por APCs para ativar os CTLs; essas moléculas são necessárias somente na maturação de células T CD8 para CTLs efetores. Além dos receptores de célula T (TCR), os linfócitos T CD8 expressam receptores que tbm são expressos em células NK, os quais atuam na regulação e ativação dos CTLs. Os receptores da família da imunoglobulina assassina (KIR) reconhecem moléculas de MHC Classe-1 em células alvos, mas não são especificas para um complexo MHC-peptídeo específico. Esses KIRs transduzem sinais inibidores para evitar que os CTLs matem células normais. Além disso, os CTLs expressam os receptores NKG2D, que reconhecem moléculas similares ao MHC-1 expressas em células submetidas a estresse (MIC-A, MIC-B e ULBP). NKG2D pode fornecer sinais que atuam em conjunto com o reconhecimento via TCR que potencializam a atividade de morte. ➔ Morte das células-alvopelos CTLs Após reconhecer os antígenos em uma célula-alvo, o CTL pode secretar grânulos que induzem a célula-alvo à morte apoptótica, ou se valer de moléculas de membrana que geram interação entre as duas células e também induzem à morte. O reconhecimento da célula alvo pelo CTL leva a reorganização do seu citoesqueleto, em que o centro organizador dos microtúbulos se move para a área do citoplasma mais próxima do contato com a célula alvo. Os grânulos citoplasmáticos contendo as proteínas citotóxicas são transportados ao longo desses microtúbulos e se concentram próximos a região de sinapse, até que se fundam com a membrana plasmática no domínio secretor. A fusão com a membrana resulta na exocitose do conteúdo granuloso para o espaço da sinapse imune. Esses grânulos são compostos por granzimas e perforinas. A perforina é uma molécula que facilita a captação das granzimas pela célula alvo por causar uma perturbação de membrana. A granzima faz parte de serino-proteases, que podem ser A, B e C, das quais a B é indispensável para a morte celular. Quando liberada no citoplasma da célula alvo, a Granzima ativa vários substratos incluindo capazes, induzindo a morte celular. A granzima B ativa a caspase 3 e um membro da família Bcl-2, ativando a via mitocondrial de apoptose. O mecanismo de morte independente de grânulos é mediado pela interação do ligante de FAS (FASL) expresso na membrana dos CTLs ativados com o FAS expresso na membrana LUÍS FELIPE PONSONI – MED UFOB da célula alvo. Com essa interação, as caspases tb são ativadas resultando no apoptose da célula-valo infectada. * perforinas e granzimas são os principais mediadores de morte dos CTLs CD8. ➔ Desacoplamento do CTL Após o golpe letal, o CTL se desacopla da célula alvo antes mesmo da sua morte, e está pronto para continuar a indução de apoptose de outras células infectadas. O CTL não sofre danos durante a morte da célula alvo por que os grânulos são entregues preferencialmente longe do CTL. Além disso, os grânulos do CTL contêm uma enzima proteolítica chamada CATEPSINA B, que é exposta na membrana do CTL quando os grânulos são secretados. Quando alguma perforina ocasionalmente se dispersa para perto da membrana do CTL, a catepsina B degrada essas perforinas errantes. * Segundo Prof. Arlindo, esse mecanismo da catepsina não é tão eficiente assim, e a depender do numero de perforinas o CTL sofre apoptose sim. Funções dos CTLs CD8 na defesa do hospedeiro Vulgarmente falando: a principal função do CTL é matar células infectadas para evitar que essas sejam sítios de proliferação de vírus e bactérias intracelulares. A atividade citolítica dos CTLs é importante em dois tipos de situação na qual as células infectadas não conseguem destruir os microrganismos que a infectam. 1º - A maioria dos vírus vivem e se replicam em células que não possuem a maquinaria fagossomo/lisossomo para destruí-lo (ex. vírus da hepatite em células do fígado). 2º - Mesmo em fagócitos, muitas vezes os vírus escapam dos fagossomos e vão para o citosol, onde as enzimas proteolíticas não estão disponíveis justamente para não causar danos a célula. Essas infecções só podem ser eliminadas com a destruição das células infectadas. Defeitos no desenvolvimento e na atividade de CTLs deixam o organismo exposto a infecções virais e algumas infecções bacterianas, e aumenta a susceptibilidade a reativação de infecções virais latentes. Além da defesa contra vírus, os CTLs tbm exercem papel na defesa contra algumas bactérias e também protozoários, a exemplo da Mycobacterium tuberculosis e o protozoário causador da malária. Em doenças infecciosas, a destruição de células infectadas por CTL é causa de lesão tecidual. Na hepatite B e C, os vírus que infectam as células do fígado não são citopáticos. Contudo, a resposta dos CTLs resulta na morte dessas células. _______________________________________________________________________ SEMELHANÇAS ENTRE CÉLULAS T CD8 E CÉLULA TH1 • IL-12 e IFN de tipo 1 induzem a diferenciação tanto de células T CD8 em CTLs efetores quanto a diferenciação de Células T CD4 em células TH1 • Ambas secretam IFN-y, que contribui para a eliminação fagocítica de micróbios.
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