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IRRIGAÇÃO DE EUCALIPTO COM EFLUENTE

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i 
 
 
 
 
 
ALEX HENRIQUE VERONÊZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
IRRIGAÇÃO DE EUCALIPTO COM EFLUENTE 
SANITÁRIO: AVALIAÇÃO ECONÔMICA E DE 
PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPINAS 
 2015 
ii 
 
 
iii 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS 
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
ALEX HENRIQUE VERONEZ 
 
 
IRRIGAÇÃO DE EUCALIPTO COM EFLUENTE 
SANITÁRIO: AVALIAÇÃO ECONÔMICA E DE 
PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Bruno Coraucci Filho 
 
 
 
 
 
Tese de Doutorado apresentada a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e 
Urbanismo da Unicamp, para obtenção do título de Doutor em Engenharia Civil, na área de Saneamento e 
Ambiente. 
 
 
 
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE 
DEFENDIDA PELO ALUNO ALEX HENRIQUE VERONEZ E 
ORIENTADO PELO PROF. DR. BRUNO CORAUCCI FILHO. 
 
ASSINATURA DO ORIENTADOR 
 
 
 
______________________________________ 
 
 
 
 
CAMPINAS 
2015 
iv 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS 
BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA 
ELIZANGELA APARECIDA DOS SANTOS SOUZA - CRB 8/8098 
 
 
 
 
 V599i 
 
Veronêz, Alex Henrique, 1977- 
Irrigação de eucalipto com efluente sanitário: avaliação econômica e de 
produtividade agrícola / Alex Henrique Veronêz. – Campinas, SP : [s.n.], 
2015. 
Orientadores: Bruno Coraucci Filho. 
Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de 
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. 
 
1. Agricultura. 2. Irrigação. 3. Efluente. 4. Produtividade. 5. Viabilidade 
Econômica. I. Coraucci Filho, Bruno,1948-. II. Universidade Estadual de 
Campinas. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. III. 
Título. 
 
 
Título em outro idioma: Eucalyptus irrigation with sanitary effluent: economical 
evaluation and of agricultural productivity 
Palavras-chave em inglês: 
Agriculture 
Irrigation 
Sanitary Effluente 
Productivity 
Economical Viability 
Área de concentração: Saneamento e Ambiente 
Titulação: Doutor em Engenharia Civil 
Banca examinadora: 
Adriano Luiz Tonetti 
Edson Aparecido Abdul Nour 
Eraldo Henriques de Carvalho 
Cleverson Vitório Andreoli 
Data de defesa: 26-02-2015 
Programa de Pós-Graduação: Engenharia Civil 
 
v 
 
 
vi 
 
 
vii 
 
RESUMO 
 
VERONÊZ, A. H. Irrigação de eucalipto com efluente sanitário: Avaliação 
econômica e de produtividade agrícola. Campinas: Faculdade de Engenharia Civil - 
UNICAMP, 2015. 151p. Tese (Doutorado), 2015. 
 
Grande parte da água consumida no planeta é utilizada na agricultura. Com o 
crescimento populacional e a redução crescente de áreas cultiváveis, faz-se necessário 
desenvolver tecnologias visando aumentar a produtividade. A utilização de esgoto 
tratado na irrigação de culturas agrícolas pode se tornar uma alternativa, pois esse 
efluente possui água e nutrientes. A aplicação de esgoto tratado na agricultura também 
pode ser a solução para sistemas de tratamento de esgoto que possuem a eficiência 
preconizada na legislação, porém, não contam com corpo receptor com capacidade para 
receber os efluentes. Nesse trabalho foi verificada a produtividade e a viabilidade 
econômica da aplicação de efluentes sanitários provenientes de lagoas de estabilização 
na irrigação da cultura de eucalipto (espécie urograndis). O trabalho experimental foi 
desenvolvido no município de Franca-SP. Foram instaladas parcelas, constituindo 8 
tratamentos, com 4 repetições cada. Dos 8 tratamentos, 2 foram irrigados com água, 5 
com efluente e 1 não recebeu nenhum tipo de irrigação. Os tratamentos irrigados com 
efluente apresentaram produtividade superior aos demais, chegando a ser até 48% 
maior que a de sequeiro. A análise econômica contou com 4 cenários e um horizonte de 
projeto de 22 anos. No cenário 1 foi considerada a adequação do sistema de 
esgotamento sanitário, visando atender a legislação quanto a qualidade do corpo 
receptor. No cenário 2 foi considerada a aplicação de efluente de acordo com as lâminas 
de irrigação de cada tratamento. O cenário 3 verificou a situação de sequeiro e o cenário 
4 a irrigação com água natural. Na avaliação econômica foram avaliados os indicadores 
VPL (Valor Presente Líquido) e TIR (Taxa Interna de Retorno). Utilizou-se 2 
procedimentos, sendo um avaliando o interesse do agricultor e o outro o do operador do 
sistema de saneamento. Na análise considerando o interesse do agricultor, o cenário 3 
(sequeiro) foi o mais viável. O cenário 4 (irrigação com água natural) apresentou TIR 
positiva e VPL negativo. Verificou-se que a irrigação com efluente é inviável quando se 
adota valores de mercado (cenário 2). Na análise econômica, considerando o interesse 
do operador do sistema de saneamento, foram comparados os cenários 1 e 2. Foi 
verificado que a aplicação do efluente na cultura de eucalipto (cenário 2) apresentou-se 
mais viável que a adequação do sistema de esgotamento sanitário. Quanto à viabilidade 
econômica considerando o interesse do operador do sistema de saneamento, fica 
evidente, que essa depende da complexidade das obras necessárias para adequação 
do sistema de tratamento e afastamento de esgoto. 
 
PALAVRAS CHAVE: Agricultura, Irrigação, Eucalipto, Produtividade, Efluente Sanitário, 
Corpo Receptor, Viabilidade Econômica. 
viii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ix 
 
ABSTRACT 
 
VERONÊZ, A. H. Eucalyptus irrigation with sanitary effluent : Economical 
evaluation and of agricultural productivity. Campinas: Faculdade de Engenharia Civil 
- UNICAMP, 2015. 151p. Thesis (Doctorate), 2015. 
 
Great part of the water consumed in our planet is used in agriculture. With population 
growing and the increasing reduction of farmland, it is necessary to develop technologies 
aiming to increase productivity. The use of treated effluents in agricultural irrigation can 
become an alternative, as this sewage contains water and nutrients. The application of 
treated effluent in agriculture may also be the solution to sewage treatment systems that 
have its efficiency recommended by legislation, but which do not have a receiving water 
body that is able to receive the effluents. The present paper was responsible for verifying 
productivity and economical viability of applying sanitary effluents from stabilization 
ponds in the irrigation of eucalyptus cultivation. The experimental work was developed in 
Franca-SP. Parcels were installed, composing 8 treatments, with 4 repetitions each. 
From the 8 treatments, 2 were irrigated with water, 5 with effluent and 1 did not receive 
any kind of irrigation. Treatments irrigated with effluent presented a higher productivity 
compared to the others, reaching up to 48% the productivity of dryland. The economical 
analysis was done in 4 sceneries and a project horizon of 22 years. In scenery 1 it was 
considered the adequacy of sewage system, aiming to comply with legislation as with the 
quality of receiving water body. In scenery 2 was considered the usage of effluent 
according to irrigation levels of each treatment. In scenery 2 market values were 
considered. Scenery 3 verified the situation of dryland and scenery 4 irrigation with 
natural water. In economical evaluation, we evaluated the indicators NPV (Net Present 
Value) and IRR (Internal Rate of Return). Two different procedures were used, one 
evaluating the famer’s interest and the other the sanitation system operator’s interest. In 
the analysis, considering the farmer’s interest, sceneries 3 and 4 presented positive 
values the IRR, being 3 (dryland) the most viable, we verified that irrigation with effluent 
is impracticable when adoptingmarket values (scenery 2). In economical analysis, 
considering the sanitation system operator’s interest, sceneries 1 and 2 were compared. 
The usage of effluent in the eucalyptus culture (scenery 2) present to be more viable that 
the adequacy of the sanitary sewage system. The research proved that the application of 
sanitary effluent increased productivity. As for economical viability, it is evident that it 
depends on the complexity of the work required to make the sewage treatment and 
removal system adequate. 
 
 
KEY WORDS: Agriculture, Irrigation, Eucalyptus, Productivity, Sanitary Effluent, 
Receiving Water Body, Economical Viability. 
x 
 
 
xi 
 
SUMÁRIO 
Página 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1 
1.1 Objetivos ................................................................................................................. 4 
1.1.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 4 
1.1.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 4 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 5 
2.1 Reúso da Água ................................................................................................... 5 
2.2 Disposição de Efluentes no Solo ......................................................................... 9 
2.2.1 Sistemas de tratamento de efluentes no solo ................................................ 13 
2.2.2 Desempenho dos sistemas de tratamento de efluentes no solo .................... 15 
2.3 Regulamentações e Diretrizes para o Reúso da Água ..................................... 18 
2.4 Lagoas de Estabilização ................................................................................... 32 
2.5 Fundamentos Teóricos de Análise Econômica ................................................. 35 
2.5.1 Valor Presente Líquido (VPL) ......................................................................... 37 
2.5.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) ....................................................................... 39 
2.5.3 Horizonte de Projeto ....................................................................................... 41 
2.6 Cultura de Eucalipto .......................................................................................... 41 
2.6.1 Custos de produção de eucalipto ................................................................... 49 
2.7 Custos do Reúso da Água ................................................................................ 53 
2.8 Viabilidade Econômica do Reúso ...................................................................... 57 
3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 59 
3.1 Localização do Experimento ............................................................................. 59 
3.2 Instalação da Pesquisa ..................................................................................... 60 
3.2.1 Limpeza da área e controle de formigas ........................................................ 60 
3.2.2 Delineamento experimental ............................................................................ 62 
3.2.3 Adubação e plantio......................................................................................... 65 
3.2.4 Instalação dos poços de monitoramento da água subterrânea ...................... 68 
3.2.5 Sistema de irrigação ....................................................................................... 68 
3.2.6 Instalação dos coletores de drenagem livre ................................................... 71 
3.3 Caracterização e Capacidade de Retenção de Água do Solo .......................... 73 
xii 
 
3.4 Irrigação e Precipitações Pluviométricas ........................................................... 79 
3.5 Caracterização dos Afluentes, Efluentes e da Água Utilizados na Irrigação ..... 82 
3.6 Monitoramento do DAP ..................................................................................... 88 
3.7 Monitoramento dos Lixiviados ........................................................................... 89 
3.8 Determinação da Produção ............................................................................... 91 
3.9 Modelo Econômico ............................................................................................ 92 
3.10 Determinação dos Custos do Projeto ................................................................ 95 
3.11 Receitas obtidas com a venda da madeira ....................................................... 97 
3.12 Investimentos necessários no sistema caso não se implante o reuso .............. 98 
3.13 Horizonte de Projeto.......................................................................................... 99 
3.14 Atualização de valores .................................................................................... 100 
4. ANÁLISE DOS DADOS e RESULTADOS ............................................................ 101 
4.1 Produtividade .................................................................................................. 101 
4.2 Receita Auferida .............................................................................................. 105 
4.3 Investimentos e custos do Cenário 1 .............................................................. 105 
4.4 Custos de implantação e manutenção da cultura de eucalipto ....................... 106 
4.4.1 Custos de Planejamento .............................................................................. 107 
4.4.2 Custos de pré-plantio ................................................................................... 107 
4.4.3 Custos de plantio.......................................................................................... 108 
4.4.4 Custos de Manutenção do eucalipto ............................................................ 109 
4.4.5 Custo da Terra ............................................................................................. 110 
4.5 Investimentos para implantação o sistema de irrigação .................................. 110 
4.6 Custos para operação e manutenção do sistema de irrigação ....................... 111 
4.6.1 Custos de energia elétrica do sistema de irrigação ...................................... 111 
4.6.2 Custos de mão de obra para irrigação ......................................................... 113 
4.6.3 Custos de manutenção do sistema de irrigação .......................................... 113 
4.7 Custos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos ....................................... 114 
4.8 Custos do Monitoramento Ambiental .............................................................. 116 
4.8.1 Custos de monitoramento das águas subterrâneas ..................................... 116 
4.8.2 Custos de monitoramento do solo ................................................................ 119 
4.9 Análise Econômica .......................................................................................... 121 
xiii 
 
4.9.1 Análise considerando o interesse do agricultor ............................................ 122 
4.9.2 Análise econômica considerando o interesse do operador do sistema de 
saneamento .......................................................................................................... 131 
5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 139 
6. RECOMENDAÇÕES .............................................................................................141 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 143 
 
xiv 
 
xv 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, por tudo; 
A minha família, pelo apoio e por estar sempre ao meu lado em todos os momentos da 
minha vida; 
Ao Prof. Dr. Bruno Coraucci Filho, pela orientação, dedicação, apoio e, pelos 
ensinamentos; 
Ao Prof. Dr. Ronaldo Stefanutti pelo apoio; 
À FINEP e ao PROSAB (Programa de Pesquisas em Saneamento Básico) pelos 
recursos empregados na pesquisa; 
Ao Colégio Prof. Carmelino Correa Junior, por ceder a área para a pesquisa; 
Ao amigo Cláudio Ribeiro Sandoval, diretor do colégio Prof. Carmelino Correa Junior, 
pelo apoio no desenvolvimento da pesquisa, disponibilização de recursos de 
infraestrutura básica, pessoal, etc; 
A Dra. Edna Ivani Bertoncini da APTA Regional de Piracicaba, pela contribuição na 
estruturação do projeto; 
À SABESP, Unidade Pardo/Grande com sede em Franca-SP, na pessoa do seu 
superintendente Gilson Santos de Mendonça, pela disponibilização do efluente da ETE 
City Petrópolis, pelo apoio logístico e Laboratorial; 
Ao laboratório de solos da FEAGRI/UNICAMP, pelo apoio técnico na realização das 
determinações físicas e ensaios de solo; 
À VCP - Votorantim Celulose e Papel, Unidade Florestal SP (Capão Bonito/viveiro de 
mudas ) por ceder as mudas clonadas para instalação da pesquisa; 
Ao Eng. Rui Engrácia Garcia Caluz; 
Ao Eng. José Paulo Zamarioli; 
Ao Eng. Nathanael Silva Jr, pela orientação, colaboração e apoio em várias etapas do 
trabalho; 
Ao amigo Eng. Dr. Luciano Reami pela colaboração e auxílio na execução desse 
trabalho; 
Ao amigo Eng. Dr. Orlando Antunes Cintra Filho, pelo apoio e colaboração direta no 
trabalho; 
xvi 
 
Ao amigo Quim. MSc Luís Antônio Salomão, pelo apoio e colaboração direta no 
trabalho; 
Aos amigos e companheiros de ida a Campinas, Quím. Paulo Vitor Albano e Biol. 
Josimar Augusto Campos; 
A todos os estagiários que passaram pela pesquisa, pelo apoio e colaboração direta no 
trabalho, especialmente à amiga Bethania Vieira Cavalheiro, que esteve conosco no 
experimento desde o início da pesquisa; 
Ao Prof. Dr. Zigomar Menezes de Souza e a sua equipe pela colaboração direta no 
trabalho; 
À amiga Lucinda Maria de Fátima Rodrigues Coelho, pelo apoio e colaboração no 
desenvolvimento do trabalho; 
A todos os funcionários do laboratório de Controle Sanitário da Sabesp de Franca; 
Ao amigo Eng. MSc Antonio Sergio Spolaor pela colaboração; 
Ao amigo Eng. MSc Fernando Colombo pela colaboração; 
Ao amigo Wanderlei Pim pela colaboração; 
Aos bolsistas do laboratório de Reuso, Luccas Erickson de Oliveira Marinho e Giuliano 
Grabrielli, pela colaboração; 
Ao amigo Márcio Fernando Silveira Rodrigues pela colaboração. 
 
xvii 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 2.1 - Demandas Consuntivas no País .................................................................... 5 
Figura 2.2 - Ciclo do efluente no solo e o processo de reciclagem atmosférica das águas
 ........................................................................................................................................ 12 
Figura 2.3 - Esquema simplificado de uma lagoa facultativa........................................... 33 
Figura 2.4 - Fluxograma típico de um sistema de lagoa facultativa................................. 34 
Figura 2.5 - Curva de Valor Presente Líquido (VPL) em função da Taxa de Desconto 
demonstrando a faixa em que o VPL se torna nulo (TIR = 37%). ................................... 38 
Figura 2.6 - Gráfico do histórico da área de plantios de eucalipto no Brasil, 2006-2012. 43 
Figura 2.7 - Biomassa de E. globulus aos 6 anos (Mg.ha-1). ........................................... 47 
Figura 3.1 - Localização do município de Franca/SP e da UGRHI 08. ............................ 59 
Figura 3.2 - Imagem aérea com a localização da área experimental .............................. 60 
Figura 3.3 - Limpeza da área experimental (retirada do milho) ....................................... 61 
Figura 3.4 - Aplicação de herbicida na área do experimento .......................................... 62 
Figura 3.5 - Representação das linhas equipotenciais e sentido de fluxo da água 
subterrânea ..................................................................................................................... 63 
Figura 3.6 - Delineamento experimental implantado ....................................................... 64 
Figura 3.7 - Abertura dos sulcos para adubação na área de plantio de eucalipto ........... 65 
Figura 3.8 - Mudas de eucalipto utilizadas na pesquisa .................................................. 66 
Figura 3.9 - Representação esquemática de uma parcela .............................................. 67 
Figura 3.10 - Plantio de eucalipto na área experimental ................................................. 67 
Figura 3.11 - Poço de monitoramento de água subterrânea instalado no experimento .. 68 
Figura 3.12 - Croqui do sistema de irrigação implantado na área experimental ............. 70 
Figura 3.13 - Reservatórios de água e efluente implantados na pesquisa ...................... 71 
Figura 3.14 - Esquema dos coletores de drenagem ........................................................ 72 
Figura 3.15 - Instalação de um coletor no experimento. Colégio Agrícola, Franca/SP ... 73 
Figura 3.16 - Curva de retenção de água do solo para profundidade de 0,00 a 0,20 m. 78 
Figura 3.17 - Curva de retenção de água do solo para profundidade de 0,60 a 0,80 m. 78 
Figura 3.18 - Pluviômetro instalado próximo à área experimental ................................... 79 
Figura 3.19 - Tensiômetro instalado na área experimental ............................................. 82 
xviii 
 
Figura 3.20 - Fluxograma e foto aérea da ETE City Petrópolis, operada pela SABESP . 83 
Figura 3.21 - Represa utilizada como fonte de água limpa ............................................. 84 
Figura 3.22 - Medição do DAP do caule do eucalipto ..................................................... 89 
Figura 3.23 - Coleta do percolado armazenado no coletor de drenagem livre ................ 90 
Figura 3.24 - Eucalipto empilhado para aferição do volume ........................................... 91 
Figura 3.25 - Representação esquemática da comparação dos cenários da análise 
econômica ....................................................................................................................... 94 
Figura 4.1 - Comparação dos volumes médios de madeira produzidos nos tratamentos 
por hectare .................................................................................................................... 102 
xix 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 2.1 - Área irrigada (ha) com efluentes sanitários em alguns países .................... 10 
Tabela 2.2 - Produtividade de culturas irrigadas com esgotos sanitários (t.ha-1) ...... 11 
Tabela 2.3 - Comparação qualitativa das águas residuais dos sistemas de disposição no 
solo .................................................................................................................................. 15 
Tabela 2.4 - Preços Unitários Básicos (PUBs) da UGRHI 08.......................................... 30 
Tabela 2.5 - Coeficientes ponderadores para captação, extração e derivação: .............. 30 
Tabela 2.6 - Coeficientes ponderadores para consumo: ................................................. 31 
Tabela 2.7 - Coeficientes ponderadores para diluição, transporte e assimilação de 
efluentes (carga lançada): ............................................................................................... 31 
Tabela 2.8 - Vantagens e desvantagensdo sistema de tratamento de esgoto por lagoa 
facultativa ........................................................................................................................ 34 
Tabela 2.9 - Eficiência das lagoas facultativas primárias ................................................ 35 
Tabela 2.10 - Área e distribuição de plantios florestais com eucalipto no Brasil, 2012 ... 44 
Tabela 2.11 - Quantidade de água necessária durante um ano...................................... 45 
Tabela 2.12 - Comparação entre o consumo de água e a produção de biomassa do 
eucalipto e outras culturas .............................................................................................. 45 
Tabela 2.13 - Crescimento médio das árvores de eucaliptos, plantados em 1998, com e 
sem resíduos de colheita e/ou adição de resíduo celulósico, em solo de textura média, 
em Mogi Guaçu - SP. ...................................................................................................... 48 
Tabela 2.14 - Custos de Implantação e Manutenção de Cultura de Eucalipto no Estado 
de São Paulo (R$.ha-1). ................................................................................................... 52 
Tabela 2.15 - Custos de Implantação e Manutenção de Cultura de Eucalipto ................ 53 
(R$.ha-1) .......................................................................................................................... 53 
Tabela 2.16 - Variação de preços da água de reúso e potável em alguns países 
(dólares/metro cúbico) ..................................................................................................... 55 
Tabela 2.17 - Custos da irrigação de cultura de eucalipto (R$.ha-1). .............................. 56 
Tabela 3.1 - Resultados das perfurações de sondagem ................................................. 62 
Tabela 3.2 - Formas de irrigação e adubação dos tratamentos implantados .................. 64 
xx 
 
Tabela 3.3 - Resultados das análises de fertilidade do solo e metais em amostras na 
área experimental. ........................................................................................................... 74 
Tabela 3.4 - Resultados das análises granulométricas de amostras de solo .................. 74 
Tabela 3.5 - Resultados da porosidade e da densidade solo .......................................... 75 
Tabela 3.6 - Resultados da densidade do solo ............................................................... 76 
Tabela 3.7 - Resultados da determinação da capacidade de retenção de água no solo 77 
Tabela 3.8 - Resumo da pluviometria e das lâminas de irrigação ................................... 80 
Tabela 3.9 - Caracterização da água da represa ............................................................ 85 
Tabela 3.10 - Caracterização do afluente da ETE City Petrópolis ................................... 86 
Tabela 4.1 – Síntese da estatística descritiva da produtividade de eucalipto nos 
tratamentos ................................................................................................................... 101 
Tabela 4.2 – Síntese da análise de Variância pelo método Tukey (5%) ....................... 104 
Tabela 4.3 - Receita por hectare obtida em cada tratamento com venda do eucalipto – 
Ano Base 2014 .............................................................................................................. 105 
Tabela 4.4 - Áreas necessárias de cada tratamento para absorver o esgoto gerado na 
ETE City Petrópolis ....................................................................................................... 107 
Tabela 4.5 - Custos de planejamento para implantação da cultura de eucalipto para 
absorção do efluente gerado na ETE City Petrópolis (Cenário 2) – Ano Base 2014..... 107 
Tabela 4.6 - Custos de pré-plantio da cultura de eucalipto para absorção do efluente 
gerado na ETE City Petrópolis (Cenário 2) – Ano Base 2014 ....................................... 108 
Tabela 4.7 - Custos de plantio da cultura de eucalipto para absorção do efluente gerado 
na ETE City Petrópolis (Cenário 2) – Ano Base 2014 ................................................... 108 
Tabela 4.8 - Custos de manutenção da cultura de eucalipto por hectare nos cenários 2, 3 
e 4 – Ano Base 2014 ..................................................................................................... 109 
Tabela 4.9 - Custos de manutenção da cultura de eucalipto para absorção do efluente 
gerado na ETE City Petrópolis (Cenários 2) - Ano Base 2014 ...................................... 109 
Tabela 4.10 - Custos de arrendamento da terra para absorção do efluente gerado na 
ETE City Petrópolis (Cenário 2) – Ano Base 2014 ........................................................ 110 
Tabela 4.11 - Investimentos do cenário 2 para implantação do sistema de irrigação para 
absorver o efluente gerado na ETE City Petrópolis – Ano Base 2014 .......................... 111 
xxi 
 
Tabela 4.12 - Custos com energia elétrica do cenário 2 para irrigação de 1 hectare – Ano 
Base 2014 ..................................................................................................................... 112 
Tabela 4.13 - Custos com energia elétrica do cenário 2 para aplicar o efluente gerado na 
ETE City Petrópolis na irrigação da cultura de eucalipto – Ano Base 2014 .................. 112 
Tabela 4.14 - Custos com mão de obra para irrigação, cenário 2, para aplicar o efluente 
gerado na ETE City Petrópolis – Ano Base 2014 .......................................................... 113 
Tabela 4.15 - Custo anual com manutenção do sistema de irrigação, cenário 2, para 
aplicar o efluente gerado na ETE City Petrópolis – Ano Base 2014 .............................. 114 
Tabela 4.16 - Despesas anuais com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos no 
cenário 2 - Ano Base 2014 ............................................................................................ 116 
Tabela 4.17 – Custo de execução dos poços e despesas anuais com o monitoramento 
ambiental das águas subterrâneas considerando aplicação do efluente gerado na ETE 
City Petrópolis - cenário 2 (Ano Base 2014).................................................................. 119 
Tabela 4.18 - Resumo dos investimentos iniciais por hectare dos cenários 2, 3 e 4 – Ano 
Base 2014 ..................................................................................................................... 122 
Tabela 4.19 - Custos por hectare de cada ciclo da cultura de eucalipto dos cenários 3 e 4 
– Ano Base 2014 ........................................................................................................... 123 
Tabela 4.20 - Custos por hectare de cada ciclo da cultura de eucalipto do cenário 2 – 
Ano Base 2014 .............................................................................................................. 124 
Tabela 4.21 - Resumo dos custos por hectare de cada ciclo da cultura de eucalipto dos 
cenários 2, 3 e 4 - Valores históricos - Ano Base 2014 ................................................. 125 
Tabela 4.22 - Receitas de cada ciclo da cultura de eucalipto obtidas por hectare dos 
cenários 2, 3 e 4 – Ano Base 2014 ............................................................................... 126 
Tabela 4.23 - Fluxo de caixa por hectare do cenário 2 – Ano Base 2014 ..................... 127 
Tabela 4.24 - Fluxo de caixa por hectare do cenário 3 – Ano Base 2014 ..................... 128 
Tabela 4.25 - Fluxo de caixa por hectare do cenário 4 – Ano Base 2014 ..................... 128 
Tabela 4.26 - Resumo dos valores do VPL e da TIR dos cenários 2, 3 e 4 – Ano Base 
2014 ..............................................................................................................................129 
Tabela 4.27 - Investimentos iniciais dos cenários 1 e 2 considerando todo efluente 
gerado na ETE City Petrópolis – Ano Base 2014 .......................................................... 131 
xxii 
 
Tabela 4.28 - Custos dos cenários 1 e 2 durante um ciclo da cultura de eucalipto, 
considerando todo efluente gerado na ETE City Petrópolis - Ano Base 2014 .............. 132 
Tabela 4.29 - Resumo dos custos dos cenários 1 e 2, durante um ciclo da cultura de 
eucalipto, considerando todo efluente gerado na ETE City Petrópolis - Valores históricos 
(Ano Base 2014) ........................................................................................................... 134 
Tabela 4.30 - Receitas de cada ciclo da cultura de eucalipto obtidas nos tratamentos do 
cenário 2 – Ano Base 2014 ........................................................................................... 135 
Tabela 4.31 - Fluxo de caixa do cenário 1, considerando todo efluente gerado na ETE 
City Petrópolis – Ano Base 2014 ................................................................................... 135 
Tabela 4.32 - Fluxo de caixa do cenário 2, considerando todo efluente gerado na ETE 
City Petrópolis – Ano Base 2014 ................................................................................... 136 
Tabela 4.33 - Resumo dos valores do VPL e TIR dos cenários 1 e 2 – Ano Base 2014
 ...................................................................................................................................... 137 
xxiii 
 
LISTA DE SÍGLAS 
ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ANA Agência Nacional das Águas 
APP Área de Preservação Permanente 
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 
CBH/SMG Comitê da Bacia Hidrográfica do Sapucaí-Mirim/Grande 
CEF Caixa Econômica Federal 
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo 
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos 
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente 
CRH Conselho Estadual de Recursos Hídricos 
DAEE Departamento de águas e Energia Elétrica 
DAP Diâmetro à Altura do Peito 
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio 
DEFOFO Diâmetro Equivalente aos de Ferro Fundido 
DQO Demanda Química de Oxigênio 
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
ETE Estação de Tratamento de Esgoto 
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo 
FEAGRI Faculdade de Engenharia Agrícola 
FEC Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo 
FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos 
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo 
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos 
FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
xxiv 
 
GPS Global Positioning System 
OMS Organização Mundial da Saúde 
pH Potencial Hidrogeniônico 
PROSAB Programa de Pesquisas em Saneamento Básico 
PUB Preço Unitário Básico 
PUF Preço Unitário Final 
PVC Policloreto de Vinila 
RECOOP 
Programa de Revitalização de Cooperativas de Produção 
Agropecuária 
SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo 
SS /SSV /SSF Sólidos Suspensos / Voláteis / Fixos 
ST Sólidos Totais / Voláteis / Fixos 
TDH Tempo de detenção hidráulico 
TIR Taxa Interna de Retorno 
UGRHI Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas 
USEPA United States Environmental Protection Agency 
UTM Universal Transverse Mercator 
VCP Votorantim Celulose e Papel 
VPL Valor presente líquido 
WHO World Health Organization 
 
 
1 
 
1. INTRODUÇÃO 
A agricultura demanda cerca de 70% de toda água consumida no planeta, 
sendo a irrigação responsável pela maior parcela desse valor. Com o crescimento 
populacional e a redução crescente de áreas cultiváveis, faz-se necessário desenvolver 
tecnologias no intuito de aperfeiçoar o processo produtivo, ou seja, produzir mais em 
menos área. Nesse sentido a irrigação tem um papel fundamental, pois proporciona um 
aumento considerável na produtividade da cultura. 
A escassez de água é sem dúvida um fator que limita o desenvolvimento 
econômico e social de uma região. A redução da disponibilidade hídrica, agravada pela 
redução de oferta de água ocasionada principalmente pela deterioração da qualidade 
dos mananciais, devido ao lançamento de poluentes, também pode gerar conflitos entre 
os diversos usos. 
Diante desse panorama a utilização de efluentes sanitários na irrigação de 
culturas agrícolas tornou-se uma alternativa a ser analisada, pois por meio desse 
processo, pode se liberar as águas de cursos naturais para fins mais nobres, além de 
permitir o aproveitamento dos nutrientes presentes no esgoto no desenvolvimento da 
planta. 
A utilização de efluente na irrigação de culturas deve atender a duas premissas 
básicas: a sanitária, que tem por finalidade a depuração do esgoto sem que ocorra a 
contaminação do ambiente, e a agronômica, que objetiva o aproveitamento da água e 
dos nutrientes presentes no efluente pela planta. 
No entanto, para que o sistema de irrigação tenha um bom desempenho, no 
que tange à produtividade e a conservação do ambiente, alguns cuidados devem ser 
tomados com relação à implantação e à operação do sistema. É especialmente 
importante escolher plantas adequadas para a irrigação com efluente, assim como 
2 
 
dimensionar o projeto de irrigação, de modo a manter condições sanitárias mínimas, 
reduzindo, assim, o risco de contaminação do ambiente. 
Nesse contexto, a cultura de eucalipto apresenta boas condições para irrigação 
com esgotos sanitários, pois diante da necessidade de madeira para os mais diversos 
fins e das questões ecológicas relacionadas à utilização das florestas nativas, o cultivo 
dessa cultura tornou-se uma alternativa para suprir a demanda crescente de madeira. 
Além do mais, o cultivo do eucalipto é bastante simples e requer pouca mão-de-obra, o 
que minimiza a exposição de trabalhadores, reduzindo os riscos à saúde humana 
provenientes do reúso. Outro aspecto positivo é o fato da cultura de eucalipto estar em 
plena expansão no Brasil, principalmente no estado de São Paulo. 
Um sistema de tratamento de efluentes deve atender a legislação em relação a 
dois aspectos. O primeiro refere-se à qualidade dos efluentes e está diretamente 
relacionado à eficiência do processo empregado. O segundo está relacionado ao corpo 
receptor, com sua capacidade individual de assimilar cargas poluidoras, resultante de 
suas características naturais, e da qualidade desejada para as suas águas, função dos 
usos desejados para elas. 
Há casos em que o sistema de tratamento de efluentes atende o padrão de 
lançamento, mas não atende a qualidade requerida pelo corpo receptor. Nessas 
situações, são necessárias obras de melhorias na estação de tratamento, visando 
aumentar a eficiência do processo ou obras de afastamento dos efluentes no intuito de 
alcançar um corpo receptor com mais vazão e, consequentemente, com maior 
capacidade de depuração. Na maioria das vezes essas obras requerem elevados 
investimentos. 
A aplicação de esgotos tratados na irrigação de culturas é uma forma de 
resolver esse problema, pois no período estiagem em que o corpo receptor tem baixa 
vazão, o efluente pode ser totalmente absorvido na irrigação. Já no período de chuvas, 
3 
 
quando a irrigação pode ser reduzida ou paralisada, o corpo receptor possui maior 
vazão, ou seja, maior capacidade de depuração. 
A aplicação de esgotos na irrigação de culturas é uma forma proteger o 
ambiente e uma alternativa para aumentar a disponibilidadehídrica e a produção 
agrícola. Porém, é necessário verificar se a utilização do efluente é viável do ponto de 
vista econômico-financeiro, pois só assim será possível convencer os empreendedores 
a adotar tal tecnologia. 
Para se avaliar economicamente os projetos de reúso, é preciso o levantamento 
dos custos adicionais e dos benefícios proporcionados pelo empreendimento. Há várias 
ferramentas para se avaliar economicamente um projeto, sendo que uma das formas 
mais utilizadas é o ajuste dos custos marginais e dos benefícios ao valor presente, a 
uma taxa de desconto real, projetando o sistema de maneira que a relação 
benefício/custo seja superior à unidade. Outra possibilidade é a de determinar a taxa 
interna de retorno do projeto, e verificar se ela é competitiva. 
No estudo, buscaram-se respostas às seguintes hipóteses: 
1 - Se a aplicação de efluente aumenta a produtividade da planta; 
2 - Se a aplicação de efluente na cultura de eucalipto é viável economicamente. 
Esta pesquisa fez parte de uma rede de projetos de editais do 
RECOOP/REENGE/PROSAB, projetos temáticos, tema 2, apoiados pela FINEP-
FNDCT, CNPq, FAPESP e CEF, com a participação de diversas universidades 
brasileiras, de cujos editais a FEC/UNICAMP participou. O experimento em questão 
contou com vários outros pesquisadores, desenvolvendo Dissertações de Mestrado e 
Teses de Doutorado, contemplando, além dos objetivos da presente pesquisa, 
conduzida pelo autor, o monitoramento da qualidade da água subterrânea e a avaliação 
da qualidade da água percolada. 
4 
 
1.1 Objetivos 
1.1.1 Objetivo Geral 
 
O objetivo geral do estudo foi avaliar o incremento de produtividade e a 
viabilidade econômica da cultura de eucalipto ao receber irrigação com efluentes 
sanitários, provenientes do sistema de tratamento por lagoas de estabilização, 
conciliando os critérios e padrões de projeto da Engenharia Sanitária e da Engenharia 
Agronômica. 
1.1.2 Objetivos Específicos 
 
 
A pesquisa teve como objetivos específicos: 
1. Avaliar o incremento de produtividade do eucalipto devido à aplicação de 
efluente tratado e água natural na irrigação da cultura; 
2. Pesquisar custos de implantação e operação de projetos de reúso de água; 
3. Avaliar a viabilidade de aplicação de efluente tratado e água natural na irrigação 
da cultura de eucalipto, considerando o interesse do agricultor, por meio das 
ferramentas de análise econômica (VPL e da TIR); 
4. Avaliar a viabilidade de aplicação de efluente tratado na irrigação da cultura de 
eucalipto, considerando o interesse do operador do sistema de saneamento, por 
meio das ferramentas de análise econômica (VPL e da TIR); 
5. Desenvolver indicadores de custos que facilitem a avaliação econômica de 
futuros projetos de reuso. 
5 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2.1 Reúso da Água 
No mundo, 70% da água é utilizada pelas atividades agrícolas, 20% pelas 
indústrias e 10% refere-se ao consumo doméstico e municipal (REBOUÇAS, 2001). 
No Brasil, segundo o relatório de conjuntura dos recursos hídricos do ano de 
2011 da ANA (Agência Nacional de Águas), a irrigação é responsável por 69% do 
consumo consuntivo (usos nos quais parte da água captada é consumida no processo 
produtivo, não retornando ao curso de água), conforme pode ser observado na Figura 
2.1. Estima-se que no Brasil exista cerca de 4,6 milhões de hectares de área irrigada. 
 
Figura 2.1 - Demandas Consuntivas no País 
(Fonte: ANA, 2011) 
6 
 
Conforme a USEPA (2004), já existem, ao redor do mundo, muitas 
comunidades que estão se aproximando ou já alcançaram seus limites de suprimento 
de água disponível. 
Segundo a FIESP (2009), no estado de São Paulo há regiões com graves 
problemas de escassez e de poluição, resultando em conflitos entre os diversos tipos 
de usuários (agrícolas, urbanos, de navegação, de geração de energia, industriais e de 
abastecimento público). 
Nesse cenário, o reúso da água pode representar uma alternativa para a 
mitigação dos problemas de escassez. 
Segundo Mierzva et al. (2005), pode-se definir reúso da água como “uso de 
efluentes tratados para fins benéficos, tais como irrigação, uso industrial e fins urbanos 
não potáveis”. 
Reutilizar águas residuárias não é novidade, já que isso vem ocorrendo no 
mundo há muito tempo. Existem registros de que na Grécia Antiga já se utilizavam os 
esgotos sanitários na irrigação de culturas (CETESB, 2008). 
A reutilização da água proporciona a liberação de fontes de boa qualidade para 
usos mais prioritários, como por exemplo, o abastecimento público. A redução de 10% 
na fração destinada à irrigação, liberaria água suficiente para, grosseiramente, duplicar 
o consumo doméstico em âmbito mundial (MANCUSO et al., 2003). 
Além disso, o uso de esgotos contribui para a conservação dos recursos e 
acrescenta uma dimensão econômica ao planejamento dos recursos hídricos. 
A prática do reúso, atualmente muito discutida, posta em evidência e já utilizada 
em alguns países é baseada no conceito de substituição de mananciais. Tal 
substituição é possível em função da qualidade requerida para um uso específico. 
Dessa forma, grandes volumes de água potável podem ser poupados pelo reúso 
7 
 
quando se utiliza água de qualidade inferior (geralmente efluentes pós-tratados) para 
atendimento das finalidades que podem prescindir desse recurso dentro dos padrões de 
potabilidade. 
Segundo a CETESB (2008), a reutilização de água pode ser direta ou indireta, 
decorrente de ações planejadas ou não: 
 Reúso indireto não planejado da água: ocorre quando a água, utilizada em 
alguma atividade humana, é descarregada no meio ambiente e novamente 
utilizada a jusante, em sua forma diluída, de maneira não intencional e não 
controlada. Caminhando até o ponto de captação para o novo usuário, a mesma 
está sujeita às ações naturais do ciclo hidrológico (diluição e autodepuração). 
 Reúso indireto planejado da água: ocorre quando os efluentes, depois de 
tratados, são descarregados de forma planejada nos corpos de águas 
superficiais ou subterrâneas, para serem utilizados a jusante, de maneira 
controlada, no atendimento de algum uso benéfico. O reúso indireto planejado da 
água pressupõe que exista também um controle sobre as eventuais novas 
descargas de efluentes no caminho, garantindo assim que o efluente tratado 
estará sujeito apenas a misturas com outros efluentes que também atendam ao 
requisito de qualidade do reúso objetivado. 
 Reúso direto planejado das águas: ocorre quando os efluentes, depois de 
tratados, são encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do 
reúso, não sendo descarregados no meio ambiente. 
 
Dentre os possíveis usos da água reciclada podem-se destacar entre outros 
(CETESB, 2008): 
 Irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio 
de auto-estradas, campus universitários, cinturões verdes e gramados 
residenciais; 
8 
 
 Irrigação de campos para cultivos: plantio de forrageiras, plantas fibrosas e de 
grãos, plantas alimentícias, viveiros de plantas ornamentais e proteção contra 
geadas; 
 Usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras e água de 
processamento; 
 Recarga de aquíferos: recarga de aquíferos potáveis, controle de intrusão 
marinha e controle de recalques de subsolo; 
 Usos urbanos não-potáveis: irrigação paisagística, combate ao fogo, descarga 
de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos, lavagem 
de ruas e pontos de ônibus, etc; 
 Finalidades ambientais: aumento de vazão em cursos de água, aplicação em 
pântanos, terras alagadas e indústrias de pesca; 
 Usos diversos: aquicultura,construções, controle de poeira e dessedentação de 
animais. 
 
Diante da escassez de água em quantidade e qualidade em algumas regiões do 
mundo, o reúso de águas residuárias tem um papel fundamental no planejamento e na 
gestão sustentável dos recursos hídricos, como um substituto para o uso de águas 
destinadas a fins agrícolas, industriais, entre outros. 
Nesse contexto, a agricultura, setor que utiliza a maior quantidade de água, é 
um potencial usuário para o efluente, e a cultura de eucalipto apresenta condições 
favoráveis para sua aplicação. Ressalta-se que na estação das chuvas a irrigação pode 
ser reduzida ou até mesmo paralisada. Dessa forma, o sistema de tratamento de 
efluentes deve ser projetado para atender os padrões de lançamento exigidos pela 
legislação, pois no caso do sistema de reúso não absorver todo efluente, este possa ser 
lançado no corpo receptor. Cabe lembrar que no período chuvoso a vazão dos corpos 
d´água é maior, sendo assim o poder de autodepuração também é ampliado, 
minimizando assim o impacto do lançamento de efluentes no corpo receptor. 
9 
 
2.2 Disposição de Efluentes no Solo 
A disposição de efluentes no solo é um processo natural de realizar o 
tratamento de efluentes. Atualmente essa tecnologia já se disseminou em grande parte 
mundo e vem sendo estudada e aprimorada por meio de diversas pesquisas voltadas a 
aperfeiçoar o processo. Os sistemas podem funcionar como forma de disposição final 
ou tratamento, podendo também ser realizado ambos. 
De acordo com Souza (2004), a falta de uma gestão adequada dos recursos 
hídricos e a incipiência no desenvolvimento de tecnologias, para a obtenção de novas 
fontes de fornecimento de água, prejudicarão a produção de alimentos, atividade que 
demanda enorme quantidade de água. Isso se deve ao fato de que o incremento da 
produção não pode mais ser absorvido apenas pela expansão da área cultivada, pois 
com algumas exceções as terras aráveis tendem a ficar mais limitadas. 
Segundo Hespanhol (2001), a agricultura utiliza a maior quantidade de água, 
podendo representar até 80% do uso consuntivo em alguns países. O uso agrícola 
pode tolerar águas de qualidade mais baixa que a indústria e o uso doméstico. É, 
portanto, inevitável que ocorra uma tendência para encontrar na agricultura uma 
solução para os problemas relacionados à eliminação de efluentes. Nesse contexto a 
utilização de esgoto na irrigação torna-se uma fonte confiável, na maioria das vezes, 
pois sua geração é frequente durante todo o ano e também pelo fato de conter 
nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta (WHO, 2006). 
Em regiões áridas como Israel e Líbano o reúso de efluentes tem sido uma 
alternativa para reduzir o consumo de água na agricultura. O índice de esgoto aplicado 
na irrigação em Israel alcança aproximadamente 75% do volume gerado (WHO, 2006). 
No Vale Mezquital (localizado no México), onde residem aproximadamente 21 
milhões de habitantes e que são produzidos aproximadamente 40 m3 s-1 de esgoto, os 
10 
 
efluentes tratados estão sendo aplicados na irrigação de 85.000 hectares de culturas 
como milho, arroz, tomate, forragem de aveia e alfafa. Essa aplicação tem propiciado 
aumento na produtividade agrícola da região (LANDA et al., 1997). 
A Tabela 2.1 apresenta a área irrigada com efluentes sanitários em vários 
países do mundo. 
 
Tabela 2.1 - Área irrigada (ha) com efluentes sanitários em alguns países 
País Área Irrigada (ha) 
Argentina 37.000 
Austrália 10.000 
Alemanha 28.000 
África do Sul 1.800 
Arábia Saudita 4.400 
Bahrain 800 
Chile 16.000 
China 1.330.000 
Estados Unidos 14.000 
Índia 73.000 
Israel 10.000 
Kuwait 12.000 
México 250.000 
Peru 4.300 
Sudão 2.800 
Tunísia 7.300 
Total 1.801.400 
 Fonte: BASTOS (2003) 
 
Segundo Mota et al. (2009), os maiores benefícios da utilização de efluentes na 
agricultura são associados aos aspectos econômicos, ambientais e de saúde pública. 
Pesquisas efetuadas em diversos países confirmam que a produtividade agrícola 
aumenta significativamente em sistemas de irrigação com esgotos adequadamente 
administrados. 
11 
 
Na Tabela 2.2 são apresentados os valores de produtividade de diferentes 
culturas, irrigadas com efluentes e água mais adubação. 
 
Tabela 2.2 - Produtividade de culturas irrigadas com esgotos sanitários (t.ha-1) 
Irrigação com Trigo 
a
 Batata 
a
 Algodão 
a
 Sorgo 
b
 Milho 
b
 Girassol 
b
 
Efluente primário 3,45 20,78 2,3 8,7 8,9 2,2 
Efluente lagoa estabilização 3,45 22,31 2,41 8,6 8,6 2,3 
Água + NPK
c
 2,7 17,16 1,71 9,1 8,1 1,9 
Fonte: a Feigin et. al. (1991) e b Marecos do Monte e Mara (1987), Citados por 
Bellingieri (2005), c Nitrogênio, fósforo e potássio 
 
De acordo com Hespanhol (2001), a aplicação de efluentes na agricultura 
quando adequadamente planejada e administrada propicia ganhos ambientais e nas 
condições de saúde, entre as quais: 
 Minimização das descargas de esgotos em corpos de água; 
 Preservação dos recursos subterrâneos, principalmente em áreas onde a 
utilização excessiva de aqüíferos provoca intrusão de cunha salina ou 
subsidência de terrenos; 
 Conservação do solo, pela acumulação de húmus, e aumento da resistência à 
erosão; 
 Aumento da concentração de matéria orgânica do solo, possibilitando maior 
retenção de água; 
 Aumento da produção de alimentos, principalmente em áreas carentes, 
elevando, desta forma, os níveis de saúde, qualidade de vida e condições sociais 
de populações associadas aos esquemas de reúso. 
 
O sistema de tratamento de efluentes no solo é realizado por meio de 
processos físicos: sedimentação, filtração, radiação, volatilização e desidratação; 
químicos: por meio de reações de oxidação e redução, precipitação, adsorção e troca 
iônica; e biológicos: absorção, biodegradação e predação. Basicamente são os mesmos 
12 
 
processos que ocorrem em um sistema de tratamento convencional, com uma única 
diferença, nesse caso o sistema solo-planta é o único reator. Com a disposição do 
efluente no solo, o sistema solo-planta tende a estabilizar o esgoto sanitário, 
protegendo os corpos d´água a jusante, além de o esgoto fornecer nutrientes para o 
desenvolvimento da planta (CORAUCCI FILHO et al., 1999). 
Na Figura 2.2 é apresentado o ciclo do efluente no solo e o processo de 
reciclagem atmosférica das águas. O efluente é aplicado, parte dele é perdida na 
evaporação e na evapotranspiração; parte é infiltrada no solo, podendo recarregar os 
lençóis subterrâneos; e parte do efluente pode drenar para os mananciais superficiais. 
 
 
Figura 2.2 - Ciclo do efluente no solo e o processo de reciclagem 
atmosférica das águas 
(Fonte: Adaptado de USEPA, 1981) 
 
De acordo com Coraucci Filho et al. (1999), as técnicas de pós-tratamento de 
efluentes de estações de tratamento de esgotos sanitários, por meio da disposição 
controlada no solo, têm se mostrado um método eficaz e apropriado, porque 
apresentam uma série de vantagens, incluindo o baixo custo, os benefícios da 
revitalização do solo para nutrição vegetal e, principalmente, a proteção dos corpos 
d’água naturais e da saúde pública. 
13 
 
Cabe ressaltar que a aplicação de efluentes no solo não pode ser encarada de 
forma indiscriminada, sem critérios. Deve haver, conforme Coraucci Filho (1998), um 
elo perfeito entre a Engenharia Sanitária e a Engenharia de Irrigação, de forma que o 
esgoto seja tratado no solo, evitando: a contaminação do lençol freático, a saturação 
em nutrientes e metais potencialmente tóxicos no solo, entre outros. Desse modo faz-se 
necessário selecionar plantas adequadas para destinaçãodos efluentes, assim como 
dimensionar o projeto de irrigação corretamente, de modo a manter as condições 
sanitárias mínimas para mitigar os impactos ao ambiente (HARUVY,1997 e VIEIRA, 
1995). 
2.2.1 Sistemas de tratamento de efluentes no solo 
 
Segundo Kruzic (1997), dentre os sistemas de tratamento de efluentes no solo, 
podem-se destacar os seguintes métodos: 
 
 Infiltração Rápida: o esgoto é infiltrado no terreno com alta velocidade, o que 
proporciona uma alta taxa de aplicação do efluente no solo. A vegetação existente na 
área não consegue absorver todo o esgoto aplicado, sendo, portanto, até dispensável 
em alguns casos. A disposição dos efluentes é feita por inundação, em terrenos que 
apresentem baixas declividades e alta permeabilidade. São necessárias camadas de 
solos com elevada espessura, com objetivo de proteger a qualidade da água 
subterrânea. Para restabelecer as condições aeróbias do solo faz-se necessário 
seccionar o terreno em módulos, definindo rodízios de aplicação. Segundo Paganini 
(1997), a contaminação da superfície do solo pode ser evitada por meio de um pré-
tratamento do efluente por decantação primária. 
 
 Infiltração Lenta (Irrigação): tem finalidade agrícola, sendo aplicado efluente sobre 
o solo em taxas compatíveis com o desenvolvimento da planta. Conforme Araújo (1998) 
o termo “infiltração lenta” também é utilizado quando o esgoto é aplicado com uma 
baixa taxa, apresentando lenta infiltração. Para que seja evitada a contaminação das 
águas subterrâneas, o esgoto deve ser aplicado em solos relativamente permeáveis e 
14 
 
que apresentem uma espessa camada acima do lençol freático. Segundo a USEPA 
(1981), esse sistema atinge um elevado nível de tratamento dos efluentes. De acordo 
com Paganini (1997), o processo de infiltração lenta pode ser realizado por meio de 
cinco formas de aplicação: 
1) Por aspersão: O efluente é conduzido por meio de tubulações pressurizadas, 
utilizando-se bombas ou carga hidráulica disponível, até os aspersores que realizam a 
dispersão dos esgotos na área a ser irrigada. É mais eficiente, pois é possível obter 
uma boa uniformidade na aplicação, porém, apresenta um custo elevado por necessitar 
de bombas (para manter a pressão elevada), aspersores e mão-de-obra qualificada. 
Segundo Araújo (1998), a irrigação por aspersão pode gerar alguns inconvenientes, 
como a formação de aerossóis que podem causar problemas de saúde e o entupimento 
frequente dos aspersores, necessitando de um tratamento preliminar dos efluentes. 
2) Por Irrigação em Sulcos e Canais: a aplicação é efetuada por gravidade e a 
infiltração se dá a partir de sulcos e canais por onde o esgoto escoa. Esse sistema é 
fácil de operar e possui um custo baixo (PAGANINI, 1997). 
3) Por Inundação: o esgoto é aplicado alagando o terreno e a área de aplicação 
deve ser plana. O efluente é disposto numa profundidade adequada ao volume de rega, 
determinado por meio da escolha do solo e da vegetação. A vegetação utilizada deve 
ser resistente à toxidade. Apresenta baixo custo de execução e manutenção 
(PAGANINI, 1997). 
4) Por Gotejamento: os efluentes são aplicados por meio de tubulações com 
orifícios de diâmetros reduzidos, permitindo o gotejamento uniforme ao longo de toda a 
sua extensão, diretamente sobre o sistema radicular da planta. Esse tipo de aplicação 
proporciona o controle do crescimento de ervas indesejáveis e não produz aerossóis. O 
sistema por gotejamento apresenta como desvantagem a possibilidade de constantes 
entupimentos dos furos (CINTRA FILHO, 2008). 
5) Por Infiltração Subsuperficial: O efluente através de meios porosos ou tubulações 
de drenagem é aplicado abaixo do nível do terreno. A depuração dos efluentes se dá 
através da infiltração do mesmo no solo (ARAÚJO, 1998). 
 
15 
 
 Escoamento Superficial: consiste na aplicação do efluente na parte superior de um 
plano inclinado, com baixa permeabilidade e declividade entre 2 a 8%. Nesse sistema, 
os esgotos escoam até a parte inferior do plano, sendo recolhidos e conduzidos até um 
corpo receptor (PAGANINI, 1997). 
 
2.2.2 Desempenho dos sistemas de tratamento de efluentes no solo 
Na Tabela 2.3 é apresentado um resumo comparativo da qualidade esperada 
para o efluente final nos respectivos métodos de tratamento por disposição no solo. 
Tabela 2.3 - Comparação qualitativa das águas residuais dos sistemas de 
disposição no solo 
Atributo Infiltração Lenta 
(após 1,5 m de 
solo) 
Infiltração Rápida 
(após 4,5 m de 
solo) 
Escoamento 
Superficial 
(após 45 m de 
escoamento) 
DBO (mg L-1) < 5 < 5 < 15 
SST (mg L-1) < 5 < 5 < 20 
N-NH4
-2 (mg L-1) < 5 < 2 < 2 
N-total (mg L-1) < 5 < 20 < 5 
P-total (mg L-1) < 0,30 < 5 < 6 
Fonte: METCALF & EDDY (1991) 
 
De acordo com estudos realizados em Limeira-SP, em uma pesquisa 
desenvolvida por meio da irrigação de milho com efluente de lagoa anaeróbia, utilizando 
sulcos de infiltração, com três lâminas, sendo de 0,20; 0,40 e 0,60 m, respectivamente, 
onde foram monitorados os lixiviados nas profundidades de 0,25; 0,50 e 0,75 m, através 
de coletores de drenagem livre, verificaram-se os seguintes resultados (SILVA, 2003): 
 Em relação ao nitrato, 50% dos resultados no perfil do solo (na 2a safra) 
ultrapassaram o limite de 10 mg L-1 em N, estabelecido pela Portaria no 2.914, 
datada de 12/12/2011, do Ministério da Saúde que define os parâmetros de 
potabilidade da água. Porém, cabe ressaltar que as amostras foram monitoradas 
até uma profundidade de 0,75 m, dessa forma, não houve como concluir que 
ocorreu a contaminação do lençol freático. O estudo também apontou que a 
16 
 
lixiviação do nitrato é mais freqüente a partir do instante em que a demanda 
hídrica da planta tende a diminuir; 
 Os resultados de DQO analisados no perfil do solo resultaram em uma eficiência 
média de 95% de remoção em relação ao efluente aplicado; 
 75% dos resultados de DBO dos coletores encontram-se na faixa prevista (de 2 a 
5 mgO2L
-1); 
 Redução média de 65% da concentração de coliformes totais e fecais. 
 
Em outra pesquisa desenvolvida em Franca-SP, também realizada por meio da 
irrigação de milho (por sulcos de infiltração), com efluente proveniente de lagoa 
anaeróbia, a eficiência média na remoção de DBO nos percolados coletados a 0,50 m 
de profundidade, foi próxima a 85%. Já em relação ao nitrato, verificou-se um valor 
médio de 16,60 mg L-1 onde foi aplicado o efluente desinfectado e 12,10 mg L-1 nos 
locais de aplicação do efluente sem desinfecção (CINTRA FILHO, 2008). 
São escassos na literatura registros referentes à irrigação de eucalipto com 
água ou efluente, embora a cultura do eucalipto tenha incorporado alta tecnologia em 
seu sistema de produção, como o melhoramento genético, clonagem, adubação 
química e controle de doenças e pragas. 
Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa, utilizando 
efluente tratado de fabricação de celulose branqueada, na irrigação de eucalipto, 
apresentou uma eficiência de 50% na remoção de DBO, após 0,40 m de percolação. Os 
valores da concentração de sódio nos lixiviados chegaram a ser superiores à 
concentração do efluente, o que se justifica pela lixiviação de parte de sais 
anteriormente retida no solo (REZENDE et al., 2009). 
Outro registro de irrigação de eucalipto com efluentes ocorreu em Limeira-SP, 
em uma pesquisa na qual se aplicou o processo de tratamento de efluente de indústria 
cítrica no solo por meio de sulcos largos de infiltração, irrigando eucalipto da variedade 
17 
 
grandis, em uma área de dois hectares. O monitoramento do tratamento do efluente no 
solo se deu por meio da utilização de sondas de pontaporosa, coletores de drenagem 
livre (0,50 e 1,50 m de profundidade) e poços de observação. Verificaram-se os 
seguintes resultados nos coletores de drenagem livre (CARRARO, 1995): 
 DQO - Comparando-se os valores do efluente bruto com os valores dos lixiviados 
dos coletores de drenagem livre, verificou-se uma eficiência média de remoção 
de 70% para os coletores de 0,50 m de profundidade e 77% para os coletores de 
1,50 m; 
 DBO - Os valores da DBO nas amostras coletadas dos coletores de drenagem 
livre sofreram uma redução significativa, principalmente aqueles situados a 1,50 
m de profundidade, chegando à remoção de 95%, quando comparados com as 
análises feitas das amostras do efluente bruto; 
 pH - Os valores de pH das amostras do efluente bruto analisados mantiveram-se 
na faixa de aproximadamente 10. Já os valores de pH dos coletores de 
drenagem Livre mantiveram uma média de 6,40 no coletor de 0,50 m e 6,87 no 
coletor de 1,50 m de profundidade. 
Uma pesquisa desenvolvida no norte da Flórida, teve como objetivo avaliar a 
remoção de Nitrogênio e Fósforo do efluente por meio da irrigação de culturas 
agrícolas. Foi aplicado efluente terciário a uma taxa de 98 m³.ha-1.dia-1 na irrigação por 
aspersão de culturas agrícolas, entre elas o eucalipto da espécie grandis. Devido a dois 
invernos rigorosos ocorreu um pequeno desenvolvimento da espécie grandis, isso 
prejudicou a avaliação da remoção dos nutrientes (MINOGUE et al., 2012). 
Na primeira e na segunda etapa desta pesquisa, que geraram as dissertações 
de mestrado do presente autor (VERONÊZ, 2009) e de Salomão (2012) foram 
verificadas as seguintes conclusões: 
18 
 
 Os resultados de DBO e DQO demonstraram que o sistema solo-planta 
apresentou-se extremamente eficiente na remoção da matéria orgânica presente 
no efluente aplicado, sendo 95% para DBO e 93% para DQO; 
 Ocorreu redução na população de bactérias E. coli (indicadora de poluição fecal), 
destacando-se que 42% dos resultados dos tratamentos irrigados com efluentes 
apresentaram densidades inferiores a 1 NMP/100 mL (LQ); 
 A baixa concentração de metais pesados nos percolados devido às 
características do efluente aplicado e a alta capacidade do solo na retenção 
desses metais não interferiram na qualidade do lixiviado e, provavelmente, no 
desenvolvimento dos eucaliptos. 
2.3 Regulamentações e Diretrizes para o Reúso da Água 
As regulamentações e diretrizes sobre o reúso da água, normalmente, foram 
estabelecidas devido à necessidade de adequação das práticas que já ocorrem ou que 
poderão ocorrer no futuro. 
Os critérios estabelecidos para a prática do reúso são baseados principalmente 
na proteção à saúde pública e ao meio ambiente. Normalmente esses critérios 
apresentam os tratamentos mínimos necessários, os padrões de qualidade exigidos 
para determinados usos, a eficiência exigida para o tratamento, a concepção dos 
sistemas de distribuição e o controle de uso de áreas (CROOK, 1998). 
Organizações internacionais têm se dedicado à recomendação de critérios de 
saúde para a utilização de efluentes sanitários. A OMS - Organização Mundial da 
Saúde editou, no ano de 2006, novas diretrizes sanitárias voltadas para o reúso de 
águas residuárias, “Guidelines for the safe use of wastewater, excreta and greywater” 
(WHO, 2006). 
19 
 
De acordo com Crook (1998), nos Estados Unidos cada estado é responsável 
por legislar sobre o reúso, não havendo regulamentação federal. Em 1918, a Califórnia 
foi pioneira na adoção de padrões para reúso em irrigação agrícola. A partir de então, 
são revisados seus padrões, acrescenta outros tipos de reúso possíveis e os 
tratamentos necessários. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos 
(USEPA - United States Environmetal Protection Agency), publicou em 1992 diretrizes a 
fim de propiciar um direcionamento adequado aos estados que não possuíam 
regulamentação. Em 2000 foi revisado o Water Recycling Criteria com a apresentação 
dos usos e possibilidades de aplicação, em função do tratamento previsto para os 
efluentes (METCALF & EDDY, 2004). 
Outros estados americanos criaram suas próprias regulamentações a partir do 
reconhecimento do reúso como parte integrante da gestão de recursos hídricos. No ano 
de 2002, 25 estados adotaram normas relativas ao reúso da água, desses, 16 estados 
passaram a utilizar orientações ou padrões de projeto e 9 estados não tinham 
regulamentos ou orientações. Nestes últimos, os programas podem ser permitidos 
desde que baseados em estudos específicos de acordo com as diretrizes da Agência 
de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, documento publicado em 1992 e revisado 
em 2004 (USEPA, 2004). 
Com raras exceções, as diretrizes estabelecidas pela USEPA e recomendadas 
pela OMS têm servido de referência para elaboração de normas que regulam o reúso 
da água em diversos países, claro que com algumas adaptações devido a realidade do 
local. 
De acordo com Yoval e Misset (2004), no México as diretrizes para reúso de 
água são baseadas nas normas oficiais do país, considerando estudos epidemiológicos, 
condições econômicas locais, como estratégia para a conservação de água de outras 
fontes e aproveitamento de nutrientes e matéria orgânica. 
20 
 
Em Israel, no ano de 1965, o Ministério da Saúde estabeleceu normas visando 
permitir a utilização de efluentes sanitários provenientes do tratamento secundário na 
irrigação de vegetais que podem ser ingeridos crus (ASANO, 1998). 
Na Itália o monitoramento da qualidade das águas de reúso é rigoroso para que 
não ocorra contaminação dos recursos hídricos. A lei no 319/76 complementada pelos 
“Critérios, Metodologia e Padrões Técnicos Gerais” (ano de 1977) tratam do reúso 
agrícola, visando à proteção do solo utilizado e das culturas irrigadas com efluentes, 
estabelecendo padrões mínimos necessários em função das características das 
plantações (BONTOUX, 1998). 
Conforme Rodrigues (2005), na Tunísia os programas de reúso começaram na 
década de sessenta, sendo uma das poucas nações do Mediterrâneo que possui uma 
política federal de reúso implementada. A legislação proíbe irrigação de qualquer 
cultura que possa ser consumida crua ou cozida. Logo, os efluentes com tratamento 
secundário podem ser aplicados a uma série de culturas, com exceção das utilizadas 
como alimentos pelo homem. A qualidade das águas de reúso, segundo a lei na 
Tunísia, deve ser suficiente para evitar a transmissão de doenças. 
A França possui uma localização geográfica privilegiada em relação aos 
recursos hídricos, sendo considerada autossuficiente. No entanto, em algumas regiões 
do país, há déficit hídrico na relação demanda/disponibilidade. As indústrias, 
pressionadas pelos aumentos dos custos decorrentes de sua poluição, têm promovido a 
reciclagem da água que utilizam e consequentemente reduzindo seu consumo. 
No Brasil existem poucas referências de legislação e normas a respeito da 
utilização de efluentes na forma de reúso na agricultura. 
Umas dessas referências é a Resolução no 54, do CNRH (Conselho Nacional 
de Recursos Hídricos), datada de 28 de novembro de 2005, a qual estabelece 
modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso direto não potável de 
21 
 
água. Na resolução é definido que o reúso direto não potável de água, abrange as 
seguintes modalidades (BRASIL, 2006): 
I - reúso para fins urbanos: utilização de água de reúso para fins de irrigação 
paisagística, lavagem de logradouros públicos e veículos, desobstrução de tubulações, 
construção civil, edificações, combate a incêndio, dentro da área urbana; 
II - reúso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reúso para produção 
agrícolae cultivo de florestas plantadas; 
III - reúso para fins ambientais: utilização de água de reúso para implantação de 
projetos de recuperação do meio ambiente; 
IV - reúso para fins industriais: utilização de água de reúso em processos, atividades e 
operações industriais; e, 
V - reúso na aqüicultura: utilização de água de reúso para a criação de animais ou 
cultivo de vegetais aquáticos. 
 
A Resolução CNRH no 54 também estabelece que as diretrizes, critérios e 
parâmetros específicos para as modalidades de reúso sejam estabelecidos pelos 
órgãos competentes. 
Na Resolução no 121, do CNRH (Conselho Nacional de Recursos Hídricos), 
datada de 16 de dezembro de 2010, foram estabelecidas diretrizes e critérios para a 
prática e reúso direto não potável de água na modalidade agrícola e florestal. A seguir 
são apresentadas algumas diretrizes e critérios definidos nessa resolução: 
 As características físicas, químicas e biológicas para a água em todos os tipos de 
reúso para fins agrícolas e florestais deverão atender os limites definidos na 
legislação pertinente; 
 A caracterização e o monitoramento periódico da água de reúso serão realizados 
de acordo com critérios definidos pelo órgão ou entidade competente; 
 A aplicação de água de reúso para fins agrícolas e florestais não pode 
apresentar riscos ou causar danos ambientais e à saúde pública; 
22 
 
 As concentrações recomendadas de elementos e substâncias químicas no solo, 
para todos os tipos de reúso para fins agrícolas e florestais, são os valores de 
prevenção que constam da legislação pertinente; 
 A caracterização e o monitoramento periódico do solo que recebe a água de 
reúso serão realizados de acordo com critérios definidos pelo órgão competente; 
 Qualquer acidente ou impacto ambiental, decorrente da aplicação da água de 
reúso que possa comprometer os demais usos da água no entorno da área 
afetada, deverá ser informado imediatamente ao órgão ou entidade competente 
e ao respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica pelo produtor, distribuidor e usuário 
da água de reuso; 
 Os métodos de análise para determinação dos parâmetros de qualidade da água 
e do solo devem atender às especificações normativas pertinentes. 
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) por meio da NBR-
13.969/97 referente a “Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e 
disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação” define que o 
esgoto tratado poderá ser utilizado para todos os usos que o usuário precisar, tais como 
lavagens de pisos, calçadas, irrigação de jardins e pomares, manutenção da água nos 
canais e lagos dos jardins, nas descargas dos banheiros, etc. Não deve ser permitido o 
uso, mesmo desinfetado, para irrigação das hortaliças e frutas de ramas rastejantes 
(por exemplo, melão e melancia). Admite-se seu reúso para plantações de milho, arroz, 
trigo, café e outras árvores frutíferas, via escoamento no solo, tomando-se o cuidado de 
interromper a irrigação pelo menos 10 dias antes da colheita (ABNT, 1997). 
No ano de 2006 a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), 
empresa do Governo do Estado de São Paulo responsável pelo controle, fiscalização, 
monitoramento e licenciamento de atividades geradoras de poluição, publicou a 
Instrução técnica no 31, no intuito de criar procedimentos internos para disciplinar a 
prática de reúso de efluente proveniente de estação de tratamento de esgoto sanitário. 
Na resolução existem alguns condicionantes em relação à área a ser utilizada para o 
reúso: 
23 
 
 Não deve estar em áreas de preservação permanente - APP ou de reserva legal; 
 Não deve estar em zona de proteção de poços, não estar em áreas de proteção 
máxima de aqüífero e áreas de proteção aos mananciais; 
 Deve estar afastada 50 metros de vias de domínio público, em irrigação de 
culturas, afastamento de, no mínimo, 500 metros de núcleos populacionais, 
afastamento de 200 metros de cursos d’água e coleções hídricas; 
 A profundidade mínima do nível do aquífero freático na área irrigada é de 3 
metros; 
 A declividade máxima de até 15% para a área destinada à irrigação. 
O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) por meio das Resoluções 
357/2005 e 430/2011 estabeleceu condições e padrões de lançamento de efluentes. 
Essas resoluções estabelecem os valores máximos permitidos para lançamento no 
corpo receptor e também determinam que os efluentes não poderão conferir ao corpo 
receptor características de qualidade em desacordo com seu enquadramento, ou seja, 
o lançamento dos efluentes deverão obedecer a capacidade de suporte do corpo 
receptor, que representa valor máximo de determinado poluente que o corpo hídrico 
pode receber, sem comprometer a qualidade da água. 
Recentemente o Estado São Paulo aprovou a cobrança pelo uso dos recursos 
hídricos, apesar de não tratar especificamente do reúso, a reutilização da água reflete 
diretamente no valor final a ser pago pelo usuário, dessa forma, sua compreensão e 
aplicação é de fundamental importância no desenvolvimento desse trabalho. 
A cobrança pelo uso dos recursos hídricos é um dos instrumentos previstos na 
Política Estadual de Recursos Hídricos. Esse instrumento foi aprovado no Estado de 
24 
 
São Paulo através da Lei no 12.183 de 29 de dezembro de 2005 e regulamentado pelo 
Decreto no 50.667, de 30 de março de 2006. 
A cobrança pelo uso dos recursos hídricos é uma ferramenta de gestão 
ambiental para controle e manejo dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos nas 
Bacias Hidrográficas e tem como objetivos (SÃO PAULO, 2005): 
 Reconhecer a água como bem público de valor econômico e dar ao usuário uma 
indicação de seu real valor; 
 Incentivar o uso racional e sustentável da água; 
 Obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções 
contemplados nos planos de recursos hídricos e saneamento; 
 Distribuir o custo sócio-ambiental pelo uso degradador e indiscriminado da água; 
 Utilizar a cobrança da água como instrumento de planejamento, gestão integrada 
e descentralizada do uso da água e seus conflitos. 
É importante ressaltar que a cobrança pelo uso dos recursos hídricos não é 
receita derivada do patrimônio dos administrados, ou seja, um tributo. Na realidade, 
trata-se do pagamento pelo uso de um bem público, no caso a água, constituindo um 
preço público. Além disso, um imposto é um tributo exigido ao contribuinte pelo 
governo, independentemente da prestação de serviços específicos, o que não é o caso 
da cobrança, pois ela se caracteriza como um dos instrumentos de gestão das Políticas 
Estadual e Nacional de Recursos Hídricos. Finalmente, o valor que será cobrado é 
pactuado pelos membros do comitê de bacia e aprovado em sua reunião plenária, que 
pode também decidir se haverá ou não cobrança na bacia hidrográfica. Dessa forma, 
não se trata de um imposto no qual o contribuinte é impossibilitado de participar 
diretamente da decisão sobre seu valor, critérios e conveniência. Porém, se os 
25 
 
membros do comitê decidirem não efetuar a cobrança, devem estar cientes do impacto 
desta decisão sobre a quantidade e a qualidade da água de sua bacia (ANA, 2007). 
No caso de rios de domínio do estado de São Paulo o produto da cobrança será 
creditado em uma subconta do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO, 
correspondente à Bacia em que for arrecadado, e o respectivo Comitê de Bacia decidirá 
como o recurso será aplicado (SÃO PAULO, 2005). 
De acordo com São Paulo (2006), para cálculo da cobrança pelo uso dos 
recursos hídricos superficiais e subterrâneos, os tipos de usuários de água são 
classificados em: 
I. Usuário urbano, público

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