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1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A Arte da Guerra para Farmacêuticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Estratégias para o Sucesso Profissional Leonardo Doro Pires* *Autor dos livros “Gestão Estratégica para Farmacêuticos” e “Guia ICTQ de Carreiras Farmacêuticas”. Empresário, fundador do grupo “O Farmacêutico Gestor”, consultor em estratégias de varejo e palestrante. Farmacêutico (UFJF), especialista em tecnologia industrial (UFRJ) e mestre em gestão, pesquisa e tecnologia (PUC). Professor do ICTQ, da escola de Gestão e Negócios da UnP e coordenador de consultoria do EMPREENDE. 2 Prefácio Transpiração e inspiração *Dr. Júlio Fernandes Maia Neto Em 1983, fundei a Farmafórmula e hoje somos a maior rede do segmento magistral do país, com mais de 80 farmácias de manipulação presentes em todas as regiões brasileiras. Quando olho para trás, vejo que não foi fácil. Houve muitos erros e acertos, mas construímos uma história escrita com muita transpiração e inspiração. Ao ler o livro do Dr. Leonardo Doro Pires, a minha imaginação me levou a reviver um delicioso resgate dessa trajetória profissional. Impressionante como, de alguma forma, eu me guiei pelos conteúdos aqui abordados durante minhas empreitadas no mundo dos negócios. A Arte da Guerra para Farmacêuticos prima em destacar os tortuosos caminhos que enfrentamos em direção ao que alguns chamam de sucesso – eu de realização. Nesta obra, o profissional farmacêutico transcorrerá por temas como carreira, sucesso, motivação, liderança e autoconhecimento. O autor prima em mostrar a importância da pró-atividade profissional como único caminho para se destacar nessa profissão, onde a concorrência é cada vez mais acirrada. Sei que muitos tabus norteiam os temas ligados ao sucesso na carreira farmacêutica. Apesar disso, pessoalmente, escolhi empreender nesta profissão que tanto amo e esse caminho exige do profissional, antes de mais nada, um perfil voltado para o que é inovador e desafiador. O empreendedor é motivado pela autorrealização, pelo desejo de assumir responsabilidades, pelo desafio de gerenciar riscos e de ser independente. 3 O famoso jornalista irlandês, George Bernard Shaw, afirmou: “O homem lúcido adapta-se ao mundo; o homem errante persiste em tentar adaptar o mundo a si próprio. Portanto, todo o progresso depende do homem errante". Pois bem, este livro é o começo do caminho para você se tornar o homem errante de Shaw. Saiba que tudo pode ser melhorado, por isso procure surpreender e seja pragmático na busca por resultados. Não tenho dúvidas de que ao terminar este livro, você terá despertado para um mundo de causa e efeito, onde você será responsável por escolher, construir e trilhar seu próprio caminho. Preparado? Então vista sua armadura, desembainhe sua espada e venha aprender a arte da guerra para farmacêuticos! * Presidente da Rede Farmaformula, farmacêutico com mestrado em Administração de Empresas e autor do livro “Farmácia hospitalar e suas interfaces com a saúde”. 4 Apresentação *Dr. Marcel Lima Ribeiro Dantas Em conversa informal com o Dr. Leonardo Doro, ele me disse que escreveria A Arte da Guerra para Farmacêuticos. Desde o início, achei uma ótima ideia. Comecei a minha carreira profissional em uma grande rede de farmácias de manipulação e, ao atingir um cargo de liderança, percebi o quanto precisava ler sobre gestão. A literatura especializada em gestão de organizações farmacêuticas era escassa e, por isso, optei por obras gerais. Comecei pelo clássico A Arte da Guerra, do general chinês Sun Tzu. Tal obra se configura em um tratado militar de indiscutível valor e que pode ser aplicado em variadas circunstâncias, como por estrategistas que objetivam vencer competições entre empresas ou por profissionais que desejam atingir suas metas na carreira. Entretanto, para aqueles que não são habituados a combates, suas minúcias podem ser de difícil compreensão. Hoje, existem várias obras que esmiúçam as ideias básicas de Sun Tzu em diversos campos. Porém, faltava sua interpretação para ser usada por farmacêuticos em busca do sucesso profissional. Esta lacuna foi brilhantemente preenchida pela presente obra. Em essência, Sun Tzu ensinava acerca de se lidar simultaneamente com o inimigo e com si próprio. Na presente obra, o “inimigo” se refere aos desafios impostos pela profissão. Unindo esses dois apontamentos, não há nada a temer. Neste livro, tais lições são desdobradas ao longo de XIX capítulos. O primeiro introduz os três passos básicos para o sucesso profissional. No capítulo seguinte, é traçado um paralelo entre a guerra e a carreira profissional. São citadas 40 possibilidades de carreiras farmacêuticas e colocados ainda cinco fatores fundamentais para se vencer um conflito. O Capítulo III versa sobre a coragem para enfrentar desafios ao liderar ou ser liderado. 5 A formulação estratégica é o ponto central do quarto capítulo. São comentados os elementos que fazem com que as oportunidades sejam aproveitadas por meio do uso adequado do planejamento e da tomada de decisão. Os Capítulos V e VI são sobre a implementação de estratégias pessoais. O quinto explora a importância da inovação e da motivação diária; enquanto o posterior aborda o ritmo das ações, com o cuidado especial para evitar a postergação e buscar a proatividade. As necessidades humanas são comentadas no Capítulo VII. A lente do Autor recai sobre o processo de recompensa. Incita reflexões como: quais são as minhas necessidades? O que me impulsiona a me tornar um profissional melhor? Como se constrói a amizade do grupo de trabalho? Como se consegue o reconhecimento? De que maneira é possível contribuir para a sociedade? O oitavo capítulo aconselha sobre como agir nas divergências com os colegas de trabalho. Já o nono trata dos conflitos que não podem ser evitados, da agressividade saudável e da agressividade perversa. O Capítulo X discute os riscos inerentes à liderança. O autoconhecimento é palavra-chave do décimo primeiro capítulo. O Autor trata deste assunto como algo perene, que identifica as próprias qualidades e limitações. Apresenta ainda situações didáticas que podem ser vivenciadas por farmacêuticos. Sequencialmente, o Capítulo XII trabalha o senso de oportunidade, isto é, como podem ser aproveitadas situações externas favoráveis. É usado o exemplo da prescrição farmacêutica, campo que se mostra promissor. O décimo terceiro capítulo, por sua vez, é sobre a bravura e se mostra intimamente ligado ao Capítulo IV. O Capítulo XIV é sobre a compreensão dos pontos fortes, com grande destaque para o relacionamento interpessoal. O posterior versa sobre a comunicação. O Autor reflete sobre comentários de Sun Tzu, como quando o militar ressalta a importância da comunicação para unificar os ouvidos e os olhos dos soldados para que olhem e escutem em uníssono. O Capítulo XVI discute sobre como lidar com a impulsividade e suas consequências. A 6 autoridade é tratada no capítulo seguinte. Tal tema é enfocado com base na experiência do Autor e são debatidas várias formas de autoridade. O Capítulo XVIII detalha um aspecto do relacionamento entre pessoas: a lealdade. O Dr. Leonardo medita sobre pensamentos do general chinês, como, por exemplo: “Quando o mando perdeu a lealdade das tropas, os soldados se falam com franqueza sobre os problemascom seus superiores”. O derradeiro capítulo trata do empreendedorismo, a carreira que oferece maior possibilidade de retorno financeiro. O Autor comenta características do indivíduo empreendedor e também sobre o enorme papel social decorrente da geração de novos postos de trabalho e riqueza para a população ligada ao negócio. O general Sun Tzu destacava a necessidade de vencer antes de ir à guerra, isto é, de realizar um planejamento minucioso. Recomendo que pense onde deseja estar profissionalmente em 10, 20 ou até mesmo 30 anos. Em seguida, determine o que deve fazer para alcançar tais aspirações. Defina a sua estratégia para que não faça parte da estratégia de alguém. Para encerrar, aconselho que utilize bem este livro como parte de tais aspirações profissionais. * Empresário no ramo de clínicas e hospitais, graduado em Farmácia e em Administração. Possui mestrado em Administração pela UNP. 7 “O sucesso e o amor foram feitos para o desfrute dos corajosos.” (Ovídio) 8 Nota do autor Uma constante tempestade de ideias e a quase insuportável necessidade de compartilhá-las me levaram a escrever este livro. Tenho plena consciência dos perigos do caminho no qual estou enveredando, do relativismo do assunto e da dificuldade de tratar do tema “sucesso” por meio de uma abordagem que vá além do tecnicismo profissional das cadeiras já desgastadas das faculdades e do tema salarial, inerente a qualquer profissão. Espero com esta obra poder despertar em colegas farmacêuticos algo além da necessidade constante de aperfeiçoamento e estudo, mostrar o meu conceito de sucesso, que, em resumo, é a capacidade de autorrealização e de transformar um sonho em realidade. Isso mesmo, o velho clichê de transformar sonhos em realidades. Não tenho pudor em escrevê-lo por ser esta a minha principal convicção. Neste livro, falaremos de carreira profissional utilizando termos militares, que na medida do possível, devem ser despidos da agressividade que lhe são característicos. Hora de deixar os paradigmas de lado, como disse Albert Einstein: loucura é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes. Sejam bem-vindos ao universo de A Arte da Guerra para Farmacêuticos. 9 Sumário Capítulo I - O Sucesso profissional 10 Capítulo II - A escolha do campo de batalha 13 Capítulo III - Desafios do mercado profissional 23 Capítulo IV - Sobre estratégia 33 Capítulo V - Sobre o princípio das ações 37 Capítulo VI - Sobre a velocidade das ações 42 Capítulo VII - A teoria das necessidades humanas 46 Capítulo VIII- Relação entre conflitos e carreira 53 Capítulo IX - Sobre o conflito inevitável 59 Capítulo X - Sobre os riscos da liderança 64 Capítulo XI - O poder do autoconhecimento 69 Capítulo XII - Sobre o senso de oportunidade 74 Capítulo XIII - O poder da bravura 79 Capítulo XIV - Enxergando as qualidades 83 Capítulo XV - A importância da comunicação 87 Capítulo XVI - Controlando a impulsividade 91 Capítulo XVII - O exercício da autoridade 95 Capítulo XVIII - Sobre a lealdade 101 Capítulo XIX - Acordando para o empreendedorismo 106 Referências bibliográficas 114 Post scriptum 115 10 Capítulo I O SUCESSO PROFISSIONAL ................. 11 “O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo.” Winston Churchill O mercado de trabalho para profissionais de Farmácia, apesar de amplo, é extremamente competitivo. Para obter sucesso nessa profissão o primeiro passo é dominar as habilidades fornecidas pelas disciplinas básicas da formação farmacêutica, com conteúdos voltados para cuidados com a saúde e para a tecnologia de medicamentos. A grande maioria dos profissionais cumpre esta etapa. O segundo é a qualificação, adquirida geralmente através da realização de cursos de formação complementar como especializações, mestrados e doutorados, além do conhecimento prático, obtido com o exercício da carreira farmacêutica escolhida. Muitos profissionais negligenciam esta etapa, não se especializando ou abstendo-se de praticar os conteúdos teóricos obtidos. Cumprido os dois primeiros passos, resta o terceiro. Este muito mais audacioso, seletivo e fascinante, consiste em se abster de todas as crenças limitantes. Estas são as coisas que aprendemos em alguma fase da nossa vida para nos defendermos ou estabelecermos um limite em alguma situação. Chegaram até nós através de frases que ouvimos quando criança, conselhos protetores e críticas que recebemos. São escudos geradores de conformismo que criamos para não nos submetermos a situações de risco o perigo. Quando buscamos o sucesso profissional, o que nos serviu no passado deve ser reprogramado para pensamentos mais adequados à nossa capacidade atual de nos defendermos, atacarmos e analisarmos o mundo. É preciso pensar estrategicamente, entender o nosso mercado de atuação, enxergar as possibilidades de sucesso e dar o terceiro passo, ou seja, é preciso FAZER ACONTECER. O sucesso profissional é incompatível com ações e pensamentos de incapacidade, é preciso livrar-se de ideias como: “Ah, se eu tivesse uma chance!”, “Eu sou cabeça dura.”, “Ah, se eu tivesse 12 dinheiro!”, “Agora é tarde.”, “Não posso abraçar o mundo com as mãos.”, “Não depende de mim.”, entre outras. De forma sucinta, podemos afirmar que os dois primeiros passos para o sucesso, a formação e a especialização são incrementais de potência. Já o terceiro passo, o desprendimento das crenças limitantes, é o fator de controle que possibilita a intervenção na realidade vivida pelo profissional e a consequente geração de uma nova realidade, mais próspera. Prosperidade e sucesso são conceitos bem pessoais. Por isso, não é o intuito desta obra impor um modelo de profissional bem-sucedido e sim apresentar ferramentas para a busca do patamar profissional desejado. O fato é: seja qual for sua concepção de sucesso, você terá que ir a luta e superar desafios pessoais e profissionais, até chegar lá. Este livro irá te guiar pelos caminhos apresentados, de forma inusitada, pelo general, estrategista e filósofo chinês, Sun Tzu, em sua obra A Arte da Guerra, composta por 13 capítulos de estratégias militares. Correlacionaremos as teorias apresentadas na obra original às práticas e crenças adotadas por profissionais farmacêuticos, validando-as frente às teorias mais modernas da administração de empresas e de carreiras. Esperamos que, ao final da leitura, o profissional de farmácia sinta-se preparado para o “empreendedorismo profissional” e utilize os ensinamentos de A Arte da Guerra para Farmacêuticos para vencer as batalhas que se apresentam no dia a dia de nossa bela profissão. 13 Capítulo II A ESCOLHA DO CAMPO DE BATALHA ................. 14 “O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência.” Henry Ford 2.1 Guerra x Carreira Sobre a avaliação: Sun Tzu disse: a guerra é de vital importânciapara o Estado; é o domínio da vida ou da morte, o caminho para a sobrevivência ou a perda do Império: é preciso manejá-la bem. Não refletir seriamente sobre tudo o que lhe concerne é dar prova de uma culpável indiferença no que diz respeito à conservação ou à perda do que nos é mais querido; e isso não deve ocorrer entre nós. Há que valorá-la em termos de cinco fatores fundamentais, e fazer comparações entre diversas condições dos contentores, com vistas a determinar o resultado da guerra. O primeiro desses fatores é a doutrina; o segundo, o tempo, o terceiro, o terreno, o quarto, o mando e o quinto, a disciplina. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) Neste primeiro momento, podemos fazer uma analogia da Guerra descrita por Sun Tzu com a carreira que, como profissionais, queremos criar. Temos que nos perguntar: o quanto manejamos bem nossa carreira? A palavra “manejar” utilizada por Tzu conota ação e domínio, implicando em “controle”. 15 Cabe-nos a seguinte reflexão: estamos no controle da nossa carreira ou somos profissionais a deriva, aguardando o acontecimento, ou não, de eventos que gerem oportunidades de ascensão e realização profissional? Claramente, é preciso criar um planejamento de carreira e traçar um ou mais caminhos profissionais a serem trilhados. As possibilidades de carreira dentro da Farmácia são várias. Por isso, um prévio conhecimento acerca desse tema é imprescindível para atingirmos os conhecimentos necessários ao pleno exercício profissional. Para fins de ilustração e demonstração de possibilidades, citaremos aqui 40 carreiras possíveis dentro da profissão farmacêutica, sendo importante ressaltar que estas não esgotam as inúmeras possibilidades profissionais. São elas: farmacêutico, farmacêutico empreendedor, farmacêutico industrial, farmacêutico clínico, farmacêutico responsável técnico, assuntos regulatórios, farmacêutico hospitalar, farmacêutico gerente técnico, farmacêutico sanitarista, farmacêutico auditor, biofarmacêutico, farmacêutico pesquisador, farmacêutico bioquímico, farmacêutico magistral, farmacêutico gestor de qualidade, educador farmacêutico, farmacêutico de atuação química, farmacêutico de assistência pública de saúde, farmacêutico desportivo, farmacêutico gestor de farmacovigilância, farmacêutico especialista em farmacoeconomia, cientista farmacêutico, farmacêutico home care, farmacêutico toxicólogo, farmacêutico cosmetologista, farmacêutico oncológico, farmacêutico especialista em radiofarmácia, farmacêutico gestor de marketing, farmacêutico epidemiologista, farmacêutico propagandista, farmacêutico geneticista (genética humana), farmacêutico citopatologista, farmacêutico hematologista, farmacêutico bromatologista (alimentos), farmacêutico social mídia, farmacêutico veterinário, farmacêutico especialista em controle ambiental, farmacêutico homeopata, farmacêutico especialista em fitoterápicos e farmacêutico acupunturista. Impossível dissociar o sucesso profissional de uma escolha de carreira condizente com nossa expectativa de atuação. Nosso conselho é que você conheça melhor o perfil necessário para atuação nas carreiras citadas acima e compare com o seu perfil profissional. A partir deste ponto você poderá buscar 16 a carreira que mais se encaixa em suas características ou trabalhar suas habilidades para se adequar à carreira que você almeja. Também é importante buscar informações sobre expectativas de remuneração e restrições geográficas de atuação para não haver nenhuma frustração futura, seja ela salarial ou uma necessidade inesperada de mudança de cidade para exercício profissional. Esta última situação é comum para carreiras muito específicas ou desenhadas dentro de grandes corporações, e quando não contempladas no planejamento podem trazer complicações na vida pessoal. Daremos seguimento, elencando os cinco fatores fundamentais para o sucesso na guerra, segundo Sun Tzu. 1. A doutrina significa aquilo que faz com que o povo esteja em harmonia com seu governante, de modo que o siga onde esse for, sem temer por suas vidas, nem de correr qualquer perigo. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) Quando Tzu fala da doutrina e sobre a harmonia do povo com o governante, logo percebemos a importância de um líder ou um mentor para o sucesso da empreitada em uma guerra. Na vida profissional não é diferente, muitos farmacêuticos já trilharam os caminhos que pensamos trilhar um dia. É imprescindível, nessa jornada, que busquemos compartilhar as experiências de profissionais que nos sirvam de exemplo, a fim de aprendermos com os erros e acertos cometidos por eles em seu trajeto profissional. Aconselho fortemente o uso da mentoria de profissionais mais experientes e a criação de uma rede de contatos para benchmarking profissional. Lembre-se que profissionais de sucesso cercam-se de pessoas bem-sucedidas e entusiasmadas com a vida e com a profissão. Precisamos, portanto, tomar cuidado para não deixarmos que o pessimismo de alguns profissionais contamine nossas pretensões. Vale o antigo provérbio: “Diga-me com quem andas e eu lhe direi quem és.” 17 2. O tempo significa o Ying e o Yang, a noite e o dia, o frio e o calor, dias ensolarados ou chuvosos e a mudança das estações. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) Ao se referir ao Ying e ao Yang, em seu aspecto temporal, o autor de A Arte da Guerra chama a atenção para os dias ensolarados e para os dias chuvosos, isto é, para os contrastes. Pois bem, na vida profissional não é diferente, passaremos por dias de veraneio profissional, nos quais nossas empreitadas geram recompensas pessoais e profissionais – são pequenas vitórias que devem ser comemoradas, sempre que alcançadas. Desse modo, a capacidade de comemorar pequenas conquistas é uma característica inerente ao profissional de sucesso, que entende que a felicidade é a soma de pequenas alegrias e vive intensamente os momentos prazerosos da vida pessoal e profissional. Por outro lado, haverá dias de inverno, tempos escuros nos quais pequenas derrotas devem ser utilizadas como momentos de aprendizado e não como alavanca para o desânimo e a desistência. É na dificuldade que aqueles que se prepararam e não têm dúvidas sobre suas pretensões se diferenciam dos que estão a “mercê da direção em que o vento sopra”. Se você tem um plano traçado, é preciso persistir. Afinal, dificuldades aparecerão (ou já apareceram). Por isso, seja inovador em suas ações e reações. Se você conseguir enxergar um obstáculo com antecedência, poderá desviar-se, mas se não conseguir enxergá-lo a tempo, siga em frente, atropele- o. 3. O terreno implica as distâncias, e faz referência onde é fácil ou difícil deslocar-se, se é em campo aberto ou em lugares estreitos, e isto influencia as possibilidades de sobrevivência. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) 18 Ao se referir ao terreno, Sun Tzu faz referência ao lugar onde é fácil ou difícil deslocar-se, se é em campo aberto ou lugares estreitos. Aqui temos que ser pragmáticos e dedicarmos tempo à escolha da carreira. Dentro da área farmacêutica algumas carreiras demonstram ser um campo mais aberto, permitindo que o profissional atue em várias frentes, como, por exemplo, a carreira de farmacêutico gestor, cujas possibilidades de atuação abrangem todas as empresas que se relacionam com o setor farmacêutico. Grosso modo, quanto mais abertas as possibilidades da carreira, maior o risco de o profissional perder o foco de atuação e ser confundido com um generalista, incapaz de tangibilizar seus conhecimentos e entregar resultados efetivosna profissão. Já em caminhos mais estreitos, ou em carreiras mais delimitadas, como a de farmacêutico especialista em radiofarmácia, por exemplo, a perda de foco profissional é mais improvável. Nesse caso, o profissional deve ter cuidado com as oportunidades existentes na região geográfica que pretende atuar, pois caso as oportunidades sejam restritas à migração de uma carreira mais específica para uma mais abrangente, com vagas mais disponíveis, seria um retrabalho. Em suma, no deslocamento em campo aberto deve-se ter atenção redobrada para conseguir transformar o conhecimento em resultados e oportunidades de trabalho, enquanto em campo fechado deve-se ter cuidado com a disponibilidade de vagas para a profissão escolhida. 4. O mando há de ter como qualidades: sabedoria, sinceridade, benevolência, coragem e disciplina. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) 19 Neste ponto, Tzu nos traz algumas características do líder. O exercício da liderança é praticamente indissociável do sucesso profissional. Analisemos as qualidades citadas: a) Sabedoria - Tanto na nossa vida pessoal como profissional, como se fosse possível separá-las, é importante sermos resilientes, ou seja, capazes lidar com problemas, superar obstáculos e resistir à pressão de situações adversas sem sofrermos algum surto psicológico. Uma das poucas certezas que temos é que passaremos por dificuldades em nossas vidas. Por isso, é preciso tranquilidade para enfrentarmos as dificuldades. Além de sermos resilientes, precisamos aprender com as nossas dificuldades. Transformar o caos em oportunidades, perdas em crescimentos, fracassos em experiências. Essas atitudes perante a vida são sinais de sabedoria. Essa sabedoria nos momentos difíceis nos ajuda a estarmos em paz com a vida e a sermos mais felizes. b) Sinceridade - A escolha de uma conduta profissional sincera não é uma escolha fácil, pois ela nos retira da zona de conforto, nos expõe e nos obriga a revelar muitas vezes o que preferimos deixar guardado. Sinceridade não pode ser confundida com falta de educação. É comum observarmos pessoas que dizem ser sinceras, porque “falam as coisas na cara das outras, mesmo” e não percebem que isso não é sinceridade, pois na realidade estão sendo mal educadas. Ser sincero é uma opção de amor à equipe que envolve comportamento. Dessa forma, se o líder deseja ajudar o liderado, a muralha da vaidade deve cair por terra, na busca de uma conduta transparente. O caminho do sucesso profissional passa inegavelmente pelo trabalho em equipe. Neste, os objetivos devem ser comuns e claros para todos. Isso é sinceridade profissional. c) Benevolência - Esta palavra nos remete à bondade – ânimo para com algo ou alguém. Parte significativa do sucesso não reside nas recompensas financeiras e sim em outros ganhos mais difíceis de serem mensurados. Um deles é a autossatisfação. O exercício daquilo que chamamos bondade ou 20 companheirismo traz paz interior, gera sensação e bem-estar e reforça o ciclo de relacionamentos. Mais que uma questão profissional é uma questão humana ter carinho no trato pessoal e dentro de nossas capacidades contribuirmos para o desenvolvimento do próximo. d) Coragem – Difícil sintetizar os conceitos que formam minha percepção de coragem. O famoso jornalista irlandês, George Bernard Shaw, afirmou: “O homem lúcido adapta-se ao mundo; o homem errante persiste em tentar adaptar o mundo a si próprio. Portanto, todo o progresso depende do homem errante". Pois bem, chamamos de corajoso o homem errante de Shaw. Ele sabe que tudo pode ser melhorado, pensa “fora da caixa” e é pragmático na busca de resultados. Nesse sentido, talvez a coragem seja o principal pré- requisito para o sucesso profissional. e) Disciplina – A disciplina é o “piloto automático” do profissional farmacêutico de sucesso. É ela que nos remete aos métodos, à persistência, ao cumprimento das metas traçadas no planejamento profissional. Um bom exemplo do poder da disciplina é este livro que você está lendo agora. Durante sua elaboração precisei escrever pelo menos 1 hora por dia, de segunda a segunda. Sem esta ação, ele não estaria em suas mãos. Obviamente não é fácil ser disciplinado. A tentação de pular um dia e compensar com duas horas no próximo é constante, porém isso serviria de porta de entrada para outras atitudes mais permissivas. Daí a necessidade de ter a disciplina como um valor, uma crença capaz de colocar a carreira em movimento, independente da motivação momentânea. A disciplina é capaz de compensar os gaps motivacionais que aparecem durante o desenvolvimento da carreira profissional. Lembre-se: ao falar ou atuar no âmbito da liderança e da gestão de pessoas, jogue limpo, dê o exemplo, escute, reconheça e, principalmente, não tenha medo de dizer não. 21 5. Por último, há de ser compreendida como a organização do exército, as graduações e classes entre os oficiais, a regulação das rotas de mantimentos, e a provisão de material militar ao exército. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) Tzu deixa claro que para se obter sucesso numa empreitada, não basta uma boa estratégia. Sua operacionalização através da hierarquização das responsabilidades e da organização logística do evento de guerra é fundamental na cruzada militar. Você deve estar se perguntando: que tipo de ensinamento posso tirar do quinto fator descrito por Sun Tzu? Simples: planejamento sem ação é perda de tempo! É comum vermos jovens profissionais planejarem a carreira minuciosamente e postergarem as ações que os levariam a ter sucesso profissionalmente. Ações como: a) bater na porta de várias empresas para solicitar um estágio, mesmo que voluntário; b) Procurar o SEBRAE para saber qual o procedimento para abertura de uma pequena farmácia; c) Ingressar numa especialização, mestrado ou doutorado. Enfim, tomar a inciativa. Uma conhecida frase do célebre Thomas Edison resume o que estamos tentando explicar: “Talento é 1% inspiração e 99% transpiração.” Quando nos deparamos com profissionais de sucesso, em qualquer área, nossa tendência é achar que essas pessoas se sobressaíram por serem melhores que as outras, mais inteligentes ou mais espertas. No entanto, na maioria das vezes, estamos errados. Os profissionais bem-sucedidos se sobressaíram porque suaram mais, perderam mais noites de sono, mais horas de almoço, se submeteram a mais sacrifícios e, principalmente, operacionalizaram sua estratégia. Isto é, agiram. Não tenho dúvidas de que o sucesso é a soma de vários pequenos fracassos. Tanto na vida profissional quanto na pessoal temos que aprender a 22 superar os obstáculos que a vida nos impõe, que seguir em frente e deixar para trás o que deu errado. Vence quem persiste! Segundo Tzu, os cinco fatores fundamentais que vimos acima hão de ser conhecidos por cada general. Aquele que os domina, vence; aquele que não, sai derrotado. 23 Capítulo III DESAFIOS DO MERCADO PROFISSIONAL ................. 24 “Ter medo inibe nossas ações. Vence quem enfrenta os desafios com coragem.” Hugo Schlesinger O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo, e as empresas exigem profissionais cada vez mais preparados e qualificados. Por isso, para conquistaruma boa posição profissional, é preciso ter força de vontade e buscar, constantemente, a ampliação dos conhecimentos e o aperfeiçoamento das habilidades. Em A Arte da Guerra, o autor dedica-se a orientar estrategistas militares a se embasarem em algumas comparações com o exercito inimigo sempre que forem traçar planos de batalha. Tzu relata que, ao iniciar uma batalha, é impossível tomar uma decisão sem responder as sete perguntas abaixo: • Qual dirigente é mais sábio e capaz? • Que comandante possui o maior talento? • Que exército obtém vantagens da natureza e terreno? • Em que exército se observam melhor as regulações e as instruções? • Quais as tropas mais fortes? • Que exército tem oficiais e tropas melhor treinadas? • Que exército administra recompensas e castigos de forma mais justa? (Sun Tzu, A Arte da Guerra) 25 Segundo o autor, mediante o estudo desses sete fatores, serás capaz de adivinhar qual dos dois grupos sairá vitorioso e qual será derrotado. Em suas palavras: “O general que siga meu conselho, é certo que vencerá. Esse general há de ser mantido na liderança. Aquele que ignorar meus conselhos, certamente será derrotado. E deve ser destituído. Além de prestar atenção a meus conselhos e planos, o general deve criar uma situação que contribua com seu cumprimento. Por situação quero dizer que deve levar em consideração a situação do campo, e atuar de acordo com o que lhe for vantajoso.” (Sun Tzu, A Arte da Guerra) Diferentemente da situação contextualizada acima, no mercado de trabalho não estamos em guerra contra um inimigo, mas nos deparamos com encruzilhadas profissionais que demandam uma tomada de decisão. Por exemplo: a) Devo permanecer na empresa que trabalho ou procurar uma melhor? b) Tenho duas propostas de trabalho. Qual dela será melhor para minha carreira? c) Não me relaciono bem com meu gerente. O que devo fazer? d) A empresa não reconhece meu esforço. Como devo proceder? e) Esforço-me para receber uma promoção, mas sempre que aparece uma oportunidade a empresa contrata um profissional “de fora”. Como faço para ser notado? f) Devo me tornar um empreendedor e abrir uma farmácia? Qual a melhor localização? Enfim, podemos recorrer às sete perguntas descritas por Tzu para embasar a resposta das nossas ânsias profissionais, aqui detalharemos a implicação de cada uma delas: 1a ) Qual dirigente é mais sábio e capaz? 26 Quando o autor de A Arte da Guerra diz que uma das formas de prever o vencedor de uma batalha é investigar a sabedoria do dirigente, vemos a importância desta qualidade numa liderança. Afinal, o que é Sabedoria? Quando procuramos no dicionário Michaelis, vemos que sabedoria é “a aplicação inteligente dos conhecimentos e o discernimento adquirido pelas experiências de uma longa vida.” Isso nos faz refletir sobre duas situações: a) a experiência profissional é algo que não pode ser substituído pela experiência acadêmica, apenas o tempo é capaz de proporcioná-la; b) devemos procurar os mais “sábios” e aprender com eles. No campo de batalha profissional é imprescindível escolher o lado certo, pois o seu sucesso está diretamente ligado ao sucesso dos que estão ao seu redor. Faz-se necessário espelhar-se num mentor, isto é, alguém que, como o dirigente de Sun Tzu, seja sábio e capaz. O fato é que muitas vezes somos impacientes, achamos que precisamos de uma promoção e acabamos nos precipitando. Talvez não tenhamos o discernimento para saber se estamos preparados tecnicamente para determinado cargo, o talvez não tenhamos a “sabedoria” necessária para expormos nosso ponto de visa. Nessas situações, vale a pena ter uma conversa aberta com o gerente com o objetivo de traçar um caminho que nos prepare para uma promoção futura. 2a ) Que comandante possui o maior talento? Para entender essa reflexão de Tzu, vamos recorrer ao Dicionário Aurélio que se refere ao talento como uma “Aptidão natural ou adquirida”. Sendo assim, vence a batalha aquele que tiver maior aptidão, conhecimento ou habilidade técnica. Essa informação é muito importante na hora de decidirmos entre duas propostas de trabalho, logicamente, sem deixar de lado a avaliação da proposta financeira. 27 Acredite! É muito comum vermos profissionais mudarem de emprego em busca de um aumento salarial e não se adaptarem na nova empresa, ou não conseguirem mostrar os resultados esperados na nova função. Um dos fatores que pode levar a esta situação é a deficiência técnica da nova equipe de trabalho, incluindo o dirigente, onde o profissional foi inserido. No mercado industrial farmacêutico, é corriqueiro empresas de menor porte assediarem analistas de grandes empresas com a promessa de cargos de coordenação e gerência. Seguindo o raciocínio de Tzu cabe ao farmacêutico avaliar o Konw How da empresa que fez a proposta e avaliar se nela ele terá acesso a uma equipe com conhecimentos e habilidades técnicas compatíveis ao da sua equipe na empresa de menor porte, pois isso será primordial para o sucesso profissional em terreno tão especializado como o da indústria farmacêutica. Obviamente, aqui, cabe assumir o risco e ingressar numa estrutura empresarial sem os recursos necessários, mas com as condições ideias para ganho de “bagagem profissional”. Entretanto, esse risco deve ser calculado. Lembre-se: você será o comandante, ganhará se tiver talento. 3a ) Que exército obtém vantagens da natureza e terreno? Aqui vou me ater ao empreendedor farmacêutico, o pequeno varejista. Este profissional está cada vez mais encurralado pelas grandes redes e, por isso, obter vantagens inerentes à natureza do terreno é fator crucial para sobrevivência do pequeno empresário. O aumento da eficiência da cadeia de suprimentos das maiores redes de drogarias e o alto grau de colaboração entre indústrias e estes grandes varejistas, potencializando cada vez mais a expansão dessas “mega” empresas e dando-lhes maior agressividade nas políticas de precificação de seus produtos. Do outro lado deste campo de batalha, encontram-se as drogarias e farmácias independentes. Na maioria das vezes, administradas pelo próprio proprietário, geralmente, sem formação ou experiência adequada para tal. 28 A maioria desses pequenos empreendimentos encontra-se na periferia de grandes cidades e em cidades menores, principais eixos de expansão das maiores redes do ramo, que se estabelecem nessas localidades promovendo uma concorrência implacável frente à gestão empírica de algumas pequenas farmácias e drogarias. Pergunto: o que Sun Tzu faria nessa situação? Sem dúvida alguma, ele tiraria vantagem da natureza e terreno. O farmacêutico empreendedor sabe que as regiões periféricas são “terrenos” com grande deficiência em infraestrutura de saúde e devem tirar proveito comercial disso para diferenciar seu negócio e entregar valor à sociedade. Sem dúvida, o escape estratégico sugerido por Tzu para vencer essa batalha seria direcionar o posicionamento para o lado da diferenciação, visando à consolidação da empresa como estabelecimento de saúde. Nesse sentido, o pequeno varejo de medicamentos tem nos serviços prestados pelo profissional Farmacêutico a única força capaz de impedir que as grandes redes assumam o seu lugar no mercado. As farmácias individuais serão indestrutíveis, quando o principal produto de suas gôndolas for a atenção primária à saúde e quando o seu principal ator for o Farmacêutico – o único profissional, nesse contexto, capaz de controlar avela que pode dar a direção correta para os pequenos barcos do varejo farmacêutico. 4a ) Em que exército se observam melhor as regulações e as instruções? Para Tzu o exército vencedor é aquele que possui as melhores regulações e instruções. O que ele quis dizer com isso e qual a aplicação desse apontamento no mercado profissional? Quando falamos em regulações e instruções, estamos nos referindo às regras e procedimentos bem descritos. Segundo o autor de A Arte da Guerra, vence a batalha os exércitos que não dependem de improvisos, seguem o planejado e pautam todas as decisões em regras preestabelecidas. 29 Ao levar esse ensinamento para o mercado profissional farmacêutico, observamos a importância de existir, no ambiente de trabalho, regras claras – pautadas na meritocracia e em procedimentos conhecidos e consolidados pela liderança empresarial. Uma das maiores fontes de conflitos nas empresas é a falta de regras que uniformizem os comportamentos profissionais, levando as lideranças a julgarem determinados méritos com base em variáveis abstratas. Ao surgir uma vaga para promoção em determinado setor de uma empresa farmacêutica, um gerente pode se perguntar: quem eu vou promover? Ao responder essa pergunta, a falta de regulações de promoção com base em indicadores e meritocracia pode levar a uma decisão não muito transparente e até mesmo injusta, comprometendo o desempenho de toda a equipe. Para evitar essa situação de conflito, cabe ao profissional farmacêutico, enquanto líder, implantar sistemas meritocráticos de promoção nas instituições que gerenciam e, enquanto liderados, cobrar dos seus superiores um sistema de gestão que exponha de maneira transparente e mensurável o desempenho de todos os membros da equipe, assim como regras de norteiem as execução das tarefas a eles delegadas. 5a ) Quais as tropas mais fortes? O grande estrategista sabia que a força de uma tropa era determinante no resultado de uma empreitada bélica. Aqui, eu te pergunto: qual é a força da sua equipe? Antes de analisarmos a quinta pergunta deixada por Tzu, vamos diferenciar um grupo de uma equipe. O primeiro pode ser definido como um agrupamento de pessoas. Já a segunda - a equipe - é um agrupamento de pessoas com um objetivo comum e que partilham suas habilidades para atingimento deste objetivo. Dito isso, não restam dúvidas de que a verdadeira força não está no grupo e sim na equipe. 30 Cabe ao profissional farmacêutico enxergar no trabalho em equipe a principal arma para superar os obstáculos profissionais. Precisamos nos tornar seres de coletividade e desenvolver a arte do relacionamento. Exemplificando nosso raciocínio, é fato conhecido entre os profissionais de Recursos Humanos que 80% das contratações de profissionais (de executivos, diretores e presidentes) acontecem por força da rede de relacionamentos. Como profissional farmacêutico você deve buscar fazer parte de uma “tropa” forte onde todos trabalhem e pensem em sinergia com um objetivo de prosperidade. Você deve estar se perguntando: como faço para desenvolver a arte do relacionamento e ampliar minha rede de contatos? Dentre as inúmeras estratégias, a minha predileta é: aprenda a ver as qualidades das pessoas, e não os defeitos. O ser humano tende a dar mais holofote aos defeitos de alguém, descartando um relacionamento pessoal, ou profissional, e enfatizando características que julga serem deletérias em outras pessoas. Ora, todos têm defeitos e qualidades. Desse modo, aqueles que se ativerem às qualidades das pessoas conseguirão extrair delas o seu melhor desempenho em prol de um objetivo comum e terão, em sua tropa, um grande aliado para caminhar pelos tortuosos caminhos do mercado farmacêutico. 6a ) Que exército tem oficiais e tropas melhor treinados? Aqui o grande estrategista chama nossa atenção para a prática e o aperfeiçoamento. O primeiro exemplo de encruzilhada profissional que colocamos nos apontamentos deste capítulo é: “Devo permanecer na empresa que trabalho ou procurar uma melhor?” Tzu entende que o profissional bem treinado estará mais preparado para encarar, de frente, os desafios do campo de batalha. É comum, no decorrer da carreira, escolhermos empresas de transição. Elas não oferecem os melhores salários, nem tampouco o melhor clima organizacional, mas permitem aos profissionais de farmácia nela inseridos permear rotinas que outras organizações, talvez pelo porte ou 31 estrutura organizacional, não permitiriam. O profissional farmacêutico deve enxergar estas empresas como pontes que o levarão ao patamar profissional desejado, encarar o desafio com muita resiliência e, apesar das dificuldades que se apresentem no dia a dia de trabalho, desempenhar o seu trabalho da melhor forma possível, com profissionalismo e dedicação. Há pouco tempo, chamamos a atenção para a resiliência profissional. Mas qual é o verdadeiro poder dessa arte? Fisicamente, a resiliência é a propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. No mercado de trabalho, a resiliência é a capacidade de um profissional suportar um alto nível de estresse sem alterar sua capacidade de decisão e raciocínio, não se deixando abalar diante de situações adversas no ambiente de trabalho e passando com serenidade por momentos turbulentos. 6a ) Que exército administra recompensas e castigos de forma mais justa? Chegamos à sétima, e última, pergunta de Sun Tzu. Nela o estrategista militar trata de justiça e liderança. Muitas das nossas angústias e desapontamentos profissionais passam por momentos que julgamos injustos, ou por não termos sido recompensados de forma adequada ou repreendidos por motivos alheios ao nosso entendimento. O tema é delicado e implica uma relação direta que envolve Líder – Liderado. Para explicar melhor, exemplificaremos duas situações: Na primeira, você é o líder. O papel do líder é caminhar junto com seus liderados em direção a um objetivo comum. Durante essa caminhada, cabe ao líder reconhecer os méritos de sua equipe e recompensá-la. Aqui não estamos falando apenas de recompensa financeira, mas de uma palavra de agradecimento, um piscar de olho ou um muito obrigado. A sintonia entre o líder e a sua equipe deve ser fina e, por consequência, todos devem ver refletido no olhar do líder sua satisfação com o comprometimento dos liderados. No lado oposto do reconhecimento, está a repreensão. Quando Tzu 32 fala de castigo, utiliza uma terminologia da época para explicar a importância do feedback negativo. Cabe ao líder monitorar sua equipe e, quando necessário, mostrar que erros são cometidos. Além disso, deve responsabilizar os envolvidos. Sun Tzu sabia dos perigos que espreitam a liderança liberal e acreditava que uma liderança forte e alerta é imprescindível para o cumprimento de uma missão. Ele estava certo. Na segunda situação, você é o liderado. A arte de ser liderado é a arte de trabalhar em equipe, de ter a sensação de pertencimento a um grupo de pessoas que trabalha em prol de um objetivo comum. Todo membro de uma equipe sabe a importância de uma recompensa, mas nem todos sabem da importância de uma palavra que, apesar de soar depreciativa, mostra as imperfeições do nosso trabalho. Como bons profissionais farmacêuticos temos que aprender a receber o feedback negativo da liderança e utilizá-lo para crescimento profissional, sempre no intuito de corrigir defeitos e melhorar a cada dia.33 Capítulo IV SOBRE ESTRATÉGIA ................. 34 “Gênio é quem sabe aplicar a arte da oportunidade.” Napoleão Bonaparte O termo “estratégia” tem suas origens na Grécia Antiga e significava “a arte do general”, ou seja, as habilidades que o comandante do exército possuía de organizar e executar as campanhas militares. Os dicionários acompanham esse aspecto bélico do conceito e costumeiramente conceituam a estratégia como a arte de conduzir exércitos de forma a atingir seus objetivos ou vencer ou derrotar seus oponentes. No âmbito organizacional, apesar de não lidarmos com exércitos, tropas e inimigos, muitos dos elementos originalmente presentes no ideal da estratégia ainda permanecem. Uma das definições mais comumente utilizadas para estratégia atualmente pode ser resumida em uma frase: Estratégia é um truque! Como veremos a seguir, Tzu já sabia disso. A arte da guerra se baseia no engano. Portanto, quando és capaz de atacar, deves aparentar incapacidade e, quando as tropas se movem, aparentar inatividade. Se estás perto do inimigo, deves fazê- lo crer que estás longe; se longe, aparentar que se está perto. Colocar iscas para atrair ao inimigo. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) Essa é uma das passagens mais emblemáticas da grande obra sobre estratégia militar. Ela fala sobre a arte da dissimulação, abordando dois aspectos principais, são eles: a) A importância de manter a discrição sobre algumas informações, ou pontos fortes, que você tenha conseguido 35 obter. No mercado cada vez mais competitivo em que vivemos é muito importante buscar informações e habilidades que nos diferenciem, profissionalmente, da grande maioria dos concorrentes no mercado. Esperar a hora certa para mostrar superioridade é um trunfo que poucos profissionais sabem usar. b) Da mesma forma que a arte da dissimulação pode camuflar um ponto forte e levá-lo a escolher o melhor momento para se expor, um ponto fraco pode ser camuflado com confiança. A autoconfiança é uma das principais características do profissional de sucesso. Como diria Tzu: “Quando for fraco, finja ser forte!” Outro fator importante a ser estudado em estratégia é o “time”, isto é, o tempo certo para tomar decisões profissionais e pessoais. Vejamos como a Arte da Guerra trata desse tema: Golpear o inimigo quando está desordenado. Preparar-se contra ele quando está seguro em todas as partes. Evitá-lo durante um tempo quando é mais forte. Se teu oponente tem um temperamento colérico, tente irritá-lo. Se é arrogante, trata de fomentar seu egoísmo. Se as tropas inimigas se acham bem preparadas após uma reorganização, tenta desordená-las. Se estão unidas, semeia a dissensão entre suas filas. Ataca o inimigo quando não está preparado, e aparece quando não te espera. Estas são as chaves da vitória pela estratégia. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) 36 Tzu nos ensina que existe uma coisa chamada “senso de oportunidade” e que atitudes possuem hora e local para serem tomadas. Nas palavras do estrategista, “devemos atacar quando o inimigo está desnorteado”. Quantas vezes numa reunião profissional deixamos de expor nossa opinião ou perdemos o momento certo de falar algo. Este momento não volta! Agora, se as estimações realizadas antes da batalha indicam vitória, é porque os cálculos cuidadosamente realizados mostram que tuas condições são mais favoráveis que as condições do inimigo; se indicam derrota, é porque mostram que as condições favoráveis para a batalha são menores. Com uma avaliação cuidadosa, podes vencer; sem ela, não podes. Menos oportunidades de vitória terá aquele que não realiza cálculos em absoluto. Graças a este método, se pode examinar a situação, e o resultado aparece claramente. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) Nesse ponto, a gestão de carreira toma corpo nas palavras de Sun Tzu, pois ao enunciar que “as estimações realizadas antes da batalha indicam vitória”, ele evoca o planejamento e a utilização de indicadores para balizar as tomadas de decisão. O grande estrategista militar sabe que a base do sucesso reside na gestão, que nas palavras engenheiro francês Jules Henry Fayol, um dos fundadores da administração moderna, se restringe a planejar, organizar, dirigir e controlar. Eis o mantra da vitória! 37 Capítulo V SOBRE O PRINCÍPIO DAS AÇÕES ................. 38 “Sentar e chorar não é uma opção para os fortes!” Raniery Pimenta Todos os dias milhares de farmacêuticos acordam com uma meta: ir para o trabalho e apresentar a melhor performance diante das situações mais adversas. Muitos desses profissionais seguem "mecanicamente" para as organizações, enquanto outros possuem algo que os diferenciam dos demais: o espírito de competitividade. Registre-se aqui, a competição no sentido saudável, ou seja, de traçar objetivos, desenvolver novas competências, tanto técnicas quanto comportamentais, e não temer o processo constante de inovação que se instituiu no âmbito corporativo. Ser um profissional competitivo é ter em mente que seu grande diferencial está em suas competências técnicas e humanas. É ter metas pessoais e profissionais, sonhos e planos. Neste capítulo, iremos abordar os desafios profissionais que são impostos a nós e às nossas equipes, dando ênfase à rotina diária de trabalho, em busca daquilo que chamamos de sucesso. Vejamos alguns apontamentos de A Arte da Guerra: Uma vez começada a batalha, ainda que estejas ganhando, se continuar por muito tempo, desanimará as tuas tropas e embotará tua espada. Se estás sitiando uma cidade, esgotarás tuas forças. Se mantiveres teu exército durante muito tempo em campanha, teus mantimentos se esgotarão. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) No texto acima, Tzu nos chama a atenção para duas armadilhas que podem nos ferir no decorrer da carreira. 39 A primeira é a falta de inovação, vulgarmente conhecida como “mesmice”. Profissionais precisam entender que mesmo que estejam vencendo, ou obtendo sucesso na carreira, necessitam se reinventar. Já a segunda é a falta de marcos comemorativos – aqui falo para líderes. Precisamos dividir uma grande meta em várias metas menores e repassá-las à nossa equipe. Cada uma dessas metas deve ser comemorada ao ser atingida. Como disse Tzu: “se manténs teu exército durante muito tempo em campanha, teus mantimentos se esgotarão.” Se mantém sua equipe durante muito tempo na perseguição de uma meta distante, suas energias irão findar. Tzu também nos dá dicas sobre que tipo de comportamento profissional devemos adotar na condução de nossa carreira, principalmente no que se refere à agressividade. Vejamos: As armas são instrumentos de má sorte; empregá-las por muito tempo produzirá calamidades. Como se tem dito: "Os que a ferro matam, a ferro morrem." (Sun Tzu, A Arte da Guerra) Uma força robusta o suficiente para alavancar uma carreira reside no “poder das relações”. A habilidade no trato com colegas de trabalho é fator determinante de sucesso profissional para qualquer farmacêutico. Muitos profissionais utilizam de rispidez para ganho imediato. Isso pode funcionar no curto prazo, mas seapresenta como barreira intransponível para alçar maiores voos na profissão. No entanto, aqui, estamos chovendo no molhado. Em outras palavras, Tzu apenas reforça o que nossos pais nos ensinou há muitos anos, o respeito. 40 Tzu também demonstra grande preocupação com o tema motivacional, vejamos: Quando tuas tropas estão desanimadas, tua espada embotada, esgotadas estão tuas forças e teus mantimentos são escassos, até os teus se aproveitarão de tua debilidade para sublevar-se. Então, ainda que tenhas conselheiros sábios, ao final não poderás fazer que as coisas saiam bem. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) Nessa passagem, deparamo-nos com uma das maiores verdades sobre o alicerce do sucesso, a pedra fundamental: a motivação! Apenas uma característica é comum a todos os profissionais bem sucedidos, o “sangue no olho”. O profissional desmotivado é incapaz de convencer alguém sobre suas intenções. Não importa o quão o mesmo se especialize, a motivação não se relaciona com conhecimento, mas com vontade. É preciso acreditar. Aqui peço licença para apresentar um poema de Napoleon Hill, especialista na área de realização pessoal. Hill era assessor do presidente norte americano Franklin Delano Roosevelt. Filosofia do Sucesso (Napoleon Hill) Se você pensa que é um derrotado, você será derrotado. Se não pensar “quero a qualquer custo!” Não conseguirá nada. 41 Mesmo que você queira vencer, mas pensa que não vai conseguir, a vitória não sorrirá para você. Se você fizer as coisas pela metade, você será fracassado. Nós descobrimos neste mundo que o sucesso começa pela intenção da gente e tudo se determina pelo nosso espírito. Se você pensa que é um malogrado, você se torna como tal. Se almeja atingir uma posição mais elevada, deve, antes de obter a vitória, dotar-se da convicção de que conseguirá infalivelmente. A luta pela vida nem sempre é vantajosa aos fortes nem aos espertos. Mais cedo ou mais tarde, quem cativa a vitória é aquele que crê plenamente: Eu conseguirei! 42 Capítulo VI SOBRE A VELOCIDADE DAS AÇÕES ................. 43 “Na patinagem sobre o gelo, a segurança está na velocidade.” Ralph Waldo Emerson Procrastinar é a “arte” de adiar. Em um cenário corporativo, no qual cobrança, responsabilidade e competitividade se acentuam de forma crescente, procrastinar é caminhar rumo ao precipício profissional. Tudo o que acontece na carreira está diretamente relacionado aos seguintes pontos: 1) A sua capacidade de atrair coisas boas ou coisas ruins, dependendo de suas atitudes; 2) A sua capacidade de realizar a contento aquilo que lhe é atribuído em troca de um benefício ou de uma remuneração; 3) A sua capacidade para enfrentar as adversidades que surgem com frequência no seu caminho todas as vezes que você encontra-se devidamente bem instalado na sua zona de conforto pessoal e profissional. 4) A sua capacidade de realizar as coisas de maneira mais rápida e eficiente do que as pessoas ao seu redor. Pois bem, Tzu também não se preocupava somente com o que deveria ser feito, mas dava atenção especial à velocidade com a qual as ações deveriam ser executas. Vejamos: Como se diz comumente, seja rápido como o trovão que retumba antes de que tenhas podido tapar os ouvidos; veloz como o relâmpago que brilha antes de haver podido piscar. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) 44 Para o grande estrategista militar, a postergação de uma ação era um ponto fraco, que poderia culminar em uma derrota no campo de batalha. Na vida profissional não é diferente. Conheço muitos farmacêuticos que deixaram oportunidades escaparem pelos dedos das mãos por deixarem uma ação para mais tarde, seja esta ação um telefonema pedindo uma indicação para um trabalho, a matrícula num curso de pós-graduação ou uma reunião com seus liderados para resolver um problema. Vivemos num mundo cada vez mais competitivo, onde o vencedor não é aquele que pensa rápido, mas aquele que faz rápido. Devemos cultivar o hábito da ação e assumir a direção de nossas carreiras. É imprescindível abandonar hábitos reativos e vestir a camisa do protagonista. A proatividade é a chave para o sucesso. Mas, afinal, qual o significado desse termo? Goethe, famoso escritor alemão, certa vez disse: “Tudo o que você conseguir fazer ou sonhar que pode, comece a fazer. A ousadia traz em si talento, poder e magia.” A frase, trecho de um famoso poema do século 18, pode ser considerada uma referência à proatividade. Naquela época, Goethe nem sabia o que era isso, mas em tempos difíceis como estes que estamos vivendo, onde a competitividade entre as organizações está no seu ápice, essa capacidade de tomar iniciativa, seja na criação de projetos, na resolução de problemas ou na organização de tarefas, é muito bem vinda no ambiente profissional. Mas a proatividade é um conceito que vai além. Consiste em um comportamento de antecipação, em que o profissional prevê adversidades e se antecipa para enfrentá-las, tomando uma atitude de responsabilidade pelas próprias escolhas diante das situações. Tomar a iniciativa não significa passar por cima de seus colegas e superiores, nem fazer aquilo que não é necessário fazer. Já dizia Peter Drucker: “Não há nada mais inútil do que fazer com eficiência algo que não deveria ser feito.” Na verdade, a proatividade no ambiente de trabalho se traduz em comportamentos simples como, por exemplo, pesquisar inovações e 45 questionar os métodos utilizados nas rotinas de trabalho e propor melhorias. Em suma, o profissional proativo contribui e muito, para o alcance dos resultados organizacionais, razão pela qual é tão bem visto pelas empresas atualmente. Em qual time de profissionais você joga? No time dos proativos ou dos reativos? Se tiver alguma dúvida, dê uma olhada na tabela de atitudes que elaboramos abaixo. Se estiver no time errado, basta mudar. Tabela das atitudes REATIVOS PROATIVOS Vou ver se consigo. Vou fazer. Meu jeito é assim mesmo. Posso ser melhor que isso. Não posso fazer mais nada. Vou verificar novamente todas as alternativas e achar uma saída. Você arruinou meu dia. Não vou deixar que isso me derrube. Algo de bom vai acontecer. Vou correr atrás e fazer que algo bom aconteça. Temos um problema. Temos uma solução. Você precisa fazer isso. Nós vamos fazer isso. Está bom. Vamos melhorar. A culpa é sua. A responsabilidade é minha. Fonte: Elaborado pelo autor 46 Capítulo VII A TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS ................. 47 “A satisfação está no esforço e não apenas na realização final.” Mahatma Gandhi Os sistemas de recompensa de uma empresa além de incentivar os funcionários a colaborar com o crescimento da organização, proporcionam um maior grau de comprometimento dos funcionários com ela. Um dos aspectos mais importantes de uma organização é o que se relaciona com a política de retribuição e recompensas dos seus parceiros. As recompensas representam um custo para a organização, logo é precisoanalisar a relação entre custos e benefícios de seus sistemas de recompensas, pois devem trazer retorno à organização, além de incentivarem as pessoas a fazer contribuições a ela. A remuneração é o processo que envolve todas as formas de pagamento ou de recompensas que um funcionário recebe em decorrência de seu trabalho. Inclui retornos financeiros e serviços tangíveis, além de benefícios aos empregados como parte das relações de emprego. É importante destacar que as recompensas oferecidas pela organização influenciam diretamente a satisfação dos seus parceiros. A remuneração total de um trabalhador é constituída de três elementos principais: a remuneração básica, os incentivos salariais e os benefícios. A remuneração básica é representada pelo salário, mensal ou honorário. É o valor em dinheiro, recebido pelo funcionário pelo seu trabalho, ou seja, é o montante em dinheiro ou em espécie que o empregado recebe, de forma regular e periódica, como contrapartida do seu trabalho. O autor de A Arte da Guerra fez questão de abordar o tema recompensa no seu manual de batalha. Mas como recompensa e sucesso se correlacionam? Vejamos: 48 Quando recompensas teus homens com os benefícios que ostentavam os adversários, eles lutarão com iniciativa própria, e assim poderás tomar o poder e a influência que tinha o inimigo. É por isto que se diz que onde há grandes recompensas há homens valentes. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) Nas palavras de Tzu, vemos claramente a preocupação da liderança em recompensar seus liderados. Aqui falamos de uma recompensa tangível, seja ela financeira ou não. Obviamente o trabalho bem feito deve ser recompensado, sendo uma das características dos líderes de sucesso se preocuparem com tal fato. Mas a discussão que queremos travar aqui vai além da recompensa para nossos liderados. Queremos adentrar na seara da “autorrecompensa”. E para isso, vamos usar como mote a seguinte pergunta: Que recompensas serviriam de motivação para nos dedicarmos mais à carreira Farmacêutica? Se fizéssemos uma enquete verificaríamos que as respostas a esta pergunta seriam as mais diversas possíveis. Para diminuir o ruído da diversidade, vamos procurar observar esta questão sobre a ótica da hierarquia das necessidades humanas. Dentro das teorias motivacionais, sem dúvida, a mais conhecida é a Hierarquia das Necessidades Humanas, apresentada pela primeira vez em 1943, pelo psicólogo norte-americano Abraham Maslow (1908-1970), tornando- se a conhecida Pirâmide de Maslow. (Figura 1) 49 Pirâmide de Maslow Figura 1 - Hierarquia das Necessidades Humanas A hipótese central da teoria de Maslow é a existência de uma hierarquia das necessidades humanas, constituída pelas necessidades biológicas, psicológicas e sociais. Somente à medida que as necessidades inferiores da hierarquia são satisfeitas, pelo menos em parte, é que surgirão as necessidades superiores da hierarquia. Maslow enfoca a motivação humana a partir das necessidades sentidas pelos indivíduos, organizada em uma hierarquia de cinco graus de sucessiva complexidade e importância. Para entendermos melhor a estruturação proposta por Maslow, é fundamental a fragmentação de cada estrutura da pirâmide, que segue: PRIMÁRIAS 1ª Necessidades Fisiológicas: Considerada uma das necessidades básicas, inclui necessidades tais como: alimentação, sono, abrigo, sexo etc. O homem partilha essas necessidades com os outros animais, como se pode depreender. São necessidades instintivas, naturais, diretamente implicadas na 50 sobrevivência do indivíduo e na preservação da espécie. Se não estiver satisfeita, com fome, por exemplo, uma pessoa esquecerá tudo o mais para achar comida. 2ª Necessidade de Segurança: são as necessidades de estabilidade. O homem agora precisa se proteger contra o risco de privações, fugindo das ameaças que o rodeiam. Se satisfeitas as necessidades primárias, ele precisa agora garantir que os meios necessários para satisfazê-las não lhe faltarão no futuro. Uma pessoa que depende muito de seu emprego poderá apresentar um estado de intenso medo de que algo ocorra e ele perca sua fonte de sustento. Essa pessoa estará, nesse caso, no segundo nível da escala de Maslow. Uma parte muito grande das necessidades humanas é satisfeita hoje com dinheiro. Precisamos de dinheiro para comprar recursos que satisfarão nossas necessidades básicas, e então tratamos de guardar o que for possível para que nada nos falte nos tempos que virão. Estamos agora, novamente, no domínio das necessidades de segurança. SECUNDÁRIAS 1ª Necessidade Afetivosocial: Resolvidas as necessidades primárias, o indivíduo passa a se preocupar com sua relação com os demais indivíduos. Ele agora precisa identificar-se com um grupo social, isto é, ser parte de uma sociedade ou comunidade. O ser humano demanda aceitação e reconhecimento por parte de outras pessoas. Ele precisa de amor, amizade, afeto, companheirismo. Se essas necessidades sociais não estão sendo suficientemente satisfeitas, o que vemos é um indivíduo hostil, agressivo e arredio, inadaptado socialmente em relação às pessoas e demonstrando sentimentos de solidão e baixa autoestima. 2ª Necessidades de Autoestima: Trata-se da necessidade de ser reconhecido como alguém único, como sujeito. Mesmo pertencendo a um grupo social, as pessoas ainda assim precisam distinguir-se, destacar-se de alguma forma. Para isso, símbolos de status ou prestígio são necessários e o indivíduo procura desenvolvê-lo mesmo nos ambientes menos propícios para 51 isso. Ao satisfazer essa categoria de necessidades, o indivíduo sente-se forte, confiante, capaz. Do contrário, poderemos vê-lo inseguro, acovardado, desamparado – por vezes embarcando em atividades compensatórias que podem chegar até mesmo ao alto grau de autodestruição. 3ª Necessidade de Autorrealização: No topo da hierarquia, estão às necessidades humanas mais nobres e elevadas, e mais difíceis de atingir, que permitem ao indivíduo realizar-se plenamente como pessoa. A satisfação dessas necessidades permite à pessoa utilizar em seu próprio benefício seus recursos pessoais, seu potencial de crescimento. Nesse caso, não é nada incomum que a pessoa expresse esse seu estado privilegiado, buscando tornar-se alguém mais contributivo para a sociedade em que vive. Certamente, trata-se de uma aspiração buscada por todos, mas infelizmente, somente atingida por poucos, ao menos em caráter relativamente permanente. A teoria proposta por Maslow não se atém apenas à trajetória profissional dos indivíduos, mas se estende por todas as instâncias da vida em sociedade, família, lazer, vida religiosa, educacional e comunitária. Comumente, necessidades não satisfeitas no ambiente profissional levam o indivíduo à busca de satisfazê-las e outro ambiente, ou vice-versa. Por exemplo, pessoas que carecem de status no ambiente de trabalho poderão buscar condições que os tornem admirados e diferenciados em outros ambientes, como familiar ou escolar. Os níveis propostos na hierarquia sucedem-se na ordem dada: somente após sentir que já está sendo atendido em dado nível na hierarquia das necessidades, o indivíduo passa a sentir a necessidade de atendimento do nível imediatamente mais elevado. Quando qualquer circunstância afeta o atual nível de satisfação das necessidades, retirando do indivíduo as condições adequadas para supri-las, ele passa a experimentar um estado de carência em relação às necessidades do nívelque se encontra imediatamente abaixo. 52 Por exemplo, um profissional farmacêutico que perde o emprego, no qual seu salário fornecia recursos financeiros que lhe permitiam cultivar os amigos com jantares, passeios etc., poderá agora voltar-se para necessidades de nível mais baixo, como as necessidades de segurança. Neste caso, apesar da manutenção do sentimento de amizade, momentos sociais com os amigos passam a ser secundários e ele passa a economizar tudo que ganha. Agora, alicerçados na Hierarquia das Necessidades Humanas de Maslow, percebemos que a derradeira recompensa, descrita por Tzu, encontra- se na autorrealização. É esta necessidade que devemos usar como trampolim para chegar aos degraus mais altos que a carreira farmacêutica pode proporcionar. Mas, para isso, precisamos preencher as lacunas de todas as outras necessidades, dentre as quais dou atenção especial à necessidade primária de segurança. Para um profissional farmacêutico exercer sua profissão com tranquilidade e autonomia, ele precisa que suas decisões profissionais não sejam reféns da necessidade de segurança. Fatores como endividamento e falta de poupança podem fazer com que profissionais se submetam a situações profissionais que não se adequam à realidade de um profissional bem sucedido. Aqui os hábitos pessoais impactam diretamente na carreira profissional. A educação financeira e o hábito de poupar são imprescindíveis para romper a barreira das necessidades primárias e adentrar na escala das necessidades secundárias. Sempre que você tomar uma decisão profissional baseando-se na necessidade de quitar o boleto do cartão de crédito, estará deixando as necessidades superiores de lado. 53 Capítulo VIII RELAÇÃO ENTRE CONFLITOS E CARREIRA ................. 54 “Devemos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe conflito.” Nelson Mandela É comum vermos profissionais que não atingiram sucesso na carreira por causa de “inimizades” acumuladas durante a vida profissional. A arte de resolver conflitos é uma das habilidades mais importantes para o mercado de trabalho. Afinal, evitar e solucionar problemas no ambiente profissional é algo que deve fazer parte da cultura de todos os farmacêuticos de sucesso. Entre os relacionamentos que temos na vida, os de trabalho são diferenciados por dois motivos: um, é que não escolhemos nossos colegas, chefes, clientes ou parceiros; o outro, é que, independentemente do grau de afinidade que temos com as pessoas do ambiente corporativo, precisamos funcionar bem com elas para realizar algo em equipe. Esses ingredientes da convivência no trabalho nos obrigam a lidar com diferenças de opinião, de visão, de formação, de cultura e de comportamento. Fazer isso pode não ser fácil, mas é possível se basearmos nossos relacionamentos interpessoais em cinco pilares: autoconhecimento, empatia, assertividade, cordialidade e ética. Tzu sabia da importância do tratamento respeitoso e cordial, capaz de deixar portas abertas para futuras parcerias, até mesmo com aqueles que inicialmente não eram vistos como aliados. Vejamos: 55 Os soldados prisioneiros devem ser bem tratados, para conseguir que no futuro lutem para ti. A isto se chama vencer o adversário e incrementar por acréscimo em tuas próprias forças. Se utilizas o inimigo para derrotar o inimigo, serás poderoso em qualquer lugar aonde fores. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) No trecho acima de A Arte da Guerra, Sun Tzu nos orienta sobre como devemos tratar aqueles que não apoiam a nossa jornada. Este tratamento não deve ser conflituoso, deixando a porta sempre aberta para uma futura aliança. Isso os políticos fazem bem! Mas como evitar, ou amenizar, um conflito? Sugerimos 3 passos: 1°. Controle suas emoções Nem sempre você vai conseguir se sentir calmo facilmente em períodos de conflito. Por isso, o importante é que você controle as suas emoções para não dizer ou fazer algo que se arrependerá depois. O farmacêutico bem sucedido consegue ter uma visão analítica da situação, utilizando a inteligência emocional mesmo nos momentos mais tensos do dia a dia profissional. 2°. Não tente culpar ninguém O primeiro instinto das pessoas é procurar alguém para culpar, mas essa é apenas mais uma forma de garantir que toda a situação de conflito ficará mais tensa. Tente conversar com todos os envolvidos pacificamente e encontrar uma solução racional para o momento de turbulência. 56 3°. Coloque-se no lugar de outras pessoas Colocar-se no lugar de outras pessoas também ajuda você a encarar o mesmo problema a partir de perspectivas diferentes. Antes de tentar resolver um conflito, analise todos os pontos de vista. No texto abaixo, Tzu lembra que num embate profissional o mais importante é não “remoer” as diferenças, pois esse expediente poderá estender a duração do conflito. Em outras palavras, poderá comprometer a carreira de todos os profissionais envolvidos. Assim, pois, o mais importante em uma operação militar é a vitória e não a persistência. Esta última não é benéfica. Um exército é como o fogo: se não o apagas, se consumirá por si mesmo. (Sun Tzu, A Arte da Guerra) Considere a vitória relatada por Tzu como a diminuição das tensões entre duas partes envolvidas em um conflito. Você deve estar se perguntando, ao invés de me ater a resolver, conflitos, não seria melhor evitar conflitos desnecessários? Sim, é isso que um bom profissional faz. Não estamos falando de ser submisso ou acatar demandas com as quais você não concorda. Estamos falando da utilização de habilidades políticas que podem potencializar a sua carreira através da criação de ambiente profissional de sinergia com os demais colegas de profissão. Para evitar conflitos, damos 2 dicas. São elas: 57 1° – Converse com todos Você não precisa ser amigo de todas as pessoas que trabalham com você, mas é importante que você se mostre aberto para conversar com todos. Se uma pessoa de outra área resolver puxar assunto, esteja disposto a conversar e tente encontrar assuntos em comum. Estar fechado para novas amizades pode prejudicar a sua imagem e facilitar a criação de inimigos. 2° – Ajude os outros Sempre que possível, auxilie as pessoas que estiverem com dificuldade em alguma tarefa e pergunte se alguém precisa de ajuda. Com essas atitudes, você demonstrará ser uma pessoa prestativa e disposta a se engajar com a empresa e os colegas de trabalho. 3° – Seja honesto Se você tiver algum problema com um colega específico, fale diretamente com ele. Evite comentar sobre isso com os seus amigos e jamais inicie uma fofoca sobre a pessoa. Seja ético e chame a pessoa para conversar sobre as coisas que estejam incomodando ou prejudicando o seu trabalho. Para ratificar nossas palavras, recorremos a lição dada por Tzu sobre como evitar conflitos: 58 Como regra geral, é melhor conservar a um inimigo intato que destrui-lo. Captura seus soldados para conquistá-los e dominas seus chefes. Os que ganham todas as batalhas não são realmente profissionais; os que conseguem que se rendam impotentes os exércitos alheios sem lutar, são os melhores mestres da Arte da Guerra. (Sun Tzu, A Arte da Guerra)
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