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1 Sistema Processuais e Princípios DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online SISTEMAS PROCESSUAIS E PRINCÍPIOS Sistemas de Processo Penal. Princípios. Princípios Constitucionais I Doutrina referência para a nossa aula: Guilherme NUCCI – Código de Processo Penal Comentado. Norberto AVENA – Processo Penal Esquematizado. Nestor TÁVORA e Fábio ROQUE – Código de Processo Penal para Concursos. Renato BRASILEIRO de Lima – Manual de Processo Penal. Frederico MARQUES – Elementos de Direito Processual Penal. Do ponto de vista Histórico, há 3 (três) sistemas de processo penal, a saber: • Inquisitivo; • Acusatório; • Misto. Sistema Inquisitivo Teve sua origem no seio do Direito Canônico no século XIII com ampla difu- são na Europa, inclusive na seara jurídica não religiosa, até o século XVIII. O sistema inquisitivo tem a sua esteira na Santa Inquisição e nos seus proce- dimentos em relação aos não cristãos. O que mais o caracteriza é a concentração das funções de acusar, defen- der e julgar em um único ator processual, que assumia o papel de juiz acusador, juiz inquisidor. A autoridade policial é regulamentada pela lei e quando extrapola, responde por abuso. Portanto, não cabe que se utilize o termo “interrogatório inquisitorial” nos atuais procedimentos policiais. Aqui, o acusado é mero objeto do processo, não sendo considerado sujeito de direitos. De acordo com a lição de NUCCI, o Sistema Inquisitorial: “É caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que exerce, também, a função de acusador; a confissão do réu é considerada a rainha das provas; não há debates orais, predominando procedimentos exclusi- vamente escritos; os julgadores não estão sujeitos à recusa; o procedimento é sigiloso; há ausência de contraditório e a defesa é meramente decorativa”. 2 Sistema Processuais e Princípios DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online É o denominado Processo Kafiano, de Kafka, no qual o cidadão não sabe do que está sendo acusado, desconhece os acusadores, é preso e não sabe a razão da prisão, permanece preso e não sabe onde e quem o prende e no final ele começa a acreditar que merece estar preso. Sistema Acusatório Caracteriza-se como um actum trium personarum. Há 3 (três) sujeitos no processo. Há presença de atores processuais distintos com contraposição entre acu- sação e defesa com paridade de armas. E com sobreposição às partes e atua- ção equidistante e imparcial de um juiz. Aqui, há uma separação dos papéis de acusar, defender e julgar. Conforme a lição de BRASILEIRO: “A separação das funções processuais de acusar, defender e julgar entre sujeitos processuais distintos, o reconhecimento dos direitos fundamentais ao acusado, que passa a ser sujeito de direitos e a construção dialética da solu- ção do caso pelas partes, em igualdade de condições, são, assim, as principais características desse modelo”. Sistema Misto ou Francês Surge com o Code d’Instruction Criminelle francês, de 1808. Neste sistema, o processo tem duas fases: a) uma primeira, marcada pela inquisitoriedade, sendo secreto e sem con- traditório; No Brasil, por exemplo, no inquérito policial não há secretismo à luz do art. 20 do CPP. Está previsto o sigilo das investigações, mas jamais serão secretas. As diligências que avançam sobre elementos probatórios sob proteção de orga- nização criminosa serão sigilosas com controle judicial e acompanhamento do Ministério Público (MP). Jamais a polícia procederá as diligências que digam res- peito a direitos fundamentais do investigado, do indiciado, sem controle judicial. A Súmula Vinculante 14 do STF garante o direito de defesa mesmo na fase de inquérito policial. 3 Sistema Processuais e Princípios DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online b) a segunda, uma fase em que há o contraditório e o exercício do direito da ampla defesa. No sistema Misto, conforme NUCCI: “Num primeiro estágio, há procedimento secreto, escrito e sem contradi- tório, enquanto, no segundo, presentes se fazem a oralidade, a publicidade, o contraditório, a concentração dos atos processuais, a intervenção de juízes populares e a livre apreciação das provas”. Qual o Sistema Adotado no Ordenamento Jurídico Brasileiro? Há dois entendimentos doutrinários sobre qual sistema é adotado no Brasil que você precisa saber: I – Sistema Misto, conforme NUCCI: “É certo que muitos processualistas sustentam que o nosso sistema é o acusa- tório. (...) Entretanto, olvida-se, nessa análise, o disposto no Código de Processo Penal, que prevê a colheita inicial da prova através do inquérito policial, pre- sidido por um bacharel em Direito, concursado, que é o delegado, com todos os requisitos do sistema inquisitivo (sigilo, ausência de contraditório e de ampla defesa, procedimento eminentemente escrito, impossibilidade de recusa do con- dutor da investigação etc.). Somente após, ingressa-se com a ação penal e, em juízo, passam a vigorar as garantias constitucionais mencionadas, aproximando- -se o procedimento do sistema acusatório”. II – Sistema Acusatório, conforme BRASILEIRO: “Quando o Código de Processo Penal entrou em vigor, prevalecia o enten- dimento de que o sistema nele previsto era misto. A fase inicial da persecução penal, caracterizada pelo inquérito policial, era inquisitorial. Porém, uma vez iniciado o processo, tínhamos uma fase acusatória. Porém, com o advento da Constituição Federal, que prevê de maneira expressa a separação das fun- ções de acusar, defender e julgar, estando assegurado o contraditório e a ampla defesa, além do princípio da presunção de não culpabilidade, estamos diante de um sistema acusatório”. O delegado de polícia não faz a acusação do investigado. O delegado não é parte. O delegado leva a termo o esforço de angariação probatória à luz da lei e da CF, mas não se imiscui em nenhuma das teses (se houver). 4 Sistema Processuais e Princípios DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online O delegado desenvolve um trabalho técnico distante das partes para que se busque e alcance a verdade verossímil, aquela que mais se aproxima do evento criminoso que é objeto da investigação e, isso respeitando direitos e garan- tias fundamentais, entendendo o investigado como sujeito de direitos. Este é o momento da investigação da viabilidade do próprio processo. O delegado de polícia não investiga para justificar o processo penal. Em matéria de sistema processual penal, o sistema brasileiro é essencial- mente construído sobre os auspícios do contraditório e da ampla defesa. Princípios O princípio, no dizer de NUCCI, in literis: “É um postulado que se irradia por todo sistema de normas, fornecendo um padrão de interpretação, integração, conhecimento e aplicação do direito positivo, estabelecendo uma meta maior a seguir”. Na Lex Excelsa encontram-se princípios que regem o processo penal pátrio. Desses, alguns são explícitos, outros são implícitos. No contexto dos Princípios Constitucionais que regem o processo penal há os que são Princípios Regentes, governantes, que coordenam o sistema de princípios. São os mais relevantes para a efetividade do Estado Democrático de Direito e garantia dos direitos humanos fundamentais. Quais sejam: Princípios Regentes Os princípios regentes são dois: I – Princípio da Dignidade da Pessoa Humana Princípio Rei. Base sobre o qual todos os direitos e garantias individuais são erguidos e sustentados. O princípio Rei também é denominado princípio sol. II – Princípiodo Devido Processo Legal Amálgama de todos os princípios processuais penais, indicativo da regulari- dade do processo penal, que tem como corolários a ampla defesa e o contra- ditório. 5 Sistema Processuais e Princípios DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online A ampla defesa é própria da ação penal. Princípios Constitucionais Explícitos do Processo Penal 1 – Princípio da não culpabilidade ou presunção de inocência Art. 5º, LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; Garante que o ônus da prova cabe à acusação e não à defesa. Confirma a excepcionalidade da prisão cautelar. 1.1 – Princípios consequenciais da prevalência do interesse do réu (favor rei, favor libertatis) e da imunidade a autoacusação (nemo tenetur se detegere). Ninguém é obrigado a produzir provas contra si. 2 – Princípio da Ampla Defesa Art. 5º, LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acu- sados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Ao réu é garantido o direito de se valer de amplos e extensos métodos para se defender em face da força estatal (summa potestas). A um réu que compareça em juízo sem advogado, o juiz é obrigado a cons- tituir advogado pela Defensoria Pública ou um advogado dativo para garantir a liberdade do réu, liberdade que é considerada um bem jurídico de estatura cons- titucional indisponível. Súmula 523 STF No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. Súmula 708 STF É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para consti- tuir outro. 6 Sistema Processuais e Princípios DIREITO PROCESSUAL PENAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online A Súmula Vinculante 14 contempla o do direito de defesa na fase do Inquérito Policial: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório rea- lizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exer- cício do direito de defesa. 3 – Princípio da Plenitude de Defesa Art. 5º, XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; No tribunal do júri busca-se garantir ao réu não somente a ampla defesa, mas plena e completa, a mais próxima possível do perfeito. Isso, inclusive com emprego de argumentos metajurídicos. Os argumentos metajurídicos são os emocionais, sociológicos, históricos uti- lizados no sentido se sensibilizar os jurados. A plenitude de defesa é diferente de ampla defesa. Todas as vezes que há plenitude de defesa haverá ampla defesa. Mas nem todas as vezes em que há ampla defesa, haverá plenitude de defesa, que é exclusiva do tribunal do júri. ����Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Adriano Barbosa.
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