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Coesão no Texto

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Prévia do material em texto

Coesão
Verônica Daniel Kobs*
A coesão é o principal elemento de encadeamento e construção do texto. 
Os elementos coesivos desempenham a função de ligar as ideias umas às 
outras, sem descuidar da lógica e da progressão das informações dadas. Para 
que o texto seja coeso, não basta escrever um número razoável de períodos, 
agrupá-los sem muito critério em parágrafos e, depois, somar os parágrafos já 
formados a outros, para, da união deles, chegar à construção de um texto. 
Como se vê, de acordo com esse raciocínio, que retomou brevemente as 
etapas de formação de um texto, os períodos e os parágrafos não passam 
de peças de um grande quebra-cabeças. Sendo assim, para unir uma peça à 
outra e para conseguir, com numerosas combinações, formar um conjunto 
que faça sentido e seja compreendido pela maioria dos leitores, é necessário 
escolher com cuidado os elementos coesivos, que são os grandes responsá-
veis pela montagem textual.
Essa tarefa é desempenhada por diferentes tipos de palavras: conjunções, 
advérbios, pronomes, preposições, locuções etc. O correto emprego dos ele-
mentos coesivos gera a interdependência das informações apresentadas no 
texto, promovendo a continuidade e estabelecendo relações entre o que 
está sendo dito ou escrito e os dados já mencionados anteriormente.
Obviamente, a coesão relaciona-se fortemente à coerência do texto 
– afinal, para que um texto seja coerente é necessário que os conectivos 
tenham sido bem empregados, para evitar a incompletude de algumas 
partes do texto ou mesmo o conflito entre as ideias apresentadas. Vejamos 
um exemplo de texto coeso (e também coerente).
Scorsese domina um jogo de aparências
(NETTO, 2010)
Começa Ilha do medo, o detetive Teddy Daniels passa mal. Logo se 
descobre que ele está num navio e sente enjoo. No convés, ao lado do 
parceiro Chuck e debaixo de um céu cinza, carregado, ele conversa 
* Doutora em Estudos Li-
terários pela Universidade 
Federal do Paraná (UFPR). 
Mestre em Literatura Bra-
sileira pela UFPR. Licencia-
da em Letras Português- 
-Latim pela UFPR.
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Coesão
sobre o trabalho. Os dois viajam para uma ilha-presídio onde ficam os 
criminosos com distúrbios mentais que ninguém mais tem disposição 
para tratar. Os doentes mais perigosos do país.
A cena é banal, nada demais acontece, mas a música de fundo sugere 
a presença do mal – parece que o navio vai ser engolido pelo mar ou 
outra tragédia qualquer. A composição de Krzysztof Penderecki não é um 
achado do diretor Martin Scorsese porque o polonês já trabalhou para 
David Lynch (o que diz muito sobre sua obra) e muitos o estimam. 
Para entender melhor a importância dos elementos coesivos no texto e iden-
tificar os antecedentes a que eles se referem, façamos uma rápida análise dos 
termos destacados no trecho transcrito.
Já no início, temos o uso de três relatores: 
ele � , que a aparece duas vezes;
no convés � ; e 
os dois � . 
Relembrando o início do texto, temos: 
Começa Ilha do medo, o detetive Teddy Daniels passa mal. Logo se desco-
bre que ele está num navio e sente enjoo. No convés, ao lado do parceiro 
Chuck e debaixo de um céu cinza, carregado, ele conversa sobre o trabalho. 
Os dois viajam […].
Fica claro que ele, nos dois casos, refere-se ao detetive Teddy Daniels, pois 
primeiro vem a informação de que ele “passa mal” e, logo depois, de que “ele 
está num navio e sente enjoo”. O uso do ele, pronome pessoal do caso reto, 
dá nova informação sobre o detetive e evita a repetição do seu nome.
A locução adverbial no convés serve para lembrar ao leitor que os perso-
nagens estão em um navio e para indicar a posição deles nesse ambiente. 
No mesmo período introduzido por essa locução há o uso do relator ele no-
vamente: “[…] ao lado do parceiro Chuck e debaixo de um céu cinza, carre-
gado, ele conversa sobre o trabalho”. Não há dúvida de que ele refere-se a 
Teddy e não a Chuck, já que esse segundo personagem ainda é periférico e 
secundário no texto. Mesmo ele tendo aparecido, o texto continua a infor-
mar sobre Teddy, principalmente.
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Coesão
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Porém, no próximo período, Chuck começa a ganhar importância. Como 
ele já foi apresentado, passa agora a dividir a cena com Teddy. Em razão 
disso, o relator os dois retoma Teddy e Chuck. Perceba que, nesse caso, não 
foi usado um pronome, mas um numeral que serve de sinônimo ao antece-
dente. Além disso, destaque-se que a substituição também evita a repetição 
e abrevia o texto.
Mas o que se diz sobre os dois? Diz-se que “viajam para uma ilha-presídio 
onde ficam os criminosos com distúrbios mentais que ninguém mais tem 
disposição para tratar.” Pois bem: nessa continuidade, aparece outro relator, 
onde, um pronome relativo que retoma o local de destino dos personagens, 
ou seja, a ilha-presídio. Nesse mesmo período, há a informação de que, na-
quele local, “ficam os criminosos com distúrbios mentais que ninguém mais 
tem disposição para tratar”. 
Mas o autor do texto quer dar outra informação sobre as pessoas que 
habitam a ilha. Simples: ele substitui criminosos com distúrbios mentais por 
doentes, apenas, no período seguinte. Além disso, reparem que o período 
inteiro: “Os doentes mais perigosos do país” ainda não deixa o leitor se es-
quecer de que não se trata de doentes comuns, mas de criminosos doentes, 
por isso eles são também qualificados como os “mais perigosos do país”. O 
lembrete alinhava as partes do texto e acentua a ideia de que cada linha, 
cada período ou cada parágrafo é apenas uma pequena parte do todo.
Passemos agora à análise do segundo parágrafo do texto.
A cena é banal, nada demais acontece, mas a música de fundo sugere a 
presença do mal – parece que o navio vai ser engolido pelo mar ou outra 
tragédia qualquer. A composição de Krzysztof Penderecki não é um achado 
do diretor Martin Scorsese porque o polonês já trabalhou para David Lynch 
(o que diz muito sobre sua obra) e muitos o estimam.
De início, é usado o relator a cena, cujo antecedente pode ser facilmente 
identificado. Para tanto, basta que o leitor pergunte “Que cena?” para lembrar 
a viagem da dupla de detetives à ilha-presídio. Essa é a cena e ela é composta 
pela chegada deles e pelo que veem no local.
Na cena, o autor destaca a função da música, mencionando que ela 
“sugere a presença do mal”. Logo em seguida, o novo período afirma que 
“A composição de Krzysztof Penderecki não é um achado […].” A composição 
é um relator e serve de sinônimo para música. Perceba que as informações 
são apresentadas progressivamente. Primeiro, falou-se do efeito da música, 
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Coesão
depois, de quem a compôs. Na sequência, naturalmente, há relatores que 
retomam o nome do compositor, para apresentar mais dados sobre ele. Isso 
explica a continuação: “o polonês já trabalhou para David Lynch (o que diz 
muito sobre sua obra) e muitos o estimam” – na qual o polonês retoma 
Krzysztof Penderecki, assim como sua obra (A obra de quem? De Krzysztof 
Penderecki) e muitos o estimam (Estimam quem? Krzysztof Penderecki).
Verificamos, com essa análise, que o texto encadeia informações relacio-
nadas a um grande tema, o filme Ilha do medo, de Martin Scorsese, tornando 
perceptível a função dos elementos coesivos para o desenvolvimento gradual 
e progressivo do conteúdo do texto e para a riqueza do léxico ou vocabulário 
utilizado. Portanto, algumas informações dizem respeito a um mesmo objeto, 
que é nomeado de diferentes formas, com o uso de palavras sinônimas.
Elementos coesivos e relaçõeslógicas 
Causa e efeito
Para estabelecer essa relação, são usados diversos tipos de relatores, tais 
como os que aparecem em destaque nos exemplos abaixo.
Como há muitas etapas burocráticas a serem cumpridas, o processo ainda 
demorará meses.
Por causa da falta de emprego, a situação financeira dessa família é precária.
Embora os exemplos tenham apresentado como relatores apenas como 
e por causa de, podemos ampliar essa lista, tentando substituir os elementos 
coesivos usados por outros, de sentido semelhante: 
Já que há muitas etapas burocráticas a serem cumpridas, o processo ainda 
demorará meses.
Porque há muitas etapas burocráticas a serem cumpridas, o processo ainda 
demorará meses.
Invertendo a ordem das orações do período, é possível também usar o pois:
O processo ainda demorará meses, pois há muitas etapas burocráticas a 
serem cumpridas.
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Coesão
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Tentando, agora, a substituição do relator por causa de, no outro exemplo, 
é possível a seguinte construção:
Em consequência da falta de emprego, a situação financeira dessa família 
é precária.
Outra possibilidade é dividir o período composto em dois outros, simples, 
interligados pelo relator portanto:
Há falta de emprego. Portanto, a situação financeira dessa família é precária.
A relação de causa e efeito está presente em todos os exemplos, ligando o 
fato gerador (excesso de burocracia e falta de emprego) à sua consequência 
(lentidão do processo e situação precária). Porém, variam os modos de rela-
cionar as duas partes da ideia, ou seja, variam os elementos coesivos usados 
e a prova disso é que, a partir de apenas dois exemplos, formamos muitos 
outros, mantendo o mesmo sentido.
Causa e efeito contrário
Esse tipo de relação rompe com o efeito esperado, ou seja, a consequên-
cia provocada vai contra o que se espera diante do fato gerador. Para simpli-
ficar essa ideia, observemos o período abaixo:
Embora estivesse com pressa, evitou pegar o atalho.
Nessa situação, a pressa justificaria o recurso de tomar um atalho. No en-
tanto, a ação esperada não foi concretizada. A causa (pressa) gerou o efeito 
contrário (recusa à possibilidade de pegar o atalho).
Nesse exemplo, o relator usado foi embora, mas há outros que podem 
cumprir a mesma função. Vejamos: 
Apesar de estar com pressa, evitou pegar o atalho.
Estava com pressa, mas evitou pegar o atalho.
Estava com pressa, mas evitou pegar o atalho.
Estava com pressa. Contudo, evitou pegar o atalho.
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Coesão
Estava com pressa. Entretanto, evitou pegar o atalho.
Evitou pegar o atalho, mesmo estando com pressa.
Além dessas possibilidades, há outras, mas mais importante do que mul-
tiplicar os exemplos é perceber que os relatores usados para estabelecer a 
relação de causa e efeito contrário são as conjunções adversativas ou conces-
sivas, porque ambas trabalham com a ideia de oposição ou contrariedade.
Condição
Essa relação também é bastante conhecida pelos falantes e escritores 
da língua portuguesa. A ideia básica que ela encerra é impor uma condição 
para que algo se realize. Exemplo:
Passarei de ano se estudar bastante.
Nessa possibilidade, foi empregado o relator se, porém é permitido o uso 
de outros elementos coesivos, pois o efeito será o mesmo. Vamos conferir:
Passarei de ano caso estude bastante.
Desde que estude bastante, passarei de ano.
Contanto que estude bastante, passarei de ano.
Finalidade
A finalidade, ou o objetivo, também pode ser marcada pelo uso de rela-
tores. Embora a preposição para seja o elemento coesivo mais utilizado em 
uma relação de finalidade, quase sempre é viável a substituição desse relator 
por a fim de ou a fim de que, como demonstram as ocorrências abaixo.
A fim de evitarem a cobrança abusiva de juros, resolveram pagar o impos-
to em dia. 
Para evitarem a cobrança abusiva de juros, resolveram pagar o imposto 
em dia. 
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Coesão
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Adição
Talvez a relação de acréscimo ou adição seja uma das mais utilizadas, pois apa-
rece não apenas na junção de períodos e parágrafos mas também nos termos de 
uma enumeração, caso que aparece entre os exemplos arrolados abaixo.
Comprei caneta, lápis, caderno e apontador.
Ela corre e faz musculação.
Ela corre, mas também faz musculação.
Ela faz musculação, além de correr.
Coesão e sinonímia
Assim como é possível substituir um elemento coesivo por outro, equi-
valente, sem grandes prejuízos de significado, pode-se usar um ou outro 
substantivo como relator. Esse tipo de recurso, também chamado sinonímia, 
permite que o texto se desenvolva e anule as repetições. Às vezes, depen-
dendo da palavra, usar sinônimo como relator é tarefa bastante complica-
da. No entanto, há palavras que admitem um número bastante variado de 
opções. Vejamos:
A menina não cansava de brincar. Jogando bola, a menina se divertia. 
A menina não cansava de brincar. Jogando bola, a garota se divertia. 
A menina não cansava de brincar. Jogando bola, a criança se divertia. 
A menina não cansava de brincar. Jogando bola, a pequena se divertia. 
Com base nessas possibilidades, é fácil concluir que é possível se refe-
rir ao sujeito (a menina) ao menos de quatro modos diferentes (a menina, a 
garota, a criança e a pequena). Isso, claro, sem contar a substituição da pa-
lavra em questão pelo pronome pessoal ela, por um nome próprio (Letícia, 
por exemplo), ou, ainda, por palavras específicas de determinadas regiões 
do país (como é o caso de guria, muito comum no extremo Sul do Brasil).
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8
Coesão
Sinonímia e manutenção do sentido
Para treinar o bastante usado recurso dos sinônimos, para demonstrar a 
imensa flexibilidade linguística que permite a construção de ideias similares 
a partir da combinação de diferentes elementos, vamos substituir por sinô-
nimos as palavras marcadas nos períodos abaixo.
O lembrete
O recado
O aviso
O comunicado
foi passado por e-mail a todos os funcionários. 
Durante o verão, a casa 
a moradia 
a habitação 
a propriedade
foi alugada. 
Nos dois conjuntos, as mudanças propostas não acarretaram alteração 
significativa no significado dos períodos. Isso quer dizer que, por mais que 
tenham sido usadas palavras diferentes, a ideia principal e inicial foi mantida.
Porém, isso nem sempre acontece. Há muitas palavras com sinônimos 
bastante conhecidos e utilizados, mas que, se empregados em determina-
das situações, podem sugerir intimidade, preconceito, emotividade e assim 
por diante. Para ilustrar essa possibilidade, vamos experimentar trocar a pa-
lavra casa por lar no último exemplo dado. Teríamos, então: 
Durante o verão, o lar foi alugado.
Obviamente, não se pode negar que lar e casa são sinônimos. Entretanto, 
lar não é a alternativa mais apropriada para a ocasião, já que seu significado 
envolve afetividade. Uma casa pode ser qualquer casa, mas um lar é a sua 
casa e, justamente por esse laço afetivo, não é normal que ele seja alugado.
Sinonímia e alteração de sentido
Geralmente, a alteração de sentido acontece em casos de substituição de 
um termo por outro, em situações que imprimem à palavra um tom pejora-
tivo – encerrando, portanto, um juízo de valor negativo. Vamos analisar os 
exemplos abaixo, na ordem em que aparecem.
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Ontem, ele se excedeu na bebida.
Ontem, foi dia de bebedeira para ele.
Ontem, ele tomou um pileque.
A ordem dos períodos que nos servem de exemplo é fundamental, porque 
a escala vai desde a expressão comportada e formal se excedeu na bebida, 
passa pelo termo bebedeira, bem mais informal, e chega à expressão popu-
laríssima e quase de baixo calão tomou um pileque. Nessa pequena relação 
de períodos isolados, os sinônimos estão corretamente empregados. No en-
tanto, o uso de determinada palavra ou expressão deve ser sempre regulado 
pelo contexto, que envolve a situação da fala e da escrita e, principalmente, 
o público-alvo a quem se destina a fala ou o texto.
Outro exemplo similar acontece com os termos menino e moleque. A pri-
meira é uma forma mais “neutra” de se referir a uma criança do sexo mascu-
lino. Já a segunda depende dos gestos, da entonação etc. – afinal, quando 
alguém emprega o termo moleque pode estar querendo ressaltar a moleca-
gem ou o jeito brincalhão de uma criança, ou pode estar usando a palavra 
como modo de humilhar e desvalorizar a criança (nesse caso, é como se mo-
leque fosse igual a criança de rua, menor abandonado). Por isso, atenção aos 
sinônimos! Isoladamente, a substituição de um termo por outro pode pare-
cer a melhor escolha, mas sempre é bom analisar o contexto ou a moldura 
textual (o antes e o depois do texto) em que aquela palavra, tão cuidadosa-
mente selecionada, será encaixada.
Texto complementar
O texto abaixo reúne diversos exemplos de uso de elementos coesivos e 
relações lógicas por eles estabelecidas. 
Crise e literatura
A palavra escrita reconquistou um espaço avassalador no ambiente da vida. 
Hoje parece que tudo provoca curiosamente uma compulsão de ler e escrever
(TEZZA, 2010)
Uma velha pergunta: o que leva alguém a escrever? Parece que escre-
ver é sempre a manifestação de uma crise. Talvez seja preciso inverter a 
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Coesão
equação, da crise mundial (como todas, em todos os tempos, e essa não 
foi sequer a pior), para a crise da literatura, hoje quase um patinho feio da 
cultura. E penso que nem de longe ela voltará à glória com que explodiu no 
século XIX, quando se criaram enfim as suas condições modernas – o leitor, 
o lazer, o império da escrita, a circulação espetacular do livro, a valorização 
do indivíduo e a sempre importante separação política entre Igreja e Estado, 
marca registrada do Ocidente (sem essa separação crucial, abandonemos 
toda esperança).
Por um bom tempo a literatura foi a arena em que se discutiam, pela sim-
ples representação ficcional do mundo, praticamente todos os grandes temas 
das humanidades. Leia-se Dostoiévski, Dickens, Tolstói, Balzac, e é isso que 
se encontra. Mas a ficção foi perdendo terreno para outros meios da cultura 
popular, começando pelo cinema, avançando pela televisão e hoje chegando 
à internet (o que é outro momento e outra história). A primeira “vítima” (se é 
lícito falar assim) desse avanço foi o tempo de lazer – ingrediente indispensá-
vel de quem lê – agora repartido entre mil outras atividades, quem sabe muito 
mais atraentes, cantos da sereia tecnológica que ao mesmo tempo colocou 
o mundo inteiro à disposição e nos tirou a paz e as condições de desfrutá-lo. 
Não tenho nada contra os novos meios, é bom deixar claro. Escrevo esse texto 
num computador de última geração, sou viciado em Google e me encanta o 
infinito potencial informativo desses novos tempos – não sofro de nenhuma 
nostalgia da máquina de escrever. 
O que me interessa é localizar o espaço da literatura que restou nesse 
mundo novo. Não vou falar em “função” da literatura porque isso seria lhe 
dar uma direção e um sentido a priori; melhor pensar em “espaço” mesmo, o 
lugar em que ela surge, cria forma e se move. Pelo menos num ponto, estamos 
melhor do que há 30 anos: da era da televisão, um lugar de pura oralidade, 
passamos à internet, que é basicamente escrita. Sempre bato nessa tecla: a pa-
lavra escrita reconquistou um espaço avassalador no ambiente da vida. Hoje 
parece que tudo provoca curiosamente uma compulsão de ler e escrever.
Certo, todas são palavras “pragmáticas” – nesse mundo de utilidades, o 
escritor respira em solidão, afirmando uma contrapalavra. Não é a crise do 
mundo que faz nascer romancistas e poetas. Eles escrevem porque são eles 
mesmos que estão em crise – um poderoso sentimento de inadequação, que 
é a alma da arte, sopra-lhes a primeira palavra, com a qual eles tentam rede-
senhar o mundo. 
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Coesão
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Atividades
1. Retome o último parágrafo do texto de Cristovão Tezza, identifique os 
relatores e relacione-os aos antecedentes ou às funções que eles de-
sempenham.
2. Destaque os elementos coesivos nos períodos abaixo e explicite a re-
lação estabelecida por eles.
a) Apesar de ter chovido durante toda a semana, descerão para a 
praia.
b) Devido à falta de dinheiro, estão restringindo gastos. 
c) Para chegar ao hotel que não conhecia, imprimiu um mapa.
3. Substitua as palavras marcadas nos períodos abaixo por sinônimos.
a) Os detalhes da narração fizeram diferença!
b) A televisão está no conserto.
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Coesão
c) Ela não percebeu que havia sido vítima de um embuste.
d) Comprou um carro zero, no final do ano.
e) O show foi sensacional.
4. Analise o efeito dos termos em destaque, nas ocorrências abaixo.
I. O negócio foi celebrado pelos sócios da empresa.
II. A negociata gerou muito lucro para o comerciante.
5. No período “Caso consiga rever seus horários, irá à festa do sábado.”, 
temos um relator que expressa sentido de 
a) causa e efeito.
b) causa e efeito contrário.
c) finalidade.
d) condição.
6. Analise as substituições de termos propostas.
I. O prédio [edifício] fica em um bairro nobre da cidade.
II. A loja [o estabelecimento] tem um bom faturamento mensal.
III. Não conhecia ninguém que gostasse daquela comida [gororoba].
 O sinônimo proposto entre colchetes pode ser usado, sem prejuízo ao 
significado:
a) apenas na I e na III.
b) apenas na I e na II.
c) apenas na I.
d) apenas na II.
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Coesão
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7. Analise o período abaixo.
 Pelo menos num ponto, estamos melhor do que há 30 anos: da era 
da televisão, um lugar de pura oralidade, passamos à internet, que 
é basicamente escrita.
 É correto afirmar que o relator destacado, um lugar de pura oralidade,
a) refere-se à internet.
b) está incorreto, porque apenas as conjunções podem cumprir a 
função de relator.
c) exemplifica o uso do relator externo.
d) refere-se ao antecedente televisão. 
8. (FFCL Belo Horizonte - MG) Em todas as alternativas o que serve como 
elemento de retomada (relator), exceto em
a) “As empresas que decidem proibir o fumo em suas dependências 
têm todo o direito de fazê-lo.”
b) “Muitos funcionários que não fumam se incomodam com a fuma-
ça dos cigarros.”
c) “Muitos fumantes admitem que seu hábito de fumar não deveria 
ser imposto aos demais.” 
d) “Diante de uma afirmação tão contundente, vinda de uma orga-
nização que goza de credibilidade, a opinião pública americana 
reagiu no limite da histeria.”
9. (FCM Santa Casa - SP) “Ainda que fosse bom alfaiate, não acertou nas 
roupas daquele freguês.” 
 O período acima expressa
a) causa.
b) concessão.
c) finalidade.
d) condição.
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Coesão
10. “Como ele foi muito simpático, não pude recusar-lhe o favor.” 
 Começando o período com: “Não pude recusar-lhe o favor…”, seria 
exigido o uso de
a) porque.
b) à medida que.
c) então.
d) assim.
11. “Devido à escassez de comida, sofriam de desnutrição.” 
 Começando o período com: “Sofriam de desnutrição…”, seria exigido o 
uso de
a) mas.
b) por causa da.
c) além da.
d) portanto.
12. “Reforçou o recado, a fim de evitar esquecimentos.” 
 Começando o período com: “O recado foi reforçado…”, seria exigido o 
uso de
a) se.
b) além de.
c) para que.
d) entretanto.
Dica de estudo
Para saber mais sobre o uso de sinônimos, vale consultar um livro: 
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Prática de Texto. Petrópolis: 
Vozes, 1994.
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Referências
NETTO, Irinêo Baptista. Scorsese domina um jogo de aparências. Gazeta 
do Povo, 12 mar. 2010.
TEZZA, Cristovão. Crise e literatura. Gazeta do Povo, 23 fev. 2010.
Gabarito
1. “Certo, todas são palavras ‘pragmáticas’ – nesse mundo de utilidades, o 
escritor respira em solidão, afirmando uma contrapalavra. Não é a crise 
do mundo que faz nascer romancistas e poetas. Eles [romancistas e po-
etas] escrevem porque [relação de causa e efeito] são eles [romancistas 
e poetas] mesmos que estão em crise – um poderoso sentimento de 
inadequação [crise], que [um poderoso sentimento de inadequação] 
é a alma da arte, sopra-lhes a primeira palavra, com a qual [a primeira 
palavra] eles [romancistas e poetas] tentam redesenhar o mundo.” 
2.
a) Apesar de – causa e efeito contrário.
b) Devido a – causa e efeito.
c) Para – finalidade.
3. 
a. Os detalhes [os pormenores, as minúcias, as particularidades] da 
narração fizeram diferença!
b. A televisão [a tevê, o aparelho] está no conserto.
c. Ela não percebeu que havia sido vítima de um embuste [uma cila-
da, uma armadilha].
d. Comprou um carro [um veículo, um automóvel] zero, no final do 
ano.
e. O show [o espetáculo, a apresentação] foi sensacional.
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Coesão
4. Os exemplos são bastante diferentes. Na opção I, o termo negócio não 
encerra juízo de valor negativo e, por isso, é usado quando o objetivo é 
passar certa neutralidade ou atender à formalidade exigida pela situa-
ção ou pelo público-alvo. Na opção II, o termo negociata compromete 
o sentido do período. A palavra negociata, embora se pareça muito 
com negócio, significa negócio ilegal e, portanto, tem um tom pejorati-
vo que desqualifica quem é adepto dessa prática.
5. D
6. B
7. D
8. C
9. B
10. A
11. B
12. C
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