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ESCOLA POLITÉCNICA DA USP DEPTO. DE ENGENHARIA MECÂNICA SISEA – LAB. DE SISTEMAS ENERGÉTICOS ALTERNATIVOS www.pme.poli.usp.br/sisea PPMMEE –– 22336611 PPrroocceessssooss ddee TTrraannssffeerrêênncciiaa ddee CCaalloorr Prof. Dr. José R Simões Moreira 2o semestre/2014 versão 1.4 primeira versão: 2005 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 2 OBSERVAÇÃO IMPORTANTE Este trabalho perfaz as Notas de Aula da disciplina de PME 2361 - Processos de Transferência de Calor ministrada aos alunos do 3º ano do curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP. O conteúdo aqui apresentado trata de um resumo dos assuntos mais relevantes do livro texto “Fundamentos de Transferência de Calor e Massa” de Incropera e Witt. Também foram utilizados outros livros-texto sobre o assunto para um ou outro tópico de interesse, como é o caso do “Transferência de Calor” de Holman. O objetivo deste material é servir como um roteiro de estudo, já que tem um estilo quase topical e ilustrativo. De forma nenhuma substitui um livro texto, o qual é mais completo e deve ser consultado e estudado. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 3 Prof. José R. Simões Moreira Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2457667975987644 Breve Biografia Graduado em Engenharia Mecânica pela Escola Politécnica da USP (1983), Mestre em Engenharia Mecânica pela mesma instituição (1989), Doutor em Engenharia Mecânica - Rensselaer Polytechnic Institute (1994) e Pós-Doutorado em Engenharia Mecânica na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (1999). Atualmente é Professor Associado da Escola Politécnica da USP, professor do programa de pós-graduação interinstitucional do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE-USP), professor de pós-graduação do programa de pós-graduação em Engenharia Mecânica da EPUSP, pesquisador do CNPq - nível 2, consultor ad hoc da CAPES, CNPq, FAPESP, entre outros, Foi secretário de comitê técnico da ABCM, Avaliador in loco do Ministério da Educação. Tem experiência na área de Engenharia Térmica, atuando principalmente nos seguintes temas: mudança de fase líquido-vapor, uso e processamento de gás natural, refrigeração por absorção, tubos de vórtices, sensores bifásicos e sistemas alternativos de transformação da energia. Tem atuado como revisor técnico de vários congressos, simpósios e revistas científicas nacionais e internacionais. MInistra(ou) cursos de Termodinâmica, Transferência de Calor, Escoamento Compressível, Transitórios em Sistemas Termofluidos e Sistemas de Cogeração, Refrigeração e Uso da Energia e Máquinas e Processos de Conversão de Energia. Coordenou cursos de especialização e extensão na área de Refrigeração e Ar Condicionado, Cogeração e Refrigeração com Uso de Gás Natural, termelétricas, bem como vários cursos do PROMINP. Atualmente coordena um curso de especialização intitulado Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética por meio do PECE da Poli desde 2011 em sua sexta edição. Tem sido professor de cursos de extensão universitária para profissionais da área de termelétricas, válvulas e tubulações indústriais, ar condicionado, tecnologia metroferroviária e energia. Tem participado de projetos de pesquisa de agências governamentais e empresas, destacando: Fapesp, Finep, Cnpq, Eletropaulo, Ipiranga, Vale, Comgas, Petrobras e Ultragaz. Foi agraciado em 2006 com a medalha ´Amigo da Marinha`. Foi professor visitante na UFPB em 2000 - João Pessoa e na UNI - Universitat Nacional de Ingenieria em 2002 (Lima - Peru). Foi cientista visitante em Setembro/2007 na Ecole Polytechnique Federale de Lausanne (Suiça) dentro do programa ERCOFTAC - ´European Research Community On Flow, Turbulence And Combustion`. Participou do Projeto ARCUS na área de bifásico em colaboração com a França. Foi professor visitante no INSA - Institut National des Sciences Appliquées em Lyon (França) em junho e julho de 2009. Tem desenvolvido projetos de cunho tecnológico com apoio da indústria (Comgas,Eletropaulo, Ipiranga, Petrobras e Vale). Possui uma patente com aplicação na área automobilística. É autor de mais de 100 artigos técnico-científicos, além de ser autor de um livro intitulado "Fundamentos e Aplicações da Psicrometria" (1999) e autor de um capítulo do livro "Thermal Power Plant Performance Analysis" (2012). Já orientou 13 mestres e 4 doutores, além de cerca de 40 trabalhos de conclusão de curso de graduação e diversas monografias de cursos de especialização e de extensão, bem como trabalhos de iniciação científica, totalizando um número superior a 80 trabalhos. Possui mais de 100 publicações, incluindo periódicos tecnico-científicos nacionais e internacionais. Finalmente, coordena o laboratório e grupo de pesquisa da EPUSP de nome SISEA - Lab. de Sistemas Energéticos Alternativos. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 4 AULA 1 - APRESENTAÇÃO 1.1. INTRODUÇÃO Na EPUSP, o curso de Processos de Transferência de Calor sucede o curso de Termodinâmica clássica no 3º ano de Engenharia Mecânica. Assim, surge de imediato a seguinte pergunta entre os alunos: Qual a diferença entre “Termo” e “Transcal”? ou “há diferença entre elas”? Para desfazer essa dúvida, vamos considerar dois exemplos ilustrativos das áreas de aplicação de cada disciplina. Mas, antes vamos recordar um pouco das premissas da Termodinâmica. A Termodinâmica lida com estados de equilíbrio térmico, mecânico e químico, e é baseada em três leis fundamentais: - Lei Zero (“equilíbrio de temperaturas” – permite a medida de temperatura e o estabelecimento de uma escala de temperatura) - Primeira Lei (“conservação de energia” – energia se conserva) - Segunda Lei (“direção em que os processos ocorrem e limites de conversão de uma forma de energia em outra”) Dois exemplos que permitem distinguir as duas disciplinas: (a) Equilíbrio térmico – frasco na geladeira Considere um frasco fora da geladeira à temperatura ambiente. Depois, o mesmo é colocado dentro da geladeira, como ilustrado. Claro que, inicialmente, fG TT < inicial final As seguintes análises são pertinentes, cada qual, no âmbito de cada disciplina: Termodinâmica: TmcUQT ∆=∆= - fornece o calor total necessário a ser transferido do frasco para resfriá-lo baseado na sua massa, diferença de temperaturas e calor específico médios – APENAS ISTO! frasco ambientef TT = Gf TT = t∆ Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 5 Transferência de calor: responde outras questões importantes, tais como: quanto tempo ( )t∆ levará para que o equilíbrio térmico do frasco com seu novo ambiente (gabinete da geladeira), ou seja, para que Tf = TG seja alcançado? É possível reduzir (ou aumentar) esse tempo? Assim, a Termodinâmica não informa nada a respeito do intervalo de tempo t∆ para que o estado de equilíbrio da temperatura do frasco ( fT ) com a da geladeira( GT ) seja atingido, embora nos informe quanto de calor seja necessário remover do frasco para que esse novo equilíbrio térmico ocorra. Por outro lado a disciplina de Transferência de Calor vai permitir estimar o tempo t∆ , bem como definir quais parâmetros podemos interferir para que esse tempo seja aumentado ou diminuído, segundo nosso interesse. De uma forma geral, toda vez que houver gradientes ou diferenças finitas de temperatura ocorrerá também uma transferência de calor. A transferência de calor pode ser interna a um corpo ou na superfície de contato entre uma superfície e outro corpo ou sistema (fluido). (b) Outro exemplo: operação de um ciclo de compressão a vapor TERMIDINÂMICA: cec qqw −= : não permite dimensionar os equipamentos (tamanho e diâmetro das serpentinas do condensador e do evaporador, por exemplo), apenas lida com as formas de energia envolvidas e o desempenho do equipamento, como o COP: c e w qCOP = TRANSFERÊNCIA DE CALOR: permite dimensionar os equipamentos térmicos de transferência de calor. Por exemplo, responde às seguintes perguntas: - Qual o tamanho do evaporador / condensador? - Qual o diâmetro e o comprimento dos tubos? - Como atingir maior / menor troca de calor? - Outras questões semelhantes. cw cq eq compressor válvula condensador evaporador Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 6 Problema-chave da transferência de calor: O conhecimento do fluxo de calor. O conhecimento dos mecanismos de transferência de calor permite: - Aumentar o fluxo de calor: projeto de condensadores, evaporadores, caldeiras, etc.; - Diminuir o fluxo de calor: Evitar ou diminuir as perdas durante o “transporte” de frio ou calor como, por exemplo, tubulações de vapor, tubulações de água “gelada” de circuitos de refrigeração; - Controle de temperatura: motores de combustão interna, pás de turbinas, aquecedores, etc. 1.2 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR A transferência de calor ocorre de três formas, quais sejam: condução, convecção e radiação térmica. Abaixo se descreve cada um dos mecanismos. (a) Condução de calor - Gases, líquidos – transferência de calor dominante ocorre da região de alta temperatura para a de baixa temperatura pelo choque de partículas mais energéticas para as menos energéticas. - Sólidos – energia é transferência por vibração da rede (menos efetivo) e, também, por elétrons livres (mais efetivo), no caso de materiais bons condutores elétricos. Geralmente, bons condutores elétricos são bons condutores de calor e vice-versa. E isolantes elétricos são também isolantes térmicos (em geral). A condução, de calor é regida pela lei de Fourier (1822) dx dTAq x α onde: A : área perpendicular ao fluxo de calor xq T : temperatura A constante de proporcionalidade α é a condutividade ou condutibilidade térmica do material, k, ou seja: 2T1 T . . x sólido xq Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 7 dx dTkAqx = As unidades no SI das grandezas envolvidas são: [ x q ] = W , [ A ] = 2m , [T ] = K ou Co , [ x ] = m . assim, as unidades de k são: [ k ] = Cm W o ⋅ ou Km W ⋅ A condutividade térmica k é uma propriedade de transporte do material. Geralmente, os valores da condutividade de muitos materiais encontram-se na forma de tabela na seção de apêndices dos livros-texto. Necessidade do valor de (-) na expressão Dada a seguinte distribuição de temperatura: Para 12 TT > T2 T1 T∆ x∆ T xx1 x2 0<xq (pois o fluxo de calor flui da região de maior para a de menor temperatura. Está, portanto, fluindo em sentido contrário a orientação de x) Além disso, do esquema; 0 0 0 > ∆ ∆ >∆ >∆ x T x T , daí tem-se que o gradiente também será positivo, isto é: 0> dx dT mas, como 0>k (sempre), e 0>A (sempre), concluí-se que, então, é preciso inserir o sinal negativo (-) na expressão da condução de calor (Lei de Fourier) para manter a convenção de que 0>xq Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 8 Se as temperaturas forem invertidas, isto é, 21 TT > , conforme próximo esquema, a equação da condução também exige que o sinal de (-) seja usado (verifique!!) De forma que a Lei da Condução de Calor é: Lei de Fourier (1822) (b) Convecção de Calor A convecção de calor é baseada na Lei de resfriamento de Newton (1701) )( ∞ − TTAq Sα Onde a proporcionalidade α é dada pelo coeficiente de transferência de calor por convecção, h, por vezes também chamado de coeficiente de película. De forma que: onde: A : Área de troca de calor; ST : Temperatura da superfície; ∞ T : Temperatura do fluido ao longe. - O problema central da convecção é a determinação do valor de h que depende de muitos fatores, entre eles: geometria de contato (área da superfície, sua rugosidade e sua dx dTkAq x −= )( ∞ −= TThAq S Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 9 geometria), propriedades termodinâmicas e de transportes do fluido, temperaturas envolvidas, velocidades. Esses são alguns dos fatores que interferem no seu valor. (c) Radiação Térmica A radiação térmica é a terceira forma de transferência de calor e é regida pela lei de Stefan – Boltzmann. Sendo que Stefan a obteve de forma empírica (1879) – e Boltzmann, de forma teórica (1884). Corpo negro – irradiador perfeito de radiação térmica (para um corpo negro) −σ constante de Stefan – Boltzmann (5,669.10-8 W/m2 K4) Corpos reais (cinzentos) 4ATq εσ= , onde ε é a emissividade que é sempre 1≤ Mecanismo físico: Transporte de energia térmica na forma de ondas eletromagnéticas ou fótons, dependendo do modelo físico adotado. Não necessita de meio físico para se propagar. Graças a essa forma de transferência de calor é que existe vida na Terra devido à energia na forma de calor da irradiação solar que atinge nosso planeta. 4ATq σ= Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 10 AULA 2 – CONDUÇÃO DE CALOR CONDUÇÃO DE CALOR Condutibilidade ou Condutividade Térmica, k Da Lei de Fourier da condução de calor, tem-se que o fluxo de calor, q, é diretamente proporcional ao gradiente de temperaturas, de acordo com a seguinte expressão: x T kq , onde A é a área perpendicular à direção do fluxo de calor e k é a condutividade térmica do material. As unidades no SI da condutividade térmica, k, do material, são: x T A q k m C m W k o 2 Cm W k o ou Km W . Sendo: k: propriedade (de transporte) do material que pode ser facilmente determinada de forma experimental. Valores tabelados de diversos materiais se encontram na seção de apêndice do livro texto.Exemplo de experimento laboratorial para obtenção de k q A Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 11 No experimento indicado, uma corrente elétrica é fornecida à resistência elétrica enrolada em torno da haste do bastão. O calor gerado por efeito joule vai ser conduzido dentro da haste para fora do bastão (lado direito). Mediante a instalação de sensores de temperatura (termopares, p. ex.), pode-se levantar o perfil da distribuição de temperaturas como aquele indicado no gráfico acima. Estritamente falando, esse perfil temperatura é linear, como vai se ver adiante. Por outro lado, o fluxo de calor fornecido é a própria potência elétrica IUIRq 2 . Sendo a seção transversal A conhecida, então, da lei de Fourier, determina-se a condutividade térmica do material da haste, k. Neste caso, x T A q k . Um aspecto importante da condução de calor é que o mecanismo da condução de calor é diferente dependendo do estado físico e da natureza do material. Abaixo, indicam-se os mecanismos físicos de transporte de acordo com o estado físico. Gases O choque molecular permite a troca de energia cinética das moléculas mais energéticas para as menos energéticas. A energia cinética está relacionada com a temperatura absoluta do gás. Quanto maior a temperatura, maior o movimento molecular, maior o número de choques e, portanto, mais rapidamente a energia térmica flui. Pode-se mostrar que. Tk Para alguns gases, a pressão moderada, k é só função de T. Assim, os dados tabelados para uma dada temperatura e pressão podem ser usados para outra pressão, desde que seja à mesma temperatura. Isso não é valido próximo do ponto critico. Líquidos Qualitativamente o mecanismo físico de transporte de calor por condução nos líquidos é o mesmo que o dos gases. Entretanto, a situação é consideravelmente mais complexa devido à menor mobilidade das moléculas. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 12 Sólidos Duas maneiras básicas regem a transferência de calor por condução em sólidos: vibração da rede cristalina e transporte por elétrons livres. O segundo modo é o mais efetivo e é o preponderante em materiais metálicos. Isto explica porque, em geral, bons condutores de eletricidade também são bons condutores de calor. A transferência de calor em isolantes se dá, por meio da vibração da rede cristalina, que é menos eficiente. O gráfico abaixo ilustra qualitativamente as ordens de grandeza da condutibilidade térmica dos materiais. Nota-se que, em geral, a condutibilidade aumento de gases, para líquidos e sólidos e que os metais puros são os de maior condutividade térmica. EQUAÇÃO GERAL DA CONDUÇÃO DE CALOR EM COORDENADAS CARTESIANAS Balanço de energia em um volume de controle elementar Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 13 BALANÇO DE ENERGIA (1ª LEI) Fluxo de Taxa de Taxa temporal Fluxo de calor calor de variação calor que que entra no + gerada = da energia + deixa o que V.C. no V.C. Interna no V.C. V.C. (I) (II) (III) (IV) Sejam os termos: (I) Fluxo de calor que entra no V.C. Direção x x T dAk x T dzdykq xxx - Direção y y T dzdxkq yy y kqyy Direção zy kqzz (II) Taxa de calor gerado dz q '''G dydxEG onde: '''gq = Taxa de calor gerado na unidade de volume. 3mW (III) Taxa temporal de variação da energia interna t T cdzdydx t u m t U Ear onde: c = calor específico; m = massa elementar do V.C. e a densidade. CkgkJ o/ (IV) Fluxo de calor que deixa o V.C. – expansão em serie de Taylor: Direção x x x qqxxdxx )(0 2dxdx x q qq xxdxx Direção y dy y q qq y ydyy z T dydxkq zz Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 14 Direção z dz z q qq zzdzz Então, juntando os termos (I) + (II) = (III) + (IV), vem: dz z q qdy y q qdx x q q t T cdxdydzdxdydzqqqq zz y y x xGzyx ''' + ordem superior simplificando os termos zyx qqq e , , vem: , ''' dz z q dy y q dx x q t T cdxdydzdxdydzq z yx G e, substituindo a Lei de Fourier para os termos de fluxo de calor, dxdydzk z dxdydzk y dxdydzk xt T cdxdydzdxdydzq zyxG z T y T x T ''' Eliminando o volume de controle elementar dxdydz, temos finalmente: Essa é a equação geral da condução de calor. Não existe uma solução geral analítica para a mesma porque se trata de um problema que depende das condições inicial e de contorno. Por isso, ela é geralmente resolvida para diversos casos que dependem da geometria do problema, do tipo (regime permanente) e das condições iniciais e de contorno. Evidentemente, procura-se uma solução do tipo: ),,,( tzyxTT . A seguir são apresentados alguns casos básicos. Casos: A) Condutividade térmica uniforme (material isotrópico) e constante (independe de T) kkkk zyx t T k q z T y T x T g T 1 ''' 2 2 2 2 2 2 2 t T z T y T x T "' cqk z k y k x Gzyx Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 15 onde, = c k é conhecida como difusibilidade ou difusividade térmica, cuja unidade no SI é: s m s s J mW Kkg J m kg Km W c k ²² 3 Essa equação ainda pode ser escrita em notação mais sintética da seguinte forma: onde: 2 2 2 2 2 2 2 zyx é o operador matemático chamado de Laplaciano no sistema cartesiano de coordenadas. Esta última forma de escrever a equação da condução de calor é preferível, pois, embora ela tenha sido deduzida para o sistema cartesiano de coordenadas, ela é independe do sistema de coordenadas adotado. Caso haja interesseem usar outros sistemas de coordenadas, basta substituir o Laplaciano do sistema de interesse, como exemplificado abaixo, - Cilíndrico: 2 2 2 2 2 2 11 zrr r rr - Esférico: 2 2 222 2 2 2 sen 1 sen sen 11 rrr r rr B) Sem geração de calor e k uniforme e constante, 0''' Gq (Eq. de Fourier) C) Regime permanente (ou estacionário) e k uniforme e constante, 0 t T (Eq. de Poisson) D) Regime permanente e k constante e uniforme (Eq. de Laplace) t T k q T G 1'''2 12 t T T 0 ''' 2 k q T G 02 T Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 16 AULA 3 – CONDUÇÃO UNIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE SEM GERAÇÃO – PLACA OU PAREDE PLANA O caso mais simples que se pode imaginar de transferência de calor por condução é o caso da parede ou placa plana, em regime permanente, sem geração interna de calor e propriedades de transporte (condutividade térmica) constantes. Este é o caso ilustrado na figura abaixo onde uma parede de espessura L, cuja face esquerda é mantida a uma temperatura T1 enquanto que a face à direita é mantida à temperatura T2. Poderia se imaginar que se trata, por exemplo, de uma parede que separa dois ambientes de temperaturas distintas. Como se verá, a distribuição de temperaturas T(x) dentro da parede é linear. Para resolver esse caso, vamos partir da equação geral da condução de calor, deduzida na aula anterior, isto é: t T k q T G 1'''2 Introduzindo as simplificações do problema, vem: i. Não há geração interna de calor: 0 Gq ii. Regime permanente: 0 t T iii. Unidimensional: D1 2 2 2 x Assim, com essas condições, vem que 0 2 2 x Td , e a solução procurada é do tipo T(x). Para resolver essa equação considere a seguinte mudança de variáveis: dx dT Logo, substituindo na equação, vem que 0 dx d Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 17 Integrando por separação de variáveis vem: 1Cd , ou seja: 1C Mas, como foi definido dx dT 1C dx dT Integrando a equação mais uma vez, vem: 21)( CxCxT Que é a equação de uma reta, como já antecipado. Para se obter as constantes, deve-se aplicar as condições de contorno que, nesse exemplo, são dadas pelas temperaturas superficiais das duas faces. Em termos matemáticos isso quer dizer que (A) em x = 0 1TT (B) e em x = L 2TT De (A): 12 TC e de (B): 112 TLCT L TT C 121 Assim, Para efeito de ilustração, suponha que 21 TT , como mostrado na figura abaixo. Cálculo do fluxo de calor transmitido através da parede . Para isso, deve-se usar a Lei de Fourier, dada por: dx dT kq e, substituindo a distribuição de temperaturas, vem: L TT kT L x TT dx d kq 12112 , ou, em termos de fluxo de calor por unidade de área, temos: mW 212'' L TT k q q Esquecendo o sinal de (-), vem 112 )()( T L x TTxT L T kq '' Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 18 Conhecida a equação que rege do fluxo de calor através da parede, podemos: Aumentar o fluxo de calor q”: . Com o uso de material bom condutor de calor, isto é com k . Ou, pela diminuição da espessura da parede, isto é L Ou diminuir o fluxo de calor q”: . Com o uso de material isolante térmico k . Ou, pelo aumento da espessura da parede, isto é L CONDUÇÃO UNIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE SEM GERAÇÃO INTERNA DE CALOR – TUBO CILÍNDRICO. Este é o caso equivalente, em coordenadas cilíndricas, ao da condução de calor unidimensional, em regime permanente, sem geração de calor e condutividade térmica constante estudado acima para uma parede ou placa plana. A diferença é que sua aplicação é para tubos cilíndricos. A equação geral é da forma t T k q T G 1'''2 Neste caso, a geometria do problema indica que se deve resolver o problema em coordenadas cilíndricas. Para isso, basta usar o Laplaciano correspondente, isto é: t T k q z TT rr T r rr G 111 ''' 2 2 2 2 2 Introduzindo as simplificações: i. Não há geração interna de calor: 0 Gq ii. Regime permanente: 0 t T iii. Unidimensional: D1 , que é válido para um tubo muito longo, ou seja, T não depende de z, logo 02 2 z T iv. Há uma simetria radial, T não depende de , isto é: 02 2 T As simplificações (iii) e (iv) implicam que se trata de um problema unidimensional na direção radial, r. A aplicação dessas condições resulta em: Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 19 0 dr dT r dr d , onde a solução procurada é do tipo )(rTT As condições de contorno para a ilustração indicada acima são: A superfície interna é mantida a uma temperatura constante, isto é: ii TTrr A superfície externa é também mantida a uma outra temperatura constante, isto é: ee TTrr Solução: 1a Integração – separe as variáreis e integra uma vez, para resultar em: 10 Cdrdr dr dT rd 1C dr dT r Integrando pela 2a vez, após separação de variáveis, vem: 21 Cr dr CdT Portanto, a distribuição de temperaturas no caso do tubo cilíndrico é logarítmica e não linear como no caso da parede plana. Determinação de 1C e 2C por meio da aplicação da condições de contorno: (A) ii TTrr 21 )ln( CrCT ii (B) ee TTrr 21 ) ln( CrCT ee Fazendo-se (A) – (B), temos que e i 1 r r ln CTT ei , ou e i 1 r r ln ei TT C Finalmente, na eq. da distribuição de temperaturas: Distribuição de temperatura, supondo ei TT . 21 )ln( CrCrT e ei T TT rT e e i r r ln r r ln Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 20 Te Ti re ri raio Lei logarítmica T O fluxo de calor é obtido através da Lei de Fourier, isto é, dr dT kq Atenção a esse ponto, a área A é a área perpendicular aofluxo de calor e não a área transversal da seção transversal. Portanto, trata-se da área da “casquinha” cilíndrica ilustrada abaixo. rLA 2 (casca cilíndrica), L é o comprimento do tubo Substituindo a distribuição logarítmica de temperatura na equação de Fourier, 21 )ln()( CrCrT , vem: ])ln([2 21 CrC dr d rLkq ou, efetuando a derivação, temos: r kLrCq 1 2 1 ou, ainda: 12 kLCq Substituindo, 1C : e i r r ln 2 ie TT kLq (W) O fluxo de calor total q é constante através das superfícies cilíndricas! Entretanto, o fluxo de calor por unidade de área ''q depende da posição radial e i ie r r TT rL kL A q q ln )( 2 2'' e i ie r r TT r k q ln )('' 2mW Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 21 AULA 4 – PAREDES PLANAS COMPOSTAS Condução unidimensional, regime permanente, sem geração de calor – paredes compostas. Para resolver de forma rápida e simples este problema, note que o fluxo de calor q é o mesmo que atravessa todas as paredes. Assim, para cada parede pode-se escrever as seguintes equações: - parede 1: 1 21 1 )( L TT Akq Ak qL TT 1 1 21 - parede 2: 2 32 2 )( L TT Akq Ak qL TT 2 2 32 - parede 3: 3 43 3 )( L TT Akq Ak qL TT 3 3 43 Assim, somando os termos _____________ de todas as paredes: Ak L qTT i i 41 ou, simplesmente, R T q onde o T refere-se à diferença total de temperaturas da duas faces externas e R é a resistência térmica da parede composta, dada por Ak L R i i ANALOGIA ELÉTRICA Nota-se que existe uma analogia elétrica perfeita entre fenômenos elétricos e térmicos de condução de calor, fazendo a seguinte correspondência: qi TU TÉRMICOÔHMICO RR Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 22 Por meio de analogia elétrica, configurações mais complexas (em série e paralelo) de paredes podem ser resolvidas. Circuito elétrico equivalente Fluxo de calor que é: T total R T q 5//1 RRRRT com 432// 1111 RRRR CONDUÇÃO EM PLACA PLANA COM GERAÇÃO INTERNA DE CALOR Geração interna de calor pode resultar da conversão de uma forma de energia em calor. Exemplos de formas de energia convertidas em calor: 1. Geração de calor devido à conversão de energia elétrica em calor 2RIP (W) Onde: P : potência elétrica transformada em calor por efeito joule(W) R : resistência ôhmica ( ) I : corrente elétrica (A) Ainda, U : diferença de potencial elétrico (V) UIP ou R U P 2 q Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 23 Em termos volumétricos, ''' Gq )/( 3mW , V P qG ''' (W/m3), onde V : volume onde o calor é gerado. 2. Geração de calor devido a uma reação química exotérmica )0( ''' Gq como, por exemplo, o calor liberado durante a cura de resinas e concreto. Já, no caso de uma reação endotérmica, 0''' Gq . 3. Outras formas tais de geração de calor devido à absorção de radiação, nêutrons, etc... Parede (placa) plana com geração de calor uniforme (resistência elétrica plana). Lb T1 T2 2b i Equação geral t T k q T G 1 ''' 2 sendo que 0 t T (regime permanente.) 0 ''' 2 k q T G )(xTT Condições de contorno: (1) Lx 1TT (2) Lx 2TT Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 24 Solução Seja a seguinte mudança de variável (apenas por conveniência): dx dT , Então k q dx d G ''' Integrando essa equação por partes, vem: 1 ''' Cdx k q d G , mas como 1 ''' então , Cx k q dx dT dx dT G Integrando novamente: Obs.: Trata-se de uma distribuição parabólica de temperaturas. Como no caso da resistência elétrica ''' Gq (geração de calor) é positivo e, claro, k também é positiva, a constante que multiplica o termo 2x é negativa parábola com a concavidade voltada para baixo. Por outro lado, se ''' Gq for negativo, o que pode ocorrer com processos de curas de algumas resinas (processos endotérmicos), então a concavidade será voltada para cima. Determinação das constantes 1C e 2C : Condições de contorno (1) 21 2''' 1 2 CLC k Lq T G - temperatura da face esquerda conhecida (2) 21 2''' 2 2 CLC k Lq T G - temperatura da face direita conhecida Somando (1)+(2), vem: 2 2''' 21 2C k Lq TT G k LqTT C G 22 2''' 21 2 . Substituindo em (1) ou (2), tem-se L TT C 2 12 1 Então, a distribuição final de temperaturas é: 21 2''' 2 )( CxC k xq xT G 22 )( 2 )( )( 2112 22''' TT L x TT k xLq xT G Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 25 CASOS: (A) Suponha que as duas faces estejam à mesma temperatura: STTT 21 . Daí, resulta que: É uma distribuição simétrica de temperaturas. A máxima temperatura, nesse caso, ocorre no plano central, onde 0x (note a simetria do problema). Se for o caso pouco comum de uma reação endotérmica, ou ''' Gq < 0, a concavidade seria voltada para abaixo e, no plano central, haveria a mínima temperatura. Também poderia se chegar a essa expressão usando 0 dx dT S G CMÁX T k Lq TT 2 2''' O fluxo de calor (lei de Fourier) dx dT kAq ou dx dT k A q q '' , substituindo a distribuição de temperaturas, vem: S G T k xLq dx d kq 2 )( 22 ''' '' , ou, simplesmente: No plano central (x = 0) o fluxo de calor é nulo devido à simetria do problema e das condições de contorno. Dessa forma, o plano central age como o caso de uma parede adiabática, 0'' q (B) Nesse caso, suponha que a temperatura de uma das faces seja maior: 21 TT S G T k xLq xT 2 )( )( 22''' ''''' Gxqq Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 26 Plano em que ocorre a máximatemperatura, máxT ( máxx ) Sabemos que o fluxo de calor é nulo em máxx : 0 máxx dx dT k ou 0 22 )()( 2 21 12 22 ''' TT L x TTxL k q dx d G , que resulta em: 0 2 )( 12 ''' L TT x k q máx G Cuja solução é: Substituindo-se o valor de xmáx na expressão da distribuição da temperatura, encontra-se o valor da máxima temperatura máxT . Tente fazer isso! PENSE: Suponha que você é um engenheiro perito e é chamado para dar um parecer sobre um incêndio com suspeita de ter origem no sobreaquecimento do sistema elétrico. Como você poderia, a partir de uma análise na fiação elétrica, inferir se houve ou não sobreaquecimento à luz da matéria exposta acima? ''' 12 2 )( G máx Lq kTT x Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 27 AULA 5 - CONDUÇÃO DE CALOR EM CILINDROS MACIÇOS EM REGIME PERMANENTE COM GERAÇÃO INTERNA DE CALOR Nesta aula, vai se estudar o caso da geração interna de calor em cilindros maciços. Como exemplo de aplicação tem-se o calor gerado por efeito joule devido à passagem de corrente elétrica em fios elétricos, como indicado na figura ao lado. Partindo da equação geral da condução de calor: 0 1 ''' 2 t T k q T G (Regime permanente) Onde é conveniente usar o Laplaciano em coordenadas cilíndricas, isto é: 2 2 2 2 2 2 11 z TT rr T r rr T Hipóteses adicionais - simetria radial: 0 2 2 (não há influência da posição angular numa seção transversal) - o tubo é muito longo: 0 2 2 z (não há efeitos de borda na direção axial) Logo, trata-se de uma distribuição de temperaturas unidimensional na direção radial, ou seja, )(rTT Assim, introduzindo essas simplificações na equação geral da condução, vem: 0 1 ''' k q dr dT r dr d r G Ou, integrando por partes: 1 ''' Crdr k q dr dT rd G , ou, ainda: 1 2''' 2 C k rq dr dT r G Integrando novamente por separação de variáveis: 2 1 ''' 2 Cdr r C r k q dT G 21 2''' ln 4 )( CrC k rq rT G Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 28 * condições de contorno para obtenção das constantes C1 e C2: (1) STrrT )( 0 a temperatura da superfície TS é conhecida (2) 0 0 rdr dT simetria radial na linha central Isso implica dizer que o fluxo de calor é nulo na linha central e, como decorrência, também pode-se afirmar que a máxima temperatura máxT ocorre nessa linha. Da segunda condição de contorno, vem que: 0 2 lim 1 ''' 0 r C k rqG r Do que resulta em 01 C , para que a expressão permaneça sempre nula. Da primeira condição de contorno. 2 2''' 4 C k rq T GS ou, k rq TC GS 4 2 0 ''' 2 Finalmente, a equação da condução de calor fica: É uma distribuição parabólica de temperatura (2º. grau) ! Sendo, S G máx T k rq T 4 2 0 ''' SG Trr k q T 220 ''' 4 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 29 EXEMPLO DE APLICAÇÃO Considere um tubo cilíndrico longo revestido de isolamento térmico perfeito do lado externo. Sua superfície interna é mantida a uma temperatura constante igual a iT . Considere, ainda, que ocorre geração de calor ''' Gq uniforme. a) calcule a distribuição de temperaturas; b) determine o fluxo de calor total removido (internamente); c) determine a temperatura da superfície externa. Solução: Hipóteses: as mesmas que as anteriores. Eq. 0 1 ''' k q dr dT r dr d r G Condições de contorno: (1) ii TrrT )( (temperatura interna constante) (2) 0 erdr dT (fluxo de calor nulo na superfície) A solução geral, como já visto, é: 21 2''' ln 4 )( CrC k rq rT G Onde 1C e 2C saem das condições de contorno do problema específico: k rq C eG 2 2''' 1 ; )ln(2 4 22''' 2 i e ieG i r r r k rq TC Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 30 i ie ieG T r r r rr k rq rT ln2 4 )( 2 222''' Assim, O fluxo de calor é: dr dT kAq )()2( rT dr d rLkq Após substituir a distribuição de temperaturas e efetuar da derivada, vem: 22''' ieG rrq L q (W/m) A temperatura máxima é: emáx TT i i e e eieG emáx T r r r rr k rq TT ln2 4 2 222''' OUTRO EXEMPLO DE APLICAÇÃO Num fio de aço inoxidável de 3,2mm de diâmetro e 30cm de comprimento é aplicada uma tensão de 10V. O fio está mantido em um meio que está a Co95 e o coeficiente de transferência de calor vale CmkW o2/10 . Calcule a temperatura no centro do fio. A resistividade do fio e de cm70 e sua condutibilidade térmica vale CmW o/5,22 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 31 CT oc 267 Solução: Calor gerado por unidade de volume, isto é, a potência elétrica dissipada no volume. R U RiP 2 2 ; A L R m 81070 mL 3,0 , 26 232 100425,8 4 )102,3( 4 m D A 2 6 8 106111,2 100425,8 3,01070 R kWP 830,3 106111,2 100 2 3,0100425,8 1083,31083,3 6 33 LAV P qG 3 910587,1 m W qG hA P TTTThAP PP )( 3,0)102,3(1010 1083,3 95 33 3 P T CT oP 222 k rq TT oGPc 4 2 5,224 )106,1(10587,1 222 239 cT Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 32 RESISTÊNCIA TÉRMICA – Várias Situações - paredes planas R TT q 21 kA L R - circuito elétrico - paredes compostas- Circuito elétrico Ainda, onde 432// 1111 RRRR 5//1 RRRREQ EQR TT q 21 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 33 - Tubo cilíndrico R TT q ei ; kL r r R i e 2 ln - Tubo cilíndrico composto - Circuito elétrico ieq RR Para dois tubos: Lk r r R 1 1 2 1 2 ln Lk r r R 2 2 3 2 2 ln Lk r r R i i i eq 2 ln 1 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 34 Por indução, como deve ser a resistência térmica devido à convecção de calor? Lei de convecção (Newton) )( TThAq p e hA TT q p 1 onde, hA 1 é a resistência térmica de convecção - Circuito elétrico Para o caso em que houver convecção em ambas as paredes: - Convecção em tubo cilíndrico Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 35 Tabela resumo de Resistências Térmicas Circuito Elétrico Fluxo de Transferência de calor Resistências Térmicas Parede plana R TT q 21 kA L R Parede plana com convecção R TT q 21 321 RRRR AhkA L Ah R 21 11 Paredes compostas EQR TT q 21 5//1 RRRREQ 432// 1111 RRRR Tubo cilíndrico R TT q ei kL r r R i e 2 ln Tubo cilíndrico composto EQ ei R TT q Lk r r R i i i eq 2 ln 1 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 36 Convecção em tubo cilíndrico EQ ei R TT q hAkL r r R i e eq 1 2 ln COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR U O coeficiente global de transferência de calor é definido por: totalTUAq Claramente, U está associado com a resistência térmica, - parede plana AhkAAh R 21 111 TUA R T q R UA 1 ou RA U 1 Logo, 21 11 1 hk L h U - tubo cilíndrico Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 37 Há um problema associado com a área de referência. É preciso dizer se U se refere à área interna do tubo, iU , ou à área externa, eU . No entanto, os dois valores são intercambiáveis mediante a seguinte expressão: totaliitotalee TAUTAU Logo, iiee AUAU U referido à área externa e r r e e hkL A U i e 1 2 ln 1 U referido à área interna ee ir r i i hA A kL A U i e 2 ln 1 RAIO CRÍTICO DE ISOLAMENTO TÉRMICO As tubulações que transportam fluidos aquecidos (ou frios) devem ser isolados do meio ambiente a fim de restringir a perda de calor do fluido (ou frio), cuja geração implica em custos. Aparentemente, alguém poderia supor que a colocação pura e simples de camadas de isolamentos térmicos seria suficiente. Entretanto, um estudo mais pormenorizado mostrará a necessidade de se estabelecer um critério para realizar esta operação. hLrkL TT q e r r i i e 2 1 2 ln ou, hrk TTL q e r r i i e 1ln )(2 Note que no denominador dessa expressão que o raio externo tem duas contribuições: um no termo de condução e a outra no termo de Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 38 h k rcrit convecção. De forma que, se o raio externo do isolamento aumentar por um lado ele diminui uma das resistências térmicas (a de convecção), enquanto que por outro lado a resistência térmica de condução aumenta. Isto está ilustrado no gráfico acima e dá origem a um ponto de maximização. Do Cálculo, sabe-se que o máximo da transferência de calor ocorre em: 2. 1 . 1 2 1ln )(2 0 e rhe rk hrk TTL dr dq e r r i e i e Assim, 2 11 ee hrkr critr é o chamado raio crítico de isolamento. Se o raio crítico de isolamento for originalmente menor que h k a transferência de calor será aumentada pelo acréscimo de camadas de isolamento até a espessura dada pelo raio crítico – conforme tendência do gráfico. Neste caso, ter-se-ia o efeito oposto ao desejado de diminuir o fluxo de calor. Por outro lado, se originalmente a espessura de isolamento for maior que a do raio crítico, adições sucessivas de camadas isolantes vão de fato diminuir a perda de calor. Para exemplificar, considere um valor do coeficiente de transferência de calor por convecção de h = Cm W o2 7 (convecção natural), teste de alguns valores da condutividade de materiais isolantes. material Cm W ok critr (mm) Teflon 0,350 50,0 Papel 0,180 25,7 Couro 0,159 22,7 Borracha macia 0,130 18,6 Silicato de cálcio 0,055 7,9 Lã de vidro 0,038 5,4 Poliestireno expandido 0,027 3,9 Folhas de papel e alumínio de vidro laminado 0,000017 0,0024 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 39 Como se vê, o raio crítico é relevante para pequenos diâmetros, tais como, fios elétricos. Exercícios sugeridos do Incropera: 3.4; 3.5; 3.11; 3.32; 3.34; 3.38 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 40 AULA 6 - ALETAS OU SUPERFÍCIES ESTENDIDAS Considere uma superfície aquecida (resfriada) que se deseja trocar calor com um fluido. Da lei de resfriamento de Newton, vem que o fluxo de calor trocado é dado por, TThAq s ,onde h é o coeficiente de transferência de calor por convecção, A é a área de troca de calor e Ts e T∞ são as temperaturas da superfície do fluido (ao longe). Por uma simples análise, sabe-se que a transferência de calor pode ser melhorada, por exemplo, aumentando-se a velocidade do fluido em relação à superfície. Com isso, aumenta-se o valor do coeficiente de transferência de calor h e, por conseguinte, o fluxo de calor trocado, comodado pela expressão anterior. Porém, há um preço a pagar e este preço é o fato que vai se exigir a utilização de equipamentos de maior porte de movimentação do fluido, ou seja, maiores ventiladores (ar) ou bombas (líquidos). Uma forma muito empregada de se aumentar a taxa de transferência de calor consiste em aumentar a superfície de troca de calor com o emprego de aletas, como a ilustrada abaixo. Assim, o emprego das aletas permite uma melhora da transferência de calor pelo aumento da área exposta. Exemplos de aplicação de aletas: (1) camisa do cilindro de motores de combustão interna resfriados a ar (velho fusca); (2) motores elétricos; (3) condensadores; (4) dissipadores de componentes eletrônicos. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 41 TIPOS DE ALETAS A figura abaixo indica uma série de exemplos de aletas. Evidentemente, existem centenas ou milhares de formas construtivas que estão, muitas das vezes, associadas ao processo construtivo das mesmas (extrusão, soldagem, etc). Figura 1– Diferentes tipos de superfícies aletadas, de acordo com Kreith e Bohn. (a) aleta longitudinal de perfil retangular; (b) tubo cilíndrico com aletas de perfil retangular; (c) aleta longitudinal de perfil trapezoidal; (d) aleta longitudinal de perfil parabólico; (e) tubo cilíndrico equipado com aleta radial; (f) tubo cilíndrico equipado com aleta radial com perfil cônico truncado; (g) pino cilíndrico; (h) pino cônico truncado; (i) pino parabólico. EQUAÇÃO GERAL DA ALETA Volume de controle elementar, C Hipóteses: - regime permanente; - temperatura uniforme na seção transversal; - propriedades constantes. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 42 Balanço de energia convecçãopCVdo saiquequecalordefluxo III conduçãopCVo deixaquequecalordefluxo II conduçãopCVno entraquecalordefluxo I /../../.. (I) dx dT kAq xx (II) )( 2dxodx dx dq qq xxdxx expansão em serie de Taylor (III) )( TThAqc )( TThPdxqc P : perímetro “molhado”, isto é, a superfície externa da aleta que se encontra em contato com o fluido. Substituindo-se as equações acima no balanço global de energia, vem: dxTThPdxdx dx dq qq xxx )( 0)( TThP dx dqx Ou, substituindo a lei de Fourier da condução: 0)( TThP dx dT A dx d k x Sendo dTdTT 0 k hP dx d A dx d Equação Geral da Aleta )(x )(xAA ALETA DE SEÇÃO TRANSVERSAL CONSTANTE: RETANGULAR Do ponto de vista matemático, a equação de aleta mais simples de ser resolvida é a de seção transversal constante como, por exemplo, uma aleta de seção retangular ou circular. Assim, da equação geral para esse caso, com A = cte, vem: Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 43 mxmx ececx 21)( 02 2 2 m d d , kA hP m 2 A solução é do tipo: , conforme solução indicada abaixo no “ lembrete de cálculo” , já que o polinômio característico possui duas raízes reais e distintas (m e –m). LEMBRETE DE CÁLCULO Solução geral de equação diferencial homogênea de a2 ordem e coeficientes constates 0 2 2 cy dx dy b dx yd Assume nxey Substituindo, vem nxnxnx cebmeem 2 nxe Obtém-se o polinômio característico 02 cbnn Caso 1: 1n e 2n reais e distintos xnxn ececy 21 21 Caso 2: 1n e 2n reais iguais xnxn xececy 11 21 Caso 3: conjugados complexos qipn 1 ; qipn 2 )]()cos([ 21 qxsencqxcey px Onde, 2 b p ; 2 4 2bc q Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 44 x kA hP b mx b e x ex )( )( Determinação das constantes 1c e 2c vêm das condições de contorno: a1 Condição de Contorno TT TT xpara bb b )0( )0( 0 0 2 0 1 ececb A outra relação entre as condições de contorno, depende do tipo de aleta, conforme os casos (a), (b) e (c), abaixo estudados: (a) aleta muito longa Nesse caso, admite-se que a aleta é muito longa que, do ponto de vista matemático, tem-se 0 ouTTx Assim, bmxmx x ccecec 2121 0lim0 De forma que, a distribuição de temperaturas nesse caso é: Ou, substituindo a definição de , vem: bcc 21 xkA hP b e TT TxT )( Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 45 O fluxo de calor total transferido pela aleta O fluxo de calor total transferido pela aleta pode ser calculado por dois métodos: (1) aletabasecondaleta qq . (o fluxo de calor total transferido é igual ao fluxo de calor por condução na base da aleta) (2) dxTThPqaleta )( 0 (o fluxo de calor total transferido é a integral do fluxo de calor convectivo ao longo de toda a superfície da aleta) Usando o método (1), vem: 00 x b x baleta dx d kA dx dT kAq Mas, cteAAb 0 )( x mx b mx baleta emkAe dx d kAq kA hP kAq baleta hPkAq baleta ou )( TThPkAq baleta Pelo outro método (2): dxhPqaleta 0 ; cteP dxehPq mxbaleta 0 bbmb mx b mx baleta hPkA m hP e m hP m e hPdxehPq 1limlimlim 0 0 ou, )( TThPkAq baleta o mesmo resultado anterior! (b) caso em que a extremidade da aleta é adiabática (finito) Nesse caso, admite-se que a transferência de calor na extremidade da aleta é muito pequeno. Portanto, Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 46 mLmL mL b ee e c 1 admite-se que é adiabático: LxLx dx d dx dT 0 (extremidade adiabática), ou 021 mxmx ecec dx d De onde, se obtém, mLmL mL b ee e c 2 Mas como bcc 21 , então: Logo, substituindo na equação, vem: mx c mLmL mL mx c mLmL mL b e ee e e ee e 21 Ou 2/ 2/)()( mLmL xLmxLm b ee ee ou mL xLmx b cosh )(cosh)( lembrete de funções hiperbólicas: FUNÇÃO DEFINIÇÃO DERIVADA senhx 2 xx ee xcosh xcosh 2 xx ee senhx tghx x senhx cosh xh2sec O fluxo de calor total transferido pela aleta O mesmo resultado do caso anterior 00 cosh )(cosh x b x aleta mL mxL dx d kA dx d kAq )( )cosh( )( m mL mLsenhkA b )(mLtghmkA b Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea/- © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 47 )(cosh )()(cosh)( mLsenh mk hmL xLmsenh mk hxLmx b )()cosh( )()( mLsenh mk hmL mLconh mk hmLsenh hPkAq b )(mLtghhPkAq b (c) aleta finita com perda de calor por convecção na extremidade Caso realista. Condição de contorno na extremidade: em )( TTh dx dT kLx L Lx condução na extremidade = convecção Distribuição de temperaturas Fluxo de calor Comprimento Corrigido de Aleta Em muitas situações, costuma-se usar a solução do caso (b) – extremidade adiabática – mesmo para os casos reais. Para isso, usa-se o artifício de “rebater” a metade da espessura t para cada lado da aleta e definir o chamado comprimento corrigido de aleta, LC. Com isso, usa-se o caso (b) de solução mais simples. b t L t/2 Lc=L+t/2 2/tLLc O erro introduzido por essa aproximação será menor que 8% desde que 5,0 k ht Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 48 AULA 7 – EFICIÊNCIA E EFETIVIDADE DE ALETAS Eficiência de Aleta A teoria desenvolvida na aula anterior é bastante útil para uma análise em detalhes para o projeto de novas configurações e geometrias de aletas. Para alguns casos simples, existem soluções analíticas, como foi o do caso estudado da aleta de seção transversal constante. Situações geométricas ou que envolvem condições de contorno mais complexas podem ser resolvidas mediante solução numérica da equação diferencial geral que governa o processo de transferência de calor na aleta. Na prática, a seleção de aletas para um caso específico, no entanto, geralmente usa o método da eficiência da aleta. Sendo que a eficiência de aleta, A , é definida por idealcasobasetempàestivessealetaacasootransmitidseriaquecalorfluxo realcasoaletapotransmitidcalordefluxo A . / Pode ser utilizado o comprimento corrigido, dado por: Lc = L+ t/2 Para o caso estudado na aula anterior da aleta retangular de extremidade adiabática, a aplicação da definição de eficiência de aleta resulta em: c c bc cb A mL mLtgh hPL mLtghhPkA )()( , com kA hP m Por outro lado, o perímetro molhado é dado por btbP 2)(2 (para t << b, aleta fina), sendo btA , de onde se obtém: cc L kt h mL 2 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 49 Cálculo do Fluxo de Calor Através da Aleta Da definição de eficiência de aleta, o fluxo de calor real transferido pela aleta, qA, pode ser obtido por meio de maxqq AA , onde o máximo fluxo de calor transferido, qmax, é aquele que ocorreria se a aleta estivesse toda à temperatura da base, isto é: bahAq max , onde Aa é a área total exposta da aleta e TTbb Assim, o fluxo de calor real transferido pela aleta é: baaA hAq Note que a eficiência da aleta, a , selecionada sai de uma tabela, gráfico ou equação. Na página seguinte há uma série de gráficos para alguns tipos de aletas. Deve-se usar aleta quando: (1) h é baixo (geralmente em convecção natural em gases, como o ar atmosférico) (2) Deve-se usar um material de condutividade térmica elevado, tais como cobre e alumínio, por razões que veremos adiante. O alumínio é superior devido ao seu baixo custo e baixa densidade. Exemplo de Aplicação Em um tubo de diâmetro externo de 2,5 cm são instaladas aletas circulares de alumínio por um processo de soldagem na superfície. A espessura das aletas é de 0,1 cm e o diâmetro externo das mesmas é de 5,5 cm, como ilustrado. Se a temperatura do tubo for de 100 oC e o coeficiente de transferência de calor for de 65 W/m2 K, calcule o fluxo de calor transferido pela aleta. Solução Trata-se de aleta circular de alumínio. O valor da condutividade térmica é de aproximadamente 240 W/mK (obtido por consulta a uma tabela de propriedades termofísicas dos sólidos). Vamos calcular os parâmetros do gráfico correspondente dado na página 50 à frente. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 50 m t LLmL mt c 0155,0 2 015,001,0 2 )5,25,5( 001,0 255,01055,1240650155,0 1055,1001,00155,0 5,055,12123c25 PcP kAhLmtLA Para o uso do gráfico, precisamos ainda da razão entre o raio externo corrido e o raio interno da aleta. 24,2 25,1 2/1,075,22/ 1 2 1 2 r tr r r c Com esses dois parâmetros no gráfico, obtemos %91A . Assim, o fluxo de calor trocado pela aleta é: , 5,177500394,06591,0 WhAq baaA Já que a área exposta da aleta, vale, . 00394,02 22122 mrrA ca Exemplo de Aplicação (cont...) Admitindo que o passo das instalações da aleta é de 1 cm, qual deve ser o fluxo de calor total transferido pelo tubo, se o mesmo tiver 1 m de comprimento. Solução O tubo terá 100 aletas. O fluxo de calor trocado por aleta já é conhecido do cálculo anterior. O fluxo de calor da porção de tubos sem aletas será: aletas. há não que em tubodo área a é onde ),( sassasa ATThAq 221 07068,0 8,7061,010010025,12)(2 mcmtNLrA aTsa Assim, Wqsa 6,344)25100(07068,065 O fluxo de calor trocado pelas 100 aletas será Wqca 17505,17100 Finalmente, o fluxo total de calor trocado pelo tubo será Wqqq casaT 5,209417506,344 e %6,83%100 2095 1750 % Como se vê, a instalação das aletas aumenta consideravelmente a transferência de calor. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 51 Ap – área de seção transversal de aleta Tipo Aa área total exposta da aleta b – largura da aleta Lc = L-corrigido t = espessura Retangular cbL2 Triangular 2/122 )2/(2 LLb Parabólica 2/122 )2/(05,2 LLb Anular 2/121222 rrb c Fluxo de calor transmitido pela aleta: baahAq TTbb Aa é a área total exposta da aleta Para obter a eficiência da aleta, use os dados geométricos disponíveis e os indicados nos gráficos. Uma vez obtida a eficiênciada aleta, calcule o fluxo real de calor através da simples expressão acima. Comentários: Aleta triangular (y ~ x) requer menos material (volume) para uma mesma dissipação de calor do que a aleta retangular. Contudo, a aleta de perfil parabólico é a que tem melhor índice de dissipação de calor por unidade de volume (q/V), mais é apenas um pouco superior ao perfil triangular e seu uso é raramente justificado em função de maior custo de produção. A aleta anular é usada em tubos. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 52 Efetividade da Aleta Como visto, a eficiência de aleta é somente um procedimento de cálculo, mas não indica se a transferência de calor realmente aumenta ou não com a instalação de aletas. Claro que está informação é crucial se o engenheiro pretende decidir pela instalação de aletas para incrementar a transferência de calor.Tal análise só pode ser feita através da análise da efetividade. Para que se possa efetivamente tomar uma decisão sobre o uso ou não de aletas, deve-se lançar mão do método da efetividade de aleta, . Nesse método, compara-se o fluxo de calor devido à presença da aleta com o fluxo de calor caso ela não tivesse sido instalada, ou seja: bb aleta aletas aleta hA q q q / Note que o fluxo de calor sem a aleta, q s/aleta, é o que ocorreria na base da aleta, conforme ilustração acima. Como regra geral, justifica-se o caso de aletas para ε > 2. Para aleta retangular da extremidade adiabática bb cb hA mLtghhPkA )( Nesse caso: A = Ab e, portanto, kPhA mLtgh c / )( Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 53 Exemplos de Aplicação Exemplo de aplicação 1 – Uma aleta de aço inoxidável, seção circular de dimensões L = 5 cm e r = 1 cm é submetida a três condições de resfriamento, quais sejam: A – Água em ebulição; h = 5000 W/m2K B – Ar – convecção forçada; h = 100 W/m2K C – Ar – Convecção natural; h = 10 W/m2K Calcule a efetividade da aleta, para os seguintes dados - k aço inox = 19 W/m K - Comprimento corrigido: Formula Solução: kPhA mLtgh c / )( , com h h kr h rk rh kA hP m 24,3 01,0.19 222 2 e 2/01,005,024,3 hmLc , ou seja: hmLc 178,0 . No denominador tem-se: h h k hr rk rh kP hA 0162,0 19.2 01,0. 22 2 . Substituindo estes dois resultados na expressão da efetividade, vem: h htgh 0162,0 )178,0( Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 54 Agora, analisando os três casos (valores diferentes de h) Caso A : h = 5000 W/m2 K 873,0 145,1 1 50000162,0 )5000178,0( tgh Caso B : h = 100 W/m2 K 833,5 162,0 945,0 1000162,0 )100178,0( tgh Caso C : h = 10 W/m2K 0,10 051,0 510,0 100162,0 )10178,0( tgh Comentário - Como visto, a colocação da aleta nem sempre melhora a transferência de calor. No caso A, por exemplo, a instalação de aletas pioraria a transferência de calor. Um critério básico é que a razão hA/Pk deve ser muito menor que 1 para justificar o uso de aletas. Caso (A) 31,1 kP hA Caso (B) 026,0 kP hA Caso (C) 00262,0 kP hA - Informação importante: A aleta deve ser colocada do lado do tubo de menor coeficiente de transferência de calor que é também o de maior resistência térmica. Exemplo de aplicação 2 – Considerando o problema anterior, suponha que a aleta seja constituída de três materiais distintos e que o coeficiente de transferência de calor seja h = 100 W/m2 oC. Calcule a efetividade. Das tabelas de propriedades de transporte dos materiais, obtém-se: A – Cobre k = 368 W/m K B – Aço inox k = 19 W/m K C – Alumínio k = 240 W/m K Solução: kkkr h m 4,141 01,0. 100.22 e, portanto, kk mLc 76,7 2/01,005,0 4,141 Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização Agosto/2014 55 No denominador, agora temos: kkk hr kP hA 2 1 2 01,0.100 2 Substituindo ambos resultados, obtém-se: )/76,7(2 ktghk Caso (A): k = 368 W/m K (cobre) ε = 10,7 Caso (B): k = 19 W/m K (aço inox) ε = 5,8 Caso (C): k = 240 W/m K (alumínio) ε = 10,1 Comentário: O material da aleta é bastante importante no que toca a efetividade de uma aleta. Deve- se procurar usar material de elevada condutividade térmica (cobre ou alumínio). Geralmente, o material empregado é o alumínio por apresentar várias vantagens, tais como: (1) É fácil de ser trabalhado e, portanto, pode ser extrudado; (2) Tem custo relativamente baixo; (3) Possui uma densidade baixa, o que implica em menor peso final do equipamento; (4) Tem excelente condutividade térmica. Claro, que cada caso é um caso. Em algumas situações as aletas podem ser parte do projeto original do equipamento e serem fundidas juntamente com a peça, como ocorre com as carcaças de motores elétricos e os cilindros de motores resfriados a ar, por exemplo. Nesse caso, as aletas são feitas do mesmo material da carcaça do motor. Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização setembro/2014 56 AULA 8 – CONDUÇÃO DE CALOR EM REGIME TRANSITÓRIO – SISTEMA CONCENTRADO Introdução Quando um corpo ou sistema a uma dada temperatura é bruscamente submetido a novas condições de temperatura no seu contorno como, por exemplo, pela sua exposição a um novo ambiente, certo tempo será necessário até que seja restabelecido o equilíbrio térmico. Exemplos práticos são aquecimento/resfriamento de processos industriais, tratamento térmico, entre outros. No esquema ilustrativo abaixo, suponha que um corpo esteja inicialmente a uma temperatura uniforme T0. Subitamente, ele é exposto a um ambiente que está a uma temperatura maior T∞2. Uma tentativa de ilustrar o processo de aquecimento do corpo está indicada no gráfico temporal do esquema. A forma da curva de aquecimento esperada é, de certa forma, até intuitiva para a maioria das pessoas, baseado na própria experiência pessoal. 1∞T 10 ∞= TT 2∞T 2∞T t∆ Uma análise mais detalhada e precisa do problema do aquecimento do exemplo ilustrativo acima vai, entretanto, indicar que o aquecimento do corpo não ocorre de forma uniforme no seu interior. Na ilustração que segue, indica-se de forma indicativa a temperatura na no centro Tc, e numa posição qualquer na superfície Ts. Note que as curvas Notas de aula de PME 2361 – Processos de Transferência de Calor ____________________________ http://www.usp.br/sisea - © José R. Simões Moreira – atualização setembro/2014 57 de aquecimento não são iguais. Isto indica que a variação da temperatura no corpo não é uniforme dentro do corpo,
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