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Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
1
Nutrição e Ciclos da Vida
Doenças da Infância
Professora Gisele Kuhlmann Duarte Rodrigues
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
2
Nutrição e Alimentação no primeiro ano de vida 3
Primeiros seis meses de vida 3
Crianças de 6 a 12 meses de vida 7
Avaliação nutricional de crianças menores de um ano 10
Nutrição e Alimentação de Crianças e Adolescentes 11
Fase Pré-escolar 11
Fase Escolar 11
Adolescência 12
Avaliação nutricional de crianças e adolescentes 13
Recomendações nutricionais para crianças e adolescentes 21
Doenças da Infância 23
Avaliação nutricional de Idosos 26
Nutrição e Alimentação de Idosos 29
Recomendações Nutricionais para Idosos 30
Referências Bibliográficas 31
SUMÁRIO
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
3
NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO NO 
PRIMEIRO ANO DE VIDA 
Primeiros seis meses de vida 
O aleitamento materno é um processo que envolve 
fatores fisiológicos, ambientais e emocionais. E é 
importante diferenciar o aleitamento de lactação, pois 
este diz respeito somente aos aspectos fisiológicos. 
Este período é cercado de muitas crendices populares, 
que muitas vezes atingem uma proporção tão ampla 
que são capazes de influenciar os profissionais de 
saúde na área.
A criança deve receber aleitamento materno 
exclusivo até os seis meses de idade. O processo de 
aleitamento materno é determinado por aspectos 
fisiológicos, ambientais e até mesmo emocionais. 
A produção do leite sofre interferência da ação 
hormonal desde a gestação, e é intensificada quando 
o aleitamento ocorre de forma adequada. O início do 
aleitamento materno deve ser imediatamente após o 
parto, em livre demanda, sem horários pré-fixados, 
estando a mãe em boas condições e o recém-nascido 
com manifestação ativa de sucção e choro (Euclydes, 
2000). 
As nomenclaturas propostas pela Organização 
Mundial da Saúde definem o aleitamento materno 
exclusivo como a oferta somente de leite materno, 
diretamente da mama ou extraído, e nenhum líquido 
ou sólido, com exceção de gotas ou xaropes de 
vitaminas, minerais e/ou medicamentos. Aleitamento 
materno predominante: oferta de leite materno, 
associado à água ou bebidas à base de água, como 
sucos de frutas ou chás. Aleitamento materno: oferta 
de leite materno, diretamente da mama ou extraído, 
independentemente de estar recebendo qualquer 
alimento ou líquido, incluindo leite não-humano.
No Brasil, a alimentação nesta fase da vida sofre 
interferência de diversos fatores. É comum o culto 
ao excesso de peso, o uso de leite de vaca in natura 
e sem modificações, o uso de leite em pó acrescido 
de espessantes, da utilização universal de açúcar 
e do desmame precoce. Ocorre com frequência a 
introdução de alimentos complementares inadequada, 
com baixo aporte de fontes de ferro, com alto índice 
de uso de alimentos ricos em corantes e conservantes, 
associados à dificuldade na transição líquido-sólido.
O Departamento de Nutrologia da Sociedade 
Brasileira de Pediatra adota a recomendação da OMS 
e preconiza aleitamento materno exclusivo até os 
seis meses, e a partir daí a introdução de alimentos 
complementares, mantendo a amamentação até 
os dois anos. O Ministério da Saúde e a Sociedade 
Brasileira de Pediatra estabeleceram para crianças 
menores de dois anos os dez passos para alimentação 
saudável, disponível no link: http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/publicacoes/10_passos.pdf. 
Em alguns casos, o aleitamento materno pode 
ser contraindicado, como na presença de algumas 
infecções maternas virais, como sarampo, HTLV-1 
(Human T lymphotropic virus type 1) e HIV (Human 
immunodeficiency virus).
Porém, em casos de infecção por citomegalovírus, 
hepatite A, B ou C, rubéola e caxumba, a indicação é 
de amamentar. Em casos de herpes simples, exceto 
com a presença de lesões nas mamas e de varicela, 
exceto se a infecção for adquirida entre cinco dias 
antes a três dias após o parto, a recomendação é de 
amamentar (Lamounier et al., 2004). 
Algumas drogas são também incompatíveis com 
a lactação, outras exigem suspensão temporária 
da amamentação ou ainda possuem efeitos 
desconhecidos nos lactentes e devem ser utilizadas 
com cautela, sempre com orientação médica. Algumas 
drogas têm sido associadas com efeitos significativos 
em alguns lactentes e devem ser usadas com cuidado 
pelas nutrizes. Mais informações sobre esse assunto 
estão disponíveis em no link abaixo: http://www.
scielo.br/pdf/jped/v80n5s0/v80n5s0a11.pdf.
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
4
O levantamento sobre aleitamento materno no Brasil realizado por meio da II Pesquisa de Prevalência de 
Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal (BRASIL, 2009) mostrou uma média de 54 dias 
de duração de aleitamento materno exclusivo e de 341 dias de aleitamento materno (Figuras 1 e 2).
Figura 2 - Duração mediana do Aleitamento Materno (AM), em dias, em crianças menores de 12 meses, segundo as capitais e DF, 2008.
250
Macapá
São Luís
Teresina
Belém
Porto Velho
Boa Vista
Manaus
Cuiabá
Palmas
Aracaju
Rio Branco
Vitória
Salvador
Rio de Janeiro
Fortaleza
Maceió
Natal
Florianópolis
João Pessoa
Goiânia
Curitiba
Porto Alegre
Recife
São Paulo
Belo Horizonte
Distrito Federal
Campo Grande
300 400 500 600350 450 550
250
Macapá
São Luís
Teresina
Belém
Porto Velho
Boa Vista
Manaus
Cuiabá
Palmas
Aracaju
Rio Branco
Vitória
Salvador
Rio de Janeiro
Fortaleza
Maceió
Natal
Florianópolis
João Pessoa
Goiânia
Curitiba
Porto Alegre
Recife
São Paulo
Belo Horizonte
Distrito Federal
Campo Grande
300 400 500 600350 450 550
Figura 1 - Duração mediana do Aleitamento Materno Exclusivo (AME), em dias, em crianças menores de seis meses, segundo as capitais brasileiras, 2008.
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
5
O leite materno é o melhor alimento para o recém-
nascido em parte devido às suas características 
nutricionais. Logo após o nascimento do bebê, o 
colostro possui elevado teor de gorduras, além de 
zinco e vitamina E, que ajudam a manter a integridade 
celular. A presença de grandes quantidades de 
fatores imunológicos ajudam a proteger a criança de 
fatores relacionados ao meio externo (possui todas 
as classes de imunoglobulinas).
O leite maduro, que terá sua composição mais 
estável em torno de 15 dias após o parto, possui 
elevada quantidade de caseína (40%), que é digerida 
em flocos finos de fácil absorção, e proteínas do 
soro (60%), que compreendem alfa-lactalbumina, 
imunoglobulinas e enzimas. Em relação aos 
carboidratos presentes no leite materno, destaca-se 
a lactose, o carboidrato mais expressivo, e ainda os 
oligossacarídeos, que associados a peptídeos formam 
o fator bífido, que em meio contendo lactose forma 
ácidos (láctico e succínico), que são responsáveis por 
reduzir o pH intestinal, criando um meio desfavorável 
ao crescimento de enterobactérias. Assim, além do 
fator nutricional, a lactose também exerce papel 
protetor para o lactente (Euclydes, 2000).
O teor de gorduras do leite materno sofre pouca 
influência da dieta da mãe, porém, a composição 
dos ácidos graxos apresenta forte associação com a 
origem energética e pelo tipo de gordura ingerida, 
sendo que após dois ou três dias de modificação da 
ingestão alimentar, a característica da gordura do 
leite materno passa a refletir a gordura da dieta.
Quanto aos minerais, as quantidades equilibradas 
evitam a sobrecarga metabólica ao mesmo tempo em 
que atendem as necessidades do lactente, com exceção 
da vitamina D, que pode ser produzida pela exposição 
solar ou pode ser suplementada (Euclydes, 2000).
A maior variação no teor nutricional do leite materno 
acontece ao longo da mamada.O leite anterior, que 
sai no início, é mais aquoso, apresenta menor teor 
de gordura e, portanto, menor valor energético do 
que o leite posterior. Portanto, é importante garantir 
que a criança, ao mamar, esvazie um seio em cada 
mamada (Euclydes, 2000).
Se a mulher for retornar ao trabalho durante a 
fase de lactação, será necessário retirar leite para dar 
continuidade ao aleitamento materno. Neste caso, 
deverá lavar bem as mãos, de preferência, escolher 
um local silencioso e tranquilo e aplicar compressa 
morna nos seios por três a cinco minutos antes de 
iniciar a ordenha. Deve-se proceder a uma massagem 
circular seguida de outra de trás para frente até o 
mamilo, estimular suavemente os mamilos estirando-
os ou rodando-os entre os dedos. Ao extrair o leite, 
despreze os primeiros jorros de leite de cada lado e 
ordenhar o leite para um recipiente limpo de plástico 
duro ou vidro.
O posicionamento dos dedos deve ser o polegar 
sobre a mama, onde termina a aréola e os outros 
dedos por debaixo (também na borda da aréola). O 
seio deve ser então comprimido contra as costelas 
e também entre o polegar e o indicador, por detrás 
da aréola. O movimento deve ser repetido de forma 
rítmica, rodando a posição dos dedos ao redor da 
aréola para esvaziar todas as áreas, alternando as 
mamas cada cinco minutos ou quando diminua o fluxo 
de leite. Pode ser necessário repetir a massagem e o 
ciclo várias vezes (Euclydes, 2000). Após a extração 
do leite, deve-se passar algumas gotas de leite nos 
mamilos e deixá-los secar ao ar livre. 
O leite extraído deve ser ordenhado diretamente em 
um recipiente limpo ou estéril, conforme a saúde do 
bebê: se o bebê for normal, pode-se utilizar pequenos 
recipientes de vidro ou plástico duro, BPA free (livre 
de bisfenol A), limpos com água quente e detergente 
e bem enxutos. Já em casos de bebês prematuros ou 
doentes, deve-se utilizar estes recipientes após serem 
esterilizados. Imediatamente depois da ordenha, 
deve-se fechar o recipiente e colocá-lo em banho de 
água com gelo por 60 a 120 segundos e então guardá-
lo na zona mais fria do refrigerador ou congelador, 
nunca utilizando a porta do refrigerador.
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
6
A aparência do leite que se extrai cada vez é 
variável. Ao princípio é claro e depois do reflexo 
de ejeção torna-se mais branco e cremoso e a cor 
pode ser alterada pelo uso de alguns medicamentos, 
alimentos ou vitaminas. As gorduras do leite boiam 
ao guardá-lo. O tempo de armazenamento é variável 
conforme a temperatura de armazenamento e a 
saúde do bebê (Tabela 1).
Imediatamente depois de extrair o leite, deve-
se fechar e marcar em etiqueta a data, horário e 
quantidade, deixando um espaço no recipiente para 
aumento de volume se for congelá-lo. O processo 
de descongelamento deve ser lento, deixando 
no refrigerador overnight. Em banho-maria, sem 
deixar a água ferver, o recipiente com leite deve ser 
agitado, visto que o calor excessivo destrói enzimas e 
proteínas. Por esta razão, o forno microondas nunca 
deve ser utilizado. Deve-se descongelar a quantidade 
total, já que as gorduras se separam ao congelar e 
depois de descongelado deve ser utilizado dentro de 
24 horas.
Tabela 1 - Tempo de armazenamento do 
leite materno depois de extraído, conforme 
saúde do bebê.
Os benefícios do aleitamento materno afetam a 
saúde e desenvolvimento do bebê, a família e o meio 
ambiente. Exerce proteção contra diarreias, infecções 
respiratórias e alergias alimentares (Devicenzi et al., 
2004; Schack-Nielsen; Michaelsen, 2006); proteção 
contra mortalidade infantil; prevenção de doenças 
crônicas como diabetes, doença celíaca, doença de 
Chron e o obesidade; melhora do vínculo mãe-filho 
(Devicenzi et al., 2004, Schack-Nielsen e Michaelsen, 
2006), apresenta melhor biodisponibilidade de 
nutrientes e digestibilidade; melhora a aceitação 
de novos alimentos ao desmame (pela exposição a 
odores e sabores diferentes); menor custo (WHO 
1998, Devicenzi et al., 2004) e tem demonstrado 
menor incidência de cólicas quando comparado à 
alimentação artificial.
Diversos pesquisadores têm apontado as 
vantagens anti-infecciosas, nutricionais e psicológicas 
do aleitamento materno para a criança (Duncan et al., 
1993), dente elas o melhor desenvolvimento cognitivo 
e melhor ajuste social (Horwood; Fergusson, 1998).
A amamentação prolongada ainda pode diminuir 
a fertilidade e suprimir a ovulação em algumas 
mulheres. A amamentação reduz o risco de câncer 
de mama, de ovário, de útero e de endométrio 
(Schneider, 1987); diminui a necessidade de insulina 
da mãe diabética (Davies, 1989), e protege contra 
osteoporose. Durante a amamentação, a mulher 
experimenta uma redução na densidade óssea 
(1 a 2%). No entanto, após o desmame ocorre 
normalização da DMO (Blaauw, 1994. 
Nos casos de contra-indicação à lactação, a 
lactante deve preferencialmente recorrer ao banco de 
leite humano para garantir a oferta de leite humano 
ao bebê. Porém, em locais onde não há banco de 
leite humano, apesar de todos os benefícios do 
aleitamento materno já descritos, será necessário 
utilizar outras fontes de alimento para o recém-
nascido. As fórmulas, neste caso, são as melhores 
opções. 
Método Bebê normal Bebê prematuro 
ou doente
Temperatura 
ambiente
40 minutos Não se recomenda
Refrigerador 48 horas 24 horas
Congelador 
(refrigerador 
uma porta)
Não se 
recomenda
Não se recomenda
Congelador 
(refrigerador 
duas portas)
3 meses 3 meses
Congelador 
profundo (-20°)
1 ano 1 ano
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
7
As fórmulas infantis apresentam em geral reduzidas 
quantidades de gordura saturada e maiores teores 
de óleos vegetais, e são acrescidas de ômega-3 e 
ômega-6. Em relação aos carboidratos, possuem 
geralmente lactose exclusiva ou associação de 
lactose com polímeros de glicose (maltodextrinas) e 
quantidade de proteínas adequada, com desnaturação 
proteica, e adequada relação proteína do soro/
caseína. A quantidade de minerais é modificada 
para aproximar ao leite materno e as vitaminas são 
adequadas para atender às necessidades nutricionais.
Já o leite de vaca (in-natura, integral, pó ou 
fluido) possui composição nutricional bem diferente 
do leite materno e é a principal causa de perda de 
sangue oculto nas fezes e fator de risco para anemia 
ferropriva (Euclydes, 2000). Possui baixos teores 
de ômega-6 (dez vezes menor do que as fórmulas 
infantis), o que torna necessário o acréscimo de 
óleo vegetal. Também apresenta carboidratos em 
quantidade insuficiente; deve-se, portanto, adicionar 
outros açúcares, que são frequentemente mais 
danosos à saúde, como a sacarose, com elevado 
poder cariogênico. As proteínas são encontradas em 
elevadas taxas, o que eleva a carga renal de soluto. 
Além disso, a relação caseína/proteínas do soro 
inadequada, o que torna a digestibilidade reduzida. O 
elevado teor de sódio eleva a carga renal de solutos. 
Apresenta baixa biodisponibilidade de ferro e zinco e 
baixos teores de vitaminas C, D e E. 
Crianças de 6 a 12 meses de vida
Após completar seis meses de vida, deve-se 
iniciar a alimentação complementar, visto que o 
uso exclusivo do leite materno não supre todas as 
necessidades nutricionais da criança nesta fase 
da vida, e considerando-se que a maioria das 
crianças atinge estágio de desenvolvimento geral 
e neurológico (mastigação, deglutição, digestão e 
excreção) aos seis meses de idade (Monte; Giuliane, 
2004). Antes dessa idade, a criança não consegue 
expressar reações que indicam a saciedade ou recusa 
ao alimento, como fechar a boca e inclinar a cabeça 
para trás (Euclydes, 2000). 
Um dos fatores a ser considerado para a introdução 
adequada de alimentos nesta fase é a consistência 
dos alimentos, visando proteger as viasáreas contra 
a aspiração, não excedendo a capacidade funcional 
dos sistemas orgânicos (cardiovascular, digestório e 
renal) (Devicenzi et al., 2004). Para boa adaptação, 
a introdução dos alimentos deve ser gradual, sob a 
forma de papas, oferecidos com a colher. 
A composição da dieta deve ser variada e fornecer 
todos os tipos de nutrientes e deve-se iniciar a oferta 
de água potável, por conta da sobrecarga renal 
(SBP, 2006). Não há uma definição da proporção de 
macronutrientes em relação à oferta energética para 
crianças até um ano de idade (IOM, 1997; 2001). 
As recomendações nutricionais para esta faixa etária 
são mostradas na Tabela 2. 
Tabela 2 - Valores de Ingestão Dietética 
segundo a idade e o gênero.
Fonte da imagem: IOM 1997; 2001.
As orientações nutricionais incluem pesquisa da 
história familiar de atopia e/ou reações alérgicas 
antes da introdução de novos alimentos (Vitolo, 
2008). Inicialmente, as frutas devem ser oferecidas 
sob a forma de papas e sucos, sempre em colheradas. 
Nenhuma fruta é contraindicada e a escolha deve 
levar em consideração as características regionais, o 
custo, a estação do ano e a presença de fibras. 
Energia e nutrientes Lactentes
0-6 m
Lactentes
7-12 m
Gasto Energético 
(Kcal/dia)
M=570
F=520
(3m)
M=743
F=676
(9m)
W6 (g/dia) 4,4 4,6
W3 (g/dia) 0,5 0,5
Cálcio (mg/dia) 210 270
Ferro (mg/dia) 0,27 11
Zinco 2 3
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
8
A primeira papa salgada deve ser oferecida entre o 
6º e 7º mês, no horário do almoço ou jantar, podendo 
ser utilizados os mesmos alimentos da família. 
Preferencialmente, os cardápios devem conter um 
tubérculo ou cereal associado à leguminosa, proteína 
de origem animal e hortaliça ou vegetal, com 
pequenas quantidades de óleo e sal. A papa deve 
ser amassada, sem peneirar nem liquefazer. A carne 
(vaca, frango, porco, peixe ou vísceras) não deve ser 
retirada, mas sim picada e oferecida à criança. O ovo 
inteiro cozido pode ser introduzido após o sexto mês. 
Entre o 7º e 8º meses de idade, deve-se introduzir 
a segunda refeição de sal, evitando alimentos muito 
diluídos para propiciar oferta calórica adequada. 
Devem-se evitar alimentos industrializados e não 
usar mel no primeiro ano de vida para proteger do 
botulismo infantil (Euclydes, 2000; Devicenzi et al., 
2004).
Crianças amamentadas devem receber três 
refeições ao dia (duas de sal e uma de fruta) e a 
criança não amamentada deve ingerir duas papas de 
sal, uma de fruta e três porções de leite (Euclydes, 
2000), conforme esquema apresentado na Tabela 
3. A consistência das preparações dos seis aos 12 
meses de idade pode ser identificada na Tabela 4.
Horário 6-7 meses 7-8 meses 8-12 meses
Manhã Aleitamento materno Aleitamento materno Aleitamento materno
Intervalo Papa de fruta Papa de fruta Fruta
11-12h Refeição de sal + suco de fruta Refeição de sal + suco de fruta Refeição de sal* + suco de fruta
Tarde Aleitamento materno
Papa de fruta
Aleitamento materno
Papa de fruta
Fruta
Pão ou biscoito
17-18h Aleitamento materno Refeição de sal + suco de fruta Refeição de sal* + suco de fruta
Noite Aleitamento materno Aleitamento materno Aleitamento materno
* dos 10 a 12 meses a refeição de sal vai se aproximando da alimentação da família.
Alimentos Até 7 meses
Pastosa
8 a 9 meses
Semipastosa
10 a 12 meses
Quase normal
Cereais 
tubérculos e 
derivados
Arroz papa
Angu
Purê de batatas
Arroz papa
Miolo de pão
Biscoitos
Sopa de macarrão
Arroz bem cozido
Batata cozida em pedaços
biscoitos
Leguminosas Caldo de feijão
Purê de ervilhas e lentilha
Sopa de ervilhas
Feijão amassado sem casca*
Feijão
Carnes Caldo de carne Carne moída, picada 
ou desfiada
Carne moída, picada ou desfiada
Ovos Ovo cozido Ovo cozido Ovo cozido
Hortaliças Cozidas e amassadas Cozidas e amassadas Cozidas ou cruas (pedacinhos)
Óleo Na refeição de sal Na refeição de sal Na refeição de sal
Frutas Na forma se sucos, 
papas ou raspadinhas
Na forma de sucos, 
pedaços ou papas
Fruta ao natural
*(cozinhar bem para soltar a casca).
Tabela 3 - Exemplo de esquema alimentar diário.
Fonte: adaptado de Euclydes, 2000
Fonte: adaptado de Euclydes, 2000
Tabela 4 - Consistência adequada de preparações dos seis aos 12 meses de vida.
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
9
Recomenda-se que os alimentos sejam oferecidos 
separadamente, para que a criança identifique os 
diversos sabores, influenciando de forma positiva 
a aceitação. A exposição repetida a determinado 
alimento também facilita a sua aceitação. Em 
média, são necessárias de oito a dez exposições 
ao alimento para que ele seja aceito pela criança. 
Não se deve acrescentar açúcar ou leite nas papas 
para tentar melhorar a sua aceitação, pois pode 
prejudicar a adaptação da criança e ainda interferir 
na biodisponibilidade do ferro. 
A pirâmide alimentar infantil para crianças de 6 a 
23 meses indica o número e tamanho de porções a 
serem consumidos por crianças, de forma a traduzir 
as recomendações nutricionais para a faixa etária em 
alimentos e preparações (MS, 2002) (Tabela 5).
No Brasil, adota-se o Guia Alimentar para Crianças 
Menores de Dois Anos para orientar a alimentação 
nesta faixa etária (http://dtr2004.saude.gov.br/
nutricao/publicacoes.php) e orientações específicas 
para a faixa etária (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/folder_10passos.pdf) 
Grupos de Alimentos Porções/ dia Exemplo de 1 porção
Cereais, pães, tubérculos 3 2 colheres de sopa e arroz; ½ 
pão francês; 4 biscoitos maisena; 
1 colher de sopa de maisena
Verduras e legumes 3 4 fatias de cenoura cozida; 1 
colher de sopa de couve; 1 e ½ 
colher de sopa chuchu; 2 colheres 
de sopa de brócolis cozido
Frutas 3 ½ banana; ½ maça; 1 laranja; 
½ mamão; ½ fatia de abacaxi
Leite, queijo, iogurte 3 1 xícara de leite; 1 e ½ 
colher de sopa de requeijão; 
1 pote de iogurte; 1 e ½ 
fatia de queijo minas
Carnes e ovos 2 1 ovo; 1/3 file de peixe; 1/3 
file de frango grelhado ou; 
¼ bife de fígado; 2 colheres 
de sopa de carne moída
Feijões 1 1 colher de sopa de feijão; 1 
colher de sopa de lentilha;½ 
colher de sopa de grão de bico
Óleos e gorduras 2 ½ colher de sopa de óleo 
de soja; ¼ colher de sopa 
de margarina/manteiga; ½ 
colher de sopa de azeite
Açúcares e doces 0 ----
Tabela 5 - Quantidade de alimentos de cada grupo para crianças de 6 a 23 meses.
Fonte: adaptado de Guia Alimentar, MS, 2002. 
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
10
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE 
CRIANÇAS MENORES DE UM ANO
Logo após o nascimento, ocorre perda de 5 a 
10% do peso (aproximadamente 200 a 300g), que 
é recuperado em oito a dez dias. Nos primeiros seis 
meses, o ganho de peso deve ser maior que 20g/
dia e no segundo semestre, maior que 15g/dia. O 
acréscimo de comprimento no primeiro ano é de 
aproximadamente 25 cm, com alcance de altura 
média final em torno de 75 cm, que corresponde 
a aumento de 55% em relação a sua estatura no 
nascimento.
Os meses iniciais de vida do lactente são 
caracterizados por relativa imaturidade fisiológica, com 
incapacidade de sobrecarga renal, permeabilidade da 
mucosa intestinal a proteínas heterólogas e pouca 
produção de amilase salivar e pancreática. A amilase 
pancreática não é detectada no intestino do recém-
nascido e sua atividade permanece baixa durante os 
seis primeiros meses. Porém, alguns estudos têm 
demonstrado que o lactente de um a cinco meses 
é capaz de digerir de 10 a 25g de amido por dia, 
provavelmente pela ação da enzima glicoamilase, que 
remove a glicose da extremidade não redutora do 
amido e está presente na borda em escova intestinal, 
e poderia ser uma via alternativa de digestão do 
amido (Fomon, 1993; Euclydes, 2000).
As condições nutricionais ao nascimento refletemo período intrauterino. A desnutrição materna 
durante a gestação é um fator de risco para baixo 
peso ao nascer e, se associada a doenças infecciosas 
ou parasitárias aumentam os índices de mortalidade 
infantil ou atraso no crescimento. O baixo peso 
ao nascimento é um importante fator preditivo da 
baixa estatura (Nobrega et al. 1991, Vitolo 2008). 
No Brasil, dados levantados pelo Ministério da Saúde 
do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos 
(SINASC) revelaram uma proporção de 8,25% dos 
nascidos vivos com baixo peso foram considerados 
baixo peso; bebês nascidos com peso inferior a 2500g, 
independente da idade gestacional (MS, 2007).
Na avaliação da condição nutricional do recém-
nascido, deve-se verificar a idade gestacional e o 
peso ao nascimento. Segundo a idade gestacional, 
considera-se a termo aqueles nascidos com 38 a 42 
semanas gestacionais, até 37 semanas pré-termo e 
maior que 42 semanas, pós-termo. Segundo o peso 
ao nascimento, são classificados como Pequeno 
para Idade Gestacional (PIG) aqueles nascidos com 
peso abaixo do percentil 10; Adequado para Idade 
Gestacional (AIG) entre percentil 10 e 90 e Grande 
para a Idade Gestacional (GIG) a partir do percentil 
90 (Lubchenco, 1970). Já a classificação de Puffer e 
Serrano, considera Baixo Peso crianças nascidas com 
peso abaixo de 2500g, Peso Insuficiente entre 2500a 
3000g e Peso Adequado acima de 3000g. 
Para a correta avaliação antropométrica de crianças 
de zero a 36 meses, a criança deve ser posicionada 
deitada, com a cabeça apoiada firmemente contra 
a parte fixa do antropômetro, mantendo ombros, 
costas e nádegas bem apoiados na superfície e as 
pernas bem relaxadas. Para tanto, o profissional deve 
contar com um ajudante, preferencialmente a mãe. 
Para pesagem, devem ser retiradas roupas ou fraldas 
- e nunca pesar a criança com roupa e descontar 
posteriormente seu peso - e não pesar a mãe com a 
criança no colo e descontar seu peso. O vídeo listado 
no link abaixo apresenta a realização de avaliação 
antropométrica em crianças:
http://www.canalminassaude.com.br/video/aula-
02---sisvan/2c9f94b534e9725e0134ed55b25b0562/
Para lactentes, deve-se considerar o peso, o 
comprimento e o perímetro cefálico, sendo o ganho 
de peso mensal a medida de maior importância 
para a avaliação nutricional da criança. De zero a 
seis meses, a relação perímetro torácico/ perímetro 
cefálico deve ser igual a 1, e de seis meses aos cinco 
anos, maior do que 1 (neste caso, a relação abaixo 
de 1 é indicativo de desnutrição). 
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
11
O peso e comprimento são avaliados de acordo 
com os indicadores Peso/Estatura (P/E) (até cinco 
anos), Comprimento/Idade (C/I) ou Estatura/Idade 
(E/I), Peso/Idade (P/I) e Índice de Massa Corporal/
Idade (IMC/I), utilizando as curvas publicadas pela 
Organização Mundial da Saúde em 2006 (http://www.
who.int/childgrowth/en/index.html) e o diagnóstico 
deve ser realizado conforme a Tabela 6.
Tabela 6 - Diagnóstico nutricional a partir 
das curvas de crescimento.
NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE 
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
A evolução da alimentação na infância, fase 
compreendida entre o zero a dez anos de idade 
segundo a OMS, mostrou uma alteração do consumo 
de alimentos da família, refeições ricas em cereais, 
carnes, frutas, pães e bolos, pudins e mingaus e 
leite na infância para refeições ricas em alimentos 
industrializados, separados por grupos de idade, com 
aumento do consumo de lipídeos e carboidratos e 
pequeno consumo de cálcio.
Fase Pré-escolar 
Na fase pré-escolar, compreendida entre os um a 
seis anos, é comum a diminuição do apetite, que se 
torna irregular. O aumento da interação com o meio 
ambiente e das atividades motoras de manipulação 
interferem no consumo de alimentos. O volume 
gástrico nesta faixa etária alcança 200 a 300 ml 
(Vitolo, 2008).
As causas de inapetência podem ser 
comportamentais ou orgânicas. A inapetência 
orgânica pode ocorrer por deficiência de 
micronutrientes, principalmente de ferro, que leva 
a apatia e desinteresse pela alimentação de modo 
geral, independente da presença da mãe. Caso seja 
diagnosticada anemia ferropriva, deve-se proceder a 
suplementação de ferro na dose diária de 30mg ou 
3 a 5 mg/kg de peso/dia, divididos em duas a três 
doses (Braga; Barbosa, 2000). 
Já a comportamental demanda modificações 
na dinâmica familiar e estabelecimento de limites 
de disciplina. As oscilações no apetite podem ser 
em consequência de sono, cansaço, presença de 
infecções, uso de medicamentos, períodos após 
atividade física ou psíquica mais intensa e da 
temperatura ambiente.
Fase Escolar 
A fase escolar, de sete a dez anos, é caracterizada 
por maior socialização e independência e aumento 
do volume gástrico. Nesta fase tem-se iniciado o 
comportamento sedentário, com grande interesse por 
video game, computador e jogos eletrônicos. Apesar 
do apetite voraz, ocorre diminuição do consumo de 
leite e derivados. A velocidade de ganho de peso 
aumenta e esta fase é responsável pela repleção 
energética, com acúmulo de gordura de estoque para 
garantir o crescimento adequado.
Indicador Percentil Diagnóstico
C/I ou E/I < p3
≥p3
Baixa estatura para a idade
Estatura adequada 
para a idade
P/I <p3
p3-p97
≥p97
Baixo peso para a idade
Peso adequado para a idade
Peso elevado para a idade
P/E* <p3
P3-p97
≥p97
Baixo peso para a estatura
Peso adequado 
para a estatura
Peso elevado para a estatura
IMC/I <p3
P3-p85
p85-p97
≥p97
Baixo IMC para a idade
IMC adequado
Sobrepeso
Obesidade
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
12
Para alcançar uma alimentação adequada, deve-
se compreender o aspecto visual, com cores e 
formatos diferenciados, com uso de tempero simples 
e alimentos básicos e pouco sofisticados, em porções 
adequadas e ambiente tranquilo.
A alimentação na infância é um desafio, visto que 
as experiências da criança em relação aos alimentos 
interfere nas preferências futuras na opção dos 
alimentos. Para a formação de hábitos alimentares 
adequados, inicialmente deve-se fornecer uma 
quantidade adequada de macronutrientes que 
supram as necessidades energéticas. É provável que 
se a criança não sofre influências comportamentais 
negativas da família, como horários rígidos e práticas 
alimentares incorretas, ela é capaz de controlar a 
ingestão de energia e nutrientes, especialmente em 
crianças menores de cinco anos. A partir desta idade, 
as crianças consomem maior quantidade de alimento 
com a oferta de maiores porções (Rolls et al., 2000).
Os pais são responsáveis por determinar quais 
alimentos serão oferecidos, e devem oferecer uma 
variedade de alimentos, inclusive os favoritos, e 
as substituições para aqueles recusados deve ser 
feita dentro do mesmo grupo. Caso um alimento 
for recusado, deve-se oferecê-lo novamente, pois a 
formação do hábito alimentar é realizada por meio de 
experiências repetidas no consumo. Pode-se recorrer 
a outras formas de preparo do alimento, variando as 
formas, tamanhos, técnica de cocção e apresentação. 
As refeições devem ser servidas sem a presença de 
sucos ou água, que podem ser oferecidos ao final da 
refeição. 
Outro fator importante para a formação de bons 
hábitos alimentares é estabelecer e seguir horários 
para as refeições, em ambiente tranquilo. Deve-se 
planejar os horários das refeições e atividades da 
criança, evitando que as mesmas estejam muito 
agitadas, cansadas ou sonolentas nos horários das 
refeições. Ao mesmo tempo, os horários não devem 
ser extremamente rígidos. A oferta de quatro a seis 
refeições por dia com intervalos mínimos de duas 
horas e máximo de quatro horas é adequada e deve-
se evitar “beliscos” entre as refeições para manter 
o apetite da criança nos horários pré-estabelecidos.
A criança nuncadeve ser forçada a comer além 
da sua capacidade. Deve-se usar porções pequenas 
e adequadas para a idade, caso necessário pode ser 
oferecida a repetição. Além disso, é importante evitar 
comparações com outras crianças, visto que cada 
uma tem seu ritmo de crescimento, determinado 
tanto por fatores ambientais quanto genéticos. Não 
revelar alegria ou tristeza de acordo com o quanto 
a criança come evita chantagens da criança com os 
pais. A criança, portanto, não deve suspeitar que 
seu modo de comer inquieta os pais. Não devem ser 
oferecidas recompensas ou punição de acordo com o 
tipo e/ou quantidade de alimento consumida.
A criança deve ser sentada à mesa, junto com 
a família, em cadeira confortável e ajustado ao 
tamanho da criança. Os utensílios também devem 
ser adequados em tamanho e forma. Caso a 
criança utilize mamadeira, esta deve ser substituída 
gradativamente por copo, prato e talheres, o quanto 
antes.
Adolescência
A adolescência consiste no período de transição 
entre a infância e a vida adulta, caracterizado por 
intensas mudanças somáticas, psicológicas e sociais, 
compreendendo a segunda década de vida segundo a 
Organização Mundial de Saúde. É característica desta 
fase em que ocorre a transição infância e vida adulta, 
a busca da independência e autonomia, mudanças no 
perfil psicológico e a definição da própria identidade 
sob a influência de amigos.
São fatores de risco para a saúde dos adolescentes 
o tabagismo, o uso de álcool e drogas, a gravidez na 
adolescência e problemas familiares e os extremos 
de sedentarismo ou excesso de esporte. 
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
13
Em relação à alimentação, é comum o hábito de 
fazer dieta e o comportamento alimentar inadequado. 
As modificações das preferências alimentares e a 
rebeldia contra os padrões familiares aumentam o 
risco de doenças crônicas.
Uma pesquisa de abrangência nacional revelou que 
27% dos estudantes beberam ao menos uma vez nos 
últimos 30 dias, 76% dos escolares nunca fumaram, 
76% dos escolares que iniciaram a vida sexual 
utilizaram o preservativo na última relação, 87,5% 
dos escolares da rede pública tiveram informações 
sobre como prevenir AIDS e outras DSTs, mais de 
80% tiveram lições em sala de aula sobre prevenção 
de gravidez, mais de 30% dos escolares são inativos 
ou insuficientemente ativos, 73% dos adolescentes 
declararam escovar os dentes três ou mais vezes ao 
dia (Pense, 2009).
Os principais problemas nutricionais que afetam 
os adolescentes são: obesidade, transtornos 
alimentares, anemia e desnutrição. Não há 
prevalências nacionais de transtornos alimentares por 
conta de subnotificação. Para a anorexia, a estimativa 
de alguns autores é de 0,5 a 1% da população e, 
para a bulimia, 1 a 4% (MS, 2011). 
Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e 
Nutricional (SISVAN, 2009) revelaram que 13% da 
população adolescente de 10 a 19 anos está com 
sobrepeso e 3% com obesidade. No máximo 1% 
da população adolescente poderia estar obesa, em 
decorrência de alterações genéticas (MS, 2011).
Mais de 30% dos escolares são inativos ou 
insuficientemente ativos e 50% dos adolescentes 
consumiram guloseimas em cinco dias ou mais, nos 
últimos sete dias anteriores à coleta de dados. Estes 
dados evidenciam que o sedentarismo e alimentação 
inadequada são fatores que contribuem para a 
elevada prevalência da obesidade entre adolescentes 
(Pense, 2009).
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE 
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Para avaliação e acompanhamento do crescimento 
infantil, é necessário considerar o peso e a estatura e 
os indicadores Peso/Estatura (P/E) (até cinco anos), 
Estatura/Idade (E/I), Peso/Idade (P/I) e Índice de 
Massa Corporal/Idade (IMC/I). Para os adolescentes, 
deve-se utilizar as curvas de Estatura/Idade (E/I) e 
Índice de Massa Corporal/idade (IMC/I). Devem ser 
utilizadas as curvas publicadas pela Organização 
Mundial da Saúde em 2006 (http://www.who.int/
childgrowth/en/index.html) e o diagnóstico deve ser 
realizado conforme a Tabela 3.
Taylor et al. (2000) publicaram pontos de corte de 
circunferência da cintura para crianças e adolescentes. 
Estes autores classificam elevados os valores acima 
do percentil 80 (Tabela 7).
Tabela 7 - Pontos de corte sugeridos 
para elevada circunferência da cintura para 
indivíduos em fase de crescimento.
Fonte: adaptado de Taylor et al., 2000.
Idade (anos) Meninas Meninos
3 50.3 53.1
4 53.3 55.6
5 56.3 58.0
6 59.2 60.4
7 62.0 62.9
8 64.7 65.3
9 67.3 67.7
10 69.6 70.1
11 71.8 72.4
12 73.8 74.7
13 75.6 76.9
14 77.0 79.0
15 78.3 81.1
16 79.1 83.1
17 79.8 84.9
18 80.1 86.7
19 80.1 88.4
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
14
Na adolescência, o indivíduo adquire 25% da 
estatura e 50% do peso definitivos, o que justifica 
um aumento das necessidades nutricionais para 
cobrir o aumento das dimensões corporais. Ocorrem 
mudanças biológicas decorrentes de ações hormonais 
como modificação do peso, estatura, composição 
corporal, transformações fisiológicas e crescimento 
ósseo ritmos em proporções diferentes entre os 
jovens, porém, a ordem em que esses eventos 
ocorrem é relativamente a mesma (Eisenstein et al., 
2000; Sigulem et al., 2000).
O estágio de maturação sexual de um adolescente 
deve ser avaliado para melhor compreensão do 
estado nutricional. Os critérios de Tanner (1962; 
1985) podem ser utilizados para classificação em 
estágios (Figura 3), que mostram relação entre as 
fases do estirão e maturação sexual (figura 4). No 
sexo feminino, o estágio 2 de Tanner corresponde 
ao estirão do crescimento e ocorre entre 10 e 13 
anos. Já no sexo masculino, o estirão corresponde 
ao estágio 3 de Tanner e ocorre entre 12 a 15 anos.
Figura 3a - Desenvolvimento puberal feminino (A) e masculino (B).
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
15
Figura 3b - Desenvolvimento puberal feminino (A) e masculino (B).
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
16
cm/ano
idade
M1
M2
M3
M4
M5
cm/ano
idade
G2
G3
G4
G5
Figura 4 - Relação entre as fases do estirão e maturação sexual no sexo feminino (A) e 
masculino (B).
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
17
Na adolescência, ocorrem variações na composição 
corporal de acordo com o período do estirão em que 
o adolescente se encontra. A massa magra apresenta 
velocidade máxima de aumento na mesma época 
ou imediatamente após o estirão pubertário, pelo 
aumento tanto do tamanho quanto do número de 
células musculares, em ambos os sexos (COLLI 
1991; CHIPKEVITCH 1994). Na puberdade ocorre 
diminuição da deposição de massa adiposa, que 
coincide com o período de aceleração máxima do 
crescimento (CHIPKEVITCH 1994).
Considerando estas variações na composição 
corporal dos componentes musculares e adiposos 
de adolescentes, SLAUGHTER e colaboradores 
(1988) desenvolveram equações para determinar o 
percentual de gordura corporal em adolescentes pré-
púberes, púberes e pós-púberes:
Sexo masculino, raça branca:
Pré-púberes: %G = 1,21(TR+SE) – 0,008(TR+SE)2 
– 1,7
Púberes: %G = 1,21(TR+SE) – 0,008(TR+SE)2 – 3,4
Pós-púberes: %G = 1,21(TR+SE) – 0,008(TR+SE)2 
– 5,5 
Sexo masculino, raça negra:
Pré-púberes: %G = 1,21(TR+SE) – 0,008(TR+SE)2 
– 3,2
Púberes: %G = 1,21(TR+SE) – 0,008(TR+SE)2 – 5,2
Pós-púberes: %G = 1,21(TR+SE) – 0,008(TR+SE)2 
– 6,8
Sexo feminino (todas):
%G = 1,33 (TR+SE) – 0,013(TR+SE)2 – 2,5
(G = gordura, TR = dobra cutânea triciptal, SE = 
dobra cutânea subescapular). 
Para diagnóstico do índice de adiposidade de 
acordo com o percentual de gordura corporal, 
podem ser utilizados os seguintes pontos de corte, 
apresentados na Tabela 8 (Ronque et al., 2007).
Tabela 8 - Classificação do índice de 
adiposidade de acordo com o percentual de 
gorduracorporal.
Fonte: adapatado de Ronque et al., 2007.
A massa óssea também sofre interferência do 
estirão de crescimento, visto que a deposição diária 
de cálcio durante o estirão é duas vezes maior do que 
a média de incremento durante todo este estágio de 
vida. 
Parâmetros bioquímicos também são úteis no 
diagnóstico nutricional de crianças e adolescentes. A 
Figura 5 apresenta valores bioquímicos de referência 
para crianças.
Classificação Meninos Meninas
Baixo < 10 < 15
Ótimo ≥ 10 e ≤ 20 ≥ 15 e ≤ 25
Moderadamente alto > 20 e < 25 > 25 e < 30
Alto ≥ 25 ≥ 30
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
18
Medidas Valores
Glicemia de jejum (mg/dL) RN: 1 dia – 40 a 60
1 dia: 50 a 90
Crianças: 60 a 100
Hemoglobina (g/dL) 2 meses: 9 a 14
6-12 anos: 11,5 a 15,5
Hemoglobina glicosilada 1-5 anos: 2,1% a 7,7% do total de Hb
5-16 anos: 3,0% a 6,2% do total de Hb
TTGO (mg/dL)
Dose adulto: 75g
Dose criança: 1,75g/Kg peso ideal
Jejum
60 min
90 min
120 min
Normal
70 a 105
120 a 170
100 a 140
70 a 120
Diabético
≥ 126
≥ 200
≥ 200
≥ 200
Cálcio (ionizado) sérico (mg/dL) 4,8 a 4,92 mg/dL ou 2,24 a 2,46 mEq/L
Cálcio total (mg/dL) 8,8-10,8
Nitrogênio uréico (mg/dL) 5 a 18
Creatinina (mg/dL) Lactentes: 0,2 a 0,4
Criança: 0,3 a 0,7
Sódio (mmol/L) 138 a 145
Proteina total (g/dL) 1-7 anos: 6,1 a 7,9
8 -12 anos: 6,4 a 8,1
Colesterol total (mg/dL) 1-3anos: 45 a 182
4-6anos: 109 a 189
Colesterol HDL (mg/dL) 1-13anos: 35 a 84
Colesterol LDL (mg/dL) Meninos 1-9anos: 60 a 140
Meninas 1-9anos: 60 a 150
Triglicerídeos (mg/dL) Meninos 0-5 anos: 30 a 86
Meninas 0-5 anos: 32 a 99
Meninos 6-11 anos: 31 a 108
Meninas 6-11 anos: 35 a 114
VCM (fL) 6 meses a 2 anos: 70 a 86
6 -12 anos: 77 a 95
HCM (pg) 6 meses a 2 anos: 23 a 31
6 -12 anos: 25 a 33
Hematócrito (%) 6 meses a 12 anos: 35 a 45%
Ferritina (μg/dL) 2 a 5 meses: 50 a 200 μg/dL
6 meses a 15 anos: 70 a 140 μg/dL
Capacidade total de ligação 
ao ferro (TIBC) (µg/dL)
< 2 anos: 100 a 400
Crianças: 250 a 400
Transferrina (mg/dL) 95 a 385
Ferro (µg/dL) 22 a 184
Eritrócitos (milhões cel/mm3) 6 meses a 2 anos: 3,7 a 5,3
2-6anos: 3,9 a 5,3
6-12anos: 4,0 a 5,2
Fosfatase (U/L) 1 a 9 anos: 140 a 420
Figura 5 - Valores bioquímicos de referência para crianças.
Fonte: adaptado de Nelsons, 2000 in: Vitolo, 2008.
A pressão arterial é um dado clínico importante em crianças e é considerado um dos critérios para 
diagnóstico da síndrome metabólica. As Figuras 6 e 7 apresentam percentis de pressão arterial para crianças, 
de acordo com a idade e estatura. 
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
19
Percetis de PA para o sexo masculino, segundo idade e percentil de estatura.
Idade, anos Percentil PA
PAS, mm Hg PAD, mm Hg
Percentil de altura Percentil de altura
5 10 25 50 75 90 95 5 10 25 50 75 90 95
1 90
95
99
94
98
105
95
99
106
97
101
108
99
103
110
100
104
112
102
106
113
103
106
114
49
54
61
50
54
62
51
55
63
52
56
64
53
57
65
53
58
66
54
58
66
2 90
95
99
97
101
109
99
102
110
100
104
111
102
106
113
104
108
115
105
109
117
106
110
117
54
59
66
55
59
67
56
60
68
57
61
69
58
62
70
58
63
71
59
63
71
3 90
95
99
100
104
111
101
105
112
103
107
114
105
109
116
107
110
118
108
112
119
109
113
120
59
63
71
59
63
71
60
64
72
61
65
73
62
66
74
63
67
75
63
67
75
4 90
95
99
102
106
113
103
107
114
105
109
116
107
111
118
109
112
120
110
114
121
111
115
122
62
66
74
63
67
75
64
68
76
65
69
77
66
70
78
66
71
78
67
71
79
5 90
95
99
104
108
115
105
109
116
106
110
118
108
112
120
110
114
121
111
115
123
112
116
123
65
69
77
66
70
78
67
71
79
68
72
80
69
73
81
69
74
81
70
74
82
6 90
95
99
105
109
116
106
110
117
108
112
119
110
114
121
111
115
123
113
117
124
113
117
125
68
72
80
68
72
80
69
73
81
70
74
82
71
75
83
72
76
84
72
76
84
7 90
95
99
106
110
117
107
111
118
109
113
120
111
115
122
113
117
124
114
118
125
115
119
126
70
74
82
70
74
82
71
75
83
72
76
84
73
77
85
74
78
86
74
78
86
8 90
95
99
107
111
119
109
112
120
110
114
122
112
116
123
114
118
125
115
119
127
116
120
127
71
75
83
72
76
84
72
77
85
73
78
86
74
79
87
75
79
87
76
80
88
9 90
95
99
109
113
120
110
114
121
112
116
123
114
118
125
115
119
127
117
121
128
118
121
129
72
76
84
73
77
85
74
78
86
75
79
87
76
80
88
76
81
88
77
81
89
10 90
95
99
111
115
122
112
116
123
114
117
125
115
119
127
117
121
128
119
122
130
119
123
130
73
77
85
73
78
86
74
79
86
75
80
88
76
81
88
77
81
89
78
82
90
11 90
95
99
113
117
124
114
118
125
115
119
127
117
121
129
119
123
130
120
124
132
121
125
132
74
78
86
74
78
86
75
79
87
76
80
88
77
81
89
78
82
90
78
82
90
12 90
95
99
115
119
126
116
120
127
118
122
129
120
123
131
121
125
133
123
127
134
123
127
135
74
78
86
75
79
87
75
80
88
76
81
89
77
82
90
78
82
90
79
83
91
13 90
95
99
117
121
128
118
122
130
120
124
131
122
126
133
124
128
135
125
129
136
126
130
137
75
79
87
75
79
87
76
80
88
77
81
89
78
82
90
79
83
91
79
83
91
14 90
95
99
120
124
131
121
125
132
123
127
134
125
128
136
126
130
138
128
132
139
128
132
140
75
80
87
76
80
88
77
81
89
78
82
90
79
83
91
79
84
92
80
84
92
15 90
95
99
122
126
134
124
127
135
125
129
136
127
131
138
129
133
140
130
134
142
131
135
142
76
81
88
77
81
89
78
82
90
79
83
91
80
84
92
80
85
93
81
85
93
16 90
95
99
125
129
136
126
130
137
128
132
139
130
134
141
131
135
143
133
137
144
134
137
145
78
82
90
78
83
90
79
83
91
80
84
92
81
85
93
82
86
94
82
87
94
Obs.: adaptado de The fourth report on the diagnosis, evaluation and treatment of high blood pressure in 
children and adolescents.
Figura 6 - Percentis de PA para o sexo masculino, segundo idade e percentil de estatura.
Fonte: adaptado de SBC, 2005.
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
20
Fonte: adaptado de SBC, 2005.
Figura 7 - Percentis de PA para o sexo feminino, segundo idade e percentil de estatura.
Percetis de pressão arterial para o sexo feminino, segundo idade e estatura
Idade, anos Percentil PA
PAS, mm Hg PAD, mm Hg
Percentil de estatura Percentil de estatura
5 10 25 50 75 90 95 5 10 25 50 75 90 95
1
90
95
99
97
100
108
97
101
108
98
102
109
100
104
111
101
105
112
102
106
113
103
107
114
52
56
64
53
57
64
53
57
64
54
58
65
55
59
66
55
59
67
56
60
67
2
90
95
99
98
102
109
99
103
110
100
104
111
101
105
112
103
107
114
104
108
115
105
109
116
57
61
69
58
62
69
58
62
70
59
63
70
60
64
71
61
65
72
61
65
72
3
90
95
99
100
104
111
100
104
111
102
105
113
103
107
114
104
108
115
106
109
116
106
110
117
61
65
73
62
66
73
62
66
74
63
67
74
64
68
75
64
68
76
65
69
76
4
90
95
99
101
105112
102
106
113
103
107
114
104
108
115
106
110
117
107
111
118
108
112
119
64
68
76
64
68
76
65
69
76
66
70
77
67
71
78
67
71
79
68
72
79
5
90
95
99
103
107
114
103
107
114
105
108
116
106
110
117
107
111
118
109
112
120
109
113
120
66
70
78
67
71
78
67
71
79
68
72
79
69
73
80
69
73
81
70
74
81
6
90
95
99
104
108
115
105
109
116
106
110
117
108
111
119
109
113
120
110
114
121
111
115
122
68
72
80
68
72
80
69
73
80
70
74
81
70
74
82
71
75
83
72
76
83
7
90
95
99
106
110
117
107
111
118
108
112
119
109
113
120
111
115
122
112
116
123
113
116
124
69
73
81
70
74
81
70
74
82
71
75
82
72
76
83
72
76
84
73
77
84
8
90
95
99
108
112
119
109
112
120
110
114
121
111
115
122
113
116
123
114
118
125
114
118
125
71
75
82
71
75
82
71
75
83
72
76
83
73
77
84
74
78
85
74
78
86
9
90
95
99
110
114
121
110
114
121
112
115
123
113
117
124
114
118
125
116
119
127
116
120
127
72
76
83
72
76
83
72
76
84
73
77
84
74
78
85
75
79
86
75
79
87
10
90
95
99
112
116
123
112
116
123
114
117
125
115
119
126
116
120
127
118
121
129
118
122
129
73
77
84
73
77
84
73
77
85
74
78
86
75
79
86
76
80
87
76
80
88
11
90
95
99
114
118
125
114
118
125
116
119
126
117
121
128
118
122
129
119
123
130
120
124
131
74
78
85
74
78
85
74
78
86
75
79
87
76
80
87
77
81
88
77
81
89
12
90
95
99
116
119
127
116
120
127
117
121
128
119
123
130
120
124
131
121
125
132
122
126
133
75
79
86
75
79
86
75
79
87
76
80
88
77
81
88
78
82
89
78
82
90
13
90
95
99
117
121
128
118
122
129
119
123
130
121
124
132
122
126
133
123
127
134
124
128
135
76
80
87
76
80
87
76
80
88
77
81
89
78
82
89
79
83
90
79
83
91
14
90
95
99
119
123
130
120
123
131
121
125
132
122
126
133
124
127
135
125
129
136
125
129
136
77
81
88
77
81
88
77
81
89
78
82
90
79
83
90
80
84
91
80
84
92
15
90
95
99
120
124
131
121
125
132
122
126
133
123
127
134
125
129
136
126
130
137
127
131
138
78
82
89
78
82
89
78
82
90
79
83
91
80
84
91
81
85
92
81
85
93
16
90
95
99
121
125
132
122
126
133
123
127
134
124
128
135
126
130
137
127
131
138
128
132
139
78
82
90
78
82
90
79
83
90
80
84
91
81
85
92
81
85
93
82
86
93
17 9095
122
125
122
126
123
127
125
129
126
130
127
131
128
132
78
82
79
83
79
83
80
84
81
85
81
85
82
86
Obs.: adaptado de The fourth report on the diagnosis, evaluation and treatment of high blood pressure in 
children and adolescents.
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
21
A síndrome metabólica pode ser diagnosticada 
quando presentes três ou mais das seguintes 
alterações: triglicérides (≥110mg/dL), HDL-c 
(≤40mg/dL), circunferência abdominal (≥ percentil 
90), resistência insulínica (glicemia >100mg/dL) e 
pressão arterial (≥ percentil 90) (BUFF et al., 2007). 
Em estudo realizado com crianças e adolescentes 
em Santo André/São Paulo, 42% dos indivíduos com 
sobrepeso e obesidade avaliados tiveram diagnóstico 
de síndrome metabólica (BUFF et al., 2007). 
A Tabela 9 propõe pontos de corte para os lípides 
séricos na infância e adolescência. Na infância, o nível 
de triglicérides na faixa compreendida entre 100 e 
200 mg/dL geralmente está relacionado à obesidade 
e acima de 200 mg/dL, geralmente relacionado a 
alterações genéticas (SBC, 2005).
Tabela 9 - Valores de referência lipídica 
propostos para a faixa etária de 2 a 19 anos.
Fonte: adaptado de SBC, 2005. 
Os critérios para classificação da pressão arterial 
na infância e na adolescência são mostrados na tabela 
abaixo (Tabela 10). Como ponto de corte, o percentil 
95 para pressão arterial sistólica e/ou diastólica 
caracteriza hipertensão arterial, caso aferidas em 
três ocasiões distintas.
Para avaliação do consumo alimentar, deve-se 
considerar a idade da criança. A anamnese nutricional 
de crianças até sete anos deve ser realizada com 
mães ou responsável. Já a partir dos sete anos, 
pode-se questionar a própria criança, que apresenta 
maior facilidade de relatar a dieta habitual. Assis e 
colaboradores (2007) validaram um questionário de 
frequência de consumo de alimentos para escolares.
Devido a inapetência ser comum na fase 
pré-escolar, recomenda-se inquérito de um dia 
(recordatório de 24 horas ou dia alimentar habitual) 
associado a registro alimentar de três dias não 
consecutivos, sendo um dos dias referente ao fim de 
semana (Vitolo, 2008).
É importante a realização da anamnese alimentar 
em crianças, pois auxilia no diagnóstico nutricional 
final, descarta suspeitas de síndrome de má absorção, 
problemas metabólicos, genéticos e evita exames 
desnecessários (Vitolo, 2008). 
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS 
PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Os pré-escolares precisam de mais nutrientes em 
proporção ao seu peso do que o adulto devido a maior 
taxa metabólica e turnover mais rápido de nutrientes. 
Para cálculo das necessidades energéticas, deve-se 
utilizar as fórmulas das Dietary Reference Intakes 
(DRI), conforme Tabela 11. Nestas fórmulas, o peso 
deve ser utilizado em quilogramas, a idade em anos 
e a altura em metros. O nível de atividade física pode 
ser classificado conforme a Tabela 12 (IOM, 2002; 
Fisberg et al., 2005).
 
Lípides Desejáveis 
(mg/dl)
Limítrofes 
(mg/dl)
Aumentados 
(mg/dl)
CT < 150 150-179 ≥ 170
LDL-c < 100 100-129 ≥ 130
HDL-c ≥ 45
TG < 100 100-129 ≥ 130
Nomenclatura Critério
Normal PAS e PAD em percentis* < 90
Pré-hipertensão PAS e/ou PAD entre percentis* 90 e 
95 ou sempre que PA > 120/80mmHg
HAS estágio 1 PAS e/ou PAD entre percentis* 95 e 
99 acrescido de 5mmHg
HAS estágio 2 PAS e/ou PAD em percentis* > 99 
acrescido de 5mmHg
Nota: *Para idade, sexo e percentil de altura, em três ocasiões 
diferentes.
Fonte: adaptado de SBC, 2005.
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
22
O total energético encontrado deve ser então 
distribuído entre os macronutrientes em proporção 
adequada, conforme mostrado na Tabela 13. Os 
alimentos que irão compor o plano alimentar devem, 
além de serem distribuídos proporcionalmente em 
macronutrientes, alcançar as recomendações de cada 
micronutriente, específica para a faixa etária (IOM 
1997, 2000, 2002, 2010) (http://www.nap.edu).
Para alcançar a quantidade recomendada de 
cada nutriente são propostos o número de porções 
de alimentos de cada grupo alimentar e o tamanho 
Nível de atividade física (NAF)
Atividade Classificação 3-18 anos 19 anos ou mais
< 3h /semana Sedentária 1,0 (ambos os sexos) 1,0 (ambos os sexos)
> 3h/ semana Leve 1,13 (M)
1,16 (F)
1,11 (M)
1,12 (F)
> 2h/ dia Moderada 1,26 (M)
1,31 (F)
1,25 (M)
1,27 (F)
> 6h/ dia Intensa 1,42 (M)
1,56 (F)
1,48 (M)
1,45 (F)
M= masculino; F= feminino
Estágio de vida Sexo Equação (kcal)
13-35 meses Ambos [89 x peso – 100] + 20
3-8 anos
Masculino 88,5 – 61,9 x idade + NAF x [26,7x peso + 903xaltura] + 20
Feminino 135,3 – 30,8 x idade + NAF x [10 x peso + 934xaltura] + 20
9-18 anos
Masculino 88,5 – 61,9 x idade + NAF x [26,7x peso + 903xaltura] + 25
Feminino 135,3 – 30,8 x idade + NAF x [10 xpeso + 934xaltura] + 25
Tabela 11 - Equações para determinação das necessidades energéticas de crianças e 
adolescentes.
Tabela 12 - Classificação da atividade física e níveis de atividade física.
Fonte: adaptado de IOM, 2000.
Macronutrientes Energia (%)
1 – 3 anos 4 – 18 anos
Gorduras totais 30 - 40 25 - 35
ω-6 (ácido linoléico) 5 - 10 5 – 10
ω-3 (ácido linolênico) 0,6 – 1,2 0,6 – 1,2
Carboidratos 45 - 65 45 - 65
Proteínas 5 – 20 10 - 30
Fonte: adaptado de Acceptable Macronutrient Distribution Ranges – AMDR. (IOM, 2000).
Tabela 13 - Distribuição aceitável de macronutrientes.
das respectivas porções para cada faixa etária pelo 
Ministério da Saúde.
Dez orientações para alcançar uma alimentação 
saudável para crianças podem ser encontrado nos 
links abaixo:
 » http://189.28.128.100/nutr icao/docs/
geral/10passosCriancas.pdf 
 » http://189.28.128.100/nutr icao/docs/
geral/10passosAdolescentes.pdf 
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
23
DOENÇAS DA INFÂNCIA
A partir da associação estabelecida entre hipertensão arterial, obesidade e dislipidemias, que podem levar 
a síndrome metabólica, e ao crescente número de diagnósticos destas ocorrências inclusive em crianças, 
torna-se necessário o tratamento adequado destas doenças e suas complicações na faixa etária infantil 
(Ferreira; Aydos, 2010). 
As figuras a seguir apresentam algoritmos que podem ser utilizados para direcionar o tratamento de 
hipertensão arterial sistêmica (Figura 8), dislipidemias (Figura 9), síndrome metabólica (Figura 10) e obesidade 
(Figura 11) em crianças (SBC, 2005).
Figura 8 - Algoritmo para tratamento da hipertensão arterial sistêmica em crianças.
1. Aferir PA, estatura e peso
2. Cálculo IMC
3. Determinar percentil de PA e estatura
Promoção de 
saúde: incluir
< 90%
HAS 2aria HAS 1aria ou 2ariaHAS 1aria
> 95%
90-95%
ou 120/80
90-95% ou 120/80
Pré-HAS
MTEV
MTEV
Aferir PA 
6/6/ meses
IMC normal
IMC normal
IMC P>95%
IMC P>95%
Avaliação 
diagnóstica e 
de LOA
Avaliação 
diagnóstica e 
de LOA
HAS estágio AS estágio 2
Monitoração 
6/6 meses
IMC: índice de massa corporal.
PA: pressão arterial.
MTEV: medidas terapêuticas sobre o estilo de vida.
HA: Hipertensão arterial.
LOA: Lesão de órgão-alvo.
Reduzir peso
Reduzir peso
Reduzir IMC
Reduzir IMC
Tratamento 
medicamentoso
Tratamento 
medicamentoso
Tratamento 
causa base
Considerar 
especialista
Redução de 
peso e 
tratamento 
medicamentoso
PA normal 1
Fonte: adaptado SBC, 2005.
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
24
Figura 9 - Algoritmo para tratamento de dislipidemias em crianças e adolescentes.
Fonte: adaptado de SBC, 2005.
Estratificação de HF +/CT elevado nos pais / DAC
Perfil lipídico em jejum
Desejável
LDL - C < 110 mg/dL
Limítrofe
LDL - C 110 -129 mg/dL
Elevado
LDL - C > 130 mg/dL
HDL - C
<35 mg/dL
Repetir perfil 
lipídico com 
média de 
dosagens prévias.
Desejável
LDL - C <110 mg/dL
Limítrofe
LDL - C 110-129 mg/dL
Persistentemente elevado
LDL - C > 130 mg/dL
Repetir perfil lipídico em 
5 anos. Recomendações 
de padrão alimentar e de 
estilo de vida para 
redução de FR.
Recomendações para 
FR. Dieta fase I e 
intervenção em 
reavaliação em 1 ano.
Avaliação clínica.
Exame físico laboratorial.
Avaliar causas secundárias.
Avaliar doenças familiares.
Testar familiares.
Dieta fase I, depois fase II.
LDL - C alvo mínimo <130 mg/dL
ideal < 110 mg/dL
HFP: História familiar positiva.
FR: Fator de risco.
SÍNDROME METABÓLICA
HbAlc > ou = 8,5%
glicemia jejum > 200 
mg/dl cetose
HbAlc < ou = 8,5%
glicemia jejum < 200 
mg/dl ausência de cetose
insulina
+
metformina
glicemia jejum < 126 
mg/dl ausência de cetose
glicemia jejum 
< 126 mg/dl
glicemia jejum 
> 126 mg/dl
metformina metformina
Mudança no estilo de vida:
controle alimentar
atividade física regular
manter tratamento
Figura 10 - Algoritmo para tratamento de síndrome metabólica em crianças e adolescentes.
Fonte: adaptado de SBC, 2005.
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
25
OBESIDADE
Avaliação clínica
Avaliação laboratorial
tratar causa 
específica
aumentar a prática 
de atividade física 
formal e informal
» evitar comer na 
frente da TV;
» limitar o uso de TV 
para 2 horas por 
dia;
» não usar comida 
como recompensa.
» refeições fracionadas;
» reduzir consumo de 
gorduras;
» aumentar consumo de 
fibras;
» evitar guloseimas;
» descrever tamanho 
apropriado de porções.
reeducação alimentar + atividade física + mudança de comportamento
tratar 
comorbidades
OBESIDADE 
ENDÓGENA
OBESIDADE 
EXÓGENA
Figura 11 - Algoritmo para tratamento da obesidade em crianças e adolescentes.
Fonte: adaptado de SBC, 2005.
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
26
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE IDOSOS
De acordo com o IBGE, em 2010 a população de idosos, referente às pessoas que tem 60 anos ou mais 
(BRASIL, 2009), correspondia a 11,3% da população (21 milhões de idosos). As mudanças que aconteceram 
nas últimas décadas com consequente redução da fecundidade e mortalidade infantil, associado à introdução 
de novos métodos de controle de natalidade, melhoria nas condições de vida (alimentação, moradia etc.) 
e avanço no conhecimento técnico científico e médico, propiciando diagnóstico e tratamento precoce de 
doenças, são fatores que contribuíram para o aumento da população idosa em detrimento da população 
infantil (Figura 12).
Figura 12 - Composição da população residente, por sexo, segundo os grupos de idade - 
Brasil - 1999/2009.
%
A avaliação nutricional em idosos é uma ferramenta 
importante, pois permite traçar o diagnóstico 
nutricional e auxilia no planejamento, implementação 
e acompanhamento de intervenções nutricionais.
A Organização Mundial da Saúde considera 
suficiente o diagnóstico do estado nutricional em 
estudos populacionais com idosos a partir do IMC. 
Conforme tabela 14, verifica-se que a OMS ainda 
recomenda a utilização dos pontos de corte propostos 
para o adulto jovem.
Tabela 14 - Diagnóstico do estado nutricional 
de idosos a partir do IMC.
Fonte: Adaptado de Organização Mundial de Saúde, 1997.
IMC (kg / m2) Classificação
< 16 Magreza Severa
16 – 16.9 Magreza Moderada
17 – 18.4 Magreza Leve
18.5 – 24.9 Eutrofia
25 – 29.9 Pré-obesidade
30 – 34.9 Obesidade Classe I
35 – 39.9 Obesidade Classe II
≥ 40 Obesidade Classe III
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
27
Estudos sugerem pontos de corte mais altos, os 
quais são utilizados pelo Ministério da Saúde, no 
Brasil, pois os idosos necessitariam de uma reserva 
maior a fim de prevenir a desnutrição (Tabela 15).
Tabela 15 - Classificação do estado 
nutricional de idosos a partir do IMC, conforme 
Lipschitz (1994).
Fonte: adaptado de LIPSCHITZ, D.A. Screening for nutritional status in 
the elderly. Primary care, 21(1):55-67, 1994.
Vários fatores contribuem para a perda de peso 
e consequentemente para a desnutrição nesta 
faixa etária. Desta forma, especialmente em idosos 
hospitalizados, é importante a aferição do peso 
atual e outras medidas, como peso usual, perda 
ponderal recente e peso ideal. Na impossibilidade de 
aferir o peso atual do indivíduo, pode-se recorrer a 
estimativas, conforme equações abaixo (Chumlea et 
al., 1988):
Homens: Peso (kg)= [ (0,98 x CP) + (1,16 x AJ) 
+ (1,73 x CB) + (0,37 x PSE) – 81,69 ]
Mulheres: Peso (kg)= [ (1,27 x CP) + (0,87 x AJ) 
+ (0,98 x CB) + (0,4 x PSE) – 62,35]
(CP = Circunferência da Panturrilha, AJ = Altura 
do Joelho; PSE = Prega Cutânea Subescapular).
A medida de peso usual é uma referência na 
avaliação das mudanças recentes de peso e pode ser 
calculado conforme a fórmula: % PU = PA/PU x 100. 
(PU= Peso Usual; PA = Peso Atual) 
A Tabela 16 apresenta a classificação de Blackburn 
e colaboradores (1977) para esta medida.
Tabela 16 - Classificação da perda de peso 
usual.
Fonte: adaptado de BLACKBURN e cols., 1977.
Qualquer porcentagem de perda ponderal é 
considerada clinicamente significativa em pacientes 
idosos e perdas muito rápidas indicam possibilidade 
de presença de patologias adjacentes e associação 
com aumento da mortalidade. Pode-se calcular o 
percentual da Perda Ponderal Recente conforme a 
fórmula % PPR = PU - PA/ PU x 100 e o diagnóstico 
nutricional pode ser realizado conforme evidenciado 
na Tabela 17.
Tabela 17 - Classificação da Perda Ponderal 
de acordo com o tempo de variação do peso.
Fonte: adaptado de BLACKBURN e cols., 1977.
O peso ideal para idosos tende a ser maior do 
que o peso ideal para pessoas mais jovens e deve 
ser calculado com base em um IMC = 25 kg/ m2. 
Considera-se o Percentual (%) de Peso Ideal = PA/PI 
x 100, conforme Tabela 18:
IMC (kg / m2) Classificação
< 22 Magreza
22 – 27 Eutrofia
> 27 Excesso de Peso
% PU Classificação
< 74 Desnutrição severa
75-84 Desnutrição moderada
85-95 Desnutrição leve
95-110 Eutrófico
Tempo Perda Significativa 
de Peso
Perda Grave 
de Peso
1 semana 1 - 2% > 2%
1 mês 5% > 5%
3 meses 7,50% > 7,5%
≥ 6 meses 10% > 10%
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
28
Tabela 18 - Classificação do percentual de 
peso ideal. 
Alguns estudos demonstram que a estatura 
diminui com a idade, a partir dos 40 anos Perissinotto 
et al identificaram um decréscimo de 2-3 cm por 
década e o Euronut Seneca Study estimam um 
decréscimo de 1-2cm em 4 anos. As possíveis causas 
são achatamento das vértebras, redução dos discos 
intervertebrais, cifose dorsal, escoliose, arqueamento 
dos membros inferiores e/ou achatamento do arco 
plantar. A estatura pode ser aferida ou estimada. A 
estatura aferida deve ser realizada com estadiômetro 
e com o idoso em pé, descalço, com os calcanhares 
juntos, costas eretas e braços estendidos ao lado do 
corpo. Em casos de impossibilidade de aferição, esta 
deve ser estimada (CHUMLEA et al., 1985):
Para homens: Altura (cm) = 64,19 – (0,04 x 
idade em anos) + (2,02 x altura do joelho em cm).
Para mulheres: Altura (cm) = 84,88 – (0,24 x 
idade em anos) + (1,83 x altura do joelho em cm).
Pode ser realizada a medida da altura recumbente, 
marcando no lençol na altura da extremidade da 
cabeça e da base do pé no lado direito do indivíduo com 
o auxílio de um triângulo, e medir a distância entre as 
marcas utilizando uma fita métrica flexível (medida 
obtida = estimativa da estatura do indivíduo); ou a 
extensão dos braços, deixando os braços estendidos 
formando um ângulo de 90º com o corpo e medindo-
se a distância entre os dedos médios utilizando-se 
uma fita métrica flexível; ou ainda a envergadura dos 
braços (OMS, 1999), conforme a seguinte equação: 
[0,73 x ( 2 x envergadura do braço em metros )] 
+ 0,43
A circunferência abdominal, aferida no ponto 
médio entre última costela e crista ilíaca, possui 
relação com complicações metabólicas associadas à 
obesidade. O processo de envelhecimento provoca 
uma redistribuição da gordura corporal, com redução 
de gordura nos membros e aumento no abdômen. Os 
pontos de corte são mostrados na Tabela 19. 
Tabela 19 - Risco de complicações 
metabólicas associadas à obesidade, por sexo.
Fonte: adaptado de OMS, 1998.
A circunferência da panturrilha é a medida 
antropométrica mais sensível de massa muscular 
para pessoas idosas. Deve ser medida com o joelho 
dobrado em ângulo de 90o, mantendo o calcanhar 
apoiado na cama ou cadeira e então medir a maior 
circunferência com fita métrica. Valores inferiores 
a 31 cm indicam perda de massa muscular (OMS, 
1995).
% PI Classificação
< 69 Desnutrição severa
70-79 Desnutrição moderada
80-90 Desnutrição leve
90,1-110 Normal
110,1-130 Excesso de peso
130,1-199 Obesidade
> 200 Obesidade mórbida
Tempo Elevado Muito Elevado
Homem ≥ 94 Cm ≥ 102 Cm
Mulher ≥ 80 Cm ≥ 88 Cm
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
29
NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE 
IDOSOS
A nutrição adequada na infância e vida adulta 
otimizam o crescimento, o desenvolvimento 
e a manutenção do órgãos e sistemas, e são 
determinantes da saúde e a capacidade funcional 
na velhice. É grande o desafio para a sociedade 
atual de manter a qualidade de vida e a saúde em 
uma crescente população que está em processo de 
envelhecimento.
Diversos fatores comprometem o estado nutricional 
dos idosos, como as próprias alterações anatômicas 
e funcionais comuns do envelhecimento, o uso de 
múltiplos medicamentos, a situação socioeconômica 
e familiar desfavoráveis e a presença de processos 
patológicos (Vitolo, 2008).
Dentre essas alterações anatômicas e funcionais 
comuns a essa faixa etária, destaca-se a redução 
na taxa de metabolismo basal e modificações na 
composição corporal, predominando a redução da 
massa muscular, massa óssea e água corporal. 
A redução na massa óssea também é esperada, 
em decorrência da dinâmica do tecido ósseo, do 
aumento na excreção renal de cálcio, da redução na 
absorção intestinal de cálcio e da menor ingestão 
de alimentos fontes desse elemento. A principal 
consequência desta alteração é a osteoporose, que 
atinge grande parte da população idosa.
Nesta fase tem-se uma menor capacidade de 
controle da homeostase da água e as possíveis 
causas são: a redução da água total do corpo (em 
decorrência da perda de massa muscular e aumento 
de tecido adiposo), o declínio na capacidade de 
concentração da urina (por redução na resposta 
tubular ao ADH) e a redução na sensação de sede, 
o que torna muito comum a desidratação em idosos.
Várias são as alterações anatômicas e funcionais em 
idosos que provocam anorexia e desnutrição. Dente 
elas, destaca-se a menor capacidade mastigatória, 
em decorrência de ausência de dentes ou presença 
de cáries e doenças periodontais, decorrentes 
de higiene oral inadequada ou xerostomia ou da 
presença de próteses inadaptadas ou em péssimo 
estado de conservação (Florentino, 2000). Também 
a disfagia orofaríngea (mais comum) e esofagiana, 
provocadas pela reduzida motilidade muscular e 
do reflexo da deglutição (decorrente de distúrbios 
neuromusculares, demências e outros) e pelos 
prejuízos na mastigação e xerostomia (causada pela 
utilização de medicamentos que provocam inibição 
do fluxo salivar e pela presença de enfermidades 
que reduzem a secreção salivar) (Vitolo, 2008). Além 
destes, o aumento da sensibilidade da mucosa oral a 
alimentos quentes ou frios pela reduzida a espessura 
do epitélio bucal e lingual e superfície da mucosa oral 
que se torna mais lisa (OMS, 2002).
A solidão, perda do cônjuge e familiares, 
depressão e isolamento social contribuem para 
hiporexia ou anorexia (Vitolo, 2008). Dificuldades 
financeiras causadas por aposentadoria insuficiente 
e desemprego podem provocar a redução no poder 
de compra dos alimentos. A presença de doenças, 
como infecções, diabetes mellitus, hipertensão 
arterial sistêmica, demências e outras podem gerar 
restrições alimentares e alterações no estado de 
saúde e nutrição.
Ocorrem ainda prejuízos na capacidade digestiva e 
absortiva e alterações no metabolismo dos nutrientes, 
por conta da atrofia da mucosa gástrica com redução 
na produção de ácido clorídrico e de fator intrínseco, 
redução do tempo de esvaziamento gástrico e atrofia 
da mucosa intestinal, gerando como consequências 
a redução no consumo de alimentos, desconfortos 
gastrintestinais (como plenitude gástrica pós-
prandial, eructações); desnutrição e deficiências 
nutricionais, como de ferro, de cálcio e de vitamina 
B12 (Campos et al., 2000).
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
30
A constipação intestinalpode acontecer pela 
redução na atividade física; por imobilidade; redução 
nos movimentos peristálticos; redução do tônus da 
musculatura abdominal; baixo consumo de alimentos 
ricos em fibras e água e por processos patológicos e uso 
de medicamentos, que levam à redução no consumo 
de alimentos e desconfortos gastrointestinais, como 
flatulência (Campos et al., 2000). A diminuição da 
sensibilidade à sede tem como consequência a 
disfunção cerebral e diminuição da sensibilidade 
dos osmorreceptores, gerando desidratação. O 
uso de múltiplos medicamentos podem interagir 
com nutrientes e gerar efeitos colaterais tais como 
diarreia, náuseas, vômitos, hiporexia, perda ponderal, 
desidratação etc. (Campos et al., 2000).
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS 
PARA IDOSOS
Atender às necessidades nutricionais do idoso 
é um desafio, diante da reduzida necessidade de 
energia, porém, há um aumento das necessidades 
de micronutrientes. 
O valor energético deve ser distribuído entre os 
macronutrientes em proporção adequada, conforme 
mostrado na Tabela 20. Os alimentos que comporão 
o plano alimentar devem, além de serem distribuídos 
proporcionalmente em macronutrientes, alcançar as 
recomendações de cada micronutriente (IOM 1997, 
2000, 2002, 2010) (http://www.nap.edu).
Tabela 20 - Distribuição aceitável de macro-
nutrientes para indivíduos acima de 50 anos.
Fonte: Acceptable Macronutrient Distribution Ranges – AMDR (IOM, 2000).
Pode ser necessária a suplementação energética, 
que pode ser alcançada pelo uso de alimentos que 
aumentam a densidade energética, como farinhas, 
açúcar e derivados, óleos, azeite, leite em pó, ou 
ainda nutren active, sustagem, mucilon. Para Nutrição 
Enteral por Via Oral (NEVO), pode-se utilizar produtos 
completos, que contenham carboidratos, lipídeos e 
proteínas, como Suprinutri Sênior, Nutren Diabetes, 
Soya Diet, ou mesmo módulos de nutrientes, como 
Oligossac, Caseical, Nutri TCM age. 
Em relação à oferta de carboidratos na dieta, 
é importante observar presença de intolerância 
à lactose e tolerância reduzida à glicose. Certas 
condições clínicas podem interferir no metabolismo 
proteico do idoso, que podem aumentar o catabolismo 
proteico e excreção urinária de nitrogênio ou reduzir 
a absorção de proteínas, como infecções, enteropatia 
perdedora de proteína e insuficiência renal crônica. 
Doenças catabólicas aumentam a necessidade de 
proteína, enquanto em casos de nefropatias deve-
se reduzir a oferta de proteína. Se necessária a 
suplementação proteica, pode-se utilizar Nutrição 
Enteral por Via Oral: Caseical, Glutamina (Glutamin, 
Nutri Glutamine), e aminoácidos essenciais.
Para estruturar o perfil dos lipídeos da dieta, é 
necessário ofertar ácidos graxos insaturados (mono e 
poli), reduzir os ácidos graxos saturados, colesterol, 
ácidos graxos trans e gorduras hidrogenadas. Se 
houver hipercolesterolemia, devem ser utilizadas as 
recomendações da Associação Americana do Coração 
(2002), conforme Tabela 21:
Macronutrientes Energia (%)
Gorduras totais 20-35
ω-6 (ácido linoleico) 5-10
ω-3 (ácido linolênico) 0,6-1,2
Carboidratos 45-65 (ou 130g)
Proteínas 10-35
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
31
Tabela 21 - Recomendações dietéticas para 
o tratamento das hipercolesterolemias.
Fonte: adaptado de Diretrizes de Dislipidemias e Prevenção de 
Aterosclerose, 2001.
Na presença de dislipidemias, para níveis 
muito elevados de triglicerídeos, é necessário 
reduzir a ingestão de gordura total da dieta e 
hipertrigliceridemia secundária. Para obesidade ou 
diabetes deve-se prescrever uma dieta hipocalórica, 
restringir carboidratos para compensação do diabetes 
e restringir totalmente o consumo de álcool (Diretrizes 
de Dislipidemias e Prevenção de Aterosclerose, 2001).
Em relação às recomendações de vitaminas e 
minerais deve-se dar atenção especial para os idosos, 
visto que deficiências subclínicas são comuns, por 
conta de menor absorção, aumento de excreção e 
maior demanda dos nutrientes, que são naturais do 
envelhecimento e ainda pela presença de doenças e 
uso de medicamentos. Sempre que a suplementação 
for indicada, por não se conseguir alcançar o consumo 
por meio dos alimentos, deve-se tomar cuidado com 
toxicidade e interações entre nutrientes.
Para alcançar a quantidade recomendada de 
cada nutriente são propostos o número de porções 
de alimentos de cada grupo alimentar e o tamanho 
das respectivas porções para cada faixa etária pelo 
Ministério da Saúde (BRASIL, 2009).
Dez orientações para alcançar uma alimentação 
saudável para idosos podem ser encontrado no link 
abaixo:
 » http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
alimentacao_saudavel_idosa_profissionais_saude.
pdf.
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In: CARVALHO, ES; CARVALHO, WB. Terapêutica e 
Prática Pediátrica. 2 ª ed. São Paulo: Atheneu, 2000. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de 
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. 
Dez passos para uma alimentação saudável: 
guia alimentar para crianças menores de dois 
anos. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção 
à Saúde, Departamento de Atenção Básica. 2ª Ed. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
Nutriente Recomendações
Gordura total 25-35% do VET
AG saturados < 7% do VET
AG poli-insaturados > 10% do VET
AG monoinsaturados > 20% do VET
Carboidratos 50-60% do VET
Proteínas Aproximadamente 
15% do VET
Colesterol < 200mg
Fibras 20-30g/dia
Calorias Para atingir e manter 
o peso desejável
Nota: VET = Valor Energético Total.
Nutrição e Ciclos da Vida - Doenças da Infância
32
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de 
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. 
Alimentação saudável para a pessoa idosa: 
um manual para profissionais de saúde. 
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, 
Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério 
da Saúde, 2009.
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CAMPOS, MTFS; MONTEIRO, JBR; OENELAS, 
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