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t UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR FACULDADE DE DIREITO FABRÍCIO LIMA DA SILVA O ESTAGIÁRIO DE DIREITO: A NOVA MORFOLOGIA DO CONTRATO DE ESTÁGIO ENTRE A FORMAÇÃO E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL SALVADOR 2016.1 1 FABRÍCIO LIMA DA SILVA O ESTAGIÁRIO DE DIREITO: A NOVA MORFOLOGIA DO CONTRATO DE ESTÁGIO ENTRE A FORMAÇÃO E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL Artigo Científico apresentado ao Curso de Direito da Universidade Católica do Salvador, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Direito. SALVADOR 2016.1 2 O Estagiário de Direito: A nova Morfologia do Contrato de Estágio entre a Formação e o Exercício Profissional Fabrício Lima da Silva 1 Vander Luiz Pereira Costa Júnior 2 RESUMO: A indubitável analise tem como propósito demonstrar através deste conteúdo a atuação do estagiário de Direito no âmbito laboral onde atuará profissionalmente depois de formado, visto inicialmente, o estágio nada mais é do que, o desenvolvimento dos seus conhecimentos adquiridos durante sua vida acadêmica na universidade e aplicados na prática de diversas maneiras, a um primeiro momento o estágio exerce o seu papel, e teremos o triparte perfeitamente formado para atuação do discente, o qual seja a instituição de ensino, o estudante e o órgão/empresa/escritório para atuação e desenvolvimento profissional e humano. A nova Lei de estágio de número 11.788/08 foi sancionada e com isso teve um notório avanço que levou benefício aos educandos de diversas categorias as quais anteriormente não poderiam ter antes da regulação da lei, também trouxe dúvidas referente a atuação destes futuros profissionais no que tange o desenvolver da sua função no âmbito jurídico, visto que alguns destes estagiários exercem quase o papel do profissional, principalmente quando atuam em escritórios de advocacia de contencioso de massa, que devem exercer o seu estágio de forma exaustiva, devendo com isso atingir metas surreais em prol da permanecia do seu aprendizado. Alguns autores relatam em suas obras e alguns juízes em suas decisões jurisprudenciais que na verdade existe uma pratica dissimulada de estágio quando na realidade seria um vínculo empregatício devido à exposição e requisitos caracterizadores deste vínculo. Palavras-chave: Estagiário. Lei 11.708/08. Aprendizado. Desvirtuamento de função. ABSTRACT: The undoubted analysis have the intention to demonstrate through this content to law trainee's performance in the workplace where it will work professionally after graduating, as initially, the stage is nothing more than the development of the knowledge acquired during their academic life at the university and applied in practice in various ways, for the first moment the stage does your function so we will have the perfect tripartite to the student performance, which is the educational institution, the student and the agency / company / office performance and development professional and human. The new law number stage 11,788 / 08 was sanctioned and it had a remarkable breakthrough that brought benefit to students of various categories which previously could not have before the regulation of the law, also brought questions concerning the performance of these future professionals in regarding the development of their role in the legal sense, as some of these trainees perform almost the role of the professional, especially when working in mass litigation law firms, who must exercise their stage exhaustively, should it reach surreal goals towards the remained of their learning. Some authors report in their works and some judges in their court decisions that in fact there is a stage of covert practice when in reality be an employment relationship due to exposure and characterizing requirements of this bond. Keywords: Lawyer Inter. Law 11,788 / 08. Student Learning. Distortion function. SUMÁRIO: Introdução; 1. O Direito e a Lei 11.788/2008; 1.1. O conceito de estágio e sua função; 1.2. O estágio de Direito como forma de aprendizado do estagiário; 2. Escritório de Advocacia: Conceito e Reflexos do contencioso de massa; 3. Desvirtuamento da atuação no mercado de trabalho e sua relação análoga trabalhista. 4 -Conclusão; Referências. 1 Graduando em Direito pela Universidade Católica do Salvador – UCSal. 2 Mestrado em Políticas Sociais e Cidadania (UCSal). Orientador. 3 Introdução O artigo traduz um pouco da vivência deste futuro profissional no que tange o seu contato na esfera jurídica quanto a sua atuação como estagiário e alguns entraves e conflitos vividos por este acadêmico de direito. Se a advocacia é considerada como uma atividade prescindível para a administração da justiça, o estagiário que é o fruto desta advocacia também se faz valer desse contexto e se tornou hoje essencial tão quanto quaisquer que seja o profissional desta esfera laboral, que atua juntamente com o operador do direito equalizando os conflitos perante a justiça. Detectou-se que o estágio visa unir o aprendizado em sala de aula com a prática profissional, onde o acadêmico-estagiário irá colocar em prática o seu aprendizado com o objetivo de aprender e se profissionalizar para quando estiver de fato atuando livremente em sua função possa desenrolar de uma forma eficaz os seus conhecimentos. A Lei 11.788/08, lei do estagiário, veio para garantir esse aprendizado de forma que se possa evitar a exploração desse futuro profissional e evite fraudes contratuais, trazendo normas específicas, requisitos que devem ser obrigatoriamente seguidos para que se configure essa relação de aprendizado. Afinal, estágio é o elo entre a teoria e prática, para que a partir de então se possa tornar um hábito o conhecimento jurídico para o estudante, o despertar técnico para obtenção de êxito nas suas empreitadas. Etapa fundamental no processo de aprendizagem e desenvolver do alunado pelo simples fato de promover oportunidades de vivência com a profissão, troca de experiências frente o mercado de atuação não ultrapassando a jornada de estágio expressa em lei, afim de não se caracterizar horas extra, o que é vetado no seu contrato de estagio, sendo que caso ocorra poderá caracterizar vínculo empregatício, conforme descreveu o autor Sérgio Martins em sua doutrina: “Havendo trabalho além da jornada, poderá haver reconhecimento de vínculo de emprego, pois não está sendo atendida uma das determinações da Lei nº 11.788 (art. 15), desde que estejam presentes os requisitos do contrato de trabalho”3. O estagiário de Direito no entendimento do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, deverá seguir as regras do Estatuto para que desta forma, possa ser habilitado a exercer o estágio no âmbito jurídico logrando êxito no seu aprendizado. Os estagiários de Direito são aqueles regularmente matriculados em uma instituição de ensino superior exercendo a função regulada pela OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, 3 MARTINS, Sérgio Pinto. Estágio e Relação de Emprego. São Paulo: Atlas, 2.ed. p. 70. 4 adquirindo o conhecimento através de obtenção de certidões, elaboração de peças processuais e atos de processos, juntada de documentos, fazer carga de processos, incluindo as responsabilidades e ética profissional de maneira ampla acompanhado do profissional, devido ser um aprendiz. O estágio em si, seriao procedimento didático pedagógico onde consiste em proporcionar ao acadêmico de direito a oportunidade de ter acesso ao cotidiano através de conteúdo específico da sua profissão. Essa concretização se dá a partir da investida teórica testada na pratica, em situação real de trabalho no âmbito em que o estagiário passa a conviver. O estagiário possui vários direitos, assim como deveres, todavia, aja vista a necessidade de evolução das partes envolvidas, dentre vários, cito alguns principais como: cumprimento da proposta pedagógica da instituição de ensino de nível superior e o plano de estágio; submeter-se ao trabalho sob orientação de uma supervisão; devem obedecer as ordens de seus supervisores hierárquicos, que na maioria das vezes são advogados, procuradores, juízes, sendo que devem ser dentro da legalidade, não infringindo nenhuma norma, regra, lei constante na lei do estágio, CLT e até mesmo na Constituição Federal do Brasil. Importante salientar que a profissão exige sigilo das informações na lide, sendo essa legalidade ampliada ao estagiário que deve ser leal, colaborador, mantedor do sigilo profissional evitando assim, as penalidades previstas em lei, como até mesmo a concorrência desleal. O cumprimento das suas funções é essencial para um bom desempenho, podendo a empresa, caso o estudante não honrar com sua futura profissão, recomendar à instituição de ensino superior o afastamento do discente do programa de estágio. A experiência do estágio em um escritório de advocacia no contencioso de massa ou não, ou em um órgão público na área jurídica ajuda o acadêmico em direito como lidar no dia- a-dia com os distintos tipos de clientes, pois a sua clientela poderá ser da mais diversa possível e essa habilidade ajuda muito na hora de poder agir, tomar uma decisão. Afinal o bom e futuro operador do direito deve estar atento aos detalhes do desenrolar da sua lide. Conclui-se que o estágio no curso de formação do exercício profissional, destaca-se como via fundamental ao dispor os acadêmicos a aprendizagem e complexidade das práticas jurídicas e das ações adotadas por estes profissionais. Essencial que os alunos vejam o estágio como um fator preponderante do seu desenvolvimento humano, pois traz o ensino- aprendizado da fase pedagógica, possibilitando pesquisas e investigação do ambiente acadêmico e laboral, levando os estágios de maneira séria, comprometida por ser a profissão 5 escolhida para o seu futuro que irá interagir perante a sociedade e fazer valer e colocar em pratica todo seu potencial desenvolvido durante esse aprendizado. Por isso a importância de se ter um acompanhamento pedagógico do estagiário exercendo seu papel, o supervisor é fundamental para o seu desenvolvimento porque lhe traz as orientações necessárias para sua atuação, o corrigindo quando necessário e atuando sempre de forma que possa possibilitar o seu aprendizado, por isso o estágio deve ser compatível com o curso o qual está ingressado, para assim, o estudante extrair o máximo de conhecimento e colocá-lo em prática com a ajuda dos seus orientadores, pois esta é essencial para o seu desenvolvimento. Por fim, o estágio objetiva proporcionar intencionalmente aos acadêmicos em direito, os instrumentos necessários de preparação para introdução e inserção no mercado de trabalho, mediante um ambiente sadio de aprendizagem adequado e acompanhado de um profissional da área. Propicia a chave que abrirá as oportunidades para que o jovem ingresse no mundo laboral, cabendo aos profissionais da área de direito desenvolver conteúdos, atividades que possam suprir essas necessidades destes discentes, porque um dos objetivos da lei do estágio é que o estagiário possa estagiar e estudar, de forma que esse estágio não o impeça e atrapalhe os seus estudos, por contribuir na formação do acadêmico em direito, através de um composto de atos que contemple a prática jurídica, o aprendizado do estudante junto à atual realidade do mercado de forma que possa obter conhecimento suficiente para atuar devidamente quando for inserido no mercado de trabalho definitivamente. 1 O Direito e a Lei 11.788/2008 No mundo da pós-contemporaneidade, analisar o Direito afim de que a sociedade possa de fato ter seus direitos adquiridos e implementados estar cada dia se tornando mais complexo, todavia é sabido que o Direito tende a ser criado de acordo as necessidades de uma nação, pois o Direito Objetivo visa a normalização jurídica vigente de um país de acordo as normas estabelecidas, podendo controlar os indivíduos e suas relações individuais e coletivas. Sendo assim, antecedendo a Lei nº 11.788/2008, tivemos a regulação do estágio através da Lei nº 6.494/77 a qual foi regulamentada a Lei do Estágio pela norma do Decreto nº 87.497/82, pois antes da revogação, da lei do ano de 1977 somente autorizava o estágio para os estudantes universitários e profissionalizantes e a posteriori através da Medida Provisória 1779/99 que se possibilitou estágios para estudantes de nível médio. 6 Quando o surgimento da nova Lei nº 11.788/2008 a qual ficou conhecida no Brasil como Lei de Estágio, implementou e fundamentou ainda mais garantias aos estudantes, garantido a este universo estudantil melhores oportunidades de aprendizado e economia, dentre essas melhorias da lei, pode-se levar em conta a conceituação do próprio estágio, a jornada de trabalho sendo definida de maneira que não prejudique os estudantes, férias remunerada, dentre outras. Porque foi sancionada e decretada visando proporcionar aos acadêmicos em geral, diretrizes que os fortalecesse para a sua atuação profissional, levando o seu dia-a-dia da sala de aula, de aprendizagem, do seu conhecimento técnico e teórico adquirido, frente aos conflitos encontrados na atuação de sua futura profissão. Importante ressaltar que a lei deixa claro, que o estagiário não tem vínculo de emprego com a empresa, porque não são regidos pela CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas e sim pela lei do estágio, pois a eficácia do estágio se dar a partir do contrato de estágio, ou seja, do TCE – Termo de Compromisso de Estágio, onde envolve todas as partes interessadas, o aluno, a instituição de ensino e o órgão/instituição interessada. Existem atualmente no mercado diversas empresas especializadas que são contratadas para fazer uma triagem para contratação dos interessados a estágio em uma determinada instituição, como por exemplo: o IEL – Instituto Euvaldo Lodi, o CIEE – Centro de Integração Empresa- Escola que fazem essa captação atuando além de facilitadores deste processo, como orientadores, capacitadores, destes futuros profissionais proporcionando-os conhecimentos através de palestras, congressos, seminários, debates atuais de relações interpessoal, dentre tantos outros diversos voltados a sua área de atuação. A empresa que contrata um estagiário tem liberalitas com o seu estagiário, assim, de acordo com a lei, pode se moldar as necessidades do estagiário com a empresa de maneira de seja adequado para ambas as partes, sempre acordado com as normas estabelecidas pelo regulamento. Por ser uma atividade que proporciona o aprendizado profissional, social e até mesmo cultural, pelo fato de existir a vivência, de maneira real, esse procedimento didático- pedagógico favorece ao estagiário o aprendizado necessário para o seu desenvolvimento. A Lei 11.788/08 ainda ressalta que o estágio pode ser obrigatório ou não obrigatório, conforme demonstra o art. 2º da lei e seus parágrafos. Art.2º. O estágio poderá ser obrigatório ou não-obrigatório, conforme determinação das diretrizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico do curso. § 1o Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção dediploma. 7 § 2o Estágio não-obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória. § 3o As atividades de extensão, de monitorias e de iniciação científica na educação superior, desenvolvidas pelo estudante, somente poderão ser equiparadas ao estágio em caso de previsão no projeto pedagógico do curso. Sendo assim, importante ressaltar que ambos os estágios não criam vínculo de emprego, e o estágio obrigatório cria uma relação entre o estudante e sua grade curricular, sendo a raiz de base para sua formação. Cada curso tem sua grade curricular, tendo esse estágio obrigatório como disciplina obrigatória para formação do alunado, com carga horária e diplomação, além do Termo de Compromisso do Estágio entre todos os envolvidos no processo. Todavia, no que tange o estágio não obrigatório para todos os estudantes, é uma maneira de aperfeiçoamento do seu aprendizado em sala de aula, com a pratica em si. O discente procura uma oportunidade no mundo jurídico em prol de disseminar sua teoria, sendo que este estágio não está vinculado a necessidade desta experiência para sua formação acadêmica. O contrato de estágio, via de regra, deverá ter duração de um ano ou seis meses, podendo ser renovável quantas vezes forem necessárias, conforme acordado, contanto que não ultrapasse dois anos consecutivos na mesma empresa, sendo que o estudante poderá não renovar se assim desejar, sendo que não se faz necessário o registro em carteira de trabalho – CTPS, ficando facultativo o registro à empresa, por não se tratar de relação de emprego. Todavia, durante o seu período de estágio, o estudante obrigatoriamente deverá estar coberto por um Seguro de Acidentes Pessoais. Ademais, a empresa sendo generosa, deve conceder qualquer tipo de benefício para seu estagiário, como por exemplo: a bolsa-auxílio que não tem um valor mínimo fixado em lei, nem máximo, todavia, se ultrapassar o limite de tributação, pode ser recolhido na fonte para o IRPF – Imposto de Renda Pessoa Física, temos também, o vale transporte, assistência médica, previdência privada, dentre outros. O estagiário ainda deve ter o seu estágio avaliado pelo seu supervisor direto, ou seja, no caso a empresa e também pela Instituição de Ensino para averiguação das atividades serem condizentes com a sua futura profissão. É o que versa o art. 7º, da lei: Art. 7o São obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus educandos: II – avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua adequação à formação cultural e profissional do educando; 8 III – indicar professor orientador, da área a ser desenvolvida no estágio, como responsável pelo acompanhamento e avaliação das atividades do estagiário; IV – exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não superior a 6 (seis) meses, de relatório das atividades; V – zelar pelo cumprimento do termo de compromisso, reorientando o estagiário para outro local em caso de descumprimento de suas normas; VI – elaborar normas complementares e instrumentos de avaliação dos estágios de seus educandos; VII – comunicar à parte concedente do estágio, no início do período letivo, as datas de realização de avaliações escolares ou acadêmicas. Parágrafo único. O plano de atividades do estagiário, elaborado em acordo das 3 (três) partes a que se refere o inciso II do caput do art. 3o desta Lei, será incorporado ao termo de compromisso por meio de aditivos à medida que for avaliado, progressivamente, o desempenho do estudante. Por fim, o horário de estágio não deverá colidir com o das aulas escolares, sendo que em época de provas, a empresa deverá reduzir pela metade as horas de estágio afim de que não aja baixo rendimento nas notas escolares do estudante. A Lei de estágio, regula as normas a serem obedecidas pelos interessados no intuito de resguardar o estudante na sua plenitude educacional, não deixando que o seu aprendizado na pratica do mundo jurídico interfira na sua vida acadêmica de modo que o prejudique, afinal a Constituição Federal ordena em seu art. 205 que: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. No que se refere o artigo da Constituição Federal, Uadi Bulos4 em suas anotações, ainda relata que: [...] a palavra “educação” foi empregada no sentido de “educação escolarizada”, isto é, como processo formal, regular ou escolar, vale reforçar. Três motivos justificam a opção do constituinte: 1º) oficializar a escola como a instituição principal do processo ensino-aprendizagem; 2º) o regime democrático requer maior preparo e capacitação profissional, insurgindo daí a importância dos serviços prestados pela escola; 3º) a educação informal é intangível, nem sempre alcançando os mesmos resultados do ensino regular. Tratando-se do caso da extinção do contrato de estágio, anteriormente foi citada a questão das férias do estagiário, ou seja, o seu recesso o qual deve ser gozado ao decurso do 4 BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada. 10.ed. ver. atual. e reformada até a Emenda Constitucional nº 70/2012. São Paulo: Saraiva. 2012. 9 seu período de estágio, sendo que se o contrato for findo antes do período estipulado, provavelmente pode não ocorrer essa garantia de férias, ou seja, quando ainda não acontecer o período de contratação consumado, o estagiário goza das férias ou recesso, como muitos autores mencionam em suas doutrinas, todavia, se houver ruptura abrupta, e o período ainda não foi todo consumido, não terás direito as férias ou terá direito proporcional, ainda se tem a hipótese de que se o contrato findar e o estagiário não tiver programado nem aproveitado o seu descanso garantido em lei, precluirá. 1.1 O conceito de estágio e sua função O estágio pode ter vários conceitos, de acordo com a sua própria lei e alguns conceituados autores, todavia, a em sua maioria todos são categóricos ao se harmonizarem conceituando o estágio de acordo a letra da lei, como define o próprio artigo 1º da Lei 11.708/2008. Art. 1º Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. §1º O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além e integrar o itinerário formativo do educando. §2º O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e À contextualização curricular objetivando o desenvolvimento do educando par a vida cidadã e para o trabalho. (BRASIL, 2008) De acordo com Sérgio Pinto Martins, “o estágio é, portanto, considerado ato educativo escolar. É uma forma de integração entre o que a pessoa aprende na escola e aplica na prática na empresa5”. Já o professor José Cairo Jr., vislumbra da seguinte forma: “a relação de estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho6”. 5 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 30.ed. São Paulo: Atlas. 2014, p.184. 6 CAIRO JR. José. Curso de Direito do Trabalho. 11.ed. ver., ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2016, p.172. 10 Salienta MauricioGodinho Delgado (2014) em seu livro que “este vínculo sociojurídico foi pensado e regulado para favorecer o aperfeiçoamento e complementação da formação acadêmico-profissional do estudante.7 ” Todavia, o estágio se faz necessário para o aprendizado de todo estudante regularmente matriculado os quais frequentem instituições de ensino médio, de educação superior, profissional, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos, visando agregar ao longo deste período, experiências capazes de auxiliá-lo no futuro, principalmente aos acadêmicos de nível superior e profissionalizante. Sua função expressamente seria desenvolver o futuro profissional de forma que possa em seu estágio aperfeiçoar todas as habilidades necessárias para atuar futuramente de modo seguro do que faz e sabe fazer em prol de atender as necessidades e demandas de seus futuros usufruidores. Para Zéu Palmeira Sobrinho8: O contrato do estágio, portanto, tem natureza jurídica de ato educativo- laboral, porquanto se reporta a uma complexa relação disciplinar que somente atinge a sua finalidade pedagógica se for permitido ao educando desenvolver as atividades que proporcionem a aplicação prática do instrumental teórico inerente à sua formação escolar. 1.2 O estágio de Direito como forma de aprendizado do estagiário O acadêmico de direito atua de forma que possa adquirir conhecimentos reais no que tange a forma de aprender no âmbito jurídico e, uma das melhores formas de adquirir esse conhecimento é justamente através do estágio. E nesse ponto temos dois tipos de estagiários, o inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil com sua carteira de estagiário devidamente registrado na OAB e do estudante de direito que atua como estagiário sem ter solicitado a sua inscrição na OAB devido não ter ainda os requisitos necessários para se inscrever e deseja ter experiência das atividades inerentes a sua profissão com brevidade. A desrespeito do comentário, enfatizo que vários estudantes de direito procuram estagiar desde a primeira oportunidade quando ingressam na Universidade, sendo que pelas normas da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, fica vetado qualquer ato privativo de 7 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13.ed. São Paulo. LTr. 2014, p.327. 8 SOBRINHO, Zéu Palmeira. Artigo publicado na Revista Ltr. Legislação do Trabalho, v. 10, p.1173-1188, 2008. 11 advogado, estagiário não inscrito e bacharel em direito, conforme a Lei 8.906/94 ordenado no art. 9º. Art. 9º Para inscrição como estagiário é necessário: I - preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e VII do art. 8º; II - ter sido admitido em estágio profissional de advocacia. § 1º O estágio profissional de advocacia, com duração de dois anos, realizado nos últimos anos do curso jurídico, pode ser mantido pelas respectivas instituições de ensino superior pelos Conselhos da OAB, ou por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia credenciados pela OAB, sendo obrigatório o estudo deste Estatuto e do Código de Ética e Disciplina. § 2º A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo território se localize seu curso jurídico. § 3º O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advocacia pode frequentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para fins de aprendizagem, vedada a inscrição na OAB. § 4º O estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em Direito que queira se inscrever na Ordem. O estagiário de direito deverá se inscrever na Ordem dos Advogados do Brasil na subseção do seu município e atuar conforme as normas estabelecidas pelo mesmo código, sendo vetado atuar de forma individual, exceto nos casos específicos em lei. Já o Novo Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, o estagiário de Direito atuará, conforme descreve o artigo 76 da lei: Art. 76. As disposições deste Código obrigam igualmente as sociedades de advogados, os consultores e as sociedades consultoras em direito estrangeiro e os estagiários, no que lhes forem aplicáveis. Temos também casos específicos de Bacharéis em Direito os quais ainda não estão inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, podendo atuar como estagiários de direito visando uma preparação para ingresso na Ordem dos Advogados, caso tenham ou não tenham atuado na época da vida acadêmica, vislumbrando ser advogado, devendo ser ressaltado que não detém capacidade postulatória, porque são atos privativos de advogados. A figura do Estagiário se faz necessário e proveitoso para ambas às partes envolvidas porque um excelente e sagaz estagiário com sua inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil em posse da sua carteira de Estagiário tem capacidade postulatória nos atos previstos no artigo 1º, do Estatuto da OAB, juntamente com o Advogado inscrito na OAB ou sob sua supervisão. Os casos excetos são: retirada dos autos em cartório e devolução, obtenção de certidões de peças nas secretarias, apor sua assinatura em petições, desde que de forma 12 conjunta com Advogado regularmente inscrito ou sob supervisão deste e caso substabelecido ou com autorização do Advogado, poderá atuar realizando atos extrajudiciais. O aprendizado se dar de diversas maneiras, e uma das melhores formas de aprendizado se dar realmente na prática, atuante no desenvolver do seu campo de atuação em suas atividades advocatícias, pois no dia-a-dia vai habituando-se com o vocabulário jurídico nos fóruns judiciais, juizados, cartórios, secretárias e afins. Enfim, não basta ser um estagiário e estar ou não inscrito na OAB; se faz necessário mais que isto hoje em dia, é preciso sair do contexto de estagiário trivial do mercado e ir além, ter desenvoltura, ser proativo, estar sempre atualizado com informações globais, atento as mudanças, novas tecnologias, leis, súmulas, ementas, acordos coletivos, medida provisória, tudo no que tange o universo jurídico no intuito de criar essa rotina para sua vida profissional e acima de tudo pessoal, porque em um futuro próximo, o estágio deixará de existir e o acadêmico passará a ser o protagonista da sua própria carreira com todo ônus e bônus que a história haverá de lhe prover. 2 Escritório de Advocacia: Conceito e Reflexos do Contencioso de Massa No que tange os escritórios de contencioso de massa na área advocatícia, o que já foi um dos maiores desafios do Direito Corporativo. Atualmente, essa prática se tornou corriqueira no mundo, muitos escritórios se reúnem e buscam aplicar esse método onde teve existir um acompanhamento e controle rígido para cumprimento dos prazos processuais e suas pautas de audiências. O contencioso de massa não é uma tarefa fácil de se cumprir em escritórios que prestam este tipo de advocacia, pois além da administração de volumosos processos, existe o gerenciamento de toda a equipe que compõe o escritório, assim como: os advogados, estagiários, administrativo, clientela; além de ter uma excelente relação interpessoal com todos que fazem parte do processo, como até mesmo digamos que a terceirização e quiçá quarteirização do processos para com outros escritórios com a finalidade de manter a estrutura fluente e eficaz satisfazendo todos os seus clientes. Pelo fato desses escritórios possuírem um vasto arquivo com peças altamente funcionais e bem fundamentadas para que o advogado possa apenas alterar os dados e adaptar ao caso real ao que esteja atuando de forma rápida e eficaz, seja necessária uma sintonia entre os membros da equipe para que tudo flua como deva acontecer. 13 Por serem escritórios grandes, onde existem grandes clientes, ou seja, de alto potencial,é necessária uma equipe imensa para atuar e atender toda clientela em tempo hábil, sendo que desta forma, precisa-se ter uma equipe que trabalhe com qualidade a um menor custo para seu negócio visando um lucro extraordinário no seu empreendimento e atendendo todos de forma satisfatória. Esses escritórios, advogados e estagiários que atuam nesse negócio, no mundo jurídico geralmente são bastante conhecidos por estarem sempre presentes provocando, insuflando os mais variáveis tribunais, e essa proximidade solidifica a presença destes escritórios no âmbito jurídico por deterem um “nome de peso no mercado”, ou seja, um significado respeito de certa forma, proporcionando rapidez no julgamento dos processos que atuam, o que é de grande valia para os seus clientes e consequentemente a solidificação do escritório. A advogada Érika Taucci em seu blog, ressalta sobre o contencioso de massa no que tange a organização no trabalho desta massa, pois é tudo uma questão de organização, porque tudo é urgente e a melhor forma de se adquirir sucesso neste tipo de empreendimento é sendo organizado porque o tempo ainda é pouco para a tamanha demanda e que todos devem ser ajudados conforme relato da autora abaixo: Com vistas a ajudar os colegas (INCLUSIVE ESTAGIÁRIOS) que penam no árduo caminho do contencioso exagerado das atividades econômicas mais “processáveis”, seguem algumas dicas de organização. Coisas simples, que não necessitam de orientação de um auditor para implantação9. Sendo assim, dentre várias dicas apresentadas pela advogada em seu blog, relevante comentar sobre a pontualidade, praticidade, trabalho em equipe, métodos e mecanismos que ajudem a agilizar as suas atividades, porque a ausência de controle pode ser prejudicial ao negócio, pois volume de cliente não é sinônimo de lucro, principalmente se não houver uma boa administração no negócio. Afinal, tudo pode se perder no caminho e o que poderia ser um bom negócio, se tornará um “Titanic”, comparado de maneira alusiva, e terminará. Os estagiários se destacam nesse contexto pelo qual foi exposto no blog por Dra. Taucci pelo fato de serem contratados no intuito de ajudar, aprender, colocar em prática seus conhecimentos adquiridos na vida acadêmica no curso de sua futura carreira. E com essa ideia, o discente muitas vezes, não percebe que está sendo explorado por esses escritórios que na maioria das vezes pagam uma bolsa-auxílio de valor muito ínfimo para o dispendioso e 9 TAUCCI, ÉRIKA. Disponível em: <http://erikataucci.blogspot.com.br/2011/09/contencioso-de-massa- organizacao-no.html>. Acesso em: 03 mar.2016. 14 cansativo trabalho executado, porque assim como os advogados do escritório os seus estagiários também devem criar ou melhor reproduzir as peças processuais adaptando apenas com as informações necessárias para seguimento dos autos, pelo simples fato que essas peças são a reprodução da cópia/espelho existente para atender todo aquele contencioso da carteira de cliente do escritório. Devido a esse absurdo de estágio, muitos estagiários deixam de cumprir as regras estabelecidas pela Lei 11.788/08 devido esse excesso de carga, sendo vetado de maneira indireta os seus direitos garantidos pela lei que os regem e esse estágio poderá até mesmo a se caracterizar como vínculo empregatício. 3 Desvirtuamento da Atuação no Mercado de Trabalho e sua Relação Análoga Trabalhista Os estagiários de direito atuantes nos escritórios de advocacia, devem ter a maior atenção no que tange o seu Termo de Compromisso, para que todos os requisitos que a Lei 11.788/08 estabeleceu como regra de estágio seja mantida, porque anteriormente a esta lei, existia excesso de atividades com os estagiários e a lei chegou justamente para reprimir essas práticas abusivas, evitando assim, uma fraude no tocante da relação de estágio versos relação de emprego, onde alguns empreendedores atuando de má-fé, da lacuna na lei, se beneficia em prol de interesses particulares, “fechando os olhos” para o que reza a lei e desvalorizando o ser humano. A Lei do estágio do ano de 2008 contribuiu bastante para a instituição de direitos para os estudantes, como podemos citar: o Termo de Compromisso de Estágio, a bolsa-auxílio, a apólice de seguro pessoal, a jornada de trabalho, férias ou recesso, a inexistência de laço trabalhista, dentre tantas outras bastante relevantes. Já no caso do período de duração do estágio é vantajoso e desvantajoso ao mesmo tempo, porque no primeiro momento limita o empregador de má-fé abusar da contratação do estagiário como funcionário e/ou empregado do seu escritório ou repartição pública, porque sabe que o estagiário consciente e comprometido irá se dedicar mais na sua função tentando se destacar e ganhar espaço profissional agregado a um vasto conhecimento intelectual, tudo isso em harmonia, sintonia com o escritório, contrapartida limita o tempo de duração em dois anos, não podendo ser renovável, consequentemente força o estudante a procurar outro estágio, muitas vezes de remuneração até mesmo inferior e ambiente de estágio nem tão adequado e satisfatório a 15 título de aprendizagem como o anterior, podendo ser vítima da mão-de-obra barata que esses escritórios de massa desejam ter. Esta lei, a luz do direito, transmitiu para a sociedade normas mais claras, rígidas, apesar de complexa no que tange a proteção dos direitos dos aprendizes futuros operadores do direito e deixa claro que se não for cumprido às exigências do artigo 3º da Lei 11.788/0810 pode haver desvirtuamento da função de estagiário para empregado e consequentemente será regido pela CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas. Os Tribunais analisam muito esse tipo de prática abusiva, eis abaixo alguns exemplos: 1. VÍNCULO EMPREGATÍCIO EM FACE DE CONTRATO DE ESTÁGIO. CARACTERIZAÇÃO. Constatado o desvirtuamento do contrato de estágio escolar de forma a transmudá- lo para uma relação tipicamente trabalhista, nos moldes daquela definida nos artigos 2.º e 3.º da CLT, o reconhecimento do vínculo empregatício pretendido é medida que se impõe, já que, no Processo Judiciário Trabalhista, vigora o princípio da primazia da realidade. 2. JORNADA DE TRABALHO. INTERVALO INTRAJORNADA. Em se tratando de intervalos intrajornada, a lei (art. 74, § 2.º da CLT) autoriza a sua pré- assinalação, o que afasta a presunção da Súmula n.º 338, do col. TST. Logo, o ônus de provar a ausência de concessão do intervalo era do reclamante e, estando a prova dividida, a questão deve ser resolvida contra quem detinha o encargo. 3. Recurso da reclamada parcialmente conhecido e provido em parte. Recurso da reclamante conhecido e parcialmente provido. 11” “ESTÁGIO: IRREGULARIDADE NO CONTRATO: AUSÊNCIA DE PLANEJAMENTO, ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO: DESCONFFORMIDADE COM O CURRÍCULO ESCOLAR: FRAUDE LEGAL: VÍNCULO DE EMPREGO RECONHECIDO. Não comprovada a existência de planejamento, a execução, o acompanhamento e a avaliação do estágio em conformidade com o currículo escolar, ante a incompatibilidade das atividades desenvolvidas pelo Reclamante com sua área de formação educacional, bem como a revelação da realidade contratual de celebração de estágio para preenchimento de vaga de assistente bancário no empregado, forçoso é concluir pela nulidade do contrato de estágio por 10 Art. 3º O estágio, tanto na hipótese do §1º do art. 2º desta Lei quanto na prevista no §2º do mesmo dispositivo, não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, observados os seguintes requisitos: I- matrícula e frequência regular do educando em curso de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental,na modalidade profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; II- celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; III- compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromiso. §1º O estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente, comprovado por vistos nos relatórios referidos no inciso IV do caput do art. 7º desta Lei e por menção de aprovação final. §2º O descumprimento de qualquer dos incisos deste artigo ou de qualquer obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. 11 BRASIL. (Tribunal Regional do Trabalho. 10ª Região. – Recurso Ordinário: 668200801010005 DF 00668- 2008-010-10-00-5, Relator: Desembargador Brasilino Santos Ramos, Data de Julgamento: 21/01/2009, 2ª Turma, Data de Publicação: 06/02/2009). 16 mascarar verdadeira relação empregatícia, a teor do art. 9º, da CLT, art. 166, IV, VI e VII do CC/2002. Precedente interno. Recurso patronal conhecido e desprovido.12 ” “CONTRATO DE ESTÁGIO. VÍNCULO DE EMPREGO. CARACTERIZAÇÃO.Não atendidos os requisitos legais (formais/materiais) autorizadores da relação jurídica de estágio, impõe-se afastar o especial tratamento a que se sujeita o estagiário e reconhecer a configuração e os efeitos da relação de emprego.13 Conforme os exemplos expostos acima, se verifica que os juízes analisam cuidadosamente cada situação, porque alguns pedidos são providos e outros negados, pelo fato de que se faça necessário existir os requisitos principais para caracterização do vínculo de emprego, quando se tratar de pessoa física, no caso em questão, os estagiários, os quais são: pessoalidade, não eventualidade ou habitualidade, subordinação e onerosidade. Além do que estabelece o art. 3º da Consolidação das Leis Trabalhista: “considera-se empregado toda e qualquer pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário” e também no mesmo Decreto Lei nº 5.542/1943 em seu art. 9º que diz: “Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”. Enfim, o princípio da primazia da realidade é uma das bases fundamentais juntamente com todos os outros requisitos expostos, os quais podem caracterizar o vínculo de emprego. Lembrando que o mesmo caso não cabe aos estagiários do serviço público, devido à vedação constante no art. 37, II, da Constituição Federal do Brasil de 1988. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). 12 BRASIL. (Tribunal Regional do Trabalho. 10ª Região. Recurso Ordinário nº 01015200701410000 RO, Relator Desembargador Alexandre Nery de Oliveira, Data do Julgamento: 01/10/2008, 2ª Turma, Data de Publicação: 17/10/2008). 13 BRASIL. (Tribunal Regional do Trabalho. 10ª Região. Recurso Ordinário nº 654201200110007- DF-00654- 2012-001-10-00-7, Relator Desembargador Ricardo Alencar Machado, Data do Julgamento: 15/05/2013, 1ª Turma. Data da Publicação: 24/05/2013 no DEJT) 17 Ante o exposto, caso aja esses elementos inseridos de maneira inequívoca no Termo de Contrato de Estágio, o estudante de direito poderá pleitear junto à justiça, à possibilidade do reconhecimento dos direitos adquiridos mediante uma suposta fraude na contratação da prestação de serviços. 4 Conclusão A atuação do estagiário no âmbito laboral como forma de aprendizado, serve como norteador para o estudante, em especial de Direito, a fim de obter uma vasta experiência profissional para que em tempo aos seus estudos acadêmicos possa aprender de forma a deixar esclarecidas suas atuações no espaço jurídico, pois, desta forma poderá ser um profissional que entenderá com mais facilidade a necessidade do seu contratante. Algumas empresas após a realização do estágio, parcela considerável dos estagiários que obtém um excelente desempenho é efetivada como empregado da empresa na qual o estágio foi realizado se assim for a sua vontade, com a exceção do estágio no serviço público, que para que aja essa possibilidade, deverá prestar concurso público como expressa a lei. Além disso, o estágio possibilita ao aluno identificar-se com a futura profissão, adquirir conhecimento prático na área profissional, desenvolver a responsabilidade, habilidades, relações interpessoais, praticidade, humanidade, na esperança do desenvolver dessas posturas com a convicção em se firmar futuramente no mercado de trabalho com aptidão e segurança na função que exercerá. Por isso a importância de se ter um acompanhamento pedagógico do estagiário exercendo seu papel, o supervisor é fundamental para o seu desenvolvimento porque lhe traz as orientações necessárias para sua atuação, o corrigindo quando necessário e atuando sempre de forma que possibilite o seu aprendizado, por isso o estágio desse ser compatível com o curso o qual estar ingressado, para assim, o estudante extrair o máximo de conhecimento e colocá-lo em pauta, obtendo o sucesso almejado. A sua atuação nos escritórios de contencioso de massa acarreta uma demasiada sobrecarga no desenvolvimento de suas atividades, podendo com isso impactar nos seus rendimentos acadêmicos, e muitas vezes nem sendo muito proveitoso o aprendizado, pelo simples fato de existirem uma peça processual pronta onde o estagiário irá adaptar ao caso real que estiver atuando e com isso, o lado criativo do acadêmico que poderia desenvolver nesse laboratório amplo de cliente, se torna praticamente engessado, por não se fazer 18 necessário e também devido à urgência permanente que este tipo de negócio necessita em agilizar os processos que envolvem os seus escritórios. Por fim, essa sobrecarga de trabalho muitas vezes mascara a figura do estagiário que ao certo seria um empregado da empresa, pelo fato de não seguir as medidas reguladas pela Lei 11.788/08, lei do estágio e adentrar na CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, caso se configure o vínculo de emprego, com exceção do estagiário da administração pública. Referências CAIRO JR. José. Curso de Direito do Trabalho. 11.ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2016. BRASIL. Resolução nº 02/2015. Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 30.ed. São Paulo: Atlas. 2014. DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13.ed. São Paulo. LTr. 2014. BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada. 10.ed. Ver. Atual. e reformada até a Emenda Constitucional nº 70/2012. São Paulo: Saraiva. 2012. SOBRINHO, Zéu Palmeira. Artigo publicado na Revista Ltr. Legislação do Trabalho. v. 10, p.1173-1188, 2008. BRASIL. Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Lei do Estágio. 2008. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/111788.htm. Acesso em 05 fev.2016. BRASIL. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8906.htm. Acesso em: 20 fev.2016. TAUCCI, Érika. Blogspot. Disponível em: http://erikataucci.blogspot.com.br/2011/09/contencioso-de-massa-organizacao-no.html. Acesso em 03/03/2016 ______. Tribunal Regional do Trabalho. 10ª Região. – Recurso Ordinário: 668200801010005 DF 00668-2008-010-10-00-5, Relator: Desembargador Brasilino Santos Ramos, Data de Julgamento: 21/01/2009, 2ª Turma, Data de Publicação: 06/02/2009). Disponível em: http://trt-10.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8771770/recurso-ordinario-ro-668200801010005- df-00668-2008-010-10-00-5. Acesso em 08/03/2016. ______. Tribunal Regional do Trabalho. 10ª Região. Recurso Ordinário nº 01015200701410000 RO, Relator Desembargador Alexandre Nery de Oliveira, Data do Julgamento: 01/10/2008, 2ª Turma, Data de Publicação: 17/10/2008). Disponível em : 19 http://trt-10.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8759772/recurso-ordinario-ro- 1015200701410008-df-01015-2007-014-10-00-8. Acesso em 08/03/2016. ______. Tribunal Regional do Trabalho. 10ª Região. Recurso Ordinário nº 654201200110007- DF-00654-2012-001-10-00-7, Relator Desembargador Ricardo Alencar Machado, Data do Julgamento: 15/05/2013, 1ª Turma. Data da Publicação: 24/05/2013 no DEJT). Disponível em: http://trt-10.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24451047/recurso- ordinario-ro-654201200110007-df-00654-2012-001-10-00-7-ro-trt-10. Acesso em 08/03/2016 LUBISCO, Nídia Maria Lienert; VIEIRA, Sônia Chagas. Manual de estilo acadêmico: trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses. 5.ed. Salvador: EDUFBA, 2013, 145 p. MANUAL para apresentação de trabalhos acadêmicos da Universidade Católica do Salvador. Sistema de Bibliotecas. Salvador: UCSal, 2014, 53p. SARAIVA, Renato; MANFREDINI, Aryanna; TONASSI, Rafael. CLT: Consolidação das Leis do Trabalho. 14.ed. Rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015.
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