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Nicolle Moraes Nunes 1 Pediatria I - Nutrição PEDIATRIA - ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO AULA DO DIA 09 DE AGOSTO, PROFESSORA MARIA LÚCIA DE BARROS MEDEIROS A nutrição na infância impacta o crescimento, a produtividade e a qualidade de vida. O aleitamento materno apresenta impactos benéficos em todos os níveis socioeconômicos, mas sobretudo nas populações mais vulneráveis, haja vista que ele não só nutre a criança como também gera efeitos à longo prazo em sua saúde. O leite materno possui níveis proteicos, bioativos, e compostos microbioticos que são muito bons para o bebê. A nutrição adequada no início da vida é tão importante que pode minimizar, ou quebrar o ciclo de pobreza, porque os jovens terão uma maior capacidade de aprendizagem, resolução de problemas, e desenvolvimento total do potencial da criança. Isso tudo repercute na vida adulta, uma criança que tem dificuldade de aprendizado dificilmente vai conseguir sair do ciclo de pobreza. Então, não é só crescer, o cérebro cresce, se desenvolve e cria habilidades que serão fundamentais pro resto da vida dessa criança. Há anos atrás a grande preocupação com nutrição das crianças era devido à desnutrição, hoje essa preocupação se relaciona não apenas a ela, mas também à obesidade. A obesidade é uma epidemia no mundo inteiro, nos países desenvolvidos e não desenvolvidos. O excesso de proteínas no início da vida, através do leite de vaca- por exemplo- está muito associado a obesidade infantil. O leite materno ajuda a desenvolver mecanismos de saciedade que são muito importantes pro comportamento alimentar da criança, evitando uma futura obesidade. A obesidade está relacionada à uma série de desfechos de risco como DM tipo II, H.A.S., esteatose hepática não alcoolica, apneia do sono, ovário policístico, e problemas osteoarticulares, então qualquer medida de prevenção deve ser adotada. Isso torna claro que o aleitamento materno traz benefícios não só no início da vida, mas também ao longo do desenvolvimento da criança. A amamentação ocorre junto com várias emoções, e influencias socioculturais. Essas influencias e emoções ficam atreladas para o resto da vida, então deve-se trabalhar muito no desenvolvimento da saciedade, e de hábitos alimentares saudáveis da criança, logo na primeira infância a fim de evitar transtornos alimentares e obesidade a longo prazo. PRIMEIRO ANO O primeiro ano é um ano de intenso crescimento. O peso de nascimento duplica aos 6 meses, e triplica aos 12 meses. A altura do recém-nascido é torno de 50 cm, e no final do 1° ano ela aumenta pra cerca de 70 cm. Além do peso e altura, a composição do corpo muda: reduz o teor de água, aumenta o teor de gordura, e a criança adquire uma série de habilidades e capacidades que duram para o resto da vida. O cérebro pesa cerca de 350g no nascimento, enquanto no final do primeiro ano pesa 925g, associado a isso ocorrem mudanças muito importantes nas características que o cérebro desenvolve. Próximo dos 12 meses a criança já sustenta a cabeça, já senta com apoio, os reflexos primitivos vão se atenuando, progressivamente começa a sentar sozinho, e entre o final do primeiro e o começo do segundo ano ele já está andando. Então, as mudanças são muito grandes, se houver alguma deficiência nutricional essas mudanças podem não ocorrer da maneira esperada, gerando dificuldades de aprendizagem, e desenvolvimento no futuro. Os primeiros 1.000 dias que vão desde o inicio da gestação até o primeiro ano e o segundo da criança são considerados um período crítico do crescimento e desenvolvimento. A deficiência tanto de macronutrientes (proteínas, carboidratos, lipídeos) como de micronutrientes (vitaminas) está associada a um menor crescimento somático com relação ao potencial genético da criança e, a um menor desenvolvimento de todos os órgãos durante a fase de maior velocidade de crescimento. PROGRAMAÇÃO METABÓLICA O conceito de programação metabólica está relacionado com o fato de que algumas alterações no início da vida levam à indução, deleção ou prejuízo permanente no desenvolvimento de estruturas somáticas. Essas alterações metabólicas não mudam a herança genética, mas o fator epigenético que vai mudar a expressão dos genes. Ainda nesse conceito, comprovadamente, bebês prematuros tem maior risco de doenças cardiovasculares futuras porque sua programação metabólica foi alterada. Ou seja, mudanças no início da vida podem afetar pro resto da vida. A criança não é um adulto pequeno, ela possui características específicas. Da mesma forma, recém-nascidos não são crianças pequenas, e não devem ser tratados como se fossem. Um RN prematuro, por exemplo, ainda não acabou de formar os órgãos Nicolle Moraes Nunes 2 Pediatria I - Nutrição que um nascido a termo formou durante o final da gestação nutrido pela placenta; então devemos olhar com características específicas. Além de atender as necessidades de desenvolvimento e crescimento do corpo da criança, o leite materno possui a propriedade de prevenir doenças a curto e a longo prazo. BOAS PRÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO INFANTIL Boas práticas de alimentação infantil atendem às necessidades energéticas e quantitativas, apresentam correlação correta entre os nutrientes, observam intervalos, horários e número de refeições adequados, equilibram a tendência laxante e obstipante dos alimentos, ministram alimentos com técnica adequada à boa aceitação e formação psíquica da criança, e isenção de germes. A isenção se refere à noções básicas de higiene pessoal, higiene de alimentos- como não guardar na geladeira e dar pra criança depois. Além disso, respeitam a capacidade gástrica e digestiva da criança, introduzem novos alimentos de forma progressiva, e apresentam consistência adequada. A introdução a novos alimentos deve ser feita aos poucos, e repetitivamente até que a criança aceite os esses alimentos, e é importante que isso seja feito com alimentos amassados, ou raspados, evitar misturar tudo no liquidificador, ou em sopas, porque se perde a diferença de texturas e sabores que é fundamental pra criança aprender. Então, a maneira adequada é dar alimentos em textura de purê, ou papa, separados, na colher. Atualmente não se recomenda que as crianças menores de 1 ano consumam suco, é preferível consumir frutas amassadas, ou raspadas por causa das fibras, e o suco as crianças acabam tomando rápido- ou seja- não gera saciedade. Outra coisa que deve ser evitada é permitir que a criança coma esperando algo em troca como “ se comer a mamãe vai ficar feliz”, “ se comer vai ganhar sobremesa”, “ se não comer vai ficar de castigo”, e comer assistindo televisão, ou desenhos porque não permitem que a criança desenvolva saciedade. Os alimentos devem ser o menos processados possível, sendo os alimentos in natura ideais, e alimentos proibidos aqueles com muito processamento (açúcar refinado, açúcar mascavo, sal, geléia, bolo, biscoito, refrigerante, mel). Até os dois anos de idade não se deve utilizar nem açúcar, nem sal, nem mel nas refeições da criança. Observação: O mel aumenta os riscos de botulismo, além de ter o sabor muito doce. O botulismo é uma doença, e o clostridium pode estar no mel, então o mel não deve ser dado antes dos 2 anos. A capacidade gástrica e digestiva da criança deve ser respeitada, se oferecermos mais do que ela suporta, ela pode vomitar. Além de estar além da capacidade, os recém-nascidos possuem um refluxo gastroesofágico fisiológico. Lembrar sempre que não é só crescimento físico, mas motor, inteligência, e desenvolvimento de habilidades psicossociais. ALEITAMENTO MATERNO O aleitamento materno é biologicamente determinado, haja vista que somos mamíferos, e é culturalmente condicionado principalmente nas culturas mais antigas, como a cultura indígena,em que o aleitamento era a única forma de alimentar as crianças. A recomendação da OMS é de que o aleitamento materno seja exclusivo até os 6 meses de vida, e complementar até os 2 anos de vida. O leite humano é um fluido biológico complexo com milhares de componentes, sendo adaptado para as necessidades dos recém-nascidos, as quais são atendidas devido aos macronutrientes (proteínas, lipídios e carboidratos), aos micronutrientes (minerais e vitaminas) e as numerosas substâncias biologicamente ativas que vão proteger as crianças de uma série de infecções. Ele possui importantes propriedades nutricionais, associadas com efeitos prebióticos, imunomoduladores e anti- microbianos. O leite materno tem uma série de substancias como: lactoferrina, células imunocompetentes, IGA, células que previnem o desenvolvimento de alergias, fatores de crescimento, fatores de maturação do intestino, aas específicos fundamentais para saúde intestinal- arginina, glutamina, glutamato e treonina-, e ácidos graxos essenciais. Os lipídios presentes no leite materno podem variar amplamente e são influenciados por inúmeros fatores, tais como dieta materna, idade gestacional, paridade e estágio de lactação, composição corporal da mãe, os genes maternos e, possivelmente, fatores infantis (como o sexo). A criança ainda está mielinizando (desenvolvendo cérebro e a retina) então ela não pode ter restrição de lipídeos porque precisa para desenvolver o cérebro e a retina, portanto mesmo que a mãe esteja extremamente vulnerável, o leite dela é a melhor opção. Uma qualidade interessante é que o leite da mãe do bebê prematuro é diferente do leite da mãe que o bebê nasceu a termo em qualidade, inicio da lactação. Existem estudos que provam que a microbiota do leite das mães de bebes prematuros contribuem para desfechos melhores. Nicolle Moraes Nunes 3 Pediatria I - Nutrição Os ácidos graxos de cadeia curta, de cadeia média e de cadeia longa, saturados e monoinsaturados, podem ser sintetizados no organismo. Porém, os ácidos graxos poliinsaturados, notadamente o linoleico (ômega-6) e α-linolênico (ômega-3), por não serem sintetizados pelo organismo, constituem-se em ácidos graxos essenciais (AGE). Os ácidos graxos essenciais precisam estar presentes para que o organismo forme ácido aracdônico e DHA, que são fundamentais para o desenvolvimento do sistema nervoso e da retina. O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil. NUTRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO Nutriente Impacto Energia e Proteína Impactam na multiplicação e formação das células, multiplicam as sinapses, e fatores de crescimento do sistema nervoso. Ferro Mielina, síntese de monoaminas e metabolismo neuroglial. O déficit de ferro não está apenas relacionado à anemia, mas também na alteração da síntese das monoaminas, no metabolismo da neuroglia, e mielinazação. Portanto, sua deficiência pode afetar à memória. Zinco O zinco é um cofator de inúmeros neurotransmissores, auxilia na síntese de DNA, e sua carência vai repercutir no desenvolvimento e crescimento da criança. Cobre O cobre está relacionado ao desenvolvimento dos neurotransmissores, metabolismo da glia, antioxidação, ácidos graxos polissaturados de cadeia longa, formação das sinapses, aas, neurotransmissores, mielinazação e transcrição do DNA. LC-PUFAS Sinaptogênese. Taurina/Colina Neurotransmissores, mielinização do DNA, mielina. Quando se reduz o aleitamento materno, se aumenta a desnutrição e a infecção. E um piora o outro. Isso tudo leva ao aumento da morbimortalidade infantil. O Brasil melhorou muito, atingiu a meta do milênio de redução de mortalidade infantil, mas com toda crise financeira atual, a taxa de mortalidade infantil voltou a crescer. 𝑚𝑜𝑟𝑡𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑎𝑛𝑡𝑖𝑙 = ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑐𝑟𝑖𝑎𝑛ç𝑎𝑠 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 1 𝑎𝑛𝑜 𝑛𝑎𝑠𝑐𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑜 O município do Rio de Janeiro, e o país como um todo tem aumento da taxa de mortalidade infantil. Ela tinha reduzido pela vacinação, estimulo ao aleitamento materno, e pode ter aumentado devido às más condições socioeconômicas da população. VANTAGENS Em suma, o aleitamento materno adequado reduz o numero de episódios de diarreia (tirando as infecções do período pré-natal as principais causas de morte são doenças respiratórias e diarreia). Ele reduz o numero de internação por doenças respiratórias, reduz o risco de desnutrição se o alimento introduzido for adequado, possui mais ferro e zinco do que o leite de vaca, e a amamentação se é exclusiva dia e noite tem o efeito de espaçar gestações (não é que tenha efeito contraceptivo, mas esparsa). O espaçamento entre as gestações é importante porque em gestações com intervalos muito curtos há grande risco de vulnerabilidade do bebê. EFEITOS DA AMAMENTAÇÃO Estima-se que o aleitamento materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo, por causas preveníeis (Jones et al., 2003). Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças menores de 5 anos. Enquanto para os bebês de mães com maior escolaridade o risco de morrerem no 1º ano de vida era 3,5 vezes maior em crianças não amamentadas, quando comparadas com as amamentadas, para as crianças de mães com menor escolaridade, esse risco era 7,6 vezes maior (OMS, 2000). DESFECHOS FUTUROS Nicolle Moraes Nunes 4 Pediatria I - Nutrição A OMS publicou revisão sobre evidências dos efeitos da amamentação (Horta et al., 2007): os indivíduos amamentados apresentaram pressões sistólica e diastólica mais baixas, níveis menores de colesterol total, risco 37% menor de apresentar diabetes tipo 2. VANTAGENS PARA A MÃE Menor perda de sangue no pós-parto; A mãe perde menos sangue no pós parto porque estimula a oxitocina e leva a contração uterina. Retorno mais fácil ao peso anterior; Efeito anticoncepcional; Custo zero; Maior tempo disponível para o bebê; Vínculo afetivo mãe-filho mais estreito; Redução do risco de câncer de mama/ovário a medida que se aumenta o tempo de amamentação. (Dose dependente) DEZ PASSOS PARA O SUCESSO DO ALEITAMENTO MATERNO (OMS, 1989) Em 1989 foi feita uma declaração de 10 passos pro aleitamento materno, e foi aberta a iniciativa do hospital amigo da criança, e isso implica em normas, que toda a equipe precisa saber, as gestantes precisam saber, mas até pra conversar com a mãe precisamos que haja escuta, empatia, e linguagem muito próxima. A equipe que tem um sucesso maior no aleitamento está relacionada ao trabalho melhor da equipe, de como chegar nas mães. A equipe de saúde é fundamental para a iniciação e continuação do aleitamento. É muito mais fácil pra quem está atendendo passar a mamadeira, mas essa não é a melhor escolha, existem outras opções, como: pode-se orientar a mãe a esvaziar uma mama toda; se a mãe tem muito leite e um bebê só ela pode ordenhar o leite anterior congelar, e deixa a criança mamar o leite posterior, o bebe fica mais saciado, ganha mais peso, e não há necessidade de passar mamadeira. Quando a mãe está com o peito todo machucado, por exemplo, isso é postura e pega inadequada- que precisam ser ensinados pela equipe de saúde- afinal, se ela sentir dor não vai ter ocitocina pra estimular a descida de leite. Sendo assim, todo esse preparo precisa ser antes de ter a fissura/ lesão. Para a amamentação adequada o bebê não deve pegar só o bico, mas também a aureola- se pega só o bico, vai fissurar e sangrar, se o bebê mama aquele sangue ele vai vomitar sangue, a família pode sedesesperar e correr pro hospital, onde o bebê vai pra UTI ficar em observação, podendo pegar uma infecção, e aumentando os gastos do sistema de saúde. A amamentação deve ser iniciada na primeira hora, ainda na sala de parto. Anteriormente o bebê era levado pro berçário, e isso dificultava a amamentação. Além disso, a mãe precisa estar ciente da posição correta de pega e postura pra que o aleitamento flua bem. No caso de RN que não podem mamar por razões específicas, e precisam da fórmula, ela deve ser dada num copinho, e jamais numa mamadeira. 1.Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, a qual deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe do serviço. 2.Treinar toda a equipe de saúde, capacitando-a para implementar esta norma. 3.Informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo do aleitamento materno. 4.Ajudar às mães a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o nascimento do bebê e por pelo menos 1 hora e orientar a mãe a identificar se o bebê está querendo ser amamentado, oferecendo ajuda se necessário. Colocar o bebê em contato pele a pele. 5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação mesmo se vierem a ser separadas dos filhos; 6. Não oferecer a recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja indicação médica e/ou de nutricionista; 7. Praticar o alojamento conjunto - permitir que mães e recém-nascidos permaneçam juntos – 24 horas por dia; 8. Encorajar o aleitamento materno sob livre demanda. 9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas ao seio. 10. Encaminhar às mães, por ocasião da alta hospitalar, para grupos de apoio ao aleitamento materno na comunidade ou em serviços de saúde. ORIENTAÇÃO DA OMS PARA A ALIMENTAÇÃO ATÉ O PRIMEIRO ANO DE VIDA 1º semestre de vida: Uso exclusivo de leite humano, ou uso de fórmulas lácteas infantis (em caso de impossibilidade de amamentação). No primeiro semestre de vida a alimentação deve ser somente o leite da mãe. Se a mãe não quer amamentar a postura do Nicolle Moraes Nunes 5 Pediatria I - Nutrição médico deve ser a mais empática possível, abordando-a sobre os benefícios para ela e para o bebê, mas respeitando sua decisão. Se por acaso, há contraindicação que a mãe amamente- essa orientação deve ser dada num local que preserve a privacidade da paciente (HIV +, por exemplo)- se utilizam fórmulas de partida ( no primeiro semestre). São várias fórmulas comerciais, a fórmula de partida equivale comercialmente à 1. Depois do 6° mês deixa de ser fórmula de partida e passa a ser fórmula de seguimento. 2º semestre de vida: Leite materno (ou fórmula de seguimento), alimentação complementar, oferta de novos alimentos, progressão da consistência da dieta. No segundo semestre o ideal é que a criança continue mamando e que progressivamente se coloque novos alimentos na sua rotina, alterando a consistência. INTRODUÇÃO PREOGRESSIVA, AUMENTANDO A CONSISTENCIA. 10º e 12º mês de vida: Alimentação modificada com formas de preparo e qualidade semelhantes a alimentação consumida pela família. Obviamente o prato da criança deve ser montado respeitando o tamanho pequeno, as texturas que ela consegue comer. (Em alguns casos as crianças pegam a comida com a mão e ficam “chupando”). SEGUNDO ANO DO BEBÊ No segundo ano do bebê continua-se o aleitamento associado à alimentação, estima-se que 500 ml de leite materno fornece 95% das necessidades de vitamina C, 45% de vitamina A, 38% das proteínas, e 31% do valor total de energia, e continua protegendo-o das doenças infecciosas. Se tudo estiver transcorrendo bem, a criança tende a aceitar bem a alimentação complementar e aos poucos deixa de mamar o leite. O fato de a criança aceitar a amamentação está sempre relacionado ao momento em que vai ser oferecido, por isso é importante ter um horário para as refeições. Não adianta oferecer comida pra uma criança que está brincando, correndo, fazendo bagunça porque ela, naturalmente, não vai se interessar. Aos 2 anos a própria criança vai progressivamente parando de mamar, e aí entra o papel dos pais de não criar hábitos errados. Por exemplo, se uma criança de 2 anos sempre teve o hábito de dormir mamando, não podemos esperar que de um dia para o outro ela perca esse hábito. DEZ PASSOS PARA NUTRIÇÃO DA CRIANÇA BRASILEIRA COM MENOS DE 2 ANOS. PASSO 1 – dar somente leite materno até 6 meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outro alimento PASSO 2 - A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os 2 anos de idade ou mais. PASSO 3 – Após 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes), 3 vezes ao dia ( 2 papas de fruta e 1 refeição salgada), se a criança receber leite materno, e 5 vezes ao dia se estiver desmamada. PASSO 4 – A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança. (Precisa ter um horário relativamente estabelecido, mas não rígido). PASSO 5 – A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas e/ou purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar a alimentação da família. PASSO 6 – Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é também uma alimentação colorida. Por exemplo, purê de inhame, cenoura amassada, bertalha batida, frango com ovo amassadinho, e lentilha. PASSO 7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. Não adianta só estimular a criança a comer saudável se ela vê os pais comendo muita fritura, gordura, por exemplo. A hora da refeição deve ter alimentos saudáveis e ser uma hora prazerosa. PASSO 8 – Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação. PASSO 9 – Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados. PASSO 10 – Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação. A criança doente perde o apetite, então vai reduzir a alimentação, e você precisa oferecer um maior número de vezes. A criança tem preferencias, suas preferencias são o aprendizado, o hábito que foi criado, e a preferência é genética também. Quando a criança está doente, se ela prefere abobora, ovo e caldo de feijão o ideal é que seja Nicolle Moraes Nunes 6 Pediatria I - Nutrição dado o que ela quer prefere ao invés de dar cenoura, carne e lentilha, então precisamos ver o que ela aceita melhor porque toda doença é um estado hipercatabólico, ou seja, as necessidades aumentam. PIRÂMIDE ALIMENTAR A pirâmide alimentar proposta no “Guia Alimentar para crianças menores de 2 anos” está composta por oito grupos de alimentos, distribuídos em quatro níveis, apresentados da base ao topo da pirâmide, considerando a sua participação na dieta em quantidades respectivamente maiores ou menores de porções. Esse guia de alimentação para crianças de 6 meses à 2 anos está sendo revisto e foi liberado pra saúde publica com algumas mudanças. Na pirâmide a maior quantidade é de cereais, de preferência menos processados – por exemplo, pão caseiro- não é o ideal, mas é preferível do que dar um embutido, por exemplo. Observação: A papinha vendida no mercado não é uma boa opção porque os sabores se misturam, e a textura não varia, então a criança não vai aprendendo sobre a comida, nem desenvolvendo seu paladar. Ela pode ser usada em situações esporádicas, mas não fazer parte da rotina. DISTRIBUIÇÃO DOS MACRONUTRIENTESProteínas 10 a 15% Lipídios 30 a 45% Carboidratos 50 a 60% ALIMENTAÇÃO DO LACTENTE Entre os 6 e os 8 meses a criança vai ter certa resistência a alimentação complementar, então ela vai aceitar pouco – o que é normal porque é uma introdução-, mas reapresentando os alimentos e preparando-os de forma adequada, ela vai aumentando essa aceitação. A alimentação complementar deve suprir cerca de 200 kcal/dia entre os 6 e 8 meses. Entre os 9 e 11 meses a alimentação complementar deve aumentar para 300 kcal/dia, e entre 12 e 24 meses 550 kcal/dia.No final do primeiro ano se agrega menos tecido, mas há maior crescimento e redução da necessidade de proteína. A alimentação do lactente deve conter variedade – fornecer todos os tipos de nutrientes- e moderação – a criança tem capacidade de auto-regular sua ingestão alimentar e seus pais são modelos (hábitos alimentares e estilo de vida saudáveis devem ser praticados pela família). Deve-se fazer um prato arrumado, colorido e se a criança quiser mais, ela come mais, e não fazer condicionamento que a mamãe vai ficar feliz se comer tudo porque essas crianças podem evoluir com doenças como obesidade, neoplasias, e doenças cardiovasculares. -Antes dos 6 meses: Leite materno exclusivamente com livre demanda. -Aos 6 meses: Além do leite materno, oferecer com colher as frutas amassadas, ou raspadas, sem outros acréscimos. Além disso, adicionar uma refeição salgada (“almoço”). Ou seja, 1 papa de frutas no meio da manhã, 1 refeição no final da manhã, 1 papa de frutas no meio da tarde, e aleitamento sob livre demanda. -Aos 7 meses: Adicionar mais uma refeição salgada ( “ janta”). Ou seja, aleitamento materno sob livre demanda,1 papa de frutas, 1 refeição no final da manhã, 1 papa de frutas no meio da tarde, 1 refeição no final da tarde. -Entre 12 e 24 meses: a criança vai progredindo em texturas até comer a refeição da família, obviamente com preparo e necessidades específicas. Nesse momento ocorre a redução da demanda do leite materno. Ou seja, aleitamento materno sob livre demanda, 1 refeição pela manhã (pão, fruta com aveia),1 fruta, 1 refeição básica da família no final da manhã, 1 fruta, 1 refeição básica da família no final da tarde. -Observação: A alimentação da família deve ser sempre com pouco ou nenhum alimento processado; Ao longo das consultas deve-se sempre marcar peso e altura nos gráficos da criança. Refeição salgada: A refeição salgada vai sempre ter um cereal ou tubérculo, um legume, proteína animal, e verduras. Cereais, tubérculos-arroz, milho, batata, mandioquinha, inhame, cará. (Obs: macarrão não é uma boa opção). Leguminosas-feijão, lentilha, vai variando, e introduzindo aos poucos. Nicolle Moraes Nunes 7 Pediatria I - Nutrição Proteína animal- Começar com frango ou carne e ir variando aos poucos. Deve-se diversificar a fonte de proteína animal mantendo o equilíbrio entre níveis de colesterol e ácidos graxos saturados e insaturados; o ovo pode ser introduzido inteiro – clara e gema; a carne 50 a 70g para as 2 refeições não deve ser retirada após o cozimento. A proteína animal é importante não só pelo ferro, mas pela fonte de ácidos graxos, o ovo também, então nas dietas vegetarianas existem alguns prejuízos e por isso precisam ser acompanhadas de maneira mais focal. Observação: Lembrar as mães que a introdução alimentar é gradativa, e que vai ser preciso apresentar o mesmo alimento cerca de 8, 10 vezes até que a criança aceite. Apresentando isso pra mãe, ela já se sente mais segura, e deixa a criança mais a vontade. A ALIMENTAÇÃO DO INICIO DA VIDA VAI REPERCUTIR PRO RESTO DA VIDA NO PADRÃO ALIMENTAR DA VIDA DA CRIANÇA. O período de alimentação da criança deve ser respeitado. Deve-se respeitar as primeiras recusas, a quantidade. Se a mãe chega na consulta e diz que começou com alimentos salgados e o bebe não come nada, você vai tranquiliza-la, medir a criança, pesar, e lembrar que a altura é um parâmetro melhor do que o peso. Claro que o peso é importante, mas criança que está desenvolvendo a estatura tem um bom caminho encefálico também. Devemos lembrar também que as influencias genéticas também afetam a aceitação dos alimentos. As experiencias vão modulando a expressão do patrimônio genético, e quando se consegue que a criança aceite o alimento isso fica pro resto da vida. Ela pode ter fases em que vai rejeitar, mas observa-se que depois dessa fase volta a aceitar, e se torna um adulto que come frutas e legumes, tudo isso porque foi habito quando criança. Importante: Crianças que mamam no peito aceitam melhor a alimentação complementar porque o sabor do leite e o aroma variam conforme a hora do dia e a alimentação da mãe. COMPORTAMENTO DOS PAIS O comportamento dos pais deve ser orientado não apenas com relação à alimentação da criança, mas com relação ao que eles comem. Não se deve chantagear, os pais são responsáveis pelo que é oferecido, e a criança é responsável pelo quanto ela vai comer, não deve-se forçar. Além disso, os pais podem estimular positivamente à aceitação dos alimentos estimulando os sentidos. Por exemplo, se o prato é colorido, bonito, isso estimula a criança porque ela é curiosa e vai ter mais interesse, e também oferecer diversidade de sabor. Além da alimentação, hora da refeição é um momento de satisfação, não é para brigar ou discutir. ALIMENTAÇÃO PARA CRIANÇAS NÃO AMAMENTADAS Nas crianças que não são amamentadas, deve-se usar as fórmulas de partida até os 6 meses, e depois dos 6 meses as fórmulas de seguimento no segundo semestre, existem várias no mercado. A indústria a partir do leite de vaca tentou aproximar as fórmulas do leite humano, algumas coisas ela conseguiu e outras não. A preparação da formula, em geral, é uma medida pra cada 30 ml de água. Fora do BR, nos EUA as fórmulas já vem diluídas em garrafas, o benefício disso é a redução do risco de contaminação, e o malefício é que aumenta o custo. Observação importante: Se houver necessidade de orientação pra uma mãe que está com restrição absoluta de amamentar ( HIV, hepatite, ...) a orientação deve ser passada pra ela num local em que sua privacidade seja preservada, e que não estimule outras mães a não amamentarem. COMPARAÇÕES ENTRE O LEITE DE VACA, O LEITE MATERNO, E AS FÓRMULAS LACTEAS. Nicolle Moraes Nunes 8 Pediatria I - Nutrição •Proteína: A quantidade adequada de proteína é a quantidade presente no leite humano, sendo a quantidade existente no leite de vaca excessiva. No leite humano predomina a lactoalbumina – que é uma proteína de mais fácil digestão do que a caseína- no leite de vaca a proteína que predomina é a caseína, que é uma proteína maior e mais difícil de digerir do que a lactoalbumina. Na fórmula, a indústria aumentou a proteína do soro (lactoalbumina), e reduziu a caseína, e algumas tem ajustes no perfil de aas que as aproxima do leite humano. Antes, quando se usava leite de vaca in natura, ou leite de vaca sem essas alterações, quando a criança regurgitava vinha um coagulo, formava um coagulo de leite no estômago, e as mães ficavam assustadas, e no caso do leite humano não forma coágulo porque predomina a lactoalbumina. Existem algumas fórmulas elementares que são para intolerantes, alérgicos, crianças com condições específicas. Essas fórmulas contém aas, monossacarídeos, triglicerídeos de cadeia média. Elas não levam a um amadurecimento intestinal como o leite materno, e são de alto custo, mas são uma alternativa. Observação: Em alguns casos de intolerância, pode ser usado o leite de cabra. •Lipídios: O leite humano tem o suficiente de lipídios, além de lipases que facilitam a digestão, enquanto o leite de vaca tem ácidos graxos essenciais insuficientes e não tem lipases. Na fórmula eles adicionaramácidos graxos essenciais (DHA e ácido aracdônico), diminuíram a gordura saturada, e fizeram uma espécie de óleo vegetal, então tentaram aproximar ao máximo ao perfil do leite humano, mas não tem lipases. •Minerais: Os minerais do leite humano são suficientes, e os minerais do leite de vaca tem muito cálcio, muito fosforo, muito sódio, cloro e potássio, então pode haver sobrecarga. •Ferro e zinco: O leite humano tem pouco, mas é super bem absorvido. No leite de vaca tem pouco e é mau absorvido. Na fórmula eles acrescentaram o mesmo com as vitaminas, pro e prebióticos o leite humano tem, e as formulas contém frutooligossacarídeo, e galactooligossacarídeo, eles não são digeridos e facilitam a criação de uma microbiota. •Acidos graxos essenciais: ômega 6 e ômega 3, o organismo não sintetiza, por isso que estão sendo acrescentados. Os ácidos graxos polissaturados de cadeia curva – (DHA) são importantes pro cérebro e pra retina (não precisa decorar é só saber). Lipideos são muito importantes “nesse período” porque eles representam de 50 à 60% do peso do cérebro. E o DHA e o A representam 10 à 15% dos lipídeos do cérebro, se não há ômega 3 e ômega 6 pra desenvolver esses dois vai haver comprometimento importante do desenvolvimento cerebral e da retina. O cérebro cresce 260% no ultimo trimestre da gestação, então se um bebe nasce no 6° mês de gestação, o cérebro é imaturo. No primeiro ano de vida, o cérebro cresce cerca de 175%, então a mudança é muito grande e por isso o perfil lipídico é tão importante. Existem alguns Aas que são importantes, não são essenciais, e existem outros que para o RN prematuro são essenciais. No entanto, apesar de sua adaptação com relação aos carboidratos, lipídios, proteínas e vitamina, os fatores anti-infecciosos e bioativos encontrados no leite materno não são encontrados nas fórmulas infantis. COMO VAI SER A ALIMENTAÇÃO DO BEBÊ QUE NÃO PODE SER AMAMENTADO NO SEIO? A alimentação vai seguir a mesma lógica do bebê amamentado até os seis meses, ou seja, fórmula exclusivamente até os 6 meses e introdução alimentar aos 6 meses. Contudo, em situações específicas, eventualmente essa introdução pode ser feita antes. Embora as fórmulas possuam diversos nutrientes, não existem fatores contra doenças infecciosas, e nem bioativos como os que encontramos no leite humano. Mães com restrição absoluta, como HIV +, recebem a formula de partida de graça pelo governo, depois a fórmula de seguimento que deve ser utilizada junto à introdução alimentar a partir dos 6 meses. Fórmula de partida x fórmula de seguimento: As fórmulas de partida reduziram a caseína e aumentaram a proteína do leite que é a lactoalbumina. E nas de seguimento já existe um pouco mais de caseína. “Diferentemente das crianças amamentadas, é preciso dar água, e instruir a mãe quanto ao preparo da fórmula, que no momento é uma medida pra 30 ml de água, não é uma norma, mas a maioria é assim. a criança completa 6 m passa pra fórmula de seguimento, vai oferecer a água e vai seguir a mesma linha, papa de fruta, alimentação áspera, papa de fruta, alimentação salgada. É importante dar a papa de fruta. Completou 7 m vai entrar a mesma logica da criança amamentada: vai adicionar ou a papa salgada, ou a refeição. A lógica de composição é a mesma. Completou 1 ano vai aumentando a consistência em direção a alimentação da família, e sempre com os cuidados de não dar açúcar, alimento processado, sal.” Qual o volume deve ser dado? A capacidade gástrica é mais ou menos 25 ml/kg, então um bebe de 4 kg tem capacidade gástrica de 100 ml, então o preparo deve ser em torno disso: 90 de ml com três medidas ( é melhor dar 90 do que 120, e ai se a criança Nicolle Moraes Nunes 9 Pediatria I - Nutrição ainda estiver com fome, depois ela mama mais). Quanto à frequência, primeiro toda hora, depois de 3/3 h, no quarto mês passa a ser de 4 em 4 horas, e ai você pode ter uma capacidade gástrica de 30ml/kg e ai a amamentação já vai ser de 4 em 4 h. Conforme aumenta a capacidade gástrica, reduz a necessidade calórica, e aumenta o tempo entre as mamadas, até que a mamada da madrugada é gradativamente interrompida. Nos primeiros dias de vida um bebe que nasceu com 6 kg, vai mamar 180 ml, essa quantidade deve ser dividida em 8 mamadas, então em cada mamada ele vai tomar cerca de 20 ml ( normalmente vai começar com menos e vai aumentando gradativamente, respeitando sempre a capacidade gástrica). A água deve ser oferecida no intervalo entre as refeições, não contando a partir da medida da fórmula. ALIMENTAÇÃO DO LACTENTE ENTRE 1 E 2 ANOS DE IDADE • Manter a amamentação. • As refeições de sal devem ser semelhantes às dos adultos. • Evitar: salgadinhos, alimentos artificiais e corantes, e refrigerantes. • Incentivar a ingestão média de 600ml de leite/dia, preferencialmente fortificado com ferro e vitamina A, assim como de outros derivados – garantir o aporte de cálcio. • Estimular a criança a tomar a iniciativa na seleção de alimentos e no modo de comer – iniciar treinamento para o uso dos talheres. • As refeições devem ser realizadas à mesa ou em cadeira própria, juntamente com a família - em ambiente calmo. • A velocidade de crescimento diminui, portanto diminui as necessidades nutricionais e o apetite. Como a criança não vai mais triplicar o peso, a velocidade de crescimento diminui, é normal que o apetite reduza, e que ela tenha interesse em outras coisas ( brincadeiras, desenhos) e reduza o interesse na comida. Posteriormente, quando for visto as curvas de crescimento veremos que existem períodos de aceleração, e períodos de redução do crescimento ( em que o apetite reduz). • Não deve haver restrição de gordura e colesterol durante os 2 primeiros anos de vida. • Os hábitos e padrões alimentares da família exercem papel fundamental no comportamento alimentar da criança. CONSIDERAÇÕES FINAIS 1. Para uma alimentação saudável, devemos seguir os 10 passos preconizados pelo MS/OPAS/SBP. 2. Prestar atenção aos sinais de saciedade da criança e não superalimentá-la. 3. Quanto a introdução dos alimentos: - leite materno exclusivo até o 6º mês; - depois continuar com leite materno e introduzir papa de frutas; Nicolle Moraes Nunes 10 Pediatria I - Nutrição - a partir do 6º mês, primeira papa salgada como alimentação complementar; - do 7º ao 8º mês, segunda papa como alimentação complementar; - do 9º ao 11º mês, passar gradativamente para a consistência da refeição da família; - a partir do 12º mês, comida da família. 4. Introduzir alimentos saudáveis e continuar oferecendo-os se houver recusa inicial. 5. Alimentos que constituem a papa: cereal ou tubérculo, alimento protéico de origem animal, legumes e hortaliças. 6. Respeitando o período de aleitamento materno exclusivo, estimular o consumo de água potável, sucos e frutas. 7. Na impossibilidade do aleitamento materno, utilizar fórmula infantil adequada a faixa etária. 8. Estimular o consumo de leite (600ml/dia), assim como seus derivados, no segundo ano de vida, visando a oferta adequada de cálcio. 9. Cuidado com a ingestão de sal e açúcar. (Não há necessidade nenhuma de açúcar nem no primeiro e nem no segundo ano). 10. Não oferecer alimentos simplesmente para prover calorias, sem outros benefícios nutricionais adicionais. ALIMENTAÇÃO PRÉ-ESCOLAR Na alimentação pré-escolar se mantem a mesma lógica de frutas e legumes, porém a velocidade do crescimento e ganho ponderal é menor que nos 2 primeiros anos então há decréscimo das necessidades nutricionais e do apetite. Nesse momento, o comportamento alimentar imprevisível e variável, então tem hora que a criança quer, tem hora que ela não quer, já faz “ birra”. O interesse no mundo ao seu redor aumenta, o que promovedesvio da atenção durante a alimentação, e a criança desenvolve certa seletividade e neofobia (é aquela criança que só quer batata frita, mas se ela só quer batata frita é porque alguém apresentou batata frita pra ela). Ainda que nesse momento a criança recuse alguns alimentos que já foram apresentados pra ela, essa fase passa- ela volta a aceitar esses alimentos, e o hábito alimentar persiste. Além da reluta pra aceitar novos alimentos, o apetite é variável, e há preferência pelo sabor doce. Deve-se sempre lembrar que a criança possui mecanismos internos de saciedade que determinam a quantidade de alimento que ela necessita, e que isso deve ser respeitado desde que ela esteja centrada no ato de se alimentar. ORIENTAÇÕES AOS PAIS • Observar horários regulares para as refeições; • Intervalo entre as refeições deve ser de 2 a 3 horas; ( não dar aperitivos entre as refeições) • 5 a 6 refeições diárias- café da manhã (8h), lanche matinal (10h), almoço (12h), lanche vespertino (15h), jantar (18/19 h) e algumas vezes lanche antes de dormir; • A refeição deve ser feita a mesa junto com os outros membros da família; • A dieta deve ser variada atendendo as necessidades da criança, seguindo a mesma lógica da alimentação nos 2 primeiros anos de vida. ALIMENTAÇÃO NO PERÍODO ESCOLAR No período escolar a atenção da criança já não é mais totalmente voltada à família porque a escola possui um peso importante para ela. Nesse momento a criança possui maior segurança e independência das funções motoras, que aumentam o ritmo de atividades físicas ( e isso deve ser estimulado), e com isso há aumento das necessidades nutricionais, melhorando o apetite. É uma fase ente os sete e dez anos. Antes do período de crescimento acentuado ( veremos nos gráficos em próximas aulas) ocorre ganho de peso. CARACTERÍSTICAS: • Fase de transição entre infância e adolescência- 7 a 10 anos; • Intensa atividade física, ritmo de crescimento constante com ganho mais acentuado de peso próximo ao estirão da adolescência; • Independência, novos laços sociais, aprendizado de novos hábitos; • A escola passa junto com a família a atuar na manutenção da saúde física e psíquica; Nicolle Moraes Nunes 11 Pediatria I - Nutrição • Vulnerável pela maior independência da criança; • Tem sido observado desequilíbrio no balanço energético nesta fase – excesso no consumo de alimentos calóricos e pouco nutritivos e atividade física em algumas crianças; ( venda de alimentos muito gordurosos nas escolas). • Ingestão excessiva de alimentos ricos em gordura, sal e açúcar aumentando o risco de doenças cardiovasculares. ( Lembrando que nesse momento o cérebro e a retina já se formaram há bastante tempo, ou seja, não há tamanha necessidade de lipídeos). RECOMENDAÇÕES: • Ingestão adequada de alimentos de modo a atender as necessidades nutricionais – crescimento, desenvolvimento e a prática de atividades físicas; • Alimentação variada, limitando o consumo de refrigerantes, balas e guloseimas; • Priorizar o consumo de carboidratos complexos ( menor índice glicêmico)- batata doce, aipim. • Consumo variado de frutas, verduras e legumes; • Consumo restrito de gorduras saturadas; • Estimular o consumo de peixe 2 vezes por semana, controlar a ingestão de sal, e consumir cálcio de modo apropriado (600ml de leite e/ou derivados/dia). BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf
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