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Geomorfologia livro didático

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Prévia do material em texto

2010
GeomorfoloGia
Prof. Arildo João de Souza
Prof.ª Rosimar Bizello Müller
Copyright © UNIASSELVI 2010
Elaboração:
Prof. Arildo João de Souza
Prof.ª Rosimar Bizello Müller
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 551.4
S7293g Souza, Arildo João de.
 Geomorfologia/ Arildo João de Souza [e] Rosimar 
 Bizello Müller. Centro Universitário Leonardo da
 Vinci – Indaial:Grupo UNIASSELVI, 2010.x ; 265. p.: il
 
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-304-4
 1. Geomorfologia 2. Geologia – Ciências da Terra 
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
 
III
apresentação
A Geografia é uma ciência tão fascinante quanto dinâmica ao nos 
proporcionar o conhecimento, desde a estrutura do núcleo da Terra e seu 
funcionamento, até o topo da atmosfera, passando pelos vários ecossistemas 
e naturalmente a origem das variadas formas da superfície rochosa do 
planeta, objeto de estudo desta disciplina. 
 
Originado das palavras gregas geo (Terra), morfo (forma) e logia (estudo), 
a Geomorfologia é, portanto, o estudo das formas da Terra ou do relevo terrestre. 
Todo conhecimento científico necessita de uma base conceitual, 
construída pelos primeiros desbravadores do conhecimento, sobre o 
funcionamento de nosso planeta, e, porque não dizer, de nossa única casa. 
Abordaremos os fundamentos conceituais, ou seja, origem e evolução 
do conhecimento das formas do relevo terrestre, ressaltando os principais 
ícones mundiais e nacionais deste importante conhecimento. Afinal, vivemos 
na superfície da Terra e dependemos do equilíbrio entre as forças naturais 
envolvidas para continuar sustentando a vida. 
Sabemos que a crosta terrestre é formada por grandes blocos 
rochosos que flutuam sobre o manto, chocando-se uns com os outros, 
criando cordilheiras na costa oeste de um continente e fossas abissais na 
costa leste, por exemplo, alterando constantemente a superfície do planeta. 
Estudaremos, portanto, as forças internas ou endógenas e as forças externas 
que atuaram e atuam para criar as mais belas formas de relevo, sejam elas 
continentais, costeiras ou submarinas, muitas musas de grandes poetas, mas 
que também escondem riquezas e os segredos da história geológica da Terra. 
Estudaremos também a degradação ambiental provocada pela 
civilização que mudou a face do planeta e ameaça o futuro da espécie humana.
Por último, estudaremos as diferentes técnicas de recuperação ambiental, 
empregadas para restaurar a vitalidade de áreas que se tornaram estéreis. 
É importante salientar que as informações apresentadas neste caderno 
são abordadas de forma sintética e resumida, portanto, não significam um fim 
em si mesmas, mas a abertura de muitas portas, através das quais você deve 
entrar e se aprofundar, procurando realizar a leitura e estudo de outros autores.
Bom estudo.
Arildo João de Souza e Rosimar Bizello Müller
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
sumário
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA .................................. 1
TÓPICO 1 - GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO ......... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2 DEFINIÇÃO E NATUREZA DA GEOMORFOLOGIA ............................................................ 3
3 A EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO ............................................. 4
4 SISTEMAS EM GEOMORFOLOGIA .......................................................................................... 7
4.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A COMPOSIÇÃO DOS SISTEMAS .... 8
4.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS EM GEOMORFOLOGIA ................................ 9
4.3 O SISTEMA GEOMORFOLÓGICO ................................................................................... 9
5 TEORIAS E MODELOS GEOMORFOLÓGICOS ...................................................................... 10
6 O MODELO DE WILLIAM MORRIS DAVIS: CICLO GEOGRÁFICO E PENEPLANO ... 11
6.1 MODELO DE WALTHER PENCK ..................................................................................... 14
6.2 O MODELO DE LESTER CHARLES KING: PEDIPLANAÇÃO ............................. 16
6.3 O MODELO DE JOHN T. HACK: A TEORIA DO EQUILÍBRIO DINÂMICO .. 19
6.4 SÍNTESE DOS MODELOS DE REFERÊNCIA EM GEOMORFOLOGIA ............ 20
7 CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS GEOMORFOLÓGICAS .................................................... 21
8 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA E SUA APLICABILIDADE .. 23
9 A GEOMORFOLOGIA NO CONTEXTO DA GEOGRAFIA ................................................... 26
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 27
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 29
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 31
TÓPICO 2 - PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA FORMAÇÃO E 
DESGASTE DO RELEVO ................................................................................................................... 33
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 33
2 O PAPEL DOS PROCESSOS ENDÓGENOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO .................... 34
2.1 A ATUAÇÃO DOS FENÔMENOS MAGMÁTICOS ..................................................... 35
2.2 A ATUAÇÃO DOS FENÔMENOS METAMÓRFICOS ................................................ 36
2.3 A ATUAÇÃO DO TECTONISMO ....................................................................................... 36
2.3.1 A atuação da orogênese e epirogênese ............................................................................. 37
2.3.2 A atuação dos falhamentos e dobramentos .....................................................................38
2.3.3 A tectônica de placas e a evolução do relevo ................................................................... 40
3 PROCESSOS EXÓGENOS E SEUS EFEITOS NO RELEVO .................................................... 40
3.1 EROSÃO E DENUDAÇÃO .................................................................................................... 41
3.2 TIPOS E FORMAS DE EROSÃO ......................................................................................... 42
3.2.1 O trabalho erosivo das águas ............................................................................................. 43
3.2.1.1 Erosão pluvial .................................................................................................................... 43
3.2.1.2 Erosão fluvial ..................................................................................................................... 45
3.2.1.3 Erosão marinha ................................................................................................................. 46
3.2.2 Erosão glacial ........................................................................................................................ 47
3.2.3 A erosão eólica ..................................................................................................................... 48
3.2.3.1 Registros erosivos ............................................................................................................. 49
3.2.3.2 Registros deposicionais .................................................................................................... 50
VIII
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 52
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 53
TÓPICO 3 - ANÁLISE DE VERTENTES E OS MOVIMENTOS DE MASSA ......................... 55
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 55
2 VERTENTES ....................................................................................................................................... 55
2.1 MORFOGÊNESE DAS VERTENTES................................................................................. 56
2.2 EVOLUÇÃO DAS VERTENTES .......................................................................................... 61
2.3 A FORMA DAS VERTENTES .............................................................................................. 62
2.4 DINÂMICA DAS VERTENTES........................................................................................... 68
2.5 A IMPORTÂNCIA GEOLÓGICA DO ESTUDO DAS VERTENTES ..................... 70
3 MOVIMENTO DE MASSA ............................................................................................................. 70
3.1 FATORES CONDICIONANTES ......................................................................................... 72
3.2 TIPOS DE MOVIMENTO DE MASSA ............................................................................. 72
3.3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ESCORREGAMENTOS E 
DESLIZAMENTOS .................................................................................................................. 77
3.4 EXEMPLOS DE MOVIMENTOS DE MASSA OCORRIDOS NO BRASIL ......... 77
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 82
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 84
UNIDADE 2 - A GEOMORFOLOGIA FLUVIAL, GEOMORFOLOGIA LITORÂNEA E 
CÁRSTICA; A COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO E A 
GEOMORFOLOGIA BRASILEIRA .................................................................................................. 87
TÓPICO 1 - A GEOMORFOLOGIA FLUVIAL .............................................................................. 89
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 89
2 A GEOMORFOLOGIA FLUVIAL .................................................................................................. 89
2.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RIOS ........................................................ 90
2.2 OS PADRÕES DE DRENAGEM DOS RIOS .................................................................... 91
2.3 OS TIPOS DE LEITOS FLUVIAIS ...................................................................................... 94
2.4 OS TIPOS DE CANAIS FLUVIAIS .................................................................................... 95
2.4.1 Canais retilíneos ................................................................................................................... 95
2.4.2 Canais meandrantes ............................................................................................................ 96
2.4.3 Canais anastomosados ........................................................................................................ 98
2.4.4 Canais entrelaçados ou ramificados ................................................................................. 98
2.5 LEQUES ALUVIAIS E DELTAICOS ................................................................................. 98
2.6 OS DEPÓSITOS ALUVIAIS .................................................................................................. 100
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 103
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 105
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 106
TÓPICO 2 - GEOMORFOLOGIA LITORÂNEA E CÁRSTICA .................................................. 109
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 109
2 A GEOMORFOLOGIA LITORÂNEA ................................................................................... 109
2.1 DESCRIÇÃO DO PERFIL LITORÂNEO .......................................................................... 110
2.2 OS PROCESSOS MORFOGENÉTICOS RESPONSÁVEIS PELA MORFOGÊNESE 
LITORÂNEA .............................................................................................................................. 111
2.2.1 As forças marinhas atuantes na morfogênes litorânea .................................................. 113
2.3 ALGUMAS FEIÇÕES LITORÂNEAS ............................................................................... 115
2.3.1 As planícies costeiras ........................................................................................................... 115
2.3.2 As escarpas e as falésias ...................................................................................................... 116
2.3.3 Restinga ................................................................................................................................. 117
IX
2.3.4 Tômbolo ................................................................................................................................. 118
2.3.5 Pontal ..................................................................................................................................... 118
2.3.6 Baía ......................................................................................................................................... 119
2.3.7 Golfo ......................................................................................................................................120
2.3.8 Enseada ................................................................................................................................. 120
2.3.9 Recifes .................................................................................................................................... 121
2.3.10 Laguna ................................................................................................................................. 122
2.3.11 Atol ....................................................................................................................................... 122
2.3.12 Praia ..................................................................................................................................... 123
2.3.13 Dunas costeiras .................................................................................................................. 124
3 A GEOMORFOLOGIA CÁRSTICA .............................................................................................. 124
3.1 OS SISTEMAS CÁRSTICOS ................................................................................................. 125
3.2 DISSOLUÇÃO DE ROCHAS CARBONÁTICAS .......................................................... 126
3.3 DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS CÁRSTICOS ................................................. 127
3.4 AS CAVERNAS E OS CONDUTOS ................................................................................... 128
3.4.1 Sistemas de cavernas ........................................................................................................... 128
3.5 AS FORMAS DE RELEVO CÁRSTICO ............................................................................ 129
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 133
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 136
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 137
TÓPICO 3 - COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO .................................................................... 141
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 141
2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A .................................................................................. 141
COMPARTIMENTAÇÃO TOPOGRÁFICA DO RELEVO .......................................................... 141
3 CARACTERÍSTICAS MORFOESTRUTURAIS DAS BACIAS SEDIMENTARES .............. 142
3.1 RELEVO TABULAR OU TABULIFORME ...................................................................... 143
3.2 RELEVO DO TIPO CUESTA ................................................................................................ 146
4 CARACTERÍSTICAS MORFOESTRUTURAIS NAS ÁREAS DE DEFORMAÇÃO 
TECTÔNICA .......................................................................................................................................... 147
4.1 RELEVO DO TIPO HOG-BACK .......................................................................................... 147
4.2 DOMO ........................................................................................................................................... 148
4.3 ESTRUTURA APALACHIANA .......................................................................................... 149
4.4 RELEVO JURÁSSICO ............................................................................................................. 150
4.5 ESCARPAMENTO DE FALHA ........................................................................................... 151
4.6 GRABEN OU FOSSA TECTÔNICA ................................................................................... 152
4.7 HORST OU MURALHA ......................................................................................................... 152
5 ESCUDOS ANTIGOS OU MACIÇOS CRISTALINOS ............................................................. 152
6 AS PRINCIPAIS FORMAS DE RELEVO TERRESTRE ............................................................. 152
6.1 CADEIAS DE MONTANHAS ............................................................................................. 153
6.2 PLANALTOS .............................................................................................................................. 157
6.3 PLANÍCIES ................................................................................................................................. 158
6.4 DEPRESSÕES ............................................................................................................................. 160
7 A COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO SUBMARINO ........................................................ 163
7.1 PLATAFORMA CONTINENTAL ...................................................................................... 163
7.2 TALUDE CONTINENTAL ................................................................................................... 164
7.3 REGIÃO E/OU PLANÍCIE ABISSAL ............................................................................... 164
7.4 OUTRAS FORMAS DO RELEVO BATIMÉTRICO ...................................................... 164
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 166
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 168
TÓPICO 4 - A GEOMORFOLOGIA BRASILEIRA ....................................................................... 171
X
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 171
2 A ESTRUTURAÇÃO DA GEOMORFOLOGIA NO BRASIL .................................................. 172
2.1 AS BASES CONCEITUAIS DA GEOMORFOLOGIA BRASILEIRA .................... 172
2.2 GEOMORFOLOGIA NO CONTEXTO DA GEOGRAFIA BRASILEIRA ............ 174
3 ESTRUTURA GEOLÓGICA DO RELEVO BRASILEIRO ........................................................ 180
3.1 ESCUDOS CRISTALINOS OU NÚCLEOS CRATÔNICOS ...................................... 181
3.2 BACIAS SEDIMENTARES ................................................................................................... 182
3.3 TERRENOS VULCÂNICOS ................................................................................................. 183
4 AS CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO BRASILEIRO .................................................................. 184
4.1 CLASSIFICAÇÃO DE AROLDO DE AZEVEDO .......................................................... 184
4.2 CLASSIFICAÇÃO DE AZIZ AB’SABER .......................................................................... 186
4.3 CLASSIFICAÇÃO DE JURANDYR ROSS ....................................................................... 187
5 HIPSOMETRIA DO BRASIL ................................................................................................... 190
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 193
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 195
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 197
UNIDADE 3 - INTEMPERISMO, PEDOGÊNESE E MEIO AMBIENTE .................................. 199
TÓPICO 1 - O INTEMPERISMO E A PEDOGÊNESE .................................................................. 201
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................201
2 INTEMPERISMO............................................................................................................................... 202
2.1 TIPOS DE INTEMPERISMO ................................................................................................ 202
2.2 FATORES QUE INFLUENCIAM NO INTEMPERISMO DOS MINERAIS ........ 205
3 A PEDOGÊNESE ................................................................................................................................ 206
3.1 COMPOSIÇÃO E FORMAÇÃO DOS SOLOS ................................................................. 206
3.2 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ORIGEM DOS SOLOS ............................................. 209
3.3 LIXIVIAÇÃO DO SOLO ......................................................................................................... 210
3.4 TIPOS DE SOLOS NO BRASIL ........................................................................................... 212
3.5 DEPÓSITOS LATERÍTICOS ................................................................................................. 214
4 COBERTURA VEGETAL - SUA IMPORTÂNCIA NA PRESERVAÇÃO DO SOLO, 
 DA VIDA E DOS MANANCIAIS AQUÍFEROS ......................................................................... 215
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 217
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 219
TÓPICO 2 - DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: CAUSAS NATURAIS E ANTRÓPICAS ......... 221
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 221
2 ORIGEM E CONCEITOS DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL ................................................ 221
3 A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NOS ESPAÇOS RURAIS E URBANOS .......................... 224
4 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DE ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS............. 227
5 DESERTIFICAÇÃO ........................................................................................................................... 231
5.1 CAUSAS DA DESERTIFICAÇÃO ...................................................................................... 232
5.2 CONSEQUÊNCIAS DA DESERTIFICAÇÃO ................................................................. 232
5.3 DESERTIFICAÇÃO NO BRASIL ........................................................................................ 233
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 236
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 238
TÓPICO 3 - RECUPERAÇÃO AMBIENTAL: CONCEITOS E TÉCNICAS DE
 RECUPERAÇÃO .................................................................................................................................. 239
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 239
2 CONCEITO E LEGISLAÇÃO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA .................. 239
3 ATIVIDADES DE RECUPERAÇÃO .............................................................................................. 243
XI
3.1 MÉTODOS E TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO ............................................................ 243
3.1.1 Técnica de revegetação ....................................................................................................... 244
3.1.2 Técnicas da geotecnia .......................................................................................................... 245
3.1.3 Técnica de remediação ........................................................................................................ 245
4 EXEMPLOS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ............................................. 245
4.1 RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES ........................................................................ 246
4.2 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS PELA MINERAÇÃO.................... 248
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 252
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 256
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 257
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 259
XII
1
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA 
GEOMORFOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• conhecer os fundamentos teóricos e metodológicos da Geomorfologia;
• compreender o contexto histórico e evolução da Geomorfologia; 
• identificar a importância do conhecimento do relevo para a humanidade;
• entender de que forma as forças tectônicas como vulcões, terremotos, mo-
vimento de placas tectônicas etc. atuaram ao longo de bilhões de anos, 
para dar a atual conformação do planeta Terra;
• saber como as forças externas ou exógenas atuaram ao longo do tempo 
para esculpir as diferentes formas de relevo;
• descobrir o que é uma vertente, sua dinâmica, tipos, importância, equilíbrio;
• saber analisar um movimento de massa identificar a causa do mesmo.
Esta unidade está organizada em três tópicos, sendo que em cada 
um deles você encontrará atividades para uma maior compreensão das 
informações apresentadas.
TÓPICO 1 – GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMOR-
FOLÓGICO
TÓPICO 2 – PROCESSOS MORFOGENÉTICOS ATUANTES NA FORMA-
ÇÃO E DESGASTE DO RELEVO
TÓPICO 3 – ANÁLISE DE VERTENTES E OS MOVIMENTOS DE MASSA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO 
GEOMORFOLÓGICO
1 INTRODUÇÃO
Ao analisarmos a origem da palavra geomorfologia e a dividirmos em três 
radicais gregos: geo-morfo-logia, ou seja, geo = Terra + morfo = forma + logia = 
estudo, chegamos à conclusão de que, literalmente falando, é o estudo das formas 
da Terra.
Você poderia estar se perguntando: qual a necessidade de se criar 
uma ciência para estudar exclusivamente as formas da Terra? Pois bem, basta 
observar a variedade de formas de relevo existentes em nosso planeta, para 
perceber a complexidade que é estudar este assunto. Ao final deste tópico 
você entenderá a importância desta ciência, bem como sua aplicabilidade. 
Contudo, primeiramente, procuramos fazer um resgate da gênese e evolução do 
conhecimento geomorfológico.
Convidamos você a conhecer e a compreender esta “fantástica” ciência.
2 DEFINIÇÃO E NATUREZA DA GEOMORFOLOGIA 
Segundo um dos geógrafos brasileiros mais respeitados no campo da 
Geomorfologia, Antonio Christofoletti (1980, p. 1): 
A Geomorfologia é a ciência que estuda as formas de relevo. As formas re-
presentam a expressão espacial de uma superfície, compondo as 
diferentes configurações da paisagem morfológica. É o seu aspecto 
visível, a sua confi guração, que caracteriza o modelo topográfico de 
uma área. As formas de relevo constituem o objeto da Geomorfologia. 
Mas se as formas existem é porque elas foram esculpidas pela ação 
de determinado processo ou grupo de processos. Podemos definir 
processo como sendo uma sequência de ações regulares e contínuas 
que se desenvolvem de maneira relativamente bem especificada 
e levando a um resultado determinado. Dessa maneira, há um 
relacionamento muito grande entre as formas e processo. 
Para Christofoletti (1980), essa interação entre formas e os processos 
constitui o sistema geomorfológico. Este sistema é “aberto”, pois recebe 
influência e também atuasobre outros sistemas componentes de seu universo.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
4
É importante ressaltar que o estudo das formas e dos processos fornece 
subsídios teóricos sobre a dinâmica topográfica atual, sob diversas condições 
climáticas, contribuindo na compreensão das formas esculpidas pelas forças 
endógenas e exógenas. Se analisarmos a escala do tempo geológico, vamos 
perceber que muitas topografias foram formadas, transformadas e destruídas 
pela erosão ou pelo recobrimento sedimentar. Segundo Christofoletti (1980), as 
camadas sedimentares, por exemplo, são importantes fontes de informação e 
registros preciosos na interpretação de processos atuantes no passado, bem como 
as condições ambientais reinantes naquela época.
3 A EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO
Durante a Idade Média, período em que a Igreja dominava a cultura e o 
ensino, o dogma da origem da vida e criação do universo era atribuído como obra 
de Deus. Desse modo, a ciência permanecia estática.
No Renascimento (difundido por toda a Europa nos séculos XV e XVI), 
muitas explicações e ideias discutidas durante a Idade Média foram refutadas 
e outras criadas, com ilustres pensadores como Leonardo da Vinci (1452 - 1519) e 
Bernard Palissy (1510-1590). Estes, segundo Christofoletti (1980, p.14), “chegaram 
a compreender a influência dos processos subaéreos, mormente o fluvial, na 
esculturação das paisagens”. Para Leonardo da Vinci, cada vale foi escavado pelo seu 
respectivo rio, e a relação entre os vales é a mesma que entre os rios, além de observar 
que os cursos fluviais carregavam materiais de uma parte de terra e os depositavam 
em outra parte (CHRISTOFOLETTI, 1980). Pode se dizer que Da Vinci e Palissy foram 
os primeiros a questionar e compreender os mecanismos da erosão fluvial.
Apesar de surgirem observações isoladas entre os séculos XVI e XVII, foi 
no século XVIII que as observações tornaram-se mais numerosas e importantes, 
a exemplo do engenheiro hidráulico frânces L. G. de Buat, autor do Principes d’ 
hydraulique (1779); Jean Baptiste de Lamarck (1744-1829); Targioni-Tozetti (1712- 
1784); Desmarest (1725-1815) e do suíço Bénédict de Sausurre (1740-1799), dentre 
outros. (CHRISTOFOLETTI, 1980).
 
No entanto, o reconhecimento como o primeiro grande fluvialista, bem 
como um dos fundadores da moderna Geomorfologia, foi atribuído a James 
Hutton (1726-1797). As concepções de Hutton baseavam-se nas observações dos 
fenômenos naturais. Para Hutton, “seriam as ações observáveis na superfície do 
globo que reduziriam o relevo e permitiriam o arrasamento das montanhas” 
(CHRISTOFOLETTI, 1980, p. 14). A partir das causas atuais, fundamentou a 
teoria do atualismo (o presente é a chave do passado). As concepções de Hutton 
foram divulgadas por John Playfair (1748-1819) e principalmente e amplamente 
por Charles Leyll (1797-1875) (MARQUES, 2009). 
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO
5
 No decorrer do século XIX, o conhecimento geomorfológico passa por 
uma grande transformação. Isso porque nos Estados Unidos e na Europa emergem 
vários autores com significativos trabalhos que contribuem no desenvolvimento 
da Geomorfologia, tais como: Abraham Werner (1750-1817); Albert Penck (1853-
1945); Andrew Ramsay (1814-1891); Clarence Eduardo Dutton (1841-1912); 
Ferdinand von Richthoffen (1833-1905); Grove Karl Gilbert (1843-1918); Jean 
Louis Agassiz (1807-1873); John Wesley Powell (1834-1902); Walter Penck (1888-
1923) e William Morris Davis (1850-1934) (MARQUES, 2009). 
Segundo Casseti (2005), as diferenças histórico-culturais europeias levaram 
à individualização de quadros nacionais contrastantes no que tange ao contexto 
político continental, contribuindo assim para que se desenvolvessem correntes 
filosóficas e relações escolásticas diferenciadas, levando ao discernimento duas 
correntes epistemológicas em geomorfologia. Uma delas, identificada como de 
natureza anglo-americana, na qual se evidenciou a aproximação da Inglaterra 
e França com os Estados Unidos. Nesta corrente temos as concepções de William 
Morris Davis, com sua teoria do ciclo geográfico. A outra corrente tinha raízes 
propriamente germânicas e, posteriormente, incorporou a produção publicada 
pelos russos e poloneses (CASSETI, 2005). Na geomorfologia alemã, ao contrário da 
geomorfologia anglo-americana, os componentes da climatologia ou da biogeografia 
eram amplamente integrados. Assim, no século XX, final da década de 1930, os norte-
americanos passaram a se interessar pelas críticas de Penck em relação à teoria de 
Davis (teoria davisiana), ocasionando a criação de novos paradigmas. 
A influência da corrente alemã se alastrou nos Estados Unidos durante a 
Segunda Guerra Mundial. E Lester C. King (1953) foi um dos autores da corrente anglo-
americana a utilizar os princípios de Penck, cujas pesquisas sobre o aplainamento 
caracterizavam o centro das atenções geomorfológicas da época (CASSETI, 2005). 
Autores que até então estavam vinculados à corrente anglo-americana, como Kirk 
Bryan, Jean Dresch e André Cholley, distanciam-se da teoria davisiana. Cholley 
(1950), por exemplo, introduz novos conceitos, como a dialética das forças em 
sistema aberto. Gradativamente, os autores americanos assumem uma postura mais 
crítica em relação à teoria davisiana, criando novos paradigmas, como o do espaço. 
De acordo com Casseti (2005), a partir da década de 1940 até a década 
de 1960 a quantificação, a teoria dos sistemas e fluxos, bem como o uso da 
cibernética assumem a vanguarda nos estudos geomorfológicos. Assim, passa a 
ser valorizada a análise espacial e o estudo das bacias de drenagem (STRAHLER, 
1954; GREGORY e WALLING, 1973), ao mesmo tempo em que novas posturas 
começam a surgir, como a teoria do equilíbrio dinâmico de Gilbert (1880) e 
posteriormente Hack (1960) (CASSETI, 2005). Ainda conforme o mesmo autor, os 
estudos de Horton (1932, 1945), que já havia estabelecido leis básicas no estudo de 
bacias de drenagem utilizando propriedades matemáticas, assumem relevância 
no que tange ao estudo da hidrologia. É evidente que outros autores merecem 
ser destacados, como H. Baulig (1952), que admite a frequência dos movimentos 
crustais e as variações relativas ao nível dos mares, bem como P. Birot (1955), com 
sua conclusão de que a evolução geral do relevo encontra-se relacionada a uma 
modalidade de ciclo morfológico que ocorre em função do clima e da vegetação.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
6
Neste contexto, logo após a Segunda Guerra Mundial, devido às 
contribuições desenvolvidas na Polônia, Tchecoslováquia e a antiga União das 
Repúblicas Socialistas Soviéticas - Klimaszewski (1983); Demek (1976); Basenina 
e Trescov (1972) - emerge a cartografia geomorfológica como instrumento 
fundamental na analise do relevo (CASSETI, 2005). Pode-se dizer que o avanço 
do mapeamento geomorfológico e seu crescente emprego no que concerne ao 
planejamento regional conservam o caráter geográfico da ciência geomorfológica.
Conforme Casseti (2005), apesar da convergência internacional do 
conhecimento geomorfológico, as duas vertentes e/ou tendências (anglo-americana 
e alemã) apresentam-se razoavelmente diferenciadas, mesmo com a incorporação 
gradativa da postura alemã à americana, evidenciada gradativamente a partir do 
Simpósio de Chicago (1939). 
Estudos integrados da paisagem, sob a ótica dos geossistemas, valorizando 
a perspectiva geomorfológica alemã, têm sido desenvolvidos por autores 
soviéticos e franceses, como Bertrand (1968); Tricart (1977) e Sochava (1972).
A figura a seguir procura ilustrar esquematicamente a tendência anglo-
americana e a tendência germânica, bem como seus precursores e seguidores. 
Observe-a.
Prezado (a) acadêmico (a) 
No link material de apoio (AVA) desta disciplina, você poderá visualizar todasas figuras coloridas.
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO
7
Basenina e
Trescov (1972)
Schumm e Licht (1965)
Morley e Zunafer (1976)
Thomas e Brunsden (1977)
Tendência Anglo - Americana Tendência Germânica
Ruptura Epistemológica
A.N. Strahler
(1954)
L.C. King
(1953)
J. Budel
(1948)
Kügler
(1976)
C. Troll
(1932)
S. Passarge
(1913)
W. Penck (1924)
Klimaszewski
(1963)
J. T. Hack (1960)
R. J. Cholley (1962)
N. J. Shrove (1975)
Análise
Morfométrica
Teoria 
Probalística
Teoria do
Equilíbrio
Dinâmico
Teoria da
Pediplanação
Cartografia
Geomorfológica
Cartografia
Climatogenètica
ca
Geoecologia
e Ordenação
Ambiental
W. M. Davis (1899)
C.A. Cotton (1942)
F. V. Richthofen (1886)
A. Penck (1894)
FIGURA 1 – FILOGÊNESE DA TEORIA GEOMORFOLÓGICA 
FONTE: Casseti, 2005 (adaptada de ABREU, 1983)
As críticas fundamentadas ao modelo davisiano respondem por 
uma verdadeira ruptura epistemológica na perspectiva anglo-americana, 
aproximando-se cada vez mais das bases que subsidiam a tendência germânica.
4 SISTEMAS EM GEOMORFOLOGIA 
Para facilitar seu entendimento é importante que fique clara a definição 
de um sistema. Este pode ser definido como “o conjunto dos elementos e das 
relações entre si e entre os seus atributos”. (CHRISTOFOLETTI, 1980, p. 2). 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
8
A aplicação da teoria dos sistemas na geomorfologia tem auxiliado para 
melhor focalizar as pesquisas e também para delinear com maior exatidão o 
ramo de estudo desta ciência. Na geomorfologia, a teoria dos sistemas gerais foi 
introduzida com os trabalhos de Arthur N. Strahler (1950; 1952) e posteriormente 
utilizada, aprimorada e discutida por outros autores. Contudo, não podemos 
deixar de destacar as contribuições de John T. Hack (1960), Richard J. Chorley 
(1962) e Alan D. Howard (1965), com seus trabalhos básicos e essenciais. 
(CHRISTOFOLETTI, 1980).
4.1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A COMPOSIÇÃO 
DOS SISTEMAS
Para Christofoletti (1980), no estudo da composição dos sistemas, vários 
aspectos importantes precisam ser considerados, tais como: a matéria, a energia 
e a estrutura. 
Matéria → corresponde ao material que vai ser mobilizado através do 
sistema. Ex.: no sistema hidrográfico, a matéria corresponde à água e aos detritos.
Energia → corresponde às forças que fazem o sistema funcionar, gerando 
a capacidade de realizar o trabalho. Ex.: o escoamento das águas ao longo dos rios, 
a movimentação dos fragmentos detríticos ao longo das vertentes, o movimento 
das ondas.
Estrutura → é constituída pelos elementos e suas relações, expressando-
se através do arranjo de seus componentes. Ex.: um rio é o elemento no sistema 
hidrográfico, mas pode ser concebido como sistema em si mesmo. Você ficou 
confuso? Vejamos outro exemplo: um carro é elemento no sistema de trânsito, 
mas pode representar um sistema completo em sua unidade. De acordo com 
Chistofoletti (1980), na estrutura do sistema, três características principais 
precisam ser analisadas:
• Tamanho → determinado pelo número de variáveis que o compõem.
• Correlação → a correlação entre as variáveis em um sistema expressa o modo 
pelo qual elas se relacionam.
• Causalidade → a direção da causalidade mostra qual é a variável independente, 
a variável que controla, e a dependente, aquela que é controlada, de modo que 
a última sofre modificação se a primeira se alterar.
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO
9
4.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS EM GEOMORFOLOGIA
Os sistemas podem ser classificados de acordo com o critério funcional ou 
conforme a sua complexidade estrutural. No que concerne ao critério funcional, 
Forster, Rapoport e Trucco distinguem alguns tipos de sistemas. Vejamos quais 
são eles, conforme Christofoletti (1980, p. 3-6).
• Sistemas isolados → são aqueles que, dadas as condições iniciais, não sofrem 
mais nenhuma perda nem recebem energia ou matéria do ambiente que os 
circundam. 
• Sistemas não isolados → mantêm relações com os demais sistemas do 
universo no qual funcionam, podendo ser subdivididos em: Fechados (quando 
há troca de energia, mas não de matéria) e Abertos (ocorrem constantes trocas 
de energia e matéria, tanto recebendo como perdendo).
• Sistemas morfológicos → são compostos somente pela associação das 
propriedades físicas do fenômeno, constituindo os sistemas menos complexos 
das estruturas naturais.
• Sistemas em sequência → são compostos por uma cadeia de subsistemas, 
possuindo tanto magnitude espacial quanto localização geográfica, que são 
dinamicamente relacionados por uma cascata de matéria ou energia. 
• Sistemas de processos-respostas → são formados pela combinação de sistemas 
morfológicos e sistemas em sequência.
• Sistemas controlados → são aqueles que apresentam a atuação do homem 
sobre os sistemas de processos-respostas.
4.3 O SISTEMA GEOMORFOLÓGICO
Vimos anteriormente que a geomorfologia estuda as formas de relevo. 
Assim, segundo Christofoletti (1980), podemos distinguir dentro do “universo” 
geomorfológico os seguintes sistemas antecedentes considerados os mais importantes 
para a compreensão das formas de relevo: sistema geológico, climático, biogeográfico 
e antrópico. Vejamos algumas características de cada um desses sistemas. 
	Sistema geológico: é a base sobre a qual se desenvolvem todos os sistemas 
e atuam todos os processos, já que é o tipo de rocha, através da disposição e 
variação litológica, origem e formação geológica, que determinará o tipo de 
solo existente, e sua resistência ou não ao intemperismo. 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
10
	Sistema climático: exerce forte influência sobre os demais, sendo um dos 
sistemas com maior poder de transformação sobre o relevo. É o clima 
que alimenta e mantém o dinamismo do processo, através da variação de 
temperatura, umidade e movimentos atmosféricos, elementos aos quais todos 
os sistemas vivos necessitam se adaptar ou migrar, sob pena de serem extintos. 
	Sistema biogeográfico: é formado pela cobertura vegetal e pela vida animal, 
que atuam como fornecedores e consumidores de matéria, no qual vale a 
máxima de Lavoisier: “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” 
O sistema exerce também forte influência na alteração das formas do relevo. 
	Sistema antrópico: é o elemento responsável por alterar o equilíbrio entre todos 
os sistemas e por alterar a distribuição de energia e matéria dentro dos sistemas. 
Para Christofoletti (1980), estes sistemas são os controladores mais 
importantes do sistema geomorfológico. Contudo, o sistema geomorfológico 
também atua sobre estes sistemas, por meio do mecanismo de retroalimentação. 
Observe o esquema a seguir:
FIGURA 2 – OS SISTEMAS ANTECEDENTES CONTROLADORES DO SISTEMA 
GEOMORFOLÓGICO
CLIMA
ANTRÓPICO
GEOLOGIA
PROCESSOS E
FORMAS BIOGEOGRAFIA
FONTE: Christofoletti (1980)
5 TEORIAS E MODELOS GEOMORFOLÓGICOS
Para explicar a evolução do modelado terrestre foram criadas algumas 
teorias geomorfológicas. Cada teoria proposta procura elucidar os fatos, bem 
como, emprega uma linguagem composta de um vocabulário específico. 
(CHRISTOFOLETTI, 1980). É importante destacar que em virtude das muitas 
teorias, o mesmo termo pode, algumas vezes, designar um conceito diferenciado. 
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO
11
Desse modo, torna-se importante conhecer as teorias e terminologias geomorfológicas. 
Segundo Christofoletti (1980), na geomorfologia existem diferentes teorias 
evolutivas, associadas a bases teóricas que, por sua vez, expressam o conhecimento 
filosófico de uma determinada época. No caso das teorias geomorfológicas, uma 
mesma teoria pode possibilitar a construçãode vários modelos, que possuem 
uma função lógica dentro delas, isso porque são elaborados dedutivamente e 
permitem que as mesmas sejam testadas. (CHRISTOFOLETTI, 1980).
Neste contexto, cada pesquisador deve adotar uma concepção filosófica clara, 
ou seja, adotar um modelo e/ou teoria que permita ao pesquisador estruturar seu 
trabalho e nortear seu modelo explicativo sobre a dinâmica evolutiva da paisagem. 
Vejamos as principais teorias e modelos que procuram explicar a evolução 
do modelado terrestre. Atente para o que difere um modelo do outro.
6 O MODELO DE WILLIAM MORRIS DAVIS: CICLO 
GEOGRÁFICO E PENEPLANO
Segundo Marques (2009), para William Morris Davis (1899), o ciclo geográfico 
constitui o primeiro conjunto de concepções que poderia descrever e explicar, de 
modo coerente, a gênese e a sequência evolutiva das formas de relevo existentes na 
superfície terrestre. O ciclo iniciava-se com rápido soerguimento, oriundo pelas forças 
endógenas (internas), de superfícies aplainadas (peneplano) que se elevariam criando 
desnivelamento em relação ao nível do mar. A atuação da água corrente, bem como 
a da erosão normal sob o relevo, ocasionaria sua dissecação e, consequentemente, 
o desgaste de sua topografia, criando assim uma nova superfície aplainada. A 
ocorrência de um novo soerguimento daria lugar a um novo ciclo erosivo.
Neste processo cíclico, gradativamente formas típicas foram sendo 
modeladas, caracterizando sucessivos momentos evolutivos. Assim, para Davis, 
os processos de denudação compreendem três estágios fundamentais: juventude, 
maturidade e senilidade. (BIGARELLA, 2003). A fase de juventude inicia-se quando 
uma região aplainada é uniformemente soerguida em relação ao nível de base 
(nível do mar) no qual desembocam os cursos fluviais. Nesta fase inicial há poucos 
tributários e amplos interflúvios. Na fase de maturidade os progressos de erosão já 
estão bem desenvolvidos para que a drenagem esteja perfeitamente organizada e o 
trabalho das forças harmoniosamente combinado. (CHRISTOFOLLETI, 1980). Nesta 
fase, ocorre o desenvolvimento completo das redes de drenagem. No que tange 
ao estágio de senilidade, na visão de Davis, a superfície do terreno seria reduzida 
quase que a um plano (peneplano) pelo processo de peneplanização. Para você 
ter uma ideia, nesse último estágio os vales seriam largos, com rios meandrantes, 
podendo ocasionar relevos residuais como monadnocks (BIGARELLA, 2003). Para 
Davis, a meandração significava a senilidade do sistema fluvial.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
12
“Peneplanização é o conjunto de processos ou sistema de erosão que degrada, 
ou melhor, regulariza, as asperezas de uma superfície” (GUERRA; GUERRA, 1997, p. 471). 
Segundo Guerra e Guerra (1997), Monadnock são consideradas elevações residuais que 
resistem mais à erosão, em áreas peneplanizadas. Este termo também é usado como 
sinônimo de testemunho (butte temoin).
IMPORTANT
E
As figuras a seguir procuram ilustrar os três estágios responsáveis pelos 
processos de denudação do relevo segundo Davis. Observe-as.
FIGURA 3 – OS TRÊS ESTÁGIOS RESPONSÁVEIS PELA DENUDAÇÃO DO 
RELEVO SEGUNDO DAVIS
FONTE: Christofoletti (1980)
A próxima figura procura sintetizar os três estágios (juventude, maturidade e senilidade).
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO
13
FIGURA 4 – CICLO IDEAL COM UM RELEVO REAL MODERADO
FONTE: Casseti (apud RICE, 1982)
O relevo, ao atingir o estágio de senilidade segundo Davis, seria submetido 
a um novo e rápido soerguimento que implica ria em uma nova fase, denominada 
rejuvenescimento, dando sequência ao ciclo evolutivo da morfologia. (CASSETI, 2005). 
De acordo com as concepções de Davis, no decorrer da história do 
tempo geológico, os continentes seriam reduzidos a um peneplano, “se não 
fossem os levantamentos crustais diferenciais do terreno ocorridos, seja pelos 
movimentos orogênicos, arqueamento, falhamento ou pela epirogênese, além do 
vulcanismo responsável pelos derrames de lavas e pelos depósitos piroclásticos”. 
(BIGARELLA, 2003, p. 1125). Ainda conforme este mesmo autor, nessas condições 
os processos erosivos atuam sobre os diferentes tipos de rochas, originando 
distintas paisagens com montanhas de cristas agudas, destacando-se também as 
estruturas dobradas das sinclinais e anticiclinais, além de planaltos e chapadões 
com escarpas, bem como, colinas. 
Por várias décadas essa concepção de Davis permeou o conhecimento 
dos geólogos e geomorfólogos. Contudo, segundo Marques (2009), o modelo 
teórico de Davis, em alguns aspectos, gerou críticas, dentre elas cabe destacar: 
o fato de o modelo ser concebido para áreas de clima temperado; a necessidade 
de um rápido soerguimento do relevo, seguido por um período muito longo de 
estabilidade tectônica; a colocação das condições de equilíbrio, como resultado a 
ser obtido no final do ciclo.
 
Apesar das críticas relativas ao modelo sugerido por Davis, muitos 
geomorfólogos o aceitam enquanto noção de um sistema evolucionário. Pode se 
dizer que o caráter cíclico utilizado por Davis como modelo evolutivo constitui, 
no conceito científico geral, estágio embrionário de qualquer natureza do 
conhecimento. (CASSETI, 2005). 
Você muito provavelmente ficou curioso em conhecer fotograficamente 
esse ilustre autor cuja teoria representou a primeira concepção desenvolvida, pode-
se dizer, de modo mais completo. Isso porque, nas obras de seus antecessores, as 
formas de relevo eram explicadas pelos processos, mas nunca foram pontuadas 
em séries evolutivas coerentes, como demonstrou Davis.
Juventude
Senilidade
Maturidade
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
14
FIGURA 5 – IMAGEM DE WILLIAM MORRIS DAVIS
WILLIAM MORRIS DAVIS
FONTE: Disponível em: <http://www.geog.niu.edu/images/Davis.
gif>. Acesso em: 13 maio 2010.
6.1 MODELO DE WALTHER PENCK
Walther Penck (1924) foi um dos principais críticos do sistema de Davis, 
principalmente ao discordar que a denudação só teria início após o término 
do soerguimento, como pensava Davis. Para Penck, a denudação acontecia 
concomitantemente ao soerguimento, com intensidade diferenciada pela ação do 
tectonismo.
De acordo com Guerra e Guerra (1997, p. 187), “denudação ou desnudação é o 
trabalho gliptogenético de desbastamento das diversas rochas da superfície do globo”. Em 
outras palavras, a denudação é o desgaste das formas de relevo mais salientes devido à ação 
dos agentes erosivos.
ATENCAO
Segundo Casseti (2005), as críticas de Penck estão fundamentadas no 
método empregado por Davis e na ausência de conexão com a ciência geográfica, 
uma das principais preocupações da escola germânica. 
Penck propôs que, em caso de forte soerguimento da crosta, ocorreria uma 
correspondente incisão do talvegue (linha de maior profundidade no leito fluvial), 
que por sua vez implicaria na aceleração dos efeitos denudacionais em razão do 
aumento do gradiente da vertente. Caso o efeito denudacional não acompanhasse de 
imediato a intensidade do entalhamento do talvegue, ocorreria o desenvolvimento 
de vertentes convexas. Desse modo, conclui-se que Penck levou em consideração 
a correspondência entre soerguimento, incisão e denudação, valorizando a relação 
processual, própria da concepção germânica. (CASSETI, 2005). 
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO
15
FIGURA 6 – AS CONCEPÇÕES DE PENCK EM RELAÇÃO AO SOERGUIMENTO DA CROS-
TA E À DENUDAÇÃO
Ainda conforme Casseti (2005), outra situação proposta por Penck corresponde 
à existência de um soerguimento moderado da crosta, com proporcional incisão 
do talvegue, o que ocasionaria uma compensação equilibrada pelos efeitos 
denudacionais, resultando no desenvolvi mento de vertentes retilíneas. 
Ainda de acordo com o mesmo autor, Penck também propôs que, quandoa ascensão da crosta é relativamente pequena, ocorre um fraco entalhamento 
do talvegue, sendo a denudação superior o que propicia o desenvolvimento de 
vertentes côncavas. 
Diante do que foi exposto, para você melhor entender as propostas de 
Penck, observe atentamente as ilustrações 1, 2 e 3, a seguir.
 Predominância do
entalhamento do talvegue em 
relação à denudação, responsável 
pelo desenvolvimento vertentes
 onvexas ( aumento do ângulo
da vertente).
 Equilíbrio entre soerguimento - 
denudação, com formação de vertentes 
retilíneas (manutenção do ângulo da 
vertente).
Soerguimento
Entalhamento
Intensidade
Denudação
Forte
Moderada
Fraca
1
3
2
 Predomínio do 
entalhamento do talvegue, que 
implica na concavização da, 
vertente (redução do ângulo da 
vertente).
FONTE: Casseti (2005)
De acordo com Bigarella (2003), a repetição sucessiva desses ciclos de 
intensificação do soerguimento resultaria num modelado dômico, em cujas bordas 
se encontraria uma sucessão de planos erosivos escalonados, denominados por 
Penck como Piedmonttreppen (escada de Piemonte). Para Penck, não haveria a 
necessária estabilidade para o desenvolvimento completo de ciclos, pois estes 
constantemente são interrompidos. 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
16
A)
B)
FIGURA 7 – CONTRASTE ENTRE A PROPOSTA DE PENCK (A) E A PRO-
POSTA DE DAVIS (B). A FIGURA A ILUSTRA O RECUO PARALELO DAS 
VERTENTES PROPOSTO POR PENCK. A FIGURA B ILUSTRA A EVOLU-
ÇÃO DO RELEVO DE CIMA PARA BAIXO, COMO AFIRMAVA DAVIS
FONTE: Casseti (2005)
Sem dúvida, a proposta de Penck (penckiana) foi um dos principais 
argumentos responsáveis pela ruptura epistemológica da geomorfologia 
registrada na concepção anglo-americana, no período da Segunda Guerra 
Mundial, até então fiel às ideias consagradas de Davis.
6.2 O MODELO DE LESTER CHARLES KING: PEDIPLANAÇÃO
Lester Charles King (1953) propôs o modelo de pediplanação. O ponto 
principal do modelo apresentado por King corresponde a períodos rápidos e 
intermitentes de soerguimento da crosta, separados por longos períodos de 
estabilidade tectônica. Segundo Casseti (2005), essa teoria procura restabelecer o 
conceito de estabilidade tectônica considerado por Davis, mas admite o ajustamento 
por compensação isostática e considera o recuo paralelo das vertentes, como forma de 
evolução morfológica, conforme a proposta de Penck (1924). O que diferencia 
fundamentalmente os conceitos de Davis e King é o modo de evolução das vertentes. 
Na concepção de Penck, a fase que antecede o soerguimento dômico 
é caracterizada por uma ascensão regional extremamente lenta 
quando comparada com a intensidade erosiva. Sendo assim, não se 
percebe qualquer elevação da superfície do terreno, desenvolvendo-
se, consequentemente, planície baixa, designada por Penck como 
superfície primária (Primärrumpf). Penck relacionava a origem das 
superfícies e dos patamares de Piemonte aos processos de ascensão 
dômica e de denudação, face às velocidades diferenciadas e aos ciclos 
de erosão. (BIGARELLA, 2003, p. 1130-1131).
 
Pode-se dizer que enquanto Davis afirmava que o relevo evoluía de 
cima para baixo, para Penck o processo essencial consistia no recuo paralelo 
das vertentes ou no desgaste lateral das mesmas. (CASSETI, 2005). Observe na 
ilustração a seguir o contraste entre a proposta de Davis e a de Penck.
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO
17
FIGURA 8 – MODELOS DE EVOLUÇÃO DA PAISAGEM PROPOSTOS POR W. 
M. DAVIS (A) E L. C. KING (B)
Modelo de Davis
Modelo de King
FONTE: O autor
Para King, o recuo ocorre a partir de determinado nível de base, iniciado 
pelo nível de base geral, correspondente ao oceano. O material resultante da 
erosão ocasionada pelo recuo promove o entalhamento das áreas depressionárias, 
originando os chamados pedimentos. A evolução do recuo por um período 
de tempo de relativa estabilidade tectônica resultaria no desenvolvimento de 
extensos pediplanos, razão pela qual a referida teoria ficou conhecida como 
pediplanação. (CASSETI, 2005). Enquanto Davis denominava de peneplanos as 
grandes extensões horizontalizadas na senilidade, King as considerava como 
pediplanos, com formas residuais denominadas de inselbergues.
Observe, nas ilustrações a seguir, um comparativo do modelo de evolução 
da paisagem proposto por Davis para o desenvolvimento das vertentes, através 
de seu contínuo rebaixamento vertical, ocasionando a peneplanação, e o modelo 
proposto por King, cujo desenvolvimento das vertentes ocorre através do recuo 
paralelo das encostas. Observe-as.
“A pediplanação é o processo mais eficaz de aplainamento de superfícies 
extensas do globo terrestre, submetidas a clima árido, quente ou semiárido. A pediplanação 
é capaz de elaborar superfícies extensas e planas”. (GUERRA; GUERRA, 1997, p. 466).
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
18
De acordo com Guerra e Guerra (1997), “os inselbergues são como que resíduos 
da pediplanação, em climas áridos quentes e semiáridos, à semelhança dos monadnocks, 
devido à peneplanação em regiões de clima úmido”.
IMPORTANT
E
Apesar da teoria da pediplanação ter sido originalmente relacionada a 
um clima úmido, como as demais teorias apresentadas, partindo do princípio de 
que foram produzidas nas regiões temperadas, supõe-se que a horizontalização 
topográfica esteja relacionada a um clima seco, assim como o desenvol vimento 
vertical do relevo encontra-se vinculado a um clima úmido, levando em conta 
o corte vertical da drenagem. (CASSETI, 2005). Desse modo, o recuo paralelo 
das vertentes seria ocasionado principalmente pela desagregação mecânica. Os 
detritos das vertentes, a partir da base em evolução, se expandiriam em direção 
aos níveis de base, ocasionando entulhamento e, consequentemente, a elevação do 
nível de base local. O entulhamento se daria por processos torrenciais, originando 
as formas conhecidas como bajadas (acumulação de sedimentos). Estas, por sua vez, 
proporcionariam a alteração de toda irregularidade topográfica, caracterizando a 
morfologia dos pediplanos.
A figura a seguir ilustra claramente a desagregação mecânica, ou seja, 
a destruição dos pontos mais altos e, consequentemente, o entulhamento 
de depressão, resultando na elevação do nível de base, ocasionando assim a 
pediplanação. Observe-a.
FIGURA 9 – ILUSTRAÇÃO DA DESAGREGAÇÃO MECÂNICA E A OCORRÊNCIA DA 
PEDIMENTAÇÃO
FONTE: Casseti (2005)
Topo
Knick Bolsão
Bajada
Cornija
Inselberg
Pedimento
Relevo residualRecuo paralelo
Detritos de vertente
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO
19
6.3 O MODELO DE JOHN T. HACK: A TEORIA DO EQUILÍBRIO 
DINÂMICO
Segundo Christofoletti (1980, p. 168), “a teoria do equilíbrio dinâmico 
considera o modelado terrestre como um sistema aberto, isto é, um sistema 
que mantém constante permuta de matéria e energia com os demais sistemas 
componentes de seu universo”. 
Para Johnt T. Hack, o relevo é um sistema aberto, mantendo constante 
troca de energia e matéria com os demais sistemas terrestres, estando relacionado 
à resistência litológica. Para ele o modelado é produto de uma competição entre a 
resistência dos materiais da crosta terrestre e o potencial das forças de denudação. 
De acordo com Christofoletti (1980, p. 168), a teoria do equilíbrio dinâmico 
[...] supõe que em um sistema erosivo todos os elementos da topografia 
estão mutuamente ajustados, de modo que eles se modificam na 
mesma proporção. As formas e os processos encontram-se em estado 
de estabilidade e podem ser considerados como independentes 
do tempo. Ela requer um comportamento balanceado entre forças 
opostas, de maneira que as influências sejam proporcionalmente 
iguais e que os efeitoscontrários se cancelem a fim de produzir o 
estado de estabilidade, no qual a energia está continuamente entrando 
e saindo do sistema. 
Embora Grove Karl Gilbert (1880) tenha sido o primeiro a expor uma 
concepção com base no equilíbrio dinâmico para tentar explicar a evolução do 
relevo, foi Hack (1957, 1960, 1965) quem buscou ampliar as ideias iniciais de Gilbert 
ao interpretar a topografia do vale do Shenandoah, na região dos Apalaches, levando 
em consideração as características das redes de drenagem e das vertentes. (CASSETI, 
2005). A argumentação de Hack baseia-se no fato de que as formas de relevo e os 
depósitos superficiais têm uma complexa e íntima relação com a estrutura geológica. 
Hack verificou que a declividade dos canais fluviais diminui com o comprimento 
do rio, ou seja, com a distância a partir das divisas da bacia, de maneira específica 
conforme o tipo de rocha. (CHRISTOFOLETTI, 1980). 
As formas não são estáticas na teoria do equilíbrio dinâmico. A alteração no 
fluxo de energia incidente tende a responder por manifestações no comportamento 
da matéria, evidenciando alterações morfológicas. (CASSETI, 2005). Para Hack, 
a noção de equilíbrio, apesar de empregada por Davis para caracterizar uma 
condição de estabilidade erosiva, é considerada, numa perspectiva sistêmica, como 
o resultado do com portamento balanceado entre os processos morfogenéticos e a 
resistência das rochas, bem como, leva em consideração as influências diastróficas 
atuantes. (CHRISTOFOLETTI, 1973).
Pode-se dizer que Hack, em relação às concepções de Gilbert, Davi e 
Penck, estrutura um encadeamento lógico na concepção sistêmica do modelado, 
em detrimento de uma visão fragmentada do relevo.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
20
6.4 SÍNTESE DOS MODELOS DE REFERÊNCIA EM 
GEOMORFOLOGIA
Na tabela a seguir você terá uma síntese dos principais modelos ou teorias 
propostas por Davis, Penck, King e Hack e que servem de referência no estudo e 
evolução da geomorfologia.
QUADRO 1 – MODELOS OU SISTEMAS DE REFERÊNCIAS EM GEOMORFOLOGIA
CARACTERÍSTICAS DAVIS (1899) PENCK (1924) KING (1953) HACK (1960)
Característica 
Geral do Sistema
Rápido so er gui men-
to com pos te rior 
es ta bi lida de tec tôni-
ca e eus tática
Ascensão de massa 
com intensidade e 
duração diferentes
Longos períodos 
de estabilidade 
tectônica, 
separados por 
períodos rápidos 
e intermitentes de 
soerguimento da 
crosta
Toda alternância 
de energia interna 
ou externa gera 
alteração no 
sistema atra vés 
da matéria
Relação 
Soerguimento/ 
Denudação
Início da de nu daç ão 
após esta bi li da de 
as cen sio nal
Intensidade 
de denudação 
associada ao 
comportamento da 
crosta
Denudação 
concomitante ao 
soerguimento
Reação do 
sistema com 
alteração do 
fornecimento 
de energia 
(oscilações 
climáticas)
Estágio Final 
ou Parcial da 
Morfologia
Evolução mor fo ló-
gica de cima para 
bai xo
Evolução por recuo 
paralelo das ver-
tentes
Evolução 
morfológica por 
recuo paralelo 
Todos os 
elementos da 
topografia estão 
mutuamente 
ajustados. 
Modificam-se na 
mesma proporção
Características 
Morfológicas
Fases antropo-
mórficas: juven-
tude, ma tu ridade 
e senilidade 
(peneplano)
Processos de 
declividade laterais 
das vertentes: 
convexas, retilíneas 
e côn cavas (relação 
incisão/denudação 
por ação crustal)
Nível de 
pedimentação 
(pediplano)
As formas não 
são estáticas e 
imutáveis. Íntima 
relação com a 
estrutura geológi-
ca
Estágio Final 
ou Parcial da 
Morfologia
Peneplanização 
(formas residuais: 
monad nocks )
Superfície primária 
(lenta ascensão 
compensada pela 
denudação). Não 
haveria produção de 
elevação geral da 
superfície
Pediplanação 
(formas residuais: 
inselbergs)
Não evolui 
necessariamente 
para aplai-
namento. O 
equilíbrio pode 
ocorrer sob os 
mais variados 
pa noramas 
topográficos
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO
21
Noção de Nível de 
Base
Processo evolu tivo 
comandado pelo 
nível de base geral
Vertente evolui em 
função do nível de 
base local
Pressupõe a 
generalização de 
níveis de base
Ajustamento 
sequencial
Variáveis que 
compõem os 
Sistemas
Temporal/estru tural 
com subordinação 
da pro cessual
Processo, tectônica 
e tempo
Processo/forma, 
considerando o 
fator temporal, 
admitindo 
implicações 
isostásicas
Relação formas/
processos 
independen tes 
do tempo (resis-
tência das rochas 
- influências 
diastrófi cas).
FONTE: Adaptado de Casseti (2005)
Sem dúvida, outros autores merecem ser destacados, pois também 
contribuíram nos estudos da geomorfologia principalmente a partir dos modelos 
apresentados por Davis, Penck e King, a exemplo de A. N. Strahler (1954) com 
a análise morfométrica; N. J. Cholley (1962) e N. J. Shrove (1975) com a teoria 
probabilística da evolução do modelado; Klimaszewski (1963) com a cartografia 
geomorfológica; J. Budel (1948) com a geomorfologia climatogenética; C. Troll 
(1932) e Kügler (1976) com a geoecologia e ordenação ambiental.
7 CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS GEOMORFOLÓGICAS
Classificar as formas de relevo não é algo tão simples. Aliás, existem sérias 
dúvidas sobre como o relevo pode ser classificado. No entanto, um critério muito 
utilizado para classificar as formas de relevo foi o da disposição das camadas rochosas, 
compondo a denominada geomorfologia estrutural. Desse modo, de acordo com 
Christofoletti (1980, p. 12), as formas de relevo pertenceriam às seguintes categorias:
a) Morfologia das estruturas concordantes
- relevo tabular
- relevo de cuestas
- contato entre maciços antigos e
 bacias sedimentares}
b) Morfologia das estruturas dobradas
- relevo dômico
- relevo dobrado
- relevo apalacheano}
c) Morfologia relacionada com 
as litologias específicas
- relevo carsico ou
- cárstico
- relevo granítico}
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
22
d) Morfologia em estruturas falhadas
e) Morfologia relacionada com o vulcanismo 
Contudo, nesta classificação ficava difícil a colocação das categorias de 
formas relacionadas a processos morfogenéticos, como as formas litorâneas, 
fluviais, glaciais, dentre outras. Desse modo, no intuito de superar essa dificuldade 
surge a geomorfologia climática (J. Büdel (1963) A. Cailleux e J. Tricart (1965)), 
na qual as formas de relevo estavam relacionadas com a zonalidade climática, 
diferenciando-se em função das zonas morfoclimáticas. (CHRISTOFOLETTI, 
1980). No entanto, nesta classificação o estudo das formas litorâneas e fluviais 
não tinha um posicionamento definido.
Outras tentativas de classificação do relevo utilizando critérios espaço-
temporais também não deram certo. Pesquisadores soviéticos também se preocuparam 
com o problema, embora procurassem elaborar uma classificação para as unidades 
componentes da superfície terrestre. De acordo com Christofoletti (1980), Gerasimov 
propôs subdividir todas as formas de relevo em três grandes categorias genéticas:
a) unidades geotexturais: → compreendem as maiores unidades da superfície 
terrestre. Posteriormente, J. A. Mescerjakov propôs unidades morfotexturais.
b) unidades morfoestruturais: → designam os elementos do relevo de ordem 
média que parecem complicar as unidades morfotecturais, tais como: as 
cadeias de montanhas, maciços, planaltos e depressões.
c) unidades morfoesculturais: → estão relacionadas com a ação dos sistemas 
morfogenéticos.
De acordo com Christofoletti (1980), em 1967, Bachenina e Zaroutskaya 
classificaram o relevo utilizando critérios baseados nas principais diferenças da 
tectogênese no decorrer da história geológica (elementos de primeira até quarta 
ordem)da Terra, caracterizando os megarrelevos. “Os elementos de ordem menores 
relacionam-se ao macro e mesorrelevo e classificam-se em função do controle e do 
regime tectônico atual”. (CHRISTOFOLETTI, 1980, p. 13).
Todas as classificações apresentadas procuram classificar o relevo e 
dividir a Geomorfologia utilizando critérios baseados nos fatores controlantes do 
sistema geomorfológico.
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO
23
8 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA E 
SUA APLICABILIDADE
Como vimos anteriormente, a geomorfologia analisa as formas de relevo 
focalizando suas características morfológicas, os materiais componentes, os 
processos atuantes e os fatores controlantes, bem como, a dinâmica evolutiva. 
Segundo Christofoletti (2009, p. 415), “compreende os estudos voltados para os 
aspectos morfológicos da topografía e da dinâmica responsável pelo funcionamento 
e pela esculturação das paisagens topográficas”. Assim, a geomorfologia ganha 
importância, pois pode auxiliar na compreensão do modelado terrestre que surge 
como elemento do sistema ambiental físico e também condicionante no que tange 
às atividades humanas e organizações espaciais. 
O conhecimento geomorfológico surge como um instrumento utilizado e 
inserido na execução de diversas categorias setoriais de planejamento. É importante 
destacar que o planejamento sempre envolve a espacialidade, pois incide na 
implementação de atividades em determinado território. (CHRISTOFOLETTI, 
2009). Ainda de acordo com o mesmo autor, constitui um proceso que repercute 
nas características, funcionamento e dinâmica das organizações espaciais. Desse 
modo, obrigatoriamente precisa levar em consideração os aspectos dos sistemas 
ambientais físicos (geossistemas) e dos sistemas socioeconômicos.
É importante que fique claro para você o significado do termo planejamento. 
Vejamos: “O termo planejamento abrange ampla gama de atividades. Pode-se distinguir as 
categorias de planejamento estratégico e planejamento operacional, e usar outros critérios 
de grandeza espacial (planejamento local, planejamento regional, planejamento nacional 
etc.) ou de setores de atividades (planejamento urbano, planejamento rural, planejamento 
ambiental, planejamento econômico etc.)”. (CHRISTOFOLLETI, 2009, p. 417).
IMPORTANT
E
Vários exemplos podem ser citados quanto à aplicabilidade do 
conhecimento geomorfológico. Assim, destacamos sua aplicabilidade no 
planejamento do uso do solo rural e urbano; no planejamento ambiental; nas 
obras de engenharia; nas pesquisas de recursos minerais e recuperação de áreas 
degradadas através da mineração e na classificação de terrenos. Vejamos, segundo 
Christofoletti (2009), o papel e/ou importância da geomorfologia em cada uma 
das aplicabilidades destacadas acima:
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA
24
 Planejamento e uso do solo rural→ sem dúvida, as atividades agrícolas são 
responsáveis pela transformação paisagística em extensas áreas. Primeiramente, 
substituindo a cobertura vegetal e automaticamente alterando as relações entre 
as plantas e o solo. Posteriormente, as áreas exploradas avançam rapidamente 
pelos setores topográficos favoráveis, deixando intactas as áreas consideradas 
aparentemente inóspitas ou inapropriadas. Diante do exposto, o conhecimento dos 
processos geomorfológicos é de fundamental importância. Nesta situação, uma 
abordagem geomorfológica seria reconhecer a incidência espacial dos processos e 
as suas intensidades e mudanças ao longo das vertentes. Assim, para o controle da 
erosão dos solos e do escoamento superficial nas vertentes, seria interessante fazer 
a alocação das culturas desde o topo até o sopé, bem como a realização de obras 
frequentemente indicadas pelos especialistas no que concerne ao manejo do solo. 
Planejamento do uso do solo urbano → em função da grande densidade 
ocupacional nas áreas urbanizadas, a topografia surge como um dos principais 
elementos a orientar o processo de ocupação. Desse modo, o conhecimento 
geomorfológico pode ser aplicado no estudo específico das características 
morfológicas e dos processos morfogenéticos, abarcando uma análise dos 
componentes do sistema ambiental físico em áreas urbanizadas. Neste sentido, 
outros estudos setoriais também poderiam ser realizados, como os do clima, solo, 
vegetação e hidrografia. Outra aplicabilidade seria a análise da vulnerabilidade 
das áreas urbanas, principalmente no que se refere à ocorrência dos fenômenos 
naturais (furacão, tufões, enchentes, secas, movimentos de massa, terremotos, 
dentre outros), considerados por alguns autores como azares naturais. 
Obras de engenharia → esse tipo de obra procura melhorar e também 
ampliar a infraestrutura para os procesos de ocupação dos solos, e pode-se dizer 
que muitas das suas dificuldades estão em suplantar os empecilhos advindos 
da morfologia e dos processos morfogenéticos. Exemplo disso são as instalações 
em áreas costeiras, obras em canais fluviais e as ligações às redes de transporte. 
Assim, o conhecimento geomorfológico é importante para o manejo em áreas 
costeiras, fornecendo informações das condições do solo aplicáveis à engenharia, 
para o empreendimento do controle dos estuários e praias, o proceso erosivo das 
falésias e das praias, bem como, a intensificação dos procesos de sedimentação, 
normalmente nas áreas portuárias, estuários navegáveis e também áreas utilizadas 
para o lazer. Nas obras em canais fluviais que estão atreladas principalmente 
aos sistemas de canalização dos rios (obras de engenharia que consistem no 
alargamento, aprofundamento e a retificação dos canais dos rios, também 
envolve a proteção das margens, bem como a construção de novos canais). É 
evidente que, embora os trabalhos de engenharia tenham como objetivo criar 
melhores condições e vantagens ao fluxo e uso dos canais, existem também 
sérios impactos ambientais atrelados a estas obras, que precisam ser analisados. 
Quanto à participação da geomorfologia nas redes de transporte, destacamos 
que a ausência ou a avaliação inadequada dos condicionantes geomorfológicos 
resulta em dificuldades na hora da construção, prejuízos, bem como, obstáculos 
imprevistos para a manutenção e mesmo a própria alteração do traçado inicial. 
Exemplo disso foi a construção da Transamazônica. 
TÓPICO 1 | GÊNESE E EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOMORFOLÓGICO
25
Planejamento ambiental → vários são os exemplos da aplicabilidade do 
conhecimento geomorfológico no planejamento ambiental. Um deles consiste em 
analisar a grandeza integrativa na escala espacial, local ou regional. Nesta análise 
integrativa a aplicabilidade consiste em uma visão holística, ou seja, abrange a 
totalidade do sistema. Vejamos um exemplo que abarca esta concepção holística: 
No planejamento de bacias hidrográficas, a análise geomorfológica é essencial 
para compreender a diversidade topográfica correspondente às diversas subzonas 
da bacia hidrográfica. Assim, os estudos morfométricos oferecem vários tipos de 
indicadores que podem ser usados para avaliar o comportamento hidrológico. 
Outro exemplo de atuação do conhecimento geomorfológico no planejamento 
ambiental é a análise da ocorrência dos “azares naturais” (fenômenos naturais) e 
avaliação dos impactos ambientais.
Pesquisas sobre recursos minerais e recuperação de áreas degradadas 
por mineração → o conhecimento geomorfológico é utilizado em vários setores 
de prospecção de jazidas minerais A exploração dos recursos minerais tem 
recuperação sensível na modificação do cenário topográfico. Pode-se dizer que 
essa transformação topográfica é irreversível. A exploração de minério de ferro, de 
jazidas carboníferas e de categorias rochosas, por exemplo, necessita obviamente 
da transformação da paisagem topográfica. Desse modo, alguns procedimentos 
podem e devem ser empregados

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