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aguas vivas 1 antologia poesia evangelica

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Brissos Lino
Gilberto Celeti
Giovanni C. A. de Araújo
Israel Belo de Azevedo
J. T. Parreira
Wolodymir Boruszewski
Org. Sammis Reachers
1 
Brissos Lino 
Gilberto Celeti 
Giovanni C. A. de Araújo 
Israel Belo de Azevedo 
J. T. Parreira 
Josué Ebenézer
Luiz Flor dos Santos
Noélio Duarte
Sammis Reachers
Wolodymir Boruszewski (Wolô)
Org. Sammis Reachers 
 
Josué Ebenézer 
Luiz Flor dos Santos 
Noélio Duarte 
Sammis Reachers 
(Wolô) 
 
 
ÁGUAS VIVAS
Antologia de 
Evangélica
Brissos Lino
Gilberto Celeti
Giovanni C. A. de Araújo
Israel Belo de Azevedo
J. T. Parreira
Wolodymir Boruszewski (Wolô)
Org. Sammis Reachers
2 
ÁGUAS VIVAS
 
Antologia de Poesia 
Evangélica 
 
Brissos Lino 
Gilberto Celeti 
Giovanni C. A. de Araújo 
Israel Belo de Azevedo 
J. T. Parreira 
Josué Ebenézer
Luiz Flor dos Santos
Noélio Duarte
Sammis Reachers
Wolodymir Boruszewski (Wolô)
Org. Sammis Reachers 
 
 
ÁGUAS VIVAS 
Poesia 
Josué Ebenézer 
Luiz Flor dos Santos 
Noélio Duarte 
Sammis Reachers 
Wolodymir Boruszewski (Wolô) 
 
3 
 
“Naquele dia também acontecerá 
que sairão de Jerusalém águas 
vivas, metade delas para o mar 
oriental, e metade delas para o 
mar ocidental; no verão e no 
inverno sucederá isto.” 
Zacarias 14.8 
 
 
 
“Quem crê em mim, como diz a 
Escritura, rios de água viva 
correrão do seu ventre.” 
João 7.38 
 
 
 
4 
 
ÍNDICE 
 
UMA PALAVRA AO LEITOR ______ 9 
 
Brissos Lino ____________________ 11 
Salmo 23 ................................................................................... 12 
A FORÇA DAS PALAVRAS ........................................................... 13 
NOÉ SABIA DE DEUS ................................................................. 15 
EL – pequenino ......................................................................... 18 
NATUREZA MORTA ................................................................... 19 
IGREJA VIVA COM UM REPARO ................................................. 20 
OLHOS TRISTES ......................................................................... 23 
O CÉU DE AUSCHWITZ ............................................................... 24 
 
Gilberto Celeti ____________________ 26 
EM NOVIDADE DE VIDA ............................................................. 27 
FAZER O OUTRO FELIZ ............................................................... 29 
CICATRIZES OU MEDALHAS? ...................................................... 30 
DE JOELHOS EM SECRETO .......................................................... 31 
FÉ CORRETA .............................................................................. 34 
UMA ORAÇÃO ........................................................................... 35 
5 
 
AÇÃO OU ORAÇÃO .................................................................... 36 
 
Giovanni C. A. de Araújo __________ 37 
Sim, virá! .................................................................................. 38 
Quem é este? ........................................................................... 39 
Há de vir ................................................................................... 40 
Concreto na flor ........................................................................ 41 
Nesta mesa nos encontramos ................................................... 42 
Elementos ................................................................................ 43 
Perdoados ................................................................................ 44 
 
Israel Belo de Azevedo___________ 45 
A riqueza que eu quero ............................................................ 46 
O Único .................................................................................... 47 
Confissão de Natal ................................................................... 49 
Coragem do Casamento ........................................................... 50 
Isaías 53 ou a história da paixão ............................................... 51 
Lamentos ................................................................................ 54 
O jejum de Deus ...................................................................... 58 
 
J. T. Parreira ___________________ 59 
PASSAGEM .............................................................................. 60 
ARTE MUSICAL ......................................................................... 62 
6 
 
Explicação do Salmo I ............................................................... 63 
O beijo de Caravaggio ............................................................... 64 
Anunciação .............................................................................. 65 
O não ter Senhor começado uma rua ........................................ 66 
A Segunda Vinda ...................................................................... 67 
A Segunda Vinda (II) ................................................................ 68 
A Lição de Música .................................................................... 69 
 
O Bom Samaritano ................................................................... 70 
 
Josué Ebenézer _________________ 71 
As Janelas dos Céus Que Abrem ............................................... 72 
Sentimento Cristão .................................................................. 82 
Amor ....................................................................................... 85 
SALMO 23 ................................................................................ 89 
TRÍPTICO DA VIDA ................................................................... 90 
ORAÇÃO DA FAMÍLIA .............................................................. 93 
ONDE A GLÓRIA DO POETA? .................................................... 96 
 
Luiz Flor dos Santos _____________ 97 
José ........................................................................................ 98 
A LUTA DE UM HOMEM COM UMA ALMA (TÉDIO) ................. 101 
Crítica ................................................................................... 103 
7 
 
A MORTE ROUBA OS PLANOS ................................................ 105 
O CINZA DESSES DIAS CINZAS ................................................ 106 
O BEIJO ................................................................................. 108 
HISTÓRIA DE UMA AMIZADE ................................................. 110 
 
Noélio Duarte _________________ 111 
PESSOAS ............................................................................... 112 
 
DISPONIBILIDADE ................................................................. 115 
 
DESCULPAS .......................................................................... 118 
 
NECESSIDADE ....................................................................... 122 
 
PERDI O TOM... ................................................................... 126 
 
MADURO ............................................................................. 130 
 
DECLARAÇÃO ....................................................................... 133 
 
Sammis Reachers ______________ 137 
Portas do engodo .................................................................. 138 
 
Cantiga de ninar .................................................................... 139 
 
A Blindagem Azul I ................................................................. 140 
 
Diretrizes ............................................................................... 141 
 
Paz Verde .............................................................................. 143 
 
APOSTASIAADVINDA ............................................................ 144 
Há uns 5 anos, numa igrejinha em Itaboraí ............................ 147 
 
8 
 
Wolodymir Boruszewski (Wolô) __ 150 
O tempo e o TEMPO ............................................................. 151 
 
Guerra e paz ......................................................................... 152 
 
Adeus heroínas: - Há Deus! ................................................... 153 
 
Algo mais .............................................................................. 156 
 
Restaurando o contrito ......................................................... 157 
 
SONHO DE UM SONHO ......................................................... 158 
 
Obra-prima? Eu? ................................................................... 160 
 
 
Links para o Download de outros e-books ____ 162 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
UMA PALAVRA AO LEITORUMA PALAVRA AO LEITORUMA PALAVRA AO LEITORUMA PALAVRA AO LEITOR 
 
Águas Vivas, mais que uma simples antologia poética, nasce como um 
oportuno projeto, que visa a aproximar ainda mais leitores e poetas 
evangélicos contemporâneos. Por um lado divulgando a poesia evangélica 
e incentivando a produção de bons autores, e por outro, apresentando ao 
leitor um breve, mas significativo panorama da obra destes bravos bardos 
que têm na fé evangélica e no manejo das palavras o traço de sua união. E 
projeto ainda porque meu objetivo, se o Senhor assim o permitir, é 
organizar de tempos em tempos novos volumes desta antologia, 
contemplando a obra de muitos outros autores. 
Os poetas aqui antologiados foram de certa forma congregados a partir do 
blog Poesia Evangélica, aonde desde 2006 temos nos empenhando no 
resgate e divulgação da poesia evangélica, seja ela antiga ou atual, dando 
voz a, até aqui, mais de 80 autores. 
 
São dez os poetas aqui presentes, de diferentes gerações e variados 
fazeres poéticos, mas unificados por uma só inspiração: a presenteada 
pelo Poeta Maior, cuja poesia está espalhada por todo o Universo. 
 
Poetas imersos em seu tempo, que usam a internet e suas variadas 
ferramentas para divulgar sua produção, já que a Poesia segue (ainda ou 
sempre?) sendo objeto de certo desprezo por parte das editoras, sob a 
eterna alegação de que ‘poesia não vende’. Bem, se poesia não vende, má 
vontade não ajuda. E que não venda: Isso nunca a impediu de existir e 
cumprir seu papel. Que seja ofertada de graça como este livro eletrônico, 
que esteja livre destes grilhões do lucro, que a tanto e a tantos 
circunscrevem, ou mesmo aprisionam. Liberdade assim para a poesia, que 
existe para vivificar, e para louvor de Deus. 
 
10 
 
Que ela vivifique os homens, que os embale, console, constranja: que nos 
faça refletir com beleza e profundidade nas coisas da vida e nas coisas lá 
do alto; que dê consistência verbal à substância prima de seus (dos 
poetas) corações, isso e para isso é a Poesia. 
E ela se realiza, nos versos destes poetas. 
 
Convido você, caro leitor, a ser vivificado, embalado, consolado e 
constrangido pela Verdade que liberta, expressa com perfeição na Bíblia 
Sagrada, e que ecoa poderosamente nas estrofes destes versos. 
Tenha uma boa leitura, e sinta-se livre para compartilhar este livro 
eletrônico com seus amigos, irmãos e contatos, mas lembre-se: a obra não 
pode ser comercializada de nenhuma maneira, estando liberada sob uma 
licença Creative Commons. 
 
Sammis Reachers, organizador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
Brissos Lino 
Dr. Brissos Lino, português, é Docente universitário, 
Mestre em Psicologia e Psicoterapeuta formador. Autor 
de diversos livros, como Salmo Presente, Procurar Deus, 
além de participar em diversas antologias. Um dos 
signatários do Manifesto pela Nova Poesia Evangélica, 
juntamente com os poetas Joanyr de Oliveira e J. T. 
Parreira. 
Mantém os blogs A Ovelha Perdida - 
http://ovelhaperdida.wordpress.com 
e Brissos Lino - http://brissoslino.wordpress.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
Salmo 23 
“O Senhor é o meu pastor”. 
 
Escuto. Mas o uivar dos lobos não me 
assusta. 
Nem o rumor do vento 
porque o meu olhar se me alonga 
para os pastos verdejantes 
e as águas tranqüilas. 
O bardo onde vivo refrigera-me 
(já nem sei o que sejam veredas errantes). 
A lã de que sou vestido é branca, 
e só de alegria o peito me salta 
porque a mesa em que me sento é farta 
e os meus inimigos se espantam comigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
A FORÇA DAS PALAVRAS 
“Guardo no coração 
as tuas palavras”. 
Salmo 119:11 
As Tuas palavras 
são olhos 
rasgados 
navios 
ancorados 
em mim 
as Tuas palavras 
são punhos 
fechados 
martelo 
a teimar na pedra 
rebelde 
são feitas de espanto 
bordadas 
de encanto 
palavras que não hesitam 
nascer 
látego ou afago 
lágrima rolante 
enfado 
palavras que ardem na carne 
e ficam mel 
no caminho 
que choram 
e aproximam 
14 
 
palavras que aguardam 
uma bússola convicta. 
As Tuas palavras 
perfazem a esperança 
ressuscitando a memória 
as Tuas palavras 
Senhor 
constroem a História. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
NOÉ SABIA DE DEUS 
ou: o Dilúvio, para crianças 
Noé 
varão justo e recto 
rejeitou o conselho dos ímpios 
não parou no caminho dos pecadores 
nem se assentou na roda dos escarnecedores 
antes obtendo prazer no Senhor 
Noé andava com Deus 
Noé achou graça aos olhos de Deus 
Noé sabia de Deus 
um dia lindo e quente 
o Divino 
cansado de sofrer a desobediência dos homens 
avisou Noé de que abriria as janelas dos céus 
e chuvas torrenciais cobririam a Terra 
- salário do pecado daquela geração - 
e o varão justo e recto creu completamente 
Noé andava com Deus 
Noé achou graça aos olhos de Deus 
Noé sabia de Deus 
nos dias seguintes 
lindos e quentes 
Noé e seus filhos obedeciam 
construindo a arca da salvação 
uma embarcação fechada 
segundo as medidas 
o modelo e os materiais 
que o Divino havia feito 
16 
 
gargalharam e troçaram de escárnio os vizinhos e conhecidos 
da família 
as vozes confundiam-se com o ruído dos martelos 
e batiam 
duras 
na cabeça de Noé 
com força 
o céu estava seco 
o tempo era quente 
o mar era longe 
mas o homem justo e recto 
não parou 
Noé andava com Deus 
Noé achou graça aos olhos de Deus 
Noé sabia de Deus 
depois de acabada a arca da salvação 
betumada e calafetada 
equipada e abastecida 
o homem justo e recto reuniu um casal de cada espécie 
de animais 
leões, tigres e girafas 
elefantes, ratos e corvos 
pombas, aranhas, camelos 
pardais, macacos, galinhas 
burros e outros mais 
e depois entrou 
o homem justo e recto 
com a família 
e fechou a porta 
Noé andava com Deus 
Noé achou graça aos olhos de Deus 
Noé sabia de Deus 
17 
 
sete dias zombeteiros suportou 
o homem justo e recto 
e depois vieram as águas em catadupas loucas 
cobrindo a face da terra 
num lençol silencioso e líquido 
de morte e destruição 
de toda a carne 
porém 
os viajantes do Senhor 
escaparam na arca da salvação 
Noé andava com Deus 
Noé achou graça aos olhos de Deus 
Noé sabia de Deus 
e eu?… 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
EL - pequenino 
Gerado no útero morno da Promessa 
venha a nós um Menino 
recém-descido da glória 
Na barca bela dos cânticos 
por entre a neblina do sonho 
vigiam anjos 
e o clarão celeste da vitória 
se faz pequenino 
Logos divino, incriado 
- ah! Jesus ressuscitado!- 
que plantas um madeiro em cada colina 
deixando cair vinte mágoas 
ao câmbio diário da rejeição 
junto aos pés imundos 
dos sacerdotes da noite 
no chão pétreo do templo 
sem ruído 
Pilatos acaricia o crepúsculo 
lavando as águas 
e ainda outra vez 
o clarão celeste da vitória 
se faz pequenino 
EL - SHADDAI! 
 
 
 
 
19 
 
NATUREZA MORTA 
 
“Prata e ouro são os ídolos deles, 
obra das mãos de homens. 
Tornem-se semelhantes a eles 
os que os fazem, 
e quantos neles confiam”. 
do Salmo 115 
 
Um pássaro a entornar manhãs 
já podres 
na boca ansiosa e muda 
dos adoradores 
uma lágrima a ansiar o fim 
corda ou veneno 
na garganta desesperada e muda 
dos adoradores 
uma estátua a amarrar os olhos 
dos cegos. 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
IGREJA VIVA COM UM REPARO 
“Tenho, porém, contra ti, 
que abandonaste o teu primeiro amor”. 
Apocalipse 2:4 
Suponho em ti 
corpo ataviado 
essa renúncia absoluta 
perfeita 
a espera paciente do Amado 
desvendo assim 
a palavra Amor 
que te enforma as mãos 
que te aviva a boca 
que te anima os pés 
castigados da jornada 
e por ela 
o espanto da tua imagem 
fustiga o mundo 
e a janela 
estes adornos bastantes 
este rosto altissonante 
que conhece toda a terra 
este arado declarado 
rasgando a palmos o chão 
de Oriente a Ocidente 
este viver o presente 
a cavalgar o passado 
com a alma com os braços 
21 
 
e a fé 
amealhando o porvir 
importa uma luz acesa na noite 
despida e alta 
e azeite que baste 
noiva milenar 
noiva boreal 
guardando nas malas 
um enxoval de manhãs 
tricotando a custo 
o prestígio do céu 
quem procura confundir 
os claros limites da formosa silhueta 
com a penumbra do entardecer? 
Casca de noz navegante 
mastro feito de fé e beleza 
velas brancas 
de esperança remendadas 
a alegria é uma mesa 
arredondada 
onde se come o pão da incerteza 
no limiar cinzento das águas 
neste anseio p’las nuvens 
o mar corrupto e revolto 
o mar adulto blasfema 
oceano de medos e solidão 
em que um barquinho dormita 
à sombra de Deus 
22 
 
a alegria é uma cama 
onde se acolhem os sonhos mais maduros 
e contudo saltas os muros 
para ir ver o pôr-do-sol 
contra ti apenas 
um reparo do Senhor 
oh Éfeso 
eleita e amada 
que fizeste tu do primeiro amor? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
OLHOS TRISTES 
“Melhor é a mágoa do que o riso, 
porque com a tristeza do rosto 
se faz melhor o coração”. 
Provérbios 7:3 
os meus olhos tristes são vasos 
quebrados contra o vento 
debaixo da sombra diurna 
do meu corpo 
indiferentemente aceso 
vêde-os 
os cravos do meu rosto 
num pedido indefeso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
O CÉU DE AUSCHWITZ 
Os gritos, o medo 
a força da vida 
nos barracões de Auschwitz 
metralhadoras miram 
corpos nús 
homens e mulheres 
velhos 
crianças 
quatro milhões de inocentes 
no espanto da igualdade 
russos, judeus e polacos 
franceses e outros 
metralha e “Zyclon B” 
a besta nazi rumina 
vinte mil mortes por dia 
nas câmaras de Auschwitz 
toneladas de cabelo 
milhares de óculos 
roupas 
dentes postiços 
brinquedos e chupetas 
o stock ignominioso 
da besta 
satanás desmascarado 
no carnaval carioca 
da morte 
………………………………….. 
25 
 
o céu é cinzento e húmido 
hoje 
em Auschwitz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Gilberto Celeti 
Gilberto Celeti nasceu em 18/3/1949 em São Paulo-SP. É 
Bacharel em Teologia, e serve como missionário na APEC 
(Aliança Pró Evangelização de Crianças - 
http://www.apec.com.br/), desde 1973. Em 1999, foi 
nomeado Superintendente Nacional da APEC, e coordena 
o trabalho da APEC em todo o Brasil. Casou-se em 
29/12/1979, com Eneida Rangel Celeti. O casal tem três 
filhos, todos nascidos em São Paulo-SP: Débora, Queila e 
Filipe. A Débora casou-se com Ricardo em 2005 mas 
Gilberto e Eneida ainda não são avós. 
Mantém o blog Gilberto Celeti - 
http://www.gilbertoceleti.com/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
EM NOVIDADE DE VIDA 
 
Quando sou contrariado 
Ou então sou contestado; 
Quando eu não sou aceito 
Ou tratado com despeito; 
Quando eu sou preterido 
Ou até mesmo ofendido; 
Quando não há elogio 
Ou acabam com meu brio. 
 
Eu preciso estar atento 
Pra não ter o sentimento 
Que revela o pecado 
Lá no íntimo guardado. 
A amargura lanço fora, 
E a ira que aflora; 
A indignação elimino 
E os gritos que abomino. 
 
Abandono o insulto; 
A maldade eu sepulto. 
Quero usar palavra boa 
Que edifica e que abençoa. 
Por Jesus fui libertado, 
Pelo Espírito marcado, 
Sou de Deus a propriedade, 
Agirei só com bondade. 
 
Dando a todos, atenção; 
28 
 
Liberando o perdão; 
Sempre usar de gentileza, 
Nunca, nunca de aspereza. 
Deus criou-me à sua imagem 
Usarei, pois, de coragem, 
Pra ficar no seu padrão 
Com Jesus no coração! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
FAZER O OUTRO FELIZ 
 
Vou um dia prestar contas 
Do que fiz, do que não fiz; 
Negligenciar ajuda, 
Quando alguém diz: me acuda! 
Para um crente não condiz. 
 
O serviço mais humilde 
Que é prestado a um infeliz, 
Há de ser recompensado, 
Quando for analisado, 
Pelo sábio e bom juiz. 
 
E o critério está bem claro, 
Jesus mesmo é quem o diz: 
Eu, Jesus, sou atendido, 
Se ajudado ou preterido. 
Esta é a sua diretriz. 
 
Vou fazer meu semelhante 
Entender que o bem lhe quis. 
Não serei jamais omisso 
Com amor farei o serviço 
Quero vê-lo bem feliz. 
 
 
 
 
30 
 
CICATRIZES OU MEDALHAS? 
 
O que Deus quer ver num filho não é medalha, 
Pois toda a glória humana sempre atrapalha; 
Pra que buscar e exibir tanto diploma, 
Se a vida nunca muda e nunca se transforma? 
 
De que vale ter um título importante, 
Se fizer de quem o possui um arrogante? 
De que vale ser no mundo tão famoso, 
E viver na impiedade e rancoroso? 
 
Quando enfim chegar a hora da partida, 
O que vale é o bom combate nesta vida, 
É mostrar que há em nós certas feridas. 
 
O amor de Cristo deu-nos cicatrizes? 
Fomos sempre fiéis às suas diretrizes? 
Isto só é o que fará de nós felizes! 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
DE JOELHOS EM SECRETO 
 
De joelhos em secreto 
Sei que o Pai está bem perto, 
Com Seus olhos bem abertos. 
 
Ele dá o suprimento, 
Pra viver cada momento, 
Firme num só pensamento: 
 
Que é preciso vigilância, 
Pra enfrentar com tolerância, 
Toda e qualquer circunstância. 
 
Oração é contemplá-lo, 
Sempre em tudo respeitá-lo, 
E, de coração, amá-lo. 
 
Somos fracos, pecadores, 
Enfrentando ofensores, 
Rodeados de temores. 
 
32 
 
Cada dia há perigo. 
Oração nos dá abrigo, 
Das ciladas do inimigo. 
 
Oração perseverante, 
Cada dia, cada instante, 
É deveras importante 
 
Para ter serenidade, 
Demonstrando só bondade, 
E viver pela verdade. 
 
Pai Celeste exaltado 
Com nome santificado 
O teu reino é esperado. 
 
 
Seja feita a Tua vontade 
Nesta terra de orfandade 
E no céu e na eternidade. 
 
33 
 
E o pão de cada dia 
Nos dá hoje, obsequia, 
E perdoa a quantia 
 
Elevada que devemos 
Por ofensas que fizemos, 
Assim também como temos 
 
Perdoado devedores 
Que foram, sim, ofensores, 
E que nos causaram dores. 
 
E não nos deixes,pois, cair 
Na tentação, que a rugir 
Nos leva sempre a transgredir. 
 
Livrar-nos vem de todo mal. 
O teu poder é sem igual. 
A Tua glória é eternal! 
 
 
 
34 
 
FÉ CORRETA 
 
É preciso entender bem a diferença 
Entre a fé que é de fato consistente, 
E que na Palavra bem se alicerça, 
Doutra fé que tem na fé a sua crença, 
E que de maneira vã e prepotente 
Dando ordens para Deus é que começa. 
 
Saiba que toda atitude orgulhosa, 
Que a fé na fé ensina e incita, 
Só ofende a Deus e ignorância expressa. 
As promessas do Senhor são preciosas, 
Ele atende à oração que as solicita 
Do Seu modo, no Seu tempo e bem depressa. 
 
A mulher que com o juiz foi insistente 
Na parábola por Cristo transmitida 
Deixa claro a lição da fé correta, 
De ser sim, na oração, bem persistente, 
Pois que Deus justo juiz, Autor da vida, 
Bênçãos amorosas sempre aos Seus decreta. 
35 
 
UMA ORAÇÃO 
 
Sei que posso vir a ti em oração 
E pedir-te qualquer coisa de tua mão; 
E que tudo quanto ao Pai tiver pedido, 
Em teu nome, sei que serei atendido. 
 
Glorioso é o teu nome, ó Jesus! 
E perfeito o teu trabalho sobre a cruz, 
Que permite a Deus o Pai completo acesso, 
E o prazer de estar aí, neste recesso. 
 
Quero então fazer a ti o meu pedido, 
Que eu seja com o Senhor mais parecido, 
Que eu saiba discernir a Tua vontade, 
 
E andar sempre segundo a Tua verdade, 
Seja o tom da minha oração: a adoração, 
E o louvor, e a intercessão, e a gratidão! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
AÇÃO OU ORAÇÃO 
 
Há momentos que exigem a ação, 
E não é mais tão saudável a oração. 
Quando a ordem já foi dada: avançar! 
Não é hora para orar, e sim marchar. 
 
Se o mar na frente há de ser rompido, 
E caminho novo há pra ser seguido; 
Se a muralha alta será derrubada, 
Pra que eu possa prosseguir na caminhada; 
 
É preciso agir com fé e obediência, 
Só orar disfarça só a negligência. 
Quando Cristo ordena: agora estenda a mão, 
 
Ele a cura em resposta a esta ação. 
E a pesca abundante só acontece 
Quando a rede é lançada, não com prece. 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
Giovanni C. A. de Araújo 
 
Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo nasceu em Belo 
Horizonte, MG, viveu um tempo em Vandoevre-les-
Nancy, na França, em Manaus, AM, e, atualmente, vive 
em*São*Paulo,*SP. 
Conheceu o seu grande amor, Tatiana, em Ibiúna, SP, e 
com ela se casou em Sorocaba, SP, em 2005. Para ela 
publicou seu primeiro livro de poesia, Poemas para ela. 
É formado em Teologia pelo Seminário Teológico de São 
Paulo da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. 
É pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil 
desde*2006. 
Escreve sermões, meditações, crônicas, músicas e 
poemas, além de manter no ar, desde 2002, o blog Café 
com Alecrim (http://cafecomalecrim.blogspot.com), onde 
escreve tudo isso e de tudo um pouco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
Sim, virá! 
 
Sim, virá! 
Pregar as boas novas, 
curar, libertar. 
 
Sim, virá! 
Resplandecente luz, 
alimento e fé. 
 
Sim, ele virá! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
Quem é este? 
 
Quem é este, no peito materno 
acomodado em meio ao feno, 
A mamar suave e terno? 
 
Quem é este, na manjedoura acomodado, 
dorme manso e suave, 
sempre pelos pais observado? 
 
Quem é este, nos braços de um rude pastor, 
Não rejeita os humildes nem estranhos, 
tão pequeno e sereno, tão cercado de amor? 
 
Quem é este? 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
Há de vir 
 
Há de vir. 
Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte. 
 
Há de vir. 
Pai da eternidade, Príncipe da Paz, Rei dos reis. 
 
Esperar é alimentar dia-a-dia 
a fé, a esperança e o amor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
Concreto na flor 
 
Concreto, asfalto, carros, pessoas. 
Todos assustados andam, 
violência por violência. 
 
No meio da turbulência, 
da efervescência da cidade, 
rasgando o concreto e o asfalto, 
a natureza insiste em brotar 
apenas uma flor. 
Tudo para me fazer lembrar: 
não há barreiras para o Criador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Nesta mesa nos encontramos 
 
Nesta mesa nos encontramos 
com pessoas de todo lugar. 
Não há raça, sexo ou idéias 
que nos possam separar. 
 
Nesta mesa nos encontramos 
com Jesus Cristo, o Salvador. 
Vinde comei! Vinde bebei! 
Esta é a mesa do Senhor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
Elementos 
 
Trigo, farinha, fermento. 
Suor de um povo 
renovado pelo pão. 
Pão da vida. 
 
Uva, fermento, 
cansaço de um povo 
renovado pela esperança. 
Vinho da vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
Perdoados 
 
Apesar de tantos erros e tropeços. 
Apesar de tanta amargura e ressentimento. 
Apesar de tudo de ruim que vivemos até agora. 
Apesar de tudo isto, podemos nos alegrar. 
 
Somos direcionados, sim, pela vontade de Deus. 
Somos renovados, sim, pelo Espírito Santo. 
Somos perdoados, sim, pelo sangue de Jesus Cristo. 
Alegria! Tudo se faz novo em nossa vida! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
Israel Belo de Azevedo 
Bacharel em Jornalismo, mestre em Teologia, doutor em 
Filosofia, autor de diversos livros, como O Prazer da 
Produção Científica e Olhar de Incerteza. Pastor da Igreja 
Batista de Itacuruçá, no Rio de Janeiro e ex-diretor do 
Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. 
Mantém o site Prazer da Palavra - 
http://www.prazerdapalavra.com.br 
E o blog Prazer de Ler - http://israelbelo.blogspot.com/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
A riqueza que eu quero 
(2Coríntios 6.3-10) 
 
Não seja por mim que o escândalo venha, 
mesmo que a circunstância toda a força tenha 
para açoitar com vigor a minha perseverança 
que tornei o meu fruto do Espírito predileto. 
 
Não importa o que digam a meu respeito, 
farei da honra diante de Deus a minha senha, 
pois dEle quero estar sempre bem perto. 
É assim que eu oro com toda a confiança: 
 
mesmo que triste, em mim se veja alegria, 
mesmo que pobre, a muitos eu enriqueça, 
como se eu tudo tivesse de noite e de dia, 
 
por causa do Espírito, que comigo porfia 
para que, no meu corpo, pureza e bondade 
estejam como um farol para a humanidade. 
 
 
 
 
 
47 
 
O ÚNICO 
 
"Tu és digno de receber a gloria, a honra e o poder, porque 
todas as coisas por tua vontade vieram a existir e foram 
criadas" (Apocalipse 4.11) 
 
 
Os outros eram como todos somos 
e se tornaram o que não somos. 
O Único era diferente de nós 
e se tornou o que somos. 
Quando nasceu, na linha máxima da pobreza, 
foi celebrado por vozes aos ouvidos estranhas 
e saudado por gente que se despreza 
e recebido por uma mãe toda surpresa 
e perfumado por reis de história rasa. 
 
Os outros deixaram frases de revolução 
que trouxeram esperança de guerra ou paz. 
O Único viveu palavras de plena verdade, 
poesia vivida e roteiro claro para a eternidade. 
Quando falou, a muitos pareceu em vão, 
porque seus ouvintes preferiam sinais 
que o tempo com o tempo desfaz. 
 
Os outros buscaram corajosamente a santidade 
e acertaram e erraram no trajeto. 
O Único não trilhou um sequer desvio, 
não porque já soubesse o caminho, 
mas porque era o próprio Itinerário. 
Quando viveu, não teveum travesseiro 
48 
 
mas serviu de ombro ao companheiro 
que com um beijo renunciaria ao projeto. 
 
Os outros chegaram ao fim como pó, 
que é o destino de todo humano. 
O Único ia tendo o mesmo destino, 
mas dias depois de ter na cruz pendido 
ainda partilhou um peixe com os amigos 
antes de regressar para Onde veio. 
Quando morreu, como parte do seu mistério 
a história se rasgou bem no meio 
como um relâmpago que o céu divide 
como se uma saída para o retorno abrisse. 
 
Os outros deixaram de viver conosco, 
mas o Único me escolta todo dia 
no percurso do deserto ao oásis desejado, 
digno, pelo que fará e agora faz, 
de escutar de mim a melodia 
da honra e do louvor e da glória, que me traz 
à memória o que sou: amado. 
 
 
 
 
 
 
49 
 
Confissão de natal 
Amo o Deus que em Jesus se prostra, 
inclinando-se para escutar quem não crê, 
para encontrar aquele que ainda não tem fé, 
por amar completamente -- eis a sua proposta. 
Amo o Deus que em Jesus se mostra 
como aquilo que amorosamente, plenamente é: 
até para quem não queira se deixar por Ele escolher, 
para o vazio do seu coração, Ele é a única e completa resposta 
Amo o Deus de braços pregados na cruz 
e cujas solenes palavras finais são longos gemidos 
de gracioso perdão para os que do seu sangue fizeram pus. 
Amo o Deus de corpo cortado ao ritmo dos cravos batidos 
e cujo silêncio no túmulo não teve companheiros conhecidos 
até que a história, no terceiro dia, conhecesse a plenitude da sua 
luz. 
 
 
 
 
 
 
50 
 
Coragem do casamento 
Das decisões, casar é delas a maior. 
Compartilhar todas noites a mesma cama 
na promessa de trocas tecidas de amor 
é coragem para quem profundamente ama. 
Das decisões, ficar casado é a melhor, 
porque é querer para o outro toda a estima, 
ver defeitos, mas as virtudes no alto pôr. 
É baixar a voz quando tenso está o clima. 
O amor é de Deus, como o mais belo poema, 
dele e nosso, que juntos criamos com paixão 
se o cultivo das diferenças for um lema... 
que aqueça a todo instante o nosso coração. 
O casamento, ainda que a razão trema, 
é plano de Deus para a nossa salvação. 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
Isaías 53 ou a história da paixão 
Esta é a história de Jesus, mas quem nela acredita? 
Nele sorriu toda a graça de Deus, mas quem a solicita? 
Esta é a mensagem que Seu amor a anunciar nos suscita. 
Não estávamos lá naqueles dias de histórias vivas, 
mas ouvimos os testemunhos fiéis que nos chegaram como 
dádivas. 
Ele não se destacava como um cedro 
que, alto e forte, parece alcançar a celeste morada, 
porque não passava de um galho vedro 
correndo de uma raiz pelo sol queimada. 
Não tinha gesto de rei, com beleza e bondade, 
crescido em família comum ao lado da carpintaria 
de quem, de tão simples, ninguém se orgulhar podia, 
exceto a mãe para quem todo filho é pleno de majestade. 
Estivéssemos, veríamos seu corpo se retorcendo de aflição, 
a face, outrora doce, pelo sofrimento desfigurada. 
Estivéssemos, nós o deixaríamos na desolação, 
esconderíamos nossos rostos, negando-lhe nossa amizade. 
Riscaríamos seu nome de nossas lista de convidados, 
para não freqüentar nossas casas, participar de nossos 
folguedos, 
para ficar longe de nossas alegrias e distante de nossos segredos, 
a fim de não sermos entre os seus seguidores contados. 
Saberíamos que naquela cruz real de muita dor, 
Deus o alcançava, fustigava, traspassava, castigava e esmagava 
por causa do meu pecado que Ele tomou como se fosse seu, 
por causa das minhas maldades que se tornaram suas, 
para que o meu castigo deixasse de ser meu. 
Agora plenamente eu enxergo como cristalinas águas, 
Tanta oferta só tem um nome: amor. 
52 
 
Ah como alegro de ter sido perdoado. 
Pena que tanto lhe tenha custado! 
Minha história está no Calvário. 
Como o cego que curou 
com um feixe de luz, 
como o paralítico que levantou 
sem olhar para seu triste status, 
como a prostituta que perdoou 
como se fizesse jus, 
como a mulher que curou 
estancando-lhe o pus, 
como o possuído que libertou 
tirando-lhe o medo do simbólico capuz 
eu me desviei, achando que minha escuridão brilhava, 
certo que o meu caminho para o alvo certo me levava. 
Até que eu vi, com os olhos que a graça operou, 
o Pai desferindo sobre Ele a seta da minha iniqüidade, 
oprimindo-o, para que eu encontrasse a liberdade, 
afligindo-o, para que eu recebesse seu amor. 
até que eu vi que Ele não quebrou o silêncio, 
quando o Pai permitiu a farsa do seu julgamento, 
quando o Pai o afligiu, para que eu vivesse, 
quando o Pai o tosquiou, para o meu livramento. 
Nele não havia violência nem mentira. 
Para a todos trazer toda paz e verdade, 
Ele derramou sua vida completamente, 
morrendo a morte que era nossa propriedade. 
Ele mesmo se entregou como presente 
para que conhecêssemos o brilho da graça 
que nos antecipa agora a glória da eternidade. 
53 
 
Então, a noite se fez como um tapete sobre a terra, 
guardada por uma pedra na boca do seu corpo 
morto de verdade e dado como morto. 
Mas: a noite, aos olhos da esperança, era luz, 
que da morte real a vida plena produz. 
A pedra a palavra silenciosa do Pai ouviu 
e o corpo do Filho da tumba selada saiu. 
Durante a vida de Jesus, 
a luz como noite soou; 
agora, na morte sua noite brilhou 
como a mais clara luz. 
Então, como o cego que curou 
com um feixe de luz, 
como o paralítico que levantou 
sem olhar para seu triste status, 
como a prostituta que perdoou 
como se fizesse jus, 
como a mulher que curou 
estancando-lhe o pus, 
como o possuído que libertou 
tirando-lhe o medo do simbólico capuz, 
fui curado pelas feridas que minha culpa no seu corpo gravou. 
Gritemos, com todas as forças, então: 
Seu sofrimento não foi em vão. 
Podemos ver a luz, que para sempre nos basta; 
estamos livres do castigo que não mais nos vergasta; 
podemos conhecer a justiça, que nos santifica 
podemos experimentar a graça, que nos purifica. 
 
 
 
54 
 
Lamentos 
1 
"Como está deserta a cidade, 
antes tão cheia de gente!" 
(Lamentações 1.1) 
Quero de volta a minha cidade um dia sorridente, 
cheia de gente em toda praça e em toda esquina, 
borbulhando de crianças correndo para baixo e para cima 
coalhada de colegiais encostados nos muros em frente. 
Não quero esta cidade pelo tráfico controlada. 
Não quero esta cidade pela corrupção construída. 
Não quero esta cidade pelo desespero possuída. 
Não quero esta cidade pelo medo comprada. 
 
2 
"É por isso que eu choro". 
(Lamentações 1.16) 
 
Choro quando vejo que em nossa cidade 
nos foi roubada, com a violência, a liberdade. 
Choro quando vejo uma pessoa desconhecida 
perder, por causa de um celular ou carro, a sua vida. 
Choro porque, sendo tanta a maldade, 
ela nos vai acompanhar pela eternidade. 
Choro porque, além de chorar, chorar, chorar 
é como se pudéssemos apenas chorar, chorar, chorar. 
3 
"Levante-se, grite no meio da noite, 
quando começam as vigílias noturnas; 
55 
 
derrame o seu coração como água na presença do Senhor. 
Levante para ele as mãos em favor da vida de seus filhos." 
(Lamentações 2.19) 
 
Não, Senhor, não são noturnas as vigílias, 
não há manhãs, nem tardes tranqüilas: 
Tenho que tecer o tempo em total tensão. 
É por isto que derramo em Ti o meu coração, 
por mim e também por nossos filhos e filhas, 
que querem trabalhar mas só encontram estágios 
que querem brincar sem ter ao lado maus presságios 
A Ti levanto a minha mão, confiante na tua promessa 
cuja realização, sei com fé, nada há que impeça. 
 
4 
"O Senhor é bom para com aqueles 
cuja esperança está nele". 
(Lamentações 3.25) 
 
Meu amigo que, parece, está morrendo 
me diz, convicto, que o Senhor ébom. 
O poeta que, parece, está sofrendo 
me diz seguro que o Senhor é bom. 
Que direi, eu que não estou padecendo, 
se não que o Senhor é bom? 
Que lhe pedirei, já que é bom,' 
se não que me ensine a nele ter 
a esperança que preciso para viver? 
 
 
56 
 
 
5 
"Não é da boca do Altíssimo que vêm 
tanto as desgraças como as bênçãos?" 
(Lamentações 3.38) 
 
Se vêm de ti, Senhor, as desgraças, 
do modo como descem as graças, 
não devo lutar para que haja paz 
não devo lutar contra o crime voraz? 
Esta é uma pergunta que não posso calar, 
à espera da resposta que preciso escutar, 
para minha alma na posição certa colocar, 
para minha voz com conteúdo certo alçar. 
Então, me dizes que enquanto forças tenho 
devo pelo bem dedicar todo o meu empenho. 
Quando, no entanto, toda a minha parte fiz, 
só esperando, descansado em Ti, serei feliz. 
 
6 
"Nossos olhos estão cansados 
de buscar ajuda em vão". 
(Lamentações 4.17) 
 
Quem busca na política busca em vão, 
mas a política é a via para a vida em comunidade. 
Quem busca nos homens busca em vão 
mas Deus usa homens como canais de felicidade. 
Com coragem, que treme, apresento-me então 
para servir a Deus com toda a disponibilidade. 
57 
 
 
7 
"Por que haverias de desamparar-nos por tanto tempo?" 
(Lamentações 5.20) 
 
Se não abandonaste para sempre, Senhor 
teu Filho no Calvário da cruz, 
embora contra Ele estivesses irado 
por causa do nosso pecado, 
como vais nos desamparar, agora que Jesus 
para sempre amigos nos tornou? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
58 
 
O jejum de Deus 
(Lucas 5.33-39) 
Não está no rosto o jejum. 
Está no coração onde só o Pai penetra. 
Não está na palavra o jejum. 
Está no silêncio de quem com o Pai se acerta. 
Não está no cântico o jejum. 
Está no gemido solitário da alma aberta. 
Não está na auto-exaltação o jejum. 
Está na autonegação de fato completa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59 
 
J. T. Parreira 
João Tomaz (do Nascimento) Parreira, Lisboa, 1947. 
Colaborador da imprensa religiosa evangélica. Poeta. 
Escreve na revista «Novas de Alegria» e no Portal da 
Aliança Evangélica Portuguesa. E no «Diário de Aveiro». 
Na juventude escreveu poesia e artigos juvenis no 
"República", entre 1970-1972, sob a direção de Raul 
Rego. Tendo começado em 1965 no Juvenil do "Diário de 
Lisboa", de Mário Castrim. Está representado no Projecto 
Vercial, a maior base de dados da literatura portuguesa. 
Entrada na Wikipédia. Tem publicados 5 livros de poesia 
(o último "Os Sapatos de Auschwitz" em 2008, editado 
por El Taller del Poeta, Pontevedra) e um ensaio 
teológico. Participa em várias antologias de poesia 
moderna e cristã contemporânea, em Portugal e no 
Brasil.Integra o Grupo Poético de Aveiro. Um dos 
signatários do Manifesto pela Nova Poesia Evangélica, 
juntamente com Joanyr de Oliveira e Brissos Lino. 
Mantém os blogs Papéis na Gaveta – 
http://www.papeisnagaveta.blogspot.com/ 
e Poeta Salutor - 
http://www.poetasalutor.blogspot.com/ 
 
 
60 
 
PASSAGEM 
 
Dorme o mar nos olhos de Jesus, 
uma nuvem 
passa o seu volume sobre o lago 
e deixa uma sombra no lugar da luz 
 
O vento nos Seus dedos 
ainda dorme, a noite 
nos sonhos infantis 
 
o silêncio, 
mas um trovão se ergue 
e de repente um raio risca 
um fósforo pelos ares 
 
o mar parte-se como um espelho 
do terrível céu 
 
Porém conhece a criadora voz 
o arcano das águas 
61 
 
e tudo volta ao que estava 
a repousar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
62 
 
ARTE MUSICAL 
 
Debaixo dos seus dedos a água corre 
 
Pássaros acendem raios 
multicolores, sob os dedos de David 
 
Pendem flores da mesa 
na presença dos inimigos 
e nos lábios os cálices 
transbordam 
 
Pastor de cordas no vento 
quando os seus dedos tocam 
até que à harpa regressem 
os silêncios. 
 
 
 
 
63 
 
Explicação do Salmo I 
 
Os ribeiros do salmo de David 
têm tanta luz 
que a nudez das raízes 
que se vêem 
são tanto cristais como água 
pura 
 
As raízes dos justos 
de David 
seguram o interior da terra 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
64 
 
O beijo de Caravaggio 
 
E um beijo rompeu as cordas 
do silêncio 
caiu na noite, caiu no rosto 
como uma mentira, como uma estrela 
cai no rotundo deserto 
 
Um beijo soa do fundo, com pressa 
um beijo astuto 
dissimulando a lâmina 
que vem do coração 
 
nessa noite o ar 
amacia a face 
de Cristo, confiante 
daquele beijo triste. 
 
 
 
 
 
 
65 
 
Anunciação 
 
O que estava dentro dela 
a Alegria, o Nome 
escrito 
da direita para a esquerda, 
Maria não O via 
ainda com seus olhos. 
 
Um anjo imune 
ao calor de dia, ao frio 
do fundo das almas desertas, 
desceria 
do tecto do céu 
para anunciar a passagem 
de Deus no mundo. 
 
 
 
 
 
 
66 
 
O não ter Senhor começado uma rua 
 
O não ter havido Senhor para ti 
lugar na cidade, nas mãos 
que deveriam ungir-te, até 
lugar na voz que prometera 
do fundo dos dias cantar-te 
 
O não ter havido Senhor uma porta 
uma casa cheia para receber-te 
um espaço entre os peitos 
de todas as mães, um olhar 
onde morasses com ternura 
 
O não ter Senhor começado uma rua 
à espera do teu Nome 
nem ainda hoje quando passas 
Senhor no rosto de um homem 
ou uma mulher feliz por te acolher. 
 
 
 
 
 
 
 
67 
 
A Segunda Vinda 
Ele levará os nossos medos 
como um ladrão a meio da noite 
como um rio que porfia 
pelas suas águas entre 
a rude matéria da vida 
A chave é o perfume que destila 
dos seus dedos 
e a escuridão gota a gota 
cairá dos nossos olhos 
algures na areia do deserto 
a forma de um meteoro 
apontará para um céu remoto 
e as pedras acordarão do sono 
no interior das grutas 
as coisas caem ao lado, o centro 
já não as atrai 
Este mundo já não será para nós. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
68 
 
A Segunda Vinda (II) 
À espera do Amado 
como uma casa que espera 
um ladrão gentil 
 
que saltará 
na casa 
como um perfume 
 
Ele verá esta 
pálida 
casa 
 
Ele tomará 
este bocado 
de nada 
 
Ele moverá meus pensamentos 
dobrará as sombras 
das coisas ignóbeis. 
 
 
 
 
 
 
69 
 
A Lição de Música 
 
Mas quando David enviava os sons da harpa 
para os céus, a harpa seduzida 
pelos seus dedos, um sorriso 
assomava aos olhos de Saul. 
Os olhos baixavam ao coração sanguíneo 
via dentro de si o tranqüilo 
rio que a música fazia, como 
água que traz o cheiro dos jardins. 
Ao mesmo tempo que as pombas 
voavam das cordas 
assim velava a harpa de David. 
 
 
 
 
 
 
 
 
70 
 
O Bom Samaritano 
 
Tive fome de pão e puseste a minha mesa 
numa toalha em linho derramada 
a sede, tive-a como um dia quente 
a ondular entre os lábios e a água 
e ungiste meu corpo com um óleo 
quando a noite oxidou as minhas chagas 
estive ao frio e teus vestidos coloriram 
a palidez da minha carne nua 
e na tua cama inclinei os meus ouvidos 
os teus móveis abriram gavetas 
para os meus cristais de chuva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
71 
 
Josué Ebenézer 
Josué Ebenézer de Sousa Soares. Poeta, escritor, 
jornalista, pastor batista, membro da Academia 
Evangélica de Letras do Brasil, AELB, e pastor da Igreja 
Batista do Prado (Nova Friburgo, RJ). É casado com Katia 
Cardoso Soares e pai de Lucas (1992), Murilo (1996) e 
Noemi (2000). Líder batista, tem atuaçãodestacada na 
Convenção Batista Fluminense e é autor de várias revistas 
de estudo bíblico. Articulista, possui vários textos seus 
publicados em sítios da Internet. E-mail: 
pr.jess@hotmail.com 
Mantém o blog Tabuinha e Escrever - 
http://www.tabuinhadeescrever.blogspot.com/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
72 
 
As Janelas dos Céus Que Abrem 
 
As janelas dos céus que abrem 
manhãs. Penso eu: o que são? 
São o chorar de Deus pelo esconderijo dos 
homens. O cadeado se arrebenta: 
Abas largas e treliçadas se abrem sobre a 
Terra: Engolem trevas, 
dissipam nuvens carregadas, 
reduzem o vento tempestuoso 
à uma brisa mansa. 
Uma criança com uma colorida 
bola na mão, grita: É a paz! 
E tudo se acalma. 
Ao redor os raios que 
atravessam as frestas do horizonte 
se fazem bonança. 
 
O sol escancara de vez 
as janelas dos céus que abrem 
manhãs de verão. E o céu? 
É azul, penso eu. Tão azul 
73 
 
como um manto suave a cobrir o 
firmamento. Mas, no momento, 
o que se ouve é a voz 
do menino moreno de pés descalços: 
- O céu é espelho do mar! 
Reparei. 
Havia uma lágrima no seu olhar. 
A voz do menino moreno falou de um 
sonho: “Toda criança que desaparece 
no mar é encontrada no céu.” 
Sua irmãzinha se fora, 
tragada pelas ondas, 
e ele acreditava que o céu 
era o Paraíso dos Afogados. 
 
Formiguinhas humanas perambulavam 
entrecaminhos, 
bem abaixo das janelas dos céus que abrem 
manhãs de trabalho. 
É o azáfama da vida, penso eu. 
E os homens e mulheres 
74 
 
mandam seus pequeninos pra escola, 
distraem-nos com babás que jogam bola, 
enquanto paramentados de profissionais e 
perfumados de aparência, 
carregam na pasta o ofício 
e na consciência o desperdício 
de vidas que não voltam mais. 
 
As janelas dos céus que abrem 
tardes. Penso eu: o que são? 
São o pensar de Deus acerca dos caminhos da 
humanidade. Alguém diz: 
metamorfose - 
e as lágrimas de Deus se transformam no suor dos 
homens. Deus pensa no futuro de sua 
Criação, mas o homem apenas guarda, 
no bolso, o lenço já sujo da poluição. 
Um adolescente com um caderno 
escolar na mão, rasga folhas ao vento: 
É a poesia! 
E as páginas brancas daquela vida 
75 
 
clamam com paixão por uma 
escrita qualquer. 
 
As nuvens grávidas atravessam 
as janelas dos céus que abrem 
tardes de outono. E o céu? 
É o salão de baile das simpáticas gestantes, 
cujos filhos regarão a terra e 
aparecerão nas árvores em formas e cores 
multifacetadas. 
Mas, naquele instante, o que se ouve 
é apenas o farfalhar das folhas secas no chão, 
açuladas pelos animaizinhos 
que se divertem sem culpa. 
Na copa das árvores, balouçam aves, 
sibilam sons. 
E o vento se encarrega de espalhar a música. 
É o prazer! - Alguém disse alegre. 
Não se viu, porém, o homem. 
Estava na mesa do escritório 
olhando o ar-condicionado desligado. 
76 
 
 
Blocos de concreto armado se empilham 
nos espaços, 
bem abaixo das janelas dos céus que abrem 
tardes de embromação. 
São as cidades - o arquiteto se apressa em dizer. 
Mas as tardes que trazem a janela de Deus, 
transportam também seu refletir. 
- Não foi pra isso! A voz tonitruante sacode 
as gentes. 
Deus não está satisfeito com os rumos da humanidade. 
Alguém falou: Liberdade! 
Mas o homem, aprisionado pelo mercado, 
já não consegue entender. 
 
As janelas dos céus que abrem 
noites. Penso eu: o que são? 
São o cantar de Deus em seu grande amor 
pela vida. O piano espalha teclas pelo 
ar: pretas e brancas. 
E os sustenidos e bemóis vão tocando a 
77 
 
noite. Luzes se acendem. 
Fluorescentes cores crepitam no ar 
fazendo palpitar nos corações a emoção. 
Um jovem com uma raquete de 
tênis na mão, joga bolinhas 
amarelas ao vento. É o sonho. 
E a pequena rede vibra aquelas 
sensações, enquanto as 
luzes da quadra se apagam 
findando mais um treino de 
esperança no futuro. 
 
As estrelas risonhas saltam divertidas 
por entre as janelas dos céus que abrem 
noites de inverno. E o céu? 
É um infinito misterioso onde 
mergulham os olhares vindos, 
qual setas, de corações apaixonados. 
No momento, porém, o som é perturbador. 
Faz-se ouvir o ronco das guitarras 
produzidos nos bailes funks. 
78 
 
De há muito o romantismo desapareceu, 
e amor virou sinônimo de sexo e 
agressividade. 
O volume de som atinge o ápice 
enquanto no muro do clube 
enfileirados rapazes urinam. 
Um adolescente careca passa correndo 
entre os carros. Pensa que é astro, 
mas o crack que consumiu 
faz dele um molambo sem rumo definido. 
 
Pontos luminosos aproximam-se ligeiros 
acompanhados de sons cada vez mais fortes, 
bem abaixo das janelas dos céus que abrem 
noites de diversão. 
São as sirenes da Polícia em sua 
blitz sobre a garotada do subúrbio. 
Ninguém sai; ninguém se mexe. 
Alguns eleitos são “premiados” com uma 
carona até o Departamento. 
Quem não é do ramo se petrifica 
79 
 
com os sons da noite, 
que pecam por falta de musicalidade. 
Engoli em seco: 
- O homem tapou os ouvidos ao canto de Deus... 
 
As janelas dos céus que abrem 
madrugadas. Penso eu: O que são? 
São o salvar de Deus do que restou da 
humanidade. O Planeta se encolhe. 
Toda energia se volta para sua gênese: 
É Deus dando um tempo de restauração. 
Ouço um lamento prolongado de bebê 
de colo. Calo-me para ouvir o 
movimento da madrugada. 
Um adulto sai à rua, envolto num cobertor. 
São passos lentos, 
que parecem não ter rumo, 
até que chegam à casa azul. 
Coloca um embrulho de jornal no portão: 
pode ser uma bomba, pode ser doação. 
 
80 
 
A lua prateada serve porções de 
esperança, através das janelas dos céus que abrem 
madrugadas de primavera. E o céu? 
Acompanha o cardápio da lua, possibilitando 
ao que busca um novo amanhecer 
saciar-se de luz. 
As árvores e plantas, do orvalho molhadas, 
preparam-se para o novo dia. 
Reparei nas cores. 
Havia estilo nas flores, 
mas uma me chamou atenção: 
Amor-perfeito. 
Como seria bom que os homens fossem assim. 
Que as madrugadas de Deus se tornassem 
laboratório de ações positivas, 
substituindo a maquinação do mal 
pela tal da oração. 
 
Nos leitos, encolhidos, todos estão a dormir, 
bem abaixo das janelas dos céus que abrem 
madrugadas de restauração. 
81 
 
Quando o ser descansa no relógio 
biológico do seu Criador, 
dá chances à natureza de torná-lo melhor. 
Um sorriso aparece no rosto daquele que dorme. 
É o carinho de Deus em quem tem o coração em paz. 
Mas as madrugadas também trazem sonhos, 
comunicam mensagens. 
- É a cruz! Alguém diz. 
E no silêncio do Calvário, bem como 
na madrugada das mulheres que foram ao Sepulcro, 
o anjo de Deus a dizer: 
As janelas dos céus sempre abrem-se 
para a salvação de todo o que crê. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
82 
 
Sentimento Cristão 
 
Cristão deste século 
de tempo tão triste 
de gente tão pobre 
de espírito e amor. 
É feio espetáculo 
de gente que insiste 
tornar o que é nobre 
sem qualquer valor. 
 
E agora, cristão? 
Sua grande tarefa, 
sua forte promessa, 
seu bom coração. 
É fazer a seu tempo 
um reino de glória 
mudando a história 
em cada momento. 
 
Cristão destes dias 
83 
 
o tempo é pesado 
o apego ao pecado 
não traz melodias. 
As notas sucumbem 
partituras já fecham 
tons que enfecham 
canções que se inibem. 
 
E agora, cristão? 
Seuamor é forte 
mas qual é a sorte 
pra ter salvação? 
O povo perdido 
que vive e sonha 
que ama e estranha 
está esquecido. 
 
Cristão atual 
do tempo de agora 
que ri e que chora 
pro bem e pro mal. 
84 
 
Seu gesto profundo 
na vida que encerra 
é ser sal da terra 
e ser luz do mundo. 
 
E agora, cristão? 
O grande desafio 
de vidas por um fio 
está em sua mão. 
Seu Deus é tremendo 
na Palavra há poder 
você se envolvendo 
não há o que temer. 
 
E agora, cristão? 
 
Nova Friburgo, 03/06/2000 (6h10m) 
 
 
 
 
 
85 
 
Amor 
(1Coríntios 13) 
 
Ainda que dos homens a língua eu falasse, 
que dos anjos o idioma angélico escutasse, 
e até pudesse com as miríades conversar. 
De que me adiantariam os torneios literários 
se as belas palavras desses versos temerários 
não ousassem forte na conjugação do amar? 
 
Se os homens todos me levassem a sério, 
das profecias findas conhecesse o mistério, 
de que me valeria tal grande sapiência? 
Se nos lábios o canto do amor não vibrar, 
estas cordas bambas que aprenderam a amar 
matariam a emoção em nome da ciência. 
 
Em mim toda ação seria mero ativismo 
barulho sem música dos sinos que dobram 
se o amor não tangesse minha vida e oração. 
Pois no tempo de Deus, do amor o batismo 
não é como dos homens em que sinos repicam: 
86 
 
no tempo de Deus palpita o som do coração. 
 
Ainda que tivesse toda a fé em mim reunida 
de maneira tal que transportasse os montes 
de maneira intensa, jorrando como as fontes. 
Ainda assim - na plena razão da minha vida -, 
não sendo fé no fogo do amor forjada, mas fria 
como o zero na soma do amor, nada ela seria. 
 
Se estivesse disposto ao meu maior sacrifício 
da morte cruel em vorazes chamas de fogueira 
ou mesmo abrisse mão do que é grande vício: 
na terra ajuntar tesouros sem eira nem beira. 
Mesmo a morte sacrifical e fortuna dada à pobres 
na ausência de amor, não seriam atos nobres. 
 
Que devo, então, fazer se quiser dar amor, 
se quiser expressar algo bom através de mim? 
Devo primeiro descobrir que ele é sofredor. 
O amor é benigno, não é invejoso ou algo assim. 
Ele não é egoísta, indecente e não se irrita. 
O amor é justo, verdadeiro e de nada suspeita. 
87 
 
 
Mas que amor é esse, assim intenso e exigente? 
Será que há no mundo alguém que possa vivê-lo? 
Esse amor é de anjos e não tem cara de gente? 
De um amor que tudo sofre, como pode este desvelo 
- e ainda tudo crê, e tudo espera, e tudo suporta -, 
encontrar-se em seres que se acham em vida torta? 
 
O amor nunca falha e onde ele se faz bem presente: 
havendo alguma profecia de pronto será aniquilada; 
e havendo qualquer glossolalia, logo logo cessará; 
também havendo ciência, em breve se fará ausente. 
Porque conhecendo em parte, com a ciência abalada, 
e em parte profetizando, a tudo o amor mudará. 
 
 
 
Mas espero o grande dia da chegada do Perfeito 
quando todas incompletudes serão exterminadas 
e o tempo de menino será coisa só do passado. 
Verei Deus face a face e se quebrará o espelho 
pra ser reconhecido dentre as emoções continuadas: 
88 
 
fé, esperança e amor. Este, meu maior legado! 
 
Nova Friburgo, 12 de outubro de 2001 (17h45m). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
89 
 
SALMO 23 
 
O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. 
Deitar-me faz em verdejantes e lindos pastos 
e guia-me manso a águas tranqüilas e faustos 
onde o refrigério d’alma, em Deus, me alegrará. 
 
Guia-me nas veredas da justiça por amor 
do nome que é sobre todo nome na terra. 
Inda que ande em vale de sombra ou guerra 
não temerei mal algum. Estás comigo Senhor! 
 
Tua vara e cajado me consolam à mesa, 
que diante dos inimigos preparada está. 
O óleo na cabeça e o cálice a transbordar 
 
mostram, certos, que misericórdia e gentileza 
me seguirão em todos os dias da minha vida, 
até habitar na Casa do Senhor ao fim da lida. 
 
 
Nova Friburgo, 13/01/2005 (7h01m). 
90 
 
TRÍPTICO DA VIDA 
 
 1 
 
Se existe dom supremo, só pode vir de Deus. 
E que nome ele recebe, senão algo sublime? 
Amor! É o próprio Deus vendo os filhos seus 
que foram alvo na Terra da ação que redime. 
 
Esse dom sublime, em suprema excelência, 
amor que brota de Deus e logo dele emana. 
Pois só nele tal sentimento é parte da essência 
que na terra aos homens une e todos irmana. 
 
Ah, amor! Vens de Deus e para onde vais agora? 
Se não ficas em mim, sinto o moer de uma dor. 
Se não ficares comigo, Deus presente da aurora 
 
ao por do sol de uma vida que se abre em flor! 
Amor, amor! Sentirei longo pesar e, abatido, 
prosseguirei meu caminhar, triste e sofrido... 
 
91 
 
 2 
 
Por que? Por que estás abatida ó minha alma 
e é triste o teu caminhar na face desta Terra? 
Se o coração pede alívio e também a calma 
em Deus encontras bálsamo que dor encerra. 
 
Exercita-te naquela - que de todas as expressões 
que o homem pode fazer -, o leva a se pôr em pé! 
E que acende uma chama, brasa nos corações. 
E que atende pelo nome; singelo nome de fé! 
 
A fé é um remédio que levanta qualquer enfermo. 
É força a animar o corpo e o coração cansado. 
Que traz para o caminho o que se acha no ermo 
 
e faz do oprimido um ser novo, revigorado. 
A fé é alimento para sempre e todo instante 
e na vida do crente se faz presença constante. 
 
 
92 
 
 3 
 
Além do amor e da fé, de que precisa o homem? 
Que sentimento necessita para atravessar a vida? 
Se os dias são frios, duros, áridos e já consomem 
o que ele tem de melhor que é o motor de partida? 
 
 
Então não fiques parado, esperando acontecer. 
Quem sabe faz o tempo, faz a hora, e o momento. 
A vida é pra ser vivida, tu nascestes para crescer. 
A esperança é o motor que te põe em movimento. 
 
Porque tens sonhos, caminhas; a estrada está aberta! 
E a esperança que aninhas não está pra ti deserta. 
É um oásis de vida, com sombra, água e amor. 
 
Por isso desperta e prossiga com garra no coração. 
Saboreie da árvore o fruto que tu vistes como flor. 
E ao que achares no caminho, chame logo de irmão. 
 
Nova Friburgo, 12 de Março de 2005. (7h34m). 
93 
 
ORAÇÃO DA FAMÍLIA 
 
Senhor! 
Que a chaleira sempre apite 
Uma água fervendo; 
Enquanto houver um amigo 
Para tomar um café preto com a gente. 
 
Que a brisa do vento 
Sempre encontre uma janela aberta 
Para atravessar toda a casa e espalhar 
O perfume da esposa após o banho da noite. 
 
Que haja sempre brinquedos 
Espalhados pelos corredores 
A indicar que filhos, netos e bisnetos 
(ou ainda alguma criança amiga) 
Povoam nosso lar de irreverência infantil. 
 
Que o forno tenha a chance de ser 
Aquecido de tempos em tempos 
94 
 
Para produzir uma gostosa broa de milho, 
Fruto da criatividade culinária 
De quem tem junto um sorriso para oferecer fora do pires. 
 
Que haja sempre um sofá, 
Mesmo que velho e recoberto de um pano rejuvenescedor, 
Para abrigar nossos corpos e nossas vozes 
Em um diálogo franco e criativo, 
Tendo a televisão desligada. 
 
Que a falta de água do verão 
Não impeça de se produzir beijos molhados 
E se dar abraços apertados 
Multiplicando afeto por todas as estações. 
 
E que, acima de tudo, haja sempre canções 
A serem entoadas por corações agradecidos 
Pela vida e pelo amor 
Que começou em ti e que tocou os que 
Simplesmente acreditaram no Eterno.95 
 
Amém! 
 
Rio de Janeiro, 11 de Janeiro de 2007 (15h43min). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
96 
 
 
ONDE A GLÓRIA DO POETA? 
 
A formiga altiva, a folha levanta, 
Mas não se verga ao peso de seu labor. 
No pedreiro, o tijolo, é esboço de planta 
Que ergue o imaginário do construtor. 
 
Quem sou eu com meus poemas e palavras, 
Canções que ergo sem sequer usar as mãos? 
Onde a glória dos poemas que são lavras, 
Pepitas de ouro, não sentimentos vãos? 
 
Hei de cantar meus versos, proferir canções. 
Dedilhar arpejos dest’alma efervescente, 
Erguendo mansões ou choupanas nos corações. 
 
Só não desistirei de ser poeta nunca, 
Pois a glória do poeta é dessa gente 
Que a poesia põe sorriso em alma adunca. 
 
 São Gonçalo, 06 de Janeiro de 2008. (8h10min). 
 
 
 
97 
 
Luiz Flor dos Santos 
Luiz Flor dos Santos é pastor da Igreja Batista 
Fundamentalista em São Gonçalo do Amarante, Ceará. 
Cultor da poesia quando jovem, re-descobriu a pouco 
tempo a lira ‘guardada no fundo da gaveta’, e voltou a 
dedicar-se à poesia. 
Mantém os blogs Poesia de Graça - 
http://poesiadegraca.blogspot.com/, 
Blog do Pastor Flor - http://pulpito.blog.terra.com.br/ 
e Recanto da Alma - http://luizflor.wordpress.com/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
98 
 
José 
 
Elevo os olhos para os montes: De onde me virá o socorro? O 
meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra. Ele não 
permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará Aquele que te 
guarda. (Salmo 121.1-3). 
 
* Uma releitura de José, de Carlos Drummond de Andrade 
 
 
Para cima, José! 
Para cima! 
Por que teu olhar insiste em ficar cá em baixo, José? 
José, para cima a saída é mais fácil. Pode pôr fé. 
 
Para diante, José! 
Para diante! 
Por que você insiste em olhar para trás? 
Para trás ficam os perdidos e nada mais, José. 
 
José, amigo, aceite um conselho: 
Não olhe no espelho. 
99 
 
Nele as imagens ficam distorcidas, 
Muito distantes ou muito perto. 
José, não hesite em subir o monte 
De lá se vê tudo melhor. 
 
Ai, amigo 
Por que tanta depressão em teu semblante? 
Para cima! Para diante! 
Eleva teu coração, José. 
 
José, não ouviste dizer, não: 
Os que choram serão consolados? 
Os que têm fome serão fartos? 
Então, José, por que não olhas para cima? 
Por que não deixas de ser tão turrão? 
 
José, já ouvi alguém dizer com precisão: 
Está alegre, cante, 
Está triste faça uma prece. 
Alegra esse teu coração, José 
 
100 
 
Não cesses, José! 
Não cesse! 
Há uma mão para te amparar. 
Um ombro para chorares. 
Um coração para te escutar. 
Uma Providência para de ti cuidar. 
 
Não desista, José. Nunca! 
Não cesses, José. Jamais! 
Para cima, José, sempre! 
A providência nunca 
Nem a ti nem a mim abandonará jamais! 
 
Para cima, José! 
Tira a tristeza do olhar. 
Tira a desilusão do coração. 
Liberta tua alma e anda firme, então! 
 
 
 
 
101 
 
A LUTA DE UM HOMEM COM UMA ALMA 
(TÉDIO) 
 
Há dias em que a alma enfastia. 
Tudo principia com um gosto sem gosto. 
Dia sem Fim alma fica meio assim assim. 
 
Alma marota! 
Em dias assim quer mesmo é um dengo pra si. 
 
Alma, o que come? 
Queria fazer-te um prato gostoso. 
Mas ela não diz. 
Fica assim que nem que nem 
Menino trombudo tinhoso amargoso. 
 
Alma, sossega! 
Parece menino... 
Fuxicando, mexendo, caindo em pranto. 
Melenta no canto, andando, catucando 
Procurado por quê? 
102 
 
 
Alma, alma menina peralta! 
Paciência saiu mas não tarda chegar. 
Se te pega tão alta te toma no rei. 
Alma, alma depois não diga que não avisei. 
 
... 
 
O que que me deu? 
Meu Deus... Meu Deus! 
 
 
 
 
 
 
 
103 
 
Crítica 
 
Lança pontiaguda 
Fera trombuda 
Espada cortante 
Flecha de ponta flamejante 
Presas inoculadoras de peçonha 
É melhor ter-te como amiga 
E não fazer cerimônia. 
 
Desespero da fome 
Golpe desferido à traição. 
Dizem ter um lado teu que constrói 
Estranho, só conheço o que destrói. 
 
Quem te criou, crítica? 
O raciocínio ou o amor? 
Se o amor, deverias chamar-te CONSELHO. 
Doutro jeito tens o nome certo. 
 
Tu possuis os homens 
104 
 
E os faze pensar que têm sempre razão. 
Dragão alado 
Por que não voas para terras gélidas 
E lá não espirras teu hálito quente? 
Farias um favor para todas as gentes da terra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
105 
 
A MORTE ROUBA OS PLANOS 
 
Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e 
lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; Digo-vos 
que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa 
vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se 
desvanece. (Tiago 4.13-14) 
 
I 
 
Pensam muitos que são seguramente donos de sua sorte 
Falam com toda arrogância de planos pra lhes trazer fama. 
Ignoram que se Deus não quer não adianta tanta gana. 
Um pequeno detalhe faz tudo desandar: o fato da morte. 
 
II 
 
Pra esses que pensam tudo saber fica um sério aviso 
O que é a vida? É um vapor que aparece e logo desvanece. 
É bom prestar atenção quem quer ser homem bem sucedido. 
Senhor permita fazer isso ou aquilo. Deve ser a nossa prece. 
 
 
106 
 
O CINZA DESTES DIAS CINZAS 
 
Os dias nestes dias 
Estão de um brilho cinza. 
Estão de um brilho fosco. 
Exigem mais esforço da pupila. 
O brilho não brilha. 
 
Nestes dias cinza 
A poesia não rima. 
A poesia não canta. 
Quase estanca. 
A retina retém só os fatos. 
E não se refina a rima. 
 
Nestes dias cinza 
A alma maior 
Abriga amiga a dó dos amigos 
Prosando em versos sem rima 
Verdades tão suas 
Recitadas de cór. 
107 
 
 
Enfim no fim de um dia tão cinza 
Ouvi compungido gritar a ciência. 
Falou-me alguém do nobre Conselho 
Citando a fala da Divina Providência: 
 
Melhor a boa fama do que o melhor ungüento, 
E o dia da morte ao do nascimento. 
Melhor ir à casa do luto a do banquete, 
Naquela está o fim de todos os homens, 
E os vivos aprimoram de si o conhecimento. 
 
Melhor é a mágoa do que o riso, 
Com a tristeza do rosto 
Faz-se melhor o espírito. 
Melhor o fim das coisas do que seu princípio. 
 
 
 
 
108 
 
Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo 
são enganosos (Provérbios 27.6). 
 
 
O BEIJO 
 
O lábio 
A intenção 
O contato 
O beijo. 
 
Beijo na mão: honra, cortesia. 
Beijo no filho: enche a mãe de alegria. 
Beijo de pai no filho: ao filho honra. 
Beijo de filho no pai: ao pai lisonja. 
 
Beijo na mão soprado: desejo de estar perto. 
Esperança de logo voltar. 
Ósculo cristão: antiga e boa tradição 
(não seria bom restaurar?). 
Beijo falado: distância, agrado. 
109 
 
 
Beijo ardente, colado, molhado: patrimônio 
Dos apaixonados. 
Para os de compromisso firmado 
(não é dos ficantes). 
Desses é o beijo descompromissado. Malvado. 
 
Beijo de Judas: traição. 
Traição à esposa. 
Traição ao marido. 
Traição ao próximo. 
Traição dos fundamentos morais. 
Da lei de Cristo, o amor. 
De Cristo, o bom Senhor. 
 
Esse não espalhe não. Não distribua não. 
 
 
 
 
110 
 
HISTÓRIA DE UMA AMIZADE 
À irmã Audilene Rodrigues Garcia 
 
No principio só escuridão. 
Eu não conseguia vê-la comovocê era. 
Você a mim também não. 
 
Não era caos. Havia ordem. 
Estudar uma ao outro era o imperativo. 
Cada um. Cada qual. 
 
Mas Deus disse: Trevas, dêem lugar á luz! 
Assim houve muitas boas tardes e manhãs. 
Seguiram-se muitos bons dias a nossos dias. 
 
Deus nos pôs em seu jardim. 
Havia nele a árvore que dava vida. 
E a árvore que nos mataria. 
 
Muitas vezes comemos o fruto amargo 
Da árvore da morte. Que destrói o melhor entre amigos. 
Ma Deus nos deu de comer o fruto da vida. Vivemos bons dias de 
novo. 
 
E Deus viu tudo que tinha feito. 
E tudo era muito bom. 
Um anjo soou: Como é bom que vivam os irmãos em união! 
 
Dissipou-se entre nós a escuridão. 
 
111 
 
NOÉLIO DUARTE 
Noélio Duarte é Fonoaudiólogo (Com pós-graduações em 
Voz e Comunicação Empresarial), Fisioterapeuta (Pós-
graduações em Eletroterapia e Dor Crônica), 
Neurolinguista (Especialização em Motivação e gestão de 
pessoas), Teólogo, Escritor (autor de 21 títulos, sendo 10 
já publicados, incluindo: VOCE PODE FALAR MELHOR e O 
INCRÍVEL PODER DA MOTIVAÇÃO, Conferencista 
Motivacional Nacional e Internacional (África 
Portuguesa), Membro Titular da Academia Evangélica de 
Letras do Brasil (cadeira no. 13) e Apresentador do 
programa televisivo REENCONTRO (TV BRASIL, aos 
sábados). 
 
 
 
 
 
 
 
 
112 
 
PESSOAS 
 
E pela vida nós encontramos 
Pessoas que até admiramos 
Ou aquelas menos agradáveis... 
Há gente que vive triste, sofrendo 
Outras vão alegres vivendo... 
Pessoas são assim admiráveis! 
 
Algumas pessoas cultivam animais, 
Outras vivem as causas sociais; 
Muitas defendem a natureza... 
Há os promotores da cultura, 
Outros incentivam a leitura 
Várias, lutam com toda delicadeza... 
 
Como eu admiro essa gente! 
Pessoas são bem atraentes 
E bem intrigantes em seu viver! 
Há tipos interessantes, variados, 
Há rostos alegres ou fechados 
Há gente difícil de se entender... 
113 
 
 
Pessoas... 
Grandes e pequenas, 
Extravagantes e amenas, 
Irritadas ou brincalhonas, 
Servis ou bem mandonas; 
Faladeiras ou pensativas, 
Paradas ou sempre ativas, 
Analfabetas ou escritoras, 
Desenhistas ou escultoras, 
Muito alegres ou inibidas 
Limitadas ou esclarecidas... 
 
Gosto de pessoas, festivamente, 
Gosto de estar perto de gente! 
 
É bom promover novas ações 
É maravilhoso mudar situações: 
Encontros, passeios, festivais, 
Concursos, festas, chás literários, 
Reuniões, estudos, seminários 
114 
 
E belos encontros de corais 
 
Sabe o que vale a pena na vida? 
Aquelas pequenas cenas esquecidas: 
O gesto simples de um abraço, 
O carinho de estender a mão, 
A palavra amiga, uma bela canção, 
O estar pertinho, estreitando o espaço! 
 
Ah! Pessoas! 
 
Há sempre uma precisando de você! 
Há sempre algo bom a se fazer 
Par dar-lhes alegria e esperança! 
E quando a vida chegar lá na frente 
Você vai se sentir feliz, intensamente 
E se emocionar com cada lembrança! 
 
Ah! Pessoas... Aproxime-se mais 
Um abraço silencioso é mensagem de paz! 
 
115 
 
DISPONIBILIDADE 
 
Se uma nota musical refletisse: 
“Eu sou apenas uma nota sozinha...” 
E nisto intensamente insistisse... 
Não haveria a bela sinfonia! 
 
Se a palavra, séria, anunciasse: 
“O que uma palavra pode fazer?” 
E se nessa atitude continuasse... 
O livro não iria acontecer! 
 
Se o tijolo, indiferente, proferisse: 
“Sou um tijolo... Posso algo construir?” 
Se isto continuamente repetisse... 
Uma construção nunca iria surgir! 
 
Se a gota d’água, triste declarasse: 
“Sou mera gota, eu não me engano...” 
E se ela isto diariamente argumentasse... 
Claro, nunca haveria o belo oceano! 
116 
 
 
Se um grão de trigo bradasse: 
“Um grão não faz semeadura perfeita...” 
E se esta idéia nele se perpetuasse, 
Jamais haveria a bela colheita! 
 
Se cada cristão aqui pensasse: 
“Que valor tem a minha oração?” 
Se nisto intensamente acreditasse... 
Cristo não traria a salvação! 
 
Assim, 
A sinfonia, da nota precisa, agora; 
O livro, à cada palavra revigora; 
A casa, com cada tijolo veio acontecer 
O oceano, cada gota aclama, 
A colheita ao grão proclama... 
Pessoas, também precisam de você! 
 
Portanto, 
Repense isto e mostre o seu melhor; 
117 
 
Envolva-se, faça o bem ao redor, 
Seja um vaso que brilha e reluz! 
Você é um instrumento importante 
E Deus conta com você neste instante: 
Proclame a vida Plena que há em Jesus! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
118 
 
DESCULPAS 
 
Deus nos chama para uma ação, 
Um propósito, uma missão! 
Mas, desculpas nós arranjamos 
E o tempo nós consumimos 
Para a vida aqui construirmos 
E a Causa, não abraçamos... 
 
Através de nós, certamente, 
Deus espera pacientemente 
Que saibamos observar e ver, 
Que nossos ouvidos saibam escutar 
Que nossas mãos, possam ajudar 
E que o coração possa socorrer... 
 
E na Bíblia, nós observamos 
Servos de Deus que admiramos 
Apresentando desculpas, sem valor: 
Argumentos frágeis, contestados; 
Lamentos fúteis, não considerados; 
119 
 
Afirmações sem qualquer vigor... 
 
Abraão, disse ser velho e fraco 
- Seu olhar estava turvo e opaco; 
 
Jacó, relatou sua insegurança 
- vivia fugindo de uma vingança; 
 
José, alegou ter sido vendido 
- ressentia de ter sido traído; 
 
Moisés, alegou que gaguejava 
- Esperança não lhe restava; 
 
Lia, disse não ter atrativos 
- Não tinha aspectos positivos; 
 
Sansão era incorrigível mulherengo 
- Vivia procurando um dengo; 
 
Davi, teve uma atraente amante 
120 
 
- Uma falha séria, triste, gritante! 
 
Elias, era um quase suicida 
- Tinha desprezo por sua vida; 
 
Jeremias, era um servo depressivo 
- Chorava muito e vivia cativo; 
 
Jonas, era um pregador relutante 
- Sua atitude foi decepcionante! 
 
Pedro, era um homem muito impulsivo 
- Seu comportamento era muito negativo; 
 
Zaqueu, era um fiscal indesejado 
- Explorador, insensível, indelicado; 
 
Tomé, coitado, era dúvida pura 
- Não tinha a convicção que perdura; 
 
Paulo, tinha uma frágil saúde 
121 
 
- Isto interferia em sua atitude! 
 
Timóteo, era tímido até demais 
- Falar em público e liderar? Jamais! 
 
Mas a esses servos o Senhor utilizou: 
Desajustados, fracos, sem vigor... 
Deus vê sempre o melhor em nós! 
E promoveu tremenda mudança 
Trazendo ao povo a bela esperança 
E Eles foram o Seu Porta-voz! 
 
Ainda hoje, insistentemente, Deus clama 
Para uma Missão Ele nos conclama: 
A Sua Palavra libertadora semear. 
Não dê mais desculpas ao Senhor, 
Confie plenamente em Seu amor 
E o mais, tudo mais, Ele o fará 
 
 
122 
 
NECESSIDADE 
 
O mundo vasto e imenso, 
Populoso, complicado, denso 
Chegou a um grave limite: 
Foi aniquilada a são moral, 
Prevalece o que é anormal, 
A corrupção tem forte apetite! 
 
O que mais pode acontecer? 
Como isto mudar, o que fazer? 
Ainda existe uma esperança? 
De que o mundo está precisando? 
De que estamos necessitando? 
Como deter o mal que avança? 
 
Para uma mudança acontecer, 
Deus precisa de mim e de você! 
 
Deus precisa de pessoas inteligentes 
Que lhe sejam fiéis e tementes; 
 
123 
 
Deus precisa de pessoas ativas, 
Alegres, resolvidas e comunicativas; 
 
Deus precisa de pessoas equilibradas, 
Honestas, íntegras e empenhadas; 
 
Deus precisa de pessoas amáveis,

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