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Resenha A polícia de london deve prender prostitutas ou ajuda las

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Pós-graduação em Políticas e Gestão em Segurança Pública 
Resenha do Caso – A Polícia de London deve Prender Prostitutas ou Ajudá-las?
Juliano Vidolin da Silva
Mat. 201804252832
Trabalho da disciplina de Estudos da Violência e da Criminalidade
Tutor: Prof. Gisela Vasconcelos Esposel
Curitiba
2018
A POLÍCIA DE LONDON DEVE PRENDER PROSTITUTAS OU AJUDÁ-LAS?
Jeannette Eberhard e a Professora Ann Frost desenvolveram um estudo de caso com a finalidade de discorrer sobre as possíveis ações a serem tomadas para combater a crescente prostituição em um determinado bairro de Londres. Em maio de 2005, Ian Peer, Superintendente de Operações foi ao escritório da Polícia de Londres com uma nova abordagem. Ao invés de aumentar o patrulhamento para diminuir o número de prostitutas ou prende-las, Peer queria colocar um oficial de polícia para tratar assuntos relacionados à prostituição, assim como ajudar essas mulheres a acessar serviços para combate aos vícios e a saúde mental, que era vinculado a trabalhos sexuais nas ruas. As mulheres que utilizavam da prostituição como fonte de renda, eram viciadas, sendo esse o único trabalho que encontravam para sustentar o vício. Murray Faulkner, chefe da Polícia em London, notou que houve um aumento nos casos de prostituição na cidade, motivado pelo comércio de drogas e o crescente número de mulheres induzidas ao vício.
A abordagem à prostituição de rua era típica dos serviços policiais, eles realizavam uma tolerância de equilíbrio e aplicação da lei. Prisões eram efetuadas quando a prostituição se tornava muito visível ou quando as queixas aumentavam, logo as estatísticas eram um reflexo do quanto à polícia destinava seus recursos para esse fim. Quando ocorria a prisão, a pena era uma pequena multa ou algumas semanas em uma cadeia, mas isso não faz com que as mulheres mudassem de vida, assim que precisassem de dinheiro para sustentar o vício, retornava as ruas para a prostituição.
No final do ano de 2004, a polícia de London teve uma crescente queixa relacionada à prostituição em uma área que estava passando por revitalização, onde os moradores temiam pela generalização em que todos fossem confundidos com usuários de drogas ou prostitutas. Isso levou vários comércios a fechar suas portas, devido ao aumento dessas práticas no bairro. Essas queixas paravam com o chefe de polícia da cidade, onde destinou Peer para conduzir o caso. Ele conhecia o problema e os desafios que isso representaria para a polícia e lembrou que as mulheres não estão cometendo nenhuma ofensa, desde que não façam o ato em local publico, então não tem o que fazer, somente pedir para que elas mudem de lugar. Elas estão se tornando mais visíveis no bairro e a polícia precisa agir, pois os moradores estão requerendo que esse problema seja resolvido. Peer sabia que com mais policiamento na região iria diminuir as atividades de prostituição, além de dar uma resposta aos moradores, pois demonstrariam que suas queixas estão sendo levadas a sério. Porém, não podemos ser ingênuos a ponto de acreditar que com algumas ações pontuais a prostituição iria acabar, pelo contrário, pode deslocar um problema centralizado para vários locais na cidade. Peer acreditava que a chance de reduzir a prostituição estava ligada a problemas de saúde mental e a dependência de drogas, o que levava as mulheres para a rua. Ele trabalhou como voluntário em uma clínica de saúde e conhecia as dificuldades em trazer uma mulher para o tratamento, porém as clínicas disponíveis não possuíam um programa com alcance de nível de rua.
Há outros fatores em jogo na área do comércio sexual. Em 2002, Robert Pickton foi preso por assassinato de prostitutas e, entre os anos 2002 a 2005, as notícias trouxeram detalhes sombrios de como ele atraía suas vítimas para a morte em sua fazenda. A investigação deste caso foi difícil por muitas razões. Muitos acreditavam que a polícia estava menos interessada por se tratar de prostitutas e era comum os familiares reportarem como desaparecidas. Muitos policiais acreditavam que os locais que as mulheres ficavam, era temporário e tinham apenas se deslocado, apesar dos argumentos das famílias. Em 1994, Sonya Cywink foi encontrada morta em decorrência de um “trauma de ação contundente”, um exemplo claro de extremo abuso físico cometido contra trabalhadoras do comércio sexual. Um dos problemas era que as prostitutas não denunciavam as ofensas recebidas por seus clientes, sendo impossível identificar possíveis agressores.
Peer foi ao chefe de polícia e passou seu plano para tratar o problema. Em um primeiro momento, melhoraria o patrulhamento para efetuar algumas prisões, tanto de prostitutas como de clientes, além de convencer que ambos precisam ser mais discretos com suas atividades. Isso ajudaria com as relações públicas demonstrando que a polícia está preocupada com o caso, porém tinha ciência de que as mulheres voltariam para seus antigos postos. Apresentou então uma proposta diferente para uma solução de longo prazo, em vez de prender, deveriam entender o que realmente está acontecendo. Não vão conseguir tira-las das ruas a não ser que alguém lide com os problemas que as levam a se prostituir. É provável que muitas dessas mulheres estejam enfrentando problemas de saúde e alguns vícios, porém não há trabalho efetivo em campo. Precisamos saber as necessidades delas e se há algo que podemos fazer para que mudem de vida. Para que tudo isso se concretize, coube ao chefe de polícia decidir qual rumo seguir e quais serão as consequências do plano, como seria a descrição do trabalho frente a outras unidades da polícia e como interagir com agências de saúde e dependência química na cidade.
No artigo apresentado, vemos um departamento de polícia focado em resolver uma questão muito mais abrangente do que somente uma exploração sexual. Há todo um contexto a ser analisado, do porque elas estão ali se sujeitando a essas práticas. Muitas mulheres entram nesse ramo para sustentação de alguns vícios, por conseguir “dinheiro fácil”, muitas vezes por não ter estudos, por não ter oportunidades de trabalho, acabam escolhendo essas atividades. Sérgio Luiz Barroso (2016), Advogado e Professor de Direito Penal na Unifil define prostituição “[…] como a troca consciente de favores sexuais por dinheiro e, por mais que seja uma “profissão” muitas vezes tida como última “solução” para aquelas e aqueles marginalizados, ela não constitui um tipo penal”.
Falando somente do ato de prostituição, hoje o tema é discutido no mundo todo. No Brasil, o ato em si não se caracteriza crime, trata-se de uma atividade lícita com base no princípio da legalidade, porém não é regulamentada. Por outro lado, o rufianismo, previsto pelo art. 230 do Código Penal é um crime que consiste em tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça.
Mas o que leva as pessoas a entrarem para esse mundo de exploração sexual? São vários os fatores que levam mulheres a prostituição, muitas vezes na infância. Entre eles podemos citar a própria família em busca de recursos para sobrevivência, à desigualdade social em nosso país, devido a um sistema econômico falho onde poucas pessoas detém boa parte da riqueza, ou simplesmente a busca por uma melhor condição financeira que possibilite um maior poder de consumo, não importando se a atividade é ilegal ou imoral, mas sim o dinheiro conquistado.
Para o psicólogo Breno Rosostolato, a prostituição ocorre desde a idade média, onde jovens rapazes tinham sua iniciação ao sexo como forma de masculinidade. Rosostolato (2016) afirma:
“Os padrões sexuais se tornavam estáveis com a presença das prostitutas, pois a ordem e a estabilidade social aconteciam mediante a satisfação carnal. A prostituição estava instalada tanto nos bairros nobres quanto naqueles frequentados por marinheiros e camponeses. Os bordéis eram lugares terapêuticos,
nos quais homens casados, depois de uma discussão com a esposa ou preocupações rotineiras com a casa e com o trabalho, buscavam os serviços da prostituta para extravasar a raiva, a ansiedade e o conflito vivido”.
Vimos que há vários motivos que podem levar uma pessoa a se prostituir, mas qual seria a melhor solução? Regularizar e transformar em profissão? A prostituição é um problema social, pois muitas vezes a falta de apoio do estado gera condições propícias para o desenvolvimento dessas atividades. Também devemos considerar uma infância marcada por violências e abusos, o consumo de substâncias ilícitas, a busca de ascensão social, entre outros problemas ajudam no crescimento deste problema. Prender? Em curto prazo funciona, mas não resolve.
A prostituição não é e nem pode ser considerada como profissão, muito menos “trabalho digno”, mas sim uma inaceitável fonte de exploração das mulheres, que constituem a maioria das vítimas. O caminho para combater a prostituição, exige novas políticas que eliminem a pobreza, melhorem o desenvolvimento social e investimentos em educação, para termos igualdade de oportunidades, além de programas de apoio e conscientização que irão contribuir para mudar a vida destas pessoas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BARROSO, Sergio Luiz. Prostituição é Crime? E tirar proveito dela?. Disponível em: <https://sergioluizbarroso.jusbrasil.com.br/noticias/311054835/prostituicao-e-crime>. Acesso em: 11 Agosto 2018.
FERNANDES, Marina Alves de A. Prostituição: A difícil “vida fácil”. Disponível em: <http://psicologiaeticaedh.blogspot.com/2015/08/prostituicao-dificil-vida-facil.html>. Acesso em: 12 Agosto 2018.
ONGMarias. Causas e consequências. Disponível em: <https://ongmarias.wordpress.com/causas/>. Acesso em: 12 Agosto 2018.
RESOSTOLATO, Breno. O que leva uma mulher a trabalhar com prostituição? A psicologia explica. Entrevista concedida ao Jornal Repórter Maceió. 24 out. 2016. Disponível em: <http://www.reportermaceio.com.br/o-que-leva-uma-mulher-a-trabalhar-com-prostituicao-a-psicologia-explica/>. Acesso em: 12 Agosto 2018.

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