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SUCESSÕES – Professora Lara Soares PARTE I 1. ASPECTOS INICIAIS Início e fim da personalidade: O sujeito tem seus direitos salvaguardados a partir do nascimento com vida; A legislação aplicável na sucessão é a vigente no momento do óbito do sujeito; OBS: comoriência duas ou mais pessoas falecem em um mesmo momento, não importando se eles estavam no mesmo lugar. Para que esse fenômeno seja relevante para o direito sucessório, é necessário que os indivíduos envolvidos possuam relação de parentesco e aptidão para serem herdeiros entre si; O foro competente para julgar e processar o inventário é o do último domicílio do de cujus; OBS: morte presumida -> art. 7º, CC Art. 7º - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Abertura da sucessão: Princípio da saisine: em havendo a morte, o patrimônio deixado pelo de cujus é, automaticamente, transferido (ficção jurídica), visto que não é admitido patrimônio sem titular; A materialização da saisine é realizada com o procedimento de inventário; Herança é a reunião de todo o patrimônio e relações jurídicas, podendo ser composta por crédito e débito; O sucessor só responde até o limite da herança; Com a transferência do patrimônio, há a incidência do ITCMD; Sucessor a título universal: herdeiros (beneficiam-se com um percentual do patrimônio do falecido). Sucessor a título singular: legatários (quem se beneficia com a coisa específica ou uma porcentagem dela), beneficiam-se com legados), os quais são reconhecidos na sucessão testamentária, porquanto o de cujus especifica o bem no testamento. OBS: na sucessão legítima só haverá herdeiros Ordem sucessória: Descendente -> Ascendente -> Cônjuge/Companheiro -> Colaterais até 4º grau A depender do regime de bens, o cônjuge poderá concorrer com o descendente; e ele sempre irá concorrer com o ascendente; Até a terceira classe, os herdeiros legítimos são considerados necessários. É reservado a esses sujeitos 50% do patrimônio do indivíduo (legítima). Os colaterais são herdeiros facultativos – é possível afastar a herança deles desmotivadamente (erepção). O inventário será processado no último domicílio do de cujus; havendo caso o indivíduo não tivesse um domicílio, ou tivesse mais de um, o inventário seria processado onde houver bem imóvel; havendo imóvel em mais de um local, o inventário poderá ser processado em qualquer lugar em que o sujeito tenha tido patrimônio – competência relativa (essa lógica não é aplicável ao inventário extrajudicial); O inventário extrajudicial requer que os envolvidos sejam capazes, que não haja litígio, e que não haja testamento; OBS: O novo Código de Normas do TJBA prevê a possibilidade de inventário extrajudicial mesmo quando há testamento. Mas é preciso que tenha autorização judicial. No cenário anterior ao ano de 2018, não era possível a realização, na Bahia, de inventário extrajudicial quando havia testamento; Inventário extrajudicial = feito em um tabelionato. Se um dos bens for imóvel, haverá a necessidade de averbar a escritura pública à margem da matrícula de imóveis; Estrangeiro que falece no país terá o seu procedimento sucessório gerido pela lei brasileira. No entanto, caso a lei do seu país seja mais benéfica para seus filhos brasileiros e cônjuge, ela poderá ser aplicada; 2. HERANÇA E SUA ADMINISTRAÇÃO A herança é considerada um bem indivisível – patrimônio imóvel. Todos os herdeiros podem reclamar contra terceiros; A herança é um direito fundamental; O herdeiro sempre tem uma quota parte; O herdeiro não está autorizado a ceder o seu direito hereditário referente a um bem específico, visto que antes da partilha não há bem individualizado a nenhum herdeiro, mas sim uma massa patrimonial, que será regulada pelas normas de condomínio; Responsabilidade dos herdeiros: O herdeiro herda créditos e as dívidas (somente até o limite da herança); No processo de inventário, reúne-se todo o patrimônio do falecido; Administração provisória da herança: Há um prazo de 2 meses para o ajuizamento da ação de inventário. No entanto, ainda é possível o ajuizamento da ação após o decurso dos 2 meses, mas deverá haver o pagamento de multa com base de cálculo do ITCMD; A petição inicial do procedimento de inventário é flexível, sendo necessário, apenas, em um primeiro momento, a certidão de óbito do de cujus; Quando a herança é levada ao judiciário, ela é considerada espólio, e deve ser administrado por alguém – inventariante; O inventariante tem a obrigação de realizar a administração, manutenção, e representação do espólio no âmbito judicial ou extrajudicial, de forma ativa ou passiva; O inventariante não pode agir com desídia; Antes da nomeação do inventariante, há a presença do inventariante provisório; Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente: I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão; II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; III - ao testamenteiro; IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz. Cessão: Pode haver cessão de direito hereditário a título gratuito ou oneroso; Não é possível falar de compra e venda ou doação nesse momento, visto que antes da partilha o objeto não é determinado ou determinável; A cessão de direitos hereditários pode ser total ou parcial, e deverá obedecer a forma solene para ser realizada (escritura pública); A cessão só pode ocorrer antes da partilha, visto que após a partilha, os bens serão individualizados; O sucessor pode pedir autorização ao juiz para vender um bem específico antes da partilha. Nesse caso, ele precisaria indenizar o espólio A cessão do direito hereditário só irá ser efetivada após a morte do sucedido, porquanto a cessão de herança viva é nula; A cessão onerosa de direito hereditário deve observar o direto de preferência do coerdeiro; Aceitação e renúncia: O herdeiro pode abrir mão da herança (renunciar) ou aceitar; Os atos de renúncia ou aceitação são atos puros, visto que não dependem de qualquer encargo ou condição; A aceitação e a renúncia são irretratáveis; Não há necessidade do aval dos coerdeiros; A renúncia ou aceitação precisa ser total; São negócios jurídicos unilaterais – serão praticados pelo sujeito na qualidade de sucessor; Quando há a herança, há a transferência, ocorrendo o fato gerador do ITCMD; Aceitação: Na aceitação só haverá a materialização do que já ocorreu com a saisine. O herdeiro vai confirmar a transferência da propriedade ocorrida no momento da morte; A aceitação é menos formal que a renúncia; O aceite pode se dar através de um ato ordinário, comum, típico de herdeiro, sem precisar, inclusive, indicar expressamente que aceita a herança; A aceitação pode ser expressa, tácita ou presumida (o silêncio do sujeitoimplica em aceitação – se o indivíduo for intimado para prestar declarações sobre a aceitação da herança, e ele se mantiver silente, presume-se a aceitação); Renúncia: A renúncia é um ato solene, devendo ser realizada através de escritura pública, no tabelionato de notas, ou através de termo judicial no âmbito do processo de inventário; É necessário que haja capacidade para que o sujeito manifeste a sua vontade de renunciar; Havendo casamento, o sujeito precisará da outorga uxória (advinda do cônjuge) para que possa realizar o ato de renunciar. A exceção é quando o casamento é em regime de separação de bens; A renúncia não pode prejudicar terceiros; O ato de renunciar não permite que os descendentes do renunciante se beneficiem por representação; Diante da renúncia, o sujeito é retirado da relação sucessória, e o que lhe era devido volta ao monte sucessório; O fenômeno da renúncia translativa nada mais é do que uma cessão de direito hereditário. É que, quem renuncia em favor de alguém, precisa, necessariamente, aceitar a herança para depois repassar para outrem. Desse modo, há a aceitação (1º pagamento de ITCMD), e uma doação (2º pagamento de ITCMD), porquanto não é possível transferir algo sem ser titular da coisa. Essa “renúncia” translativa surgiu objetivando o não pagamento do ITCMD. PARTE II 3. RELAÇÃO DE PARENTESCO Parentesco em linha reta: uns descendem dos outros. Os parentes colaterais, apesar de possuírem ancestral em comum, não descentes uns dos outros; O parentesco pode surgir de uma relação biológica, de ordem civil (adoção), ou por afinidade (ascendentes, descendentes, e colaterais de segundo grau do consorte do sujeito); Os laços firmados por afinidade são indissolúveis; Os parentes por afinidade não possuem direito sucessório; Importante saber do regime de casamento, pois ele influencia na relação sucessória; Quando o sujeito se casa em comunhão universal, todos os bens são comunicáveis. Quando um bem é comum, ocorre a sua repartição, e o cônjuge não vai mear naquilo que herda; No regime de comunhão parcial, é possível que haja bens particulares, sendo assim, o cônjuge vai herdar uma parte do patrimônio do de cujus; Meação: deccore do direito de família e do regime de casamento; 4. HERANÇA A herança é um direito fundamental – a CF/88 garante, aos sobreviventes, pelo menos metade do patrimônio deixado pelo falecido; Os herdeiros necessários são: descendente, ascendente e cônjuge; Cláusula de inalienabilidade: um bem inalienável é retirado do comércio, não podendo, sobre ele, recair transação, compra e venda, doação, etc; Cláusula de incomunicabilidade: ainda que o regime de bens admita comunicação, ela não haverá; Cláusula de impenhorabilidade: o bem não sofrerá nenhuma constrição, nem mesmo no âmbito judicial; O CC/16 admitia a inserção dessas cláusulas injustificadamente na legítima. Já o CC/2002 só admite a presença dessas cláusulas quando há justa causa; Na sucessão testamentária, a inserção dessas cláusulas é plenamente possível, não havendo a necessidade de justificativa; Legitimados – sucessão legítima Quem tem aptidão para suceder: as pessoas já nascidas, ou aquelas que já tenham sido concebidas no período da abertura da sucessão; As pessoas precisam ter personalidade ou efetivamente uma expectativa de obter a personalidade após o curso natural de uma gestação; Há, necessariamente, relação de parentesco; OBS: se o de cujus deixou autorização expressa de que sua consorte poderia realizar a concepção in vitro e a posterior inseminação, e a criança nasce dentro de dois anos (prazo da prole eventual), ela teria sobrevivido ao falecido, possuindo direitos sucessórios; Legitimados – sucessão testamentária 2 A parte testamentária dá mais liberdade para o sujeito; Prole eventual: o beneficiário da herança ainda não foi concebido (concepturo). A criança precisa ser concebida em até 2 anos da abertura da sucessão. Caso isso não ocorra, pode ser que o falecido tenha nomeado um substituto e, nesse caso, essa parte da herança é deferida ao substituto. Pode ser, no entanto, que não haja previsão de substituto, e nesse caso essa parte da herança volta ao monte patrimonial, e será dividida entre os herdeiros legítimos; Pessoas jurídicas: podem ser beneficiadas na sucessão testamentária. Direito de representação/estirpe A lei chama alguns parentes do falecido para que sucedam, em todos os direitos em que ele sucederia se vivo fosse; Exceção a lógica de que “os mais próximos excluem os mais remotos”; Requisitos necessários (e cumulativos) para a efetivação do direito de representação: Pré-morte de um sujeito legitimado a se beneficiar com a herança e que era mais próximo sucessoriamente do falecido; O sujeito legitimado que faleceu deve ter deixado descendentes; Deve existir, na mesma posição do pré-morto, outros sujeitos; A representação não ocorre por direito próprio/cabeça; Sucessão por direito próprio X sucessão por direito de representação: no primeiro caso, a existência do sucessor dá a ele o direito a uma quota parte. No segundo caso, o sujeito vai se beneficiar no lugar de alguém; Somente os descendentes podem se beneficiar com a representação; A representação é infinita em linha reta na descendência; Situação de representação da transversalidade: os filhos do irmão pré-morto representam os pais na sucessão do irmão falecido (tio); A representação, na transversalidade, se limita ao sobrinho do irmão pré-morto; Obs: no bojo do processo de inventário, já havendo a transmissão pela abertura da sucessão/falecimento do sujeito – princípio saisine – mesmo não tendo ocorrido, ainda, o inventário, e a transferência, portanto, não tenha sido materializada, caso esse sucessor legitimado faleça no processo, haverá uma segunda transmissão, devendo ocorrer o pagamento de um segundo ITCMD. Comoriência Para que exista, é necessário que ocorra, no mesmo instante, a morte das pessoas envolvidas; Para que seja relevante, é necessário que as pessoas falecidas sejam sucessoras entre si; A comoriência provoca a ruptura na relação sucessória; Se não consegue reconhecer quem sobreviveu a quem, não há transferência de patrimônio; Enunciado 610 (Jornada de Direito Civil de 2016) -> em caso de comoriência entre ascendentes e descendentes, ou entre irmãos, o direito de representação ocorrerá para os descendentes ou para os filhos do irmão pré-morto. Porém, por ser apenas um enunciado, não diz respeito a entendimento de tribunal; 5. EXCLUSÃO DOS SUCESSORES – INDIGNIDADE E DESERDAÇÃO A lei entende que o sujeito – sucessor – que irá se beneficiar com a herança, deve agir com base na solidariedade familiar; Indignidade e deserdação são formas de exclusão do sujeito que seria beneficiado com a herança. Trata-se de sanção civil decorrente da prática de um ato civil considerado repugnante pela legislação; A pessoa indigna será considerada pré-morta para a legislação civil sucessória, e a pré- morte retroage até a abertura da sucessão (morte do autor da herança); São aplicáveis as regras da representação, se os seus 3 requisitos forem observados; Para que haja indignidade ou deserdação, é preciso que o autor da herança não tenha perdoado o ofensor; O perdão deve ser um ato autêntico. Outro modo de perdoar é testar, após o ato ofensivo, em favor do sujeito ofensor;Especificidades da indignidade e da deserdação: Indignidade: Tanto os sucessores legítimos quanto os testamentários poderão ser atingidos; Deve haver uma ação para que o ato repugnante seja comprovado (justa causa); A ação só poderá ser ajuizada após a morte do autor da herança; A indignidade será alegada pelos outros interessados na sucessão, e jamais de ofício pelo magistrado; No caso de a herança ser vacante e haver apenas um herdeiro indigno, a procuradoria do município possui legitimidade para alegar essa indignidade; As hipóteses da indignidade são aplicáveis à deserdação; A ação para demandar a exclusão do sujeito se extingue em 4 anos a contar da abertura da sucessão (morte do autor da herança); Essa ação não pode ser ajuizada antes da morte do autor da herança, pois se trataria de herança de pessoa viva; Deserdação: A deserdação é promovida pelo próprio autor da herança; Há a indicação, em testamento público, a justa causa para haver a deserdação do sucessor; Caso não haja a indicação da justa causa + prova, os sucessores interessados deverão ajuizar a ação de deserdação para comprovar a ocorrência do ato repugnante; A ação para demandar a exclusão do sujeito se extingue em 4 anos a contar da abertura do testamento; O deserdado deve ser um sucessor necessário; As causas de indignidade também são aplicáveis à deserdação. Para além do art. 1.814, CC, existem causas específicas: O rol para que haja a exclusão do sujeito da relação sucessória é um rol taxativo. No entanto, é utilizada a Teoria da Tipicidade Finalística, que busca compreender qual era a vontade do legislador, e realizar uma interpretação lógica, conforme os elementos bases do Direito Civil. Assim, serão analisados quais aspectos e condutas são semelhantes aquelas presentes no rol taxativo, o qual será flexibilizado, porém não irá deixar de ser taxativo; Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes: I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes: I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da neta; IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade. No artigo, trata-se de hipóteses envolvendo descendente e ascendente, mas não o cônjuge, apesar de ele ser um herdeiro necessário. Isso ocorre porque no CC de 1916, o cônjuge não era herdeiro necessário; Uma parte da doutrina defende a possibilidade de deserdação do cônjuge, visto que o artigo 1.916, CC fala de deserdação de herdeiro necessário. Outra parte da doutrina não admite que o cônjuge sofra com a deserdação, alegando que se o autor da herança não quiser que seu cônjuge seja beneficiado, o que deve ser feito é o divórcio; Perdão Requisito negativo da deserdação e indignidade; Havendo o perdão, não é possível haver a exclusão do sucessor praticante do ato repugnante; O perdão deve ser feito por um ato autêntico – expresso, escrito, e por instrumento público, ou particular com firma reconhecida; É possível haver o arrependimento do perdão; Efeitos O sujeito indigno ou deserdado é visto como pré-morto ficto; Os efeitos da indignidade e da deserdação são pessoais, tanto que há representação; Caso os descendentes do pré-morto sejam menores, o patrimônio deles não poderá ser administrado pelo excluído da sucessão; Se os descendentes do excluído falecem, o patrimônio não poderá seguir para o excluído; 6. ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA Os descendentes estão em primeiro lugar na ordem de vocação hereditária, os ascendentes estão em segundo lugar. O cônjuge pode concorrer com os descendentes, e sempre irão concorrer com os ascendentes. Em quarto lugar estão os herdeiros colaterais; Os sucessores mais próximos excluem os mais remotos – entre as classes e dentro das próprias classes; Descendentes Os descendentes do de cujus se beneficiam em iguais porções na sucessão; Não há situação em que o descendente concorrerá com o ascendente, mas o descendente poderá concorrer com o cônjuge; O descendente não concorrerá com o cônjuge se este foi casado (com o de cujus) em comunhão universal, separação obrigatória, ou comunhão parcial sem bens particulares; Regime de comunhão universal: o cônjuge só vai mear; Regime de comunhão parcial: o cônjuge vai mear nos bens comuns e herdar nos bens particulares, se houver; Regime de separação total: o cônjuge não vai mear em nada, mas vai herdar integralmente; Obs: corrente minoritária (Cristiano Chaves) que defende a impossibilidade de o cônjuge sobrevivente herdar nessa situação; Regime de separação obrigatória: o cônjuge não vai herdar e nem mear; Regime de participação final nos aquestos: é um regime híbrido, que mistura as regras de separação convencional e de comunhão parcial de bens. Na constância do casamento, a lógica é a da separação convencional. No momento do divórcio, ou morte, a lógica é a da comunhão parcial. Esse regime é utilizado com a proposta de blindagem patrimonial; Cenário pré 2017 = o companheiro, em uma união estável, meava e herdava no que diz respeito aos bens comuns, mas não herdava no que tange aos bens particulares. O artigo do CC que versava sobre isso (1.790) foi declarado inconstitucional. Não há, portanto, diferenciação no que tange à relação sucessória; O art. 1.845 indica que são herdeiros necessários o descendente, ascendente e o cônjuge, não mencionando o companheiro. O STF, em seu voto, não enfrentou a matéria. A doutrina, por outro lado, passou a indicar que todo regramento referente ao cônjuge deveria ser aplicável ao companheiro; Obs: essa é uma interpretação extensiva, que delimita a autonomia privada; Em relação ao sistema sucessório, atualmente, ou ocorre a comunicação dos bens no momento da sucessão, ou não há como haver o relacionamento em união estável. Por conta das modulações de efeitos, em havido trânsito em julgado ou lavratura da escritura pública do inventário extrajudicial, não ocorre a mudança da aplicação do direito; Cônjuge Só herda naquilo que não meia; Se o cônjuge estiver divorciado, ou separado judicialmente, não há possibilidade de herança; Se o cônjuge estiver separado de fato há mais de 2 anos, e não tiver culpa na separação (até 2 anos não á análise de culpa), ele herda; Crítica doutrinária no sentido de que é necessário aplicar os efeitos da separação de fato, notadamente o efeito de ausência de comunicabilidade, à herança. A razão da sucessão tem base na solidariedade familiar e, não há reciprocidade entreum casal separado de fato; Em concorrência com os descendentes, caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça; A quota parte do cônjuge, quando ele for ascendente de todos os herdeiros com o quais ele irá concorrer, não poderá ser inferior a quarta parte da herança (25%); Se a filiação for somente unilateral do de cujus, o percentual será igualitário, sem que seja necessário a observância da reserva dos 25% ao cônjuge; Na situação de filiação híbrida (há filhos unilaterais do de cujus, e filhos do de cujus com o seu cônjuge. Nesse caso, a tendência é que o cônjuge sobrevivente participe de forma igualitária quando comparado aos outros herdeiros, para não ocasionar prejuízos aos filhos comuns e unilaterais; Na sucessão do ascendente concorrendo com o cônjuge, não há a análise do regime de bens, porquanto o cônjuge sempre irá se beneficiar; Na ausência de descendentes e ascendentes, é possível que haja o beneficiamento solitário do cônjuge; Direito real de habitação = é um direito de moradia que o Código Civil garante ao cônjuge sobrevivente que seja casado em qualquer regime de casamento, desde que o único bem residencial no inventário arrolado seja àquele que servia como moradia do casal. O cônjuge sobrevivente terá o direito de morar no bem residencial, mas não significa que há a propriedade. O direito real de habitação prepondera sobre o direito de herança, no entanto, o cônjuge não poderá se valer do imóvel para finalidade diversa de moradia. E os proprietários do bem não poderão retirar o cônjuge sobrevivente do local; O art. 1.831 do Código Civil indica que o bem residencial precisa ser o único bem a inventariar – não se indica que há a necessidade de que esse bem seja o único de natureza residencial do espólio. Se o cônjuge sobrevivente possui outros imóveis residenciais, questiona-se se o direito de habitação deveria preponderar; A lei é simplória ao tratar do tema, desconsiderando a capacidade econômica do cônjuge sobrevivente, a existência de outros bens que podem ser relevantes economicamente que poderiam garantir a moradia, a capacidade econômica dos filhos; O direito de habitação para o cônjuge sobrevivente é vitalício, ou seja, o cônjuge poderá morar com uma nova pessoa nesse imóvel; Sempre se compreendeu que para o companheiro isso não era possível. O direito de habitação do companheiro preponderaria em relação ao direito de herança dos outros sucessores até o momento em que houvesse a contração de nova relação. Essa diferenciação deve ser vista como ilegítima; Ascendente É o segundo na ordem de vocação hereditária; Nunca concorre com descendente na sucessão legítima; Na sucessão na ascendência, é importante preservar a distinção entre as linhas materna e paterna (ou materna e materna, ou paterna e paterna); Não há direito de representação na sucessão na ascendência; Quando o cônjuge sobrevivente concorrer com os dois ascendentes, cada um se beneficiará em um terço; Se o cônjuge concorrer com apenas um ascendente de primeiro grau ou concorrer com ascendentes mais distantes, em qualquer número que eles estejam, ao cônjuge sempre será deferido ao menos metade do patrimônio; Em um cenário onde o cônjuge vá concorrer com ascendentes, após ocorrida a meação, o patrimônio (bens particulares do de cujus + bens do de cujus que passaram pela meação) pode ser somado; Colaterais Os colaterais de segundo grau são os irmãos; Os colaterais de terceiro grau são os tios e sobrinhos; Os colaterais de quarto grau são os primos, os tios-avôs e os sobrinhos-netos; Diante da existência de irmãos, não se fala do beneficiamento sucessório dos sobrinhos e tios; Há o direito de representação (na transversalidade) para os filhos do irmão pré-morto; Diante da inexistência de irmãos, existindo sobrinhos e tios, a lei deu preferência ao sobrinho; Para que os colaterais sejam beneficiados, é necessário que não haja descendentes, ascendentes, cônjuge, companheiro, ou testamento beneficiando outras pessoas; É possível afastar os herdeiros colaterais se forma imotivada – erepção; O sistema sucessório diferencia irmãos unilaterais – aquele que é filho de apenas um dos genitores – e bilaterais/germano – aquele que é comum nas duas linhas (materna + paterna, materna + materna, paterna + paterna); Aos irmãos bilaterais será deferida uma quota-parte que corresponde ao dobro daquela que será deferida ao irmão unilateral; Ocorre a diferenciação entre irmãos porque se entende que o irmão unilateral ainda poderá ser beneficiado em decorrência de uma outra linha sucessória; A diferenciação entre unilateralidade e bilateralidade acompanha a sucessão no âmbito dos sobrinhos; Se os colaterais de quarto grau forem beneficiados, são chamados todos os primos, todos os sobrinhos-netos, todos os tios-avôs para a sucessão. 7. HERANÇA JACENTE E HERANÇA VACANTE É possível que um sujeito faleça sem deixar descendente, ascendente, cônjuge, companheiro, colaterais ou testamento. Ou, se deixou testamento, ele não abarca o patrimônio na sua integralidade. Nesse caso ocorre a herança jacente; A fase da herança jacente é a fase pela qual ocorre a arrecadação do patrimônio em processo judicial; Reúne-se o patrimônio sucessório e há um momento que dura aproximadamente um ano e, nesse período ocorre publicação de edital, expedição de ofício para as concessionárias de serviço público para verificar os imóveis, etc., a fim de encontrar alguém; Obs: SENSEC = um serviço administrado pelo serviço notarial e reúne as informações acerca do testamento. Se alguém realizou um testamento público ou cerrado, é possível saber; O juiz não pode deflagrar o procedimento de inventário de ofício. No entanto, o patrimônio do sujeito pode ser reunido em juízo. O poder judiciário possui mecanismos para uma investigação mais eficiente no que tange às relações do de cujus; Após realizar a investigação de procura e reunião do patrimônio do de cujus, se nenhum sucessor aparece, a lei indica que o próximo passo é a vacância; Na vacância há a declaração de vagueza subjetiva da herança; Quando ocorre a vacância, o patrimônio é deferido ao município ou União (se o patrimônio estiver localizado em território federativo -> não há mais nenhum no Brasil); Após a declaração da vacância, os herdeiros colaterais ficam excluídos do direito a sucessão; Os herdeiros necessários têm o prazo de 5 anos, contados da abertura da sucessão, para dar início à ação de petição de herança; Caso passe o prazo de 5 anos da abertura da sucessão, a herança vaga será resolvida para o município; O município é chamado de herdeiro obrigatório, visto que na ausência de herdeiros, o patrimônio precisa seguir para algum ente, que é o município;
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