Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL DEPARTAMENTO DE SOLOS Fauna Edáfica (importância, constituição e fatores que determinam) Dr. RYAN NOREMBERG SCHUBERT ryannslp@yahoo.com.br Termo Fauna Edáfica Usado por mais de 35 anos, destina-se, em geral, a um grande grupo de invertebrados que habitam o solo. A fauna edáfica está diretamente envolvida nos processos de fragmentação da serrapilheira desempenhando papel fundamental na regulação da decomposição e na ciclagem de nutrientes. A fauna edáfica é agente e reflete as condições do meio ambiente Indicador de qualidade do solo. Importância da fauna edáfica Transporte vertical de partículas no interior do perfil do solo Construção de galerias (pedotúbulos) Participam da mineralização do nitrogênio orgânico Fragmentação e evolução dos restos vegetais Melhoram a estrutura do solo Digerem a celulose Tornam o solo mais resistente à erosão Permitem o controle biológico Classificação da fauna edáfica Microfauna do solo - 4μm a 100μm – alimentam-se de plantas e outros animais ex.: nematóides, protozoários e rotíferos Mesofauna do solo - 100μm e 2mm - alimentam de MO, animais menores e microrg. ex.: colêmbolos, dipluros, proturos e enquitraeideos Macrofauna do solo - 2 mm e 20 mm – geófagos, humíferos, xilófagos, rizófaros, parasitas/predadores, fungívoros ex.: minhocas, cupins, formigas, centopeias, tesourinhas, grilos, baratas.... Organismos que constituem a fauna edáfica Classificação da fauna edáfica Classificação da fauna edáfica Organismos Geobiontes- animais que passam o ciclo completo de sua vida no solo. Ex.: oligoquetas, diplópodos, colêmbolos Organismos Geófilos – animais que passam apenas parte de sua vida no solo. Ex.: certos dípteros Organismos que constituem a fauna edáfica Classificação da fauna edáfica Regimes alimentares da fauna edáfica Saprófagos – Tecido vegetal morto Fitófagos – Tecido vegetal vivo Necrófagos – Tecido animal morto Coprófagos – Excrementos de outros animais Predadores – Animais vivos Consumidores primários – Resíduo vegetal morto ou em decomposição ex.: bactérias e fungos ácaros, besouros, caracóis, cachorrinhos e minhocas Consumidores secundários – Predadores e parasitas que estão no solo ex.: centopeias Consumidores terciários – Utilizam como nutrição consumidores secundários ex.: formigas, aranhas e escorpiões Regimes alimentares da fauna edáfica Localização, densidade, distribuição e grau de associação Organismos epiedáficos– habitam a superfície do solo Organismos hemiedáficos– habitam a camada orgânica Organismos Euedáficos– habitam o solo mineral Fatores que determinam a fauna edáfica Fatores abióticos Alimentação Umidade do solo Porosidade e aeração do solo Textura do solo Temperatura do solo Incidência direta de sol Fatores que determinam a fauna edáfica Possibilidade de difusão e colonização Transporte Vento Insetos Água da chuva Sementes e tubérculos Deslocamento próprio Colonização e Interação Degradação e humificação da matéria orgânica Tipo de degradação depende essencialmente das condições físico-químicas do subsolo e também das propriedades dos resíduos orgânicos. Formação da serrapilheira (quantidade de material que cai das plantas) depende das condições climáticas. A decomposição deste material permite que partes de carbono incorporados na biomassa pela fotossíntese retorne para atmosfera (CO2) FAUNA EDÁFICA E MICRO-ORGANISMOS Putrefação do material orgânico pela fauna edáfica A putrefação é um terceiro tipo de decomposição da matéria orgânica do solo, ocorrendo em zonas com umidade abundante, pouca ou nenhuma aeração, temperatura alta e a não presença de inibidores ácidos de decomposição. Horizontes A e B impossibilidade de drenagem (geralmente em solos argilosos) Redução da massa putrefada permite o aparecimento de outros tipos de micro- organismos e de uma fauna um pouco mais diversificada Humificação do material orgânico pela fauna edáfica O maior enriquecimento de MO para o solo é proveniente de fontes vegetais e é complementada pelos resíduos de organismos mortos. Estão relacionados aos micro-organismos presentes no solo ou no intestino dos diferentes organismos que compõem a fauna edáfica do solo e aqueles que chegam ao solo através de folhas e galhos de plantas. Os decompositores primários da fauna edáfica Trituram os materiais orgânicos e ingerem micro-organismos presentes Baixam o pH Decomposto por outros organismos Humificação do material orgânico pela fauna edáfica Sistemas de cultivo e a fauna edáfica Os solos pelo cultivo convencional exposição ao sol e chuva compactação por máquinas pesadas adubação elevada (NPK) estéreis herbicidas Solo vivo não suporta esse tratamento MO macroporosidade FE e micro-org. Matéria orgânica e os sistemas de cultivo A matéria orgânica desempenha muitos papéis importantes Fornece nutrientes para o crescimento de plantas Constrói, promove, protege e mantém o ecossistema do solo Componente chave da boa estrutura, aumenta retenção de água e nutrientes, é fonte de alimento para micro-organismos do solo e fornece proteção mecânica importante a superfície Fauna edáfica e sua relação com a estrutura e fertilidade do solo A maioria dos componentes da mesofauna e muitos da macrofauna Melhoram o solo Mobilização de nutrientes Melhoram a física do solo galerias penetração de raízes, água e ar Meso e macrofauna criam condições para a microvida e também a controlam Enzimas excretadas estimulam o crescimento de plantas Organismos do solo Onychophora Vermes de solo Habitam folhas da serrapilheira Alimentam-se de pequenos animais Organismos do solo Tardígrada Ocupam uma posição isolada - artrópodes Habitam camada superficial bem arejada Alimentam-se de resíduos orgânicos Organismos do solo Crustáceos - Copepoda Pequenos crustáceos de solo Habitam folhas úmidas da serrapilheira Alimentam-se de pequenos animais Organismos do solo Oniscoidea (isópodes terrestres) Papel importante na quebra da liteira Habitam locais úmidos da serrapilheira Alimentam-se de areia e material orgânico – inclusive celulose Organismos do solo Ácaros Artrópodes de solo – alta diversidade Sua presença depende da proteção do solo, microclima, ciclo dos vegetais que protegem o solo das elevadas temperaturas. Suportam mais os períodos de seca do que os colêmbolos Organismos do solo Ácaros - Mesostigmata Ácaros grandes e ativos com aparelho bucal mastigador e sugador Gamasides: são carnívoros – alimentam-se de pequenas larvas de insetos, ácaros e nematóides Uropodinas: nutrição variável– alimentam-se de detritos orgânicos, estrumes, animais mortos, plantas vivas e fungos Organismos do solo Ácaros - Prostigmata Ácaros providos de estilete para sucção do alimento Trombidiformes: predadores de larvas e ovos de insetos, além de restos de folhas Organismos do solo Ácaros - Cryptostigmata Ácaros que atacam todos os restos de vegetais inferiores Oribates: alimentam-se de algas, fungos, micélios de fungos, restos de culturas ou de raízes em decomposição e cadáveres de outros animais Podem ser considerados o mais importante grupo de organismos da biologia do solo GRANDE NÚMERO Organismos do solo ÁcarosDensidade populacional Solos de floresta: 100.000 – 500.000 por m2 50% oribates Solos cultivados: 20.000 – 30.000 por m2 20% mesostigmata 70% oribates 1% acarídeos 1% trombidiformes Organismos do solo Ácaros Ação sobre a química e física do solo Através da decomposição dos resíduos vegetais Liberam materiais em bom estado de decomposição para os micro-organismos Auxiliam na manutenção da relação C/N Manter nutrientes livres para serem absorvidos ex: cálcio (melhora na estruturação do solo) Organismos do solo Colêmbolos Vivem na superfície do solo – para sua permanência – não falte MO e um teor de umidade favorável Alimentam-se de matéria vegetal decomposta, micélio de fungos, esporos de fungos, pupas de dípteros, minhocas em putrefação, cutícula de animais e outros colêmbolos Organismos do solo Colêmbolos Porosidade do solo Seu material decomposto Enriquecido inclusive por cálcio Melhora a estrutura do solo Agregação das partículas Infiltração de água - mantendo nutrientes Organismos do solo Colêmbolos Relação com as práticas agrícolas Manejo inadequado do solo – Reduz drasticamente a fauna do solo Lavras e gradagens expõem a camada orgânica do solo – organismos que ali vivem – têm a possibilidade de vida reduzida – migram para outras áreas ou morrem Aplicação de inseticidas prejudicam drasticamente a fauna edáfica Organismos do solo Proturos Dipluros Organismos do solo Tisanuros Termitas Organismos do solo Chilopoda Diplopoda Miriápodos Organismos do solo Anelideos – Oligochaetas (40-90% da biomassa da macrofauna) Representam um fator de vitalização da qualidade do solo Minhocas ativas – passa pelo trato digestivo um volume = próprio peso Minhocas passivas – passa pelo trato digestivo apenas ¼ do próprio peso Saprófagos, necrófagos e predadores (+ comum MO, silte e argila) Organismos do solo Anelideos - Oligochaetas Melhorando a capacidade de infiltração e de retenção Enquanto se deslocam no perfil Deixam seus coprólitos nas galerias Mantêm galerias intactas (3-12mm) Penetração de raízes e água Organismos do solo Anelideos - Oligochaetas Coprólitos colocados na superfície a noite Adiciona MO na liteira Estimula à ativação da microbiota do solo Ajudam na agregação de partículas no solo Estimulam a atividade da meso e microfauna Organismos do solo Anelideos - Oligochaetas Epigêicas – habitam o horizonte orgânico do solo - alimentam-se na liteira e serrapilheira - importantes nos primeiros estágios de decomposição - são pigmentadas - não constroem túneis - comprimento reduzido ( < 15cm ) - + recomendadas para vermicompostagem Grupos ecológicos Organismos do solo Anelideos - Oligochaetas Anécicas – habitam o solo - alimentam-se de solo de MO - incorporam resíduos orgânicos da superfície - constroem túneis verticais extensos e permanentes - importantes para o regime de água e trocas gasosas - são dorsalmente pigmentadas - medem > 15cm de comprimento Grupos ecológicos Organismos do solo Anelideos - Oligochaetas Endogêicas polihúmicas – habitam o horizonte A - alimentam-se de solo fértil e com elevado teor de MO - são despigmentadas - constroem túneis horizontais - medem < 15cm de comprimento Grupos ecológicos Organismos do solo Anelideos - Oligochaetas Endogêicas mesohúmicas - alimentam-se de horizontes A e B - ingerem partículas minerais e orgânicas indistintamente - não possuem pigmentação - constroem túneis horizontais extensos - medem 10-20cm de comprimento Grupos ecológicos Organismos do solo Anelideos - Oligochaetas Endogêicas oligohúmicas - buscam alimentação nas camadas inferiores do solo – pouca MO - habitam os horizontes B e C - são despigmentados - constroem túneis horizontais extensos - medem > 20cm de comprimento Grupos ecológicos Organismos do solo Anelideos - Oligochaetas Fungicidas cúpricos subletais ou letais A biodisponibilidade, toxidade e acúmulo de Cu nos tecidos aumenta com a redução da MO do solo Fertilizantes amoniacais promovem redução do pH Reduz a população de minhocas Organismos do solo Anelideos - Oligochaetas Participam dos processos de formação do perfil do solo: - construção de túneis - movimentação de partículas - alteram a porosidade - alteram a capacidade de infiltração da água - alteram a capacidade de armazenamento de água Influência no solo Organismos do solo Anelideos - Oligochaetas Galerias podem aumentar a adsorção de herbicidas: - diminuindo o seu transporte no perfil do solo - provocar a degradação microbiana Influência no solo Resíduos de culturas, adubos verdes, dejetos animais compostados e humificados: - favorecem o desenvolvimento de inter-relações fundamentais entre as minhocas e as propriedades do solo - promovem a fertilidade duradoura e a sanidade das plantas, amimais e seres humanos Interações entre os sistemas de cultivo e a FE Exposição ao sol e chuva Compactação por máquinas agrícolas pesadas - podem passar até 18x pelo campo – cultivo de soja. Adubação elevada- somente NPK – esgotando todos os micronutrientes - indispensáveis para produção e manutenção da saúde vegetal. Herbicidas - persistentes - solos se tornam estéreis – evitando germinação de qualquer semente. O uso de variedades altamente produtivas – toleram altas dosagens de adubação, tolerantes a herbicidas de alta toxidade elevadas colheitas destruiu os solos Solos pelo cultivo convencional Interações entre os sistemas de cultivo e a FE Solo VIVO Não suporta esse tratamento Sua vida termina desaparecendo – falta de alimento e ar Organismos ao redor das raízes – se multiplicam excessivamente Excreções das plantas não são suficientes Passam a atacar as plantas – sofrem de deficiência de ar e de nutrientes Solos pelo cultivo convencional Obrigado pela colaboração e até a próxima aula!
Compartilhar